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CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA DA NATAÇÃO

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
2. CINESIOLOGIA, O QUE É ................................................................................... 4
2.1 O ESTUDO DA CINESIOLOGIA ........................................................................ 6

2.2 OS MOVIMENTOS GERAIS: ......................................................................... 7

3. BIOMECÂNICA ................................................................................................... 11
3.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRIA DA BIOMECÂNICA ................................................ 15

4. CONCEITOS BIOMECÂNICOS BÁSICOS DO NADO ....................................... 18


4.1 FLUTUAÇÃO ................................................................................................... 19

4.2 RESISTÊNCIA QUE OPÕE A ÁGUA AO AVANÇO DO SER HUMANO EM


SEU INTERIOR...................................................................................................... 22

4.3 PROPULSÃO ................................................................................................... 26

5. NADO CRAWL: MOVIMENTOS, MÚSCULOS E ARTICULAÇÕES. .................. 32


5.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO .................................................................................. 33

5.2 PRINCÍPIOS BIOMECÂNICOS DO NADO CRAWL .................................... 35

5.3 DESCRIÇÃO TÉCNICA ................................................................................... 37

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61

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FACULESTE

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Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
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A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


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INTRODUÇÃO

A Cinesiologia é a ciência que estuda os movimentos humanos. Através dela


podemos perceber e compreender muitas coisas que ocorrem na nossa vida, podendo
assim torná-la melhor.
Nossos movimentos são possíveis pela ação muscular. É através da contração
dos músculos que o ser humano é capaz de realizar façanhas extraordinárias, como
saltar 2,45 metros de altura, pular mais de 8 metros de distância, correr 100 metros
em menos de 10 segundos, terminar uma maratona em pouco mais de 2 horas,
levantar mais que o próprio peso corporal no halterofilismo, realizar vários giros no ar
na ginástica, saltos ornamentais ou no skate.
Acariciar alguém, pintar um quadro, dançar uma valsa, também são exemplos
desse magnífico controle que temos sobre os músculos. Ações inconscientes, como
controlar o fluxo sanguíneo para nossos órgãos, arrepiar os pelos ao sentir frio, regular
o foco da visão, ou simplesmente sorrir são possibilitadas pela ação dos nossos
músculos.
A biomecânica é o estudo e a ciência de como o sistema e a estrutura dos
organismos biológicos reagem a forças e estímulos externos.
É um campo amplo que inclui muitos subcampos, incluindo biomecânica
musculoesquelética, cinesiologia e biomecânica esportiva, para citar alguns.
Quando se trata de você e de mim, a biomecânica normalmente se refere a
como os sistemas muscular e esquelético em humanos funcionam sob várias
condições.
Um biomecânico aplicará princípios de engenharia, física e outros tipos de
formas de análise baseadas na matemática para aprender as capacidades e limites
do corpo humano.

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CINESIOLOGIA, O QUE É

Figura 1

Fonte: Google
O nome Cinesiologia vem do grego: kínesis = movimento logos = tratado,
estudo.
A finalidade da Cinesiologia é compreender as forças que atuam sobre o corpo
humano e manipular estas forças em procedimentos de tratamento, de modo que o
desempenho humano possa ser melhorado e lesões adicionais possam ser
prevenidas.
Embora os humanos tenham sempre sido capazes de ver e sentir as suas
posturas e movimentos, as forças que afetam os movimentos (gravidade, tensão
muscular, resistência externa e atrito) nunca são vistas e raramente são sentidas.
Conhecer onde essas forças atuam, em relação às posições e movimentos do
corpo no espaço, é fundamental para a capacidade de produzir movimento humano e
modificá-lo.
Nossos movimentos são possíveis pela ação muscular. É através da
contração dos músculos que o ser humano é capaz de realizar façanhas
extraordinárias como:

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• saltar 2,45 metros de altura;
• saltar mais de 8 metros de distância;
• correr 100 metros em menos de 10 segundos;
• realizar vários giros no ar na ginástica;
• dançar.
Ações inconscientes, como controlar o fluxo sanguíneo para nossos órgãos,
arrepiar os pelos ao sentir frio, regular o foco da visão, ou simplesmente sorrir também
são possibilitadas pela ação dos nossos músculos.
Anatomia: a ciência que estuda macro e microscopicamente, a constituição e
o desenvolvimento dos seres organizados. É o estudo das estruturas e organização
dos seres vivos, tanto externa quanto internamente.
Significa: ana = em partes / tomein = cortar
Biomecânica: A biomecânica é o estudo do movimento e do efeito das forças
internas e externas de um corpo baseado em análises quantitativas e qualitativas,
utilizando parâmetros como: velocidade, direção, quantidade de força, etc.
Ciência que estuda os mecanismos dos sistemas biológicos, permitindo que o
homem, através de análises dos movimentos, e sem omitir as influências
bioenergéticas, possa aprimorar o seu domínio psicomotor.
Cinesiologia: Significa estudo do movimento. Vem do grego knesis, que
significa movimento.
As características e descrição do movimento fazem parte da cinesiologia, que
complementa a abordagem descritiva da origem do deslocamento.
Fisiologia: estuda o funcionamento da articulação através da nutrição,
irrigação, inervação das estruturas envolvidas, etc.
Ou seja, a anatomia estuda as estruturas e a cinesiologia os movimentos
possivelmente realizados por esta tal estrutura.
Aristóteles (384-322 A.C.) é considerado o "pai da Cinesiologia"
Arquimedes (287-212 A.C.), através dos princípios hidrostáticos explicou como
os corpos flutuam, e sua teoria serve de base para os estudos da Cinesiologia
aplicada, por exemplo, na natação.
Devido à sua própria característica, a Cinesiologia é uma ciência
interdisciplinar, pois mantém estreita interação com a Fisiologia, Anatomia,
Antropologia, Mecânica e, mais recentemente, com a Psicologia.4

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2.1 O Estudo da Cinesiologia

Figura 2

Fonte: Google
A cinesiologia é uma disciplina do curso de fisioterapia e educação física que
estuda os músculos conforme estejam envolvidos na ciência do movimento.
(THOMPSON, 1997)
O conhecimento dessa terminologia proporciona um melhor entendimento
entre os profissionais da área da saúde e ainda facilita a execução de um programa
de atividades, uma vez que a nomenclatura cinesiológica é universal.
Na fisioterapia o conhecimento da nomenclatura é utilizado na avaliação
cinético-funcional, na realização de testes e analise dos movimentos humanos, na
elaboração do programa de tratamento e na recuperação e manutenção dos
movimentos cinesiológicos.
A análise dos movimentos depende de uma descrição correta dos movimentos
articulares que constituem cada padrão de movimento. A compreensão desses

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movimentos em relação ao plano e ao eixo que são encontrados, é de grande
importância para médicos, fisioterapeutas, educadores físicos, técnicos de esportes,
treinadores de atletismo, coreógrafos, bailarinos e outros profissionais da área da
saúde, devido formar a base na elaboração de um programa de atividades e uma
melhor localização das partes do corpo.
Os movimentos ocorrem através de planos imaginários e em eixos
perpendiculares ao movimento e por convenção os movimentos articulares são
definidos com relação à posição anatômica, que coloca o corpo ereto com os pés
unidos, membros superiores ao lado do corpo e as palmas olhando para a frente.
(RASCH, 1991)
Na posição anatômica, o corpo é referenciado de acordo com três planos
mutuamente ortogonais:
O Plano Sagital divide o corpo simetricamente em partes direita e esquerda.
As ações articulares ocorrem em torno de um eixo horizontal ou transversal e
incluem os movimentos de flexão e extensão.
O Plano Coronal ou Frontal divide o corpo em partes anterior (ventral) e
posterior (dorsal). As ações articulares ocorrem em torno de um eixo Antero
posterior(AP) e incluem a abdução e a adução.

O Plano Transversal ou Horizontal divide o corpo em partes superior (cranial)


e inferior (caudal). As ações articulares ocorrem em torno de um eixolongitudinal ou
vertical e incluem a rotação medial – lateral e pronação – supinação.
Os termos que descrevem os movimentos podem ser usados para várias
articulações em todo o corpo, sendo que alguns termos são específicos para certas
regiões, mas sempre respeitando a posição anatômica. Nomenclatura e Descrição
dos Principais Movimentos Corporais de acordo com RASCH, SMITH et al. e
THOMPSON:

Os Movimentos Gerais

Flexão: movimento no plano sagital, em que dois segmentos do corpo


(proximal e distal) aproximam-se um do outro.

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Extensão: movimento no plano sagital, em que dois segmentos do corpo
(proximal e distal) afastam-se um do outro. Quando esse movimento ultrapassa a
posição anatômica é chamada de Hiperextensão.
Abdução: movimento no plano frontal, quando um segmento move-se para
longe da linha central (média) do corpo.
Adução: movimento no plano frontal, a partir de uma posição de abdução de
volta à posição anatômica, podendo até ultrapassa-la – Adução além da linha média.
Circundução: movimento circular de um membro que descreve um cone,
combinando os movimentos de flexão, extensão, abdução e adução.
Abdução Horizontal: movimento no plano horizontal afastando-se da linha
mediana do corpo.
Adução Horizontal: movimento no plano horizontal aproximando-se da linha
média do corpo.

Rotação Externa: movimento no plano horizontal, em que a face anterior volta-


se para o plano mediano do corpo.
Rotação Interna: movimento no plano horizontal, em que a face anterior volta-
se para o plano lateral do corpo.

REGIÕES ESPECÍFICAS:
CINTURA ESCAPULAR E ARTICULAÇÃO DO OMBRO

Elevação: movimento no plano frontal onde a escápula move-se no sentido


superior (para cima ou cranial).
Depressão: movimento no plano frontal onde a escápula move-se no sentido
inferior (para baixo ou caudal) ou retorno a posição inicial antes da elevação.
Rotação Superior: movimento no plano frontal onde a escápula gira
superiormente, ao mesmo tempo em que se afasta da linha mediana e se eleva.
Rotação Inferior: movimento no plano frontal onde a escápula gira
inferiormente, ao mesmo tempo em que se aproxima da linha mediana e se deprime.
Anteposição do ombro: movimento no plano horizontal em que o ombro é
direcionado para frente.
Retroposição do ombro: movimento no plano horizontal em que o ombro é
direcionado para trás.

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Escapulação do ombro: movimento recentemente estudado, adiante do plano
frontal (30º/40º) associado a flexão e a abdução

ARTICULAÇÃO RADIOULNAR:
Pronação: movimento no plano horizontal, onde o rádio gira internamente
sobre a ulna resultando na posição da palma da mão para baixo.

Supinação: movimento no plano horizontal, onde o rádio gira internamente


sobre a ulna resultando na posição da palma da mão para cima.

PUNHO E MÃO:
Flexão radial (desvio radial): movimento no plano frontal, onde a mão afasta-
se da linha mediana do corpo. (abdução do punho)
Flexão ulnar (desvio ulnar): movimento no plano frontal, onde a mão
aproxima-se da linha média do corpo ou volta a posição anatômica depois de uma
flexão radial. (adução do punho)
Oposição do polegar: movimento no plano horizontal, em que ocorre a
aproximação das polpas digitais (polegar em relação aos demais dedos) e envolve
uma combinação de abdução, circundução e rotação.
Reposição do polegar: movimento no plano horizontal, em que ocorre o
afastamento das polpas digitais, é o inverso da oposição.

COLUNA:
Flexão lateral: movimento no plano frontal, em que a cabeça ou o tronco
lateralmente afastam-se da linha mediana.
Redução: movimento no plano frontal, onde ocorre o retorno da coluna
vertebral à
posição anatômica.

PELVE:
Anteroversão: movimento no plano sagital, onde a pelve inclina-se para a
frente, logo a espinha ilíaca ântero-superioranterioriza-se à sínfise púbica.

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Retroversão: movimento no plano sagital, onde a pelve inclina-se para trás,
logo a espinha ilíaca ântero-superiorposterioriza-se à sínfise púbica.
Inclinação D/E: movimento no plano frontal, em que ocorre uma elevação da
crista ilíaca em relação ao lado contrário.
Rotação D/E: movimento no plano horizontal, em que ocorre uma
anteriorização da hemipelve em relação ao lado contrário.

TORNOZELO E PÉ:
Flexão Dorsal ou Flexão do Tornozelo: movimento no plano sagital, onde o
dorso do pé movimenta-se no sentido da tíbia anterior.
Flexão Plantar ou Extensão do Tornozelo: movimento no plano sagital, onde
a planta do pé afasta-se da tíbia.
Inversão: movimento no plano frontal, ocorre quando a planta do pé é girada
paradentro ou medialmente.
Eversão: movimento no plano frontal, ocorre quando a planta do pé é girada
para fora ou lateralmente.

ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR:
Depressão da mandíbula: movimento no plano sagital, em que a mandíbula
move-se para baixo. (abertura da maxila)
Elevação da mandíbula: movimento no plano sagital, em que a mandíbula
move-se para cima. (fechamento da maxila).
Desvio lateral: movimento no plano horizontal, em que a mandíbula desvia-se
lateralmente para a direita ou para a esquerda.
Protração da mandíbula: movimento no plano sagital, em que a mandíbula
move-se para frente.
Retração da mandíbula: movimento no plano sagital, contrário aprotração
onde a mandíbula move-se para trás.
Diducção: movimento circular da mandíbula, sendo uma combinação de todos
os seus movimentos.

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BIOMECÂNICA
Figura 3

Fonte: Google

Biomecânica é uma disciplina científica que aplica princípios estudados em


mecânica para a compreensão dos organismos vivos.
Esta disciplina incorpora pesquisadores de áreas como biofísica,
bioengenharia, biologia e medicina, e abrange organismos de plantas a baleias.
Um número de faculdades e universidades têm programas de biomecânica que
oferecem treinamento para os alunos, juntamente com inúmeras possibilidades de
pesquisa neste campo muito amplo.
O estudo da biomecânica pode ocorrer em várias escalas e níveis, desde o
nível molecular de sinalização celular até o estudo de organismos inteiros.
Entender como os organismos se movem é um aspecto importante deste
campo, assim como o entendimento dos sistemas mecânicos do corpo, como o
sistema circulatório e o aparelho digestivo.
Enquanto as pessoas podem não pensar em organismos vivos como máquinas,
em muitos aspectos, elas realmente se comportam como máquinas, e os conceitos
usados na mecânica básica também podem ser aplicados ao corpo.
Um campo de interesse em biomecânica é o estudo de lesões.
As lesões esportivas, em particular, são atraentes para alguns pesquisadores,
com pessoas interessadas em aprender como os atletas no auge de seu desempenho
se movimentam e se machucam, além de estudar lesões em pessoas que não são

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tão atléticas. Pesquisadores de biomecânica também analisam tópicos como a perda
de um membro pode mudar padrões de movimento, como dispositivos protéticos
podem ser melhor projetados para se mover com o corpo e como corpos respondem
ao estresse e tensão variando de esgotamento da massa óssea no espaço até
trabalhar como trabalhadores manuais.
Em um nível clínico, a biomecânica é muito importante para entender os
padrões de lesão e para desenvolver programas de fisioterapia que aumentem a força.
A biomecânica também é a ciência por trás de muitas recomendações de
ergonomia para todos, desde massoterapeutas até funcionários de escritório.
Entender como atividades como usar um computador, sentar em uma cadeira
desconfortável ou levantar objetos pesados forçam o corpo é um primeiro passo
importante para encontrar maneiras de ajudar as pessoas a reduzir o esforço.
A biomecânica também é usada para mostrar às pessoas como usar seus
corpos com mais eficiência, como no caso de um massoterapeuta que usa a pressão
dos cotovelos em vez de apenas as mãos.
Pesquisadores também estão interessados em como diferentes tipos de
organismos se movem e funcionam, e como essas variações conferem vantagens.
Por exemplo, os peixes e os mamíferos marinhos nadam de várias maneiras
diferentes, enquanto as plantas desenvolveram uma variedade de maneiras criativas
de acessar nutrientes e recursos, como a luz do sol.
Biomecânica – Ciência
A biomecânica é a ciência preocupada com as forças internas e externas que
atuam no corpo humano e os efeitos produzidos por essas forças.
Mais especificamente, a Biomecânica é o estudo do movimento humano e
descreve as forças que causam esse movimento.
A biomecânica pode desempenhar um papel crucial tanto na prevenção de
lesões quanto no aprimoramento do desempenho.
É importante que os atletas de todas as idades e níveis de habilidade
compreendam a importância da educação para desenvolver mecanismos adequados.
A educação pode vir de várias formas, mas com a ênfase no aluno visual da
sociedade atual, o feedback visual é uma das maneiras mais eficazes de modificar a
técnica de um atleta e permitir que ele atue no nível mais eficiente possível.

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A capacidade de um atleta de executar com eficiência e sem lesões é duas
características-chave no resultado do desempenho, e ambas podem ser melhoradas
com a análise biomecânica.
Quais são os diferentes tipos de trabalhos de biomecânica
Existem muitos tipos diferentes de trabalhos biomecânicos, desde a avaliação
do desempenho atlético até a pesquisa da marcha humana.
Vários laboratórios de pesquisa em todo o mundo se especializam em analisar
como o corpo humano se movimenta em diferentes situações, e muitas carreiras
biomecânicas envolvem pesquisa científica.
Outros trabalhos em potencial incluem o desenho de interfaces homem-
computador, prevenção de lesões esportivas, correção de problemas biomecânicos e
avaliação da marcha de pessoas com dor crônica.
A biomecânica é o estudo de como o corpo humano se move. Sempre que uma
pessoa realiza alguma atividade, incluindo algo tão simples quanto caminhar, seu
corpo deve coordenar o movimento de vários músculos.
Esses músculos se contraem ou relaxam para mover os ossos no que é
coletivamente conhecido como sistema musculoesquelético. Os estudantes de
biomecânica precisam ter um forte entendimento da biologia humana, mas eles
também devem ser capazes de aplicar princípios de engenharia mecânica aos
músculos e ossos. A maioria dos trabalhos biomecânicos exige um mínimo de
mestrado, enquanto alguns precisam de um doutorado.
Muitas pessoas com qualificações biomédicas ou biomecânicas trabalham no
setor de pesquisa. Muita pesquisa é realizada sobre como o corpo humano se move,
e as pessoas com um grau de biomecânica estão em alta demanda neste campo.
Avaliar e corrigir a marcha humana tem uma ampla gama de aplicações clínicas,
desde reduzir a dor crônica até ajudar pessoas com certas doenças a se
movimentarem com mais eficiência.
Há uma série de trabalhos biomecânicos que envolvem o design de interfaces
entre máquinas e seres humanos. Isso está se tornando mais importante à medida
que os avanços tecnológicos tornam as máquinas mais comuns, especialmente em
situações industriais. Graduados em biomecânica que têm uma compreensão
profunda de como as funções do corpo humano são frequentemente necessárias para
trabalhar com este tipo de tecnologia.

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Graduados com um grau de biomecânica também podem se tornar
biomecânicos esportivos. Isso envolve analisar como o corpo humano funciona para
descobrir como aumentar o desempenho atlético.
Trabalhos de biomecânica esportiva também podem envolver a prevenção de
lesões, porque muitos problemas de uso excessivo podem ser evitados se o corpo
estiver funcionando corretamente.
Muitas organizações esportivas diferentes, incluindo equipes esportivas,
departamentos de pesquisa e universidades, contratam graduados em biomecânica.
Existem vários outros trabalhos biomecânicos. Isso inclui trabalhar em
laboratórios que analisam o movimento dos pacientes, avaliando a força humana para
decidir se uma pessoa é adequada para um determinado local de trabalho e até
mesmo projetando próteses.
Os tipos de empregos biomecânicos disponíveis para um graduado geralmente
dependem de sua experiência, bem como do grau alcançado, portanto, algumas
carreiras podem não ser imediatamente acessíveis aos graduados.
Os benefícios da biomecânica
Basicamente, entender biomecânica e aplicá-la é a base para uma boa técnica
em todos os esportes.
Então, estudando como o corpo humano naturalmente quer se mover, podemos
remover o estresse e a pressão nos ossos, articulações, músculos e ligamentos. Isso
resulta em melhor desempenho atlético, lesões reduzidas e maior bem-estar geral.
Atletas de todas as idades e níveis de habilidade podem se beneficiar da análise
biomecânica, seja para redução da dor ou para aumentar o desempenho de alto nível.
Aqui estão mais alguns benefícios da biomecânica adequada:
 Maior velocidade de movimento (corrida, natação, etc.)
 Mais poder (saltar, bater, levantar, etc.)
 Conservação de energia através da economia de movimento.
 Ajuda a eliminar desequilíbrios musculares.
 Reduz o desgaste das articulações e ligamentos.
 Melhor forma e técnica específicas do esporte.
Em suma, com boa biomecânica você pode ficar mais rápido e mais forte,
reduzindo as lesões.
Como a biomecânica pode ser usada no esporte

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A biomecânica esportiva é um subcampo da biomecânica e é um ramo da
ciência humana e biológica. Essencialmente, a biomecânica do esporte e do exercício
concentra-se na análise da mecânica fisiológica do movimento humano.
Isso inclui a análise de como as forças interagem e os efeitos que essas forças
exercem sobre e dentro do corpo.
Em outras palavras, a biomecânica nos esportes examina e explica por que e
como o corpo humano se move como ele. Em um esporte como o tênis, isso também
inclui a interação entre um atleta, seu ambiente e o equipamento.
Geralmente, os principais objetivos da biomecânica esportiva são:
Melhore o desempenho atlético identificando e aplicando a técnica ideal.
Evite lesões e acelere a recuperação.

3.1 Definição e história da biomecânica


Figura 4

Fonte: Google

Todo mundo já foi a um mecânico antes. Provavelmente você levou seu carro
para ele ou para manutenção regular ou porque algo deu errado.
Por causa de sua compreensão dessas máquinas volúveis e onipresentes que
todos utilizamos, elas provavelmente foram capazes de diagnosticar o problema com
relativa rapidez e fazer com que você voltasse à estrada em alguns dias, no máximo.
Muito menos pessoas já foram a um biomecânico ou até mesmo sabem o que
é!

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Vamos explorar o que é exatamente o campo da biomecânica e analisar suas
aplicações e usos no século XXI.
A biomecânica é o estudo de como os sistemas e estruturas de organismos
biológicos, desde as menores plantas até os maiores animais, reagem a várias forças
e estímulos externos.
Nos seres humanos, a biomecânica geralmente se refere ao estudo de como
os sistemas esquelético e de musculatura funcionam sob diferentes condições.
Na biomecânica em geral, os cientistas muitas vezes tentam aplicar a física e
outras formas de análise baseadas na matemática para descobrir os limites e as
capacidades dos sistemas biológicos.
De certa forma, a biomecânica existe desde que as antigas mentes gregas e
romanas começaram a dissecar animais e a vivisseccionar humanos para descobrir
os sistemas internos de nossos corpos.
Muitos dos grandes filósofos e cientistas do nosso passado experimentaram
alguma forma de biomecânica, desde Aristóteles, que escreveu Sobre o movimento
dos animais no século IV aC, a Leonardo da Vinci, que estudou o músculo humano e
a função articular no século XV. Itália.
No século 19, dezenas de europeus ficaram incrivelmente fascinados, por
algum motivo, com a marcha dos cavalos e estudaram extensivamente a biomecânica
do movimento galopante de um cavalo.
Hoje, mais do que um campo em que cientistas e filósofos se interessam, a
biomecânica é seu próprio ramo da ciência humana e biológica, com departamentos
inteiros em hospitais e universidades dedicados ao estudo do assunto.

Biomecânica – Cinesiologia
O termo biomecânica combina o prefixo bio, que significa “vida”, com o campo
da mecânica, que é o estudo das ações das forças.
A comunidade internacional de cientistas adotou o termo biomecânica no início
dos anos 70 para descrever a ciência envolvendo o estudo dos aspectos mecânicos
dos organismos vivos.
Nos campos da cinesiologia e da ciência do exercício, o organismo vivo mais
comumente de interesse é o corpo humano.
As forças estudadas incluem tanto as forças internas produzidas pelos
músculos quanto as forças externas que atuam no corpo.

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Qual é a diferença entre cinesiologia e biomecânica
A biomecânica, o estudo dos processos mecânicos do movimento humano, é
um aspecto do campo maior da cinesiologia.
A principal diferença entre cinesiologia e biomecânica é que uma disciplina é
um subconjunto do outro, com foco em tópicos específicos de interesse.
Graus estão disponíveis em ambas as disciplinas, muitas vezes como parte de
departamentos que oferecem educação em várias outras áreas da cinesiologia
também. Estes podem incluir reabilitação, esportes, nutrição e os componentes
neurológicos do movimento.
Pesquisadores em cinesiologia e biomecânica estão interessados em como as
pessoas se movem, com um foco particular em condições adversas, desafiadoras e
únicas.
Eles também querem aprender sobre o que acontece quando o movimento dá
errado e como as lesões afetam o movimento humano.
Seu trabalho contribui para atividades como o desenvolvimento de programas
de reabilitação para lesões físicas, a identificação de marcadores ocupacionais
específicos associados ao trabalho físico e a criação de programas de nutrição para
atletas.
Dentro do campo da biomecânica, o foco específico está no movimento
mecânico. Isso inclui a articulação das articulações e a participação de tendões e
músculos na coordenação da atividade física.
Compreender como os seres humanos se movem pode ser importante para
atividades como o desenvolvimento de animações realistas e representações precisas
na arte, em que um conjunto fora de lugar pode gerar uma imagem mesmo que os
espectadores não consigam identificar conscientemente o problema.
Pessoas interessadas em biomecânica também podem se interessar pelo
desenvolvimento de sistemas ergonômicos para proteger as pessoas no trabalho e
brincar, reduzindo o risco de lesões.
Em cinesiologia e biomecânica, os pesquisadores podem estudar uma
variedade de populações.
Estes podem incluir pessoas com problemas médicos específicos, para
aprender mais sobre sua patologia e desenvolver tratamentos melhores para o futuro.
Atletas são um assunto comum de pesquisa, pois podem se beneficiar da pesquisa

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em cinesiologia e biomecânica, e porque seus corpos fornecem uma visão
interessante sobre a natureza do movimento humano.
Outros assuntos podem incluir pessoas como dançarinos ou trabalhadores
manuais, para entender como a atividade física pode afetar o corpo.
Os seres humanos não são os únicos sujeitos do estudo para pesquisa em
cinesiologia e biomecânica.
Este é também um assunto de interesse na ciência veterinária, particularmente
para o tratamento de animais como cavalos de corrida, que precisam estar em
condições físicas de pico para atividades exigentes.
Uma compreensão dos mecanismos de movimento, doença e lesão animal
pode ajudar os veterinários a fornecer cuidados mais proficientes aos seus pacientes.
Também permite que prestadores de cuidados façam estimativas precisas
sobre resultados com diferentes tipos de tratamentos, o que pode ser útil para tomar
decisões sobre como proceder com cuidado para animais feridos.

CONCEITOS BIOMECÂNICOS BÁSICOS DO NADO

“Dizem que 65% de nós é água, mas quando o ser humano se introduz no meio
aquático se encontra num elemento estranho para o que estamos pobremente
desenhados e onde nossa locomoção é pouco eficiente. Os peixes e outros animais

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marinhos estão equipados com aletas1 que são relativamente pequenas em
comparação com o tamanho de seu corpo, os humanos tem os membros superiores
e inferioreslongos e delgados que proporcionam muito pouca superfície com a que
interagir com o água.” (COUNSILMAN & COUNSILMAN, 1994).
Dicionário Médico Londrino de BARTHOLOMEW PARR (1902): “O nado é um
exercício laborioso que não deve ser realizado até a exaustão. Não é natural para o
homem...”. O ineficiente desempenho do ser humano no meio aquático se deve às
características próprias da água: um fluido denso e viscoso, no que resulta difícil
aplicar forças propulsivas e onde as forças de resistência ao avanço são muito
potentes. Para ter um bom entendimento da locomoção humana no meio aquático, é
necessário conhecer que forças se põem em jogo quando este se submerge em seu
interior.
A figura a seguir mostra as quatro forças que regem o nado do ser humano: a
força peso e o empuxo hidrostático determinam a flutuabilidade do nadador, enquanto
as forças propulsivas e de resistência determinam sua velocidade de nado.
Figura 5

Fonte: Google

4.1 Flutuação

A flutuação de um corpo na água depende das forças que se apliquem num


instante dado. Em repouso, a flutuação vem determinada pelo Princípio de
Arquimedes, segundo o qual, “todo corpo submerso num fluido experimenta um
empuxo vertical (direção) e ascendente (sentido) igual ao peso do volume de fluido
desalojado”. Dito empuxo se denomina empuxo hidrostático (Eh). Consequentemente,
quando uma pessoa se introduz no meio aquático, e não realiza nenhum movimento,

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sua flutuabilidade depende de seu peso e do empuxo hidrostático: quando o peso seja
maior que o empuxo hidrostático se afundará e quando for menor boiará.
As equações 1 e 2 mostram como, sendo a gravidade (g) e o volume do corpo
e de água desalojada iguais, o que determina a flutuabilidade de um corpo é a relação
de densidades.
Figura 6

Fonte: Google

A densidade da água varia ligeiramente com a temperatura, mas pode


considerar-se próxima aos 1000 kg/m3 .Aqueles corpos que tenham densidades
superiores se afundarão, enquanto os que tenham densidades inferiores boiarão. O
corpo humano não tem uma densidade homogênea, senão que existem diferenças
importantes entre os diferentes tecidos que o formam. O mais denso é o tecido ósseo,
com uns 1800 kg/m3, tecidos como o muscular, o tendinoso e o ligamentoso possuem
densidades ligeiramente superiores às da água, uns 1020- 1050 kg/m3 , e, o único
tecido menos denso do que o água, é o tecido adiposo, com uma densidade de uns
950 kg/m3 . Portanto, o ser humano deveria afundarse sempre por que não ocorre
isto? A resposta há que a procurar no ar localizado em pulmões e vias respiratórias,
já que a densidade do ar é umas mil vezes menor do que a do água, isto é, 1 kg/m3 .
Desta maneira, os pulmões atuam como bóias: durante a inspiração “se incham” e
durante a expiração “se desincham”. Portanto, a habilidade o ser humano para boiar
(flutuação passiva) depende, basicamente, de sua habilidade para expandir sua caixa
torácica.

20
Figura 7

Fonte: Google

A figura a seguir mostra peso e o empuxo hidrostático se aplicam em pontos


diferentes: o peso se aplica no centro de gravidade, enquanto o empuxo hidrostático
se aplica no centro de flutuação ou de carena. Desta maneira, um corpo em posição
ventral se vê submetido a um momento tensor (par de forças) que obriga ao corpo a
girar até que as linhas de ação das duas forças mencionadas sejam condizentes, coisa
que ocorre quando o corpo fica em posição vertical e, sempre, com o centro de
gravidade por embaixo do centro de flutuação.
Figura 8

21
Fonte: Google

4.2 Resistência que Opõe a Água ao Avanço do ser Humano em seu Interior

A resistência é uma força com a mesma direção e sentido contrário ao avanço,


de maneira que dificulta ou impede o deslocamento de um corpo no seio da água.
Quando o nadador se desloca na água aparecem três tipos de resistências:
resistência de forma, resistência por mar agitado e resistência por fricção.
 Resistência de forma ou pressão. É a mais importante das três e é devida à
do que durante o nado se gera uma zona de alta pressão adiante do corpo e outra de
baixa pressão por trás dele. Dito gradiente de pressões freia o avanço do corpo. Isto
é devido principalmente a que o água deixa de fluir laminarmente, aparecendo fluxos
turbulentos.

Figura 9

22
Fonte: Google
Este tipo de resistência pode quantificar-se mediante a equação 3 (formulada
por Newton no s.XVIII), e que relaciona as diferentes variáveis que intervêm.
Ec. 3: Rde forma = ½ S Cx V2 p

Figura 10

Esta equação é adequada para medir a resistência passiva, isto é, quando o


nadador mantém uma posição fixa e é arrastado por algum mecanismo. No entanto,
durante o nado os nadadores continuamente mudam o alinhamento de seu corpo e
as posições de seus membros inferiores e inferiores. Por isso, para medir a resistência
ativa há que mudar “S” pela chamada área superficial corporal “A .”Com isto, o “Cx”se
transforma no coeficiente de resistência ativa, “CDa” (este coeficiente se calcula a

23
partir do denominado número de Froude. Em general, a maior número de Froude
menor resistência ativa e vice-versa):
Ec. 4: Ractiva = ½ S CDa V2 p

Dado que a densidade não pode modificar-se (só um pouco com a temperatura)
e a velocidade não interessa diminuí-la, senão tudo o contrário, para diminuir a
resistência de forma há que tentar diminuir o coeficiente de resistência e a superfície
frontal. Isto se consegue, basicamente, com um bom alinhamento do corpo, tal e como
mostra a figura a seguir . Ademais, os nadadores podem experimentar certo nível de
elevação “hidrodinâmica”, o que diminui a superfície de choque com a água (TAKAGI
& SANDERS, 2000). Do mesmo modo, um incremento da flutuação devido ao uso de
trajes de Neoprene pode diminuir a resistência nuns 15% (TOUSSAINT e cols. 1988).
No dado oposto, um excessivo volume muscular pode ser contraproducente, já que
aumenta a citada superfície frontal efetiva. Isto pode justificar o fato de que muitos
nadadores pioram suas marcas depois de períodos de treinamento da força em seco:
os ganhos em força não compensam o aumento de resistência associado ao
incremento de volume muscular.
Figura 11

Fonte: Google

24
 Resistência devida ao mar agitado. É um tipo de resistência que aparece
quando um corpo se move na interfase da água e o ar, pelo que não existe nos
deslocamentos subaquáticos. As velocidades baixas são pouco importantes, mas a
altas velocidades pode chegar a converter-se na resistência mais importante
(KREIGHBAUM & BARTHELS, 1990). É devida ao choque do nadador com a massa
de água das ondas que se formam como consequência de seu avanço e,
especialmente, dos movimentos ascendentes-descendentes dos segmentos
corporais.
Durante o nado subaquático depois das saídas e as viradas, não aparece este
tipo de resistência. Os estudos de LITTLE & BLANKSBY (2000) indicam que a
profundidade ótima deve oscilar entre 0´35-0´45 metros. Por outro lado, os estudos
do próprio BLANKSBY (2000), e de SHIMIZU e cols. (1997), demonstram que a
resistência ao avanço durante o nado subaquático diminui, somente, a velocidades
superiores a 1,9 m/s.
Aplicando a lei de ação-reação (terceira lei de Newton), ao chocar o corpo do
nadador com as ondas, a água será deslocada para diante enquanto o nadador será
deslocado para atrás. A perda em velocidade que experimentará o nadador será
equivalente à quantidade por enquanto (P = m v) que este lhe aplique à massa de
água que desloca para diante.
Ao igual que ocorre com a resistência de forma, uma boa técnica diminui o mar
agitado e, como conseqüência, a resistência associada ao mesmo. Assim, para dois
grupos de nadadores com diferente nível técnico que nadam à mesma velocidade, o
mar agitado é menor no grupo de maior nível técnico (TAKAMOTO, OHMICHI e
MIYASHITA, 1985).
Paradoxalmente, certo nível de mar agitado pode ser positivo no caso do estilo
crawl, já que a depressão de água criada ao redor da cabeça facilita a respiração. A
esta depressão de água se lhedenomina o “bolso de ar”, e é tanto maior quanta maior
é a velocidade de nado.

 Resistência por fricção ou devida ao arraste viscoso (superficial). É a menos


importante das três e, no entanto, é a que mais a revolucionado a estética dos
nadadores; durante décadas ao incitar-lhes à depilação e, atualmente, ao
desenvolver-se maiôs de corpo inteiro. Seu valor é dependente da quantidade de
superfície em contato com a água, da viscosidade da água (que pode modificar-se

25
ligeiramente com a temperatura), do coeficiente de fricção da pele, cabelo e maiô, e
da velocidade de nado.
Os atuais maiôs de pele de tubarão permitem diminuir a resistência por fricção
em cerca de um 8%. Esta redução é devida ao “efeito Riblet”, isto é; a pele do tubarão
dispõe de uns microscópicos dentículos (figura a seguir) que originam vórtices
verticais ou espirais de água, que permitem manter esta cerca da superfície evitando
assim a aparição de zonas de baixa pressão e fluxos turbulentos. A investigação e
desenvolvimento da pele de Riblet foi levada a cabo no LangleyResearch Center da
NASA na década dos 80, e posta em prática pela primeira vez no barco “Varras e
estrelas” que ganhou a Copa América de 1987. Durante mais de uma década os
pesquisadores tentaram aplicar ditos conceitos aos trajes de nado, mas só
recentemente se desenvolveram trajes realmente eficazes.

Figura 12

Fonte: Google

4.3 Propulsão

Na maioria de livros e artigos que tratam sobre o tema, aceita-se que são dois
as leis do movimento que justificam a propulsão dos nadadores: a lei de ação-reação
e o teorema de Bernouilli. No entanto, ainda existe certa controvérsia com respeito a
sua contribuição, especialmente desde que em meados de 1980 se postulou a
possibilidade de gerar propulsão em base à formação de vórtices (COLWIN, 1984,
1985). Grande parte da investigação em biomecânica do nado da última década foi

26
encaminhada a desvelar este problema (Arellano, 1996) mas ainda estamos longe de
uma teoria unificada que explique a propulsão humana no meio aquático. A seguir se
fará um breve repasso histórico de como foram surgindo as diferentes hipóteses
citadas no parágrafo anterior. Até a década de 1960 não existia um suporte científico
às diferentes técnicas natatórias, cada treinador tinha sua própria opinião baseada em
sua experiência pessoal e em observação dos melhores nadadores. Em 1968 J.
COUNSILMAN postulou que a propulsão gerada pelas mãos dos nadadores podia ser
explicada mediante a lei de ação-reação (terceira lei de Newton). Segundo seus
postulados a mão devia entrar na água com o cotovelo estendido, para posteriormente
flexionar-se e voltar-se a estender. Desta maneira resultaria possível empurrar a água
durante um maior percurso horizontal para atrás e, por reação, deslocar seu corpo
para diante a maior velocidade. A aceitação desta teoria conhecida como teoria
propulsiva de arraste, deu lugar à terminologia ainda hoje utilizada de:

 Puxão: primeira metade da tração, quando o cotovelo se flexiona.


 Empuxo: segunda metade da tração, quando o cotovelo se estende.
Assimilando a propulsão aquática à terrestre, postulou-se que a trajetória da mão
devia ser retilínea figura a seguir.
Figura 13

Fonte: Google.

No entanto, cedo resultou patente que os melhores nadadores não realizavam


trajetórias retilíneas, senão que as mãos descreviam um padrões curvilíneos (figura a

27
seguir). Não obstante, longe de revogar a propulsão mediante a lei de ação-reação,
chegou à conclusão de que esta trajetória permitia empurrar melhor o água para atrás
devido à do que as mudanças de trajetória da mão permitiam ao nadador “apoiar-se
em águas quietas”: uma vez o água é acelerada para detrás, adquire momento linear
(quantidade de movimento; P = massa x velocidade) de maneira que seguir
acelerando-a resulta tanto mais difícil quanto maior é sua velocidade, portanto, ao
modificar a trajetória da mão se consegue mover águas que não possuem momento
linear (águas quietas = sem momento linear).
Figura 14

Fonte: Google.

Até ditas datas todos os estudos relativos à propulsão se tinham realizado


tomando como sistema de referência o corpo do nadador, o que se conhece como um
sistema de referência local, isto é, que se representa a trajetória da mão em relação
a um sistema de referência móvel. No ano 1971 BROWN e COUNSILMAN publicam
os resultados do primeiro estudo utilizando um sistema de referência inercial ou fixo.
Este estudo é considerado, em palavras de MAGLISCHO (1993) como “a mais
importante contribuição à biomecânica da natação até a década dos 70”. Neste
clássico estudo se filmaram mediante técnicas de fotogrametria estroboscópica
nadadores que portavam luzes em suas mãos numa piscina escura. Os resultados

28
foram surpreendentes: as trajetórias descritas pelas mãos tinham um componente
mais vertical e/ou lateral que horizontal para atrás. Em outras palavras, os nadadores
se propulsam utilizando movimentos de zingladura nos que os movimentos da mão
para acima-abaixo e para dentro-fora são mais importantes do que os movimentos
para atrás.
Estes resultados contradiziam a teoria até a data aceitada, já que o movimento
para atrás da mão não é o movimento mais significativo durante a tração subaquática.
BROWN e COUNSILMAN postularam que os movimentos curvilíneos ou de
zingladura eram propulsivos devido a que geravam a denominada força de elevação
ou sustentação cuja geração se explicaria pelo denominado teorema de Bernouilli: “a
velocidade das partículas de um fluido e a pressão que estas exercem lateralmente,
são valores inversamente proporcionais, isto é, que sua soma tende a permanecer
constante”. Este princípio de Bernouilli , indica que quando aumenta a velocidade do
fluido a pressão que dito fluido exerce diminui e vice-versa. Consequentemente o
gradiente de pressões que se gera, cria uma força ascensional ou de sustentação. A
força de sustentação é evidente quando o sólido que viaja através do fluido apresenta
um perfil assimétrico, como a asa de um avião ou a de um pássaro.
Figura 15

Fonte: Google.
Esta teoria adquiriu grande aceitação nas décadas dos 70 e 80, de maneira que
a força propulsiva seria a soma de dois componentes; o componente da força de

29
arraste e o componente da força de sustentação. Assim, a força produzida pela mão
dos nadadores se podia determinar segundo indica a equação 5:
Ec. 5: Fhidrodinámica = ½ (CL + CD ) S V2 p

Figura 16

Fonte: Google.

Em 1977 R. SCHLEIHAUF realizou uma réplica em plástico da mão e a


introduziu num canal de água que se deslocava a velocidade conhecida, medindo
desta maneira os valores da força de arraste e a força de sustentação em função do
ângulo de ataque da mão e da velocidade do água (figura a seguir). Ditos estudos
foram replicados por Berger e cols. (1995), quase duas décadas depois, com
resultados similares.

30
Figura 17

Fonte: Google

Em meados da década dos 80 aparece uma nova perspectiva no estudo da


propulsão humana na água que recebe o nome de hipótese “propulsiva dos vórtices”
(COLWIN, C. 1984; 1985a). Surge como consequência do estudo do nado dos peixes
e das correntes de água que são geradas durante os movimentos propulsivos, e é a
primeira vez que se aplicam conhecimentos de dinâmica de fluidos para explicar a
propulsão humana durante o nado. Os vórtices surgem como consequência do
princípio de conservação do momento e como consequência do gradiente de
velocidades (e pressões) ao redor de um determinado perfil segundo indica o teorema
de Bernouilli. A figura a seguir mostra as ilustrações realizadas pelo próprio Colwin
para indicar como se formam os vórtices.
Figura 18

Fonte: Google.

31
NADO CRAWL: MOVIMENTOS, MÚSCULOS E ARTICULAÇÕES.

Figura 19

Fonte: Google
Crawl significa “rastejar” em inglês, que foi a primeira impressão de um técnico
ao ver atletas nadando neste estilo. Sua principal característica é a possibilidade de
se incorporar mudanças que o tornem mais rápido, ou seja, variações diversas são
permitidas e até estimuladas, contribuindo para a evolução do nado.
O crawl moderno é a modalidade de natação que, atualmente, no que se refere
à velocidade, se apresenta como capaz de conseguir maior rendimento.
O nado de crawl caracteriza-se por apresentar:
 Posição ventral do corpo (barriga voltada para baixo);
 Movimentos alternados e coordenados das extremidades superiores e
inferiores;
 Rosto submerso, com água na altura da testa, olhando para frente e para baixo;
 Respiração lateral, com rotação da cabeça, coordenada com os membros
superiores para realizar a respiração;
 Um ciclo consiste numa braçada com o membro superior esquerdo e outra
braçada com o membro superior direito e um número variável de pernadas.
A posição do corpo permite trajetos subaquáticos bem orientados, com
resultantes muito próximas da direção do nado. A alternância, continuidade e fluidez
das ações segmentares implicam uma menor variação intra-cíclica da velocidade, o
que contribui para a economia do movimento.

32
5.1 Origem e Evolução

A primeira forma de nado rudimentar da qual se pode dizer que nasce o crawl,
é o "EnglishSideStroke", que nasce na Inglaterra em 1840, e se caracteriza por
nadar sobre a água com uma ação alternada de membro superior, mas sempre
subaquática, enquanto os membros inferiores realizam um movimento de tesoura.

Figura 20

Fonte: Google

Somente dez anos depois apareceu o "Single over" ou "Over singelo”, o qual
consiste no nado sobre o corpo, mas com uma recuperação aérea dos membros
superiores, dito estilo é nadado pela primeira vez pelo australiano WALLIS
(RODRÍGUEZ, 1997; REYES, 1998).
Posteriormente aparece o "Trudgen" (sobrenome do primeiro nadador que o
utiliza), que é "importado" a Europa por dito nadador inglês ao observar-se realizar a
indígenas sul americanos. Dito nado tem como novidade que se nada sobre o
abdômen, movendo alternativamente os membros superiores por fora da água,
enquanto os membros inferiores realizam um movimento semelhante ao pontapé de
peito. Em 1890 este estilo tem uma nova evolução levada a cabo pelos nadadores
australianos, quem realizam um nado "Trudgen", mas com movimento do membro
inferior de tesoura, denominando-se esta nova técnica "Double over" ou "DOBRO
OVER" (REYES, 1998).
Mas não é até o ano 1893 quando o pontapé de tesoura se substituído por um
movimento alternativo do membro inferior, dando a conhecer a forma mais rudimentar
do estilo "crawl" ou crol, adotado pela primeira vez pelo nadador HARRY WICKHAM

33
(DUBOIS E ROBIN, 1992; RODRÍGUEZ, 1997; REYES, 1998); mas é em realidade o
nadador CAVILL o que mais difunde este estilo, introduzindo-o no ano 1903 em
EE.UU. (CEGAMA, 1962; DUBOIS E ROBIN, 1992).
O crawl acaba de evoluir em 1920 nos JJ.OO. Quando o príncipe hawaiano
DUKE KAHANAMOKU, graças à realização de uma batida de seis tempos, consegue
obter uma posição mais oblíqua que lhe permite bater todos os recordes (REYES,
1998). Desde esse momento, o estilo crawl sofre pequenas variações: em 1928,
CRABBE realiza um nado com respiração bilateral; em 1932, os japoneses realizam
um crawl com uma tração descontinua para favorecer a eficácia do batido e, em 1955
JOHN WEISMÜLLER, realiza a tração subaquática com uma importante flexão de
cotovelo na metade do percurso (DUBOIS e ROBIN, 1992).

Figura 21

Johnny weissmuler e Duke Kahanamoku


Fonte: Google
Na atualidade, a técnica de nado não tem variado muito desde a utilizada por
dito nadador; ainda que nos últimos anos o nadador australiano MICHAEL KLIM, em
certos momentos da prova, realiza movimentos de crawl do membro superior
coordenados como batido de borboleta nos membros inferiores; como ocorreu nos
metros finais da primeira posta do relevo 4 x 100m livres nos JJ.OO. de Sydney
(Austrália) em 2000.

34
5.2 Princípios Biomecânicos do Nado Crawl

São os princípios que constituem os critérios básicos que permitirão eliminar ao


máximo as forças de resistência. Entre eles temos:
 Redução da resistência da água com o corpo;
 Continuidade das ações propulsivas;
 Ritmo;
 Orientação das superfícies propulsivas;
 Sentido dos movimentos em relação com os deslocamentos;

Principio da Redução da Resistência da Água com o Corpo


Esse princípio tem como objetivo aumentar a força propulsiva e diminuir a força
de resistência, que freiam o avanço do nadador. A Figura 1 mostra as quatro forças
que agem no nado crawl: a força peso e o empuxo hidrostático que determinam a
flutuabilidade do nadador, e as forças propulsivas e de resistência que determinam
sua velocidade de nado.
 Figura 22


 Fonte: Google

Para CATTEAU & GAROFF (1990, p.123) o rendimento do nado pode resultar
dos seguintes fatores:
 Utilização máxima das massas musculares;
 Relaxamento muscular completo fora da fase propulsiva;
 Respiração fisiológica adequada;

35
 Resistência frontal reduzida;
 Melhor sincronização das ações do membro inferior e superior;

Quando o nadador se desloca na água aparecem três tipos de resistências:


resistência de forma, resistência de ondas e resistência por fricção ou atrito.

Resistência de Forma
Em todos os estilos de natação as posições do corpo têm de ser a mais
hidrodinâmicas possíveis. Isto significa que, quando nadamos, nosso corpo tem de
estar numa postura de tal forma que a água nos ofereça a menor resistência possível.
Figura 23

Fonte: Google

SOLAS (2006) diz que: Os principais objetivos da postura ideal do corpo de um


nadador são:
 Conseguir o maior coeficiente de penetração possível;
 Diminuir a resistência de absorção o máximo possível;
 Procurar a coordenação intramuscular (tensão-alavanca) perfeita;
 Impedir que topos ósseos dificultem os movimentos.

Resistência de Ondas
Este tipo de resistência é causado pela turbulência na superfície da água. É o
tipo de movimento provocado quando correntes de água de direções diferentes se
encontram. A água forma pequenos redemoinhos, e movimenta-se de maneira
imprevisível.
A famosa briga com a água, muitas vezes vista em nadadores ineficientes, é
um fator que aumenta muito este tipo de resistência e que deve ser corrigido. Deve-

36
se procurar entrar com a mão na água fazendo movimentos suaves, com uma
inclinação e ângulo de mão e punho adequados. Os triatletas, independente de sua
qualidade técnica sofrem muito esse tipo de resistência, já que na maior parte das
competições a natação é no mar.

Resistência de Atrito
É a resistência oferecida pela superfície áspera da pele do nadador ao
deslocamento. A raspagem dos pelos, o uso de toucas de borracha e, no caso dos
triatletas, roupa de neoprene, diminuem este tipo de resistência.

Princípio da Continuidade das Ações


Coordenar a continuidade dos tempos motores: ação de braços, ação de
pernas e respiração, sem observar rigidez. Nos nados alternativos quando um braço
termina sua ação propulsiva, o outro a começa sem pontos mortos.

Ritmo
Desde o primeiro momento pôr especial finca-pé em manter um ritmo constante
na repetição de todas as ações sem dispêndio de energia. Assim mesmo, procurar a
melhor relação entre amplitude e freqüência de braçada primando a maior longitude.

Orientação das Superfícies Propulsivas


A direção do movimento e o ângulo de ataque das mãos devem ir orientados a
que a força propulsiva total tenha, predominantemente, a direção do deslocamento
desejada (SEBASTIÁN, Curso de treinador auxiliar de Natação). Esticar o braço na
entrada, realizar um apoio profundo no agarre, manter o cotovelo alto até o puxão e
terminar o empuxo com a mão orientada em diagonal para atrás são as claves de
crawl. A trajetória descrita será curvilínea e ampla.

Sentido dos Movimentos em Relação com os Deslocamentos.


Sensibilidade para os efeitos que produzem as mudanças de direção, de
ângulos de ataque e de aceleração dos movimentos propulsivos no deslocamento.

5.3 Descrição Técnica

37
Figura 24

A técnica de crawl ou livre é a técnica mais rápida das quatro técnicas de nado
existentes em competição. Um ciclo consiste numa braçada com o membro superior
esquerdo e outra braçada com o membro superior direito e um número variável de
pernadas.

Posição do Corpo (PC)


A posição corporal no crawl é uma estrutura complexa com todos os elementos
interagindo uns com os outros. Para ter um bom entendimento da locomoção humana
no meio aquático, é necessário conhecer que forças atuam no mesmo quando
submerso na água.
Segundo PÁVEL (1993) e MACHADO (op.cit, p.3) na analise da posição do
corpo, há que se observarem os seguintes movimentos oscilatórios:
 Rotação da cabeça para execução da inspiração, durante o final da ação
submersa do braço;
 Rotação dos ombros, para colocar a mão em uma posição mais cômoda de
apoio;
 Rolamento lateral do tronco e dos quadris, oferecendo apoio ao movimento das
pernas;
 Movimento de pernas, que exercem ao mesmo tempo propulsão e equilíbrio
corporal.

38
O Alinhamento Horizontal (AH) Natação
Genericamente, poderá afirmar-se que, ao longo da técnica global, a PC deverá
manter-se o mais próxima possível da posição hidrodinâmica fundamental (NISTRI,
1982), o que permitirá minimizar a força de arrasto hidrodinâmico a que o nadador se
sujeita, assim como favorecer a produção de força propulsiva pela ação dos
segmentos motores (HAY, 1985). Assim, em crawl e em costas, o corpo deve estar o
mais horizontal possível, com a cabeça em posição natural no prolongamento do
tronco (DUBOIS E ROBIN, s.d.).
Durante o nado, o corpo deve manter-se o mais horizontal possível, ao nível da
água, com ligeira arqueação nas costas e com os membros inferiores se
movimentando de modo que o centro de ação dos pés fique a uma profundidade que
deve ser aproximadamente a mesma que a dos quadris, de forma que apresente uma
pequena superfície frontal de contato com a água, reduzindo assim o arrasto
hidrodinâmico.
MAGLISCHO (1993) apud MARINHO (2005) refere que a melhor forma de
observar e avaliar o AH deverá ser sobre o plano sagital, isto é, visualizando o nadador
de lado, onde a profundidade e inclinação do corpo é perfeitamente perceptível.
Figura 25

Fonte: Google
Por outro lado, quanto maior for o comprimento total do corpo menor será o
arrasto hidrodinâmico, pelo que se deverá privilegiar as posições alongadas na água,
não só no deslize após partidas e viradas, como durante o nado propriamente dito
(VILAS-BOAS, 1997). SANDERS (2001) sublinha este aspecto, referindo que os
nadadores mais longilíneos têm vantagens hidrodinâmicas, o que lhes permite reduzir
o arrasto e aumentar a propulsão. Conjuntamente com as características
antropométricas, o nível de flexibilidade dos nadadores também poderá afetar a
capacidade do nadador em adotar a posição mais hidrodinâmica.
A este propósito, CHATARD et al. (1990) referem que os indivíduos
hiperflexíveis conseguem, ao colocar o corpo numa posição mais alongada, minimizar

39
o arrasto devido à diminuição da turbulência gerada perto dos pontos de pressão (e.g.
ombros, bacia, joelhos e tornozelos).

Alinhamento Lateral (AL) natação


Durante o nado, qualquer movimento segmentar que crie forças com linhas de
ação laterais em relação ao sentido de deslocamento do corpo provocará uma reação
aplicada noutro segmento corporal, que o desviará do alinhamento corporal (ALVES,
1997). Assim, podem verificar-se movimentos de "ziguezaguear", com a anca e os MI
(Membros Inferiores) oscilando lateralmente. Estas oscilações no AL levarão ao
aumento da resistência ao avanço, devido ao aumento da superfície frontal de contato,
conduzindo a um superior custo energético e à redução da velocidade de nado
(RAMA, 2000)4.
Para permitir que o nadador preserve um correto AL é necessário aproximar as
ações propulsivas do eixo longitudinal de deslocamento, o que é facilmente
conseguido através da REL (MAGLISCHO, 1993). Para CHOLLET (1990), é possível
compensar a tendência lateralizante dos trajetos propulsivos através do papel
equilibrador dos MI que exercem pressão sobre a água em direções laterais,
acompanhando a REL e a ação dos MS. No entanto, cabeça não deve acompanhar a
REL do bloco tronco/MI, devendo manter-se sempre fixa (COSTILL et al., 1992).
Figura 26

Fonte: Google
Outro fator essencial para um correto AL é "não cruzar os apoios", isto é, não
ultrapassar a linha média do corpo durante a trajetória dos MS. Este fato é importante
durante toda a ação dos MS, mas tem especial relevo no momento da entrada e na
fase da recuperação onde é de especial importância que o nadador não a realize

40
lateralmente. A melhor maneira para avaliar o AL é observar o nadador de frente
(sobre o plano frontal), de maneira que se possa visualizar o eixo longitudinal de
deslocamento (MAGLISCHO, 1993)6.
Figura 27

Fonte: Google

Rotação do Corpo Sobre o Eixo Longitudinal (REL)

MARINHO (op.cit) diz que entre as vantagens de se realizar a correta rotação


do corpo sobre o eixo longitudinal (COSTILL ET AL, 1992; MAGLISCHO, 1993;
PAVEL, 1993, WHITTEN, 1994; RICHARDS, 1996; ALVES, 1997; SANTOS SILVA,
1997; COLWIN, 1998; CAPPAERT, 1999; CASTRO et al., 2003) podemos citar:
 O melhor aproveitamento de sinergias musculares;
 A braçada submersa mais profunda;
 O término da braçada submersa;
 A recuperação da braçada mais perto do corpo, proporcionando a melhor
descontração dos músculos envolvidos na fase aérea da braçada;
 A execução da respiração (fase inspiratória);
 O movimento de pernas estabilizado a reação da recuperação do braço, com
diminuição da resistência do corpo na água.

Figura 28

41
Fonte: Google

O ombro gira para a colocação mais apropriada da mão em seu ponto de apoio,
tendo em vista que:
 A técnica da ação dos braços, conforme seja melhor ou pior dominada,
acarretará desequilíbrios observáveis nos diferentes planos, ou então contribuirá para
atenuá-los;
 As oscilações laterais mais evidentes parecem ligadas a uma passagem do
braço afastado (exteriormente) do plano vertical que contém o eixo de deslocamento.
 Menos freqüente e as vezes deliberada, a passagem dos braços por dentro da
água será acompanhada de uma imersão considerável do ombro.

Os quadris têm uma ligeira rotação, um pouco menor do que seus ombros,
acompanhando o trabalho do tronco e suas nádegas devem permanecer abaixo do
nível da água, transmitindo ao batimento de pernas melhor apoio, tendo em vista que
o trabalho de pernas representa uma grande percentagem no que se refere ao
equilíbrio do corpo e a manutenção da posição do corpo na água.
Com a rotação do quadril e tronco o corpo do nadador terá menos resistência,
realizará uma boa pegada e estará trabalhando outros grupos musculares, tais como:
os das costas, ombros e peitorais reduzindo a resistência, realizando uma braçada
mais eficiente.

Posição da Cabeça e Respiração


Postura Inicial (Momento da Apnéia)

42
No momento da apnéia a cabeça deve de ir entre 20º e 30º com respeito à linha
sagital da coluna vertebral. Com respeito à superfície da água, tem que ser mais ou
menos à altura da linha do cabelo ou ligeiramente superior. Os olhos e direção da
visão devem dirigir-se para frente e ligeiramente para abaixo. Uns 45º graus com
respeito à vertical.
Figura 29

Fonte: Google

Postura Final (Momento da Respiração)


A respiração é composta por duas fases uma aquática (expiração) e outra área
(inspiração).
Deve-se observar que ao invés de se elevar a cabeça, deve-se gira-la para
respirar, a elevação da cabeça aumenta as forças de resistência corporal e causa um
distúrbio no ritmo do nado.
Figura 30

Fonte: Google
Entretanto, deve-se compreender que a cabeça tende a se elevar quando há
grande velocidade é por isso que os nadadores de velocidade têm a posição da
cabeça mais alta, as costas mais arqueadas e, da cabeça aos pés, a impressão que
se têm do nadador em ação é a de um arco, devido a alta velocidade de pernas e
braços.

43
Quando a movimentação é lenta somente a coroa da cabeça deve ser vista, os
fundistas possuem as costas mais estendidas, a cabeça menos alta, com o nível da
água chegando aos cabelos.
Quando o nadador se desloca, principalmente em alta velocidade, podemos
observar que a água passa por cima da nuca, com a formação de uma marola à frente
da cabeça, que se abre em "V" para os lados e para trás (bigode) e entre as duas
marolas forma-se a cava, onde repousa o tronco do nadador.

Inspiração
É conveniente que a tomada de ar pela boca quebre o menos possível a
continuidade da progressão por uma mudança do equilíbrio do corpo.
O giro da cabeça, para o lado escolhido, não precisa ser grande, pois, com o
deslocamento do nadador existe uma formação de marola à frente, forma-se ao lado
da cabeça uma cava que auxilia na inspiração.
O nadador deverá manter uma das orelhas submersas e a boca livre para
inspiração, coincidindo com a mais alta posição do ombro durante a ação dos braços.
É preciso que a inspiração se efetue num mínimo de tempo possível, daí a
necessidade de abrir bem a boca para absorver o ar.
A inspiração é executada, depois de uma expiração forçada é necessariamente
reflexa e não exige a intervenção da vontade do nadador, e coincide com momento
em que a mão oposta ao movimento respiratório entra na água, e o final da ação
motora da mão correspondente do lado da inspiração.
À medida que o braço volta para frente, a cabeça também vai voltando a
posição normal, girando em torno do pescoço, ai neste trajeto deve haver uma
retenção da respiração (apnéia).

Expiração
É forçada e progressiva, pois desenvolve-se no mínimo durante um ciclo
completo dos dois braços sob a água. É necessário que se faça explodir o ar que se
está expirando imediatamente antes do rosto deixar a água para preparar a próxima
tomada de ar.
Para ser completa, a expiração deve expelir o ar ligeiramente dentro da água,
isto é, pela boca, nariz ou nariz/boca, sem ser forte demais, a fim de não criar desvios
excessivos de pressão no interior da caixa torácica.

44
Notemos que a expiração forçada é determinada pelos músculos expiratórios,
em particular os do abdome (grande e pequenos oblíquos, transversal e reto
abdominal), exige que o nadador tenha uma musculatura abdominal adequadamente
desenvolvida.

Ação dos Braços


A ação dos braços pode ser analisada de acordo com CATTEAU & GAROFF
considerando o seguinte esquema:
 Movimento de um braço (ciclo de braço): O ciclo de braçada pode ser
dividido em duas fases principais, a subaquática ou movimento propulsivo e a
recuperação, que é executada sobre a superfície da água;
 Movimento de um braço em relação ao outro (coordenações): Os braços
permanecem opostos um ao outro executando movimentos de rotação alternados e
diferenciados.

Nesta secção iremos analisar o movimento completo de um braço, na secção


de coordenação iremos analisar o movimento de um braço em relação ao outro. Um
ciclo de braço pode ser subdividido da seguinte maneira;
Figura 31

Fonte: Google
Fase Área: mediante a qual o braço se move sobre a água, preparando-se para
a fase aquática. Caracteriza-se por ser um movimento de trás da frente em relação ao

45
sentido do nado. Esta fase se imbui de grande importância no gesto total, por
representar o descanso, o relaxamento muscular, além de armar para o movimento
seguinte. Levando-o à atuação que irá representar o ângulo ideal de colocação na
água. Esta fase nunca poderá ser representada por um gesto conduzido e lento, mas
ao contrário solto e veloz.
 Fase Aquática: é caracterizado por ser um movimento de frente para trás em
relação ao sentido do nado, essencialmente motor e inteiramente subaquático. Esse
movimento motor pode também se subdivide em quatro fases: extensão, agarre,
tração e empurre.

Fase Área
Saída da Mão
Tendo o braço terminado a fase de empurre, estando quase completamente
esticado ao longo da lateral do corpo, o ombro sai da água, levando consigo o braço,
o cotovelo se dirige para acima, seguido do antebraço e da mão. A mão esta
descontraída orientada para dentro, dirige-se para cima e parte dela esta fora da água.
Figura 32

Recuperação
A recuperação do braço ocorre pela lateral do corpo e por cima da água que
obriga uma oscilação contrária, obedecendo a 3° lei de Newton. Esta oscilação deixa
de existir graças ao cotovelo mais alto e palma da mão para baixo, o que proporciona
um braço flexionado e relaxado, com diminuição do braço de alavanca, aumentando
a força e diminuindo a resistência.

46
O trajeto da mão se faz próximo à água e com o dorso relaxado e voltado para
frente e posteriormente para dentro, mas sempre próximo ao corpo. Esta posição
impede maior elevação.
O movimento é relaxado até o momento da passagem da mão pelo cotovelo,
quando devera ser arremessado para água, de maneira solta e veloz, procurando uma
entrada em um ângulo melhor possível, com a ponta dos dedos entrando antes do
antebraço e este se antecipando ao braço.
É importante ressaltar que o cotovelo é sempre mantido mais alto que a mão
para poder dirigir o braço, com entrada da mão na água antes do cotovelo e oferecer
um melhor descanso nesta fase.
A transferência de momentum de força da fase de recuperação ajuda a diminuir
a resistência e aumenta a forca durante a fase de impulso subaquático do braço
oposto.
O ombro saíra da água, levando consigo o braço, o cotovelo, depois o
antebraço e a mão. O primeiro a romper a superfície da água é o cotovelo seguido do
braço, antebraço e da mão.
Alguns nadadores realizam a passagem da mão longe do ombro e menos ou
mais oblíqua para o lado. Nesta forma o movimento é, incontestavelmente, menos
econômico (a contração do deltóide e tanto maior quanto mais o braço vai roçar a
água); mas, algumas vezes tal movimento é exigido por um relaxamento relativamente
limitado da articulação do ombro.
A recuperação deve ser o mais plana possível:
 Sua grande elevação ocasiona uma queda curta na água;
 Uma pancada desnecessária na superfície;
 Um rolamento exagerado do tronco.

O movimento é relaxado até o momento da passagem da mão pelo cotovelo,


quando deverá ser arremessado para água, de maneira solta e veloz, procurando uma
entrada em um ângulo melhor possível, com a posta dos dedos entrando antes do
antebraço e este se antecipando ao braço.

Entrada da Mão na Água


Posição Inicial

47
A mão entra com o punho ligeiramente flexionado, devido a ação dos músculos
flexores do carpo, com a palma um pouco para fora, dedos unidos com o indicador
entrando em primeiro lugar, polegar voltado para baixo exercendo uma ação de
pressão na água para baixo e para trás, sendo que o dedo mínimo estará ligeiramente
voltado para fora quando iniciarmos um movimento para baixo desse dedo e uma
condução da mão com a palma voltada para dentro, tentando manter a pressão na
ponta dos dedos e na palma da mão.
Figura 33

O ângulo exato de inclinação da mão com o qual se consegue o máximo de


sustentação varia com a direção do fluxo. Segundo PLAGENHOF e Schleihauf, que
estudaram, em 1978, os movimentos dos nadadores e observaram que dependendo
da variação do ângulo da posição da mão, os valores do coeficiente de sustentação
aumenta até uma angulação de 40° e em seguida diminuem.
A mão penetra na água a pouca profundidade, seguida do antebraço, do braço,
depois do ombro que também avança, no último momento, a fim de alongar na mesma
medida o comprimento do trajeto motor. Há, portanto, extensão geral oblíqua dos
segmentos do membro superior.
Uma vez colocados os dedos na água, é aberta uma fenda, para onde dirigir-
se o cotovelo e o ombro. O braço se encontra ligeiramente flexionado e a frente de
seu ombro. O cotovelo esta dirigido para acima, a mão se encontra ligeiramente
flexionada para abaixo e para fora.

Figura 34

48
Fonte: Google

Fase Aquática
Extensão
Compreende a entrada do braço na água, a frente do ombro e do corpo, com a
mão alcançando o seu ponto de apoio, que está à frente e para o fundo aproximando-
se de uma posição abaixo do prolongamento do eixo do corpo é a base da fase
propulsiva.
Figura 35

Fonte: Google

Posição Inicial
O braço se encontra ligeiramente flexionado e em linha com seu ombro. O
cotovelo esta dirigido para acima e ligeiramente para fora. O pulso se encontra muito
ligeiramente flexionada para abaixo e para fora. A extensão do braço não é completa,
sua extensão máxima, é seguida de uma ligeira flexão do cotovelo, que permite à mão
aproxima-se do eixo do corpo e ao mesmo tempo conserva os músculos do braço em
posição mais cômoda.

Figura 36

49
Fonte: Google

Os ombros devem, neste estágio inicial da propulsão, ter começado seu


rolamento lateral, auxiliando no correio posicionamento do braço para o início da
tração.
O apoio, com tração, deve ser feita com os dedos estendidos e unidos. O braço
que traciona permanece estendido neste estágio, mas o punho mantém uma atitude
ligeiramente flexionada em direção ao dedo mínimo (iniciada na entrada) e também
na direção natural da palma da mão, para se estabelecer uma pressão propulsiva
sobre a mão e o antebraço.

Posição Final
O braço se encontra quase totalmente estendido ligeiramente mais afora do
que a linha de seu ombro. O cotovelo se orienta para acima e para fora e esta mais
alto do que a mão. O pulso esta girado para abaixo e para fora e a mão olha na mesma
direção.
Figura 37

Fonte: Google

Agarre
Postura Inicial
O braço se encontra quase totalmente estendido e ligeiramente mais fora do
que a linha de seu ombro. O cotovelo se orienta para acima e para fora e esta mais
alto do que a mão. O pulso está girado ligeiramente para fora. A mão olha para abaixo
e para fora.
Figura 38

50
Fonte: Google

Postura Final
O braço se encontra no ponto de máxima profundidade, quase esticado, e para
fora de seu ombro. O cotovelo em flexão olha para acima e para fora. O pulso em
ligeira flexão e rotação interna. A mão olha para dentro, para atrás e para acima
preparando a seguinte curva.

Figura 39

Fonte: Google

Tração
Posição Inicial
Segue-se logo após alcançar o ponto de apoio e termina quando a mão atingiu
a posição ao lado e junto dos quadris, pronta para a retirada da água. Nessa fase, a
mão, o antebraço e o braço exercem ação contra o líquido imprimindo-o para trás e
fazendo o corpo deslocar-se para frente.
Figura 40

Fonte: Google

51
A profundidade da mão muda quando ela se move para trás da água. A mão
se apóia na água e o mesmo princípio que faz a asa do avião se ergue fornece a força
que faz o corpo avançar a frente da mão.
O padrão da puxada é um “S” alongado, com a mão procurando exercer a sua
ação numa linha o mais próximo possível do eixo do corpo, para que a mão possa
encontrar apoio na água e aumentá-lo, mantendo a mesma profundidade até o início
da finalização.
A propulsão do braço, só pode acontecer quando houver pressão suficiente
criada nas superfícies propulsoras da mão e do antebraço para sustentar a velocidade
do nado, a pressão criada sobre sua mão e braço deve ser suficiente para superar
todas as diversas formas de atrito criadas pela água.
Precisamos saber que o nadador para produzir uma força de elevação para a
frente, precisa mover sua mão em diferentes sentidos, de cima para baixo e de um
lado para o outro, para que haja uma diferença de pressão, esta movimentação é
ocasionada pela busca de água calma.
A trajetória da mão na água busca oferecer uma resultante (interação das
forças de sustentação e resistiva) orientada o mais próximo possível para frente.
Tal afirmação se baseia no princípio de Bernoulli, ele estabeleceu que; "Se um
fluído flui horizontalmente de maneira que haja alterações na energia potencial da
gravidade, uma diminuição na pressão do fluído está associada com o aumento na
velocidade do mesmo".
Em um fluído a força de sustentação é sempre perpendicular a força resistiva
e essa é sempre contrária ao movimento.
A palma da mão deve estar voltada, o mais próximo possível, imediatamente
para trás dirigindo desta forma as forças propulsivas de maneira mais vantajosa.
Os dedos devem estar unidos, ou quase unidos, e a mão deve estar plana.
Para que a palma da mão esteja voltada para trás, o punho terá que ser inicialmente
ligeiramente flexionado e, para se atingir um bom rendimento na água, o cotovelo
também deve estar flexionado e permanecer elevado acima da mão.
O cotovelo é mantido alto, com o antebraço ligeiramente flexionado sobre o
braço e penetra mais ou menos profundamente na água, conforme se trate de um
nadador de velocidade (pouco profundo) ou de meio fundo (mais flexionado).
Devemos tentar o “apoio” e a pressão pelo músculo flexor do carpo, sendo que
o dedo mínimo estará ligeiramente voltado para fora quando iniciarmos um movimento

52
para baixo desse dedo e uma condução da mão com a palma voltada para dentro,
tentando manter a pressão na ponta dos dedos e na palma da mão até o fim da
empurrada.
A flexão excessiva do cotovelo faz com que a mão fique muito próxima ao corpo
do nadador e, embora a tração seja mecanicamente mais fácil, ela será menos efetiva.
A boa dobra máxima dos cotovelos se aproxima de 90° na fase de impulso da
braçada agindo “paralelamente” ao eixo do corpo, sendo mais marcada no momento
da passagem da mão na vertical do ombro, apontando para a lateral da piscina criando
um potente deslizamento da mão e do antebraço, proporcionando uma aceleração
progressiva durante a braçada.
Os dedos são posicionados de maneira a se moverem no plano vertical e
central do corpo. O movimento excessivo da mão cruzando este plano central em
qualquer direção tende a introduzir uma rotação longitudinal do corpo e aumentar a
superfície de atrito.
A rotação interna (ou medial) dos braços, que “coloca” o cotovelo em posição
alta e avançada, deve ser compensada por uma rotação externa do antebraço para
que a direção da mão possa ser mantida é item fundamental para a propulsão do
nado.

Posição Final
O braço se encontra entre o pescoço e a linha média do corpo, mais ou menos
embaixo de seu ombro. O cotovelo em máxima flexão, mira para fora e ligeiramente
fazia acima. A mão se encontra no momento de menor profundidade e deve terminar
dirigida para fora, atrás e acima com o fim de preparar a seguinte curva.

Empurre
Podemos dizer que é o movimento do braço que vai desde a máxima flexão do
cotovelo, até sua extensão completa, que ocorre com o polegar passando próximo da
coxa da perna em ação, com a palma voltada para dentro. É o ponto de maior
velocidade na rotação dos braços.

Fase Inicial

53
A partir da máxima flexão do cotovelo este é estendido a aproximadamente
135° visando aumentar a resistência e a força da alavanca e conseqüentemente a
potência do nado.
A fase de finalização é distinta da puxada e não apenas uma continuação, pois,
além da mudança de direção ainda há a modificação do movimento. Este gesto
terminal é de suma importância e deve, no aperfeiçoamento, ser enfatizado até que
se torne habitual ao nadador.
Precisamos saber que o nadador para produzir uma força de elevação para a
frente, precisa mover sua a mão em diferentes sentidos, de cima para baixo e de um
lado para outro, para que haja uma diferença de pressão, esta movimentação é
ocasionada pela busca de “água calma”. A trajetória da mão na água busca oferecer
uma resultante (interação das forças de sustentação e resistiva) orientada o mais
próximo possível para frente.
Tal afirmação se baseia no principio de Bernolli, ele estabeleceu que: se um
fluído flui horizontalmente de maneira que não haja alteração na energia potencial da
gravidade, uma diminuição na pressão do fluido está associada com o aumento na
velocidade do mesmo.
Em um fluído a força de sustentação é sempre perpendicular a força de
resistência e essa é sempre contrária ao movimento.
É de extrema necessidade a manutenção do cotovelo sempre mais alto que a
mão, não permitindo sua queda em nenhum momento e para isto, o nadador, deverá
ter a sensação que envia o cotovelo para trás e para cima, quando parte para o
movimento da finalização.
A mão empurra a água para trás, levando a palma diretamente para os pés, até
cerca de 15 a20 cm abaixo do nível d’água, a onde o antebraço realiza uma rotação
lateral fazendo com que a palma da mão fique voltada para dentro, sendo o dedo
mínimo o primeiro a sair da água.

Fase Final
O braço se encontra quase completamente esticado ao longo do lateral do
corpo. O cotovelo se dirige para acima e se encontra fora da água.
A mão esta orientada para dentro, dirige-se para acima e parte esta fora da
água. Terminou a traçada.
Figura 41

54
Fonte: Google

Trabalho de Pernas
O movimento de pernas é uma oscilação solta dos membros inferiores, que
realizam ações curtas, alternadas e diferenciadas, iniciando um, antes que o outro
termine, que se dão principalmente no plano vertical, cuja sua importância se faz no
equilíbrio, propulsão e sustentação do corpo no estilo crawl, mantendo o corpo, no
seu conjunto, sempre estendido na posição horizontal, além de constituir como um
excelente meio de preparação cardiopulmonar.
O trabalho de pernas está longe de alcançar o mesmo efeito propulsivo dos
braços, este auxilio, entretanto, representa uma grande percentagem no que diz
respeito ao equilíbrio do corpo, podendo quando aplicadas erroneamente prejudicar
até 70% da força propulsiva.
O movimento alternado na direção vertical ocorre de modo que as ações não
percam a continuidade e que possam fundir-se de maneira tal, a ponto de parecer um
único movimento de revolução das moléculas de água, criando uma força de sucção
que auxilia a propulsão.
A abertura entre as pernas no plano vertical (para cima e para baixo) deverá
ser mais ou menos igual à largura do corpo, de 20 a50 cm aproximadamente
dependendo da idade e do tamanho do nadador. Os movimentos de batimento de
pernas se originam na articulação coxo-femural (quadril) com uma pequena flexão do
joelho e sendo no peito do pé o ponto de pressão que impulsiona a água para trás.
Os pés saem ligeiramente na superfície da água funcionando num meio que
contém ar e água, este procedimento permite boa cadência, entretanto, é
indispensável que os pés estejam em flexão plantar.

55
A eficiência da pernada está diretamente ligada a fatores como:
 A completa soltura muscular que venha auxiliar para a chicotada que
caracteriza este movimento;
 O ritmo sem interferência de desaceleração e quebra de continuidade;
 A posição da perna, com os pés naturalmente voltados para dentro sem
movimentos forçados, visando o relaxamento muscular, para manter em atividade a
zona de revolução da água;
 Movimento solto do pé na posição indicada, com grande flexibilidade dos
tornozelos, para que a movimentação da água no nível dos dedos dos pés seja a mais
atuante possível.

O movimento de pernas realiza dois movimentos, um ascendente (positivo) e


outro descendente (negativo):

Fase Descendente
É o movimento ativo da pernada, ocorre de cima para baixo, com leve flexão
do joelho, com o pé ligeiramente voltado para dentro e o tornozelo relaxado
oferecendo assim uma maior superfície motora.
No primeiro tempo, o joelho vai se abaixando e a perna flexionando-se um
pouco mais sobre a coxa. A perna flexionada vai estender-se sobre a coxa que, por
sua vez, vai manter-se apoiado na água e transmitir aos quadris o componente
ascensional do movimento, ou seja, reação de elevação do quadril, mantendo o corpo
do nadador numa posição plana e horizontal.
O valor motor do movimento das pernas está fundamentalmente ligado à
flexibilidade do tornozelo e também do ritmo. Se compararmos o mecanismo motor
das pernas com um movimento da cauda do peixe, somos tentados a procurar a
acelerar o gesto toda vez que a superfície motora se aproxima do eixo e a desacelerá-
lo, quando ela se afastar do eixo.

Fase Ascendente
Movimento passivo é o relaxamento da parte ativa, com extensão total da
perna, até que o calcanhar atinja a superfície da água, mantendo o pé em posição
natural.

56
Partindo em extensão, com o pé no prolongamento da perna, na sua posição
mais baixa, o membro movido pelas massas musculares posteriores (especialmente
glúteos máximos e ísquio tibiais) vai se elevar, encontrando a resistência decrescente
da massa de água superposta.
Quando essa resistência se atenuar. A ação dos ísquios tibiais vai trazer como
conseqüência uma inevitável flexão da perna sobre a coxa, compensada por um
abaixamento do joelho. Essa flexão nunca é proposital nem comandada pelo nadador,
mas é anatomicamente lógica e dá ao movimento harmonia e flexibilidade, além de
aumentar a eficiência propulsiva.

Coordenações
Quando falamos de coordenação de um estilo de natação nos estamos
referindo à forma de coordenar os movimentos do corpo para que, além de atingir a
máxima velocidade com a menor resistência, a fadiga apareça o mais tarde possível,
isto é, coordenar o movimento de ambos braços, coordenar o movimento dos braços
com a respiração e coordenar o movimento de braços e pés.

Coordenação Entre os Braços


Para equilíbrio do corpo a ação se desenvolve na chamada “pegada dupla”,
que consiste num melhor aproveitamento da braçada, pois, na sua execução, quando
um dos membros está exercendo a fase de pressão, o outros está na ação de puxada.
Podemos dizer que se usam dois tipos de coordenação e suas variantes:
 Coordenação de Alcance ou Distância por Braçada;
 Coordenação de Superposição.

Coordenação de Alcance ou Distância por Braçada


Na primeira e mais usada, os braços se alternam em suas fases de propulsão,
bloqueando a ação propulsiva de um braço até que o outro não tenha terminado sua
braçada. Esta forma de encadeamento temporário tem duas variantes ou inclusive
três, de acordo como se encontre um braço com respeito ao outro.
Figura 42

57
Coordenação de AlcanceFonte: Google

As três têm um aspecto em comum, sempre um braço traciona o outro


recupera.
Na menos aberta das três, o braço bloqueado inicia sua tração imediatamente
depois da finalização da braçada, produzindo sempre um momento propulsivo e
fazendo que a velocidade do nadador seja mais constante. Esta forma é a mais usada
e a que mais benefícios a priori contêm. A busca de uma propulsão constante provoca
que tenha uma curva de velocidade mais redonda, com o conseguinte poupança de
energia em recuperar a velocidade e as turbulências que se omitem, ao fazer a
desacelerações mais suaves.
Na seguinte forma o braço bloqueado adiante de seu ombro não inicia o
movimento para baixo e para fora até que o outro braço chegue à metade de sua
recuperação. Pode vê-la em Thorpe nos 400m livres de Atenas ou Phelps na final de
400m estilos. É muito parecida à anterior descrita, a diferença estriba, em que se
atrasa o início da braçada até que o corpo se encontra nivelado e o braço na fase de
recuperação. Para poder realizar corretamente esta coordenação se tem de efetuar
uma pernada o suficientemente propulsivo para que no momento em que nenhum
braço produz propulsão, a velocidade não decaia demasiadamente. Como positivo
tem que o braço que inicia sua braçada se encontra na água mais quieta (em função
de seu corpo), fazendo mais eficazes as primeiras curvas que realiza.
A seguinte é muito difícil de observa, ao menos em nadadores de alto nível.
Consiste em realizar um relevo total no movimento dos braços. Só se move um braço

58
cada vez. Até que um braço não terminou as bases aquáticas e aéreas o outro braço
não inicia seu trabalho. Esta maneira de nado tem poucas vantagens e muitos
inconvenientes. O único positivo que se poderia dizer, sempre que se mantenha uma
vigorosa pernada, que procura a máxima longitude de nado por ciclo. Ainda que o
preço seja uma freqüência demasiadamente baixa.

Coordenação de Superposição
A seguinte variante é bem mais fechada; a mão contrária entra quando ainda a
outra mão só completou a metade de seu percurso (Navarro); esta mudança se efetua
embaixo do peito.
Iniciando o movimento para abaixo e para fora quando a outra mão se encontra
ao final da varredura para cima e para dentro. A diferença com a anterior forma de
acoplamento (coordenação aberta), estriba em que elegem um diferente movimento
para acima, para iniciar o movimento para embaixo do outro braço. Na aberta se elege
o movimento ultimo para cima e para fora e na fechada se prefere o movimento cima
e para dentro.
Figura 43

Coordenação de Superposição Fonte: Google

Esta forma de nado de importância às fases finais da braçada, que são com
diferença as mais propulsivas. E só se produz um relevo na propulsão nesta zona.
Desta maneira teoricamente se pode obter uma maior velocidade, mas com uma baixa
eficácia, com um grande gasto energético e uma alta frequência. A razão do exposto
estriba em que quando um braço traciona nas zonas iniciais da braça, zonas pouco

59
propulsivas, o outro braço está gerando o momento de maior velocidade com respeito
à água, pelo que a mão que se encontra ao início da trajetória terá que deslocar água
já em movimento (com respeito ao corpo), sendo isto pouco eficaz.

60
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