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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo(a)!


Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é
o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora.
Vamos juntos, entrar nesse novo universo conhecido como corpo humano. Desde
o nível molecular até a grande complexidade do funcionamento dos sistemas orgânicos,
guiarei você pelos caminhos exuberantes e encantadores do corpo humano.
Na unidade I faremos uma introdução à Anatomia Humana, sua terminologia e
estudaremos o esqueleto humano, as articulações, os músculos e o sistema circulatório.
A fisiologia do sistema neuromuscular, o controle neural do movimento e o
funcionamento dos sistemas respiratório, endócrino e digestório e excretor ficarão para a
unidade II.
A unidade III trata da biologia celular, da composição e funcionamento das estruturas
e organelas celulares.
E para finalizar, a unidade IV trata da reprodução celular, do mecanismo de síntese
protéica e do estudo dos tecidos humanos, a histologia.

Seja bem vindo a estudo fascinante do corpo humano!

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
Anatomia Humana

UNIDADE II.................................................................................................... 25
Fisiologia

UNIDADE III................................................................................................... 48
Bases Macromoleculares da Constituição Celular

UNIDADE IV................................................................................................... 74
Biologia - Ciclo Celular
UNIDADE I
Anatomia Humana
Professor Marcelo A. de Lima

Plano de Estudo:
● Introdução à Anatomia Humana e sua terminologia
● Osteologia
● Artrologia
● Miologia
● Sistema Circulatório

Objetivos de Aprendizagem:
● Compreender o conceito de Anatomia e sua terminologia,
● Identificar as principais estruturas dos sistemas esquelético, articular, muscular e
circulatório
● Obter subsídios para compreensão da Fisiologia Humana

4
INTRODUÇÃO

No dia a dia nos deparamos com várias formas de comunicação e, diferentemente da


linguagem coloquial, a linguagem científica exige certo rigor na sua escrita e interpretação.
Ela não pode deixar margens para dúvidas e, talvez esta seja a maior dificuldade de quem
está iniciando no grande universo do conhecimento universitário. A partir de agora, evite usar
termos comuns e populares para se referir ao corpo humano e suas estruturas, sendo que o
conhecimento da Anatomia Humana e fundamental para todos os estudantes e profissionais
das áreas biológicas e da saúde, indispensável para um bom exercício da profissão. A
Anatomia é a ciência que estuda a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados.
Pensando em fornecer uma visão geral sobre o assunto a ser estudado, preparamos esse
material para estimular seu raciocínio, seu espírito crítico e sua preocupação com as
questões relativas à saúde e vida de todos nós seres humanos.

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1 ANATOMIA HUMANA

Anatomia Humana é a ciência que estuda macro e microscopicamente, a constituição


e o desenvolvimento do ser humano.
A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana = através de; tome = corte).
Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é equivalente etimologicamente
a anatomia.

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2 ANATOMIA X CINESIOLOGIA

Cinesiologia é a ciência que tem como objetivo a análise dos movimentos do corpo
humano.
Sabe-se que a compreensão das estruturas que compõem o aparelho locomotor,
assim como, da nomenclatura anatômica, são conhecimentos de suma importância para o
conhecimento dos movimentos humanos.

A terminologia anatômica
Designa todos os termos utilizados para indicar e descrever as estruturas do corpo
humano. Os nomes anatômicos oficiais devem ser escritos em latim, mas cada país pode
fazer uso do próprio vernáculo para fins de ensino, o que facilita em muito o estudo da
anatomia. Algumas abreviaturas são de uso corrente entre os anatomistas, são elas: A.=
artéria; Aa.= artérias; Lig.= ligamento; Ligg.= ligamentos; M.= músculo; Mm.= músculos; N.=
nervo; Nn.= nervos; R.= ramo;Rr.= ramos; V.= veia; Vv.= veias.; gl.= glândula; g.= gânglio.

Posição Anatômica
Nos agrupamentos humanos há evidentes diferenças morfológicas, todas as
descrições do corpo humano devem ser feitas imaginando-se o corpo em uma posição
específica, chamada de posição anatômica. Na posição anatômica, o indivíduo está em

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posição ereta, em pé (posição ortostática) com a face voltada para frente e em posição
horizontal, de frente para o observador, com os membros superiores estendidos paralelos
ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores unidos (calcanhares
unidos), com os dedos dos pés voltados para frente. A idade é responsável por alterações
anatômicas evidentes. Desde a fase intrauterina até a velhice nosso corpo passa por
inúmeras transformações. Pelo fator sexo (masculino ou feminino) é possível diferenciar
indivíduos, devido às características especiais, muito além da simples diferença de órgãos
genitais. Pela raça, um grupo humano se distingue de outro devido a características físicas,
como por exemplo, pela cor da pele.
Com a grande variabilidade morfológica humana há possibilidade de reconhecer
várias formas constitucionais, do tipo médio aos tipos extremos e mistos. Os tipos são
chamados de brevilíneo, mediolíneo e longilíneo.

Imagem 1: Posição anatômica

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3 OSTEOLOGIA

Conceito de esqueleto

É o conjunto de ossos e cartilagens que se interligam para formar o arcabouço


do corpo humano o sistema esquelético e responsável pela sustentação do organismo,
na proteção de estruturas vitais e como base mecânica para o movimento, sempre
correlacionando a teoria com a prática. Aproximadamente um quinto do peso total de um
indivíduo saudável é composto por seus ossos. O esqueleto humano é uma estrutura
resistente, viva e flexível.

Funções do Sistema Esquelético:


– Sustentação para partes moles do organismo
– Proteção de estruturas vitais
– Base mecânica para o movimento (são os elementos passivos do movimento) –
os elementos ativos são os músculos
– Armazenamento de sais minerais
– Hematopoiética ou hematopoiética

UNIDADE I Anatomia Humana 9


Divisão do Esqueleto e número de ossos:
O esqueleto pode ser dividido em:
Esqueleto Axial – Composto pelo eixo formado pelos ossos da cabeça, pescoço
e do tronco.(do latim axis igual a eixo, está formado por 80 ossos, sendo 28 ossos entre
crânio e face. E 26 ossos da coluna vertebral, 24 costelas, um osso esterno e um osso
hioide).
Esqueleto Apendicular – Composta pelos ossos dos membros superiores e
inferiores.
A união do esqueleto axial com o apendicular se faz por meio das cinturas escapular
e pélvica.
O esqueleto normalmente apresenta 206 ossos, podendo ocorrer variações
individuais.

Imagem 2: Esqueleto humano

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Classificação dos Ossos:
Os ossos são classificados de acordo com a sua forma em:

Imagem 3: tipos de ossos quanto às dimensões

Ossos Longos: Tem o comprimento maior que a largura e espessura e são constituídos


por um corpo ou diáfise e duas extremidades ou epífises. Exemplo: Fêmur, tíbia, falanges.

Ossos Curtos: São parecidos com um cubo, tendo seus comprimentos praticamente


iguais às suas larguras. Exemplo: Ossos do Carpo e do tarso.

Ossos Laminares (Planos): São ossos finos e compostos por duas lâminas


paralelas de tecido ósseo compacto, com camada de osso esponjoso entre elas. Exemplos:
Frontal e Parietal.

Ossos Alongados: São ossos longos, porém achatados e não apresentam canal


central. Exemplo: Costelas.

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Ossos Pneumáticos: São osso ocos, com cavidades cheias de ar e revestidas
por mucosa (seios), apresentando pequeno peso em relação ao seu volume. Exemplo:
esfenoide, maxilas, etimoiode.

Ossos Irregulares: Apresentam formas complexas e não podem ser agrupados


em nenhuma das categorias prévias. Exemplo: vértebras, zigomático, mandíbula.

Ossos Sesamoides: Estão presentes no interior de alguns tendões em que há


considerável fricção, tensão e estresse físico, como as palmas das mãos e plantas dos pés.
Exemplo: patela.

Ossos Suturais: São pequenos ossos localizados dentro de articulações,


chamadas de suturas, entre alguns ossos do crânio. Exemplo: osso do inca.

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4 ARTROLOGIA

Articulações ou junturas são as uniões funcionais entre os diferentes ossos do


esqueleto, devemos sempre ter em mente que o nosso corpo, do ponto de vista fisiológico e
anatômico, é a mais perfeita das máquinas em funcionamento. Graças as suas articulações
o corpo humano é capaz de realizar infinitos movimentos juntamente com as estruturas
ósseas, conferindo mobilidade entre as mesmas e estabilizando as zonas de junção entre
os vários segmentos do esqueleto, tudo isso graças ao Sistema Articular, os ossos do corpo
humano unem-se uns aos outros para constituir o esqueleto e esta união não tem somente
a finalidade de por ossos em contato, mas também de permitir mobilidade. Podemos afirmar
que o Sistema Articular é formado por articulações ou junturas que estão diretamente
responsáveis por realizar diversos movimentos de vários segmentos do nosso corpo.
As articulações são classificadas em três grandes grupos apesar das variações
entre elas, mas observamos alguns aspectos estruturais e funcionais em comum a todas as
articulações. Os três grandes grupos são: as articulações fibrosas (sinartroses) ou sólidas,
as cartilaginosas (anfiartroses) ou com movimentos limitados e as sinoviais (diartroses) que
são as articulações de movimentos amplos.
Fibrosas: contém tecido conjuntivo fibroso. Ex. suturas do crânio.
Cartilaginosas: contém cartilagem. Ex. sínfise púbica.
Sinoviais: Providas de cavidade com líquido sinovial. Ex. articulação do joelho.

Imagem 4: Articulação sinovial

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Imagem 5: Principais articulações sinoviais do corpo humano

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5 MIOLOGIA

A miologia estuda os músculos. A função básica dos músculos é permitir o movimento


de partes do corpo através do processo de contração e relaxamento muscular. Sabemos
que este sistema é de grande importância para o funcionamento do corpo humano, pois,
constantemente estamos usando estes músculos de maneira voluntária, como por exemplo,
levantar uma caixa, e, involuntariamente, no caso dos movimentos peristálticos de alguns
órgãos do abdome e os batimentos do coração. Algumas literaturas estimam um total de
650 músculos, outras falam em 500 aproximadamente.
Os músculos são estruturas anatômicas de formas e comprimentos variáveis,
formadas por miócitos e que se inserem aos ossos através de tendões, são caracterizados
pela contração (capacidade de diminuir o comprimento) e relaxamento, onde estas ações
movimentam partes do corpo, inclusive os órgãos internos. Os músculos representam cerca
de 40% a 50% do peso corporal total, e são capazes de transformar energia química em
energia mecânica.
Apresentamos três tipos de músculos em nosso corpo:
1. Músculo estriado esquelético: encontrado preso ao esqueleto, de controle
nervoso voluntário.
2. Músculo estriado cardíaco: encontrado somente no coração, de controle
nervoso involuntário, também pode ser chamado de miocárdio.
3. Músculo liso: encontrado em órgãos viscerais como intestino, ductos, vasos
sanguíneos, de controle nervoso involuntário.
O músculo apresenta proteínas importantes para sua contração, as principais são
a actina e a miosina. Basicamente, o músculo apresenta sua parte mais carnosa conhecida
como ventre muscular e nas extremidades podem ocorrer tendões ou aponeuroses.
Os músculos representam os elementos ativos do movimento, pois necessitam de
Adenosina Trifosfato para entrarem em movimento.
Os músculos do corpo humano são classificados de várias formas, como:
● quanto à situação, temos os músculos superficiais ou cutâneos e os músculos
profundos ou subaponeuróticos.
● quanto ao movimento, temos os músculos flexores, extensores, rotadores,
abdutores e adutores.
● quanto à forma do ventre, temos o músculo longo, curto e largo.
● quanto à disposição da fibra muscular, temos o transverso, reto e oblíquo.

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● quanto à função, na realização de algum movimento, são envolvidos vários
músculos como o músculo agonista, antagonista, sinergista e músculos fixadores
ou posturais. Vimos que os músculos contêm uma grande rede vascular que é
nutrida pelo sangue arterial, recebendo oxigênio e nutrientes.

Imagem 6: Tecido muscular

UNIDADE I Anatomia Humana 16


6 SISTEMA CARDIOVASCULAR

O coração, os vasos sanguíneos e o sangue formam o sistema cardiovas-


cular ou circulatório. A circulação do sangue permite o transporte e a distribuição de
nutrientes, oxigênio, dióxido de carbono e hormônios para as células de vários órgãos. O
sangue também transporta produtos do metabolismo para que possam ser eliminados do
corpo. Este sistema transporta material nutritivo que foi absorvido pela digestão e o oxigê-
nio captado pela respiração para todas as células do corpo e de modo semelhante, recolhe
os produtos residuais do metabolismo celular levando-os até onde serão excretados. O
sistema circulatório é do tipo fechado, ou seja, sem comunicação com o meio externo do
corpo, sendo formado pelo coração, vasos, sangue e linfa. O coração consegue bombear
o sangue devido à força de contração do músculo cardíaco, o miocárdio, o qual é revestido
externamente por uma serosa protetora denominada pericárdio.
O coração é dividido em câmaras, dois átrios e dois ventrículos, separados pelo
septo atrioventricular, e a comunicação entre essas câmaras acontece devido aos óstios
atrioventriculares, cada um com suas valvas. O coração tem o tamanho aproximado da mão
fechada, e bombeia o sangue para todo o corpo. Localiza-se na cavidade torácica, entre os
dois pulmões, no mediastino. O ápice (ponta do coração) está voltado para baixo, para a
esquerda e para frente. O coração é um órgão tetracavitário, sendo essas cavidades:
● Átrio direito e átrio esquerdo, em sua parte superior;
● Ventrículo direito e ventrículo esquerdo, em sua parte inferior (mais
musculosos e fortes).

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O coração é formado por três camadas:
● Pericárdio – é a membrana que reveste externamente o coração, como um
saco. Esta membrana propicia uma superfície lisa e escorregadia ao coração,
facilitando seu movimento;
● Endocárdio – é uma membrana que reveste a superfície interna das cavidades
do coração, é impermeável ao sangue;
● Miocárdio – é o músculo responsável pelas contrações vigorosas e involuntárias
do coração; situa-se entre o pericárdio e o endocárdio. É mais espessa nos
ventrículos.

Imagem 7: Coração

Circulação do sangue pelo coração


O sangue venoso (rico em dióxido de carbono) que entra no átrio direito pelas veias
cavas superior e inferior passa para o ventrículo direito através do óstio atrioventricular
direito. Do ventrículo direito, o sangue venoso é bombeado para o tronco pulmonar que se
ramifica em artérias pulmonares direita e esquerda, uma para cada pulmão. Nos pulmões
ocorre a hematose (troca do dióxido de carbono pelo oxigênio) e o sangue arterial (rico
em oxigênio) retorna ao coração pelas quatro veias pulmonares que se abrem no átrio
esquerdo. Do átrio esquerdo, o sangue arterial passa pelo óstio atrioventricular esquerdo
e cai no ventrículo esquerdo que pulsa e lança o sangue arterial para a artéria aorta, que
distribuirá o sangue para todo o corpo.

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Pequena e grande circulação

Imagem 8: Esquema da circulação humana

Pequena circulação: coraçãojpulmõesjcoração


Grande circulação: coraçãojcorpojcoração

Existem três tipos básicos de vasos sanguíneos em nosso corpo: arté-


rias, veias e capilares.

● Artérias: normalmente conduzem sangue rico em oxigênio. Não possuem


válvulas.

● Veias: normalmente conduzem sangue rico em dióxido de carbono. Possuem


válvulas.

● Capilares: são os vasos mais finos e permitem as trocas de nutrientes, gases e


resíduos metabólicos com as células e tecidos.

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Imagem 9:

Sangue
O Sangue apresenta seus elementos figurados (hemácias, leucócitos e plaquetas) e
o plasma sanguíneo. As hemácias transportam oxigênio e dióxido de carbono, os leucócitos
estão envolvidos com a defesa do organismo e as plaquetas participam dos processos de
coagulação do sangue.

Imagem 10: Sangue

UNIDADE I Anatomia Humana 20


SAIBA MAIS

“O coração é um músculo que pesa 250 gramas, em média. No ritmo normal, que é de
70 a 75 batidas por minuto, ele chega a dar mais de 110 000 batimentos por dia. Mas,
em caso de pânico ou susto, pode subir para 150 pulsações por minuto. No corpo em
repouso, os 5 litros de sangue são bombeados por todo o organismo em apenas um
minuto”.

https://fernandobraganca.com.br/2016/07/30/nosso-corpo-e-nossos-numeros/

REFLITA

“No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade.”

Albert Einstein

UNIDADE I Anatomia Humana 21


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro aluno,

Realize todas as atividades sugeridas para que você possa fixar seu conhecimento.
Revise seu material, se necessário, várias vezes. Cumpra todas as etapas pelas quais
acabamos de passar para que você esteja apto a acompanhar novos conteúdos. Lembre-
se: “ a repetição é a rainha da perfeição”.

Sucesso!

UNIDADE I Anatomia Humana 22


LEITURA COMPLEMENTAR

A energia utilizada a partir do ATP não é utilizada somente para suprir o mecanismo
de contração muscular, mas também para bombear Ca++ do sarcoplasma para o retículo
sarcoplasmático (ao término da contração) e bombear íons Na+ e K+, através da membrana
da fibra muscular (para a propagação dos potenciais de ação).

Porém, a concentração de ATP só é suficiente para manter a contração durante 1


a 2 segundos. Quando o ATP libera sua energia, é liberado um radical de ácido fosfórico e
formado o difosfato de adenosina (ADP).

Em seguida a energia liberada dos nutrientes celulares faz com que o ADP e o ácido
fosfórico se recombinem para gerar novo ATP. Esse processo se repete continuamente.
Para essa refosforilação, existem três fontes de energia principal:

Fosfocreatina: contém uma ligação fosfato de alta energia semelhante à do ATP.


A Fosfocreatina é clivada e a energia gerada provoca a ligação do fosfato ao ADP para
convertê-lo em ATP. Essa fonte adicional mantém a contração por mais 5 a 8 segundos.

Glicogênio: rápida degradação do glicogênio – previamente armazenado nas


células musculares – em ácido lático e ácido pirúvico libera energia, que é utilizada para
converter ADP em ATP. Sendo assim, esse mecanismo de “glicólise”, mantém a contração
por até 1 minuto (sem a necessidade de oxigênio); forma ATP duas vezes mais rápido do
que quando nutrientes celulares reagem com oxigênio.

Metabolismo oxidativo: mais de 95% de toda a energia utilizada pelos músculos em


contrações de longa duração. Consiste na combinação e utilização de diferentes nutrientes
celulares para formar ATP (carboidratos; gorduras; proteínas).

Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/energia-para-a-contracao-muscular/42810

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Anatomia Humana - Anatomia sistêmica e segmentar - 3.ed.
Autores: DANGELO, J. G.; FATTINI, C. C.
Editora: Atheneu.
Ano: 2007.
Sinopse: O livro de Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar
surge, em sua 3ª edição, totalmente reescrito, atualizado e
ampliado, e com a inclusão da última Nomina Anatômica o que
o torna livro do momento. Como se sabe, Anatomia Humana
Sistêmica e Segmentar é um clássico da literatura biomédica
nacional, fato comprovado por sua adoção nos principais cursos
e disciplinas de anatomia do país. Seu conteúdo está plenamente
adequado às necessidades básicas do ensino de anatomia, ou
seja,o que efetivamente nossos estudantes devem preocupar-se
em ser ensinados e em aprender. É livro, pois, absolutamente
didático, em que a organização temática, a forma de abordagem e
a descrição inseridas no texto nasceram da convivência diária de
seus autores com os alunos nas salas de aula e nos laboratórios
de aulas práticas. Contém 945 ilustrações anatômicas em traço
a meio-tom e 22 figuras em cores, além de gráficos, tabelas
e quadros sinópticos a duas cores, tudo de maneira a tornar o
estudo de anatomia atraente e fácil, como de fato deve ser. Sem
sombra de dúvida, por sua praticidade e adaptação as grades
curriculares de nossos cursos biomédicos, Anatomia Humana
Sistêmica e Segmentar, 3ª edição dos professores Dangelo e
Fattini permanecerão como líder no quadro de adoções dos livros
de anatomia em nosso país.

FILME/VÍDEO
https://www.youtube.com/watch?v=Zm6QtfpwqKs
Documentário realizado pelo Discovery Channel sobre ossos e
músculos.

WEB
https://www.auladeanatomia.com/
http://homemvirtual.org.br/portal/

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UNIDADE II
Fisiologia
Professor Marcelo A. de Lima

Plano de Estudo:
● Sistema Neuromuscular
● Controle Neural do Movimento
● Sistema Cardiovascular
● Sistema Respiratório
● Sistema Endócrino
● Sistema Digestório

Objetivos de Aprendizagem:
● Compreender os mecanismos básicos da fisiologia dos sistemas
● Fazer a inter-relação dos mecanismos fisiológicos no organismo como um todo
● Buscar subsídios para o aprofundamento sobre o organismo humano

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INTRODUÇÃO

A Fisiologia é o estudo do funcionamento dos organismos vivos, para explicação da


própria vida. Seu estudo tem como base a célula, unidade anátomo-fisiológica dotada de
reprodução. No organismo humano há trilhões de células, trabalhando em harmonia.

Todo o organismo trabalha de forma a se manter uma constância, a homeostase, de


certa forma, um estado de equilíbrio interno caracterizado pelo metabolismo que na verdade
é a união do anabolismo (reações de síntese) e do catabolismo (reações de quebra).

UNIDADE II Fisiologia 26
1 SISTEMA NEUROMUSCULAR

No organismo humano há três tipos musculares: o músculo estriado esquelético, o


músculo liso e o músculo estriado cardíaco.
Basicamente esses três tipos musculares têm a mesma função: realizar a contração
e o relaxamento muscular, gerando movimento.

Imagem 1: tipos de músculos

UNIDADE II Fisiologia 27
Em todos eles há as proteínas denominadas actina e miosina que são as grandes
responsáveis pelo movimento. A fonte de energia é o ATP e todos os músculos dependem de
comando nervoso para o funcionamento. Embora todos os músculos realizem movimento,
há diferenças importantes que podem ser visualizadas no quadro comparativo a seguir.

Quadro 1: Características dos três tipos de músculos

QUADRO COMPARATIVO
MUSCULATURA MUSCULATURA
MUSCULATURA
CARACTERÍSTICAS ESTRIADA ESTRIADA
LISA
ESQUELÉTICA CARDÍACA
Estrias transversais Presentes Presentes Ausentes
Núcleo Muitos periféricos Um central Um central
Discos intercalares Não há Presentes Não há
Rápida, rítmica e
Contração Rápida e voluntária Lenta e involuntária
involuntária
Formam as
Formam pacotes Formam camadas
Apresentação paredes do coração
bem definidos envolvendo órgãos
(miocárdio)

Fonte: o autor.

UNIDADE II Fisiologia 28
2 CONTROLE NEURAL DO MOVIMENTO

Embora saibamos que há três tipos de músculos (cardíaco, esquelético e liso), este
estudo será direcionado ao Músculo Estriado Esquelético.
Esses músculos são compostos por fibras filiformes ou cilíndricas, que apresentam
estrias formadas por bandas claras e escuras de forma alternada (filamentos de actina e
miosina). Cada célula ou fibra muscular ou é multinucleada, alongada, podendo ultrapassar
os 20 cm de comprimento. Cada célula é envolvida por uma membrana denominada
endomísio. Várias fibras musculares com seus respectivos endomísios são envolvidas
por outra membrana denominada perimísio, formando os feixes ou fascículos musculares.
Vários feixes ou fascículos com seus respectivos perimísios são envolvidas por outra
membrana, o epimísio, formando desta forma o músculo.
Esses músculos são inervados por nervos espinhais, cranianos e estão sob o
controle voluntário do Sistema Nervoso Central.

UNIDADE II Fisiologia 29
Imagem 2: integração sistema nervoso e muscular

2.1 Órgãos envolvidos no sistema neuromuscular


No mecanismo de contração das células ou fibras musculares esqueléticas, ocorre
o encurtamento dos sarcômeros: os filamentos de actina “deslizam” sobre os de miosina,
graças a certos pontos de união que se formam entre esses dois filamentos, levando à
formação da actomiosina.
Para ocorrer esse deslizamento, há a participação de grande quantidade de dois
elementos importantes : íons Ca ++ e ATP. Nesse caso cabe à molécula de miosina o papel de
“quebrar” (hidrolisar) o ATP, liberando a energia necessária para a ocorrência de contração.

Imagem 3: Sarcômero, actina e miosina

UNIDADE II Fisiologia 30
Cada ponto de junção entre uma terminação nervosa e a membrana plasmática
ou sarcolema da célula muscular corresponde a uma sinapse neuromuscular. Essa junção
é conhecida pelo nome de placa motora ou junção neuromuscular. O impulso nervoso
propaga-se pelo neurônio eferente ou motor e atinge a placa motora, em uma sinapse axo-
muscular. A membrana da célula muscular ou sarcolema recebe o estímulo. Gera-se um
impulso nervoso que se propaga por essa membrana, atinge o citoplasma e desencadeia o
mecanismo de contração muscular.

Imagem 4: Unidade motora (neurônio eferente e células musculares por ela inervadas)

UNIDADE II Fisiologia 31
3 SISTEMA CARDIOVASCULAR

A função de circulação é realizada pelo sistema cardiovascular. Esse sistema é


formado por um órgão central, o coração, e por uma rede de vasos nos quais circulam o
sangue e a linfa.

O sistema circulatório sanguíneo tem como órgão central o coração que impulsiona
o sangue para vasos denominados artérias. Estas por sua vez se ramificam em vasos
cada vez mais finos até formarem as arteríolas e os capilares sanguíneos. Os capilares
apresentam apenas uma camada e são capazes de realizar trocas de nutrientes, gases
e outras substâncias com as células do corpo. Após deixarem o oxigênio e nutrientes às
células do organismo, os capilares agora coletam o dióxido de carbono e outros produtos
do metabolismo e irão formar as vênulas. Estas por sua vez formam as veias até cheguem
ao coração levando o sangue venoso ao átrio direito.

UNIDADE II Fisiologia 32
Imagem 5: Vasos sanguíneos

Artérias são vasos que saem do coração levando sangue para as diversas partes
do corpo.
Veias são vasos que chegam ao coração trazendo sangue de todo o corpo.
Capilares são vasos que permitem a troca de substâncias com as células do corpo.

Quadro 2: Comparação entre artérias e veias

Artérias Veias
Camadas Túnica externa, média, Túnica externa, média e
interna interna
Válvulas sem com
Quando cortadas Jatos de sangue Sangue corre sem jatos
Pulsação forte fraca
Posição Geralmente profundas Muitas superficiais

O sistema circulatório linfático é formado pelos capilares linfáticos que possuem


fundo cego nos interstícios dos tecidos. Drenam o fluido intercelular, que passa a ser
chamado de linfa a partir do momento que é drenado para o interior dos capilares linfáticos.
Esses capilares confluem em vasos cada vez mais calibrosos que desembocam nos ductos
linfáticos (que possuem válvulas) que por sua vez lançam a linfa em veias calibrosas do
sistema circulatório sanguíneo.

UNIDADE II Fisiologia 33
Estruturas importantes do sistema linfático são também os linfonodos (filtram a
linfa) e outros órgãos linfoides como baço, timo, tonsilas, adenoides e parte da medula
óssea.

Imagem 6: Sistemas circulatórios sanguíneo e linfático

Quadro 3: Componentes do sangue

Função
HEMÁCIAS, ERITRÓCITOS,
Transporte de oxigênio e dióxido de carbono
GLÓBULOS VERMELHOS
LEUCÓCITOS OU
Defesa: fagocitose ou produção de anticorpos
GLÓBULOS BRANCOS
PLAQUETAS OU
Coagulação do sangue
TROMBÓCITOS
PLASMA Contém água, enzimas, hormônios etc.

Fonte: o autor.

UNIDADE II Fisiologia 34
4 SISTEMA RESPIRATÓRIO

O sistema respiratório é formado em sequência pelos seguintes órgãos ou


estruturas: nariz externo, cavidade nasal, faringe, laringe, traquéia, brônquios e pulmões.
Dá-se o nome de respiração aos processos de inspiração do ar (processo ativo – gasta
ATP) e expiração (processo passivo – não gasta ATP).

Os órgãos tubulares (nariz, cavidade nasal, faringe, laringe, traquéia e brônquios)


correspondem à porção condutora de ar, enquanto os pulmões correspondem à porção
respiratória, pois realizam a hematose (troca de dióxido de carbono por oxigênio).

Os órgãos da porção condutora, além de conduzirem o ar, também tem as funções


de aquecimento, purificação e umedecimento do ar inspirado, condições importantes para
que seja realizada uma boa hematose por difusão de gases nos alvéolos pulmonares.

UNIDADE II Fisiologia 35
Imagem 7: Hematose no alvéolo pulmonar

O pulmão direito apresenta três lobos e é maior que o pulmão esquerdo que possui
dois lobos. Ambos os pulmões são revestidos por uma serosa denominada pleura.
A hematose ocorre nos alvéolos pulmonares (últimas ramificações dos brônquios).
Fato interessante é que os pulmões não possuem movimentos próprios e dependem
das alterações de pressão na cavidade torácica quando esta se expande e se relaxa devido
a ação de vários músculos como o diafragma, intercostais externos, internos e escalenos. O
controle nervoso para que estes músculos atuem está sob o comando do bulbo localizado
no tronco cerebral.

Imagem 8: Mecanismo de inspiração e expiração

UNIDADE II Fisiologia 36
5 SISTEMA ENDÓCRINO

O sistema endócrino é constituído por um grande número de glândulas endócrinas.


Juntamente com o sistema nervoso que lhe fornece informações sobre as condições do
organismo, esses dois sistemas formam o aparelho integrador do organismo.

As glândulas endócrinas produzem os hormônios, que podem atuar em estruturas


não endócrinas ou podem ainda atuar sobre outras glândulas (função trópica). Normalmente
os hormônios são produzidos em pequenas quantidades e secretados no sangue ou na
linfa até que atinjam o órgão-alvo (célula, tecido, órgão ou outra glândula). A estrutura alvo
deverá possuir um receptor específico para cada hormônio.

UNIDADE II Fisiologia 37
Quadro 4: Principais hormônios do ser humano

HORMÔNIOS
Quem produz e os seus objetivos:
Glândula Hormônio Suas principais funções
Tireotropina Provoca a liberação de (TSH) na hipófise e regula o
(TRH) funcionamento da tireóide.
Corticotropina Libera o (ACTH) também na hipófise e estimula as
(CRH) supra-renais
Hipotálamo
Fator
Regula o hormônio de crescimento (GH) na hipófise
(GRH)
Fator Regula a produção de (LH) e (FSH), que saem da
(LHRH) hipófise e agem nas gônodas.
Pineal Melatonina Controla o relógio biológico e está ligado ao sono.
Somatotrofina
ou Hormônio de Promove o crescimento de quase todas as células.
Crescimento (GH)
  Prolactina Controla a produção do leite materno e regula a
(LTH) ovulação.
Folículo estimulante Estimula o crescimento do folículo nos ovários e nos
Hipófise
(FSH) testículos, induz a formação de espermatozóides.
(Lobo anterior)
Luteinizante Estimula a ovulação e a secreção dos hormônios
(LH) sexuais.
Tireotrofina Estimula a tireóide a produzir os hormônios (T3 e T4)
(TSH) que controlam o metabolismo.
Adenocorticotrófico Estimula o funcionamento das glândulas supra-
(ACTH) renais.
No parto, ajuda contrair o útero; na amamentação,
a expulsar o leite. No homem, provoca relaxamento
Ocitocina
Hipófise dos vasos e dos corpos eréteis do pênis,
(Lobo posterior) aumentando a irrigação sanguínea.
Antidiurético Provoca a reabsorção de água pelos rins e controla a
(ADH) ou vasopressina eliminação pelos rins.
Aumentam a velocidade das reações químicas
Triiodotironina (T3)
na maioria das células do corpo, controlando o
Tiroxina (T4)
metabolismo.
Tireóide
Regula a taxa de cálcio no sangue, inibindo a sua
Calcitonina remoção dos ossos, o que diminui a taxa plasmática
do cálcio.
Paratireóide Paratormônio Regula o metabolismo do cálcio do organismo.
Cortisol Indica como devemos gastar os nutrientes.
Supra-renais Adrenalina e Ativam o de alerta do organismo em situações de
Noradrenalina emergência ou perigosas.
Glucagon Aumenta a concentração de glicose no sangue.
Pâncreas
Insulina Provoca a entrada de glicose nas células do corpo.
Estimula o desenvolvimento dos órgão sexuais e das
Estrógeno
características femininas.
Ovários
Rege o ciclo menstrual; prepara a mulher para a
Progesterona
gestação e mantém a gravidez.
O principal é a testosterona, relacionado às
Testículos Andrógenos
características masculinas.

Fonte: adaptado pelo autor

UNIDADE II Fisiologia 38
6 SISTEMA DIGESTÓRIO

O sistema digestório humano tem por função final promover a absorção de


nutrientes. É constituído, em sequência pelos seguintes órgãos tubulares: boca, faringe,
esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto, canal anal e ânus. Estruturas
acessórias produzem substâncias que são lançadas na luz desse tubo para ajudar na
digestão, são elas: glândulas salivares (parótidas, submandibulares e sublinguais), fígado
(produz a bile) e pâncreas (produz enzimas digestivas).

Depois de ingerido, o alimento sofre digestão mecânica (mastigação e peristaltismo),


física (bile) e química (enzimas) e depois é absorvido. O que não é aproveitado pelo organismo
é eliminado através das fezes. Na cavidade oral, os primeiros estágios da digestão iniciam
com a mastigação e a secreção da saliva por três pares de glândulas salivares: glândulas
sublinguais abaixo da língua, glândulas submandibulares abaixo da mandíbula (osso
maxilar) e glândulas parótidas encontradas perto da articulação da mandíbula.

UNIDADE II Fisiologia 39
Imagem 9: Sistema digestório humano

Quadro 5: as principais enzimas digestivas e seus locais de atuação

Onde é
Enzima Substrato Onde atua? Obs.
produzida?
Ptialina Quebra o amido (um
Glândulas Cavidade Atua pH neutro a
(amilase tipo de carboidrato em
salivares bucal alcalino
salivar) maltose)
Atua em pH ácido
Quebra proteínas em
Pepsina Estômago Estômago (na presença de
peptídeos
ácido clorídrico)
Produzida nos
Quebra a caseína do
Renina Estômago Estômago primeiros meses de
leite materno
vida
Quebra proteínas em Intestino
Tripsina Pâncreas Atua em pH alcalino
peptídeos delgado
Quebra proteínas em Intestino
Quimiotripsina Pâncreas Atua em pH alcalino
peptídeos delgado
Suco pancreático

Lipase Quebra de lipídeos do Intestino


Pâncreas Atua em pH alcalino
pancreática tipo triglicerídeos delgado
Quebra o amido (um
Amilase Intestino
tipo de carboidrato) Pâncreas Atua em pH alcalino
pancreática delgado
em maltose
Peptidases Quebra peptídeos em Intestino
Pâncreas Atua em pH alcalino
pancreáticas aminoácidos delgado
Quebra ácidos
Intestino
Nucleases nucléicos em Pâncreas Atua em pH alcalino
delgado
nucleotídeos

Fonte: adaptado pelo autor.

UNIDADE II Fisiologia 40
7 SISTEMA RENAL

O sistema renal ou excretor é formado pelos rins, ureteres, bexiga urinária e uretra.
A excreção é o principal mecanismo homeostático do organismo, pois, regula a quantidade
de água e de sais minerais, assim como, elimina os dejetos celulares através da urina.
São funções do sistema excretor humano: reabsorção de substâncias úteis ao organismo
(glicose, água, aminoácidos), regulação do volume de água, controle de sódio e potássio.
Os rins apresentam um córtex e uma medula. Sua unidade funcional é o néfron
(aproximadamente um milhão por rim). No néfron ocorrem os processos de reabsorção
de substâncias úteis e a excreção através da urina de substâncias que se acumuladas,
poderiam se tornar nocivas, como por exemplo, a uréia.
A função mais importante dos rins é a regulação homeostática do conteúdo de
água e íons no sangue, também chamada de balanço do sal e da água, ou equilíbrio
hidroeletrolítico. A remoção de resíduos é importante, mas alterações nos volumes
sanguíneos ou nas concentrações iônicas causam sérios problemas clínicos antes que o
acúmulo de resíduos metabólicos atinja níveis tóxicos. Os quatro processos que ocorrem
nos rins são:
Filtração: movimento do sangue para o lúmen;
Reabsorção: do lúmen para o sangue;
Secreção: do sangue para o lúmen;
Excreção: do lúmen para fora do corpo.

UNIDADE II Fisiologia 41
Imagem 10: Néfron

O hormônio ADH (Hormônio Anti-Diurético) tem papel expressivo no controle de


reabsorção de água. Quando o organismo precisa reter água, o hipotálamo secreta o ADH
que através da corrente sanguínea chega aos néfrons, levando à reabsorção de água.

Imagem 11: Sistema excretor humano

UNIDADE II Fisiologia 42
Depois de produzida a urina pelos néfrons, esta é coletada por estruturas tubulares
denominadas cálices renais. Daí, a urina segue o trajeto pela pelve renal, ureter, bexiga
urinária (responsável pela micção) e finalmente uretra.

REFLITA

“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objeti-


vo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas
admiráveis.”

Fonte: José de Alencar

UNIDADE II Fisiologia 43
SAIBA MAIS
Os rins podem regular a pressão arterial pelo aumento ou pela diminuição do
volume sanguíneo. Essa regulação é por meio de um mecanismo hormonal, chamado
sistema renina-angiotensina-aldosterona.
Quando a pressão cai até valores inferiores a normalidade, o fluxo sanguíneo pe-
los rins diminui, fazendo com que o rim secrete a importante substância chamada renina
para o sangue. A renina atua como uma enzima convertendo uma das proteínas plas-
máticas, o substrato da renina, no hormônio angiotensina I. Esse hormônio tem efeito
pouco intenso sobre a circulação e é rapidamente convertido em um segundo hormônio,
a angiotensina II, por meio da enzima conversora (ECA).
Essa enzima conversora é encontrada apenas nos vasos de menor calibre dos
pulmões.
A angiotensina II permanece no sangue por pouco tempo, apenas de 1 a 3 minu-
tos, por ser inativada por outras enzimas, encontradas no sangue e no tecido, e cha-
madas coletivamente de angiotensinas. Não obstante seu reduzido tempo de ação, e
que está circulando no sangue, a angiotensina II produz vasoconstrição nas arteríolas,
fazendo a pressão aumentar até o seu valor normal.
Além do mecanismo hormonal dos rins, outro importante sistema hormonal tam-
bém participa da regulação da PA: É a secreção de aldosterona pelo córtex da suprarre-
nal. Esse córtex secreta hormônios corticoides, um dos quais, a aldosterona, controla o
débito renal de água e de sal.
A aldosterona participa da regulação da seguinte forma: quando a pressão
arterial cai a valores muito baixos, a falta de fluxo sanguíneo ideal pelo corpo faz com
que os córtices suprarrenais secretem a aldosterona. Uma das causas desse efeito é
a estimulação das glândulas suprarrenais pela angiotensina II que é formada quando
ocorre a baixa da PA. Essa aldosterona exerce efeito no rim. Como consequência a
água e o sal ficam retidos no sangue, aumentando o volume sanguíneo, normalizando a
PA. De modo inverso, a PA aumentada inverte esse mecanismo, de modo que os volu-
mes líquidos e, consequentemente a pressão arterial, diminuam.

Fonte:https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/a-importancia-dos-rins-na-regula-
cao-da-pressao-arterial/63501

UNIDADE II Fisiologia 44
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro aluno,

Realize todas as atividades sugeridas para que você possa fixar seu conhecimento.
Revise seu material, se necessário, várias vezes. Cumpra todas as etapas pelas quais
acabamos de passar para que você esteja apto a acompanhar novos conteúdos.

Busque informações mais aprofundadas em outras referências bibliográficas e


sedimente seu conhecimento.

UNIDADE II Fisiologia 45
LEITURA COMPLEMENTAR

O processo da digestão é controlado pelo sistema nervoso autônomo e por


hormônios. A visão o cheiro e o sabor do alimento estimulam o sistema nervoso central,
e este por meio de nervos, estimula as glândulas salivares a secretar salivas, fenômeno
conhecido como salivação e as glândulas estomacais a secretar enzimas digestivas e
ácido clorídrico. Além da estimulação nervosa o estômago também recebe estimulações
hormonais.
A presença de alimentos ricos em proteínas no estômago libera no sangue
o hormônio gastrina. O controle das secreções que atuam no intestino resulta de uma
conseqüência de sinais químicos, dos quais participam vários hormônios. O primeiro sinal
é dado pela entrada de quimo no duodeno, que libera a secretina no sangue, ela inibe a
secreção gástrica do estômago e reduz a mobilidade intestinal, estimula a liberação de
secreção pancreática rica em bicarbonatos , a produção de bile pelo fígado e a secreção do
suco entérico pela parede intestinal.
Gorduras ou proteínas parcialmente digeridas presentes no quimo estimulam células
do duodeno a liberar sangue o hormônio colecistoquinina. Pela circulação sanguínea esse
hormônio atinge a vesícula biliar, estimulando a contração de sua musculatura e a expulsão
da bile para o duodeno. Também estimula o pâncreas para liberar suco pancreático.
O quimo também estimula o intestino a liberar no sangue um hormônio inibidor de
atividade gástrica, cuja principal função é diminuir os movimentos peristálticos estomacais,
danado mais tempo para que a digestão ocorra. A estimulação é proporcional ao teor de
gorduras ou carboidratos no quimo.

Fonte:https://brainly.com.br/tarefa/18093966

UNIDADE II Fisiologia 46
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Tratado de Fisiologia Médica - 13ª ed.
Autor: John E. Hall.
Editora: Elsevier.
Ano: 2017.
Sinopse: a 13ª edição do Guyton & Hall Tratado de Fisiologia
Médica mantém a longa tradição deste best-seller como o melhor
livro-texto de Fisiologia Médica do mundo. Diferentemente de
outros livros, este guia claro e de fácil compreensão tem voz autoral
única e consistente e ressalta o conteúdo mais relevante para
os estudantes clínicos e pré-clínicos. O texto detalhado, porém
esclarecedor, é complementado por ilustrações didáticas que
resumem conceitos-chave em fisiologia e fisiopatologia. • O texto
com fonte maior enfatiza a informação essencial sobre como o
corpo deve manter a homeostasia de modo a permanecer saudável,
ao mesmo tempo em que as informações de apoio e os exemplos
são detalhados com tamanho de fonte menor e destacados em
lilás. • As figuras e tabelas de resumo transmitem de maneira
facilitada os processos chave apresentados no texto. • Contém a
nova tabela de referência rápida de valores laboratoriais padrão
no final do livro. • Acréscimo do número de figuras, correlações
clínicas e mecanismos moleculares e celulares importantes para a
medicina clínica. • Inclui o conteúdo online em português do Student
Consult, que oferece uma experiência digital aprimorada: banco de
imagens, referências, perguntas e respostas e animações. Junto
com a nova edição da consagrada referência mundial da fisiologia,
Guyton & Hall, você também tem acesso à forma mais inovadora,
simples, visual e objetiva de aprender fisiologia, o Homem Virtual,
a maneira inteligente de estudar fisiologia em 3D.

FILME/VÍDEO
SISTEMA DIGESTÓRIO - COMPLETO - DISCOVERY CHANNEL
- CIÊNCIAS JÁ!
Sinopse: Documentário realizado pelo Discovery Channel sobre
sistema digestório sobre curiosidades, anatomia e fisiologia do
sistema digestório humano.

WEB
https://www.youtube.com/watch?v=WK4KGdtsdJU
Aprenda mais sobre a homeostase.

Este é um documentário que irá lhe ensinar conceitos básicos e


fundamentais sobre homeostase, sobre o metabolismo das nossas
células.

UNIDADE II Fisiologia 47
UNIDADE III
Bases Macromoleculares da
Constituição Celular
Professor Marcelo A. de Lima

Plano de Estudo:
● Composição química celular: proteínas, lipídeos, carboidratos, ácidos nucléicos;
● Métodos e técnicas de visualização de estruturas celulares;
● Estrutura das membranas celulares e principais mecanismos de transporte;
● Compartimentos celulares, organelas e citoesqueleto;
● Estrutura mitocondrial e função energética.

Objetivos de Aprendizagem:
● Compreender a composição química da célula e a estruturação e funcionamento
das principais organelas celulares.

48
INTRODUÇÃO

Nesta unidade, você terá contato com os conhecimentos que margeiam a


composição química da célula. Irá se familiarizar com a terminologia usada na biologia
celular e obterá subsídios para avançar em seus estudos.

Noventa e nove por cento da massa das células são formadas de hidrogênio,
carbono, oxigênio e nitrogênio.

As células são constituídas de macromoléculas poliméricas, é característica da


matéria viva a presença de moléculas de alto peso, macromoléculas que são polímeros
constituídos pela repetição de unidades menores, chamada monômeros. Além dos
polímeros, moléculas menores como lipídeos, água, sais minerais e vitaminas têm relevante
papel na constituição e no funcionamento das células.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 49


1 PROTEÍNAS

São compostos orgânicos complexos (polímeros) de alto peso molecular. São


formadas por carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e algumas apresentam ainda o ferro
e o enxofre. Suas unidades básicas ou monômeros são os aminoácidos, que se ligam em
cadeias, os polipeptídios, através das ligações peptídicas.
Os aminoácidos caracterizam quimicamente pela presença de um átomo de
carbono, ao qual se ligam um grupo carboxílico (COOH), um grupo amina (NH2), um radical
e um átomo de hidrogênio. Os vegetais conseguem produzir todos os tipos de aminoácidos,
enquanto os animais devem obter parte deles por meio da dieta, por não serem capazes
de produzi-los.

Imagem 1: Aminoácido

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 50


Os aminoácidos produzidos por um organismo são chamados de aminoácidos
naturais. Aqueles obtidos por meio da dieta são denominados aminoácidos essenciais.
São conhecidos cerca de vinte aminoácidos que rotineiramente participam da estrutura das
proteínas.
Para formar as proteínas, os aminoácidos combinam-se por meio de ligações
químicas denominadas ligações peptídicas.

Imagem 2: Ligação peptídica

Em cada ligação há liberação de uma molécula de água. As proteínas podem diferir


quanto ao tipo, à quantidade e à ordem dos aminoácidos que as compõem.

Imagem 3: os aminoácidos e as diferentes estruturas das proteínas

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 51


As proteínas podem ser classificadas em duas categorias: as proteínas simples,
cujas moléculas são formadas exclusivamente por aminoácidos, e as proteínas conjugadas,
que se caracterizam pela presença, em suas moléculas, de uma parte não proteica
denominada grupo prostético.
As enzimas são proteínas e, como tais, produzidas pelo controle do DNA. Elas são
os efetores da informação genética no DNA, e é por meio delas que o DNA comanda todo
o metabolismo celular.
As proteínas participam de diversas funções, como: estrutural, enzimática,
transporte e defesa.
● Estrutural: As proteínas compõem a membrana plasmática e os filamentos que
sustentam as células. O colágeno, por exemplo, é uma proteína presente na
maioria dos órgãos. A actina e miosina são as principais proteínas dos músculos
etc.
● Enzimática: as enzimas são proteínas que catalisam as reações químicas.
Praticamente todas as reações químicas dependem da ação das enzimas. Um
exemplo amilase pancreática, que degrada o amido no intestino.

Imagem 4: atividade enzimática

● Transporte: Na membrana plasmática das células há proteínas responsáveis


pelo transporte de íons e algumas moléculas como a glicose entre os meios
intra e extracelulares. No sangue, a hemoglobina é uma proteína que transporta
o oxigênio e o dióxido de carbono para todas as células do corpo.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 52


● Defesa: Os anticorpos são proteínas responsáveis pela defesa do organismo
contra agentes estranhos, como vírus e bactérias.

Fatores como temperatura e pH são de extrema importância para se manter a


estrutura e atividade das proteínas. Quando colocadas em meios com variações bruscas
de pH e temperatura, as proteínas podem desnatura, perdem a forma e consequentemente
a função.

Imagem 5: Desnaturação das proteínas do ovo

Lipídios

São moléculas orgânicas de longas cadeias carbônicas e são insolúveis em água e


solúveis em solventes orgânicos. São também chamadas ceras, óleos ou gorduras.

De acordo com as funções principais, os lipídeos celulares podem ser divididos


em duas categorias: lipídeos de reserva nutritiva e lipídeos estruturais, estes têm papel
relevante na manutenção da estrutura das membranas celulares.

Os lipídios podem ser classificados em: glicerídeos, fosfolipídios, ceras ou cerídeos,


esteróis e carotenoides.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 53


Imagem 6: exemplo de lipídio

● Glicerídeos: podem ser de origem animal, como a gordura presente em carnes


e manteiga ou de origem vegetal, como os óleos vegetais, presentes no azeite
de oliva ou no óleo de milho e canola. Os glicerídeos de origem animal são
sólidos a temperatura ambiente, enquanto os de origem vegetal são líquidos.
Podem desempenhar as funções de isolante térmico e reserva de energia
● Fosfolipídios: fazem parte das membranas plasmáticas das células de todos
os seres vivos. Cada molécula de fosfolipídios tem uma região hidrofílica (que
tem afinidade com a água) e uma região hidrofóbica (sem afinidade com a
água). Essa característica permite que esses lipídios separem meios aquosos,
como o meio intra e extracelular, pela forma como se posicionam na membrana
plasmática.

Imagem 7: membrana plasmática

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 54


● Cerídeos ou Ceras: são lipídios produzidos por animais e plantas. Nas plantas,
de forma geral, as ceras têm função impermeabilizante. São produzidas e
depositadas na superfície das folhas ou dos frutos para diminuir a perda de
água. A cera produzida pelas abelhas também é formada por lipídios, assim
como o cerume presente nas orelhas de alguns mamíferos.
● Esteroides: Um exemplo é o colesterol, lipídio presente em alimentos de origem
animal (não é encontrado nos vegetais), como carne, leite e ovos, que faz parte
da composição das membranas celulares dos animais. Os hormônios sexuais,
como estrógeno e a testosterona também são exemplos de esteroides. Funções:
Participam da composição química da membrana das células animais e atuam
como precursor de hormônios sexuais (progesterona e testosterona).
● Carotenoides: são pigmentos avermelhados e alaranjados produzidos por seres
autótrofos que participam do processo de fotossíntese.

Carboidratos ou Hidratos de Carbono

São também conhecidos açucares hidratos de carbono ou glicídios. São compostos


orgânicos elaborados pelos organismos autótrofos fotossintetizantes. Já os organismos
heterótrofos, como os animais, devem obter essas moléculas por meio da nutrição. Os
carboidratos estão presentes em diversos alimentos, como frutas, legumes, pães, massas
e doce. Essas substâncias constituem a principal fonte de energia para as células
desempenharem suas funções, como produzir e transportar substâncias, crescer e se
dividir.

Os carboidratos são classificados, de acordo com a organização e o tamanho


de sua molécula, constituídos por átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O),
em três grandes grupos: ∙ Monossacarídeos: são carboidratos simples, que não sofrem
hidrólise, de fórmula geral Cn (H2O)n, em que n varia, de 3 a 7. As pentoses e hexoses são
os monossacarídeos mais importantes e mais comuns nos seres vivos.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 55


Quadro 1: Principais carboidratos

Monossacarídeos Ocorrência e papel biológico


Galactose É um dos componentes do açúcar do leite (lactose). Tem função
(C6H12O6) energética
Frutose e Glicose
Mel e frutos diversos. Tem função energética
(C6H12O6)
Ribose
Componente estrutural do ácido ribonucleico (RNA)
(C5H10O6)
Desoxirribose Componente estrutural do ácido desoxirribonucleico (DNA). Não
(C5H10O4) segue a fórmula geral dos monossacarídeos Cn(H2O)n

Fonte: adaptada pelo autor.

Imagem 8: pentoses

Dissacarídeos ou Oligossacarídeos: são carboidratos formados pela junção de


duas moléculas de monossacarídeos.

Quadro 2: Principais dissacarídeos

Dissacarídeos Ocorrência e papel biológico


Sacarose
É o açúcar da cana e da beterraba. Tem função energética.
(glicose+frutose)
Lactose
É o açúcar do leite. Tem função energética
(glicose+galactose)
Maltose
É obtido do amido por hidrólise. Tem função energética.
(glicose+glicose)
Fonte: adaptada pelo autor.

Polissacarídeos: São carboidratos constituídos por centenas ou milhares de


monossacarídeos. Essas moléculas recebem o nome de polímeros de monossacarídeos.
São exemplos à celulose, o amido, o glicogênio e a quitina.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 56


Quadro 3: Principais polissacarídeos

Polissacarídeos Ocorrência e papel biológico


Amido (com mais É reserva natural das plantas. Encontra-se armazenado em altas
de 1.400 moléculas proporções em certos caules (como o da batata), em certas raízes
de glicose) (como a mandioca) e em semente de cereais (como o milho).
É o mais abundante polissacarídeo da natureza. Contitui o principal
Celulose
componente estrutural da parede celular das células vegetais.
Glicogênio (pode
É o polissacarídeo de reserva dos animais em geral. Armazenado
conter cerca de
principalmente nas células do fígado e dos músculos. Tem papel
30.000 moléculas de
energético.
glicose)
É um polissacarídeo nitrogenado que confere rigidez e resistência
ao tecido onde ela se encontra. Ela constitui o exoesqueleto dos
Quitina
artrópodes (crustáceos, insetos, aracnídeos), sendo também
encontrada na parede celular de certos fungos.
Fonte: adaptada pelo autor.

Ácidos nucleicos

Os ácidos nucleicos são constituídos pela polimerização de unidades chamadas


nucleotídeos.

Os ácidos nucleicos são moléculas orgânicas relacionadas ao controle das


atividades celulares, ao armazenamento e à transmissão das informações hereditárias ao
longo das gerações.

Há dois tipos de ácidos nucleicos, o DNA (ácido desoxirribonucleico) e o RNA (ácido


ribonucleico).

Os ácidos nucleicos são polímeros constituídos por monômeros denominadas


nucleotídeos. Cada nucleotídeo é constituído por três componentes: uma pentose (açúcar
com 5 carbonos na molécula), uma base nitrogenada (púrica ou pirimídica) e um ácido
fosfórico.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 57


Imagem 9: nucleotídeos

As bases nitrogenadas podem ser divididas em dois grupos: purinas e pirimidinas.


No grupo das purinas estão a adenina (A) e a guanina (G). As pirimidinas são a citosina (C),
a timina (T) e a uracila (U). Adenina, guanina e citosina estão presentes tanto no DNA como
no RNA. No DNA apresenta timina e no RNA só apresenta a uracila.

Além dos polímeros de nucleotídeos, que constituem as moléculas dos ácidos


nucleicos, as células contêm quantidades relativamente grandes de nucleotídeos livres,
desempenhando, sobretudo, as funções de coenzimas.

No DNA estão codificadas as informações genéticas que controlam praticamente


todos os processos celulares. Essas informações são transmitidas de uma geração para
a próxima através da duplicação ou replicação semi-conservativa do DNA. A molécula de
DNA é formada por duas cadeias de nucleotídeos ligadas entre si por meio de ligações de
hidrogênio entre as bases nitrogenadas, de forma antiparalela.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 58


Imagem 10: Replicação semi-conservativa da molécula de DNA

O RNA é formado por apenas uma cadeia de nucleotídeos. As bases nitrogenadas


presentes no RNA são a adenina, a uracila, a guanina e a citosina. O RNA, de forma geral,
é responsável pela expressão das informações contidas no DNA, atuando na produção de
proteínas. As moléculas de RNA são produzidas da moléculas de DNA pelo processo de
transcrição.
Dos pontos de vista funcional e estrutural, distinguem-se três variedades principais
de ácido ribonucleico:
RNA de transferência ou tRNA
RNA mensageiro ou mRNA
RNA ribossômico ou rRNA

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 59


Imagem 11: Transcrição e tradução

Métodos e técnicas de visualização de estruturas celulares

O Objetivo da microscopia é a obtenção de imagens ampliadas de um objeto, que


nos permitam distinguir detalhes não revelados a olho nu. A forma mais comum é a lupa,
seguida do microscópio óptico, que ilumina o objeto com luz visível ou ainda luz ultravioleta.
O limite máximo de resolução dos microscópios ópticos é estabelecido pelos
efeitos de difração devido ao comprimento de onda da radiação incidente. Mas, em geral,
os microscópios ópticos convencionais ficam, então, limitados a um aumento máximo de
2000 vezes.

Imagem 12: microscópio

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 60


A imagem microscópica é caracterizada por três parâmetros: aumento, resolução
e contraste. Na microscopia óptica tem-se a vantagem de se poder observar células vivas,
fato impossível de se realizar no microscópio eletrônico, pois, a estrutura a ser observada
é colocada no vácuo.

Imagem 13: Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

No MEV a imagem é formada através de um feixe de elétrons que é usado para


varrer o espécime (amostra). O feixe de elétrons é produzido em vácuo para evitar colisão
com moléculas do ar. A microscopia eletrônica de varredura de alta resolução (usando
canhão de emissão de campo) fornece imagens de superfície e de estruturas abaixo da
superfície.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 61


2 ESTRUTURA DAS MEMBRANAS CELULARES E PRINCIPAIS MECANISMOS DE
TRANSPORTE

A membrana plasmática, membrana celular ou plasmalema é um envoltório visível


somente ao microscópio eletrônico, que reveste as células dos seres procariontes e
eucariontes (vírus não tem membrana plasmática).

Ultraestrutura da membrana plasmática

É uma estrutura semipermeável, responsável pelo transporte e seleção de


substâncias que entram e saem da célula através dos mecanismos de transportes.
Apenas com o desenvolvimento do microscópio eletrônico foi possível a observação
da membrana plasmática.
As funções da membrana plasmática são:
● Permeabilidade seletiva, controle da entrada e saída de substâncias da célula;
● Proteção das estruturas celulares;
● Delimitação do conteúdo intracelular e extracelular, garantindo a integridade da
célula;
● Transporte de substâncias essenciais ao metabolismo celular;
● Reconhecimento de substâncias, graças a presença de receptores específicos
na membrana.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 62


A membrana plasmática ou celular separa o meio intracelular do extracelular e é a
principal responsável pelo controle da penetração e saída de substâncias da célula.
A membrana plasmática apresenta modelo do “mosaico fluido” de Singer e Nicolson,
em 1972. O nome “mosaico fluido” deve-se pela presença de estruturas flexíveis e fluidas,
com grande poder de regeneração.
A membrana plasmática é quimicamente constituída por lipídios e proteínas. Por
isso, é reconhecida por sua composição lipoproteica. Os fosfolipídios estão dispostos em
uma bicamada lipídica. Várias proteínas e outros lipídios transitam pela bicamada.
Os fosfolipídios apresentam uma porção polar e outra apolar. A porção polar é
hidrofílica e volta-se para o exterior. A porção apolar é hidrofóbica e voltada para o interior
da membrana.
Os fosfolipídios movem-se, porém, sem perder o contato. Isso permite a flexibilidade
e elasticidade da membrana. As proteínas podem ser transmembranas (que atravessam a
membrana) ou periféricas (estão apenas em um dos lados).

Transporte de Substâncias

Imagem 14: Transportes de membrana

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 63


O transporte de substâncias através da membrana plasmática pode ser de modo
passivo ou ativo.
O transporte passivo ocorre sem gasto de energia. As substâncias deslocam-se do
meio mais concentrado para o menos concentrado. São exemplos:
● Difusão Simples - É a passagem de partículas de onde estão mais concentradas
para regiões em que sua concentração é menor. Ex. Oxigênio.
● Difusão Facilitada - É a passagem, através da membrana, de substâncias que
não se dissolvem em lipídios, com ajuda das proteínas da bicamada lipídica
da membrana. São necessárias proteínas chamadas permeases para fazer o
transporte. Ex. glicose.
● Osmose - É a passagem de água de um meio menos concentrado (hipotônico)
para outro mais concentrado (hipertônico). Ex. água.

O transporte ativo ocorre com gasto de energia (ATP). As substâncias deslocam-se


de menor para o de maior concentração. São exemplos:
● Transporte em Bloco: Endocitose e Exocitose - Ocorre quando a célula transfere
grande quantidade de substâncias para dentro ou para fora do seu meio
intracelular. Ex. fagocitose.
● Bomba de Sódio e Potássio - Passagem de íons sódio e potássio para a
célula, devido às diferenças de suas concentrações, contra um gradiente de
concentração. Ex. bomba de sódio e potássio.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 64


3 COMPARTIMENTOS CELULARES, ORGANELAS E CITOESQUELETO

A substância que compõe o citoplasma se chama citosol ou hialoplasma. É um


líquido gelatinoso na qual as organelas ficam mergulhadas e que tem os seus limites
definidos por uma membrana, que é a membrana celular.
O citoplasma é, portanto, o espaço onde se encontram todas as organelas.
As membranas têm a função de revestir, proteger e de dar forma aos organismos
onde estão presentes. Além da membrana plasmática, as mitocôndrias, os peroxissomos,
o retículo endoplasmático rugoso (RER), o retículo endoplasmático liso (REL), o complexo
de Golgi e os lisossomos são todas organelas ou organoides celulares membranosos.
As principais organelas citoplasmáticas são:
● Membrana plasmática: é o que envolve a célula, que a delimita e tem a função
de permeabilidade seletiva.
● Núcleo: encontrado nas células eucariontes, guarda o material genético, o DNA
do ser vivo e comanda tudo que acontece dentro da célula.
● Mitocôndria: tem a função principal de respiração celular, de produzir energia
(ATP) para aquela célula funcionar e exercer suas atividades. Tem seu próprio
DNA e seus próprios ribossomos.
● Ribossomos: fazem a síntese de proteínas.
● Lisossomos: têm função de digestão intracelular. Contém enzimas que vão
realizar a quebra de substâncias dentro da célula. Eles podem digerir substâncias

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 65


que vêm de fora (heterofagia), ou pode digerir substâncias que já estão ali dentro
(autofagia).
● Retículo endoplasmático: conjunto de bolsas e tubos que têm função principal
de transportar algumas substâncias. Existem dois tipos, Rugoso ou Granuloso
(RER) e Liso ou Agranuloso (REL).
O granuloso tem esse nome por conter vários ribossomos aderidos a ele, aí a
sua função será a síntese de proteínas. A diferença é que ele vai sintetizar proteínas que
serão utilizadas fora da célula. Os ribossomos que ficam soltos pela célula irão sintetizar
proteínas que são utilizadas pelas células.
O retículo endoplasmático liso tem a função de sintetizar lipídeos. Ele vai desintoxicar
a célula, vai degradar as substâncias tóxicas que estão ali dentro.
● Complexo de Golgi: formado também por bolsas sobrepostas, tem a função
de secreção celular, isto é, de levar o que está dentro da célula para fora dela.
Também tem a função de sintetizar carboidratos do tipo polissacarídeos.
● Centríolos: são formados por microtúbulos que vão ajudar os cromossomos a
se separarem na hora da divisão celular. Estão presentes também em cílios e
flagelos, auxiliando na locomoção de algumas células.
● Peroxissomos: tem a função de quebrar água-oxigenada ou peróxido de
hidrogênio. Utiliza para isto, a enzima catalase. O peróxido de hidrogênio pode
estar presente dentro das células devido a alguns processos e é extremamente
tóxico.
● Citoplasma: é composto por uma substância gelatinosa chamada citosol, e
pelas organelas presentes naquela célula, é todo o espaço onde as organelas
estão imersas.
● Citoesqueleto: é o que dá sustentação e forma àquela célula, formado por
um conjunto de estruturas proteicas que ficam no citoplasma e ajudam nessa
sustentação.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 66


4 ESTRUTURA MITOCONDRIAL E FUNÇÃO ENERGÉTICA

As mitocôndrias são organelas presentes em células de seres eucariotos. A


membrana da parte interna forma várias dobras que chamamos de cristas mitocondriais,
entre essas cristas existe uma substância preenchendo o espaço, a qual chamamos de
matriz mitocondrial.
O DNA mitocondrial é idêntico ao das bactérias e são capazes de se autoduplicarem,
dizemos que elas têm DNA próprio. Esse fato leva a hipótese de que as mitocôndrias surgiram
de bactérias primitivas que invadiram uma célula e passaram a viver harmonicamente com
ela – teoria da endossimbiose. Tanto a membrana interna quanto a matriz mitocondrial
possuem enzimas respiratórias que estão envolvidas na respiração aeróbia.

Imagem 15: Estrutura de uma mitocôndria

4.1 Respiração celular

A respiração celular pode ocorrer de duas formas, uma utiliza o oxigênio para a


reação, a respiração aeróbica, e a outra não utiliza, a respiração anaeróbica.
As necessidades nutricionais do corpo são supridas, em princípio, ao ingerir os
nutrientes, como carboidratos, lipídios e proteínas. Essas moléculas, entretanto, são muito

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 67


grandes, o que faz com que o corpo as quebre para poder utilizá-las. Após essa digestão feita
pelo organismo, restam carboidratos simples, como a glicose, ácidos graxos e aminoácidos,
que, então, podem ser utilizados. São essas moléculas que são usadas para obter energia
pelo organismo, em especial os açucares simples como a glicose. Entretanto, elas não
podem ser utilizadas diretamente, isto é, elas são processadas para gerar outra molécula
que poderá ser utilizada com essa finalidade, a adenosina trifosfato ou apenas ATP.

O ATP é uma molécula é composta pela base nitrogenada adenina, açúcar


e três fosfatos. A energia é liberada das duas ligações que unem os fosfatos. Elas são
ligações de alta energia que, quando necessário para alguma função ou reação do corpo,
são quebradas liberando energia suficiente para esses eventos.

Imagem 16: Liberação de energia da molécula de ATP

A respiração anaeróbica –glicólise- ocorre no citosol das células e não se trata de


uma forma muito eficiente para a geração de ATP. Isso ocorre porque ao fim do processo
é gerada bem pouca energia, mais especificamente, um mol de glicose acaba gerando
apenas dois mols de ATP.

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Imagem 17: Observe que fotossíntese e respiração celular se complementam

A respiração aeróbica (ciclos de Krebs e cadeia respiratória) se trata da obtenção


de energia utilizando o oxigênio como componente do processo, como ocorre, por exemplo,
na fosforilação oxidativa. Esse processo ocorre nas mitocôndrias das células e utiliza um
dos produtos da glicólise, o ácido pirúvico ou piruvato. Assim, essa via de obtenção de
energia acaba gerando trinta e seis mols de ATP a partir de um mol de glicose.

Imagem 18: A respiração aeróbia depende da mitocôndria

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 69


SAIBA MAIS

Você sabia que as mitocôndrias, organelas celulares responsáveis pela produção de


energia para as células são uma herança exclusivamente materna? Pois é, uma das
teorias relata que no momento da fecundação, quando o espermatozóide atinge o in-
terior do óvulo, o mesmo contribui para formação do zigoto apenas com o núcleo e o
centríolo. A maioria das mitocôndrias do espermatozóide ficam de fora, com a cauda que
fica para trás quando o mesmo adentra ao ovócito.
As poucas mitocôndrias do espermatozóide que passam são absorvidas pelo citoplas-
ma do óvulo onde se desintegram.

Fonte: https://www.biotadofuturo.com.br/mitocondria-heranca-materna/

REFLITA

“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa
ser realizado.”

Roberto Shinyashiki.

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 70


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro aluno,

Realize todas as atividades sugeridas para que você possa fixar seu conhecimento.
Revise seu material, se necessário, várias vezes. Cumpra todas as etapas pelas quais
acabamos de passar para que você esteja apto a acompanhar novos conteúdos.

Busque informações mais aprofundadas em outras referências bibliográficas e


sedimente seu conhecimento.

Lembre-se de que esses assuntos necessitam de muita leitura adicional. Esforce-


se para obter os resultados almejados.

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LEITURA COMPLEMENTAR

Normalmente, a identificação genética é realizada pela análise do DNA nuclear.


Porém, um outro tipo de DNA pode ser analisado (o DNA mitocondrial - mtDNA). 

O mtDNA apresenta um padrão de herança materna, ou seja, a sequência é


idêntica para todos os familiares por parte de mãe (herança matrilinear). Pode ser usado
para identificar pessoas desaparecidas, através de análise por comparação com parentes. 

É útil, também, na identificação de materiais muito antigos ou em avançado grau de


decomposição. A análise do mtDNA tem ajudado a solucionar diversos casos na genética
forense, sendo utilizada com sucesso por laboratórios dos EUA e Europa.

Fonte:https://genomic.com.br/dna-mitocondrial/

UNIDADE III Bases Macromoleculares da Constituição Celular 72


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Biologia Molecular da Célula - 6ª.ed.
Autores: Bruce Alberts, Alexander Johnson, Julian Lewis, David
Morgan, Martin Raff, Keith Roberts, Peter Walter, John Wilson, Tim
Hunt.
Editora: Artmed.
Ano: 2017.
Sinopse: À medida que a quantidade de informações em biologia
aumenta exponencialmente, é cada vez mais importante que
os livros tenham a capacidade de transformar grandes volumes
de conhecimento científico em princípios concisos e conceitos
duradouros. Assim como em edições anteriores, Biologia molecular
da célula atinge este objetivo com seu texto claro e transparente,
aliado a ilustrações de alta qualidade e explicações de abordagens
matemáticas necessárias para a análise quantitativa das células,
moléculas e sistemas. Esta edição foi revisada e atualizada
extensivamente a partir das pesquisas mais recentes, oferecendo
uma excelente estrutura para o ensino e o aprendizado da biologia
celular.

FILME/VÍDEO
https://www.youtube.com/watch?v=AdP9eiXb2y4
Vídeo sobre visão geral do metabolismo celular.

https://www.youtube.com/watch?v=D7gmvdNpTGM
Vídeo explicativo sobre respiração celular.

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UNIDADE IV
Biologia - Ciclo Celular
Professor Marcelo A. de Lima

Plano de Estudo:
● Mitose e meiose – Ciclo Celular
● Ribossomos e síntese protéica
● Tipos celulares, diferenciação celular
● Características gerais dos principais tecidos (epitelial, conjuntivo, muscular, ósseo e
nervoso). Técnicas de coloração.

Objetivos de Aprendizagem:
● Compreender os mecanismos de reprodução celular
● Compreender o mecanismo da síntese de proteínas
● Diferenciar os tecidos humanos e os tipos celulares mais comuns.

74
1 MITOSE E MEIOSE

Há dois tipos de divisão celular, a mitose e a meiose. A mitose é um tipo de divisão


celular que ocorre desde o surgimento da primeira célula do embrião (célula-ovo ou zigoto)
até a nossa morte. É por meio das mitoses que crescemos, renovamos as células da pele,
do sangue etc., e fechamos ferimentos quando nossos tecidos são injuriados.
A mitose se inicia com uma célula diplóide (2n= 46 cromossomos), ou seja, com
o número total de cromossomos da espécie. Antes de ocorrer a mitose, há um período
denominado interfase, em que ocorre a duplicação do material genético, para depois
começar a divisão propriamente dita.

1.1 O Ciclo Celular

O ciclo celular corresponde aos eventos que ocorrem desde a formação de


uma célula  até a sua própria  divisão em  duas células-filhas, com o mesmo número de
cromossomos. Esse ciclo é dividido em duas etapas básicas: a intérfase, etapa em que a
célula está se preparando para se dividir, e a mitose, etapa em que a célula está em divisão.
Os períodos da intérfase são denominados G1,  S (onde ocorre a duplicação do
DNA) e G2 e as fases da mitose são denominadas prófase, metáfase, anáfase e telófase.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 75


Imagem 1: Ciclo celular

Veja no quadro a seguir, as principais alterações que ocorrem na mitose.

Quadro 1: Fases da mitose

FASES MITOSE MEIOSE I


- Desintegração da carioteca e do
- Desintegração da carioteca e do nucléolo;
nucléolo;
- Formação do fuso acromático;
- Formação do fuso acromático;
Prófase - Condensação dos cromossomos
- Condensação dos cromossomos (se tornam visíveis ao microscópio).
(se tornam visíveis ao
- Ocorrência do crossing-over;
microscópio).
- Pareamento de cromossomos.
Alinhamento dos PARES de
Alinhamento dos cromossomos no
Metáfase cromossomos duplicados no plano
plano equatorial da célula.
equatorial da célula.
Separação dos pares de
Anáfase Separação das cromátides-irmãs.
cromossomos homólogos.
- Reaparecimento do nucléolo e
da carioteca;
- Desaparecimento do fuso
Divisão do citoplasma e continuação
Telófase acromático;
da divisão com a meiose II.
- Desorganização dos
cromossomos (não é possível
diferenciá-los).

Fonte: adaptado pelo autor.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 76


Imagem 2: Fases da mitose

Meiose
A meiose é um tipo de divisão em que uma célula dá origem a quatro novas células
com metade do número de cromossomos da célula inicial (divisão reducional). Uma célula
que apresenta 2n = 46 cromossomos, ao sofrer meiose, dá origem a quatro células com n
= 23 cromossomos.
Na verdade, a meiose está dividida em meiose reducional (R!) e meiose equacional
(E!). A primeira separa os cromossomos homólogos e a segunda separa as cromátides-
irmãs.
A meiose é um processo importante para a variabilidade genética, sendo o tipo de
divisão que ocorre no processo de formação de espermatozoides e óvulos.
Durante a meiose ocorre o crossing-over ou recombinação gênica, por isso os
gametas são sempre diferentes.

Imagem 3: meiose

As últimas quatro células são os gametas (espermatozoides ou óvulos)

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 77


2 RIBOSSOMOS E SÍNTESE PROTÉICA

2.1 Ribossomos

Os Ribossomos são pequenas estruturas em forma de grânulos que estão presentes


em todas as células. Participam de uma das funções mais importantes da célula, a síntese
ou produção de proteínas. Esta função de síntese de proteínas se concretiza quando os
ribossomos ficam enfileirados, formando os polissomas ou polirribossomos, no citoplasma
ou aderidos ao retículo endoplasmático rugoso.

A função dos ribossomos é auxiliar na produção das proteínas nas células. Essas
proteínas podem assumir várias funções no organismo: estrutural, enzimática, hormonal e
defesa.
Os ribossomos reúnem diversos aminoácidos durante a síntese proteica através de
uma ligação química chamada de ligação peptídica (ligação entre um aminoácido e outro).
A estrutura dos ribossomos assemelha-se a um grânulo, por isso possui uma forma
arredondada.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 78


Imagem 4: Estrutura do ribossomo

É formado por moléculas de RNA ribossômico (+- 50%), associado às proteínas (+-
50%). Eles estão presentes em grande parte no hialoplasma (ribossomos livres), no entanto,
podem ser encontrados nas mitocôndrias, nos cloroplastos e no retículo endoplasmático
granular ou rugoso (quando os ribossomos estão aderidos à sua superfície externa).
Os ribossomos podem ser considerados organelas celulares não membranosas de
forma que permanecem livres no citoplasma (hialoplasma) das células. Apresentam uma
subunidade maior e outra menor com sítios específicos de ligação para as moléculas de
RNAs.

2.2 Síntese Protéica

Tradução é a designação para o processo de síntese de proteínas. Ocorre no


citoplasma com a participação, entre outros, de RNA, dos ribossomos e de aminoácidos.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 79


Tudo começa no DNA, no gene, segmento de DNA que contém as informações
para a síntese de uma proteína. O DNA se abre e pelo processo da transcrição serão
produzidos diversos tipos de RNAs (mensageiro, ribossômico e transportador). O RNAm
produzido contém uma sequência de bases nitrogenadas transcritas do DNA, onde estão
localizados os códons (trinca de nucleotídeos no RNAm). Essas trincas terão que ser “lidas”
pelos ribossomos e RNAs transportadores, pois, sequências específicas dessas trincas
indicam qual é o aminoácido que deverá ser trazido pelo RNAt.

Imagem 5: observe a ocorrência da transcrição

No citoplasma, o RNAm irá participar da síntese de proteínas, juntamente com RNA


transportador e com o ribossomo. Note que enquanto o DNA é de dupla fita, os RNAs são
de fita simples.

O RNA ribossômico associa-se a proteínas, formando os ribossomos, organelas


responsáveis pela leitura da mensagem contida no RNA mensageiro. Os RNAt possuem
os anticódons que reconhecem os códons do RNAm, trazendo um aminoácido específico
de acordo com esse reconhecimento. Os RNAt são responsáveis pelo transporte de
aminoácidos até o local onde se dará a síntese de proteínas junto aos ribossomos. Os
RNAt são moléculas de fita simples, de pequeno tamanho, lembrando em formato uma cruz
invertida que traz em sua extremidade uma molécula de aminoácido.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 80


Imagem 6: Transcrição e tradução

Esquema mostrando as etapas da transcrição e tradução para formação de uma


proteína

Duas regiões se destacam em cada RNAt: um é o local em que se ligará o aminoácido


a ser transportado e a outra corresponde ao trio de bases complementares (anticódon) do
RNAt, que se encaixará no códon correspondente do RNAm.
Anticódon é o trio de bases nitrogenadas do RNAt, complementar do códon do
RNAm.
Conforme os RNAt vão se colocando lado a lado na molécula de RNAm, os
aminoácidos trazidos por eles ficam próximos e ocorre uma ligação entre esses dois
aminoácidos, ligação conhecida como ligação peptídica. Dessa forma, as cadeias de
aminoácidos vão se tornando cada mais maiores no caso de formação de proteínas,
moléculas de alto peso molecular.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 81


3 TIPOS CELULARES E DIFERENCIAÇÃO CELULAR

São mais de 10 trilhões de células que formam o organismo humano. Obviamente,


há inúmeras classificações para reuni-las em grupos distintos. Variam em forma, tamanho,
tempo de vida e função e algumas estão presentes em uma fase da vida e em outras fases
desaparecem ou são substituídas.
As células lábeis são células que se regeneram com facilidade e rapidez. São
exemplos as células da epiderme, do epitélio que forma os espermatozóides e células
formadoras de sangue.
Células estáveis são células cuja capacidade de replicação dos núcleos permanece
em descanso na maior parte do tempo, mas isso muda rapidamente quando se recebe um
estímulo adequado. Ex. fibroblastos.
Células permanentes são células cujos núcleos não possuem mais a capacidade
de reiniciar o processo de divisão celular e uma vez perdida essa capacidade, essas células
não são mais substituídas. São exemplos os neurônios.
É bom lembrarmos que os 10 trilhões de células se originaram pela multiplicação
e diferenciação celular a partir de uma única célula, a célula-ovo ou zigoto, resultante da
fecundação do óvulo pelo espermatozoide.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 82


Imagem 7: Diferenciação celular a partir de células-tronco

No início da formação do embrião, as células eram idênticas (não diferenciadas) e,


sob o controle genético, foram dadas informações a essas células-tronco para a formação
de outros tipos de células com formatos e funções específicos, processo denominado
diferenciação celular.
Foi a partir desse processo que surgiram as células musculares, os neurônios, o
fibroblastos, hemácias, leucócitos, mastócitos etc.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 83


4 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PRINCIPAIS TECIDOS (EPITELIAL, CONJUNTIVO,
MUSCULAR, ÓSSEO E NERVOSO). TÉCNICAS DE COLORAÇÃO.

A histologia é a ciência que estuda os tecidos biológicos, a sua formação, estrutura


(tipos diferenciados de células) e funcionamento.

Nosso organismo é constituído por diferentes tipos de células, especializadas em


realizar diversas funções. As células com determinado tipo de especialização organizam-se
em grupos, formando os tecidos (nervoso, muscular, conjuntivo e epitelial). Alguns tecidos
são formados por células que possuem a mesma estrutura; outros são formados por células
que têm diferentes formas e funções, mas que juntas colaboram na realização de uma
função geral maior.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 84


Imagem 8: Tipos de tecidos

Os tecidos presentes no homem adulto são formados a partir de três tipos de folhetos
embrionários: endoderme, ectoderme e mesoderme. Cada um desses folhetos, durante
o desenvolvimento embrionário, é responsável pela formação de células especializadas
quanto à forma e função.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 85


Imagem 9: Esquema da diferenciação celular para formar tecidos

Ao final do processo de diferenciação das células embrionárias, cada folheto irá


originar:
Ectoderma
● Epiderme e anexos cutâneos;
● O sistema nervoso;
● Epitélio de revestimento das cavidades nasais, bucal e anal.

Mesoderma
● Derme
● Músculos;
● Sistema circulatório;
● Sistema esquelético;
● Sistema excretor e reprodutor.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 86


Endoderma
● Epitélio de revestimento e glândulas do trato digestivo, com exceção da cavidade
oral e anal;
● Sistema respiratório;
● Fígado e pâncreas.

Tecido Epitelial

É o tecido responsável pelo revestimento interno e externo dos órgãos (tecido


epitelial de revestimento) e também pela formação de todas as glândulas do corpo (tecido
epitelial glandular).

Imagem 10: Glândulas formadas a partir do tecido epitelial glandular

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 87


Imagem 11: Algumas variedades do tecido epitelial de revestimento.

As células desse tecido são justapostas, unidas por pequena quantidade


de material cimentante, com raro espaço intercelular. Os epitélios não avasculares e
inervados. A nutrição das células se faz por difusão a partir dos capilares existentes no
tecido conjuntivo subjacente. Além disso, as células desse tecido podem ser cilíndricas,
cuboides ou pavimentosas e o tecido pode se organizar em uma camada ou em várias
camadas, dependo do órgão.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 88


Classificação Característica Função Ocorrência
FORMA:
Células achatadas Facilitar trocas Alvéolos pulmonares
* Pavimentoso
Células achatadas
* Endotélio Facilitar trocas Capilares sanguíneos
(Espessura variável)
Canais de glândulas
* Cúbico Células cúbicas Revestimento
Cristalino
* Prismático Células prismáticas
Revestimento Intestino
(cilíndrico) (altas)
NÚMERO: Troca de substâncias
Uma camada celular Alvéolos pulmonares
* Simples Absorção
Epiderme
* Estratificado Várias camadas Proteção
Esôfago
Aparenta várias
* Pseudo-estratificado Revestimento Traquéia
camadas
Poucas camadas com Mudança de forma do
* Transição (misto) Bexiga urinária
células diferentes órgão
Quadro 2: Classificação do tecido epitelial de revestimento
Fonte: adaptado pelo autor.

Tecido Muscular

Imagem 12: Tipos de tecidos musculares

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 89


O tecido muscular tem como função básica a realização de movimentos do corpo.
É capaz de encurtar suas células (contração) e de voltar à forma relaxada (relaxamento).
O tecido muscular apresenta como características:
● Células alongadas e, portanto, são descritas como fibras musculares.
● O citoplasma das fibras musculares é especializado para a contração e é
conhecido como sarcoplasma.
● O sarcoplasma possui unidades contráteis chamados miofibrilas.
● Presença de duas proteínas importantes na contração: actina e miosina.

As fibras musculares têm capacidade muito limitada para sofrer divisão celular.

O músculo liso

O músculo liso ou visceral tem células fusiformes. As fibras musculares são


uninucleadas e o núcleo está situado na região mais ampla da fibra. O sarcoplasma contém
miofibrilas finas. No entanto, as miofibrilas não formam faixas transversais ou estrias. As
contrações são lentas e rítmicas. É involuntário, uma vez que o seu funcionamento está sob
a função do sistema nervoso autônomo.
O músculo liso ocorre em quase todos os órgãos viscerais do corpo, exceto o
coração. Ele é particularmente abundante nos vasos sanguíneos e no tubo digestivo.

Músculo estriado esquelético

O músculo estriado esquelético ocorre em feixes chamados feixes ou fascículos.


Cada fascículo tem um grande número de fibras musculares que são mantidas juntas por
tecido conjuntivo. A fibra muscular é alongada, cilíndrica, não ramificada e multinucleada.
As miofibrilas presentes no sarcoplasma exibem uma disposição característica, resultando
na formação de estrias quando vistas ao microscópio.
O músculo estriado esquelético tem um rico suprimento de sangue. Ele recebe
inervação motora através de nervos eferentes que terminam em placa motora. As contrações
podem ser lentas ou rápidas. O músculo facilmente experimenta fadiga desde que o gasto de
energia é muito alto. Ele é descrito como voluntário, pois, responde aos nossos comandos
encefálicos voluntários.
Exemplos de músculos estriados esqueléticos são o bíceps, diafragma, intercostais,
peitorais.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 90


Músculo Estriado Cardíaco

O Músculo Estriado Cardíaco ou Miocárdio tem suas células em formato de sincício.


As fibras musculares são alongadas, cilíndricas e ramificadas. As fibras musculares são
multinucleadas e apresentam os discos intercalares.
As fibras musculares cardíacas têm rico suprimento de sangue proveniente das
artérias coronárias. O controle nervoso é feito pelos nervos simpáticos e parassimpáticos
do sistema nervoso autônomo. As contrações são lentas e rítmicas. O músculo não sofre
fadiga, porém, quando suas células morrem por falta de sangue, chamamos a isso de
infarto do miocárdio

Tecido conjuntivo

Caracteriza-se por apresentarem diversos tipos de células imersas em grande


quantidade de material extracelular ou matriz, sintetizado pelas próprias células da matriz,
assim como, vários tipos de fibras (colágenas, elásticas e reticulares) que estão mergulhadas
na substância fundamental amorfa da matriz.
O tecido conjuntivo apresenta subtipos, classificado da forma que segue: tecido
conjuntivo frouxo, denso, adiposo, reticular ou hematopoiético, cartilaginoso e ósseo.

Imagem 13: Componentes do tecido conjuntivo

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 91


Tecido conjuntivo frouxo
Preenche os espaços não ocupados por outros tecidos, apóia e nutre células
epiteliais, envolve músculos, nervos e vasos. Participa da estrutura de vários órgãos e tem
papel importante na cicatrização. É o tecido mais distribuído no corpo. As fibras presentes
na substância fundamental amorfa estão frouxamente organizadas, são elas: colágenas
(são formadas pela proteína filamentosa colágeno e são resistentes à tração; elásticas
(formadas pela proteína elastina); reticulares (são formadas por colágeno fino) e formam
uma rede de sustentação para algumas células.
As principais células desse tecido são os fibroblastos (que produzem as fibras
e a substância fundamental amorfa) e os macrófagos (células de defesa) que realizam
fagocitose de elementos estranhos.

Tecido conjuntivo denso


Nesse tecido há um predomínio de fibroblastos e fibras colágenas. É classificado em:
● Modelado: suas fibras são ordenadas com orientação fixa, tornando-o muito
resistente à tração. Ex. tendões musculares
● Não-modelado: as fibras estão dispostas em várias direções. Ex. derme.

Tecido conjuntivo adiposo


Nesse tecido há uma abundância de adipócitos com pouca matriz extracelular. Tem
como papel principal a reserva de lipídios (reserva energética) e também atua no isolamento
término e na proteção contra choques mecânicos de alguns órgãos.

Tecido conjuntivo reticular


As fibras reticulares e as células desse tecido são encontradas principalmente em
órgãos com capacidade hematopoiética (produtora de sangue). Em alguns órgãos linfóides,
na medula óssea é comum encontrarmos esse tecido.

Tecido conjuntivo cartilaginoso


Serve para conferir sustentação para algumas partes do corpo, mas apresenta
um pouco de flexibilidade, não sendo totalmente rígido. É avascular e desnervado, sendo
nutrido pelo conjuntivo adjacente. Pode ser encontrado nas cartilagens articulares das
junturas sinoviais (cartilagem hialina); nos discos intervertebrais (fibrocartilagem) e no
nariz e orelha (cartilagem elástica). Apresenta dois tipos de células: os condroblastos que
produzem as fibras e a substância fundamental, e os condrócitos que fazem a manutenção
do metabolismo do tecido.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 92


Tecido conjuntivo ósseo
Nesse tecido são encontradas como principais células os osteoblastos (produzem
osso), os osteócitos (fazem a manutenção) e os osteoclastos (fazem a reabsorção óssea).
Estas células estão em lacunas do tecido ósseo. Na matriz, a substância fundamental é rica
em sais de cálcio, fósforo e magnésio (conferem rigidez ao osso) e também possui fibras
colágenas (conferem um pouco de flexibilidade).
Em um osso longo como o fêmur, podemos observar os dois tipos de substâncias
ósseas encontradas em todos os ossos do corpo:
● Substância óssea compacta: o tecido ósseo se organiza em tal configuração
que são formadas lamínulas ósseas concêntricas que se sobrepõem, formando
espécies de colunas ósseas que não deixam espaços entre si. Nessas colunas há
as células do tecido ósseo, fibras, e canais por onde passam vasos sanguíneos
e nervos – canais de Havers -. Toda essa estrutura é denominada Sistema de
Havers. Os sistemas de Havers conferem rigidez ao osso.

Imagem 14: Sistema de Havers

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 93


● Substância óssea esponjosa: o tecido ósseo se organiza a forma trabéculas
ósseas minúsculas que deixam poros entre si e que são preenchidos por medula
óssea. Esse tipo de arranjo deixa o osso mais leve.

Imagem 15: Observe externamente a substância óssea compacta e internamente, a substância óssea
esponjosa.

Tecido Nervoso

O tecido nervoso forma os órgãos do sistema nervoso. Neste tipo de tecido há dois
tipos de células: as células da neuróglia ou gliais e as células nervosas propriamente ditas,
os neurônios.

O neurônio é uma célula altamente especializada em gerar impulso nervoso. Já as


células gliais preenchem os espaços entre os neurônios e possuem funções específicas
para a manutenção do tecido nervoso.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 94


Células da Neuróglia

Imagem 16: Células da neuróglia ou glia

Células da neuróglia

Os oligodendrócitos são células presentes no sistema nervoso central. Essas


células são responsáveis pela produção e manutenção da bainha de mielina, uma camada
de gordura, que envolve os axônios dos neurônios.

Astrócitos são células responsáveis pela nutrição dos neurônios, micróglia são
células que realizam a fagocitose de microrganismos no sistema nervoso central e as
células ependimárias produzem o líquor ou líquido cefalorraquidiano.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 95


Neurônio

Imagem 17: Neurônio

Os neurônios são células responsáveis pela geração e transmissão dos impulsos


nervosos, dotadas de um corpo celular e numerosos prolongamentos citoplasmáticos.
O corpo celular ou pericário contém um núcleo grande e arredondado. As
mitocôndrias são numerosas e o ergastoplasma é bem desenvolvido. Os prolongamentos
do neurônio podem ser de dois tipos: dendritos, ramificações que têm a função de captar
estímulos e o axônio, o maior prolongamento da célula nervosa (pode ser microscópico ou
atingir um metro), transmite os impulsos nervosos.

Imagem 18: Sinapse nervosa

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 96


As sinapses são regiões de conexão química estabelecidas entre um neurônio pré-
sináptico e outro neurônio pós-sináptico; entre um neurônio e uma célula muscular ou entre
um neurônio e uma célula glandular.
Um neurônio não se comunica fisicamente com outro neurônio nem com a fibra
muscular, tampouco com a célula glandular. Existe entre eles um microespaço só visível
ao microscópio eletrônico, denominado fenda sináptica, na qual um neurônio descarrega
seus neurotransmissores ou mediadores químicos (Adrenalina, acetilcolina, dopamina,
serotonina etc) que estavam armazenados nas vesículas sinápticas. Da fenda sináptica,
esses neurotransmissores interagem com receptores específicos localizados na membrana
plasmática do neurônio pós-sináptico, alterando a permeabilidade e as cargas elétricas desta
membrana, causando a formação do impulso nervoso ou despolarização. A despolarização
percorre todo o neurônio pós-sináptico, repetindo o processo. É dessa forma que a
informação é passada de um neurônio a outro.

Técnicas de coloração

A finalidade da coloração é dar cor a diferentes estruturas que compõem os


tecidos, muitas vezes suas estruturas são transparentes e invisíveis. Podem ser usadas
substâncias que coram de forma difusa as estruturas (colorações difusas), ou que as coram
seletivamente (colorações seletivas).
As colorações progressivas são aquelas em que o tecido alvo é imerso na solução
corante até se obter a intensidade de coloração desejada. As colorações regressivas
caracterizam-se por, numa fase inicial, todas as estruturas do tecido serem coradas de
uma forma intensa; esta coloração é posteriormente removida das estruturas que não se
pretendem corar, por perda seletiva do corante, através da sua extração com um solvente.
Os corantes básicos são aqueles cuja propriedade corante é devida ao composto
básico da sua molécula e ligam-se preferencialmente à cromatina e às proteínas nucleares.
As estruturas que se ligam a estes corantes são denominadas de basófilas. Os corantes
ácidos devem conter na sua composição grupos ácidos (aniões). Têm uma afinidade
particular para o citoplasma das células e substâncias essenciais, sendo assim denominadas
de acidófilas. Os corantes neutros correspondem a compostos cujas propriedades são
devidas aos dois compostos das suas moléculas (o ácido e o básico). os seus componentes
dissociam-se quando em contacto com os tecidos e os seus compostos ácidos e básicos
associam-se, respectivamente, a componentes celulares acidófilose basófilos.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 97


A coloração com Hematoxilina e Eosina (H&E) é provavelmente a técnica mais
utilizada na coloração dos tecidos, devido à sua simplicidade e à sua capacidade de permitir
visualizar uma grande quantidade diferente de estruturas tissulares. A hematoxilina cora de
azul os núcleos, apresentando grande detalhe intranuclear. A eosina cora o citoplasma
das células e a maioria das fibras do tecido conjuntivo de forma e intensidade diferentes,
variando do rosa ao laranja ou vermelho.

Imagem 19: Lâmina corada com Hematoxilina e Eosina

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 98


SAIBA MAIS

Impulso nervoso
Para que o impulso nervoso seja propagado, é necessário que o neurônio esteja com
a membrana em potencial de repouso e que sua superfície interna esteja com carga
negativa de 70 a 90 milivolts. Essa fase é conhecida como polarização. Em repouso, a
membrana plasmática do axônio bombeia Na+ para o meio externo e, ao mesmo tempo,
transfere íons K+ para o interior da célula. Nesse momento, pode ocorrer também a
difusão passiva de sódio para o interior da célula e de potássio para fora. O potássio
passa para o meio externo com maior rapidez do que o sódio entra, fazendo com que
mais cargas positivas permaneçam fora da célula. São essas ações que determinam o
potencial de repouso. Quando o neurônio sofre estímulo, ocorre uma mudança transi-
tória do potencial de membrana. Nesse momento, acontece a abertura dos canais iôni-
cos e a entrada rápida de Na+, que estava em grande quantidade, no meio extracelular.
Quando esse íon entra, ocorre a mudança de potencial e o interior do axônio passa a
ser positivo (despolarização).
Esse conjunto de alterações sequenciais que garante a transição de potencial é cha-
mado de potencial de ação. Essa mudança faz com que os canais de Na+ fechem-se e
provoca a abertura dos canais de K+. O íon K+ começa a sair por difusão, e o potencial
de repouso da membrana retorna ao normal (repolarização).

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/impulso-nervoso.htm

REFLITA

“Quero conhecer os pensamentos de Deus... O resto é detalhe.”

Albert Einstein.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 99


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro aluno,

Realize todas as atividades sugeridas para que você possa fixar seu conhecimento.
Revise seu material, se necessário, várias vezes. Cumpra todas as etapas pelas quais
acabamos de passar para que você esteja apto a acompanhar novos conteúdos.

Busque informações mais aprofundadas em outras referências bibliográficas e


sedimente seu conhecimento.

Lembre-se de que esses assuntos necessitam de muita leitura adicional. Esforce-


se para obter os resultados almejados.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 100


LEITURA COMPLEMENTAR

O que é lúpus?
Seu nome completo é lúpus eritematoso sistêmico. Em resumo, ele é um
distúrbio crônico que faz o sistema imunológico produzir anticorpos em excesso sem
um motivo aparente. A questão é que os anticorpos, quando em alta concentração,
passam a atacar o próprio organismo, provocando inflamações e lesões em vários
órgãos. Rins, pulmões, pele e articulações são as áreas mais acometidas, porém a doença
eventualmente atinge até cérebro e coração.
Mais comum nas mulheres jovens, como é o caso de Selena Gomez e Lady
Gaga, o transtorno pode ser brando em determinados casos e, em outros, incapacitante
ou mesmo fatal. E seu curso é imprevisível. Às vezes, o indivíduo fica anos sem nenhum
sintoma e, de repente, volta a sofrer com dores e outras complicações. Até por isso é tão
crucial seguir o tratamento e as orientações dos especialistas.

Sinais e sintomas
● Dores nas articulações
● Febre
● Queda de cabelo
● Manchas avermelhadas, especialmente em rosto, pescoço, peito e cotovelos
● Feridas na boca
● Inchaço e vermelhidão ao redor das unhas
● Dor de cabeça
● Dor ao respirar
● Em casos graves, convulsões

Fatores de risco
● Alta exposição aos raios ultravioletas
● Usos de contraceptivos orais
● Histórico familiar

A prevenção
Não existem maneiras conhecidas de impedir o aparecimento da doença. Por
outro lado, quanto mais cedo ela é flagrada, mais fácil fica de frear sua progressão e seus
sintomas.

Fonte:https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-lupus/

Artigo: Consenso de Lúpus Eritematoso Sistêmico


Link: http://www.scielo.br/pdf/rbr/v48n4/v48n4a02.pdf

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 101


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Histologia Básica - Textos e Atlas - 13ªed.
Autores: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. 
Editora: Guanabara Koogan.
Ano: 2017.
Sinopse: Chegou a nova edição do maior clássico mundial de
histologia! Obra de reconhecimento internacional, traduzida
para 14 idiomas, Junqueira | Histologia Básica chega à sua 13ª
edição mantendo seu compromisso de oferecer aos seus leitores
informações atualizadas de biologia celular e histologia dos tecidos
e dos sistemas, com clareza e precisão.  A trajetória ascendente
do livro, que contribui para a boa formação de várias gerações de
estudantes e profissionais da área da saúde no Brasil e no mundo,
o consagra como uma das mais importantes obras científicas
já publicadas.  Esta edição, totalmente revisada e atualizada,
apresenta projeto gráfico modernizado, ilustrações revisadas
e modificadas, boxes sobre aplicações clínicas e informações
relevantes sobre diversos tópicos, além de novas imagens obtidas
em microscopia óptica, selecionadas preferencialmente pela
escolha de espécimes corados por hematoxilina e eosina, corantes
amplamente usados no ensino de Histologia e Patologia.

FILME/VÍDEO
https://www.youtube.com/watch?v=eXr-vO03c1Q
Documentário realizado pelo Discovery Channel sobre sistema
nervoso.

WEB
Link: https://www.youtube.com/watch?v=TbY9p37WWfs
Veja o vídeo sobre Lupus.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 102


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AIRES, M.M Fisiologia 2. Ed. Rj. Guanabara Koogan, 1999.

ANDRADE, P. E. PEREIRA, F, F. Anatomia Geral. 1 ed. Sobral, 2015.

ANDREW DAVIES, ASA GH BLAKLEY, CECIL KIDD, Fisiología Humana. Artmed, Sp, 2002.

DANGELO, J. G.; FATTINI, C. C. Anatomia sistêmica e segmentar. 3.ed. São Paulo:


Atheneu, 2007.

GUYTON, A.C., HALL, J.E Tratado De Fisiologia Médica 10. Ed. Rj . Guanabara Koogan,
2002

GUYTON, A.C., HALL, J.E Tratado De Fisiologia Médica 9. Ed. Rj . Guanabara Koogan,
1997.

JUNQUEIRA, L.C.; Carneiro, J. Biologia Celular e Molecular, 9. ed. Editora Guanabara


Koogam, 2012. 331p.

JUNQUEIRA, Luiz Carlos; CARNEIRO, José. Histologia básica. 10 ed. Rio de Janeiro:


Guanabara koogan, 2008. Pag. 67-184, 154-180, 284-316, 339-357, 371-387.

LEHNINGER, A.L.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica. 2. ed. São


Paulo: Sarvier, 2000. 839p.

LINDA S. CONSTANZO. Fisiología . Guanabara Kogan, Rj 1995.

MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2014.

ROHEN, J. W. ; YOKOCHI, C. Anatomia humana: atlas fotográfico de anatomia sistêmica e


regional. 3.ed. São Paulo: Manole, 1993.

SOBOTTA, J. Sobotta: atlas de anatomia humana. 19.ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 1993.

SOLOMONS, T.W.G. Química Orgânica, v.2. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. p. 354 - 496.

Stevens, A. & Lowe, J.S. Histologia Humana. 2 ed. São Paulo: Manole, 2001.

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 103


CONCLUSÃO

Prezado(a) aluno(a).

Como parte do rol de conhecimentos que você irá adquirir durante seu curso, trouxe
até você uma introdução à Anatomia e Fisiologia Humana. Este conteúdo irá lhe fornecer
subsídios para que possa progredir em disciplinas correlatas.

Fizemos também uma revisão de conceitos básicos da citologia, histologia,


embriologia e biologia molecular e traçamos rotas para estudos mais avançados.

De posse desses conhecimentos, você já é capaz de ver o organismo humano de


forma interdisciplinar, interligando conhecimentos e abrindo novos horizontes para o seu
progresso e, da ciência.

Esta talvez seja sua primeira obra sobre o corpo humano, no ambiente universitário.
Lembre-se de ter um inconformismo positivo, ou seja, não se contente somente com esta
obra, ela deve ser apenas a primeira de muitas que você terá contato durante sua vida
profissional. Sucesso!

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

UNIDADE IV Biologia - Ciclo Celular 104

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