Você está na página 1de 21

AULA 1

BIOMECÂNICA APLICADA
AO ESPORTE E À
ATIVIDADE FÍSICA

Profª Jerusa Petróvna Resende Lara


INTRODUÇÃO

Introdução à Biomecânica

Quando falamos de esporte e atividade física, sempre pensamos em


melhoria de desempenho esportivo, de aptidão física e de qualidade de vida.
Portanto, profissionais associados ao desenvolvimento dessas habilidades e
capacidades buscam entendimento do corpo humano em todas as suas áreas de
conhecimento. A cinesiologia é uma ampla área da ciência, que tem como
objetivo estudar os movimentos do corpo humano. Toda e qualquer subárea que
estude o movimento pode ser considerada como do âmbito da cinesiologia (Hall,
2015). A Figura 1 mostra as possíveis áreas da ciência associadas à análise do
movimento humano.

Figura 1 – Áreas da cinesiologia

Biomecânica

Estatística Fisiologia

Testes e
Bioquímica
avaliações

Sociologia Psicologia

Cinesiologia

Anatomia História

Aprendizagem
Nutrição
motora

Medicina
Pedagogia
esportiva

Crédito: Jerusa Petróvna Resende Lara.

2
TEMA 1 – DEFINIÇÃO E CONCEITOS BIOMECÂNICOS

A biomecânica é a ciência que estuda o movimento, baseada nas leis da


mecânica, cujo prefixo bio significa vida e mecânica, a parte da física que estuda
a ação das forças, suas causas e consequências (Hall, 2015). No início de 1970,
a comunidade científica passou a adotar o termo biomecânica como sendo a
ciência que envolve o estudo dos aspectos mecânicos dos organismos vivos.
Esclarecendo um pouco mais, a área da física normalmente atribuída à mecânica
estuda os movimentos baseada nas leis de Newton e nos dá inferência sobre as
forças aplicadas aos corpos e as consequências dessa aplicação. Os campos das
causas e das consequências das forças são chamados, respectivamente, de
cinemática e cinética do movimento (Latash; Zatsiorsky, 2016).
A cinemática estuda o movimento dos corpos sem levar em conta as
causas desse movimento, ou seja, a consequência de uma força aplicada a ele, e
ocorre a partir do instante em que um corpo inicia o seu estado de movimento,
como exemplo a posição desse corpo no espaço, a sua velocidade e a sua
aceleração. A cinética se preocupa com as forças que atuam sobre um corpo, as
quantidades de movimento, a energia mecânica, o impulso e as grandezas
relacionadas aos movimentos de rotação, tais como o torque e
o momento angular (Corrêa, 2014).
Quando falamos de forças atuantes no corpo humano, podemos separá-
las em forças internas, geradas pelos grupos musculares, e forças externas,
aplicadas de fora sobre esse corpo. Muitas vezes, o movimento humano, seja ele
de qualquer natureza, como um gesto esportivo, uma atividade física ou um
movimento cotidiano, pode ser a combinação dessas duas forças. O estudo da
biomecânica humana pode incluir questões como a quantidade de força que os
músculos produzem, e se essa força é suficiente para tirar o corpo de uma
situação de repouso e colocá-lo em movimento.
Parece tudo muito complexo quando envolvemos física, matemática e
biologia, esses campos do conhecimento todos juntos; mas, após um
aprofundamento em biomecânica, é possível entender o movimento e intervir,
como profissional, sempre que necessário, para corrigi-lo, sendo para otimizar a
técnica esportiva, seja para minimizar o gasto energético, prevenir lesões ou
melhorar a qualidade de vida.

3
Figura 2 – Análise biomecânica da caminhada

Créditos: Microgen/Shutterstock.

Além da cinemática e da cinética, existem ainda duas áreas da


biomecânica importantes para o entendimento do movimento humano: a
antropometria e a eletromiografia. A antropometria descreve, com base em
técnicas experimentais e/ou analíticas, as características físicas dos segmentos
corporais e ainda fornece subsídios para a formulação dos modelos físico-
matemáticos destinados à determinação das forças internas (Amadio; Serrão,
2007).

TEMA 2 – OBJETIVOS E APLICAÇÕES DA BIOMECÂNICA NO ESPORTE E NA


ATIVIDADE FÍSICA

A biomecânica, por ser uma das ciências que estuda o movimento humano,
permite a abordagem de diferentes áreas, incluindo:

a. funcionamento de músculos, tendões, ligamentos, cartilagens e ossos;


b. cargas e sobrecargas de estruturas específicas, pensando-se em
mecanismos de lesão;
c. fatores que influenciam o desempenho esportivo.

4
A aplicação dos conceitos biomecânicos tem interferência direta na
medicina, na ergonomia, na fabricação de equipamentos esportivos e em muitos
outros aspectos da vida humana. A biomecânica ainda pode atuar em assuntos
relacionados ao aperfeiçoamento da técnica do movimento ou gesto esportivo, ao
processo de treinamento, ao mecanismo de controle de cargas internas do
aparelho locomotor, à melhoria de sistemas para simulação de movimentos, à
melhoria de equipamentos, trajes e implementos esportivos, aos avanços
tecnológicos e instrumentais visando à aquisição e processamento de sinais
biológicos e ao aperfeiçoamento de sistemas (hardware e software) para análises
de movimentos e consequentes aplicações práticas.
Quando pensamos em esporte, sempre pensamos em superação de
limites, quebra de recordes e, para que isso ocorra, diversos valores devem ser
levados em consideração. O desempenho esportivo, hoje em dia, é dito como
multifatorial, porém a biomecânica tem um papel na determinação dos
fundamentos capazes de embasar o planejamento e a aplicação de um programa
do treinamento esportivo.
Além da aplicação da biomecânica no esporte, podemos pensar também
na sua aplicação associada à qualidade de vida de indivíduos, levando, por
exemplo, ao fato de a investigação de parâmetros relacionados à locomoção
humana ser um dos tópicos mais estudados na biomecânica. A marcha humana
é uma das formas mais tidas como simples, no movimento humano; porém, a sua
complexidade não enxergada vem da dependência da maioria das ações motoras
humanas, para que aquela seja realizada. Estudar a biomecânica da marcha pode
ser esclarecedor em relação a patologias, em que, dependendo da disfunção
encontrada numa dada análise, se torna possível fazer inferências acerca do grau
de comprometimento e agravamento de uma doença identificada.

2.1 Funcionamento de músculos, tendões, ligamentos, cartilagens e ossos

A biomecânica permite estudar as forças atuantes no movimento humano,


para o que precisamos pensar em forças internas (músculos) e forças externas
(reações do solo, empurrões, socos etc.). Sabemos que o músculo é o único
tecido capaz de produzir tensão ativamente; portanto, entender o comportamento
do tecido muscular, a organização funcional do músculo esquelético e os aspectos
biomecânicos da função muscular é imprescindível para o conhecimento do
movimento humano (Hall, 2015). Geralmente, essa abordagem das propriedades

5
musculoesqueléticas e de suas funcionalidades é feita, na matriz curricular, em
disciplinas que tratem de cinesiologia, deixando para a biomecânica o
entendimento da produção de forças e torques para a realização do movimento
(Figura 3).

Figura 3 – Biomecânica interna: entendimento do funcionamento de músculos,


tendões, ligamentos, cartilagens e ossos

Créditos: Naeblys/Shutterstock.

2.2 Cargas e sobrecargas de estruturas específicas, pensando-se em


mecanismos de lesão

Nós sempre ouvimos falar sobre sobrecarga em discos vertebrais,


dependendo da postura em determinados exercícios da academia ou até mesmo
em tarefas cotidianas. Essa preocupação com cargas e sobrecargas de estruturas
específicas também é amplamente estudada na biomecânica. Hoje em dia se
sabe, por exemplo, por meio de análises biomecânicas, que a compressão discal
aumenta na posição sentada, quando comparada à posição em pé, e que a
posição deitada é a posição em que essa sobrecarga acaba sendo diminuída
(Figura 4).

6
Figura 4 – Compreensão intradiscal

Crédito: Elias Dahlke.

2.3 Fatores que influenciam o desempenho esportivo

Em cada modalidade esportiva existe um conjunto de parâmetros


biomecânicos que influenciam no desempenho. Esses parâmetros, uma vez
conhecidos, podem ser avaliados e, conjuntamente com a equipe multidisciplinar
de preparadores físicos, técnicos e biomecânicos, serem mudados. Podemos
pensar, por exemplo, em quais vareáveis biomecânicas mais influenciam no
desempenho de atletas de salto em distância, e é nisso que o papel de
pesquisadores e cientistas do esporte é fundamental. Um estudo focado em
analisar a biomecânica de atletas de alto rendimento do salto em distância
descobriu que 88% do desempenho alcançado vem da otimização de apenas três
variáveis biomecânicas, sendo elas: velocidades na direção horizontal e vertical
em que o atleta chega à tabua de impulsão; o ângulo que as pernas dos atletas
perfazem; e a vertical, na hora em que cada atleta toca a tábua de impulsão para
o salto (Lara; Barros, 2015). Pensando assim, se um preparador físico tem acesso
a essas informações e sabe como trabalhar essas velocidades e ângulo

7
mencionados, o caminho para o sucesso do rendimento começa a ser planejado
(Figura 5).

Figura 5 – Biomecânica no salto em distância

Créditos: Inspiring/Shutterstock.

TEMA 3 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DO MOVIMENTO HUMANO

Se o objetivo da biomecânica é analisar o movimento, precisamos entender


o conceito de movimento. Na física, o movimento é a variação de posição espacial
de um objeto ou ponto material em relação a uma referência no decorrer do tempo,
ou seja, é a ação e o efeito de mover algo, fazendo com que um corpo deixe o
lugar que ocupava e passe a ocupar outro. Portanto, o entendimento da
biomecânica é imprescindível para atuação de profissionais de diversas áreas da
saúde.
Para evitar que a posição das estruturas anatômicas seja descrita de
maneira diversa pelos diferentes autores e áreas, uma referência de posição
padrão do corpo, chamada de posição anatômica, precisou ser estabelecida. A
posição anatômica nada mais é que um referencial para podermos localizar e
descrever as estruturas anatômicas e analisar os movimentos de forma que
anatomistas, biomecânicos e pessoas de todas as áreas de interesse em análise
empreguem a mesma linguagem e se comuniquem de forma eficaz (Kapandji,
2000) (Figura 6).

8
Figura 6 – Posição anatômica

Créditos: Lazuin/Shutterstock.

Para que o indivíduo esteja em posição anatômica, ele precisa estar em


posição ortostática, ou seja, de pé, com a face voltada para frente, membros
superiores e inferiores estendidos e juntos ao corpo, palmas das mãos voltadas
para frente, assim como os dedos dos pés. Mesmo que o indivíduo a ser analisado
esteja sobre uma mesa, em decúbito dorsal (com o dorso nela encostado), ou em
decúbito ventral (com o ventre nela encostado), ou ainda em decúbito lateral (de
lado), as descrições anatômicas serão sempre realizadas considerando-se o
indivíduo na posição anatômica. Com base nessa compreensão, foi criado um
sistema de planos e eixos imaginários que é utilizado para descrever os
movimentos corporais. Os movimentos corporais ocorrem ao longo de um dos
planos ou paralelos a eles. Os planos são tangenciais à superfície corporal,
formando um paralelepípedo no qual o corpo se insere (Silva, 2015).

9
Os planos de secção são: plano sagital, plano frontal e plano transverso
(Figura 7).

Figura 7 – Planos de secção do corpo humano

Crédito: Arisa_J/Shutterstock.

Quando um segmento do corpo se movimenta, ele gira ao redor de um eixo


de rotação que passa através da articulação à qual está ligado. Os eixos também
são linhas imaginárias perpendiculares a um dos três planos de movimento.

10
Figura 8 – Eixos anatômicos

Crédito: Draw Man/Shutterstock.

Todo movimento pode ser decomposto nos planos e eixos citados.


Movimentos que acontecem no plano frontal em torno do eixo anteroposterior são
chamados de adução ou abdução. A abdução é o movimento que afasta um
segmento corporal da linha média do corpo; e a adução é o movimento que
aproxima um segmento da linha média (Hall, 2015).

11
Figura 9 – Exemplos de, respectivamente, adução e abdução do ombro

Créditos: Auttapon Wongtakeaw/Shutterstock.

Existem outros movimentos no plano frontal, tais como:

• rotação lateral do tronco, com flexão lateral direita ou esquerda;


• elevação e depressão da cintura escapular, nas direções superior e inferior,
respectivamente;
• eversão e inversão da região plantar, via rotação externa e interna da
região plantar, respectivamente;
• desvio radial e desvio ulnar, por meio de rotação da mão, ao nível do punho,
na direção do rádio e da ulna, respectivamente.

Movimentos que acontecem no plano sagital, em torno do eixo laterolateral,


são chamados de flexão ou de extensão. A flexão é o movimento em que se
diminui o ângulo entre dois segmentos anatômicos do corpo; a extensão é o
oposto da flexão, na qual o ângulo entre os dois segmentos anatômicos é
aumentado. Quando a amplitude anatômica é ultrapassada, em direção oposta à
flexão, temos um movimento de hiperextensão (Hall, 2015).

12
Figura 10 – Exemplos de movimentos de flexão e extensão do joelho

Créditos: VectorMine/Shutterstock.

Dorsiflexão e flexão plantar também são movimentos no plano sagital,


porém aplicados ao dorso do pé (Hall, 2015). A dorsiflexão é o movimento que
aproxima o dorso do pé da parte inferior da perna, e a flexão plantar é movimento
oposto à dorsiflexão, em que o dorso do pé se afasta da parte inferior da perna
(Figura 11).

13
Figura 11 – Dorsiflexão e flexão plantar

Créditos: VectorMine/Shutterstock.

Os movimentos que acontecem no plano transverso, em torno do eixo


longitudinal, são chamados de rotação medial e rotação lateral. A rotação medial
é quando o movimento da articulação, em torno do eixo de movimento, se
aproxima da parte interna do corpo; e, na rotação lateral, o movimento se afasta
da parte interna do corpo (Figura 12).

Figura 12 – Exemplos de rotações medial e lateral

Créditos: VectorMine/Shutterstock.

14
Outros movimentos que acontecem no plano transverso são a pronação e
a supinação do cotovelo, como movimentos equivalentes à rotação interna
(pronação) e à externa (supinação) (Hall, 2015).

Figura 13 – Movimentos de pronação e supinação

Créditos: VectorMine/Shutterstock.

Quando temos uma combinação de flexão e abdução do ombro a 90°,


chamamos o movimento de abdução horizontal ou extensão horizontal (Silva,
2015). Por outro lado, o movimento da posição lateral para a posição anterior é
denominado adução horizontal ou flexão horizontal (Figura 14).

15
Figura 14 – Movimentos de abdução e extensão horizontal

Créditos: Auttapon Wongtakeaw/Shutterstock.

TEMA 4 – CADEIA CINEMÁTICA ABERTA E FECHADA

Sabendo os princípios básicos dos movimentos e suas características,


podemos avançar no entendimento de como eles são executados. Na
biomecânica, podemos analisar o movimento e descrevê-lo aprendendo e
aplicando conceitos básicos da mecânica newtoniana, em que, em muitos casos,
o corpo humano é considerado um corpo rígido, cuja forma não varia apesar
de ser submetida à ação de forças externas. Ou seja, a distância entre as
diferentes partículas que compõem esse corpo mantém-se invariável, ao longo
do tempo (Latash; Zatsiorsky, 2016).
No corpo humano, vários segmentos rígidos sobrepostos estão conectados
a uma série de juntas móveis. Esse sistema permite o movimento previsível de
uma junta baseado no movimento de outras juntas. Traduzindo isso, no corpo
humano temos os segmentos (rígidos) conectados por articulações (juntas
móveis). Cada um dos segmentos articulares do corpo, envolvidos em um

16
determinado movimento, constitui uma ligação ao longo das cadeias cinéticas,
originando assim o conceito de cadeia cinética (Latash; Zatsiorsky, 2016).
Basicamente, os movimentos podem ocorrer de duas formas: em cadeia
cinética aberta (CCA) ou em cadeia cinética fechada (CCF). A CCA é quando o
segmento distal (parte mais afastada do tronco) de um segmento se move
livremente no espaço, resultando no movimento isolado de uma articulação. Na
CCF, o segmento distal está fixo. Os exercícios de CCF geralmente trabalham os
músculos de várias articulações, enquanto os de CCA elegem apenas uma
articulação a ser trabalhada. Sempre que o pé ou a mão encontram resistência ou
estão fixados na CCF, os movimentos dos segmentos mais proximais ocorrem em
um padrão previsível. Se o pé ou a mão se movem livremente no espaço, em uma
CCA, os movimentos que ocorrem em outros segmentos da cadeia não são
necessariamente previsíveis, por isso muitas vezes é recomendado iniciar
treinamentos em CCF, pois ocorre a redução das forças compressivas, ao invés
de força de cisalhamento (Corrêa, 2014; Hall, 2015).
As características e exemplos de exercícios em CCA e CCF podem ser
visualizados na Figura 15.

Figura 15 – Características e exemplos de exercícios de academia em CCA e CCF

Cadeia Cinética Cadeia Cinética


aberta fechada

Características:
- Extremidade distal fica livre no Características:
movimento; - Extremidade distal fica fixo
- As demais articulações não precisam se no movimento;
mover; - Estímula os proprioceptores;
- Principal músculo do movimento é mais - Aumenta a estabilidade articular;
ativado; - Aumenta estabilidade dinâmica
- Diminuí forças de resistência

Exemplos: Exemplos:
- Supino; - Agachamento;
- Puxadas;
- Levantamento terra;
- Remadas;
- Roscas bíceps; - Barra fixa;
- Abdução e elevação frontal dos ombros - Flexão de braços

17
TEMA 5 – MÉTODOS DE ANÁLISE BIOMECÂNICA

Para cada uma das áreas da biomecânica, existe um método de medição


associado, conforme a Figura 16.

Figura 16 – Áreas e metodologias da biomecânica

A cinemetria é uma metodologia biomecânica que tem como objetivo a


obtenção de variáveis cinemáticas para a descrição de posições ou movimentos
no espaço. Com base na aquisição de imagens durante a execução de um
movimento, é possível realizar análises qualitativas e quantitativas do movimento.
Mediante alguns cálculos, consegue-se quantificar, nesse método, posição,
orientação, velocidade e aceleração do corpo ou de seus segmentos. A cinemetria
permite descrever geometricamente o movimento, mas não permite investigar
suas causas (Ávila et al., 2002).
Se o objetivo da análise biomecânica for entender as causas do movimento,
ou seja, as forças internas e externas envolvidas para causar o movimento,
precisamos utilizar a dinamometria como método biomecânico. A mensuração de
forças internas está relacionada às forças articulares e musculares e às forças
externas como força de reação do solo, um empurrão, um soco. As forças
externas podem ser medidas utilizando plataformas de força, strain gauges e
sensores piezoelétricos (Ávila et al., 2002).

18
Para mensuração de parâmetros corporais associados à anatomia
humana, temos a antropometria, que apresenta um grande potencial na predição
de parâmetros corporais em ergonomia, para adequação dos postos de trabalho
ao corpo humano, fisioterapia em atuação de correção postural e nutrição para
obtenção de parâmetros de avaliação de composição corporal. Os métodos de
antropometria estão associados à determinação das propriedades da massa
corporal humana, baseando-se em modelos antropométricos de representação do
corpo humano. Esses modelos permitem o cálculo de três parâmetros
fundamentais: massa, centro de massa ou gravidade e momento de inércia, todos
requisitos para análises quantitativas do movimento. O entendimento das
características físicas do aparelho locomotor propicia o desenvolvimento de
equipamentos auxiliares para a execução dos movimentos, por exemplo, certos
trajes esportivos e calçados (Amadio; Serrão, 2011).

Figura 17 – Curiosidade sobre antropometria

Créditos: MysticaLink/Shutterstock.

A última metodologia biomecânica conhecida é a eletromiografia, que tem


como objetivo estudar a atividade dos músculos com base na captação de sinais
elétricos gerados na contração muscular, possibilitando a determinação dos
mecanismos de controle do sistema nervoso (Amadio; Serrão, 2007). A
eletromiografia, por analisar o potencial elétrico dos músculos, permite a avaliação

19
da coordenação intramuscular do paciente ou atleta, ajudando na melhoria da
cooperação dos músculos que suportam no movimento, na análise da frequência
muscular e na determinação dos tipos de fibras que predominam no paciente ou
atleta observado.

20
REFERÊNCIAS

AMADIO, A. C.; SERRÃO, J. C. A biomecânica em educação física e esporte.


Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 25, n. esp., p. 15-24, dez.
2011.

_____. Contextualização da biomecânica para a investigação do movimento:


fundamentos, métodos e aplicações para análise da técnica esportiva. Revista
Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 21, n. esp., p. 61-85, 2007.

ÁVILA, O. V. et al. Métodos de medição em biomecânica do esporte: descrição de


protocolos para aplicação nos centros de excelência esportiva (Rede Cenesp-
MET). Revista Brasileira de Biomecânica, v. 3, n. 4, p. 57-67, 2002.

CORRÊA, S. C. Fundamentos da biomecânica: o corpo em movimento. São


Paulo: Ed. Mackenzie, 2014.

HALL, S. J. Biomecânica básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,


2015.

KAPANDJI, A. Fisiologia articular. Rio de Janeiro: [S.n.], 2000.

LARA, J. P. R.; BARROS, R. M. L. de. Análise cinemática 3D do salto em


distância em competição: análise de atletas de nível olímpico. Campinas: Novas
Edições Acadêmicas, 2015.

LATASH, M. L.; ZATSIORSKY, V. M. Biomechanics and motor control: defining


central concepts. Nova York: Academic Press, 2016.

SILVA, V. R. Cinesiologia e biomecânica da coluna vertebral, dos membros


superiores e inferiores. [S.l.]: [S.n.], 2015.

21

Você também pode gostar