CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOMECÂNICA E FISIOLOGIA APLICADOS AO
EXERCICIO FÍSICO
RODRIGO CRISTINO MOREIRA
EDUARDO COLOMBO ALBANO TÓKIO
A BIOMECÂNICA UTILIZADA NOS EXERCICIOS DE FORÇA E SEUS
BENEFICIOS NA SALA DE MUSCULAÇÃO A BIOMECÂNICA UTILIZADA NOS EXERCICIOS DE FORÇA E SEUS BENEFICIOS NA SALA DE MUSCULAÇÃO Trabalho de conclusão de curso, apresentando para a obtenção de grau de especialista
Em biomecânica e fisiologia aplicados ao exercício fisico da faculdade Inspirar.
Orientador: Profº Ms: Eduardo Coimbra
RESUMO: A biomecânica tem como objetivo analisar os movimentos utilizando
conhecimentos de mecânica, anatomia, cinesiologia, fisiologia e também da matemática. Torna-se importante conhecer ou estudar minuciosamente os movimentos dos exercícios de musculação por meio da biomecânica buscando evitar lesões e obter resultados satisfatórios nos programas propostos. Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo analisar a correta execução dos movimentos de musculação utilizando a técnica da biomecânica nos exercícios de agachamento, remada curvada e supino reto. Para tanto foi realizada uma revisão de literatura a partir de materiais publicados em livros, artigos, dissertações, teses, dentre outros. Após a análise dos dados compilados observa-se que a partir da análise biomecânica dos exercícios é possível melhorar a técnica aplicada e retomá-los de maneira adequada para que os atletas e praticantes melhorem seu desempenho dentro de um programa de treinamento, evoluindo e alcançado os objetivos propostos. Palavra Chave: Biomecânica; Agachamento; Supino Reto; Remada Curvada.
ABSTRACT: Biomechanics aims to analyze movements using knowledge of
mechanics, anatomy, kinesiology, physiology and also mathematics. It is important to know or thoroughly study the movements of bodybuilding exercises through biomechanics in order to avoid injuries and obtain satisfactory results in the proposed programs. In this context, the objective of this study is to analyze the correct execution of bodybuilding movements using the biomechanical technique in squatting, bending and bench press exercises. For this purpose, a review of the literature was made from materials published in books, articles, dissertations, theses, among others. After the analysis of the data compiled it is observed that from the biomechanical analysis of the exercises it is possible to improve the applied technique and to take them back in a suitable way so that the athletes and practitioners improve their performance within a training program, evolving and reaching the objectives.
O termo qualidade de vida se tornou a meta de muitos e ganhou nos
dias de hoje, um sentido bem mais amplo, baseando-se em três princípios fundamentais: capacidade funcional, nível socioeconômico e satisfação pessoal. Estes três princípios podem ainda se relacionar com os seguintes componentes: capacidade física, estado emocional, interação social, atividade intelectual, situação econômica e autoproteção de saúde (SANTOS et al., 2002).
Dentre as diversas atividades físicas estão os exercícios de força que
há muito vem sendo utilizados com o intuito de promover melhoras nos padrões estéticos de seus praticantes. A aprendizagem é um processo interno de seres humanos pelo qual o comportamento se desenvolve e muda, principalmente com a prática e a aquisição da experiência, este processo é atribuível ao desenvolvimento do indivíduo e produz mudanças relativamente permanentes no comportamento do ser humano. Envolve processos no sistema nervoso central, não é diretamente observável e é inferida a partir da melhoria/mudança no desempenho e no comportamento (ARRUDA, 2010).
A biomecânica é uma disciplina de componente curricular do curso de
educação física e tem como objetivo analisar os movimentos e utiliza conhecimentos de mecânica, anatomia, cinesiologia, fisiologia e também a matemática. Ter conhecimento dos princípios básicos da disciplina é fundamental para profissionais de outras áreas e principalmente para os profissionais de educação física que lidam com movimentos humanos sempre (AMADIO e SERRÃO, 2004).
A biomecânica é uma ciência auxiliar do treinamento esportivo que é
responsável por estabelecer métodos determinantes confiáveis de um movimento desportivo, levando em conta a base teórica da mecânica clássica e as características morfo-funcionais do atleta. Através de processos científicos são estabelecidos os critérios para a execução de movimentos esportivos, critérios que se tornam a técnica de execução dos movimentos (HACK et al., 2015). Nesse contexto o presente trabalho tem por objetivo analisar a correta execução dos movimentos de musculação utilizando a técnica da biomecânica nos exercícios de agachamento, remada curvada e supino reto.
2. METODOLOGIA
Quanto ao tipo de pesquisa será bibliográfica, visto que procurar-se-á
explicar um problema a partir de materiais publicados em livros, artigos, dissertações, teses, dentre outros. Trata-se de uma revisão integrativa, realizada a partir de uma busca em vários estudos publicados, que permitiu a formulação de novos conhecimentos baseados nos resultados encontrados.
A revisão será realizada em seis etapas (MENDES et al., 2008): 1)
Identificação do tema e definição do problema, com destaque para a relevância da biomecânica na execução dos exercícios especificados; 2) Estabelecimento de critérios e inclusão e exclusão de estudos na busca bibliográfica; 3) Categorização das informações relevantes os estudos selecionados; 4) Avaliação dos estudos incluídos na revisão; 5) Interpretação dos resultados, comparando-os com o conhecimento teórico prévio; 6) apresentação da revisão e síntese dos dados obtidos.
Na busca de respostas à questão formulada, foi realizada uma pesquisa
exploratória em periódicos on-line da área da educação física, nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Google Acadêmico, tendo como finalidade identificar a produção científica sobre a temática abordada e esclarecer conceitos e ideias acerca da influência da biomecânica na execução correta dos movimentos de musculação, sendo utilizados os descritores “Biomecânica”, “Agachamento”, “Remada curvada” e “Supino reto”. A pesquisa quanto à abordagem será considerada qualitativa por ser procedida através da análise dos conteúdos das teorias existentes publicadas, na busca da explicação do problema. 3. RESULTADOS
3.1 Biomecânica
O principal objetivo da biomecânica é estudar os movimentos humanos a
partir da análise diante das leis da física, fato que a difere das demais análises. Além disso, a biomecânica considera as características gerais do aparelho motor, como a anatomia e a fisiologia que delimitam estruturalmente e funcionalmente o corpo humano. Dessa maneira é uma disciplina que tem como meta central analisar os parâmetros físicos do movimento perante as características anatômicas e fisiológicas do corpo humano (HALL, 2009).
A aprendizagem motora é o estudo de como as diferentes habilidades e
movimentos motores são adquiridos e como eles são melhorados através dos processos de prática e experiência ou pelo processo em que o indivíduo pode alterar/mudar ou desenvolver/melhorar o comportamento motor. Trata-se de um processo seguido por estímulos que serão codificados e interpretados, bem como aqueles que o cérebro segue para ordenar e integrar as respostas apropriadas (HAMILL e KNUTZEN, 2012).
Atualmente a otimização da elaboração de parâmetros técnicos através
da determinação da biomecânica ocupa um lugar de destaque na pesquisa científica. O modelo biomecânico reflete na formação específica, na metodologia de ação, possibilita a anatomia funcional, fisiológica e bioquímica da descoberta biológica e descobre as causas dos fenômenos mecânicos. Outro objetivo dos modelos biomecânicos é encontrar erros que ocorram durante a performance, descobrir as causas mecânicas e seus efeitos na técnica. Através desses parâmetros biomecânicos, diferentes indicações metodológicas são tomadas para obter uma técnica adequada. De acordo com Hall (2009):
“uma das preocupações dos biomecânicos do desporto é
minimizar as lesões através da identificação de práticas perigosas e da elaboração de equipamentos e aparelhos mais seguros. Os conhecimentos produzidos nesta área proporcionam ao técnico munir-se para a escolha da técnica de execução apropriada ou ainda para descobrir a causa das falhas mais importantes, permitindo melhorar o desempenho dos atletas. Assim, quando se entende a mecânica inerente à técnica da habilidade que o atleta está executando e se sabe como identificar os principais erros, o atleta se beneficia imensamente e, em pouco tempo, melhora seu desempenho (Hall, p. 45, 2009).
Para identificar, classificar e ordenar as variáveis que permitem a análise
e avaliação biomecânica de uma técnica, Ferro e Floría (2003), elaboraram uma estrutura ordenada na forma de tabela que abrigava indicadores de eficácia, tanto qualitativos quanto quantitativos. A criação da referida tabela leva em consideração as seguintes etapas: Compilar as informações relevantes do gesto técnico; Definir o objetivo final do movimento; Dividir o movimento em fases; Determinar os critérios de eficiência biomecânica de cada fase; Identificar os aspectos técnicos utilizados pelos treinadores para ensinar a técnica e melhorá-la; Identificar e definir as variáveis biomecânicas relacionadas a esses aspectos técnicos; Indicar os critérios de avaliação; Observar os valores fornecidos pela bibliografia para essas mesmas variáveis biomecânicas.
Na biomecânica dos exercícios de força, todo sistema ou subsistema
deve ser analisado em termos anatômico-fisiológicos em condições normais. A modelagem desse estágio é feita determinando os elementos do aparato locomotor, cada componente do sistema articular e muscular, e contribuindo, dessa forma, para a elaboração do modelo biomecânico adequado para a execução dos exercícios. A fase de execução só pode ser determinada após a elaboração deste modelo, e para determinação em uma escala de alta precisão, deve-se recorrer à identificação de instrumentos, aparatos e técnicas para determinar os elementos biomecânicos que podem ser utilizados. Por exemplo, para o movimento dos membros superiores e inferiores observam-se as articulações, músculos, seus momentos de inércia por meio de equações de regressão, modelos e medidas, e por meio da cinemática são medidos os tempos de execução, o movimento, a velocidade, a contração do corpo no espaço usando um cronômetro, filmando planos tridimensionais e utilizando simulações de computador (AMADIO e SERRÃO, 2004). 3.2 Biomecânica do exercício de agachamento
O exercício de agachamento é parte integrante dos programas de força
e condicionamento para muitos esportes que exigem altos níveis de força e potência, como futebol, atletismo, levantamento de peso e levantamento olímpico de peso. O agachamento fortalece principalmente a musculatura do quadril, coxa e costas, que são músculos muito importantes na corrida, no salto e no levantamento. Acredita-se comumente entre atletas e treinadores que o agachamento melhora o desempenho atlético e minimiza o potencial de lesão.
Como o agachamento dinâmico foi classificado como exercício de
cadeia cinética fechada, também é apropriado e comumente usado em ambientes de reabilitação do joelho. O agachamento do peso corporal, o agachamento com barra e o agachamento mecânico são os métodos mais comuns empregados durante a realização do agachamento dinâmico no treinamento e reabilitação.
De acordo com Coimbra e Oliveira (2008) as formas de prescrição são
diversas:
“simultâneo ou unilateral, de forma livre ou utilizando
aparelhagem, com halteres de barra longa, caneleiras, e halteres de barra curta, os pés paralelos ou abduzidos com trinta centímetros e ligeiramente para fora para manter o equilíbrio” (COIMBRA; OLIVEIRA, pag. 23, 1998).
Independente disso, todo agachamento começa com o indivíduo na
posição vertical com os joelhos e os quadris totalmente estendidos. O indivíduo então agacha-se em um movimento contínuo até que uma profundidade de agachamento desejada seja obtida e, em seguida, em um movimento contínuo, suba de volta para a posição vertical. O agachamento com barra é executado com a barra nas costas (agachamento) ligeiramente acima (agachamento alto) ou abaixo (agachamento baixo) no nível do acrômio, ou com a barra mantida na frente do peito aproximadamente no nível de as clavículas (agachamento frontal). O agachamento nas costas é geralmente preferido e realizado pela maioria dos atletas no esporte, embora o agachamento frontal seja comumente realizado por fisiculturistas e levantadores de peso olímpicos. O agachamento da máquina é tipicamente realizado usando uma barra especial que se move dentro de um sulco fixo ou usando braços nivelados acolchoados que são posicionados no topo dos ombros.
O agachamento pode ser realizado com vários graus de flexão do joelho,
como o meio agachamento ou o agachamento completo. O meio agachamento envolve agachar até que as coxas fiquem paralelas ao chão com aproximadamente 0–100 ° de flexão do joelho. O agachamento profundo envolve agachar-se o mais possível até que as coxas e as pernas posteriores entrem em contato umas com as outras. O meio agachamento é tipicamente preferido e recomendado em todo o agachamento para atletas em treinamento ou pacientes de reabilitação.
Vários músculos são requeridos durante o exercício de agachamento:
reto femoral, vastos lateral e medial, isquiotibiais, glúteo máximo e tríceps sural, além dos músculos estabilizadores lombo-pélvicos (ESCAMILLA et al., 2009). De maneira geral o agachamento é constituído por duas fases: concêntrica e excêntrica. Na primeira observa-se a extensão do joelho, a ativação dos músculos de maneira difusa e a ativação prévia do quadríceps femoral, enquanto na segunda se caracteriza pela flexão a 90º, a ativação dos músculos basais e a flexão do quadril (ARAÚJO e ARNADIO, 1996).
3.3 Biomecânica do exercício da remada curvada
A otimização da técnica da remada é de suma importância para
melhorar o desempenho e minimizar os riscos de lesões. Segundo Aaberg (1999) esse exercício estimula os músculos responsáveis pela boa postura já que estes recebem contra-resistência de forma direta durante a remada. Dessa maneira, a remada curvada é um dos exercícios mais indicados em um programa de treinamento resistido, já que exige a capacidade de manter o corpo em uma postura adequada, sendo esta uma aptidão e exigência para a execução de outros tantos exercícios no mesmo programa (AABERG, 1999). O movimento correto se dá com o sentar no banco e colocar toda a superfície dos pés na plataforma. Os joelhos são flexionados para que o quadril alcance o estribo duplo e a pegada neutra é realizada para tracionar para trás até que o corpo assuma uma posição ereta e perpendicular ao solo (EARLE e BAECHLE, 2004). De acordo com Prentice (2012), a partir da posição citada a respiração deve ser segurada após a inspiração à medida que as alças se aproximam do corpo, assim o puxador será tracionado na direção do abdome. Por fim, Aaberg (1999) ressalta que é necessário:
“aproximar (“apertar”) as escápulas entre si o quanto conseguir;
concentra-se em contrair o grande dorsal, rombóides etc, tracionar os braços para trás e mantê-los próximo ao corpo (linha da cintura) até que os cotovelos alinhem-se abaixo dos ombros e manter o pico de contração (realizando uma contração isométrica) por aproximadamente 1-2 segundos (quando ocorrer a máxima aproximação das alças ao abdome)” (Aarberg, p. 43, 1999).
Por fim, na expiração os braços voltam lentamente a posição inicial e as
escápulas se mantém retraídas para que haja a tensão constante sobre a musculatura alvo (PRENTICE, 2012).
Alguns fatores são tidos como responsáveis pela desestabilização no
exercício da remada curvada e estes se relacionam principalmente a complexidade técnica do movimento, visto que este é um exercício multiarticular e que devido a sobrecarga no tronco pode dificultar a estabilização da carga (CRONIN e HENDERSON, 2004). Alguns estudos mostram que exercícios com diminuição do ponto de apoio, como no caso da remada curvada, proporcionam um deslocamento maior em relação ao centro de gravidade, consequentemente haverá maior instabilidade neuromuscular e desestruturação da capacidade de geração de força muscular (SAETERBEKKEN e FIMLAND, 2013). 3.4 Biomecânica do exercício de supino reto
O supino reto é um dos exercícios mais populares nas aulas de
musculação, presente nos treinamentos de atletas de diversas modalidades esportivas. O principal objetivo do exercício vai desde a abordagem terapêutica, passando pela melhora das capacidades físicas (força e potência), até a hipertrofia muscular. Diversos músculos estão envolvidos neste exercício (músculo peitoral, o músculo deltoide e o músculo coracobraquial), bem como as diferentes articulações (DUFFEY e CHALLIS, 2007).
Para a execução do exercício o indivíduo se posiciona em decúbito
dorsal e realiza movimentos de afastamento e aproximação da barra no tórax. Segundo Rocha Júnior (2007):
No membro superior, o úmero articula-se com a escápula
(articulação do ombro), que por sua vez articula-se com a clavícula (articulação acromioclavicular) e essa se articula com o osso esterno (articulação esternoclavicular). Como a escápula não está ligada diretamente ao tronco, essa possui maior amplitude de movimentos e menor estabilidade (Rocha Júnior, p 53, 2007).
Cinesiologicamente o exercício apresenta dois momentos distintos que
podem ser analisados, o afastamento da barra do tórax e a aproximação dos mesmos. Nos dois momentos há uma resistência externa que age verticalmente no sentido da ação da gravidade e que é capaz de definir a ação muscular concêntrica (quando a força muscular vence a resistência da barra) e excêntrica (quando a resistência externa supera a força muscular) (HAMIL e KNUTZEN, 2003).
No início da fase concêntrica os braços encontram-se abduzidos
horizontalmente, as relações escápulas aduzidas e os antebraços flexionados. Nessa fase, “são realizados os movimentos de adução horizontal dos ombros ou braços, abdução das escápulas ou abdução cíngulo do membro superior e extensão dos cotovelos ou antebraços” (MARCHETTI et al., 2007). Já a posição final os braços se encontram aduzidos horizontalmente, com as escápulas abduzidas e os antebraços estendidos. Já na fase excêntrica os movimentos articulares são realizados contrariamente à fase concêntrica, sendo que os músculos ativos são os mesmos em ambas as fases (THOMPSON e FLOYD, 2002).
4. DISCUSSÃO
A biomecânica pode ser conceituada como o estudo dos sistemas
biológicos usando métodos da mecânica. O seu estudo é fundamental para a compreensão dos movimentos e da estrutura corporal aplicada à atividade física com o objetivo final de melhorar o desempenho em uma determinada atividade, seguido da prevenção de lesões e ainda reabilitação (MCGINNIS, 2002).
Dentro do treinamento de força, realizado por meio de exercícios de
musculação como o agachamento, a remada curvada e o supino reto, alvos desse estudo, diversos princípios são levados em consideração, sendo estes: a individualidade, a adaptação, a continuidade, a especificidade e a sobrecarga (GENTIL et al., 2007). Além disso, Gentil et al. (2007) aborda também algumas variáveis que podem ser consideradas para o treinamento de força, como o número de repetições, a quantidade de séries dessas repetições, a carga do exercício, o intervalo de descanso, a velocidade de execução (ritmo) e a dualidade volume x intensidade da quantidade total de trabalho realizado.
Nesse contexto, ao analisarmos a biomecânica de um exercício deve-se
levar em consideração os princípios biomecânicos (cinemática, cinemática biomecânica) para então ter uma base quantitativa do movimento humano naquele momento (AMADIO e SERRÃO, 2007).
No que se refere a cinemática da coluna vertebral durante o
agachamento espera-se que a mesma esteja na forma isométrica, permitindo a integração do movimento em diferentes planos anatômicos que irão proporcionar a aceleração, desaceleração e estabilização pela contração dos músculos do CORE (PRETINCE, 2012). Segundo com Kapandji (2008) a posição da coluna vertebral vai se modificando de acordo com a pelve e sua posição em anteversão e retroversão, sendo assim a postura correta do movimento está ligada com o posicionamento da pelve. Isso se dá porque na anteversão há um aumento da lordose lombar, enquanto que na retroversão ocorre a retificação da lordose lombar. Assim, a alteração do equilíbrio corporal é um dos fatores biomecânicos que mais afetam o movimento adequado do exercício (COIMBRA e OLIVEIRA, 1998).
No que diz respeito a biomecânica na remada curvada, percebe-se que
o maior momento de resistência, neste exercício, acontece quando o braço está paralelo ao solo, assim esse movimento deve ser analisado com mais atenção. Para Campos et al. (2002) quando este exercício é realizado com sobrecargas baixas, o centro de gravidade do tronco se desloca para fora da base de suporte (quadril), gerando um torque, no sentido da extensão do quadril. Este torque é compensado pela contração dos flexores do quadril. Já quando a sobrecarga utilizada ultrapassa o peso do tronco, os flexores do quadril não precisam se contrair, pois a própria resistência mantém o quadril nesta posição. O autor ressalta ainda que a puxada pela frente isola mais a musculatura dorsal do que a puxada por trás da cabeça, pois essa contribui para a participação do músculo peitoral maior no movimento.
Compreender as relações entre as variáveis fisiológicas e biomecânicas
em um esporte ajuda a alcançar o máximo desempenho dos atletas. Dentre essas interações, as relações entre diferentes estratégias de produção de força e as respostas cronotrópicas, ventilatórias e metabólicas são extremamente importantes em todos os esportes.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise das literaturas consultadas para o embasamento deste
trabalho, conclui-se que independente do objetivo do praticante dos exercícios em questão (agachamento, remada curvada e supino reto) é importante um acompanhamento profissional para a observação da biomecânica dos movimentos executados. Por meio da análise biomecânica é possível a correção da execução dos exercícios evitando a ocorrência de lesões e aperfeiçoando o treinamento para que o mesmo tenha resultados efetivos. Graças a evolução tecnológica, atualmente a análise biomecânica dos movimentos está facilitada, sendo que os dados coletados podem ser armazenados em bancos de dados que são utilizados para a evolução dos atletas e praticantes de diferentes atividades físicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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