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CINESIOLOGIA E FISIOLOGIA

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
2. CINESIOLOGIA .................................................................................................... 4
2.1 O que é Cinesiologia e Por Que Estudá-La ................................................... 6

2.2 História da Cinésio ......................................................................................... 7

3. VARIAÇÕES DE POSICIONAMENTO POSTURAL ........................................... 12


3.1 Centro Gravitacional e Equilíbrio Corporal ................................................... 13

3.2 Planos e Eixos de Orientação do Corpo ...................................................... 16

4. CINESIOLOGIA FUNCIONAL MUSCULAR ....................................................... 18


4.1 Movimentos da Parte Superior do Plano Transverso Corporal .................... 19

4.2 Movimentos da Parte Inferior do Plano Transverso Corporal ....................... 26

5. FISIOLOGIA ....................................................................................................... 30
5.1 Fisiologia Humana........................................................................................ 30

5.2 Fisiologia Humana: Como o Organismo é Formado .................................... 33

5.3 Sistemas da Fisiologia Humana ................................................................... 34

6. HISTÓRIA DA FISIOLOGIA................................................................................ 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42

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FACUMINAS

A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um


grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino,
de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

A Cinesiologia é a ciência que estuda os movimentos humanos.


Através dela podemos perceber e compreender muitas coisas que ocorrem na
nossa vida, podendo assim torná-la melhor.
Nossos movimentos são possíveis pela ação muscular. É através da
contração dos músculos que o ser humano é capaz de realizar façanhas
extraordinárias, como saltar 2,45 metros de altura, pular mais de 8 metros de
distância, correr 100 metros em menos de 10 segundos, terminar uma maratona em
pouco mais de 2 horas, levantar mais que o próprio peso corporal no halterofilismo,
realizar vários giros no ar na ginástica, saltos ornamentais ou no skate.
Acariciar alguém, pintar um quadro, dançar uma valsa, também são exemplos
desse magnífico controle que temos sobre os músculos. Ações inconscientes, como
controlar o fluxo sanguíneo para nossos órgãos, arrepiar os pelos ao sentir frio,
regular o foco da visão, ou simplesmente sorrir são possibilitadas pela ação dos
nossos músculos.
fisiologia humana, estuda-se o homem em todos os ângulos, especificamente
as células, os tecidos, os órgãos e os sistemas do organismo, interações que
promovem e como funcionam para que haja vida.
Curiosamente, a fisiologia humana é um assunto que sempre interessou o
homem. Existem registros que apontam que esse tema era estudado na Antiguidade
Clássica por Claudio Galeno, um médico romano.
Galeno realizava experimentos em macacos, porque a dissecação humana
não era lícita, e suas anotações e pesquisas foram pioneiras nesse segmento,
influenciando fortemente a medicina ocidental até que estudos mais modernos
fossem realizados.

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CINESIOLOGIA
Figura 2

Fonte: Google

A cinesiologia é um assunto de alto grau de complexidade, pois envolve


conhecimentos nas áreas de anatomia, fisiologia, física, química e biomecânica.
Esse tema traz como principal objetivo estudar o movimento humano em sua
totalidade, especificando e especializando as estruturas que realizam os
movimentos, tais como a musculatura, as estruturas ósseas, as articulações, os
tecidos moles presentes nas articulações, as fáscias, tendões, ligamentos e
demais estruturas que possam estar envolvidas com a execução do movimento
em qualquer plano e eixo.
Devido ao seu aprofundamento, a cinesiologia é estudada em sua
multidisciplinariedade, fazendo assim com que os movimentos executados pelo corpo
humano sejam melhor compreendidos, buscando seus mecanismos de ação junto às
forças internas e externas que atuam para tal execução, podendo assim entender as
limitações de cada estrutura articular ou membro, assim como também pode-se ter a
visão preventiva em relação a lesões. Ao longo da história, percebeu-se que apenas

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descrever o movimento não era suficiente, necessitando assim de maiores
esclarecimento e complementação de estudos. A partir dessa necessidade, a
cinesiologia acabou se complementando com a biomecânica, que trata de assuntos
relacionados à área da física, trazendo assim informações importantes quanto à
execução dos movimentos, planos utilizados e também mecanismos de lesão que
podem ser executados pelo indivíduo.
Os estudos que complementam a cinesiologia envolvem os seguintes aspectos:
 A biomecânica quando determina as forças internas relacionadas as músculos
e articulações e o resultado dessas forças (tensões geradas sobre as estruturas).
 A biomecânica que determina as forças externas quando relacionadas à
quantidade e qualidade na mudança de posicionamento do corpo humano,
descrevendo assim as medidas cinemáticas e dinâmicas.
 Cinemetria: grupo de parâmetros que estuda os movimentos através da aquisição
de imagens onde a execução facilitará a realização de cálculos através da posição,
orientação, velocidade e aceleração do corpo ou do segmento a ser analisado.
 Dinamometria: todos os dados referentes as medidas de força e distribuição de
pressão são utilizadas para especificar o movimento em questão. Podem-se obter tais
dados através de plataformas de força, dinamômetros isocinéticos e transdutores de
força.
 Eletromiografia: responsável por captar sinais elétricos responsáveis pela
ativação muscular durante o episódio de recrutamento e contração muscular. Os
dados necessários para a análise são coletados através de eletrodos posicionados
sobre os pontos específicos da musculatura que resultarão nos sinais necessários
para estudo.
 Antropometria: determina as características e propriedades do organismo como
sistema locomotor com informações como dimensões, formas dos segmentos,
distribuição de massa, alavancas e demais dados necessários para os cálculos de
forças internas onde a estrutura é recrutada para execução.
A fisioterapia acaba tendo um grande aliado no estudo do movimento, uma vez
que a cinesiologia abrange conhecimentos muito mais complexos do que apenas
observar o movimento humano, mas sim entende-lo em sua totalidade, descrevendo-
o com detalhes minuciosos afim de entender sua funcionalidade e possíveis
mecanismos de lesão. A partir da compreensão de todos os campos envolvidos nos
estudos da cinesiologia, o profissional pode identificar, analisar e planejar

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procedimentos terapêuticos de acordo com as informações oferecidas através de tais
conhecimentos, facilitando assim a sua atuação, diagnóstico e tratamento adequados.

2.1 O que é Cinesiologia e Por Que Estudá-La

Afinal, o que é cinesiologia? Os mais íntimos dessa área a chamam de


“cinésio”, então, cinésio se trata de uma área científica do estudo do movimento
humano, porém um estudo mais analítico, mais criterioso do ponto de vistacientífico,
e como se trata de executar essa análise com relação ao movimento humano.
Obviamente, toda a ênfase se encontra na relação osso x músculo (esquelético) x
articulação paralela à ação das forças internas e externas e posicionamento corporal.
Você deve estar se perguntando: “Qual é a diferença da biomecânica para a
cinésio?”. Ambas estudam o movimento humano, isso é fato, mas a diferença se
encontra exatamente na perspectiva que cada área estuda. A biomecânica tem uma
perspectiva voltada para a relação da execução do movimento com a produção de
força (e como esta foi gerada) e resistência aplicada, já a cinésio tem uma perspectiva
mais geral do movimento humano com um ponto de vista científico, ou seja, observa
os músculos que participaram do movimento, o movimento desses músculos, as
forças externas, o tipo de movimento com relação à gravidade etc., inclusive a cinésio
se engloba em áreas, como fisiologia, anatomia, entre outras. Apesar de serem
distintas, uma depende da outra para um bom entendimento.

Figura 2: Esta Imagem Representa Uma Análise Científica Do Estudo De Um Determinado


Movimento

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Fonte:https://www.researchgate.net/publication/228328311_Desenvolvimento_
de_um_recurso_de_realidade_virtual_para_o_Ensino_a_Distancia_de_cinesiologia_das_articulacoes
_do_membro_superior/figures?lo=1&utm_ source=google&utm_medium=organic.
2.2 História da Cinésio

Como supracitado, para o homem sobreviver durante a Pré-História, ele


dependia do movimento e esse fator sempre foi de grande interesse para estudos de
cientistas de épocas passadas. Esses estudiosos, além de cientistas, eram também
físicos, filósofos e fisiologistas que tiveram um grande papel na sociedade. Estes
sempre correlacionaram o movimento humano com diversos fatores que na época
eram limitados com relação a informações, como a complexidade das alavancas
motoras, toda a mecânica corporal, o funcionamento dos organismos vivos, a
anatomia e a fisiologia humana.
Podemos dizer que todo esse interesse e descoberta sobre o estudo do
movimento partiu de dois homens bem famosos: Aristóteles (o pai da cinésio) e
Galeno. Você pensava que eles eram só filósofos? Eles eram gênios em suas épocas
e os primeiros registros que se têm na área levam seus nomes.
O primeiro (Aristóteles) era grego e iniciou os estudos do movimento através
da análise funcional dos músculos envolvidos na marcha dos animais, logo em
seguida identificou as alavancas mecânicas como alavancas anatômicas que atuam
no homem, isso tudo entre 384-322 a.C. O segundo (Galeno 131-201 d.C.) estudou a
contração muscular e constatou que as artérias conduziam sangue ao invés de ar,
como pensava-se, além de identificar que alguns ossos possuíam medulas e outros
não. Seus estudos anteciparam uma época chamada de Idade das Trevas, ou Idade
Média, e durante todo esse período, aproximadamente mil anos, não houve avanços
científicos consideráveis (PORTELA, 2016; DOBLER, 2003). Após a Idade das
Trevas, entramos numa época conhecida como o Renascimento, e é nesse momento
que nosso patrono aparece com outros estudiosos que também apresentaram
contributos importantes para a evolução humana e científica, consequentemente, para
a história da cinésio.

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Figura 3: Aristóteles

Fonte: https://lh3.googleusercontent.com/proxy/hBo83Hgkp2k-d9CjiSPPQ6gSz-
O9ppyTEYq8S14jsih2KKu_U4HtIpZyvKLzNkytqtgVBeCO39vDsZAqUrAYpGnMgDbCqfVacEECxdXTJ
_ fQH0WhTo3WI0-aeNTRVkPznDyDQ=s0-d.

Figura 4: Galeno

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f5/ Galen_detail.jpg/540px-


Galen_detail.jpg.

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Durante o Renascimento, por volta do ano de 1200, começaram a surgir
universidades pela Europa, sendo que em 1500 já existiam por volta de setenta
instituições (já parou para analisar que no ano de 1200, quando surgiram as primeiras
universidades, o Brasil nem sonhava em ser descoberto?). É por isso que essa época
se chama Renascimento, pois com a criação e o desenvolvimento dessas instituições
educacionais, a dedicação e a razão do conhecimento científico “RENASCERAM”.
Vários estudiosos dessa época contribuíram para esse renascimento,
consequentemente, para a cinésio, dentre eles, Leonardo da Vinci.

Figura 5: Leonardo Da Vinci

Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/wp-content/uploads/2019/03/ estatua-de-leonardo-da-


vinci.gif.
Considerado como um gênio do Renascimento, da Vinci (1452-1519) era artista
(pintor, escultor, músico) cientista (fisiologista, anatomista, mecânico) e engenheiro
(arquiteto), seu maior interesse de estudo era a estrutura física humana com o foco
maior na ação gravitacional no desempenho, equilíbrio e centro de resistência do
corpo humano. Segundo alguns registros, da Vinci foi o primeiro a analisar e “publicar”
(no sentido de registrar) cientificamente a marcha humana. Esse interesse na marcha
humana por da Vinci se deve à intenção de mostrar que vários tipos de músculos
participam dessa ação simultaneamente, paralelo ao tipo de movimento que esses
músculos realizam. Para isso, ele utilizou cordas como substitutos dos músculos, as
colocou fixas em um esqueleto, respeitando a origem e a inserção exata que cada
músculo possuía, e executou o movimento de marcha com esse esqueleto como se

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fosse um boneco de ventríloquo, tendo uma visão analítica do movimento e
aproveitamento muscular. Além disso, trabalhou com dissecação de cadáveres e
produziu mais de duzentos desenhos relacionados à anatomia humana. Apesar de
todos esses trabalhos terem sido registrados, quando ainda era vivo, poucas pessoas
na época acompanharam e aproveitaram suas publicações, pois a linguagem utilizada
era muito difícil para pessoas leigas, por isso, só depois de 300 anos de sua morte
que seus trabalhos foram real e amplamente utilizados.

Figura 6: Um dos desenhos mais famosos de da vinci com relação à anatomia, este representa
a postura corporal

Fonte: http://www.sabercultural.com/template/especiais/fotos/ Leonardo-da-Vinci-Anatomia-


Foto07.jpg.

Além de da Vinci, outros estudiosos também contribuíram para a evolução da


ciência e para o estudo da cinésio na época do Renascimento em diante, como Galileu

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Galilei (1564-1642); Alfonso Borelli (1608-1679); Isaac Newton (1642- 1727); James
Keill (1673-1719); William Cheselden (1688-1752); Marie François Bichat (1771-
1802); EadweardMuybridge (1830-1904); Étienne-Jules Marey (1830-1904); Jules
Amar (1879-1935) (RASCH; BURKE, 1977).

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VARIAÇÕES DE POSICIONAMENTO POSTURAL

Como parte da análise científica de um movimento, é importante sabermos


também as diferentes posições do corpo com relação ao centro gravitacional, pois
estes são pontos de referências em determinadas descrições, por isso esta seção
será focada nos posicionamentos e orientação, planos e eixos do corpo e sua relação
com o centro gravitacional do planeta e do corpo.
Iniciaremos pela orientação corporal, que são duas, a posição anatômica, que
é uma posição mais utilizada para análises de estudo. Nesse caso, a pessoa se
encontra em pé, ereta, com as pernas e os braços ligeiramente afastados e com a
palma da mão para frente. Já a posição fundamental é mais natural, semelhante à
posição anatômica, porém, os braços são encostados no corpo com as mãos viradas
para o corpo, esta usamos mais no nosso cotidiano. Na figura a seguir pode-se ver
como são essas posições.
Figura 7: Orientação corporal com a posição anatômica e fundamental

Fonte: https://files.passeidireto.com/a38d20b0-2388-4652- 8b03-57be0ea024d6/bg2.png.


Tudo que está em nosso planeta sofre a ação da gravidade, certo? A gravidade
é uma força física que a Terra exerce sobre todos os corpos, no seu respectivo centro,
daí a expressão centro gravitacional da Terra. Portanto, essa força gravitacional
permite que fiquemos em pé e nos locomovemos, porém, para isso acontecer existe
uma relação entre equilíbrio corporal e o nosso centro de gravidade, pois é, nós
também possuímos um centro gravitacional.

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3.1 Centro Gravitacional e Equilíbrio Corporal

Vamos relembrar alguns conceitos? Começaremos falando do equilíbrio,


que é uma qualidade física essencial para as nossas vidas, afinal, sem ele não
conseguiríamos sequer ficar em pé, isso significa que o equilíbrio, além de
promover a manutenção da posição e dos segmentos corporais em relação a
eles mesmos e ao ambiente, também promove o equilíbrio de nossa postura,
quando ocorre a interação entre as forças que agem no nosso corpo na busca
de um equilíbrio corporal durante algum movimento (HORAK, 2006).
Quando falamos de modalidades esportivas, elas podem ser cíclicas (que
contêm movimentos mais simples e contínuos) ou acíclicas (que contêm movimentos
mais complexos e em diversas direções, intermitentes), porém, não só nas
modalidades esportivas possuímos esses tipos de movimentos, todo corpo humano
possui movimentos simples e complexos, e para que eles ocorram, é preciso que haja
equilíbrio. Nesses casos de diferentes movimentos, também se sugere diferentes
formas de equilíbrio, são eles:
Equilíbrio estável: é aquele que se mantém por um longo período de tempo
sem alteração na estabilidade corporal, por exemplo, uma pessoa caminhando numa
esteira na academia, na mesma velocidade durante um bom tempo.
Equilíbrio instável: sabe aquela situação em que a pessoa está tentando
andar em um meio-fio e constantemente ela se desequilibra e corre o risco de cair?
Esse intervalo de tempo bem rápido em que ocorre o desequilíbrio é o equilíbrio
instável.
Equilíbrio recuperado: este se encontra entre o equilíbrio estável e instável.
É uma alternativa de uma nova posição (quantas vezes forem necessárias) para
retomar o mínimo que seja de equilíbrio. Por exemplo, quando estamos andando e de
repente escorregamos e mudamos nossa posição para recuperar o equilíbrio.
Seguindo essa linha de conceitos, quem nunca ouviu esse termo em um
esporte: “Mantenha essa base” ou em um combate de judô, por exemplo: “não troque
de base”. Essa posição (postura) de estar com uma “base” significa que estamos
equilibrados (estavelmente) em relação ao centro gravitacional do planeta paralelo ao
do nosso corpo, contudo, quando nos encontramos momentaneamente “fora de base”
ocorre o oposto, ou seja, não há uma combinação entre postura, equilíbrio e centro

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de gravidade. O campo gravitacional do nosso planeta exerce uma força-peso
diretamente no centro gravitacional de nosso corpo, essa força-peso ocorre devido à
aceleração da gravidade que mantém ou altera o nosso equilíbrio. No corpo humano,
a coluna vertebral sustenta grande parte do peso corporal devido a sua flexibilidade e
resistência mecânica, suportando as alterações de cargas e sempre buscando a
estabilidade para a realização dos movimentos. Na figura a seguir pode-se ver a
diferença de um corpo em equilíbrio estável e instável em relação a sua base e ao
centro gravitacional.

Figura 8: Exemplo de Equilíbrio Estável e Instável de um Corpo em Relação a sua Base e ao


Centro Gravitacional

Fonte: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/wp-content/ uploads/2017/08/f2-equilibrio-do-


corpo.jpg.

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Todo movimento do corpo humano precisa de estabilidade para ser realizado.
Os tipos de equilíbrios supracitados (estável, instável e recuperado) fazem parte de
duas classificações mais globais de equilíbrio, que são: equilíbrio dinâmico (em
movimento) e o equilíbrio estático (parado).
Como comentamos anteriormente, há uma relação entre equilíbrio e centro de
gravidade, esta relação nos mantém estabilizados para realizar os diversos
movimentos. Acabamos de ter uma rápida noção conceitual de equilíbrio e agora
faremos o mesmo com relação ao centro de gravidade. Este é um ponto que alguns
chamam de ponto de equilíbrio, é um ponto único no nosso corpo, centralizado onde
todo o resto do corpo (seu peso) se encontra igualmente distribuído em todas as
direções. É exatamente nesse ponto que ocorre a aceleração da gravidade (força
peso), e adivinhe onde fica esse ponto? Quando estamos equilibrados, esse ponto se
encontra onde todas as linhas de eixo corporal (transverso, sagital e frontal, falaremos
desse assunto a seguir) se cruzam, próximo à cicatriz umbilical. Vale ressaltar que as
mulheres possuem o centro gravitacional um pouco mais abaixo que os homens.

Figura 9: Localização do centro de gravidade em diferentes posições do corpo e de objetos

Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-g9pXuPWfpb8/V2LmYqlMS-I/AAAAAAAAAGY/
anu0a6YyW_MB4ZjJXSoGz8CAJiv5R4rvwCLcB/s1600/CG.png.

Na figura anterior observa-se que o centro de gravidade do corpo humano pode


se encontrar em lugares diferentes de acordo com o tipo de posicionamento e
movimento. Quando o corpo se encontra em equilíbrio estável e há um centro de

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gravidade definido, traça-se uma linha gravitacional, relacionando a gravidade do
planeta, o ponto de gravidade do corpo e a base. Alguns fatores, além de postural e
movimento, podem também alterar o centro de gravidade do copo, como a idade, a
composição corporal (seja no aumento de volume muscular e/ou distribuição da
massa corporal), a expiração/inspiração etc.
A figura também apresenta imagens de objetos com seus respectivos centros
de gravidade, nesses casos, quando o objeto respeita uma total simetria (quadrado,
círculo, retângulo) em sua forma e seu peso é igualmente distribuído, o centro de
gravidade se encontra no centro geométrico do objeto, já nos objetos assimétricos
(formato irregular), o ponto de gravidade se localizará onde as linhas referentes ao
diâmetro, à altura e às linhas diagonais se cruzam.

3.2 Planos e Eixos de Orientação do Corpo

Agora que entendemos essa relação entre equilíbrio e centro gravitacional,


você se lembra de que foi comentado que a localização do ponto do centro de
gravidade envolve o cruzamento das linhas dos três planos da orientação do corpo?
Conhecer esses planos de orientação e consequentemente seus eixos, é essencial
para entendermos, analisarmos e descrevermos um movimento do ponto de vista
cinesiológico. Os planos de orientação correspondem às dimensões espaciais em que
ocorrem os movimentos com relação ao ambiente. São três: plano sagital, transversal
e frontal.
Observando uma pessoa em pé posicionada em nossa frente, o plano sagital é
aquele que corta o corpo humano em duas partes iguais, produzindo o lado direito e
o lado esquerdo; o plano transversal corta o corpo no meio, dividindo em duas partes,
sendo parte superior e parte inferior, é um corte horizontal; e o plano frontal corta o
corpo lateralmente de maneira vertical, dividindo-o entre parte da frente (anterior) e
parte de trás (posterior), esse plano também é conhecido como plano coronal.
Ao visualizarmos os planos de orientação do corpo (Figura 9), podemos
observar também os seus eixos, que são as linhas perpendiculares que cortam esses
planos, são eles: o eixo bilateral, que é o eixo que permite o movimento de flexão e
extensão, como a articulação do cotovelo, com uma visão horizontal perpendicular ao
plano sagital, esse eixo também é conhecido como eixo crâniopedal, horizontal ou
transversal; eixo vertical, que possibilita o movimento de rotação medial e lateral,

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como a articulação do ombro, visualiza o corpo de cima para baixo, perpendicular ao
plano transversal; e o eixo anteroposterior, o próprio nome já sugere, este possibilita
o movimento adução e abdução, como a articulação do quadril, segue a linha sentido
anterior posterior do corpo, sendo perpendicular ao plano frontal. Na figura a seguir,
pode-se ver com clareza o posicionamento dos planos e eixos do corpo.

Figura 10: Planos e eixos do corpo

Fonte: https://i1.wp.com/enfermagemcomamor.com.br/wp-content/uploads/2018/04/ Sem-


T%C3%ADtulo-1.png?fit=658%2C494.

Cada plano de orientação permite a análise e a observação de respectivos


movimentos, são movimentos fundamentais como: no plano frontal visualizamos
movimentos, como adução, abdução, hiper abdução e flexão lateral; no plano
transverso visualizamos as rotações esquerda, direita, medial, lateral, a pronação e a
supinação; e no plano sagital visualizamos além da flexão e da extensão, como
supracitado, a hiperextensão e a hiper flexão.

Figura 11: Exemplos de movimentos fundamentais com relação aos planos e eixos de
orientação corporal

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Fonte: http://md.intaead.com.br/geral/cinesiologia/img/img8.png. Acesso em: 2 jul. 2019.

CINESIOLOGIA FUNCIONAL MUSCULAR

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Quando analisamos um movimento, cinesiologicamente falando, muitas vezes
o único recurso que temos é o recurso visual e, assim, tentamos modificar algo em
um movimento para otimizar seu desempenho e aumentar sua eficácia. Obviamente,
a análise biomecânica e cinesiológica de um movimento pode ser da maneira mais
sofisticada e tecnológica possível, na qual requer diversos aparelhos dentro de um
laboratório, ou de uma maneira mais simples e real, de acordo com o nosso cotidiano.
Claro que cada particularidade de estudo envolve profissionais mais capacitados para
tal, no nosso caso, conseguir fazer uma análise de maneira simples com os
conhecimentos básicos conceituais já é o suficiente para melhorarmos o desempenho
de um atleta, corrigir um aluno e promover uma melhor qualidade de vida em
praticantes de exercícios. A partir desses conhecimentos e do objetivo de cada um,
cabe seguir o caminho da especialização específica para uma atuação excepcional.
Na cinésio podemos executar uma análise de maneira dedutiva ou indutiva.
Analisar de maneira dedutiva significa observarmos um movimento específico e suas
características baseado em um critério previamente definido, por exemplo:
escolhemos como critério a correção postural de um praticante de musculação,
solicitamos que o indivíduo faça um trabalho de remada curvada, então será analisado
o movimento da remada visando à correção da postura durante esse exercício, ou
seja, como esse movimento deve ser feito para se manter a postura correta. Já na
análise indutiva avaliamos o que é preciso para melhorar o desempenho de um
movimento, ou seja, significa analisar “o que fez” aquele movimento específico
escolhido ter melhor eficácia. Usando o exemplo da remada curvada, a análise
indutiva responderia à questão: “O que é possível fazer para essa remada ser
executada da melhor maneira?”.
Enfim, o tipo de análise dependerá do tipo de objetivo proposto, correção
estrutural ou aumento da performance, contudo, em ambas devemos ter um
conhecimento apurado da cinesiologia, considerar o princípio da individualidade e
especificidade e utilizar bases teóricas cientificamente provadas com criatividade para
a aplicação. Portanto, para analisarmos um movimento completo, devemos: dividir
esses movimentos em partes; cada parte deve possuir a descrição da atuação
articular e muscular; e definir quais critérios devem ser avaliados com relação ao
movimento escolhido.
4.1 Movimentos da Parte Superior do Plano Transverso Corporal

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Visando à parte superior do corpo em relação ao plano transverso, ela é
composta pelos movimentos da cintura escapular, dos ombros, dos cotovelos e da
coluna. Começando pelo movimento da cintura escapular (composta pelas escápulas
e clavículas), podemos dizer que esta é uma estrutura extremamente instável, porém
produtora de movimentos complexos, e toda sobrecarga imposta sobre ela será
transferida através da musculatura local para a coluna. Os movimentos oriundos
dessa estrutura têm origem na escápula, na qual a clavícula se movimenta apenas
para ajudar a escápula a se posicionar em relação à caixa torácica, seus movimentos
se resumem em rotação para cima e para baixo, retração, prostração, elevação e
depressão. No quadro a seguir, serão apresentados os músculos que participam do
movimento da cintura escapular, com sua origem, inserção e ação.
Tabela 1

Fonte: https://www.auladeanatomia.com/novosite/.

Figura 12: Imagem dos músculos que atuam no movimento da cintura escapular e do ombro

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Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-XLzD4w16uQc/ TtrdlYyC4_I/AAAAAAAAALE/7u3eIIk4cCA/s1600/
OMBROEESC%25C3%2581PULA.jpg.

Subsequentemente, unida à estrutura da cintura escapular, apresentaremos os


movimentos do ombro, que apesar de ser uma estrutura diferente, acaba compondo
e sendo composta por alguns elementos da cintura escapular, como no caso, a
escápula (ligação do úmero à cavidade glenoide), onde ocorre a estabilização dessa
articulação devido aos ligamentos unirem o úmero ao acrômio e processo coracoide
e, consequentemente, também pela clavícula, fazendo dela a articulação mais móvel
do corpo humano. Ela executa os movimentos de flexão e hiperflexão, extensão e
hiperextensão, abdução, adução, rotação (lateral e medial), adução horizontal e
abdução horizontal. Na Figura 11, juntamente à musculatura da cintura escapular,
podemos também visualizar os músculos da articulação do ombro. Na figura e no

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quadro a seguir, pode-se observar a estrutura articular do ombro e os músculos
participantes.

Figura 13: Articulação do ombro com seus componentes

Fonte: http://saude.culturamix.com/medicina/conheca-a-cinesiologiada-articulacao-do-ombro.

Tabela 2: principais músculos envolvidos no movimento do ombro, com suas origens,


inserções e ações

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Fonte: https://www.auladeanatomia.com/novosite/.

Conheceremos agora os movimentos do cotovelo (flexão, extensão pronação


e supinação). Antes de apresentarmos os músculos participantes do movimento do
cotovelo, vale ressaltar que ao contrário do que parece, não existe apenas uma
articulação no cotovelo, mas, sim, três articulações, sendo elas as articulações
umeroulnar, umerorradial e radioulnar. Essas três articulações permitem que o
cotovelo tenha uma amplitude mediana de 150 graus limitada pela extensão e flexão.

Tabela 3: principais músculos no movimento do cotovelo, com suas origens, inserções e


ações

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Fonte: https://www.auladeanatomia.com/novosite/.

Apesar de ser uma estrutura estável, devido a sua mobilidade e ao uso de


complementos externos com sobrecargas (sacolas de mercado, bolsas, raquete,
tacos, entre outros) paralelo a grandes alavancas impostas, apresenta um grande
risco de lesão.

Figura 14

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Não precisamos mencionar aqui a importância que a mão exerce na vida do
ser humano e obviamente nos movimentos cotidianos e nas modalidades esportivas,
não é?
A mão e o punho possuem uma estrutura dimensional pequena, contudo, com
uma complexidade funcional extrema, possuindo 33 músculos e 27 ossos, que são
unificados por 24 articulações e executam movimentos de flexão, extensão, abdução,
adução e circundução. É claro que não apresentaremos aqui todos esses
componentes, lembre-se de que a ideia é apenas conhecer os principais músculos e
seus movimentos para termos uma análise cinesiológica mais contundente.
Falaremos agora sobre os movimentos da coluna, estes se resumem em flexão
e extensão da lombar e da cervical, flexão lateral e rotação. A coluna tem algumas
particularidades, além de ser composta por 33 vértebras, estas iniciam pela cabeça,
sendo estruturalmente menores do que as vértebras que terminam no quadril
(lombar), isso porque a maior carga (peso) é sustentada por essa região, além disso,
algumas partes da coluna explicam sua anatomia e ação em função da adaptação e
do funcionamento fisiológico, como é o caso das vértebras torácicas, que executam

25
uma flexão menor para não comprimirem os órgãos. Outra particularidade é que entre
as vértebras existem os discos intervertebrais, que estão ali para ajudar na
movimentação e proteger o contato de uma vértebra com a outra.

Figura 15: visão dos músculos da parte posterior/superior do corpo

Fonte: https://www.auladeanatomia.com/upload/site_pagina/ dorsosuperficial.jpg?x73193.

4.2 Movimentos da Parte Inferior do Plano Transverso Corporal

Dando sequência à apresentação específica dos movimentos corporais por


região, iniciaremos agora a parte inferior do corpo no que diz respeito ao plano

26
transverso de orientação corporal. Esta parte se resume aos movimentos da pelve,
joelho e tornozelo, envolvendo os seguimentos da coxa, perna e pé.
Iniciaremos pelos movimentos da cintura pélvica e coxa, formada por dois
ossos ilíacos subdivididos em osso ílio, ísquio e púbis. Essa região executa
movimentos de extensão, flexão, adução, abdução e rotação (lateral e medial) do
quadril, coxa e joelho, oferecendo também apoio com relação aos movimentos do
tronco e fazendo a ligação com os membros inferiores, ou seja, une o esqueleto
apendicular (nesse caso os membros inferiores) ao esqueleto axial (que é composto
pelo crânio, caixa torácica e coluna) através de músculos biarticulares, por isso, nessa
parte da descrição dos músculos e seus movimentos, serão denotados os principais
músculos responsáveis pelo movimento do quadril, da coxa, do joelho, da perna e do
pé.
Subsequentemente, o joelho é considerado uma estrutura complexa, apesar de
seus movimentos serem simples (flexão extensão e rotação (lateral e medial)), isso
porque além de unir o fêmur a outros dois ossos (tíbia e fíbula) através de uma cápsula
articular composta por meniscos e ligamentos, toda força imposta ao corpo e recebida
na coluna é direcionada aos joelhos, assim como todo impacto sofrido nas atividades
mais simples, como uma corrida ou caminhada, também causa repercussão nos
joelhos.
A estrutura do tornozelo e do pé, assim como a da mão, é composta por uma
grande variedade de componentes de diversos tamanhos, possui 26 ossos unidos por
33 articulações, essas articulações pertencem a cinco complexos articulares
(talocrural, interfásicas, tarsometatársicas, metatarsofalângicas e interfalângicas),
onde ocorrem vários movimentos articulares simultaneamente, dando origem aos
movimentos conjuntos chamados: dorsiflexão, flexão plantar, inversão e eversão. É a
área de ligação do corpo com a base (com o chão), logo, há todo um equilíbrio e
formação para distribuir o peso do corpo de acordo com a realidade do sujeito
(andando, correndo, saltando).

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Figura 16: vista anterior de alguns músculos que atuam nos movimentos do quadril e dos
membros inferiores

Fonte: https://powerandworks.files.wordpress.com/2011/10/ quadriceps.jpg..

Agora que tivemos acesso a um breve entendimento das regiões funcionais do


nosso corpo e alguns músculos que participam dos principais movimentos, podemos
entender como somos capazes de produzir movimentos simples e complexos;
obviamente, o treinamento dessas áreas resultará na potencialização dos
movimentos, seja com maior força ou velocidade, além, é claro, de contribuir para uma
melhor saúde corporal. Ao conseguirmos observar um determinado movimento de
alguma modalidade com um olhar mais científico, estamos aplicando a cinesiologia,
mesmo que de maneira simples. Agora, para finalizar este capítulo, aprenderemos

28
alguns outros fatores que devemos saber para aplicar a cinesiologia, visando ao
desempenho no exercício e no esporte.

Tabela 4: os movimentos com seus respectivos planos e eixos anatômicos

FONTE: Adaptado de Hay e Reid (1996)

29
FISIOLOGIA

A Fisiologia é o ramo da Biologia dedicado à compreensão do funcionamento


de um organismo, sendo responsável por desvendar todos os processos físicos e
químicos envolvidos na manutenção da vida. Estudar a fisiologia dos seres vivos é
extremamente importante, pois não basta saber, por exemplo, quais são os órgãos
que compõem um organismo, é fundamental compreender todo o seu funcionamento
e as atividades desenvolvidas por cada uma dessas estruturas.
Para compreender a Fisiologia é necessário ter conhecimento básico de várias
áreas da Biologia, tais como Anatomia, Morfologia, Biologia
Celular, Bioquímica, Ecologia e Biofísica. Isso se faz necessário, pois todas essas
áreas estão interligadas, e o funcionamento de um organismo está relacionado com
processos que ocorrem em vários níveis de organização.

Figura 17: A circulação sanguínea

Fonte: Google

5.1 Fisiologia Humana

A fisiologia humana preocupa-se com o entendimento do funcionamento


do corpo humano, integrando, desse modo, conhecimentos químicos, físicos e, é
claro, anatômicos. Essa área estuda desde as células até os sistemas que compõem

30
o corpo. Dentre os processos estudados nessa área, podemos citar a digestão, a
excreção, a circulação e a respiração.

Figura 18: Na fisiologia humana, estuda-se o funcionamento do corpo humano.

Fonte: Google.

Quando compreendemos a fisiologia humana, entendemos o funcionamento


correto do organismo e, com isso, torna-se mais fácil entender alterações nesse
funcionamento e criar métodos que façam com que o corpo retorne ao equilíbrio.
Podemos concluir, portanto, que essa área é extremamente importante no campo da
medicina.
A fisiologia é o ramo da Biologia que estuda o funcionamento dos organismos
vivos.
A palavra fisiologia é de origem grega e deriva de physis “natureza”
e logos “estudo, conhecimento”.
A fisiologia envolve a compreensão das funções de células, tecidos, órgãos e
sistemas de organismo, bem como a interação entre eles e a importância para a
sobrevivência.
Para isso, a fisiologia trata do estudo das múltiplas funções químicas, físicas e
biológicas que garantem o adequado funcionamento dos organismos.
A compreensão do funcionamento dos organismos vivos sempre despertou a
curiosidade e interesse dos cientistas. Os primeiros estudos sobre fisiologia foram
desenvolvidos na Grécia, há 2.500 anos atrás.

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A fisiologia pode ser classificada conforme o seu objeto de estudo. A Fisiologia
Animal estuda o funcionamento dos organismos animais. Nessa área encontra-se a
Fisiologia Humana, voltada aos seres humanos.
Enquanto isso, a Fisiologia Vegetal se concentra nos vegetais. Assim, é
considerada como um ramo da botânica que estuda os processos que ocorrem em
plantas e de suas respostas às variações do meio ambiente.

Fisiologia Humana
O organismo humano é constituído de diversas partes, que em conjunto
garantem o seu funcionamento adequado.
O nível de organização do organismo humano é o seguinte: moléculas -
células - tecidos - órgãos - sistemas - organismo. Todos os níveis trabalham de
modo integrado, através de variadas e numerosas reações químicas.
No estudo da fisiologia humana, deve-se reconhecer o nível de organização do
organismo:
 As moléculas são fundamentais para que ocorram as reações químicas e atuam
em nível celular;
 A célula é a menor unidade estrutural e funcional;
 Os tecidos são grupos de células semelhantes que realizam uma função particular;
 Quando diferentes tipos de tecidos estão unidos, formam os órgãos com funções
específicas e, geralmente com uma forma reconhecível;
 Um sistema consiste de órgãos relacionados que desempenham uma função
comum;
 Todos os sistemas funcionando de modo integrado compõem o organismo, um
indivíduo.

Fisiologia Vegetal
A fisiologia vegetal estuda todos os organismos vegetais e suas interações com
o ambiente (solo, clima, interações ecológicas).
Os vegetais também apresentam nível de organização composto por:
moléculas - células - tecidos - órgãos - sistemas e organismo. Essa organização, em
conjunto com as reações químicas, são fundamentais para o crescimento e
desenvolvimento das plantas.

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Entre os processos fisiológicos que garantem a sobrevivência dos vegetais,
destacam-se: fotossíntese, respiração, germinação e o transporte de água e
nutrientes.

Homeostase
A homeostase é intimamente relacionada com a fisiologia. É definida como a
capacidade do organismo em manter o seu ambiente interno em condição estável,
tanto em ritmo, como em composição química.
A homeostase garante um estado de independência relativa do organismo em
relação às oscilações do ambiente externo. Com isso, o organismo pode realizar suas
funções celulares, teciduais e dos sistemas, no momento, local, intensidade e duração
adequados.
Um exemplo de homeostase no organismo humano é o controle da temperatura
corporal. Em condições normais, a temperatura é por volta de 37º C, garantindo que
as funções do organismo ocorram normalmente.
Porém, um aumento da temperatura pode provocar alterações no
funcionamento de algumas atividades metabólicas. Assim, o corpo produz suor na
tentativa de resfriar e retornar a temperatura adequada.

5.2 Fisiologia Humana: Como o Organismo é Formado

Figura 19: fisiologia humana

Fonte: Google

33
De acordo a fisiologia humana, o organismo do homem é constituído de
diferentes partes, que juntas garantem seu correto funcionamento. Ao todo, são seis:
1. Moléculas
As moléculas são consideradas estruturas fundamentais para que haja
reações químicas e o organismo consiga se formar e desenvolver suas funções com
excelência.

2. Células
As células são as menores unidades estruturais e funcionais de cada
organismo. Todo o corpo humano é composto por elas, que desempenham funções
diferentes.
3. Tecidos
Os tecidos se caracterizam por serem pequenos ou grandes agrupamentos
de células que se assemelham e se unem para realizar uma função específica para
o corpo.
4. Órgãos
Os órgãos representam a união de diferentes tecidos, de maneira a formar
estruturas que possuem funções particulares e são facilmente reconhecidas, seja
visivelmente ou por exames.
5. Sistema
O sistema ocorre quando órgãos relacionados e que desempenham papéis
semelhantes se unem para exercer uma função comum. Um ótimo exemplo disso
é o sistema digestivo.
6. Organismo
O organismo nada mais é que a junção de todos os órgãos funcionando de
maneira integrada, de modo a formar um indivíduo/ser humano. Quando se fala em
organismo, pensa-se sempre órgãos conectados, garantindo a vida.

5.3 Sistemas da Fisiologia Humana

Um dos principais temas estudados na fisiologia humana são os sistemas,


porque eles realizam atividades vitais, ou seja, que proporcionam e garantem a vida.
E quais seriam esses sistemas? Conheça os principais, a seguir:

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1. Sistema digestivo
Trata-se do sistema que atua na digestão de alimentos, extraindo deles
nutrientes essenciais para que o organismo consiga funcionar plenamente. Esse
sistema é composto por boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos delgado e
grosso, reto e ânus.

Figura 20: sistema digestivo.

Fonte: Google

2. Sistema respiratório
É composto por órgãos que realizam os processos de inspiração e expiração,
assegurando o correto fluxo de ar no organismo, o que garante o funcionamento.

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Esse sistema é composto por pulmões (protegidos pela caixa torácica) e vias
respiratórias, contemplando cavidade nasal, boca, faringe, laringe, traqueia,
brônquios, bronquíolos e alvéolos pulmonares.

Figura 21: sistema respiratório

Fonte: Google

3. Sistema cardiovascular
É formado por artérias, veias e vasos capilares, bem como
coração. Também é chamado de sistema circulatório, sendo responsável pela
movimentação do sangue pelo corpo, de modo a transportar oxigênio e nutrientes
aos órgãos.

Figura 22: sistema cardiovascular

36
Fonte: Google

4. Sistema nervoso
O sistema nervoso é composto por encéfalo e medula espinhal, nervos
cranianos e raquidianos, tendo como responsabilidade a captação, a interpretação e
o encaminhamento aos órgãos de sinais/mensagens, fazendo com que funcionem. É
graças a esse sistema que podemos nos movimentar.

Figura: Sistema nervoso central

37
Fonte: Google

5. Sistema endócrino

É o responsável por produzir hormônios que atuam na regulação do


metabolismo, no desenvolvimento corporal, na defesa do organismo, entre outros. O
sistema endócrino é composto pela hipófise, tireoide e glândulas sexuais, entre outras.

Figura: sistema endócrino

38
Fonte: Google

6. Sistema sensorial
Consiste nos cinco sentidos do corpo: audição, visão, olfato, paladar e
tato, possibilitando identificar odores e sabores, bem como assimilar características
visuais, auditivas e por tato.
Figura: Sistema sensorial

Fonte: Google

7. Sistema esquelético
Responsável por dar forma e sustentar todo o corpo, bem como proteger
órgãos, além de desempenhar papel representativo na movimentação, como andar e
pegar algo com as mãos.
Figura: sistema esquelético.

39
Fonte: Google

Sistema muscular

40
Contribui para a sustentação e estabilização do corpo, inclusive para a
movimentação e proteção dos ossos. Paralelamente, atua na regulagem da
temperatura corporal e no fluxo sanguíneo.

Figura: Sistema muscular

Fonte: Google

HISTÓRIA DA FISIOLOGIA

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O estudo da fisiologia iniciou-se na Grécia por volta de 2500 anos atrás. O
termo fisiologia é oriundo das palavras gregas phýsis e logos, que, juntas, significam
literalmente “conhecimento da natureza”.
Uma das figuras mais influentes no campo da fisiologia da Antiguidade
foi Cláudio Galeno (129-200 d.C.), um médico conhecido por tratar gladiadores.
Galeno realizou diversos trabalhos com animais e seguia uma doutrina conhecida
como “quatro humores”. Essa doutrina partia da ideia de que o corpo era formado por
quatro diferentes fluidos: sangue, fleuma, bile amarela e bile negra. Segundo esse
médico, o coração, o fígado e o cérebro eram os principais órgãos do corpo humano.
Outra figura que merece destaque é Andreas Versalius (1514-1564), que
publicou, em 1543, a obra intitulada De HumaniCorporis Fabrica. Esse trabalho ficou
conhecido como um grande marco tanto no estudo da anatomia como para a fisiologia
moderna, iniciando uma nova forma de compreender o funcionamento do corpo.
Outro estudo que merece destaque é o de William Harvey (1578-1657). Ele
propôs a teoria de que o sangue circulava por todo o organismo graças ao
bombeamento garantido pelo coração. Até esse momento, a teoria mais aceita
afirmava que o sangue era constantemente produzido, e não que ele circulava pelo
corpo. O trabalho de Harvey, sem dúvidas, foi fundamental para a compreensão de
diversos outros processos fisiológicos.
O maior avanço dessa área da Biologia aconteceu, no entanto, ao longo do
século XIX, em especial na Alemanha e na França. Nessa época, houve o
entendimento da teoria celular e o desenvolvimento da fisiologia experimental. Nesse
último caso, devemos destacar os trabalhos de Claude Bernard, que é considerado
o pai da fisiologia experimental contemporânea e destacava a importância da
experimentação.
No século XX, diversos processos foram desvendados, e o entendimento da
bioquímica e da biologia molecular foi fundamental para o aprofundamento do
conhecimento em fisiologia. Com os avanços tecnológicos, essa área continua a
crescer e muitos processos ainda serão entendidos.
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