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CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA DO TRONCO, QUADRIL E

MEMBROS

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2. QUADRIL .......................................................................................................................................... 4
2.1 Cinesiologia do Quadril ......................................................................................................... 18

3. MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES ......................................................................................... 25


3.1 A Biomecânica dos Membros Inferiores na Musculação ...................................................... 29

3.2 A Biomecânica dos Membros Superiores na Musculação .................................................... 36

Referências ............................................................................................................................................ 46

1
FACULESTE

A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de um


grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino,
de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

A Cinesiologia e a Biomecânica nos permitem analisar os movimentos


articulares nos planos anatômicos, entender de que forma as estruturas do corpo
respondem à aplicação cargas mecânicas e de que forma as forças atuam e
modificam o movimento humano. Já o Treinamento físico nos permite estruturar e
organizar os exercícios físicos que serão aplicados ao longo de um período, sobre um
indivíduo. As duas disciplinas se complementam e quando associadas promovem a
melhora desde o rendimento esportivo até o tratamento de doenças degenerativas e
permite prevenir o surgimento de lesões no aparelho locomotor.
A biomecânica também é a ciência por trás de muitas recomendações de
ergonomia para todos, desde massoterapeutas até funcionários de escritório.
Entender como atividades como usar um computador, sentar em uma cadeira
desconfortável ou levantar objetos pesados forçam o corpo é um primeiro passo
importante para encontrar maneiras de ajudar as pessoas a reduzir o esforço.
A biomecânica também é usada para mostrar às pessoas como usar seus
corpos com mais eficiência, como no caso de um massoterapeuta que usa a pressão
dos cotovelos em vez de apenas as mãos.
cinesiologia é um assunto de alto grau de complexidade, pois envolve
conhecimentos nas áreas de anatomia, fisiologia, física, química e biomecânica. Esse
tema traz como principal objetivo estudar o movimento humano em sua totalidade,
especificando e especializando as estruturas que realizam os movimentos, tais como
a musculatura, as estruturas ósseas, as articulações, os tecidos moles presentes nas
articulações, as fáscias, tendões, ligamentos e demais estruturas que possam estar
envolvidas com a execução do movimento em qualquer plano e eixo.

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QUADRIL

O osso do quadril, ou coxal, é primitivamente formado por três peças ósseas:


 Ílio: Situa-se superior e lateralmente é a porção mais larga do osso.
 Ísquio: É a porção póstero-inferior; tem um corpo e um ramo.
 Púbis: É a porção antero-inferior do osso íliaco.

Cintura Pélvica
É formada pela união dos dois ossos ilíacos
Pelve
É o anel osseoconstituido pelos dois ossos ilíacos, mais o sacro e o cóccix.A
união dos três ossos se dá no centro acetábulo ou cavidade cotilóide.
Figura 1

Fonte: Google

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Figura 2: Osso do Quadril Direito- Vista Lateral e Osso do Quadril Direito- Vista Anterior

Fonte: Google

Figura 3: Osso do Quadril Direito- Vista Lateral

Fonte: Google

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Pelve Masculina X Pelve Feminina
A Pelve da mulher é mais larga que a do homem, devido a função
reprodutora própria da mulher. O Forame obturador tem uma abertura de forma
"redonda", no homem, e "triangular", na mulher. Localiza-se abaixo do acetábulo e é
limitado pelo púbis e pelo ísquio.
Figura 4

Fonte: Google

ARTICULAÇÕES
No quadril identificam-se três articulações: a sinfisiana referente à união das
sínfises, a sacro-ilíaca, união entre o osso sacro e os ilíacos, e a coxofemoral.

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Figura 5

Fonte: Atlas de Anatomia Humana. Sabotta. volume 2 Tronco, Visceras e extremidade inferior. 21°
edição. 2000 Editora Guanabara.

ARTICULAÇÃO SACRO-ILÍACA
São fortes articulações sinoviais entre as faces articulares do sacro e do ilíaco

 Classificação: Diartroanfiartrose;
 Anteriormente: Uma cápsula sinovial
 Posteriormente: Formada por uma união fibrosa de curtos feixes colágenos
espessos do ligamento sacro-ilíaco interósseo.
 Tipo: Plana e Irregular
 Plana:Porque permite movimentos de deslizar ou escorregar.
 Irregular: As superfícies ósseas possuem depressões irregulares,que resultam
em um encaixe parcial dos ossos, ajustando-se com segurança e não sendo
facilmente deslocadas.
 Movimentos: Nutação e Contranutação (oscilação)

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ARTICULAÇÃO INTERPÚBICA
A sínfese púbica está formada por uma fibrocartilagem- o disco interpúbico, que
une o púbisdireito ao púbis esquerdo na linha média ventral.

 Classificação: Anfiartrose
 Tipo: Fibrocartilaginosa-sínfese
São as articulações nas quais os ossos estão unidos por um disco fibrocartilaginoso
de espessura variável, formando um verdadeiroligamento interósseo.
 Movimento: Discreto deslizamento

ARTICULAÇÃO DO QUADRIL
·
Também denominada articulação coxofemoral, a cabeça do fêmur articula-se
com o acetábulo do osso ilíaco.
 Classificação: Diartrose (sinovial)
 Tipo: Esferoide (esferoidal)
 Orla acetabular :É uma margem fibrocartilagínea que tem como função
aprofundar a cavidade acetabular.
 Graus de liberdade: Três graus – Triaxial
 Movimentos:
o Flexão
o Extensão
o Abdução
o Adução
o Rotação interna
o Rotação externa
o Circundação

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Figura 6

Fonte: Fonte: Google

FLEXÃO DO QUADRIL

Flexão: É a diminuição do ângulo formado entre os segmentos que se


articulam. Amplitude do movimento articular de 0° a 120° (110° a 125°).
Os músculos envolvidos nesse movimento são: Íliopsoas, Sartório, Reto
femoral, Tensor da fáscia lata e Adutor magno, Pectíneo, Glúteo médio(fibras
anteriores), Glúteo mínimo, Adutor curto(auxilia), Adutor longo (auxilia), Grácil(auxilia).

Figura 7

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Fonte: Google

Figura 8
MÚSCULOS QUE PARTICIPAM DESSE MOVIMENTO

Fonte:www.beginnertriathlete.com

EXTENSÃO DO QUADRIL
Extensão: é o aumento do ângulo entre os segmentos que se
articulam.Amplitude do movimento articular de hiperextensão de 0° a 10° (0° a 30°)
Os músculos que participam desse movimento são: Glúteo máximo, Glúteo
médio(fibras posteriores), sem tendinoso, semimembranoso, bíceps femoral(porção
longa) adutor magno(porção extensora).

Figura 9

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Fonte: Google

Figura 10

Fonte: Google

MÚSCULOS QUE PARTICIPAM DESSE MOVIMENTO

Figura 11

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Fonte:blog.corewalking.com

ABDUÇÃO DO QUADRIL
Abdução: é quando o segmento corporal se afasta da linha média.Amplitude
do movimento articular de 0° a 45°(40° a 55°)
Os músculos que participam desse movimento são: Tensor da fáscia lata,
Sartório, Glúteo médio, Glúteo mínimo, Glúteo máximo, Piriforme, Obturador
interno(auxilia),Obturador externo(auxilia).

Figura 12

Fonte: Google

MÚSCULOS QUE PARTICIPAM DESSE MOVIMENTO

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Figura 13

Fonte: blogneurafitness.com
Figura 14

Fonte:liftingforhelth.com

ADUÇÃO DO QUADRIL
Adução: é a aproximação do segmento e m direção a linha média do corpo.
Amplitude do movimento articular de 0° (30° a 40° cruzando a linha mediana)]

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Os músculos que participam desse movimento são: Pectíneo, Adutor longo,
curto e magno, Grácil, Psoas ilíaco, glúteo máximo, semitendinoso(auxilia) e
semimembranoso(auxilia).
Figura 15

Fonte: Google
Figura 16

Fonte: Google

MÚSCULOS QUE PARTICIPAM DESSE MOVIMENTO

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Figura 17

Fonte:droualb.faculty.mjc.edu

ROTAÇÃO INTERNA E EXTERNA


Rotação interna: é o movimento em torno do eixo longitudinal, aproximando o
segmento da linha média do corpo. Amplitude do movimento articular de 0° a 35° (30°a
45°)
Os músculos que participam desse movimento são: Tensor
da fáscia lata, Glúteo minimo, médio, semitendinoso (auxilia),
semimembranoso(auxilia).
Figura 18

Fonte: Google

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MÚSCULOS QUE PARTICIPAM DESSE MOVIMENTO
Figura 19

Fonte: www.recsports.ufl.edu

Rotação externa: é o movimento em torno do eixo longitudinal, afastando o


segmento da linha média do corpo. Podendo também ser chamado de rotação lateral.
Amplitude do movimento articular de 0° a 45° (40° a 50°)
Os músculos que participam desse movimento são: Glúteo médio, Piriforme,
Obturador interno, Quadrado da coxa, Gêmeo superior e inferior.Piriforme, Obturador
interno e externo, Gêmeo superior, Gêmeo inferior, Sartório, Bíceps femoral, Pectíneo,
Grácil, Adutores: longo, curto e magno.
Figura 20

Fonte: Google

MÚSCULOS QUE PARTICIPAM DESSE MOVIMENTO

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Figura 21

Fonte:saudedohomemebemestar.blogspot.com.b

CIRCUNDAÇÃO DO QUADRIL

Circundação: movimento circular de um segmento corporal, associando os


movimentos de flexão, extensão, abdução e adução. O segmento descreve,
aproximadamente, um círculo em torno de um ponto fixo.

Figura 22

Fonte: Google

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Figura 23

Fonte: Google

Os músculos que participam desse movimento são (Ântero-versão da pelve):


músculos lombares,iliopsoas, sartório, pectíneo, reto femoral, tensor da fáscia lata,
adutores (auxiliam) glúteo médio (porção anterior), glúteo mínimo, obturador externo.
(retroversão da pelve): reto abdominal, obliquo externo, obliquo interno, glúteo
máximo, glúteo médio (porção posterior), bíceps femoral (porção longa),
semitendinoso, semimembranoso, adutor magno (porção extensora, piriforme,
obturador interno, quadrado femoral.
1.
2. 2.1 Cinesiologia do Quadril

O quadril é uma articulação triaxial, capaz de funcionar nos três planos. É uma
articulação estável construída para o apoio de peso, para que a pessoa possa
desempenhar suas atividades da vida diária(AVD) .Ela suporta o peso da cabeça,
tronco e membros superiores.
Característica anatômica da região do quadril
 O quadril é formado pelas estruturas ósseas da pelve e do fêmur.
 *A pelve
 Cada osso ilíaco da pelve é formado pela união dos ossos ílio, ísquio e púbis
 O fêmur
A forma do fêmur é importante para dar sustentação ao peso corporal e
transmitir as forças de reação do solo.

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Figura 24

Fonte: Google

Característica e artrocinemàtica da articulação do quadril


O componente côncavo da articulação do quadril é o acetábulo, localizado na
parte lateral da pelve, formado pela fusão do ilíaco, púbis e ísquio. Ele recebe um a
anel de cartilagem, denominado lábio acetabular que
aprofunda o encaixe.
Figura 25

Fonte: Google

A cápsula articular do quadril, em combinação com os componentes ósseos


dessa articulação, funciona restringindo a translação entre cabeça do fêmur e o
acetábulo. Os ligamentos mais importantes e constantes são

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o ilifemoral e isquiofemoral. O iliofemoral também conhecido como ligamento em Y
de Bigelow restringe a extensão de quadril. O ligamento isquiofemoral restringe a
rotação medial bem como a adução quando o quadril é flexionado.

Figura 26

Fonte: Google

Movimentos pélvicos e função muscular


Inclinaçãopélvicaanterior
Os músculos que causam esse movimento são flexores do quadril (alongados)
e extensores da coluna (encurtados) Inclinação da pelve
posterior
Os músculos que causam esse movimento são os extensores do quadril
(alongados) e flexores do tronco (encurtados).

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Figura 27

Fonte: Google

Desvio pélvico
Pouca ação muscular é necessária; a postura é mantida pelos
ligamentos iliofemorais no quadril, ligamentos longitudinais da coluna lombar inferior
e ligamentos posteriores da coluna lombar alta e torácica.
Inclinação pélvica lateral
A rotação ocorre em torno de um membro inferior que está fixado no solo. O
membro inferior se apoia balançando para frente ou para traz com a pelve fazendo
rotação anterior e rotação posterior.
Figura 28

Fonte: Google

Patologias que levam a comprometimentos como:

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 Rigidez após o repouso;
 Extensão de quadril limitada que leva ao aumento das forças de extensão na
coluna lombar e possivelmente dor lombar;
 Comprometimento do equilíbrio e controle postural.
Dentre as quais podemos citar:
I.Osteoartrite;
II.Artritereumatóide;
III.Necrose asséptica;
IV.Deslizamento epifisário;
V.Luxações;
VI.Deformidades congênitas.

Tratamento: Fase de Proteção

 Diminuição da dor em repouso


Fazer o paciente balançar em uma cadeira de balanço para prover oscilações
suave das articulações dos membros inferiores assim como estímulo
aos mecanorreceptores nas articulações.
Figura 29

Fonte: Google

Diminuição dos efeitos da rigidez e manutenção da mobilidade disponível

22
Ensinar ao paciente a importância de mover os quadris com frequência por
meio da ADM ao longo do dia.
Figura 30

Fonte: Google

Iniciar atividades sem impacto, como natação, aeróbica suave na água ou


bicicleta estacionária.
Figura 31

Fonte: Google

Figura 32

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Fonte: Google

Figura 33

Fonte: Google

Tratamento: Fases de movimento controlado e de retorno à função


•Aumento da extensão
•Posição do paciente: decúbito dorsal com a pelve perto do final da maca na posição
do teste de Thomas (coxa oposta mantida contra o tórax) e uma cinta de mobilização
presa ao redor da região proximal da coxa e na pelve do fisioterapeuta.
•Procedimento: estabilizar a pelve do paciente com a palma da mão que está mais
próxima da cabeça do paciente. Usar uma cinta de mobilização para produzir um
deslizamento ínfero-lateral indolor enquanto a mão caudal pressiona contra a coxa
estendida até criar uma extensão indolor no final da amplitude.
Figura 34

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Fonte: Google

Cirurgia articular e tratamento pós-operatório


•Existem muitas cirurgias articulares para o tratamento de doenças articulares do
quadril em estágio inicial e avançado.
•É importante que o fisioterapeuta tenha uma compreensão básica dos procedimentos

cirúrgicos mais comuns para o tratamento de doenças e deformidades articulares.

MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES

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Os ossos dos membros superiores e inferiores ligam-se ao esqueleto axial por
meio das cinturas articulares.
Membros Superiores
Composto por braço, antebraço, pulso e mão.
O braço só tem um osso: o úmero, que é um osso do membro superior.
O antebraço é composto por dois ossos: o rádio que é um osso longo e que
forma com o cúbito (ulna) o esqueleto do antebraço. O cúbito também é um osso
longo que se localiza na parte interna do antebraço.
A mão é composta pelos seguintes ossos: ossos do carpo, ossos do metacarpo
e os ossos do dedo. Os ossos do carpo (constituída por oito ossos dispostos em duas
fileiras), são uma porção do esqueleto que se localiza entre o antebraço e a mão. O
metacarpo é a porção de ossos que se localiza entre o carpo e os dedos.
Figura 35

Fonte: Google

Membros Inferiores

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São maiores e mais compactos, adaptados para sustentar o peso do corpo e
para caminhar e correr. Composto por coxa, perna, tornozelo e pé.
A coxa só tem um osso - o fêmur - que se articula com a bacia pela cavidade
catiloide. O fêmur tem volumosa cabeça arredondada, presa a diáfise por uma porção
estreitada - o colo anatômico. A extremidade inferior do fêmur apresenta para diante
uma porção articular - a tróclea - que trás dois côndilos separados pela chanfradura
inter-condiliana. O fêmur é o maior de todos os ossos do esqueleto.
A perna e composta por dois ossos: a tíbia e a fíbula (perônio). A tíbia é o osso
mais interno e a fíbula é o osso situado ao lado da tíbia.
Os dedos são prolongamentos articulados que terminam nos pés. O pé é
composto pelos ossos tarso, metatarso e os ossos dos dedos. O metatarso é a parte
do pé situada entre o tarso e os dedos. O tarso é a porção de ossos posterior do
esqueleto do pé.

Cintura Pélvica
Também conhecida como bacia, conecta os membros inferiores ao tronco.
Podem distinguir o homem da mulher. Nas mulheres é mais larga, o que representa
adaptação ao parto.
 Deformações da coluna
Cuidados com o esqueleto e as articulações
Todos nós devemos adotar certas medidas para evitar problemas nos ossos e nas
articulações. Veja algumas delas:
 Mantenha sempre uma postura correta – ao andar, sentar-se ou ficar de pé. Ao
sentar, mantenha toda a extensão das costas apoiada na cadeira ou no sofá.
 Evite carregar muito peso ou transportar objetos pesados apenas de uma lado do
corpo. Isso vale para quando estiver levando, por exemplo, uma mochila cheia de
cadernos e livros.
 Alimente-se corretamente, procurando manter seu peso dentro dos limites
adequados; o excesso de peso pode acarretar vários problemas, como sobrecarga na
coluna vertebral.
 Cuidado com pancadas, quedas ou movimentos bruscos: você pode fraturar os
ossos ou sofrer deslocamentos nas articulações.
 Pratique exercícios físicos regularmente, sempre com a orientação de
especialistas.

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Os devidos cuidados com a postura podem evitar as seguintes deformações da
coluna:
Lordose
É o aumento anormal da curva lombar levando a uma acentuação da lordose
lombar normal (hiperlordose), como mostra a figura abaixo. Os músculos abdominais
fracos e um abdome protuberante são fatores de risco. Caracteristicamente, a dor nas
costas em pessoas com aumento da lordose lombar ocorre durante as atividades que
envolvem a extensão da coluna lombar, tal como o ficar em pé por muito tempo (que
tende a acentuar a lordose). A flexão do tronco usualmente alivia a dor, de modo que
a pessoa frequentemente prefere sentar ou deitar.
Cifose
É definida como um aumento anormal da concavidade posterior da coluna
vertebral, sendo as causas mais importantes dessa deformidade, a má postura e o
condicionamento físico insuficiente. Doenças como espondilite anquilosante e a
osteoporose senil também ocasionam esse tipo de deformidade.
Escoliose
É a curvatura lateral da coluna vertebral, podendo ser estrutural ou não
estrutural. A progressão da curvatura na escoliose depende, em grande parte, da
idade que ela inicia e da magnitude do ângulo da curvatura durante o período de
crescimento na adolescência, período este onde a progressão do aumento da
curvatura ocorre numa velocidade maior. O tratamento fisioterápico usando
alongamentos e respiração são essenciais para a melhora do quadro.

Figura 36

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Fonte: Google

3. 3.1 A Biomecânica dos Membros Inferiores na Musculação

Figura 37

Fonte: Google

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O corpo não foi criado para ficar parado. A natureza é sábia e nos deu a
máquina perfeita com suas peças para dar suporte (ossos), engrenagens
(articulações) e peças para movimentá-la (músculos). Entender como posicionar e
movimentar essa máquina da maneira mais eficiente possível é um dos maiores
objetivos da biomecânica.
A biomecânica, uma das áreas da cinesiologia que estuda o movimento do
corpo bem como as forças atuantes a cada momento. A partir disso é possível
entender como funciona a geração de força para o exercício ser possível e comparar
com outras atividades para ver o que se encaixa melhor para o treinamento.
Isso implica em conhecer o corpo humano estruturalmente, principalmente as
articulações com seus movimentos e amplitudes para poder executar movimentos
harmônicos, muitas vezes complexos, eficientes e com menor risco de lesões
osteomioligamentar.
Essa análise do movimento serve para qualquer exercício, como exemplo os
executados dentro da sala de musculação.
O que é biomecânica da musculação
A biomecânica da musculação é a aplicação dos conhecimentos de física
(mecânica) ao funcionamento do corpo humano. Ela é fundamental na escolha dos
exercícios em um programa de treinamento, ajudando a alcançar os objetivos
desejados sem correr riscos de lesões.
Para Paulo Marchetti, coordenador do grupo de pesquisas em Neuromecânica
do Treinamento de Força, os conhecimentos em biomecânica auxiliam no
entendimento da mecânica articular, na participação dos músculos no exercício, no
sequenciamento dos exercícios, nos mecanismos de lesão relacionados à prática de
atividade física e nos procedimentos de reabilitação.
Principais movimentos do corpo humano – membros inferiores
Todos os movimentos do corpo humano são descritos a partir de uma
referência que é a posição anatômica com seus planos e eixos de movimento.
Assim, é possível definir os movimentos das articulações e segmentos,
registrando a localização no espaço de pontos específicos no corpo.
Também é possível calcular nestes diferentes planos os ângulos das
articulações e assim decompor, segundo cada eixo, um movimento. Sem esta
decomposição seria muito difícil descrever movimentos que se fazem nos 3 planos.

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Os membros inferiores assim como os superiores apresentam vários
movimentos, dentre os principais estão:
Flexão e extensão
Ocorrem no plano sagital. A flexão indica que dois segmentos se aproximam
um do outro e a extensão ocorre quando dois segmentos movem-se afastando-se um
do outro. Exemplo, num agachamento, a flexão do joelho faz a coxa e a perna se
aproximarem posteriormente. Temos definições especiais como no caso do pé que na
posição anatômica está num ângulo reto com a perna. Assim, o movimento do
tornozelo aproximando o pé da tíbia é chamado de dorsiflexão e quando se afastam
é a flexão plantar.
Abdução e adução
Ocorrem no plano frontal. A abdução é uma posição ou movimento do
segmento afastando-se da linha média, independente de qual segmento se move.
Exemplo, a abdução do quadril ocorre quando a coxa move-se afastando-se da linha
média (afasta-se da outra coxa). A Adução é o movimento contrário, no exemplo a
coxa volta a sua posição inicial a partir da abdução.
A abdução é uma posição ou movimento do segmento afastando-se da linha
média, independente de qual segmento se move. Exemplo, a abdução do quadril
ocorre quando a coxa move-se afastando-se da linha média (afasta-se da outra coxa).
A Adução é o movimento contrário, no exemplo a coxa volta a sua posição inicial a
partir da abdução.
Rotações – interna e externa
ocorrem no plano transversal. A rotação interna é uma rotação transversal
orientada para a superfície anterior do corpo, traz a face anterior de um membro para
mais perto da linha média do corpo. E a externa é na direção oposta, ou seja, orientada
para a superfície posterior do corpo, leva a face anterior para longe da linha média.
Análise de forças
Supomos que todo movimento de um sistema é definido pelas ações externas
(denominadas forças) que ele sofre. E também de forças internas, que tem origem
dentro do corpo humano, como as forças musculares.
Essas forças dependem de vários parâmetros:
 Da intensidade da força;
 Da direção em que a força é aplicada;
 Do sentido da força;

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 Do ponto onde a força é aplicada.
Essas forças são definidas como gravitacional, muscular, de atrito e
resistências externas. Elas acarretam compressão, tração articular e pressões ou
tensões (força por unidade de área) sobre as superfícies do corpo.
Para entender sobre as forças atuantes sobre o corpo humano, temos que
lembrar das 3 leis fundamentais que governam o movimento, as leis de Newton: I, do
equilíbrio; II, da massa e aceleração e III, da ação e reação.
A 3° lei é lembrada antes, pois a partir dela se compreende o comportamento
de uma força isolada antes de considerar múltiplas forças.
III lei de Newton- ação e reação: diz que para toda a força de ação há uma força
de reação igual e de sentido oposto. Assim, as forças não atuam isoladamente, mas
sim como um par no lugar onde dois corpos entram em contato. Este conceito pode
ser visto e sentido em uma situação de atrito diminuída.
I lei de Newton- equilíbrio- lei da inércia: diz que uma força é necessária para
iniciar um movimento, alterar a direção ou a velocidade de um movimento, e para
parar um movimento.
II lei de Newton- massa e aceleração: diz que a aceleração de um corpo é
proporcional à magnitude das forças resultantes sobre ele e inversamente
proporcional à massa do corpo. De uma maneira mais simples, que dizer que, uma
força maior é necessária para mover (ou parar o movimento de) uma massa grande
do que uma pequena. E a mesma força ou forças atuando sobre diferentes corpos faz
com que os corpos se movam diferentemente.
A partir dessas leis podemos deduzir que para uma determinada pessoa e a
partir de sua força interna analisamos qual sobrecarga utilizar e que movimento seria
mais eficiente para ela.

Tipos de dispositivos para treinamento resistido


Dispositivos de treinamento com resistência constante
O uso de resistência constante ou pesos livres faz com que haja uma maior
exigência de estabilização das articulações envolvidas, o que aumenta a atividade
muscular. Uma das limitações deste treinamento é depender da ação da gravidade
(vertical). Assim, é necessário posicionar sempre o corpo de maneira que se mova o
peso para cima (vertical). Os músculos que realizam movimentos no sentido horizontal

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não são afetados diretamente pelos pesos livres. Para isso será necessário modificar
a posição corporal.
Dispositivos de treinamento com resistência gravidade-dependente
São os aparelhos mais encontrados nas salas de musculação. O peso a ser
levantado é preso a um cabo com uma ou mais roldanas. A função das roldanas é
mudar a direção da força aplicada. Esse sistema de polias é conveniente para
trabalhar músculos isolados.
A limitação destes aparelhos é em relação a amplitude de movimento, os quais
muitos aparelhos não se adaptam a estrutura corporal dos alunos. Outra limitação se
refere ao equilíbrio e estabilização na execução dos movimentos que não são
requeridos nesses aparelhos, mas são muitos importantes nas atividades da vida
diária.
Entretanto, as vantagens dos aparelhos incluem: segurança, pois requer menos
habilidade do aluno; é fácil de usar. Para escolher a sobrecarga é só mudar o pino
nas placas e ajudam na execução de exercícios que são difíceis de serem executados
com pesos livres.
Dispositivos de resistência variável
Estes aparelhos possuem roldanas com formas ovaladas. Conforme o cabo
gira em torno da roldana, o braço de momento de força muda (ângulo de inserção
muscular em relação ao osso e sua distância da articulação), aumentando ou
diminuindo a resistência durante diferentes momentos do movimento. A vantagem é
que a resistência pode ser disposta para aumentar a força exigida no músculo, por
causa da relação força-comprimento ou do maior braço de momento.
Dispositivos isocinéticos
Controlam a taxa máxima de movimento articular. Com eles se predetermina a
velocidade que se mantém constante. Depois que o movimento atinge a velocidade
predeterminada, não importa quanta força é feita contra o aparelho, ele fará a mesma
força na direção oposta (força de reação), mas não se moverá mais rápido. A
vantagem é que o aluo poderá produzir tanta força quanto quiser por toda a amplitude
do movimento que a resistência não aumentará a velocidade ou ganhará momento.
Assim o aparelho permite o desenvolvimento da máxima tensão muscular por toda a
amplitude articular.
Dispositivos assistidos por computador

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Durante o curso de uma repetição, o computador adapta a resistência à curva
de força do aluno, alterando a resistência segundo a curva. Estes aparelhos podem
ser ajustáveis na resistência, na velocidade, na potência, acelerações,
desacelerações e amplitudes de movimento. Além de facilitar a periodização do
treinamento, é possível traçar uma comparação entre dias e semanas ou meses de
treino.
Dispositivos elástico-resistidos
O uso de elásticos proporciona pouca resistência no começo e muita
resistência no final do movimento (segundo a espessura e propriedade do elástico),
pois a resistência é proporcional a distância que o elástico é alongado. A limitação dos
aparelhos que utilizam elásticos é quanto ao número de elásticos que podem ser
fixados no aparelho ou a espessura do elástico utilizado. E também ocorre o aumento
da resistência ao final da amplitude articular quando a capacidade de produzir força
muscular diminui.

Tornozelo
O tornozelo juntamente com o pé é capaz de mudar, em um único passo, de
uma estrutura flexível que se molda ás irregularidades do solo para uma estrutura
rígida de sustentação de peso, com funções como:
 Suporte do peso superposto;
 Controle e estabilização da perna sobre o pé plantado;
 Ajustamentos a superfícies irregulares;
 Elevação do corpo, como ao ficar nas pontas dos pés;
 Subir ou saltar;
 Amortecimento de choques ao andar;
 Correr ou aterrissar de um salto;
 Operação de controle de máquinas;
 Substituição da função da mão em pessoas com amputações ou paralisia muscular
da extremidade superior.

Articulações – movimentos e amplitudes


A articulação do tornozelo é a talocrural (é o “colo” do pé). Articula o tálus e a
perna em 1 grau de liberdade, representando uma dobradiça flexão-extensão.

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A flexão dorsal ou dorsiflexão não é estritamente sagital; a ponta do pé desloca-
se um pouco lateralmente. Ela comporta um afastamento da pinça bimaleolar e é
acompanhada de um recuo do maléolo lateral, assim como de sua ascensão e rotação
medial. A amplitude é da ordem de 20°. Já a flexão plantar ou plantiflexão é da ordem
de 40°. É o movimento inverso, com características inversas.

As vantagens de usar corretamente a biomecânica


A escolha de um programa de treinamento em musculação varia conforme o
sexo, idade e, principalmente, as características individuais. Geralmente as pessoas
já não estão mais no ápice da sua saúde quando procuram as atividades físicas
atualmente, elas apresentam limitações e, com os conhecimentos em biomecânica, o
professor pode escolher os exercícios, bem como a carga destinados a cada aluno
sem riscos de lesões. Além disso, pode ajudar na fabricação dos aparelhos para exigir
melhor eficiência do movimento.
Riscos de lesões
Para executar exercícios, principalmente com carga, é necessário ter
concentração para reduzir o risco de lesão, mantendo a posição do corpo e a postura
estável.
O aluno tem que aprender a se posicionar e alinhar seu corpo frente a uma
força externa opositora. Isso também o ajudará a se movimentar, estabilizar e se
posicionar em atividades diárias fora da academia.
Como são exercícios de força, qualquer deslize pode lesionar. Fazer o
movimento errado repetidamente pode levar a problemas na coluna, como hérnias e
alterações das curvaturas normais da coluna.
Posturas e movimentos errados podem prejudicar as articulações da pelve,
principalmente a sacrilíaca, que mesmo tendo movimentos limitados ou quase
inexistentes, é considerada fonte primordial de lombalgia, seja por lesões dos
ligamentos, hipermobilidade ou hipermobilidade e condição inflamatória da
articulação. Assim, é necessário o fortalecimento da musculatura dessa região, mas
tem que haver sinergia entre os músculos agonistas e antagonistas.
A articulação do joelho não possui uma grande estabilidade do ponto de vista
ósseo, dependendo somente dos outros dois componentes (ligamentos e músculos),
para preservá-la de lesões durante os movimentos. Por isso, o fortalecimento dos
músculos que cruzam esta articulação é necessário para aumentar o grau de

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estabilidade e diminuir o risco de lesões ligamentares. Além disso, é o elo do membro
inferior fundamental para qualquer movimento que dependa de absorção de impacto
e deslocamento.
A articulação do tornozelo deve ser fortalecida, pois suporta todo o peso
corporal e é suscetível a lesões que se originam das grandes forças que ocorrem no
pé e no tornozelo mesmo quando em pé. À medida que o pé sustenta essas grandes
forças, ele também está fazendo o ajustamento final ao solo e precisa compensar os
movimentos ou desvios no joelho ou quadril para manter o centro de gravidade dentro
da pequena base de apoio.

Cuidados e restrições
 Montar o treinamento baseado nos princípios biomecânicos do movimento, não
generalizando os exercícios;
 A amplitude e a correta realização dos movimentos podem ser comprometidas
pela sobrecarga acima da condição física;
 Utilizar quase sempre toda a amplitude articular. Existem momentos que a
amplitude parcial pode ser utilizada, mas não deve ser realizada por períodos
extensos, pois geralmente leva ao aumento da sobrecarga, aumentando também o
estresse articular;
 Fazer um trabalho equilibrado na região da pelve e quadril particularmente
porque envolve dois grupos musculares importantes para o equilíbrio postural: os
flexores e extensores do quadril.

o A Biomecânica dos Membros Superiores na Musculação

Figura 38

36
Fonte: Google

Para uma correta execução de um exercício, menor risco de lesão e eficácia


do treinamento é necessário que o movimento dos membros superiores seja estudado
e entendido pelo profissional responsável em seus pequenos detalhes.
Partindo do conceito de “mecânica” que é o ramo da física que compreende o
estudo e análise do movimento e repouso dos corpos, e sua evolução no tempo, seus
deslocamentos, sob a ação de forças, e seus efeitos subseqüentes. Já o conceito de
“bio”, que exprime a noção de vida, é um prefixo de origem grega visto em diversos
termos relacionados aos seres vivos temos a biomecânica, que é o uso das técnicas
da mecânica clássica no entendimento do sistema biológico.
A biomecânica é uma das áreas da cinesiologia que estuda o movimento do
corpo bem como as forças atuantes a cada momento, ou seja, vai explicar como
funcionou a geração de força para o exercício ser possível e comparar com outras
atividades para ver o que se encaixa melhor para o treinamento.
Esse conceito é transferido para qualquer área dentro da educação física como
no caso a musculação.
O que é biomecânica da musculação
A biomecânica da musculação é o entendimento da técnica dos movimentos
executados dentro da sala de musculação. Tendo em vista a ação de cargas externas
em relação a força exercida pelos músculos envolvidos. Além disso, o estudo do
funcionamento dos equipamentos e suas estruturas de roldanas também fazem parte

37
dessa equação que determina as forças atuantes sobre o corpo em uma aula de
musculação.
Os movimentos devem ser executados utilizando as técnicas mais corretas do
exercício, pois do contrário o efeito ou benefício do mesmo pode ser prejudicado,
podendo gerar até mesmo lesões.
Ter esse conhecimento gera um melhor rendimento, eficiência e menor risco
de lesão. Além disso, auxilia na escolha dos exercícios e cargas específicas focados
para cada grupo muscular, proporcionando maior estímulo a cada músculo o que pode
levar o indivíduo a treinar mais intensamente sem necessariamente representar
aumento de pesos.
Principais movimentos do corpo humano
Todas as possíveis movimentações do corpo são importantes para a sua
funcionalidade, são movimentos articulares nos quais alguns são mais exigidos e
executados diariamente, portanto a grande maioria dos exercícios ocorre com esses
movimentos isolados ou conjugados.
No caso dos membros superiores, partindo da posição anatômica, temos:
Flexão e extensão
Ocorrem num plano sagital que divide o corpo em lados direito e esquerdo. A
flexão indica que dois segmentos aproximam-se um do outro; por exemplo, a flexão
do cotovelo pode ser realizada pela flexão do antebraço sobre o braço ou vice-versa.
A extensão ocorre quando dois segmentos movem-se se afastando um do outro. Se
a extensão for além da posição anatômica, ela é chamada de hiperextensão.
Abdução e adução
Ocorrem num plano frontal que divide o corpo em partes da frente e de trás.
Abdução é uma posição ou movimento do segmento afastando-se da linha mediana,
independente de qual segmento que se move; por exemplo, elevação lateral do braço
em relação ao tronco. E a adução é o retorno da abdução, ou seja, uma posição ou
movimento aproximando-se da linha mediana do corpo.No punho, o movimento de
abdução é chamado de desvio radial e a adução de desvio ulnar.
Rotações interna e externa
Ocorrem num plano transversal que divide o corpo em partes superior e inferior.
A rotação interna (rotação para dentro ou medial) é orientada para a superfície anterior
do corpo. Quando o movimento de rotação interna é feito pelo antebraço é chamado
de pronação. E rotação externa (rotação para fora ou lateral) é orientada para a

38
superfície posterior do corpo. E supinação é o termo usado para o movimento de
rotação externa no antebraço.
Análise de forças
Existem forças internas e externas atuando nos movimentos do corpo.
As forças internas são transmitidas pelas estruturas biológicas internas do
corpo, tais como forças musculares, forças nos tendões, ligamentos, ossos e
cartilagem articular. Elas estão intimamente relacionadas coma execução dos
movimentos e com as cargas mecânicas exercidas pelo aparelho locomotor.
Conhecer essas forças internas implica no aperfeiçoamento da técnica de
movimento, necessária principalmente para o desporto, assim como na determinação
de cargas excessivas durante atividades físicas tanto no alto nível como no cotidiano.
A determinação das forças internas de músculos e articulações constitui a base da
biomecânica para compreensão de critérios para o controle do movimento.
Para isso, a biomecânica utiliza métodos para abordar as diversas formas de
movimento: cinemetria, dinamometria, antropometria e eletromiografia.
Há duas maneiras para se determinar as forças internas: direta e indireta. A
direta é muito difícil de ser utilizada devido à necessidade de colocação de
transdutores dentro do corpo humano.
Portanto, a determinação de forças internas é executada indiretamente, por
meio de modelos mecânicos do corpo e medidas simultâneas e sincronizadas das
variáveis biomecânicas externas (sobrecargas).
No desenvolvimento de um modelo mecânico para o sistema
musculoesquelético do corpo ou de segmentos específicos geralmente é considerado
que a estrutura esquelética é mantida em equilíbrio por tensões musculares. Todos
os músculos considerados no modelo são tratados como forças de tensão, dirigidas
ao longo das linhas de ligação entre os pontos de origem e inserção.
Então o modelo mecânico consistirá de estruturas rígidas (alavancas)
representando os segmentos corporais, unidos por juntas (articulações) com graus de
liberdade variáveis em função da articulação modelada e da complexidade do modelo.
Estes segmentos são ligados, em pontos específicos, por linhas de ação
representando os músculos.
Assim, busca-se a determinação de parâmetros biomecânicos de sobrecarga,
baseado fundamentalmente na quantificação do momento de rotação na articulação,

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como indicador de força interna, da seguinte forma: Momento = força * distancia
perpendicular.
Desta maneira pode-se deduzir que a força articular transferida da articulação
distal para a proximal pode ser determinada, conceitualmente, da seguinte forma:
Forças externas + forças musculares + força de ligamentos = Força
articular
Para entender melhor, temos que saber que:
A alavanca tem 3 componentes fundamentais que são o torque de força( força
muscular em nosso caso), o torque de resistência (resistência da carga) e eixo de
rotação ( articulações).
A distância entre o eixo de rotação e o ponto onde a carga é imprimida é
chamado de braço de resistência, e quando multiplicado pela carga aplicada de torque
de resistência. Quanto maior for a distância entre a carga e o eixo de rotação, maior
será o braço de resistência, ou seja, maior será o torque aplicado no conjunto.
Por isso é muito mais fácil executar elevação lateral com os cotovelos
flexionados a 90º do que com os braços completamente estendidos. Com os braços
flexionados, a carga (halteres) está mais próxima ao eixo de rotação (articulação do
ombro), proporcionando um braço de resistência menor.
A distância entre o ponto onde se aplica a força (local da inserção do músculo
no osso em nosso caso) e o eixo de rotação (articulação) é chamada de Braço de
força. Quanto maior for esta distância, maior o braço de força, portanto mais fácil será
mover a alavanca. Chamamos de vantagem mecânica, o fato de determinado conjunto
de alavanca ter um braço de força muito grande, esse fato reduziria drasticamente a
força necessária para mover o objeto de resistência (peso).
A maioria de nossas articulações é de terceira classe, ou seja, o eixo de rotação
está localizado em uma extremidade, a carga (resistência) está localizada na outra
extremidade e a força de contração muscular está ente as duas. A maioria de nossas
articulações apresenta uma desvantagem mecânica, pois o braço de força é bem curto
em relação ao braço de resistência.
Isto pode ser uma desvantagem por um lado, mas tem seus fatos positivos.
Dessa forma nossos músculos podem se contrair menos, mas mesmo assim atingir
um movimento articular bem amplo e com velocidade.

Tipos de dispositivos para treinamento resistido

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Dispositivos de treinamento com resistência constante
O uso de resistência constante ou pesos livres faz com que haja uma maior
exigência de estabilização das articulações envolvidas, o que aumenta a atividade
muscular. Uma das limitações deste treinamento é depender da ação da gravidade
(vertical). Assim, é necessário posicionar sempre o corpo de maneira que se mova o
peso para cima (vertical). Os músculos que realizam movimentos no sentido horizontal
não são afetados diretamente pelos pesos livres.
Dispositivos de treinamento com resistência gravidade-dependente
São os aparelhos mais encontrados nas salas de musculação. O peso a ser
levantado é preso a um cabo com uma ou mais roldanas. A função das roldanas é
mudar a direção da força aplicada, e até mesmo dividir a carga. Esse sistema de polias
é conveniente para trabalhar músculos isolados.
A limitação destes aparelhos é em relação a amplitude de movimento, muitos
aparelhos não se adaptam a estrutura corporal dos alunos de forma adequada. Outra
limitação se refere ao equilíbrio e estabilização na execução dos movimentos que não
são requeridos nesses aparelhos, mas são muitos importantes nas atividades da vida
diária.
Mas as vantagens dos aparelhos incluem: segurança, pois requer menos
habilidade do aluno; é fácil de usar, pois para escolher a sobrecarga é só mudar o
pino nas placas e ajudam na execução de exercícios que são difíceis de serem
executados com pesos livres.
Dispositivos de resistência variável
Estes aparelhos possuem polias com formas ovaladas. Conforme o cabo gira
em torno da roldana, o braço de momento de força muda (distância da carga em
relação ao eixo de rotação), aumentando ou diminuindo a resistência durante
diferentes angulações do movimento. A vantagem é que a resistência pode ser
disposta para aumentar a força exigida no músculo, por causa da relação força-
comprimento ou do maior braço de momento.
Dispositivos isocinéticos
Controlam a taxa máxima de movimento articular. Com eles se predetermina a
velocidade, que se mantém constante. Depois que o movimento atinge a velocidade
predeterminada, não importa quanta força é feita contra o aparelho, ele fará a mesma
força na direção oposta (força de reação), mas não se moverá mais rápido.

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A vantagem é que o aluo poderá produzir tanta força quanto quiser por toda a
amplitude do movimento que a resistência não aumentará a velocidade ou ganhará
momento. Assim o aparelho permite o desenvolvimento da máxima tensão muscular
por toda a amplitude articular.
Dispositivos assistidos por computador
Durante o curso de uma repetição, o computador adapta a resistência á curva
de força do aluno, alterando a resistência de acordo com a curva. Estes aparelhos
podem ser ajustáveis na resistência, na velocidade, na potência, acelerações,
desacelerações e amplitudes de movimento. Ainda facilita a periodização do
treinamento ao passo que pode-se saber o volume de treinamento tanto de um dia
para o outro como de uma semana ou mês para o outro.
Dispositivos elástico-resistidos
O uso de elásticos proporciona pouca resistência no começo e muita
resistência no final do movimento (de acordo com a espessura e propriedade do
elástico), pois a resistência é proporcional a distância que o elástico é alongado. A
limitação dos aparelhos que utilizam elásticos é quanto ao número de elásticos que
podem ser fixados no aparelho ou a espessura do elástico utilizado. E também ocorre
o aumento da resistência ao final da amplitude articular quando a quando o músculo
já está contraído e o braço de resistência está menor, gerando um torque constante.
Ombro
A região do ombro é um complexo de 20 músculos, 3 articulações ósseas e 3
superfícies móveis de tecidos moles (articulações funcionais) que permite a maior
mobilidade entre todas as regiões encontradas no corpo.
As articulações ósseas são: esternoclavicular, acromioclavicular e
glenoumeral.
E as articulações funcionais são: escapulotorácica, subacromial e sulco
bicipital.
Esta região chamada de cintura escapular ou complexo do ombro executa a
função de estabilização da mão até mesmo nos movimentos especializados como
escrever, também executa as funções de levantar e empurrar, arremessar, elevação
do corpo, inspiração e expiração forçadas e até mesmo sustentação do peso corporal
ao andar de muletas e “plantar bananeira”.
Articulações – movimentos e amplitudes

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A região do ombro possibilita uma grande mobilidade em três planos (3 graus
de liberdades) ao membro superior. A seguir, a amplitude média em cada um dos
movimentos possíveis ao membro superior a partir da posição de referência – posição
anatômica:
Flexão: 180° (elevação no plano sagital);
Extensão: 45° a 50° (elevação posterior no plano sagital, também denominada
hiperextensão quando além da linha média do corpo);
Abdução: 180° (elevação no plano frontal). Até 60° ação da
articulaçãoglenoumeral, de 60° até 150° entra em ação a articulação escapulotorácica
e após 150° há participação da coluna vertebral;
Adução: com flexão é cerca de 30° a 45°. Com extensão é muito pequena, não
sendo mencionados valores na bibliografia. Na realidade este valor é para o
movimento que alguns denominam como hiperadução, pois a adução seria apenas a
redução de um movimento anterior de abdução;
Rotação externa: aproximadamente de 80°;
Rotação interna: os valores apontados vão de 100° a 110°;
Flexão e extensão horizontais: amplitude de cerca de 170°. Estes movimentos
são também denominados como adução e abdução horizontais.
Esta grande amplitude de movimento somente é possível ao ombro devido ao
fato de que os movimentos intrínsecos deste somam-se os movimentos específicos
da escápula. Estes movimentos são:
Abdução e adução: também denominados de prostração e retração ou de
translação lateral que abrangem uma amplitude de aproximadamente 15cm;
Elevação e depressão: movimentos de translação vertical com amplitude de 10
a 12cm;
Rotação superior e inferior: movimento de rotação em torno de um eixo
perpendicular ao plano da escápula. Inferior quando o ângulo inferior da escápula
coloca-se para dentro (a cavidade glenóide olha para baixo). Superior quando o
ângulo superior e externo se eleva e a cavidade glenóide“olha’ para cima;
Inclinação anterior e posterior: há inclinação anterior quando o ângulo inferior
da escápula se desloca da parede costal e posterior quando há o retorno da posição
anterior.
A escápula participa efetivamente da maioria dos movimentos do ombro. Ela
seria a base móvel para a ação do ombro.

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A articulação glenoumeral é capaz por si só de suprir a execução de
movimentos pouco amplos, mas para movimentos mais exigentes quanto à amplitude
torna-se indispensável a participação das articulações esterno claviculare escapulo
torácica
.
As vantagens de usar corretamente a biomecânica
Cada movimento de um exercício requer um posicionamento e uma execução
correta. Além disso, utilizar a biomecânica para corrigir movimentos inadequados é
interessante não apenas para trabalhar o músculo de maneira eficaz, mas também
prevenir lesões.
A biomecânica pode ser uma grande aliada na musculação, pois o
conhecimento desta influencia não só a técnica, o treinamento, mas a fabricação de
equipamentos.
Riscos de lesões
O risco de lesões é reduzido se ao executar o exercício o aluno se concentrar
no que está fazendo, mantendo a posição do corpo e a coluna estável.
Os equipamentos e o professor não podem garantir sua segurança por
completo.
O aluno tem que aprender a se posicionar e alinhar seu corpo frente a uma
força externa opositora. Isso também o ajudará a se movimentar, estabilizar e se
posicionar em atividades diárias fora da academia.
Como são exercícios de força, qualquer deslize pode lesionar. Fazer o
movimento errado repetidamente pode levar a problemas na coluna, como hérnias e
alterações das curvaturas normais das costas.
Especificamente deve-se dar uma atenção a necessidade de empreender um
programa de exercícios para o complexo do ombro já que a articulação glenoumeral
é ligada apenas por ligamentos e músculos o que gera um alto índice de luxação.
Cuidados e restrições
 Não generalizar a biomecânica do movimento, fazendo dela uma “receita de
bolo”, igual para todos. Nem tampouco torná-la específica a cada um. Tem que ter
bom senso e corrigir os erros quando houver necessidade se baseando nos princípios
biomecânicos do movimento;
 A amplitude e a correta realização dos movimentos podem ser comprometidas
pela sobrecarga acima da condição física;

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 Utilizar quase sempre toda a amplitude articular. Existem momentos que a
amplitude parcial pode ser utilizada, mas não deve ser realizada por períodos
extensos, pois geralmente leva ao aumento da sobrecarga, aumentando também o
estresse articular;
 Se o objetivo é trabalhar cada músculo eficientemente, tem que atentar para
não “roubar” movimento, pedindo ajuda para outros músculos para executar. Na
musculação o exemplo clássico seria a rosca direta, se formos realizar um movimento
de rosca direta inconscientemente, nosso sistema nervoso fará com que ergamos os
cotovelos e nos curvemos para trás – isso faz com que os deltoides e a musculatura
paravertebral ajudem os bíceps a erguerem o peso. Isso é tudo o que nós não
queremos quando treinamos musculação com o objetivo de hipertrofia.

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4. REFERÊNCIAS

HAMILL, Joseph & KNUTZEN, Kathleen M.. Bases biomecânicas do movimento


humano. Editora Manole, 1999. HAMILL, Joseph & KNUTZEN, Kathleen M.. Bases
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SMITH, L.. K. Cinesiologia Clinica de Brunnstrom. 5º ed. São Paulo: Manole, 1997.
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DELAMARCHE, Paul. Anatomia, fisiologia e biomecânica. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2006.

DELAVIER, F. Guia dos movimentos de musculação. 3° ed. São Paulo: Manole, 2002.

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HAMILL, J.; KNUTZEN, K.M. Bases biomecânicas do movimento humano. 2 ed. São
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MACHADO, David Camargo. Manual de Ed. Física volume 4, natação e Judô. São
Paulo: Ed. Pedagógica e Universitária Ltda, 1974.

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