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Resumo
A artroplastia consiste no remodelamento cirúrgico de uma articulação, tendo
como objetivo o alívio da dor e a restauração do movimento. A crochetagem mio-
aponeurótica (CMA) é uma técnica manipulativa também conhecida como Diafibrólise
Percutânea, utilizada no tratamento de processos álgicos do aparelho locomotor,
através da remoção das aderências e destruição dos corpúsculos irritativos inter-
aponeuróticos ou mio-aponeuróticos com o auxílio de ganchos colocados sobre o
tecido e mobilizando-o. A finalidade da crochetagem mio-aponeurótica, é a fibrólise
das aderências do tecido de sustentação, situada entre as fascias, tendões, ligamentos e
ossos. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo analisar a utilização da
crochetagem mio-aponeurótica (CMA) nas aderências pós-cirúrgicas de Artroplastia
Total de Quadril.
Palavras- Chaves: Artroplastia Total de Quadril. Aderências . Crochetagem
Mio-aponeurótica
1. Introdução
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Pós graduando em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual.
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Orientadora: Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e
Direito em Saúde.
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Aderências são formadas por fibroses geradas entre ossos, músculos e planos
fasciais, devido à má organização do tecido conjuntivo; geralmente de origem
cicatricial, biomecânica ou metabólica ocasionando excesso de líquido residual. Estas
restringem a elasticidade normal e o deslizamento das estruturas envolvidas, tornando o
local doloroso à movimentação. (DANTAS, 2005; KISNER; C.,2005).
Criada por Kurt Ekman, a Crochetagem Mio-Aponeurótica (CMA) é uma
técnica da terapia manual que permite chegar em pequenas dimensões que seriam
dificilmente palpáveis utilizando somente as mãos. Também chamada de diafibrólise
percutânea, esta técnica consiste em um tratamento externo indolor praticado através de
instrumentos semelhantes à agulhas de crochets. Trabalhando na quebra de aderências e
fibroses entre os planos de deslizamento de músculos, tendões, ligamentos e nervos,
devolvendo a mobilidade e a função através do conhecimento em anatomia palpatória e
aplicação dos crochets sobre a pele. (VARGAS, 2003).
Com essas considerações, tem-se por objetivo no presente artigo, evidenciar a
utilização da crochetagem mio-aponeurótica (CMA) na quebra de aderências pós-
cirúrgicas em artroplastia total de quadril para recuperar a mobilidade normal das
estruturas envolvidas.
2. Revisão Bibliográfica
Anatomia do Quadril
quinto anterior do acetábulo é formado pelo púbis, pelos dois quintos póstero-
superiores pelo corpo do ílio, e os dois quintos póstero-inferiores, pelo corpo ísquio. A
densa parede do acetábulo consiste em uma porção articular semilunar coberta com
cartilagem hialina, aberta embaixo, a fossa acetabular. A fossa acetabular é formada
principalmente a partir do ísquio e sua parede é frequentemente fina.
O fêmur transmite o peso a partir do ílio para a extremidade superior da tíbia.
Este osso, que tem uma bela forma, é o mais longo e o mais forte no corpo e possui
uma diáfise e duas extremidades. (PALASTANGA et al, 2000).
De acordo com Dângelo e Fattini (2002), a cabeça do fêmur articula-se com os
ossos do quadril, encaixando-se no acetábulo para constituir uma articulação sinovial
de tipo esferóide, triaxial, denominada articulação do quadril.
Segundo Palastanga et al (2000), na profundidade da região glútea está situada a
articulação do quadril. Esta é uma articulação de bola e soquete capaz de movimentos
de muitas direções. Para produzir tais movimentos há um arranjo complexo de
músculos em torno da articulação, os quais atuam sobre a coxa em relação à pelve ou
sobre a pelve em relação à coxa. Os músculos anteriores à articulação tendem a ser
flexores; os posteriores, extensores; medialmente, adutores, e lateralmente, abdutores.
Tanto a rotação medial quanto a lateral ocorrem nesta articulação, em virtude da
obliqüidade de algumas fibras musculares.
Os músculos do quadril são descritos por Palastanga et al (2000) e Putz e Pabst
(2000) da seguinte forma:
• Glúteo máximo: Ele é o músculo principalmente responsável pela posição
ereta, liberando, desse modo, os membros anteriores de um papel de sustentação de peso
e capacitando-os a se tornarem os implementos de precisão que constituem hoje.
Origina-se na face glútea da asa do ílio (dorsal à linha glútea posterior); face posterior
do sacro, aponeurose toracolombar, ligamento sacrotuberal. A porção mais cranial
insere-se na tíbia abaixo do côndilo lateral (sobre o trato iliotibial). Entre o trocanter
maior e o trato iliotibial fica a bolsa trocantérica do músculo glúteo máximo. A porção
mais caudal insere-se na tuberosidade glútea, septo intermuscular lateral da coxa.
Função: Porção mais cranial: Extensão, rotação lateral, abdução; Porção mais
caudal: Extensão, rotação lateral e adução.
Suprimento nervoso: O glúteo máximo é suprido pelo nervo glúteo inferior,
valores de raízes L5, S1 e S2. A pele que cobre o músculo, no entanto, é suprida
principalmente por ramos de L2 e S3.
• Semitendinoso: Origina-se no túber isquiático (unido à cabeça longa do
músculo bíceps da coxa) e insere-se na tuberosidade da tíbia (face medial).
Função: Extensão, adução e rotação medial.
Suprimento nervoso: O semitendinoso é suprido pela divisão tibial do nervo
ciático, valores de raízes L5, S1 e S2. A pele que cobre o músculo é suprida
principalmente por S2.
• Glúteo médio: Origina-se na face glútea da asa do ílio (entre as linhas glúteas
anterior e posterior) e insere-se no trocanter maior (ponta e margem mais lateral).
Função: Porção mais ventral: Abdução, flexão, rotação medial; Porção mais
dorsal: Abdução, extensão e rotação lateral.
Suprimento nervoso: O glúteo médio é suprido pelo nervo glúteo superior, valores
de raízes L4, L5 e S1. A pele que cobre este músculo é principalmente suprida por L1 e
L2.
• Glúteo mínimo: Embora este seja o menor dos músculos glúteos, ele toma a
maior fixação a partir da superfície glútea do ílio. Ele tem forma triangular, sendo largo
no topo e estreitando-se para um tendão embaixo. Se origina na face glútea da asa do
ílio (entre as linhas glúteas anterior e inferior) e insere-se no trocanter maior (ponta e
margem mais lateral).
Função: Parte mais ventral: Abdução, flexão, rotação medial; Parte mais dorsal:
Abdução, extensão e rotação lateral.
Suprimento nervoso: O glúteo mínimo é suprido pelo nervo glúteo superior,
valores de raízes L4, L5 e S1. A pele sobrejacente ao músculo é suprida principalmente
por L1.
• Grácil: Como o próprio nome diz, é um músculo longo, fino, situado no lado
medial da coxa. Ele é o mais superficial do grupo adutor. Origina-se no ramo inferior do
púbis (canto medial, ao longo da sínfise) e insere-se na extremidade proximal da tíbia
(medial à tuberosidade da tíbia).
Função: Adução, flexão e rotação lateral.
Suprimento nervoso: O grácil é suprido pela divisão anterior do nervo obturador,
valores de raízes L2 e L3. A pele que cobre esta área é inervada pelas
raízes L2 e L3; a parte superior, pelo nervo obturador e a parte inferior, pelo nervo
femoral.
corpos da 12ª vértebra torácica até a 4ª vértebra lombar (faces laterais), discos
intervertebrais; A camada profunda origina-se dos processos costais das 1ª a 4ª vértebras
lombares. Inserem-se no trocânter menor.
Função: Flexão, rotação medial (rotação lateral pela contração simultânea dos
músculos glúteos).
Suprimento nervoso: O psoas maior é suprido a partir dos ramos anteriores de L1,
L2, L3 e às vezes L4. O músculo somente aparece perto da superfície na área da virilha
e esta pequena área de pele é suprida por L1.
• Piriforme: Tem forma triangular, com a sua base na pelve e o ápice na região
glútea. Origina-se na face pélvica do sacro (lateral e entre os forames sacrais anteriores
do 3° e 4° segmentos sacrais), incisura isquiática maior próximo do sacro. Insere-se no
trocanter maior (superfície medial da ponta).
Função: Rotação lateral, extensão e adução.
Suprimento nervoso: O piriforme é suprido a partir dos ramos anteriores do plexo
sacro, L5, S1 e S2; principalmente S1. A pele que cobre esta área é suprida pelas
mesmas raízes nervosas, mas deve-se lembrar que este é um músculo profundo e que o
glúteo máximo intervém entre os dois.
3. Biomecânica
Segundo Hamill (1999), a cintura pélvica incluindo a articulação do quadril,
exerce um papel integral no suporte do peso do corpo, e, ao mesmo tempo, oferece
mobilidade aumentando a amplitude de movimento do membro inferior. A articulação
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do quadril também tem ligamentos fortes e suporte muscular em todas as direções para
suportar e manter estabilidade na articulação.
Segundo Kisner (2005), após qualquer agressão ao tecido conjuntivo, seja devido
lesão mecânica (incluindo cirurgia), seja a um irritante químico, a resposta vascular e
celular é semelhante. A irritabilidade ou sensibilidade do tecido, é o resultado dessas
respostas, e é geralmente dividida em três estágios de inflamação e regeneração sendo o
primeiro estágio a reação inflamatória ou estágio agudo, o segundo estágio é o de reparo
e regeneração ou estágio subagudo e o terceiro estágio o de maturação e remodelamento
ou estágio crônico.
De acordo com Kisner (2005), o primeiro estágio envolve respostas celulares,
vasculares e químicas dentro do tecido. Geralmente esse estágio dura de 4 a 6 dias, a
menos que a agressão seja perpetuada.
O segundo estágio começa do 2º ao 4º dia após a lesão dos tecidos e a
inflamação começa a diminuir. Iniciam-se a resolução do coágulo e o reparo do local
lesado. Isso geralmente dura mais uns 10 a 17 dias (14-21 dias após a ocorrência da
lesão), mas pode durar até seis semanas. A síntese e a deposição de colágeno
caracterizam esse estágio.
O terceiro estágio é a maturação e o remodelamento do tecido onde a retração
da cicatriz devido à atividade dos miofibroblastos geralmente se acha completa por
volta do 21º dia e a cicatriz pára de aumentar de tamanho, de modo que do 21º ao 60º
dia há uma predominância de fibroblastos facilmente remodelados. O processo de
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5.1 Histórico
Segundo Ribeiro Jordão (2004), a técnica foi fundada pelo Fisioterapeuta sueco
Kurt Eckman, que foi colaborador do Dr. James Cyriax na Inglaterra, durante anos após
a Segunda Guerra Mundial. Frustrado pelos limites palpatórios das técnicas
convencionais, inclusive a massagem transversa profunda de Cyriax, desenvolveu
progressivamente uma série de ganchos e uma técnica de trabalho especifica para eles.
Efeitos da Crochetagem Mio-aponeurótica (CMA)
Vargas et al (2002), menciona que esta técnica atua sobre as restrições de
mobilidade de qualquer elemento conjuntivo de desordens mecânicas ou bloqueios
funcionais, o que causa respostas vegetativas e estimula a circulação linfática e
sangüínea, melhorando o deslizamento das fáscias. Pois é possível quebrar as fibroses e
aderências originadas por cristais de oxalato de cálcio, de origem cicatricial traumática
ou cirúrgica, que estão concentrados entre os planos profundos de deslizamento de
músculos, tendões, ligamentos e nervos devolvendo o movimento livre entre os tecidos,
que causavam além de irritação, limitação da amplitude articular, devolvendo a função.
5.3 Aderências
5.4 Indicações
5.5 Contra-indicações
6. Metodologia
Conclusão
Desta forma, podemos afirmar que a Artroplastia Total de Quadril, por ser uma
técnica cirúrgica, causa comprometimentos a nível tecidual e limitações funcionais
devido às aderências que comumente ocorrem. As aderências teciduais restringem a
elasticidade normal e o deslizamento das estruturas envolvidas. Causam dor e limitação
de movimentos, levando o paciente a sentir desconforto e incapacidade de realizar as
suas atividades.
Contudo, sendo a técnica de Crochetagem Mio-aponeurótica (CMA), uma
técnica manipulativa, a mesma se faz importante pois, proporciona um tratamento
completo e eficaz, diminuindo as aderências nos tecidos pós-cirúrgicos e permitindo
assim o retorno às suas atividades da vida diária.
Referências Bibliográficas