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Instituto de Ciências de Saúde Tenha Esperança (INCISTE) – Nampula

Curso de Enfermagem

Anatomia e Fisiologia Humana

Docente: Dr. Abel Manuel Bolacha, Médico de Clínica Geral

Tema: Artrologia

Definição

Artrologia é a ciência que tem por objectivo o estudo das articulações.

Articulação é o conjunto de elementos pelos que os ossos se unem entre si, ou seja, é a junção
de dois ou mais ossos ou destes com as cartilagens.

Classificação

De acordo com o tipo de tecido conjuntivo entre os ossos, as articulações são classificadas em
três principais grupos: articulações imóveis ou fibrosas, articulações semimóveis ou
cartilaginosas e articulações móveis ou sinoviais.

 Articulações imóveis ou fibrosas – caracterizam-se por ter duas superfícies articulares


unidas por tecido fibroso, bem como entre dois ossos desenvolvidos a partir de tecido
cartilaginoso ou entre ossos dois ossos desenvolvidos a partir de tecido fibroso. Podem
ser divididas em suturas (articulações entre os ossos do crânio) e sindesmoses
(articulações entre o rádio e a ulna/cúbito e entre a tíbia e fíbula/perónio)
 Articulações semimóveis ou cartilaginosas – suas superfícies articulares, planas ou
côncavas, são recobertas por cartilagens. A mobilidade dessar articulações é reduzida. Por
exemplo, articulações entre as vértebras, entre as costelas e o esterno e os ossos púbicos.
 Articulações móveis ou sinoviais – possuem uma cavidade articular (cavidade sinovial)
que apresenta uma cápsula cheia de líquido sinovial, que funciona como um lubrificante.
Essas articulações possuem uma maior liberdade de movimentos e são as mais
encontradas no corpo humano. De acordo com o número de movimentos, podem ser
classificadas em uniaxil (permite apenas um eixo de rotação, por exemplo, entre húmero
e cúbito), biaxil (permite dois eixos de rotação, por exemplo, articulação do punho) e
poliaxil (permite três ou mais eixos de rotação, por exemplo, articulações
temporomandibular e do ombro).

Principais articulações e seus movimentos

Articulações da cabeça

As articulações da cabeça podem dividir-se em dois grupos: a) as articulações dos ossos do


crânio e da cara entre si (ligados de forma que não permitam movimentos, as suturas) e b)
articulação da mandíbula com o crânio ou articulação temporomandibular; possui os
movimentos de translação anterior e posterior, movimentos laterais e de rotação.
Articulações do tórax

Articulações costovertebrais

Uma costela típica articula-se com os corpos de vértebras adjacentes, formando uma
articulação com a cabeça da costela e o processo transverso de sua vértebra relacionada,
formando uma articulação costotransversária. Em conjunto, as articulações costovertebrais
e os ligamentos relacionados permitem que os colos das costelas rodem em torno de seus
eixos longitudinais, o que ocorre principalmente nas costelas superiores, ou que subam e
desçam relativamente à coluna vertebral, o que ocorre principalmente nas costelas inferiores.

Os movimentos combinados de todas as costelas na coluna vertebral são essenciais para


alterar o volume da cavidade torácica durante a respiração

Articulações esternocostais

As articulações esternocostais são aquelas entre as sete cartilagens costais superiores e o


esterno. A articulação entre a costela I e o manúbrio não é sinovial e consiste em uma
conexão fibrocartilaginosa entre o manúbrio e a cartilagem costal. As articulações a partir da
segunda à sétima costela são sinoviais e têm cápsulas finas reforçadas por ligamentos
esternocostais em volta.
A articulação entre a segunda cartilagem costal e o esterno divide-se em dois compartimentos
por um ligamento intra-articular. Este ligamento fixa a segunda cartilagem costal à junção do
manúbrio e ao corpo do esterno.

Articulações intercondrais

As articulações intercondrais ocorrem entre as cartilagens costais das costelas adjacentes,


principalmente entre as cartilagens costais das costelas VII a X, mas também podem envolver
as cartilagens costais das costelas V e VI. As articulações intercondrais fornecem ancoragem
indirecta ao esterno e contribuem para a formação da margem costal inferior lisa. Geralmente
são sinoviais, e as cápsulas fibrosas finas são reforçadas por ligamentos intercondrais.

Articulações manubrioesternal e xifoesternal

As articulações entre o manúbrio e o corpo do esterno e entre o corpo do esterno e o processo


xifóide geralmente são sínfises. Ocorrem apenas discretos movimentos angulares entre o
manúbrio e o corpo do esterno durante a respiração. A articulação entre o corpo do esterno e
o processo xifóide costuma ficar ossificada com a idade.
Articulaçoes da pélves

Articulações lombossacrais

O sacro articula-se superiormente com a parte lombar da coluna vertebral. As articulações


lombossacrais são formadas entre a vértebra LV e o sacro.

Articulações sacroilíacas

As articulações sacroilíacas transmitem forças das extremidades inferiores à coluna vertebral.


São articulações sinoviais entre as facetas articulares em forma de “L”, nas superfíceas
laterais do sacro, e facetas semelhantes nas partes ilíacas dos ossos do quadril. As superfícies
articulares têm um contorno irregular e engatam-se para resistir ao movimento. Estas
articulações costumam ficar fibrosas com a idade e podem ficar completamente ossificadas.
Estas articulações somente só realizam o movimento de deslizamento.
Articulação da sínfise púbica

A sínfise púbica situa-se anteriormente entre as superfícies adjacentes dos ossos púbicos.
Cada uma das superfícies articulares é coberta por cartilagem hialina e é ligada através da
linha média a superfícies adjacentes por fibrocartilagem. A articulação é cercada por camadas
intercruzadas de fibras de colágeno, e os dois principais ligamentos associados a ela são:
ligamento superior e ligamento inferior do púbis.

Articulações da coluna vertebral

As articuaçoes da coluna podem ser consideradas uma das mais complexas, pois é
responsável por movimentos que são de extrema importância para as actividades do dia-a-
dia.

Os dois principais tipos de articulações entre vértebras são: sínfise entre corpos vertebrais e
articulações sinoviais entre processos articulares.

Uma vértebra típica tem um total de seis articulações com vértebras adjacentes: quatro
articulações sinoviais (duas acima e duas abaixo) e duas sínfises (uma acima e uma abaixo).
Cada sínfise inclui um disco intervertebral.

O movimento entre duas vértebras é considerado pequeno, porém, em conjunto, representam


movimentos de grande amplitude. Os movimentos realizados pela coluna vertebral incluem
flexão, extensão, flexão lateral, rotação e circundação.
Articulações dos membros superiores
Articulação do ombro

O ombro consiste nos ossos escápula, clavícula e parte proximal do húmero.

A clavícula articula-se, medialmente, com o manúbrio do esterno (articulação


esternoclavicular) e, lateralmente, com o acrómio (articulação acrómicoclavicular) da
escápula, o qual se arqueia sobre a articulação entre a cavidade glenoidal da escápula e
cabeça do húmero (articulação do ombro propriamente dita, também chamada de
glenoumeral). A articulação do ombro permite a flexão, extensão, abdução, adução, rotação
medial e lateral e a circundação do braço.

Articulação do cotovelo

É formada pela parte distal do húmero com as partes proximais dos ossos do antebraço (rádio
e cúbito/ulna), sendo que os dois últimos articulam-se entre si. Esta articulação permite os
movimentos de flexão e extensão do antebraço, permitindo também que rádio possa girar
sobre o húmero enquanto desliza contra a cabeça da ulna durante a pronação e a supinação da
mão. As partes distais do rádio e cúbito também se articulam entre si, articulação que permite
que a parte distal do rádio gire da parte lateral da ulna para sua sua parte medial durante a
supinação da mão.
Articulação do punho

É formada entre o rádio e os ossos carpais e entre um disco articular distal à ulna e os ossos
carpais. A articulação do punho permite que ocorram, principalmente, a abdução, adução,
flexão, extensão e circundação da mão.

Estes movimentos, combinados com os do ombro, braço e antebraço, permitem que a mão
seja colocada em uma ampla gama de posições, relativamente ao corpo.
Articulações da mão

As articulações entre os oito pequenos ossos carpais permitem, somente, pequenos


movimentos. Em decorrência disto, os ossos carpais trabalham juntos como uma unidade.

A articulação entre o osso metacarpal do polegar (metacarpal I) e um dos ossos carpais


permite melhor mobilidade do que o movimento limitado de deslizamento que ocorre nas
articulações carpometacarpais dos dedos. Distalmente, a cabeça dos metacarpais II a V (ist é,
excepto o do polegar) são interconectados por ligamentos espessos.

As articulações metacarpofalangicas permitem flexão, extensão, abdução, adução e


circundução.

As articulações interfâlangicas são primariamente, articulações do tipo gínglimo (dobradiça),


que permitem, somente, flexão e extensão.

Articulações dos membros inferiores

Articulação do quadril (coxofemoral)

A articulação do quadril é uma articulação sinovial entre a cabeça do fémur e o acetábulo do


osso do quadril. A articulação é esferóidea multiaxial e projetada para gerar estabilidade e
suporte de peso às custas da mobilidade. Os movimentos da articulação incluem flexão,
extensão, abdução, adução, rotação medial e lateral e circundução.
Articulação do joelho

É a maior articulação sinovial do corpo. Ela consiste: (1) da articulação entre o fémur e a
tíbia, que é de suporte de peso; e (2) da articulação entre a patela e o fémur, que permite que a
tracção do músculo quadríceps femoral seja direccionada anteriormente sobre o joelho para a
tíbia sem o desgaste do tendão. Os movimentos detalhados do joelho são complexos, mas
basicamente a articulação é um guínglimo (dobradiça), o que permite principalmente a flexão
e a extensão.

Como a articulação do joelho está envolvida com o suporte de peso, ela possui um eficiente
mecanismo de estabilização para reduzir a quantidade de energia muscular necessária para
manter a articulação estendida quando o indivíduo está em pé.

Articulação tibiofibular

A pequena articulação tibiofibular (proximal) é do tipo sinovial e permite muito pouco


movimento. As superfícies articulares em oposição, na superfície inferior do côndilo lateral
da tíbia na face súpero-medial da cabeça da fíbula, são planas e circulares. A cápsula é
reforçada pelos ligamentos anterior e posterior.
Articulação do tornozelo (talocrural)

A articulação talocrural é do tipo sinovial e envolve o tálus do pé, além da fíbula e a tíbia da
perna. A articulação talocrural permite principalmente a dorsiflexão e a flexão plantar (tipo
dobradiça) do pé em relação à perna.

A extremidade distal da fíbula está firmemente ancorada à extremidade distal maior da tíbia
por fortes ligamentos. Em conjunto, a fíbula e a tíbia criam u m encaixe profundo em formato
de colchete para a parte superior expandida do corpo do tálus:

 O teto do encaixe é formado pela superfície inferior da extremidade distal da tíbia;


 A face medial do encaixe é formada pelo maléolo medial da tíbia; a face lateral mais
longa do encaixe é formada pelo maléolo lateral da fíbula.

As superfícies articulares são cobertas por cartilagem hialina.


Articulações do pé

Articulações intertarsais

As diversas articulações sinoviais entre os ossos tarsais, principalmente invertem, evertem,


supinam e pronam o pé. A inversão e a eversão são o giro da planta do pé para dentro e para
fora, respectivamente; a pronação é a rotação plantar com desvio lateral da frente do pé em
relação à parte posterior do pé; a supinação é o movimento inverso.

A pronação e a supinação permitem que o pé mantenha um contacto normal com o chão


quando o indivíduo adopta posturas diferentes ou fica em pé sobre superfícies irregulares.

Articulações tarsometatarsais

As articulações tarsometatarsais (entre os ossos metatarsais e os ossos tarsais adjacentes) são


articulações planas e permitem limitados movimentos de deslizamento. A amplitude de
movimentos das articulações tarsometatarsais entre o metatarso do hálux e o cuneiforme
medial é maior do que a das outras articulações tarsometatarsais e permite a flexão, extensão
e rotação. As articulações tarsometatarsais, com a articulação transversa do tarso, actuam na
pronação e na supinação do pé.
Articulações metatarsofalângicas

São articulações sinoviais elipsóideas entre as cabeças esferoidais dos metatarsais e as bases
correspondentes das falanges proximais dos dedos. As articulações metatarsofalângicas
permitem a extensão e a flexão, abdução limitada, adução, rotação e circundação.

As cápsulas articulares são reforçadas pelos ligamentos colaterais medial e lateral e pelos
ligamentos plantares, que possuem sulcos em suas superfícies plantares para os tendões
longos dos dedos.

Articulações interfalângicas

São articulações em gínglimo (dobradiça) que permitem principalmente a flexão, extensão,


abdução e adução. Elas são reforçadas pelos ligamentos colaterais medial e lateral e pelos
ligamentos plantares.
Referencias Bibliográficas

1. ROUVIÈRE, Henri; & DELMAS, André. Anatomia humana: cabeça e pescoço. 11ª
edicção; Editora Masson. Barcelona. 2005.
2. DRAKE, Richard L.; VOGL, Wayne; & MITCHELL, Adam W. M. Gray’s: Anatomia
para estudantes. 2a edição; Editora Elsevier. Brasil. 2004.
3. PUTZ, R.; PABST, R.; & PUTZ, Renate. Sobotta: atlas de anatomia humana, volume
1 – cabeça, pescoço e extremidade superior. 21ª edição; Editora Guanabara Koogan.
Rio de Janeiro. 2000.

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