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Formação de Cuidadores de Idosos

Coletânea de textos
Colégio Politécnico Boock
1. Introdução 

O cuidador de idosos
O treinamento de pessoas para o cuidado faz-se necessário, face à situação de desamparo em que se
encontram os idosos, no sentido de facilitar o atendimento imediato às suas necessidades básicas quando
doentes fragilizados.

Tendo em vista o aumento progressivo da população idosa, o resgate do papel dos "cuidadores" é uma
questão a ser pensada. Entretanto, em razão da complexidade cada vez maior na organização das
sociedades, enfatiza-se a necessidade de preparo e aprendizado específicos para exercer o papel de
"cuidador".
Para cuidar de idosos, espera-se que haja alguém capaz de desenvolver ações de ajuda naquilo que
estes não podem mais fazer por si só; essa pessoa assume a responsabilidade de dar apoio e ajuda para
satisfazer às suas necessidades, visando a melhoria da condição de vida.
Não se pode esquecer que, em muitas situações, o "cuidador" nem sempre é um ente da família, e que
introduzir pessoas externas ao contexto familiar implica em reconhecer valores de respeito e discrição,
para não interferir na dinâmica familiar.

1.1. Princípios orientadores

O preparo de cuidadores exige a definição de uma base conceitual norte adora dos valores e princípios
filosóficos, que podem ser reconhecidos pelos pressupostos de Gonçalves e col (1997):
1. O cuidado humano ou "cuidar de si" representa a essência do viver humano; assim, exercer o
autocuidado é uma condição humana. E ainda "cuidar do outro" sempre representa uma condição
temporária e circunstancial, na medida em que o "outro" está impossibilitado de se cuidar.
2. O "cuidador" é uma pessoa, envolvida no processo de "cuidar do outro" - o idoso, com quem vivência
uma experiência contínua de aprendizagem e que resulta na descoberta de potencialidades mútuas: É
nesta relação íntima e humana que se revelam potenciais, muitas vezes encobertos, do idoso e do
cuidador. O idoso se sentirá capaz de se cuidar e reconhecerá suas reais capacidades;

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3. O cuidador é um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço de amor à
humanidade, de solidariedade e de doação. Costuma doar-se ou voluntariar-se para as áreas de sua
vocação ou inclinação. Seus préstimos têm sempre um cunho de ajuda e apoio humanos, com relações
afetivas e compromissos positivos.

1.2. Princípios orientadores

O preparo de cuidadores exige a definição de uma base conceitual norte adora dos valores e princípios
filosóficos, que podem ser reconhecidos pelos pressupostos de Gonçalves e col (1997):
1. O cuidado humano ou "cuidar de si" representa a essência do viver humano; assim, exercer o
autocuidado é uma condição humana. E ainda "cuidar do outro" sempre representa uma condição
temporária e circunstancial, na medida em que o "outro" está impossibilitado de se cuidar .
2. O "cuidador" é uma pessoa, envolvida no processo de "cuidar do outro" - o idoso, com quem vivência
uma experiência contínua de aprendizagem e que resulta na descoberta de potencialidades mútuas: É
nesta relação íntima e humana que se revelam potenciais, muitas vezes encobertos, do idoso e do
cuidador. O idoso se sentirá capaz de se cuidar e reconhecerá suas reais capacidades;
3. O cuidador é um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço de amor à
humanidade, de solidariedade e de doação. Costuma doar-se ou voluntariar-se para as áreas de sua
vocação ou inclinação. Seus préstimos têm sempre um cunho de ajuda e apoio humanos, com relações
afetivas e compromissos positivos.
Funções - Ajudar nas atividades da vida diária; administrar medicamentos por via oral prescritos pelo
especialista; auxiliar na deambulação e mobilidade; cuidados com a organização do ambiente protetor e
seguro, acesso a dispositivos de ajuda ( equipamentos ) para a atenção ao idoso; propiciar conforto físico
e psíquico; estimular o relacionamento e contato com a realidade e levar o idoso a participar de atividades
recreativas e sociais. Conferir sinais vitais, reconhecer sinais de alterações (alerta) e prestar socorro em
situações de urgência (os primeiros).

1.3. Cuidador Profissional

Conceito - O cuidador profissional é a pessoa que possui educação formal com diploma conferido por
instituição de ensino reconhecida em organismos oficiais, e que presta assistência profissional ao idoso,
família e comunidade.
Perfil - Ter cursado Ensino Médio ou Superior e tido treinamento específico em cuidado do idoso, em
instituições oficialmente reconhecidas.
Destacam-se as habilidades e qualidades pessoais para o cuidado.

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Funções - Os cuidadores profissionais seguem funções específicas em conformidade com as legislações
das categorias profissionais.

Os cuidadores "informais" e "formais" devem desenvolver algumas habilidades e qualidades para prestar
cuidado, especificadas a seguir:

Habilidades técnicas: É o conjunto de conhecimentos teóricos e práticos, adquiridos por meio da


orientação de profissionais especializados. Esses conhecimentos irão preparar o cuidador para prestar
atenção e cuidados ao idoso (descritas nas funções).
Qualidades éticas e morais: São atributos necessários para permitir relações de confiança, dignidade,
respeito e ser capaz de assumir responsabilidades com iniciativa. Quando não for parente, deve procurar
adaptar-se aos hábitos familiares, respeitar a intimidade, a organização e crenças da fan111ia, evitando
interferência.
Qualidades emocionais: Deve possuir domínio e equilíbrio emocional, facilidade de relacionamento
humano, capacidade de compreender os momentos difíceis vividos pelo idoso, adaptação às mudanças
sofridas por ele e família, tolerância ante situações de frustração pessoal.
Qualidades físicas e intelectuais: Deve possuir saúde física, incluindo força e energia, condições
essenciais nas situações em que há necessidade de carregar o idoso ou dar apoio para vestir-se e cuidar
da higiene pessoal. Ser capaz de avaliar e administrar situações que envolvem ações e tomada de
decisões.

Motivação: É condição fundamental a empatia por idosos. Valorizá-los como grupo social, considerando
que o "cuidado" deve ser um compromisso prioritário, pessoal e também da sociedade.
O cuidador de idosos dependentes deve organizar suas tarefas de cuidado de modo a ter oportunidades
de se autocuidar. Muitas vezes, o cuidador se sobrecarrega nas suas atividades e se esquece de que é
uma pessoa que também necessita de cuidados. A família deve avaliar esse trabalho, em conjunto com
profissionais e planejar atividades para idosos e cuidadores. Cursos são necessários, visando a orientação
aos cuidadores do cuidado com o outro e consigo mesmo.
Fonte: BRASIL, Presidência Social. Idosos: Problemas e cuidados básicos. Brasília: MPAS/SAS, 1999.

1.4. O cuidado, com freqüência, começa em forma gradual. Provavelmente você já esta ajudando
a alguém a:
 
 Levar ao Médico;
 Fazer as compras no supermercado;
 Pagar as contas;
 Lavar a roupa ou limpar a casa ou
 Cozinhar.
 
Com o tempo, você poderia oferecer maiores cuidados. Quem sabe compartilhe a responsabilidade com
outros membros da família ou com amigos, ou quem sabe se encarregue de tudo você mesmo, inclusive
ate dedicar às 24 horas do dia ao cuidado dessa pessoa. É provável que o cuidado de outra pessoa
compreenda:

 Alimentá-la ou dar-lhe banho;


 Ajudá-la a usar o banheiro;
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 Supervisionar o horário de tomar as medicações;
 Contratar a outras pessoas que a cuidem;
 Programar todo o atendimento médico ou;
 Administrar todos os seus assuntos econômicos e legais.
 

SE VOCE REALIZA ALGUMA DESTAS TAREFAS POR OUTRA PESSOA, ENTÃO VOCE E UM
CUIDADOR!
 
Este curso lhe proporcionará informação para ajudá-lo no cuidado no presente e no futuro. Dar-te-emos
muitas idéias e recomendações, muitas das quem sabe, provavelmente nem usaras ou pelo menos na
totalidade, entretanto, sabemos que parte desta informação ser-te-á útil.
 
Mediante um planejamento cuidadoso, cuidando-se bem de ti mesmo e estando atenta a quantidade de
ajuda disponível, tua tarefa será mais fácil. Será também um melhor cuidador e será possível que a
pessoa permaneça em seu lar por mais tempo.

Sobre o conteúdo programático

O Conteúdo, segundo a proposta é centrada na formação básica do cuidador de idosos. Trataremos de


forma simples, sobre atividades que qualquer voluntário poderá fazer. Foi escrito de forma a atingir
qualquer um que queira se capacitar para essa missão.

O Colégio Politécnico Boock, além do Curso Técnico em Enfermagem tem autorizado um curso de
Especialização em Nível Técnico em Geriatria, mas este é específico para Técnicos e graduados em
Enfermagem, com carga horária superior a 400 horas. Não se esqueça que nosso Curso Básico tem
apenas 40 horas!

O Boock Virtual consta do projeto pedagógico do estabelecimento, autorizado para prover


aperfeiçoamento, oferecer disciplinas de forma online entre outras atribuições.

Boock Virtual na internet: www.boock.ensinar.org

A Plataforma Ensinar é uma ferramenta magnífica de aprendizagem, permite o total gerenciamento do


processo, acompanhando a aluno minuto a minuto em cada componente curricular, em cada atividade,
gerando dezenas de gráficos para permitir uma avaliação precisa.

Após o aluno ter visto cada arquivo, texto, vídeo, fórum, será submetido a uma avaliação compatível com
o ensino online. O que se procura mensurar não é a capacidade do aluno de recortar palavras e colar...
Mas a de sintetizar, emitir pareceres, descrever, executar, transformar, inovar. Isso será possível através
da exposição aos múltiplos arquivos, à participação no fórum, no bate-papo, nas pesquisas, etc.

Não esqueça que de todas as atividades pontuadas a mais importante é o fórum. Ele é o termômetro
indicativo da efervescência dos debates, desabafos, críticas, sugestões, é a voz virtual do aluno emitindo
seu julgamento, é a voz “materializada” É o registro de atos de bravura, da fúria e da indignação pelo
descaso, é a solicitação humilde de auxílio, é o registro do conselho do especialista, do mestre. É o
espaço para se convocar campanhas em prol da dignidade! É o registro vivo da vida!

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Ao final estaremos repassando as habilidades trabalhadas para que constem no certificado emitido aos
que tiverem aproveitamento superior a 6,0 (seis). Esse documento será remetido pelo correio a cada um
dos concluintes pelo Colégio Politécnico Boock.

Suporte na Internet

Existe 2 tipos de suporte, o suporte online ou suporte da plataforma ensinar, sobre dificuldades na
navegação e o nosso suporte. Lembre-se, queremos que você usufrua de cada arquivo, que realize todas
as atividades programadas de forma completa e satisfatória, para tanto conte conosco!

Boa Sorte! Que Deus nos acompanhe!

Carlos Alberto Boock Maly

2. REFLEXÃO
2.1. Respeito e Dignidade

Antes de começar a realização deste curso, vamos nos deter alguns minutos para considerar seu papel
especial como ajudador. A diferença de um cuidador profissional, você conhece na pessoa que cuida.
Conhece a pessoa por completo, o que ela gosta e o que ela não gosta também, suas fortalezas e suas
fraquezas individuais, alem de seus desejos e necessidades.

É muito fácil cair numa atitude “protetora” quando se cuida de outra pessoa, especialmente se tratar de um
membro da família. Mas precisamos compreender que a não ser que a pessoa esteja passando por um
transtorno cognitivo (Distúrbio cerebral devido a um derrame cerebral, demência ou outro problema de
saúde), ELE, entretanto toma as decisões sobre sua vida. Às vezes, a pessoa poderia tomar decisões
que você não tomaria, mas é sua decisão. Isto pode ser difícil para você, como cuidador, mas deve ter
cuidado e estar alerta para não cair na superproteção.

Uma das necessidades humanas mais importantes é o respeito e a dignidade e essa necessidade não
muda quando a pessoa adoece e fica incapacitada, de fato, esta poderia inclusive acentuar-se mais.

Existem muitas coisas que você pode fazer para se assegurar que a pessoa sob seus cuidados receba
respeito e dignidade direito básicos de todo ser humano.

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2.2. Respeitar sua privacidade física e emocional.

 Fechar a porta quando o ajuda a vestir-se ou usar o banheiro;


 Bater a porta antes de entrar;
 Não comentar informação privada com outras pessoas, mesmo que estas sejam membros da
família, sem sua permissão.

2.3. Respeitar seu direito de escolher.

 Ao tomar decisões, sentimos certo controle sobre nossa vida. Por exemplo, se a pessoa pode
fazê-lo, permita que decida o que e quando comer;
 Se a pessoa tem problemas cognoscitivos, ofereça-lhe opções sobre o que comer, quando comer
e o que usar.
 Se a pessoa insiste em usar a mesma camisa todos os dias, use uma toalha como proteção
quando coma e lave a roupa de noite.
 Se pensar que e uma decisão boba ou de pouca importância, trate de ver porque isso é
importante para a pessoa.
 Se a pessoa se nega a tomar seus medicamentos ou toma decisões que possam ser perigosas,
trate de negociar uma possível solução. Ofereça-lhe os comprimidos com seu suco favorito (se a
receita permite), aceite dar-lhe banho com a freqüência absolutamente necessária, planeje tempo
para que alguém a leve a caminhar com ele se não e seguro que o faça sozinho.

2.4. Trate-o com dignidade.

 Ouça suas preocupações;


 Peça sua opinião e faça-o saber que esta e importante para você;
 Faça-o participar de tantas decisões quanto possível;
 Inclua-o na conversação. Não fale dele como se não tivesse presente.

Converse com ele como um adulto, mesmo que você não esteja certo do quanto ele entende.

2.5. Filosofia de vida independente

A filosofia de vida independente e um conceito que tem surgido do desejo natural que as pessoas
incapacitadas têm de exercer o controle sobre sua vida. Em uma visão mais abrangente, esta filosofia
afirma que todos, incapacitados ou não, tem direito e oportunidade de seguir um curso de ação em
particular e isto implica na liberdade de aprender de nossas experiências, incluindo nossos erros.

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3. Cuide-se de si mesmo
Cuidar de outra pessoa e a responsabilidade mais difícil que terá na sua vida. Se bem que cuidar de uma
pessoa traz muitas satisfações, mas existem sacrifícios e exigências que poderiam chegar a ser muito
fortes.

Dado ao fato que cuidar de outra pessoa pode ser exaustivo, é importante que se controle. No geral, e
difícil saber por quanto tempo devera cuidar desta pessoa ou se sua tarefa se tornara mais exigente ao
longo do tempo e deve-se levar em conta que esse trabalho não vem com uma descrição trabalhista!

Cuidar de suas próprias necessidades é tão importante como cuidar de outra pessoa.

Se você adoece ou tem estafa emocional ou física, não poderá cuidar dos outros.

Agora veja a apresentação a seguir sobre como fazer!

3.1. A Importância de fazer exercício

Ninguém pode estar tão fora de forma, tão cansado ou ocupado como para não se beneficiar com um
programa regular de exercícios. O que ouvimos geralmente são os benefícios...

Se você tem desculpas do tipo: “Eu nunca fiz exercícios antes”, “Meus joelhos e meus pés doem muito” ou
“Não tenho tempo”, faça a você mesmo um favor: com tão somente 10 minutos por dia e em pelo menos 3
dias por semana, o exercício correto te ajudará a sentir-se melhor, a reduzir o estresse e a gozar mais da
vida.

3.2. Algumas observações importantes para quando você fizer exercício:

 Programe uma hora específica cada día para fazer exercício;


 Seja constante. Para obter benefícios de qualquer programa de exercício, deves fazê-lo de forma
regular;
 Faça exercícios de alongamento e de relaxamento antes e depois de teu exercício;
 Comeces com uns 10 minutos de exercício ao dia e aumente gradualmente ate 30 minutos para
obter o máximo benefício;
 Faça o teste do falar/cantar para saber se estas fazendo o exercício de forma demasiadamente
forte ou não o suficiente, utilize este simples teste. Se não pode falar ao fazer exercício ao
mesmo tempo, esta se extenuando. Se você pode cantar e fazer exercício, não esta se
esforçando o suficiente;
 Sempre comece lentamente a atividade durante os primeiros 5 minutos e diminua o ritmo durante
os 5 últimos minutos em vez de parar abruptamente.

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3.3. Exercícios recomendados.

Nota de advertência: Sempre consulte seu médico antes de começar qualquer programa de exercícios.

3.4. Dê um passeio diário.

Procure um amigo com quem caminhar. Motivar-se-ão mutuamente quando estiverem tentados há ter o
dia livre sem o exercício.

3.5. Veja um vídeo de exercícios.

Procure vídeos para principiantes. Evite começar com programas que incluam saltar ou dobrar-se. Melhor
ainda, use vídeos para fazer alongamento, tonificação muscular e relaxamento.

3.6. Informe-se sobre aulas oferecidas através dos centros comunitários, ginásios e centros para
idosos.

Consulte sobre Yoga, tai-chi ou outros programas de exercícios não tradicionais. Estes são uma forma
excelente de melhorar a flexibilidade, tonificar os músculos e relaxar. Veja se tem disponível piscina
comunitária e consulte sobre horário de natação para idosos ou aulas de hidroginástica. Muitas piscinas
oferecem aulas só para idosos ou para pessoas que desejem um ritmo mais lento.

3.7. Dance, para ter uma saúde melhor.

Os bailes de São João, de salão ou tradicionais são uma excelente forma de incrementar sua resistência e
melhorar seu equilíbrio.

Se você necessita ajuda para encontrar um programa de exercícios adequado, consulte seu médico.

3.8. Consulte sobre programas sociais em sua comunidade.

Os centros de cuidado diurno podem proporcionar um descanso programado com regularidade.

Disponíveis em muitas comunidades, estes centros proporcionam programas sociais e comidas. Alguns
proporcionam transporte para aqueles idosos que necessitam atividade sob supervisão. Os participantes
podem freqüentar 1 ou 2 vezes por semana ou todos os dias, dependendo do programa individual.

3.9. Também poderia conseguir programas noturnos.


 
Alguns lugares de repouso, lar de idosos e comunidades de aluguel com ajuda oferecem estadias de ate
duas semanas.

3.10. Consulte sobre atenção domiciliar.


 
Se a pessoa não puder freqüentar um centro de atendimento diurno, poderia haver a possibilidade que
assistentes capacitados possam proporcionar cuidado em turnos na sua casa.

3.11. Convivendo com o estresse

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Estabeleça limites e faça-os saber.

3.12. Assegure-se de ter metas e expectativas realistas.

Não espere ter a casa perfeita ou ter uma vida social com ao que tinha antes de assumir o papel de
cuidador. Provavelmente tenha que simplificar as folgas nos feriados ou repartir as responsabilidades com
outros membros da família.

3.13. O Bom Humor é geralmente o melhor remédio.

Loque um filme ou olhe programas de televisão que o façam sorrir. Leia um livro de piadas. O humor pode
fazer milagres para reduzir o estresse.

3.14. Busque apoio.

Através de amigos compreensivos, grupos de apoio ou um conselheiro profissional. Participe também das
comunidades na internet sobre esse tema.

3.15. Evite pessoas difíceis.

Como por exemplo, amigos que o criticam o tempo todo.

3.16. Descubra o que lhe ajuda a aliviar o estresse.

Algumas idéias poderiam ser exercícios de respiração, yoga, meditação, escrever um diário de vida ou sair
para caminhar. Feche os olhos e se imagine em um lugar bonito, rodeado por suas coisas favoritas.

3.17. Faça uma lista das coisas que aliviam o seu estresse.

E depois o mantenha a mão e utilize!

3.18. Como saber se você precisa de ajuda profissional? (cuidador).

Alguns sinais de advertências poderiam ser:

 Uso abusivo de bebidas alcoólicas ou de medicamentos como pílulas para dormir;


 Perda ou aumento considerável de apetite;
 Depressão, perda das esperanças, sentimento de alienação;
 Pensamentos suicidas;
 Perda do controle físico e emocional;
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 Tratar mal outras pessoas ou ignorá-las.

Se apresentar quaisquer destes sintomas, você esta levando uma carga demasiadamente grande.
Consulte um conselheiro ou converse com seu medico sobre seus sentimentos. Seu médico poderá
recomendar-lhe um conselheiro ou você poderia por em contato com um hospital local ou secretaria de
saúde.

4. Dia-a-dia da coluna saudável.


Pequenos cuidados diários podem salvar a saúde da sua coluna. Um pequeno guia para
melhorar a qualidade de vida - Fernanda Leonel - Repórter -
16/11/2006

A ACESSA.com preparou um guia prático para você fazer pequenas


mudanças em ações cotidianas e ganhar mais qualidade de vida quando o
assunto é coluna. Anote e faça o teste em casa. Clique para conferir!

Dá pra imaginar o corpo humano sem ossos? Foi com essa pergunta
que a fisioterapeuta Aline de Sartro Motta começou a explicar a
importância da coluna vertebral para o nosso corpo. Segundo a
fisioterapeuta, o corpo seria uma "verdadeira gelatina sem funcionamento"
caso não tivéssemos esse "eixo central" para equilibrar postura e funções
do corpo.

Essa parte tão importante, no entanto, nem sempre recebe o carinho e atenção que merece. É só olhar
para o lado para enxergar alguém no trabalho ou em casa - para não falar olhar para você mesmo - todo
torto, sentado na cadeira ou deitando de forma incorreta.

"Cometemos erros com a nossa coluna a todo momento. Pequenas coisas que vão influenciar na nossa
terceira idade, no nosso rendimento e na nossa qualidade de vida", destacou Aline, lembrando que não é
só a coluna que sofre quando a tratamos mal. "Para realizar bem as atividades do dia-a-dia, precisamos
receber oxigênio e eliminar gás carbônico no ritmo e intensidade adequados. Esse fluxo respiratório pode
ser prejudicado por problemas posturais", acrescenta.

Quem ainda tem hábitos sedentários, fica muito tempo sentado ou faz grandes esforços físicos quando
trabalha, tem ainda mais tendência a ter problemas como estes. Isso porque, todas essas atividades, são
potencializadoras de fraqueza muscular ou no caso da atividade pesada, expõe a coluna a erros posturais.
Como explica a fisioterapeuta, sem músculo para proteger os ossos, a possibilidade de fratura é muito
maior.

Para evitar esse tipo de complicação, quem está no grupo dos mais atingidos, pode procurar uma
academia para tentar resolver o problema. Aline explica que o exercício físico, que restaura a força e dá
mais músculos ao corpo, é a base para o controle de dor na coluna vertebral.

Se para esse grupo, os cuidados parecem, no mínimo, fáceis de serem resolvidos, para a fisioterapeuta, o
grande problema está nas pequenas atividades do dia-a-dia. Para Aline, são essas pequenas mudanças
de hábito que podem evitar em mais de 80% as possibilidades de problemas na coluna.

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A ACESSA.com montou, em parceria com a fisioterapeuta, um pequeno guia prático de novas atitudes
para você adotar no seu cotidiano. Coisas simples, que não demandam investimento financeiro e que
podem salvar a sua pele - ou melhor, sua coluna - na hora de realizar coisas que você faz todos os dias.
Dia-a-dia da coluna saudável

Na hora de pegar um objeto no chão, nada de dobrar a coluna toda para pegar peso. Se toda vez você
fizer isso, pode ir se preparando, segundo Aline de Sartro, para uma boa bengalinha no final da vida.
Agache, e jogue o peso para a perna.

No outro extremo, vale a dica para pegar coisas no alto. Nada de esticar na ponta do pé, esticar o braço e
tudo mais que der na pinta para alcançar algo que está em cima do guarda-roupa, por exemplo. Vale
pegar uma cadeira para cuidar da coluna.

Na hora de lavar as vasilhas e arrumar a cozinha sagrada de todos os dias, vale colocar um apoio nos pés
para aliviar a coluna, que naturalmente, já sofre com a altura da pia. Pode ser um monte de livros velhos,
uma panela, qualquer coisa. O importante é que um de seus pés possa ficar suspenso de vez em quando.

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Nada de espalhar sofá ou cadeira afora só porque vai descansar e assistir televisão. Para sentir que está
descansando de verdade, o certo é arrumar um apoio para levantar os pés.

Na hora de levantar da cama, vale a regra de que se deve acordar devagar. Nada de pular da cama. Vire
de lado, apóie o braço e aí, só depois, com os pés já no chão, levante da cama.

Se na hora de fazer força, não tiver mesmo como escapar, vale ficar de costas. Quando empurramos uma
mesa de frente, por exemplo, forçamos mais a coluna e também ficamos em uma posição torta que em
nada colabora com a saúde do seu "eixo central".

No computador a postura é imprescindível. Principalmente porque não há quase nada no mundo moderno
que roube mais o nosso tempo do que ficar na frente dele. Na hora de olhar novidades na internet ou
trabalhar, sente no "fim" da cadeira, encoste e se aproxime do computador. A coluna agradece mais uma
vez!

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5. CUIDADOS COM A COLUNA

Saibam por que a coluna é tão importante, 


e quais os fatores (físicos e emocionais) 
que causam problemas.

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Você conseguiria imaginar o corpo humano sem ossos? Então, feche os olhos e imagine uma massa
amorfa, uma "gelatina". É a mesma coisa que construir uma casa sem alicerce. A ossatura humana dá
estrutura ao corpo e também auxilia na sua morfologia, além do que através de suas articulações,
tendões, ligamentos e cadeias musculares fazem o corpo se locomover, desde a motricidade mais fina
(mais complexa) até a mais grosseira.

A coluna é como um pilar que sustenta e equilibra o corpo, que dá eixo ao mesmo. E, conjuntamente com
os membros inferiores, formam nossa base de sustentação. Tanto os aspectos físicos (externos) como os
psicológicos (internos) vão se "imprimindo" na coluna à medida que vamos crescendo e nos
desenvolvendo. Há os fatores congênitos de má formação da coluna, porém aqui não vamos nos ater a
estas questões, pois prolongaria demais o artigo e fugiria do tema proposto que é a prevenção de
problemas de coluna.

Dentre os fatores externos que podem ocasionar problemas na coluna, alguns são:

 carregar peso excessivo;


 falta de tônus muscular ou tonificação muscular demasiada;
 exercitar-se sem orientação adequada;
 praticar esportes radicais;
 fazer exercícios inadequados para a idade, principalmente em fase de crescimento;
 fazer exercícios físicos e/ou musculação, sem alongamentos;
 sedentarismo;
 obesidade;
 carregar a bolsa sempre de um lado só;
 carregar mochila pesada nas costas;
 fazer faxina na casa sempre com uma postura inapropriada;
 se agachar de forma incorreta para pegar algo no chão;
 a própria gravidade;
 dormir em colchão muito mole (o indicado é um colchão que siga a formação da coluna);
 dormir sempre de bruços ou em má posição;
 trabalhar sempre com a mesma postura (por exemplo: dentistas);
 lesões, principalmente nos membros inferiores como na própria coluna;
 fazer movimentos repetitivos por tempo prolongado;
 andar com os pés "tortos", sem estarem centralizados no chão e paralelos;
 o stress físico.

A própria gestação pode causar problemas na coluna, a maioria das vezes problemas lombares, pelo
crescimento rápido da região abdominal, desequilibrando a coluna lombar, ainda mais se
concomitantemente a gestante engordar mais do que o necessário.

Portanto, fazer massagens, yoga, tai-chi-chuan, tchi-kun, alongamentos são uma ótima proposta
principalmente após o 3° mês de gestação. Estas são dicas válidas para todas as pessoas que querem
cuidar bem de sua coluna, porém durante a fase gestacional, a mulher deve ter cuidados redobrados com
a sua coluna.

Algumas outras sugestões de prevenção e para alívio das dores nas costas para as gestantes são: 

 dormir sempre com um travesseiro ou um rolo em baixo dos joelhos para posicionar a coluna
lombar;

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 uma boa e saudável alimentação a base de verduras, cereais, frutas, que não só é muito
importante para o bebê, mas também contribui para um bom funcionamento gastrointestinal e
conseqüente alívio na sobrecarga da coluna lombar. 
 fazer alongamentos, como por exemplo:

a) Deitar-se em decúbito dorsal (de costas)


com as pernas afastadas e flexionar os
joelhos em direção ao abdômen sempre na
expiração. Inspirando, relaxe sem esticar as
pernas.

b) De costas com as pernas dobradas e os


pés apoiados no chão, com as pernas juntas
levá-las para a direita e para a esquerda,
virando sempre as pernas.

c) Com as pernas elevadas e esticadas com


os pés apoiados na parede sem tirar as
nádegas do chão. Permanecer algum tempo
nesta posição.

d) Em pé, girar os quadris, somente os


quadris.

Os problemas internos que podem acarretar problemas de coluna são as nossas contrações musculares,
ou seja as tensões psíquicas do dia-a-dia que vão se acumulando e cada vez mais enrijecendo as cadeias
musculares, causando stress. Os músculos de tão contraídos e enrijecidos vão "espremendo" a coluna
que vai perdendo a flexibilidade de movimento, resultando assim em um deslocamento da mesma,
podendo dar origem, por exemplo, a uma escoliose (coluna em "S"). 

A falta de tônus muscular, pelo rebaixamento de energia psíquica, (por exemplo, um abdômen flácido),
que representa um indivíduo que está com dificuldade na ação e na vontade, também pode afetar a
coluna, pois tanto o excesso como a falta de flexibilidade podem prejudicá-la.

O peso do abdômen como a própria flacidez podem fazer com que a curvatura na região lombar aumente,
ocasionando uma hiper-lordose. A nossa postura psíquica diante do mundo é refletida em nossa postura
corporal, pois a postura não é nada mais nada menos que a expressão de nossa alma e de nosso "self"
interior:
 quando queremos nos exibir ou mostrar nossa valentia, arqueamos a cabeça para cima e
projetamos o tórax para a frente;
 quando nos sentimos "sobrecarregados", encurvamos a coluna para frente e/ou tencionamos o
ombro;
 quando nos sentimos amedrontados, apertamos as nádegas e projetamos a lombar para a frente,
nossas pernas perdem a firmeza e os joelhos podem doer;
 quando estamos angustiados, apertamos o abdômen, a respiração fica curta e superficial;

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 quando somos tímidos e não queremos olhar os olhos da outra pessoa, desviamos a cabeça para
baixo, fechamos os ombros e as pernas como se fossemos nos esconder.

Estes são alguns exemplos para mostrar como o corpo fala, porém é importante salientar que a expressão
dos sentimentos corporais é muito importante, e não afeta a coluna. O problema está na cronicidade e nas
defesas, no que nós queremos esconder. Não quer dizer que as defesas emocionais não tenham valor,
pois elas são necessárias para que vivamos numa sociedade. O problema se torna realmente um
problema quando estas defesas nos impedem de viver uma vida plena, emperrando nosso potencial
diante da realidade.

Se o corpo é a morada da alma, onde estão escondidos todos os mistérios sobre a natureza humana,
quão não é relevante a consciência do mesmo. Conhecer seu corpo é conhecer o mais íntimo de si
próprio, é conhecer o Deus que há em você.

6. Higiene Pessoal
6.1. BANHO

Tomar banho pode ser uma atividade agradável durante o dia. Depois do banho nos sentimos bem, limpos
e relaxados. Se você cuida de alguém que precisa de ajuda para tomar banho, faça com que a ocasião
seja a mais agradável possível. Depois, ambos se sentirão melhor.

O texto a seguir foi cedido pelo Laboratório NOVARTIS

Quando tomar banho for um problema...

Tentar identificar a(s) causa (as) da recusa é um bom começo.

O idoso pode estar com dificuldade para caminhar, ter medo da água, medo de cair, pode estar deprimido;
com infecções que geram mal estar, dor, tontura ou mesmo sentir-se envergonhado por expor seu corpo
diante de um cuidador estranho, especialmente se for do sexo oposto.

6.1.1. ADAPTANDO O AMBIENTE

 Todas as adaptações deverão ser feitas mediante o grau de dependência apresentado;


 Mantenha o piso seco e no interior do Box utilize tapetes antiderrapantes (emborrachados) para
evitar quedas;
 A colocação de barras de segurança na parede (semelhante àquelas utilizadas em academias de
balé) é de grande ajuda, pois permitem que o paciente se apóie nelas durante o banho, fazendo-o
sentir-se mais seguro;
 Se for difícil para ele manter-se em pé por muito tempo, pense que talvez uma cadeira de banho
vá auxiliá-lo e permitir maior conforto.

6.1.2. RESPEITE SEUS HÁBITOS

 Os que apresentam dependência leve devem ter seus hábitos de higiene respeitados como:
horário do banho, marca do sabonete, xampu, etc.
 Não há razão para se “obrigar” o paciente a banhar-se pela manha se é seu hábito fazê-lo à tarde;

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 É interessante se criar uma rotina para aqueles que apresentam dependências severas, isto
facilita o trabalho do cuidador e cria um hábito para o paciente;
 Mesmo os acamados devem ser levados ao banheiro para que seja realizado o banho de
chuveiro, esta é uma ótima oportunidade de mobilização;
 Banhos no leito devem ser evitados, sendo indicados apenas para aqueles pacientes com
prescrição de repouso rigoroso no leito.

6.1.3. INDO PARA O BANHEIRO

 Prepare o banheiro previamente e leve para lá todos os objetos necessários à higiene;


 Elimine correntes de ar fechando portas e janelas;
 Separe as roupas pessoais antecipadamente;
 Regule a temperatura da água que deve ser morna;
 Se possível, o paciente deve ser despido no quarto e conduzido ao banheiro protegido por um
roupão, neste momento, evite fixar os olhos em seu corpo (isto pode constrangê-lo), observe-o
sutilmente.

6.1.4. O BANHO PROPRIAMENTE DITO

 Oriente-o para iniciar o banho e auxilie-o, se necessário;


 Não faça por ele. Estimule, oriente, supervisione, auxilie. Apenas nos estágios mais avançados da
doença o cuidador deve assumir a responsabilidade de dar o banho;
 Aproveite a oportunidade para massagear suavemente a sua pele, isto favorece a circulação
sanguínea e produz grande conforto;
 Não utilize buchas de banho, lembre-se que a pele é muito sensível e você pode provocar lesões;
 Lave a cabeça no mínimo 3 X por semana, utilize xampu neutro, observe se há lesões no couro
cabeludo. Mantenha se possível, os cabelos curtos;
 Observe se há necessidade de cortar as unhas das mãos e dos pés, em caso positivo,
posteriormente, corte-as retas com todo cuidado especialmente nos pacientes diabéticos;
 Após o banho, seque bem o corpo, principalmente as regiões de genitais, articulares (dobra de
joelho, cotovelos, axilas) e interdigitais (entre os dedos).

7. CUIDANDO DA PELE

A pele merece atenção especial e o momento do banho é o mais apropriado para se observar a presença
de hematomas (manchas roxas), hiperemia (vermelhidão), pruridos (coceiras), assaduras ou qualquer
outro tipo de lesão, as quais se tratadas adequadamente e a tempo evitam complicações e previnem a
ocorrência de úlceras por pressão (escaras).

 Manter a higiene da pele é de suma importância, pois se trata de uma barreira natural de que
dispõe o organismo contra infecções, portanto, trabalhe para manter sua integridade;
 Idosos apresentam fragilidade de vasos capilares, que se rompe com facilidade, causando
manchas avermelhadas na pele. Aumente a oferta de alimentos ricos em vitamina C , ela melhora
a resistência dos vasos capilares;

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 Ao segurar o paciente pelos braços ou mãos, não exerça demasiada pressão, lembre-se, a sua
pele é frágil, e muitas vezes, rompe-se com uma simples pressão;
 Manter a pele hidratada é de fundamental importância, existem no mercado bons cremes
hidratantes, de perfume suave, que humidificam adequadamente, evitando seu ressecamento;
 Mantenha o paciente hidratado, ofereça líquidos à vontade;
 Evite a exposição à luz solar após as 9 horas da manhã (10 no horário de verão);
 Pruridos (coceiras) podem ser causados por vestuário confeccionado com tecidos sintéticos, dê
preferência às roupas de algodão ou tecidos anti-alérgicos;
 Assaduras podem surgir devido a má higienização ou a longa permanência com fraldas molhadas;
 Após eliminações urinárias ou intestinais, deve-se providenciar uma higiene íntima;
 Pacientes incontinentes devem ter suas fraldas trocadas de 3/3 horas ou antes se necessário;
 Evite cosméticos com perfume forte, eles costumam produzir alergias respiratórias;
 Não use talcos, se aspirados inadvertidamente podem produzir alergias respiratórias;
 Evite banhos muito quentes, eles provocam o ressecamento, além de causar queimaduras em
peles muito sensíveis.

8. HIGIENE ORAL
A Higiene Oral é um hábito saudável e agradável que deve ser mantido ao longo de toda a vida.

Alterações da mucosa oral, perda de dentes, próteses mal ajustadas, gengivites (inflamação das
gengivas), diminuição do fluxo salivar, são fatores que podem ocasionar infecções na cavidade oral.

 A Higiene Oral deve ser realizada após cada refeição ou num mínimo de 3 X ao dia;
 A boca deve ser inspecionada imediatamente após cada refeição, para que dessa forma, possa
ser removido todo e qualquer resíduo alimentar;
 Utilizar escovas de dentes de cerdas macias, massageando as gengivas verticalmente com
suavidade;
 Pode-se utilizar após cada escovação anti-sépticos orais, mantendo assim um hálito agradável;
 Algumas vezes é muito difícil fazer com que o paciente abra a boca para se fazer a higiene oral.
Tente introduzir delicadamente uma espátula entre os dentes e faça um movimento rotatório, caso
não seja possível, utilize o próprio dedo indicador envolto em gaze para que seja possível a
higienização.

8.1. A LÍNGUA
A Língua deve ser massageada com escova macia, para remoção de sujidades.

Em caso de haver presença de uma crosta branca sobre a língua – saburra – removê-la utilizando uma
solução de bicarbonato de sódio, na proporção de 1 colher de café de bicarbonato em 1 copo d água. Para
executar a limpeza da língua, molhar na solução a escova de dentes, ou uma espátula envolvida em gaze,
ou mesmo o próprio dedo indicador envolto em gaze e proceder a limpeza. Esta deve ser feita com
movimentos suaves, sem esfregar.

O QUE OBSERVAR

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Deve-se observar cuidadosamente a presença de lesões na cavidade oral – manchas brancas, vermelhas,
pequenos ferimentos que sangram e não cicatrizam – e nesse caso, alertar o médico responsável.

CUIDE BEM DAS PRÓTESES


 Deve-se ter maior atenção para a higiene oral naqueles pacientes que usam próteses dentárias.
Estas devem ser retiradas após cada refeição, higienizadas fora da boca, e após limpeza da
cavidade oral, recolocadas;
 Pacientes muito confusos devem ter suas próteses retiradas à noite, colocadas em solução anti-
séptica, e após higienização, recolocadas pela manhã;
 Observar a estabilidade da prótese na boca do paciente, lembrar que com o envelhecimento
ocorre perda de massa óssea, fazendo com que as próteses fiquem frouxas e se desestabilizem.
É conveniente, neste caso, aconselhar-se com um dentista;
 Observar a presença de cáries ou dentes quebrados que causam dor. Existem equipes de
profissionais (dentistas), que atendem no domicílio aqueles pacientes que se encontram
impossibilitados de comparecer ao consultório;
 Muitas vezes, a recusa do paciente em alimentar-se ou sua agitação no horário de refeições deve-
se ao fato de próteses mal ajustadas ou significar simplesmente uma dor de dentes.

9. ALIMENTAÇÃO
Nem sempre alimentar o portador da doença de Alzheimer é tarefa fácil. Horários regulares, ambiente
tranquilo, especialmente muita calma e paciência, da parte do cuidador, são fatores imprescindíveis para
que a alimentação seja bem aceita pelo paciente.
 
 O paciente deverá estar sentado confortavelmente para receber a alimentação;
 O ambiente deverá ser calmo, livre de ruídos;
 Jamais ofereça alimentos ao paciente quando este estiver deitado;
 Os pacientes que ainda conservam a independência para alimentarem-se sozinhos devem
continuar a receber estímulos para esta ação, não importando o tempo que levem para fazê-lo;
 O Cuidador nunca deverá criticar ou apressar o paciente durante as refeições.
 As instruções passadas ao paciente deverão ser claras e o comando suave;
 Para aqueles pacientes que demoram a alimentar-se, o uso de baixelas térmicas, que mantém o
alimento aquecido por mais tempo, é bastante útil.
 Independentemente da apresentação da dieta – sólida, pastosa ou líquida – deve-se, sempre que
possível, respeitar as preferências do paciente. Uma pessoa que sempre gostou de comer carne,
mas que já não consegue deglutir pequenos pedaços deve ter a carne liquidificada e servida em
consistência de purê. O mesmo artifício deve ser utilizado para os outros alimentos.
 O convívio com a família é de extrema importância. Sempre que possível, deve-se permitir que o
paciente alimente-se em companhia de seus familiares.
 A vida social deve ser mantida enquanto possível. Se for hábito do paciente almoçar fora, os
restaurantes devem ser selecionados e a opção por um local tranquilo é a ideal.
 Os utensílios utilizados durante a refeição devem ser preferencialmente lisos e claros. As
estampas – de pratos, por exemplo – podem distraí-lo e reduzir sua concentração naquilo que lhe
é explicado no momento (mastigação e deglutição).
 Aqueles que apresentam dependência severa devem ser alimentados com colheres, em lugar de
garfos.
 Os alimentos crus e secos devem ser evitados, pois o perigo de engasgamento é maior.

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 Doces e salgados serão permitidos, desde que não haja restrição médica. Os temperos devem ser
suaves e os molhos picantes evitados.
 Caso haja engasgamento, mantenha a calma, coloque-se imediatamente atrás do paciente e
abraçando-o com as duas mãos juntas, comprima o abdome, fazendo pressão sobre o diafragma.
 Após cada refeição, a higiene oral é indispensável e deve ser realizada uma inspeção cuidadosa
da boca, a fim de que possa ser removido todo e qualquer resíduo alimentar.

9.1. NUTRIÇÃO
Nutrição não deve ser confundida com alimentação, na maioria dos casos as pessoas bem alimentadas
estão mal nutridas.

Os idosos podem necessitar de uma maior oferta de proteínas (carnes brancas, como peixes e aves;
carnes vermelhas, desde que sem gordura; leite desnatado; queijo fresco etc.); além de carboidratos
(açúcares, massas) e reguladores, fontes de vitaminas e minerais (vegetais, frutas e legumes).

No entanto, a nutrição adequada a cada paciente deve ser orientada por profissional competente, uma
nutricionista.

 Lembrar que o suprimento das necessidades nutricionais é um fator que deve ser analisado
clinicamente, considerando-se hábitos e gasto energético individuais, sendo que esses fatores
variam de indivíduo a indivíduo.
 As refeições devem conter pelo menos um alimento de cada grupo, a saber: construtores
(proteínas), energéticos (carboidratos) e reguladores (frutas, legumes e vegetais).
 É importante analisar hábitos antigos do paciente e mantê-los, desde que não haja prejuizo
nutricional para ele.
 Alguns pacientes mudam seus hábitos alimentares com a evolução da doença, dando preferência
a pequenos lanchinhos ou guloseimas que alimentam, porém não nutrem. Tente incrementar
estes lanches garantindo que ele receba quantidades adequadas de proteínas, carboidratos e
reguladores.
 É importante chamar a atenção do cuidador para que as informações de como nutrir o paciente
deve advir de profissionais capacitados (nutricionista), que após avaliação terão condições de
prescrever uma dieta adequada a cada paciente individualmente.
 Rotineiramente o paciente deve (sob orientação médica), realizar exames laboratoriais para que
seja analisado seu estado nutricional. A freqüência destes exames irá variar de acordo com o
quadro clínico apresentado.
 A presença de edemas (inchaços) pode, em alguns casos, significar desnutrição. É conveniente
consultar um médico.
 Atenção para perda de apetite pode estar relacionada a várias causas que devem ser
investigadas e tratadas. Lesão da boca, infecções, doenças crônicas ou refeições que não
estejam do agrado do paciente são alguns exemplos.
 Deve-se aumentar a oferta de nutrientes como proteínas, vitaminas e minerais, quando em
presença de infecções, permitindo assim, uma reabilitação precoce.
 O controle do peso corporal deve ser feito mensalmente, alterações súbitas (ganho ou perda
ponderal), merecem investigação clínica.

9.2. HIDRATAÇÃO
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Queixas de hipotensão (pressão baixa), acúmulo de secreções bronco-pulmonares (catarro), obstipação
intestinal (prisão de ventre), são algumas das complicações que na maioria das vezes estão relacionadas
a quadros de desidratação, que nos pacientes idosos pode dar origem a complicações clínicas sérias e de
difícil manejo.

 Oferecer líquidos é de extrema importância, não se deve esquecer que eles colaboram para o
equilíbrio de todos os sistemas orgânicos.
 Deve-se oferecer uma quantidade de líquidos equivalente a 2 litros por dia, na forma de água,
chás, sucos, vitaminas etc.
 O volume indicado deve ser fracionado em pequenoas doses que ao fim do dia devem somar
2000 ml.
 Deve-se garantir que a quantidade de líquidos ingerida seja mais ou menos igual às perdas (urina,
suor, lágrimas, saliva).
 Oferecer copos cheios de água causa uma sensação de plenitude gástrica desconfortável para o
paciente, ofereça pequenas quantidades, várias vezes ao dia.
 Lembrar que a maioria dos idosos ingere pouca quantidade de água pura. Colocar sabor na água
como os sucos, refrescos etc. é uma estratégia eficaz.
 A ingestão adequada de líquidos também é de extrema importância para a manutenção do
adequado turgor cutâneo (elasticidade da pele), melhorando conseqüentemente a resistência da
pele.
 Pacientes diabéticos devem receber líquidos adoçados artificialmente.
 Aqueles que possuem restrição de líquidos prescrita por médico devem respeitá-la com rigor.
 Idosos acumulam facilmente secreções bronco-pulmonares, a oferta adequada de líquidos
possibilita uma expectoração mais rápida, prevenindo infecções.
 Nas fases mais avançadas, devem ser servidos sucos espessos – como vitaminas, ou
engrossados com gelatina, por exemplo – eles reduzem os riscos de engasgamentos.
 Jamais ofereça líquidos com o paciente deitado, este deve estar em posição sentada ou recostada
em travesseiros. Esta medida reduz o risco de aspirações e otites (dor de ouvido).
 Atenção! Quedas de pressão arterial, diurese concentrada (urina escura) e baixo débito urinário
(pouco volume de urina) podem estar associados à baixa ingesta de líquidos.
 A obstipação intestinal (intestino preso) é outra queixa comum que também pode estar associada
a baixa ingesta de líquidos, imobilidade e dieta inadequada.
 Lembre-se de que o coração (assim como uma bomba d’água) necessita de volume para trabalhar
adequadamente. A falta de líquidos pode trazer conseqüências graves para o paciente.
 Pacientes que apresentam dificuldade para digerir alimentos (disfagia) devem receber alimentação
específica, orientadas por profissionais especializados (fonoaudiólogos e nutricionistas).
 Em determinados momentos da evolução da doença pode haver necessidade da colocação de
sondas para alimentação e especialmente para hidratação.

10. Higiene Pessoal


CUIDANDO DA ROUPA
Manter um vestuário simples e confortável, criando sempre que possível à oportunidade de escolha pelo
próprio paciente é de fundamental importância; essa rotina permite a preservação da personalidade
elevando a auto estima e a independência.

 Estimular a independência é fundamental;

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 As roupas devem ser simples, confeccionadas com tecidos próprios ao clima;
 O paciente pode ter perdido a capacidade de expressar sensações de frio ou calor, dessa forma,
nunca esquecer de tirar ou colocar agasalhos, conforme a variação da temperatura;
 O cuidador deve, ao falar com o paciente, colocar-se no seu campo visual, ou seja, diante dele,
orientando-o calmamente e gesticulando, se necessário;
 Deve-se estimular o ato de vestir-se sozinho, dando instruções com palavras fáceis de serem
entendidas;
 Dê a ele a oportunidade de optar pelo tipo de vestuário e as cores que mais lhe agradem. Apenas
supervisione, pois pode ser que haja necessidade de auxiliá-lo na combinação de cores;
 Tenha calma e paciência, não o apresse enquanto ele executa sua rotina de vestir-se;
 Para que ele mesmo possa procurar suas roupas, nos armários, cole fotos de peças e ou objetos
pessoais na parte externa da gaveta ou guarda-roupas. Isso o ajudará a encontrar rapidamente o
que procura;
 Roupas como blusas, camisas ou suéteres, deverão ser preferencialmente abertas na parte da
frente, para facilitar a colocação ou retirada;
 Evite roupas com botões, zíperes e presilhas, alas dificultam o trabalho do paciente para abri-los
ou fechá-los. De preferência às roupas com elástico ou velcro;
 Nas fases mais avançadas da doença, deve-se dar preferência aos conjuntos do tipo moletom, em
função de sua praticidade;
 Pacientes limitados à cadeira de rodas ou poltronas, o critério para a escolha do vestuário é ainda
mais rigoroso. Deve-se optar por roupas confortáveis, largas, especialmente nos quadris;
 O uso de objetos pessoais (acessórios), pode ser mantido, porém, com a evolução da doença, as
jóias deverão ser substituídas por bijuterias;
 Na medida do possível, deve-se providenciar um roupão, para que o paciente possa se despir no
quarto e, protegido, ser conduzido ao banho;
 Deve-se evitar o uso de chinelos, pois eles facilitam as quedas;
 Todos os tipos de sapatos devem ser providos por solados antiderrapantes, os mais indicados são
aqueles que possuem elástico na parte superior, pois além de serem fáceis de tirar e colocar,
evitam que o paciente tropece e caia, caso o cadarço se desamarre.

11. A Identidade do Idoso Brasileiro


O conceito de identidade é demasiadamente complexo. Na verdade, a identidade é relacional, ou seja, a
identidade se constrói e reconstrói naquelas identidades já existentes, por isso elas são abertas a
mudanças. Elas se formam a partir de três questões principais: a escolha de uma ocupação; a adoção de
valores os quais acreditar e viver; e o desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória.

No começo do século XXI, com a crescente globalização, as tecnologias disponíveis à população,


possibilitaram melhor qualidade de vida para as pessoas de modo que essas foram envelhecendo de
maneira mais segura e saudável. No âmbito de alcançar a velhice bem sucedida, as pessoas
freqüentemente planejam novas ocupações para suas vidas pós-aposentadoria. Essa nova busca
proporciona uma transição para uma identidade diferente daquelas visadas há alguns anos atrás.

Preconceitos sobre o envelhecimento

Em nosso país, hoje em dia, vivemos um período de muitas conturbações. São vários os problemas
econômicos e sociais que envolvem os campos da saúde, mercado de trabalho e educacional. Dentre

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todos esses problemas, a questão do idoso brasileiro é um de difícil solução, o qual vem sendo um grande
desafio.

O envelhecimento pode ser entendido como um processo múltiplo e complexo de contínuas mudanças ao
longo do curso da vida, influenciado pela integração de fatores sociais e comportamentais. A idéia pré-
concebida sobre a velhice aponta para uma etapa da vida que pode ser caracterizada, entre outros
aspectos, pela decadência física e ausência de papéis sociais.

Cada vez o brasileiro está vivendo mais, pois hoje, no país, os idosos ultrapassam o número de 15
milhões, correspondendo a 8,6% da população total do país. Segundo projeções demográficas, iremos ser
a sexta população mundial de idosos, e isso é alentador. Muitas vezes o idoso é visto pela sociedade
como um indivíduo “inútil” e “fraco” para compor a força de trabalho, que por valores sociais impedem a
participação do mesmo em vários cenários da sociedade.

De acordo com Mercadante (1996), na nossa sociedade, ser velho significa na maioria das vezes estar
excluído de vários lugares sociais. Um desses lugares densamente valorizado é aquele relativo ao mundo
produtivo, o mundo do trabalho.

A nova imagem do idoso


A imagem que possuímos dos idosos vem mudando devido ao avanço das tecnologias na área da saúde
proporcionando uma elevação da expectativa de vida, o “novo idoso” é influenciado por hábitos saudáveis.
Não é apenas com a saúde física que o idoso do século XXI está mais cuidadoso. Ciente de que o corpo e
a mente estão muitos associados, eles buscam manter ambos em atividade, como voltar a estudar, fazer
cursos de informática, hidroginástica, teatro, jardinagem, etc.

Os chamados “programas para a Terceira Idade”, oferecem diferentes propostas para o lazer e ocupação
do tempo livre, são espaços nos quais o convívio e a interação com e entre os idosos permitem a
construção de laços simbólicos de identificação, e onde é possível partilhar e negociar os significados da
velhice, construindo novos modelos, paradigmas de envelhecimento e construção de novas identidades
sociais.

Mercadante (1996) afirma ainda que, (...) a identidade de idosos se constrói pela contraposição a
identidades de jovens, como conseqüências, se têm também a contraposição das qualidades: atividade,
força, memória, beleza, potência e produtividade como características típicas e geralmente imputadas aos
jovens e as qualidades opostas a esta última, presentes nos idosos.

Os direitos do idoso

Conforme o Estatuto do idoso, que entrou em vigor no dia primeiro de outubro de dois mil e três:

Art. 10 § 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral


abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos
espaços e dos objetivos pessoais.

Os direitos do idoso são garantidos por lei federal e cabe a cada um de nós também poder dar sua
contribuição, incentivando-os e apoiando-os sem qualquer distinção deste.

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Idosos, criativos, produtivos, estimados, ...

São inúmeros os exemplos de pessoas que continuam a ter uma vida produtiva e criadora mesmo após
terem entrado no estágio da vida em que são consideradas idosas. Em muitos casos, é neste período que
se dá a sua contribuição mais significativa para a sociedade.

São exemplos que mobilizam uma mudança da visão do idoso em nossa sociedade !!!
Conferir entre outras algumas destas biografias: Cora Coralina; Dalai Lama; Fernanda Montenegro; Jorge
Luis Borges; Liu Pai Lin; Madre Teresa de Calcutá; Oscar Niemeyer; Pablo Picasso; Paulo Autran; e tantos
outros...

Referências Bibliográficas:

Estudos Interdisciplinares do Envelhecimento. Porto Alegre, v.1, p. 77-89, 1999.


Scharfstein, Eloísa Adler. A construção da identidade social de uma pessoa idosa através do
discurso.

Moreira, Marilda Maria da Silva. Trabalho, qualidade de vida e envelhecimento.

Hall, Stuart. A Identidade em Questão.

MERCADANTE, E. Aspectos antropológicos do envelhecimento. In: PAPALÉO NETTO, M.


Gerontologia. São Paulo: Atheneu, 1996. p. 73-76.

Seção 11 - Distúrbio dos Rins e do Trato Urinário


Capítulo 130 - Incontinência Urinaria.

12. A incontinência urinária é a perda incontrolável de urina.


A incontinência urinária pode ocorrer e ocorre em qualquer idade, mas as suas causas tendem a ser
diferentes entre as faixas etárias. A incidência global da incontinência urinária aumenta
progressivamente com a idade.

Aproximadamente um em cada três indivíduos idosos apresenta algum problema com o controle da
bexiga. As mulheres apresentam o dobro de probabilidade que os homens de serem afetadas. Mais de
50% dos residentes de asilos de velhos apresentam incontinência. A incontinência urinária pode ser
um motivo de internação de indivíduos idosos e contribui para o desenvolvimento de úlceras de
decúbito, de infecções vesicais e da depressão. A incontinência urinária também produz situações
embaraçosas e é frustrante.

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Os rins produzem urina constantemente, a qual flui através de dois longos tubos (os ureteres) até a
bexiga, onde ela é armazenada. A parte mais baixa da bexiga (o colo) está circundada por um
músculo (o esfíncter urinário) que permanece contraído para manter fechado o canal que leva a urina
para fora do corpo (a uretra), de modo que a urina fica retida no interior da bexiga até que ela encha.
Quando a bexiga enche, estímulos são transmitidos ao longo de certos nervos que ligam a bexiga à
medula espinhal e, em seguida, são enviados ao cérebro e o indivíduo toma consciência da
necessidade de urinar. Ele pode então, de modo consciente e voluntário, decidir se irá urinar ou não.
Quando a decisão tomada é a de urinar, o músculo do esfíncter relaxa, permitindo que a urina flua
através da uretra ao mesmo tempo em que os músculos da bexiga contraem para empurrar a urina
para fora. Esta força de expulsão pode ser aumentada com a contração dos músculos da parede
abdominal e do assoalho pélvico para aumentar a pressão sobre a bexiga.

O processo completo de retenção e liberação da urina (micção) é complexo e a capacidade de


controlar a micção pode ser comprometida em diferentes etapas do processo devido a várias
anormalidades. O resultado dessas anormalidades é a incontinência urinária (perda de controle).

Os tipos de incontinência urinária são classificados de acordo com o modo e o momento do início da
incontinência: incontinência recente e repentina e incontinência de início gradual e persistente. A
incontinência urinária de início súbito freqüentemente indica um problema de bexiga. A cistite (infecção
da bexiga) é a causa mais comum. Outras causas incluem os efeitos colaterais de medicamentos, os
distúrbios que afetam a mobilidade ou causam confusão mental, o consumo excessivo de bebidas que
contêm cafeína ou de álcool e as condições que irritam a bexiga ou a uretra (p.ex., vaginite atrófica,
constipação grave). A incontinência urinária persistente (crônica) pode ser decorrente de alterações
cerebrais, alterações vesicais ou uretrais ou problemas dos nervos que inervam a bexiga. Essas
alterações são particularmente comuns em idosos e mulheres na pós-menopausa.

O Que Causa Incontinência?

Incapacidade de postergar a micção por mais que alguns minutos após sentir a necessidade de
urinar.
Tipo Descrição Algumas Causas Possíveis
• Infecção do trato urinário
• Bexiga hiperativa
Incontinência de • Obstrução do fluxo urinário
urgência • Cálculos e tumores na bexiga
• Medicamentos, especialmente os
diuréticos
• Fraqueza do esfíncter urinário (o
Escape de urina, habitualmente em músculo que controla o fluxo urinário da
pequenos jatos, causado pelo bexiga)
Incontinência por aumento da pressão abdominal, o • Nas mulheres, diminuição da
esforço qual ocorre quando o indivíduo resistência ao fluxo urinário através da
tosse, ri, faz força, espirra ou uretra; comumente causada pela
levanta um objeto pesado deficiência de estrogênio
• Alterações anatômicas causadas por

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múltiplos partos ou por uma cirurgia
pélvica
• Nos homens, remoção da próstata ou
uma lesão da parte superior da uretra ou
do colo da bexiga
• Obstrução do fluxo urinário,
Acúmulo de urina na bexiga que se usualmente causada pelo aumento
torna muito grande para que o benigno ou pelo câncer de próstata nos
Incontinência por esfíncter urinário consiga reter e, homens e pela estenose uretral (defeito
transbordamento conseqüentemente, a urina escapa congênito) nas crianças
intermitentemente, freqüentemente • Musculatura da bexiga enfraquecida
sem sensação da bexiga • Disfunção nervosa
• Medicamentos
• Defeito congênito
Escape contínuo, pois o esfíncter
Incontinência total • Lesão do colo da bexiga (p.ex., durante
urinário não fecha
uma cirurgia)
Incontinência Perda de controle por razões • Distúrbios emocionais (p.ex.,
psicogênica psicológicas depressão)
Combinação dos problemas acima
(p.ex., muitas mulheres
Incontinência mista • Combinação das causas acima
apresentam incontinência mista,
isto é, por esforço e de urgência)

A incontinência urinária também é classificada de acordo com a sintomatologia. Ela pode ser de
urgência, de esforço, de transbordamento ou total.

12.1. Causas e Tipos

A incontinência de urgência é um desejo urgente de urinar seguido pela perda incontrolável de urina.
Normalmente, os indivíduos conseguem conter a urina durante algum tempo após a primeira sensação
de que a bexiga está cheia. Em contraste, os indivíduos com incontinência de urgência normalmente
têm pouco tempo para chegar ao banheiro. Uma mulher pode apresentar esta condição isoladamente
ou concomitante com um grau variado de incontinência por esforço (incontinência mista).

A causa aguda mais comum é a infecção do trato urinário. No entanto, a incontinência de urgência não
acompanhada por uma infecção é o tipo mais comum de incontinência em indivíduos idosos e,
freqüentemente, não apresenta uma causa evidente. As causas comuns de incontinência de urgência
em indivíduos idosos são a hiperatividade da bexiga e distúrbios neurológicos (p.ex., acidente vascular
e demência), os quais interferem na capacidade do cérebro de inibir a bexiga. A incontinência urinária
de urgência torna-se um problema especial quando uma doença ou uma lesão impede que o indivíduo
consiga chegar rapidamente ao banheiro.

A incontinência por esforço é a perda incontrolável de urina durante a tosse, o esforço, o espirro, o
levantamento de objetos pesados ou qualquer manobra que aumente a pressão intra-abdominal. A
incontinência urinária por esforço é o tipo mais comum de incontinência entre as mulheres. Ela pode
ser causada por um enfraquecimento do esfíncter urinário.

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Algumas vezes, a causa são alterações uretrais resultantes do trabalho de parto ou de uma cirurgia
pélvica. Nas mulheres que se encontram na pós-menopausa, a incontinência por esforço ocorre
devido ao fato da carência de estrogênio (um hormônio) contribuir para o enfraquecimento da uretra e,
conseqüentemente, reduzindo a resistência ao fluxo urinário através desse canal.

Nos homens, a incontinência por esforço pode ocorrer após uma cirurgia de remoção da próstata
(prostatectomia, ressecção transuretral da próstata) durante a qual ocorreu uma lesão da parte
superior da bexiga ou do colo da bexiga.

A incontinência por transbordamento (ou paradoxal) é o escape incontrolável de pequenas


quantidades de urina de uma bexiga cheia. O escape ocorre quando a bexiga torna-se dilatada e
insensível devido à retenção crônica de urina. A pressão na bexiga aumenta tanto que ocorre um
gotejamento de pequenas quantidades de urina. Ao exame físico, o médico freqüentemente consegue
palpar a bexiga cheia.

Em última instância, o indivíduo pode tornar-se incapaz de urinar porque o fluxo encontra-se
bloqueado ou porque os músculos da parede da bexiga não conseguem mais contrair. Nas crianças, a
obstrução do trato urinário inferior pode ser causada pela estenose da extremidade da uretra ou do
colo da bexiga. Nos adultos do sexo masculino, a obstrução da saída da bexiga (a abertura da bexiga
para a uretra) é normalmente causada por um aumento benigno da próstata ou pelo câncer prostático.

Menos comumente, a obstrução pode ser causada pela estenose do colo da bexiga ou da uretra, a
qual pode ocorrer após uma cirurgia prostática. Mesmo a constipação pode causar incontinência por
transbordamento, pois quando as fezes enchem o reto, o colo da bexiga e a uretra são pressionados.
Diversos medicamentos que afetam o cérebro ou a medula espinhal ou que interferem na transmissão
nervosa (p.ex., drogas anticolinérgicos e narcóticos) podem comprometer a capacidade de contração
da bexiga, acarretando distensão da bexiga e incontinência por transbordamento.

A disfunção nervosa que acarreta a bexiga neurogênica também pode causar incontinência por
transbordamento. A bexiga neurogênica pode ser decorrente de várias causas como, por exemplo,
uma lesão medular, uma lesão nervosa causada pela esclerose múltipla, o diabetes, traumatismos,
alcoolismo e intoxicação medicamentosa.

A incontinência total é a condição na qual a urina escapa constantemente da uretra, dia e noite. Ela
ocorre quando o esfíncter urinário não fecha adequadamente. Algumas crianças apresentam esse tipo
de incontinência devido a um defeito congênito no qual a uretra não se fecha como um tubo. Nas
mulheres, a incontinência total normalmente é causada por uma lesão do colo da bexiga e da uretra
ocorrida durante o trabalho de parto. Nos homens, a causa mais comum é uma lesão do colo da
bexiga e da uretra resultante de uma cirurgia, principalmente a prostatectomia devido a um câncer.

A incontinência psicogênica é a incontinência decorrente de causas emocionais e não de causas


físicas. Este tipo ocorre ocasionalmente em crianças e mesmo em adultos que apresentam problemas
emocionais. A enurese (ato de urinar na cama) persistente pode ser um exemplo. O médico pode
suspeitar de uma causa psicológica quando o sofrimento emocional ou a depressão é evidente e as
outras causas de incontinência foram descartadas.

Algumas vezes, ocorrem tipos mistos de incontinência. Por exemplo, uma criança pode apresentar

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uma incontinência decorrente tanto de uma disfunção nervosa quanto de fatores psicológicos. Um
homem pode apresentar uma incontinência por transbordamento devido ao aumento da próstata
juntamente com uma incontinência de esforço devido a um acidente vascular cerebral. As mulheres
idosas freqüentemente apresentam um misto de incontinência de urgência e por esforço.

12.2. Diagnóstico

Comumente, os indivíduos tendem a conviver com a incontinência sem buscar auxílio profissional por
terem medo ou por sentirem-se embaraçados para discutir o problema com o médico ou porque eles
acreditam equivocadamente que a incontinência faz parte do processo de envelhecimento normal. No
entanto, muitos casos de incontinência podem ser curados ou controlados, especialmente quanto o
tratamento é iniciado precocemente.

Normalmente, a causa pode ser descoberta e um plano terapêutico pode ser elaborado após a
realização de uma anamnese (história clínica) e de um exame físico. Deve ser realizado um exame de
urina para se verificar a presença de infecção. A quantidade de urina que permanece na bexiga após a
micção (urina residual) é freqüentemente mensurada com o a auxílio da ultra-sonografia ou da
sondagem vesical (colocação de um pequeno tubo, denominado sonda ou cateter, no interior da
bexiga). Um grande volume de urina residual indica uma obstrução ou algum problema dos nervos ou
da musculatura da bexiga.

Algumas vezes, pode ser necessária a realização da avaliação urodinâmica (exames especiais
realizados durante a micção). Esses exames mensuram a pressão da bexiga em repouso e quando
ela enche, sendo particularmente úteis nos casos de incontinência crônica. É realizada a passagem de
uma sonda vesical e, enquanto a bexiga é cheia com água através da sonda, é realizada a
mensuração da pressão no seu interior. Normalmente, a pressão aumenta lentamente. Em alguns
indivíduos, a pressão aumenta em espasmos súbitos ou aumenta muito rapidamente antes da bexiga
estar completamente cheia. O registro das alterações da pressão ajuda o médico a determinar o
mecanismo da incontinência e o melhor tratamento.

Outro exame mensura a velocidade do fluxo urinário. Este exame pode ajudar a determinar se o fluxo
urinário encontra-se obstruído e se os músculos da bexiga conseguem contrair com uma força
suficiente para expulsar a urina.

A incontinência por esforço é diagnosticada através da história clínica do problema, do exame vaginal
nas mulheres e da observação da perda de urina durante a tosse ou durante a realização de um
esforço. O exame ginecológico também ajuda a determinar se o revestimento uretral ou vaginal sofreu
um adelgaçamento devido à falta de estrogênio.

12.3. Tratamento

O tratamento ideal depende da análise minuciosa do problema de forma individualizada e varia de


acordo com a natureza específica do problema. A maioria dos indivíduos com insuficiência urinária
pode ser curada ou podem ser ajudados consideravelmente.

Freqüentemente, o tratamento exige apenas a instituição de medidas simples para mudar o


comportamento. Muitos indivíduos podem recuperar o controle vesical através de técnicas de
modificação comportamental como, por exemplo, urinar em intervalos regulares (a cada 2 a 3 horas)
para manter a bexiga relativamente vazia. Evitar irritantes da bexiga (p.ex., bebidas que contêm

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cafeína) e a ingestão de uma quantidade de líquido (6 a 8 copos de 240 ml por dia) para evitar que a
urina se torne concentrada (o que pode irritar a bexiga) pode ser medidas úteis. Freqüentemente, o
uso de medicações que afetam a função da bexiga de modo adverso pode ser interrompido.

Tratamentos específicos (descritos a seguir) devem ser tentados. Quando é impossível controlar
totalmente a incontinência urinária com tratamentos específicos, absorventes e roupas de baixo
especialmente projetadas para incontinência urinária podem proteger a pele, permitindo que os
indivíduos permaneçam secos, confortáveis e socialmente ativos. Esses dispositivos são discretos e
podem ser facilmente adquiridos.

Os episódios de incontinência de urgência freqüentemente podem ser evitados através da micção em


intervalos regulares, antes do surgimento da urgência miccional. As técnicas de treinamento vesical,
os quais incluem os exercícios da musculatura pélvica e o biofeedback, podem ser muito úteis. Alguns
medicamentos que relaxam a bexiga (p.ex., propantelina, imipramina, hiosciamina, oxibutinina e
diciclomina) também podem ser úteis. Apesar de muitas das drogas disponíveis poderem ser muito
úteis, cada uma atua de forma diferente e pode causar efeitos adversos. Por exemplo, um
medicamento que relaxa a bexiga pode reduzir a irritabilidade desse órgão e a forte urgência para
urinar, mas pode causar ressecamento da boca ou uma retenção excessiva de urina. Algumas vezes,
os outros efeitos do medicamento podem ser utilizados de modo vantajoso. Por exemplo, a imipramina
é um antidepressivo eficaz e pode ser particularmente útil no tratamento de um indivíduo que
apresenta incontinência urinária e depressão. Às vezes, as combinações de medicamentos podem
ajudar. O tratamento medicamentoso deve ser controlado e ajustado segundo as necessidades
individuais.

Em muitas mulheres com incontinência por esforço, o problema pode ser aliviado com a aplicação de
um creme vaginal de estrogênio ou o uso oral de comprimidos de estrogênio. Os adesivos cutâneos
de estrogênio ainda não foram estudados para o tratamento da incontinência. Outros medicamentos
que ajudam a contrair o esfíncter (p.ex., fenilpro-panolamina, pseudo-efedrina) devem ser
concomitantemente com o estrogênio. Para as mulheres com fraqueza da musculatura pélvica, os
exercícios (de Kegel) que reforçam essa musculatura podem ser úteis. O auto-aprendizado dessas
técnicas de contração muscular não é fácil e, por essa razão, são freqüentemente utilizados
mecanismos de biofeedback para ajudar no treinamento. Os enfermeiros ou os fisioterapeutas podem
auxiliar no ensino desses exercícios. Os exercícios implicam na contração repetida da musculatura,
várias vezes ao dia, para desenvolver a resistência e aprender a utilização adequada da musculatura,
nas situações que provocam incontinência (p.ex., tosse). Podem ser utilizados absorventes para reter
as pequenas quantidades de urina que geralmente escapam durante os exercícios.

Os casos mais graves, os quais não respondem aos tratamentos não-cirúrgicos, podem ser corrigidos
cirurgicamente através da utilização de qualquer um dos vários procedimentos de levantamento da
bexiga e do fortalecimento do fluxo urinário de saída. Em alguns casos, a injeção de colágeno em
torno da uretra é eficaz.

Para a incontinência por transbordamento causada pelo aumento da próstata ou por uma outra
obstrução, a cirurgia normalmente é necessária. Existem disponíveis vários procedimentos de
remoção parcial ou total da próstata. O medicamento finasterida freqüentemente consegue reduzir o
tamanho da próstata ou interromper o seu crescimento, de modo que a cirurgia pode ser evitada ou
postergada. As drogas que relaxam o esfíncter (p.ex., terazosina) também são freqüentemente úteis.

Quando a causa é a contração fraca da musculatura da bexiga, os medicamentos que aumentam a

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contração vesical (p.ex., betanecol) podem ser úteis. A aplicação de uma leve pressão através da
compressão da região abdominal inferior com as mãos, logo acima da bexiga, também pode ser útil,
especialmente para os indivíduos que conseguem esvaziar a bexiga, mas apresentam dificuldade para
esvaziá-la completamente. Em alguns casos, é necessária a sondagem (cateterização) vesical pra
drenar a bexiga e prevenir complicações (p.ex., infecções recorrentes e lesão renal). A sonda pode ser
mantida de modo permanente ou pode ser inserida e removida de acordo com a necessidade.

A incontinência urinária total pode ser tratada através de diversos procedimentos cirúrgicos. Por
exemplo, um esfíncter urinário que não fecha adequadamente pode ser substituído por um esfíncter
artificial.

O tratamento da incontinência psicogênica consiste de psicoterapia, normalmente coordenada com a


modificação comportamental e o uso dos dispositivos que despertam a criança quando a enurese
começa ou com o uso de medicamentos que inibem as contrações da bexiga. O indivíduo com
incontinência e depressão pode ser beneficiado com o uso de medicamentos antidepressivos.

13.

   Geriatria

  Cuidados com o aparelho locomotor

O aparelho locomotor é formado por ossos, articulações e músculos, sendo responsável pela sustentação
e pela movimentação do corpo. Divide-se em:
tronco;
pernas e pés (membros inferiores);
braços e mãos (membros superiores).
A locomoção é fundamental para a saúde de todo ser humano, e principalmente para o paciente geriátrico.
A falta de locomoção pode causar:
aumento da osteoporose;
úlceras de pressão — feridas de atrito, por passar muito tempo na mesma posição;
prisão de ventre;
problemas urinários e respiratórios;
redução da força e do tônus muscular;
aumento do risco de infecções e embolias.
A prevenção de problemas no aparelho locomotor deve garantir a movimentação apropriada e manter a
postura sempre correta, evitando assim danos à coluna vertebral.

  Como orientar a correta movimentação do idoso

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Os idosos em repouso tendem a se movimentar pouco na cama, mas é recomendável que sejam
incentivados a fazer rotações e mudar de posição, para evitar sérios problemas de saúde. O processo de
rotação é bastante simples de ser orientado, mas, para facilitá-lo, o cuidador deve colocar uma tábua por
baixo caso o colchão seja muito mole. Siga as instruções para cada movimento específico:

Mover-se na cama Levantar da cama


Sentar Ficar de pé
 
Levantar Andar

  Mover-se na cama

Os pacientes que ainda se movem sozinhos podem fazer estes movimentos sem auxílio:

flexionar os joelhos, apoiando os pés sobre a cama e virando as pernas para o lado que se pretende
girar;
entrelaçar as mãos e levantá-las, esticando os cotovelos simultaneamente.
finalmente, rodar a cabeça para este mesmo lado.

Se o paciente for incapaz de realizar este exercício sozinho, o profissional ou o cuidador deve ajudá-lo,
ficando a seu lado e seguindo as instruções do item acima. Para dar continuidade:

segurar com firmeza o paciente, colocando as mãos sobre o lado do corpo que ficará para cima após o
movimento;
apoiar uma mão na altura do ombro e a outra nos quadris;
depois, mover com delicadeza o paciente para o lado desejado, solicitando que ele olhe para as mãos,
para que mova a cabeça ao mesmo tempo.

  Sentar

A maioria dos idosos, mesmo tendo boa saúde e independência para locomover-se, sofre de problemas
nas articulações e no sistema circulatório, de falta de vigor muscular e coordenação motora,
principalmente para a sustentação do tronco.

O HOSPITALGERAL.com reuniu algumas recomendações importantes sobre os tipos de assento


aconselháveis:

os apoios para os braços são essenciais, para a maior comodidade e para facilitar os movimentos
de levantar e sentar;
o encosto deve proporcionar um bom apoio para as costas, os ombros e a cabeça, deixando o
idoso realmente confortável;

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o material do estofado do assento deve ser firme, para facilitar a movimentação do idoso, e de
fácil lavagem.

   Realizando o movimento

se o paciente estiver muito incapacitado, o cuidador, ao sentá-lo, deve usar seus próprios pés e joelhos
para firmar os do paciente;
o idoso precisa aproximar-se o suficiente do assento até encostar nele com a parte de trás dos joelhos;
a seguir, deve colocar as mãos sobre os braços da poltrona e inclinar-se para frente, flexionando os
joelhos até se sentar.

Caso o idoso seja incapaz de se sentar sozinho, e para que não escorregue no assento, o cuidador deve
pegá-lo por debaixo das axilas, até que toque com toda a parte das costas o encosto da poltrona.

  Postura correta do idoso sentado

apoiar completamente os pés no chão, evitando que eles fiquem pendurados. Caso seja preciso,
colocar um suporte, como um banquinho ou almofada;
distribuir o peso do corpo, para que o idoso se sente com a postura correta;
manter as costas completamente apoiadas no encosto;
manter quadris, joelhos e pés formando um ângulo de 90°.

  Levantar

Em muitos casos, os idosos necessitam usar bengalas ou se apoiar em qualquer outro objeto para se
levantarem do assento. Isto pode ser muito perigoso, além de difícil e incômodo. Então leia esta seção
abaixo e saiba como ajudar nestes casos:
o idoso deve ir até a beirada da cama, inclinar a cabeça e o tronco para frente com os pés
apoiados no chão e ligeiramente separados, segurar os braços de apoio do assento com as mãos
e dar impulso;
caso o paciente não seja capaz de se levantar sozinho, o cuidador deve segurá-lo pelas costas,
usar seus próprios joelhos e pés para firmar os do paciente e colocar uma das pernas entre as
dele, com o mesmo intuito;
quando o idoso tiver alguma deficiência em um dos braços, é recomendável que apóie o braço
saudável no braço do assento, e dê um impulso sobre a perna mais hábil;
não é aconselhável superproteger o idoso quando for auxiliá-lo, tanto no sentar como no
levantar. O cuidador deve prestar a ajuda mínima necessária para motivá-lo a fazer por si próprio.

   Levantar da cama

O idoso com dificuldade, porém com movimentação independente, deve:

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colocar as pernas para a beirada da cama;
apoiar os cotovelos e as mãos, e erguer a cabeça;
baixar os pés ao chão, sentando na cama.

Caso o paciente precise de auxílio, o cuidador deve:

posicionar-se de frente para ele, com os joelhos flexionados junto aos dele e usando os pés para firmar
os do paciente;
abraçando o idoso, por baixo das axilas, motivá-lo a se levantar, ao mesmo tempo que é puxado para
cima até que fique de pé;

Para sentar o paciente quando estiver deitado, pode-se usar uma escada de corda, graduando-a de
acordo com a necessidade, ou também trapézios que auxiliam no levantar.

   Ficar de pé

A maioria dos idosos tendem a ficar curvados quando estão em pé. Por isso, deve-se sempre policiá-los e
conscientizá-los da importância de manter a postura ereta. Ou seja:

colocar os pés afastados, com um ligeiramente à frente do outro;


posicionar os quadris paralelos ao tronco ereto, ainda que com uma ligeira flexão, e os pés
apoiados no chão.

   Andar

O andar nos idosos pode ser dificultado por diversos fatores, como doenças físicas ou psíquicas e o
próprio envelhecimento, entre outros.

Caso o idoso precise de ajuda para andar

O cuidador deve caminhar ao seu lado, segurando-o pela mão para que ele sinta mais segurança, mas
mesmo assim deixando que ele faça esforço; desta forma, o idoso não irá se acostumar mal.

Caso o idoso precise de meio auxiliar para andar

Em muitos casos o paciente deve usar bengalas e muletas como auxílio para caminhar, o que requer
muito cuidado e alguns conhecimentos básicos. Os meios auxiliares mais usados pelos idosos são:

Tripé e bengala de quatro pés: São recomendados para pessoas com idade mais avançada e com muita
instabilidade, e são considerados muito estáveis;

Muletas: São consideradas de uso simples, mas em muitos casos não oferecem a estabilidade
necessária, e por isso alguns idosos não se adaptam a elas. É fundamental que se faça o uso correto das
muletas: o paciente deve colocar o braço na braçadeira de apoio e a mão no punho;

Bengala: é o meio mais utilizado. Deve ser usada do lado oposto ao lado lesado, e funciona como uma
extensão do braço: deve-se posicioná-la pouco à frente do corpo e paralela a ele, a fim de melhorar a
sustentação. É necessário atentar para o peso e a altura do paciente, além de conferir se a bengala possui

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uma ponteira com borracha antiderrapante;

Andadores: eles podem ou não possuir rodas. Para que seu uso seja correto, é necessário fazer pressão
com as mãos, segurar nos punhos e posicionar o aparelho próximo ao corpo. Isto porque o idoso, em
muitos casos, fica longe do andador, o que favorece o risco de quedas e acidentes. Os andadores são
recomendados em situações mais graves, quando o grau de instabilidade é alto.

Caso o idoso não precise de ajuda para andar


Mesmo que o idoso consiga caminhar sozinho, ainda precisa de orientação sobre sua postura ao andar,
que deve ser ereta e acompanhada do balançar dos braços. É preciso sempre lembrá-lo de que deve
levantar os pés para andar, colocando primeiro o calcanhar e depois a ponta do pé.

14. Medicamentos e Envelhecimento


Com o envelhecimento, aumenta a probabilidade de ocorrência de doenças crônicas; por isso, as pessoas
idosas em geral tomam mais medicamento que os adultos jovens. Em média, uma pessoa idosa toma
quatro ou cinco medicamentos de receita obrigatória e dois de venda livre. Os idosos são duas vezes mais
suscetíveis a reações medicamentosas adversas que os adultos jovens. Também a probabilidade de
reações adversas serem mais severas é maior para os idosos.

À medida que as pessoas vão envelhecendo, a quantidade de água no organismo diminui. Como muitas
drogas se dissolvem na água e há menos água disponível para sua dissolução, essas drogas atingem
níveis mais elevados de concentração nas pessoas idosas. Além disso, os rins tornam-se menos capazes
de excretar as drogas na urina, e o fígado, menos capaz de metabolizar muitas delas. Por essas razões,
muitos medicamentos tendem a permanecer no corpo das pessoas idosas durante um tempo muito maior
do que ocorreria no organismo de uma pessoa mais jovem.

Em decorrência disso, os médicos devem prescrever doses menores de muitos medicamentos para
pacientes idosos ou um menor número de doses diárias. O organismo do idoso também é mais sensível
aos efeitos de muitos medicamentos. Por exemplo, as pessoas idosas tendem a ficar mais sonolentas e
apresentam maior possibilidade de ficar confusas ao tomar drogas ansiolíticas ou indutores do sono.

Medicamentos que baixam a pressão arterial por meio do relaxamento das artérias e de redução da
tensão sobre o coração tendem a baixar a pressão de forma muito mais acentuada nos idosos que nas
pessoas jovens. Cérebro, olhos, coração, vasos sangüíneos, bexiga e intestinos tornam-se
consideravelmente mais sensíveis aos efeitos colaterais anticolinérgicos de alguns medicamentos de uso
freqüente. As drogas com efeitos anticolinérgicos bloqueiam a ação normal da parte do sistema nervoso,
denominada sistema nervoso colinérgico.

Certos medicamentos tendem a causar reações adversas com mais freqüência e intensidade nos idosos,
devendo por isso ser evitados. Em quase todos os casos, existem substitutos mais seguros à disposição.
Pode ser arriscado não seguir as orientações do médico em relação ao uso de medicamentos. No entanto,
a não adesão às orientações clínicas não é mais comum entre idosos do que entre pessoas mais jovens.
Não tomar um remédio, ou tomá-lo em doses erradas, pode causar problemas; por exemplo, provocando o
surgimento de outra doença ou levando o médico a mudar o tratamento por acreditar que o remédio não

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funcionou. Uma pessoa idosa que não deseja seguir as orientações clínicas deve discutir a situação com
seu médico em vez de agir sozinha.

Drogas que Representam Aumento de Risco em Pessoas Idosas.

14.1. Analgésicos

O propoxifeno não oferece maior alívio da dor que o acetaminofeno e provoca efeitos colaterais
narcóticos. Pode causar constipação, tontura, confusão e (raramente) respiração lenta. Como os outros
narcóticos (opióides), essa substância pode causar dependência. Entre todas as drogas antiinflamatórias
não esteróides, a indometacina é a que mais afeta o cérebro. Às vezes, essa substância provoca
confusão mental ou tontura. Quando injetada, a meperidina é um analgésico potente, mas, quando
administrada por via oral, não é muito eficaz contra a dor e freqüentemente produz confusão mental.

A pentazocina é um analgésico narcótico que apresenta maior possibilidade de provocar confusão


mental e alucinações, em comparação com outros narcóticos.

14.2. Substâncias Anticoagulantes

No idoso, o dipiridamol pode provocar tontura quando o indivíduo se levanta (hipotensão ortostática).
Para a maioria das pessoas, essa substância oferece pouca vantagem, em comparação com a aspirina,
na prevenção da formação de coágulos sangüíneos.

Para a maioria das pessoas, a ticlopidina não é mais eficaz que a aspirina na prevenção de coágulos
sangüíneos, sendo consideravelmente mais tóxica. A ticlopidina pode ter utilidade como alternativa para
pessoas que não podem tomar aspirina.

14.3. Drogas Antiulcerosas

Doses usuais de alguns bloqueadores da histamina (em especial de cimetidina e, até certo ponto, de
ranitidina, nizatidina e famotidina) podem causar efeitos adversos, principalmente confusão mental.

14.4. Antidepressivos

Em razão de suas fortes propriedades anticolinérgicas e sedativas, a amitriptilina geralmente não é o


melhor antidepressivo para pessoas idosas. A doxepina também é um potente anticolinérgico.

14.5. Medicamentos contra Náusea (antieméticos)

A trimetobenzamida é uma das drogas menos eficazes contra a náusea e pode provocar efeitos
adversos, como movimentos anormais dos braços, das pernas e do corpo.

14.6. Anti-histamínicos

Todos os anti-histamínicos de venda livre e muitos de receita obrigatória produzem efeitos


anticolinérgicos potentes. As drogas incluem: clorfeniramina, difenidramina, hidroxizina, ciproeptadina,
prometazina, tripelenamina, dexclorfeniramina e medicamentos combinados contra resfriado. Mesmo
que possam ser úteis no tratamento de reações alérgicas e alergias sazonais, em geral os anti-
histamínicos não são apropriados para combater a coriza e outros sintomas de infecção viral. Nos casos

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em que há necessidade de anti-histamínicos, dá-se preferência aos que não produzem efeitos
anticolinérgicos (loratadina e astemizol). Normalmente os medicamentos contra tosse e resfriado que
não incluem anti-histamínicos em suas fórmulas são mais seguros para pessoas idosas.

14.7. Anti-hipertensivos

A metildopa, isoladamente ou em combinação com outros medicamentos, pode reduzir os batimentos


cardíacos e agravar a depressão. O uso de reserpina é arriscado, pois pode induzir à depressão,
impotência, sedação e tontura quando a pessoa se levanta.

14.8. Antipsicóticos

Embora antipsicóticos como clorpromazina, haloperidol, tioridazina e tiotixeno sejam eficazes no


tratamento dos distúrbios psicóticos, não foi estabelecida sua eficácia no tratamento de distúrbios
comportamentais associados à demência (como agitação, devaneios, repetição de perguntas, arremesso
de objetos e agressão). Freqüentemente essas drogas são tóxicas, provocando sedação, distúrbios do
movimento e efeitos colaterais anticolinérgicos. No caso de o uso ser imprescindível, as pessoas idosas
devem usar antipsicóticos em doses pequenas. A necessidade do tratamento deve ser freqüentemente
reavaliada, e os medicamentos devem ser interrompidos o mais rápido possível.

14.9. Antiespasmódicos Gastrintestinais

Antiespasmódicos gastrintestinais, como diciclomina, hiosciamina, propantelina, alcalóides da beladona


e clidínio-clordiazepóxido são administrados no tratamento das cólicas e dores estomacais. Essas
substâncias são altamente anticolinérgicas, e sua utilidade – em especial nas baixas doses toleradas
pelas pessoas idosas – é questionável.

14.10. Drogas Antidiabéticas (hipoglicemiantes)

A clorpropamida tem efeitos prolongados, que são exagerados nas pessoas idosas e podem causar
longos períodos de baixos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia). Por promover a retenção de água
pelo organismo, a clorpropamida também diminui o nível de sódio no sangue.

Suplementos de Ferro

Doses de sulfato ferroso que excedam 325 miligramas diários não melhoram muito sua absorção e
podem causar constipação.

Relaxantes Musculares e Antiespasmódicos

Quase todos os relaxantes musculares e antiespasmódicos, como metocarbamol, carisoprodol,


oxibutinina, clorzoxazona metaxalona e ciclobenzaprina provocam efeitos colaterais anticolinérgicos,
sedação e debilidade. É questionável a utilidade de todos os relaxantes musculares e antiespasmódicos
nas baixas doses toleradas pelos idosos.

14.11. Sedativos, Ansiolíticos e Indutores do Sono

O meprobamato, além de não oferecer vantagens em relação aos benzodiazepínicos, apresenta muitas

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desvantagens.

Clordiazepóxido, diazepam e flurazepam – benzodiazepínicos utilizados no tratamento da ansiedade e


insônia – têm efeitos extremamente prolongados nos idosos (em geral, por mais de 96 horas). Essas
drogas, isoladamente ou em combinação com outras, podem causar sonolência prolongada e aumentam
o risco de quedas e fraturas.

A difenidramina, um anti-histamínico, é o ingrediente ativo em muitos sedativos de venda livre. Mas a


difenidramina produz efeitos anticolinérgicos potentes.

Barbitúricos, como o secobarbital e o fenobarbital, produzem mais efeitos adversos que outras drogas
utilizadas no tratamento da ansiedade e da insônia. Também interagem com muitas outras substâncias.
Em geral, os idosos devem evitar os barbitúricos, exceto para o tratamento de distúrbios convulsivos.

14.12. Anticolinérgico: O Que Isso Significa?

A acetilcolina é um dos muitos neurotransmissores do organismo. Neurotransmissor é uma substância


química utilizada pelas células nervosas para a intercomunicação e para a comunicação com os
músculos e com muitas glândulas. Diz-se que as drogas que bloqueiam a ação do neurotransmissor
acetilcolina têm efeitos anticolinérgicos. A maioria dessas substâncias, no entanto, não foi projetada para
bloquear a acetilcolina; seus efeitos anticolinérgicos são efeitos colaterais. Pessoas idosas são
particularmente sensíveis às drogas com efeitos anticolinérgicos porque, com a idade, diminui tanto a
quantidade de acetilcolina no organismo quanto a capacidade orgânica de utilização da acetilcolina
existente no corpo. Drogas com efeitos anticolinérgicos podem provocar confusão mental, turvamento da
vista, constipação, boca seca, tontura e dificuldade de micção ou perda do controle da bexiga.

15. Atividade Física


Açõ es do documento
Nesta seção, apresentamos conceitos relacionados à atividade física para idosos. O enfoque principal é
treinamento de equilíbrio, mas outras capacidades e habilidades também serão abordadas, uma vez que o
equilíbrio em seres humanos é dependente de inúmeros fatores.
1. Treinamento do equilíbrio

 Fundamentos de treinamento (equilíbrio)


 Exercícios para treinar o equilíbrio

2. Treinamento de força

 Exercícios para treinar a força

3. Treinamento de resistência aeróbia

 Fundamentos de treinamento (resistência)

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 Exercícios para treinar a resistência aeróbia

4. Treinamento de flexibilidade

 Fundamentos de treinamento (flexibilidade)


 Exercícios para treinar a flexibilidade

15.1. Fundamentos de treinamento (equilíbrio)

Açõ es do documento
Alguns exercícios utilizados para o treinamento de força dos membros inferiores podem também ser
utilizados para o treinamento do equilíbrio. Para tal, pode-se adotar uma seqüência de estágios que
desafia com dificuldade progressiva a capacidade de se equilibrar. Os estágios a seguir trazem uma
progressão que pode ser facilmente utilizada durante os exercícios de treinamento de força:
 Estágio I – apoiar as duas mãos em uma cadeira (ou qualquer outro apoio);
 Estágio II – apoiar apenas uma mão na cadeira;

 Estágio III – apoiar apenas um dedo na cadeira;


 Estágio IV – realizar o exercício sem apoio dos membros superiores;
 Estágio V – se houver grande estabilidade no estágio IV, os exercícios podem ser realizados sem
o apoio das mãos e de olhos fechados. Como neste estágio há um maior risco de instabilidade, é
importante haver alguém acompanhando o executante para evitar possíveis acidentes.

No entanto, é essencial ter em mente que, apesar de os exercícios estarem sendo direcionadas para o
treinamento do equilíbrio, as mesmas precauções tomadas durante o treinamento de força devem ser
consideradas antes de se iniciar uma sessão dessa atividade.
 É importante treinar todos os grupos musculares principais, evitando treinar o mesmo grupo
muscular dois dias consecutivos.
 Cada repetição deve ser executada da seguinte maneira: 3 segundos para realizar o movimento, 1
segundo mantendo a posição alcançada, e mais 3 segundos para retornar à posição inicial.
 Antes do treinamento deve ser realizado um aquecimento, que pode consistir em uma caminhada
leve e movimentação dos membros utilizados nos exercícios (aproximadamente 10 minutos de
duração).
 A respiração deve se dar normalmente durante a execução dos exercícios. Prender a respiração
pode gerar variações na pressão sanguínea, tornando o exercício perigoso para portadores de
problemas cardiovasculares. Nos exercícios de elevação do membro inferior, é importante expirar
durante o levantamento, e inspirar enquanto o membro volta à posição inicial.
 As cargas utilizadas devem ser iguais para ambos os lados do corpo.
 É importante remover os pesos utilizados nos membros inferiores para andar, pois sua utilização
durante o andar aumenta o risco de quedas.
 Quando os pesos não estiverem sendo usados, é importante colocá-los em lugares apropriados,
para que não haja o risco de alguém tropeçar neles.

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 Pequena dor muscular e alguma fadiga são normais nos dias seguintes à prática, mas se esses
sintomas aparecerem de maneira excessiva, provavelmente a intensidade do treinamento está
alta demais.
 Se houver qualquer dor nas articulações durante a execução dos exercícios (principalmente com
relação à utilização de pesos), deve-se para o treino. Se a dor ocorrer apenas em ângulos
extremos nas articulações, os exercícios devem ser feitos de maneira a não atingi-los;
 A amplitude dos movimentos deve ser a maior possível, de maneira que simultaneamente haja
alongamento da musculatura oposta àquela realizando o movimento. Essa amplitude deve ser
regulada pela flexibilidade de cada um, além de ser feita em limites nos quais não ocorrem dores
nas articulações.
 As primeiras sessões devem sempre ser realizadas sem carga extra, para que haja um devido
aprendizado dos exercícios.

Como o enfoque principal do PEQUI é a prevenção de quedas na população idosa, é interessante


disponibilizar exercícios que contribuam para tal de maneira prática, e de fácil entendimento de todos. Mas
é também importante fornecer orientação sobre como os exercícios devem ser feitos.

A literatura voltada para exercícios em idosos mostra muita coerência no que diz respeito às suas
características. A cada sessão, deve ser executado um exercício para cada grupo muscular principal,
sendo que as sessões devem ocorrer duas vezes por semana. Cada exercício deve ser executado em
séries, sendo que cada série corresponde a um grupo de repetições desenvolvidas de forma contínua,
sem interrupções, e, neste caso em particular, devem possuir de 8 a 15 repetições. O número de séries
pode variar entre um e três por sessão de treinamento. É importante haver um descanso entre cada série,
sendo que a literatura relata que esse tempo deve estar entre 1 min e 3 min (é importante lembrar que
esse tempo de descanso corresponde à recuperação do músculo, ou seja, o tempo que ele leva para estar
metabolicamente preparado para novamente realizar o exercício; assim, quanto maior a intensidade/
repetições realizadas, maior deverá ser o descanso entre as séries). Cada repetição deve ser feita em
aproximadamente 6 segundos, que correspondem a: 3 segundos para realizar o movimento e 3 segundos
para retornar à posição inicial (lembrando que é mais válido realizar um exercício lentamente e de maneira
correta que realizá-lo rapidamente, o que diminui o controle do movimento, podendo assim não estimular
os músculos da maneira adequada para os objetivos do exercício).

Os itens apresentados acima são muito simples e práticos. No entanto, decidir a carga utilizada nesse
treinamento é um fator importantíssimo para que haja eficiência e segurança durante a sua execução. O
controle de carga se dá essencialmente de duas maneiras distintas: pesos anexados ao membro
executando o movimento, o número de repetições por série, e o número de séries. Inicialmente, é
importante que não haja nenhum peso extra. Além de o peso dos próprios membros já servirem como uma
ótima carga inicial, essa ausência de cargas extras permite uma facilidade maior para executar os
exercícios, levando assim a um melhor aprendizado e conseqüente aproveitamento dos exercícios.
Também é interessante que no início seja executada apenas uma série por exercício, com oito repetições
cada. Após ser criada uma intimidade entre o executante e os exercícios, mudam-se as regras para carga,
como descrito a seguir.

Neste momento, é importante selecionar uma carga mais adequada à pessoa em questão, ficando difícil
portanto definir dados de maneira absoluta. O número de repetições que apresenta um ganho interessante
na força em idosos está entre 8 e 15. Assim, a carga deve ser escolhida de maneira que, em cada série, o
indivíduo consiga realizar de 8 a 15 repetições. Se não for possível realizar 8 repetições, a carga está
muito alta, e deve ser diminuída. Se mais de 15 repetições forem alcançadas, significa que a carga está

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muito baixa, e deve ser aumentada. É importante lembrar que esse número não está relacionado ao
momento em que o músculo não mais consegue realizar o movimento, e sim ao momento em que ocorre
um grande desconforto em realizar o movimento (devido ao cansaço do músculo). À medida que o
treinamento ocorre, a tendência é que cada vez fique mais fácil realizar o número de séries e de
repetições estipulados inicialmente.
Como só há ganho de força à medida que o corpo é desafiado, essa maior facilidade em realizar os
exercícios deve ser acompanhada por um aumento da carga das sessões de treinamento. Isso pode
ocorrer de duas maneiras. O primeiro modo de fazê-lo é simplesmente aumentar o peso levantado, o que
pode ser feito também baseado no número de repetições. À medida que ocorre aumento da força, o
número de repetições possíveis com uma mesma carga também aumenta. Como uma carga que permita
mais de 15 repetições não trará os mesmos benefícios que uma carga que corresponda a um máximo de
8 a 15 repetições, quando um exercício se torna muito fácil de ser executado (sendo possível realizar mais
de 15 repetições), o ideal seria ajustar a carga, de maneira que só fosse possível realizar 8 repetições
(portanto, deveria haver um aumento de peso). Assim, apenas depois de um grande período de
treinamento novamente essa carga permitiria mais de 15 repetições por série, e novamente deveria ser
ajustada.

A outra alternativa, seria aumentar o número de séries por exercício, o que deve ser feito simultâneo a um
pequeno decréscimo na quantidade de pesos utilizada. Mas o número de séries não deve ultrapassar 3
(quando estiverem sendo feitas 3 séries com 15 repetições, a única alternativa é aumentar a carga, sendo
que neste caso deve haver uma diminuição no número de séries), e o número de repetições nunca deve
ultrapassar 15 ou ficar inferior a 8.
Referências
 FLECK, J.S., KRAEMER, W.J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. Editora Artmed,
2ª Edição, São Paulo. 1997.
 BEST-MARTINI, E., BOTENHAGEN-DIGENOVA, K.A. Exercise for Frail Elders. Human Kinetics,
United States of America. 2003.
 Exercise for Older Adults: ACE’s (American Council on Exercise) Guide for fitness professionals.
Human Kinetics, United States of America. 1998.
 Exercise: A Guide from the National Institute of Aging. Publication Number NIH 99-4258.

15.2. Exercícios para treinar o equilíbrio


Nesta seção apresentamos alguns exercícios para treinamento de equilíbrio e esses exercícios podem ser
ministrados obedecendo os princípios de treinamento. A idéia é que em cada sessão de treinamento todos
os exercícios abaixo devem ser executados. É importante ressaltar que nem todos idosos são capazes de
realizar tais movimentos, mas adaptações são possíveis a cada exercício.
 Flexão Plantar

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Este exercício tem por objetivo fortalecer os músculos do tornozelo e da região posterior da perna
(panturrilha). O executante deve estar na posição ereta, com os pés totalmente apoiados no chão,
segurando em um apoio para aumentar o equilíbrio (por exemplo o encosto de uma cadeira, como
exemplificado na figura). O executante deve ficar nas pontas dos pés, o mais alto que puder. Deve levar 3
segundos para subir, permanecer no alto por 1 segundo, e levar mais 3 segundos para voltar à posição
inicial. A carga deste exercício pode ser aumentada colocando pesos extras nos tornozelos. À medida que
a força e o equilíbrio aumentarem suficientemente, o executante pode passar a realizar este exercício com
uma perna de cada vez (mas é importante o mesmo número de repetições seja realizado para cada
perna), mas é importante lembrar que neste caso o aumento de carga é muito grande (só deve ser feito
quando realmente a carga estiver muito baixa, mesmo com pesos extras, ao realizar o exercício com as
duas pernas simultaneamente).

Resumo:
1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio;
2. Lentamente fique nas pontas dos pés, o mais alto que conseguir (expirando);
3. Mantenha a posição um pouco;
4. Lentamente desça os calcanhares até o chão (inspirando).

 Flexão de Joelho

Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região posterior da coxa e da panturrilha. O
executante deve manter-se na postura ereta, segurando em um apoio para aumentar o equilíbrio. O
executante deve levar 3 segundos para flexionar o joelho, tirando o pé do chão, de maneira que o
tornozelo vá o mais alto possível (como ilustrado na figura). A coxa deve permanecer imóvel durante a
execução do exercício, apenas o joelho deve ser flexionado. A volta à posição inicial também deve levar 3

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segundos, terminando então uma repetição do exercício. A carga pode ser aumentada colocando pesos
extras nos tornozelos.

Resumo:
1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio;
2. Lentamente flexione o joelho até o limite (expirando);
3. Mantenha a posição um pouco;
4. Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial (inspirando);
5. Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra.

 Flexão de Quadril

Este exercício tem como objetivo fortalecer os músculos da coxa e do quadril. O executante deve se
posicionar atrás ou ao lado de uma cadeira (ou outro apoio qualquer). O movimento de levantar a perna
deve levar 3 segundos. A posição deve ser mantida por 1 segundo, e a descida deve levar mais 3
segundos. A maneira de aumentar a carga do exercício é adicionando pesos extras nos tornozelos.

Resumo:
1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio;
2. Lentamente erga seu joelho na direção do peito, sem deixar o tronco descer em direção à coxa
(expirando);
3. Mantenha a posição um pouco;
4. Lentamente abaixe a perna até o chão (inspirando);
5. Ao terminar as séries com uma perna, repita com a outra.

 Extensão de Quadril

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Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região posterior da coxa e da região glútea. O
executante deve ficar de 30 a 45 cm afastado de uma cadeira ou mesa (ou outro apoio para os membros
superiores), com os pés ligeiramente afastados um do outro. O tronco deve estar inclinado a
aproximadamente 45º (na direção do apoio). A perna deve ser erguida para trás sem flexão de joelhos, e
este movimento deve levar aproximadamente 3 segundos. Durante a subida é importante não ficar nas
pontas dos pés e nem levar o tronco mais à frente. A posição alcançada deve ser mantida por 1 segundo,
e a volta à posição inicial deve levar 3 segundos, terminando então uma repetição do exercício. A carga
pode ser aumentada colocando pesos extras nos tornozelos.

Resumo:
1. Se posicione entre 30 e 45 cm afastado de um apoio para os membros superiores;
2. Incline o corpo à frente e segure no apoio;
3. Lentamente erga a perna (extendida) para trás (expirando);
4. Mantenha a posição um pouco;
5. Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial (inspirando);
6. Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra.

 Elevação Lateral do Membro Inferior

Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região lateral da coxa e do quadril. O executante
deve manter-se na postura ereta, segurando em um apoio para aumentar o equilíbrio, com os pés
ligeiramente afastados. O executante deve levar 3 segundos para elevar lateralmente a perna, sendo que
o movimento deve ter um alcance de 15 a 30 cm.

O tronco deve permanecer sempre reto, e as duas pernas extendidas. Os pés devem estar apontando
para a frente. A posição alcançada deve ser mantida por 1 segundo, e a volta à posição inicial deve levar 3

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segundos, terminando então uma repetição do exercício. A carga pode ser aumentada colocando pesos
extras nos tornozelos.

Resumo:
1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio;
2. Lentamente eleve uma perna para o lado, de 15 a 30 cm (expirando);
3. Mantenha a posição um pouco;
4. Lentamente volte à posição inicial (inspirando);
5. Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra;
6. O tronco e os dois joelhos devem estar extendidos durante toda a execução do exercício.

 Levantar e sentar sem a utilização das mãos

Este exercício tem por objetivo fortalecer os músculos do abdômen, das costas, do quadril e da coxa. O
executante deve sentar-se na metade anterior do assento da cadeira e reclinar seu corpo até os ombros
tocarem o encosto. As costas devem estar retas (apesar de o tronco estar reclinado), o que é facilitado
colocando um apoio para a região lombar (como exemplificado na figura por um travesseiro). Os joelhos
devem estar flexionados, e os pés devem estar com toda a planta em contato com o chão. Usando
minimamente os membros inferiores (ou até mesmo sem usá-los, se possível), o executante deve trazer o
tronco à frente, desencostando do encosto da cadeira e do apoio lombar.

Para trabalhar adequadamente a musculatura abdominal, o tronco deve ser trazido à frente com as costas
retas (sem que os ombros se inclinem à frente durante a subida). Partindo então desta posição sentada,
com os pés totalmente apoiados no chão, o executante deve levar 3 segundos para se erguer até a
posição ereta (usando minimamente as mãos), e mais 3 segundos para sentar. Durante a subida e a
descida do corpo, é importante também manter as costas retas. Neste exercício, uma maneira de
aumentar a carga é utilizar cada vez menos as mãos para auxiliar o movimento do corpo. Após estar
sentado, o corpo deve novamente ser reclinado até o encosto da cadeira, terminando assim uma repetição
do exercício.

Resumo:
1. Coloque um travesseiro no encosto de uma cadeira;
2. Sente na metade anterior do assento da cadeira, com os joelhos flexionados e com os pés
totalmente apoiados no chão;
3. Recline sobre o travesseiro, permanecendo com o tronco inclinado e com as costas retas;

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4. Leve o tronco à frente até ficar sentado com as costas retas, usando minimamente as mãos
(inspirando);
5. Levante lentamente, usando minimamente as mãos (expirando);
6. Sente lentamente, usando minimamente as mãos (inspirando);
7. Recline novamente o corpo, apoiando as costas no travesseiro, retornando assim à posição inicial
(expirando);
8. Mantenha as costas e os ombros retos durante toda a execução do exercício.

Adaptação 1 o exercício também pode ser feito sem a fase de trazer o corpo à frente (correspondendo
apenas à segunda e à terceira imagens na figura), mas isso implica em um menor ganho de força nos
músculos abdominais, que são extremamente importantes para manter um bom equilíbrio.

Adaptação 2: Como nem todos conseguem realizar muitas repetições desse exercício, pode ser
necessário adaptá-lo da seguinte maneira: ao invés de o idoso levantar por completo, ele deve somente
iniciar o movimento de subida, perdendo assim o contato com a cadeira. A posição alcançada deve ser
mantida por 1 segundo, e então o idoso retorna à posição sentada (podendo também reclinar se estiver
utilizando um apoio lombar). Dessa maneira, o desgaste do exercício fica reduzido (permitindo assim um
maior número de repetições), mas os mesmos músculos são trabalhados. Conforme o idoso ganha força e
resistência muscular, essa adaptação deve ser deixada de lado para que ocorram maiores ganhos.
 Outros exercícios

Há ainda alguns exercícios que treinam o equilíbrio e podem ser praticados a qualquer hora, em qualquer
lugar e quanto for desejado. Mas é importante que haja algum apoio por perto para gerar segurança em
uma eventual instabilidade durante sua execução:
 Permanecer ereto em apenas um pé (alternando-os), o que pode ser feito durante atividades do
cotidiano.
 Andar com passos bem curtos, de maneira que o pé que executou o passo encosta o calcanhar
nos artelhos (dedos do pé) do pé de apoio.

Referências
 BEST-MARTINI, E., BOTENHAGEN-DIGENOVA, K.A. Exercise for Frail Elders. Human Kinetics,
United States of America. 2003.
 Exercise for Older Adults: ACE’s (American Council on Exercise) Guide for fitness professionals.
Human Kinetics, United States of America. 1998.
 Exercise: A Guide from the National Institute of Aging. Publication Number NIH 99-4258.
 ROSE, D.J. Fall Proof: A Comprehensive Balance and Mobility Training Program. Human Kinetics,
United States of America. 2003.
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15.3. Exercícios para treinar a força

Os exercícios aqui sugeridos correspondem a exercícios de treinamento de força para os membros


superiores. Como os exercícios para treinar o equilíbrio são também exercícios para treinamento de força
para os membros inferiores, um treinamento completo será alcançado somando os exercícios deste item
com os de equilíbrio. Assim, ao realizar seu treinamento de força, simultaneamente a capacidade de
manter o equilíbrio também será treinada, tornando assim o treinamento mais simples. É importante
lembrar que os mesmos cuidados necessários para o treinamento de força para os membros inferiores
também devem ser tomados para o treinamento de força para os membros superiores. Estes cuidados
estão descritos em fundamentos de treinamento (equilíbrio). Estes exercícios também podem ser
executados em pé, sendo a cadeira apenas um facilitador.

 Elevação Lateral dos Membros Superiores

Este exercício serve para fortalecer a musculatura do ombro. O executante deve estar sentado em uma
cadeira sem braços, com as costas retas (apoiadas no encosto) e os pés totalmente apoiados no chão,
separados um do outro na largura dos ombros. O exercício deve se iniciar com os braços relaxados ao
lado do corpo, com as palmas das mãos voltadas para dentro (para o próprio corpo). Os braços então
devem ser elevados lateralmente durante 3 segundos, até ficarem paralelos ao solo. A posição deve ser
mantida por 1 segundo, e então os braços devem ser abaixados durante 3 segundos, até ficarem
extendidos ao lado do corpo novamente (finalizando assim uma repetição). A posição das mãos não varia
durante o exercício, tomando como referência o braço.

A carga deste exercício pode ser aumentada segurando pesos com as mãos. No caso de a carga estar
muito grande, mesmo sem pesos extras, uma estratégia para diminuí-la é fazer uma flexão de cotovelo ao
realizar o exercício. Quanto mais longe do corpo está o peso, maior será a força necessária para levantá-
lo. Flexionar o cotovelo permite regular a distância da mão ao corpo durante a elevação lateral do membro
superior, e, portanto, regular a força necessária para realizar o movimento. Quanto mais flexionado estiver
o cotovelo, mais próxima do corpo estará a mão, e menor será a carga do exercício. Um outro ponto
importante deste exercício é que ele pode ocasionar dores nos ombros. Ao invés de cessar a atividade,
uma alternativa é não elevar os braços tão lateralmente.

Quanto mais à frente do corpo forem elevados os braços, menor será a sobrecarga nos ombros, e menor
será a carga do exercício. Mas essa adaptação deve ser feita com no máximo com um ângulo de 45º de
diferença (à partir desse ângulo o exercício estará mais próximo de uma flexão de ombro, que será
descrita mais adiante), e apenas se houver dor durante sua execução.

Resumo:
1. Sente em uma cadeira;

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2. Mantenha os pés em total contato com o chão e afastados na largura dos ombros;
3. Os braços devem estar extendidos ao lado do corpo;
4. Eleve os braços lateralmente até a altura dos ombros;
5. Mantenha a posição um pouco;
6. Lentamente retorne à posição inicial.

 Extensão de Cotovelo

Este exercício tem por objetivo fortalecer o músculo posterior do braço (tríceps). O executante deve estar
sentado em uma cadeira, com os pés totalmente apoiados no chão e afastados um do outro na largura
dos ombros. O braço deve ser elevado com o cotovelo flexionado, até que o cotovelo aponte para o teto
(como na primeira figura). A mão do braço realizando o movimento deve inicialmente estar próxima ao
ombro, com a palma da mão voltada para dentro. O braço deve ser sustentado pela mão do braço oposto,
que deve fornecer um apoio logo abaixo do cotovelo (não apoiar na articulação). O cotovelo deve então
ser extendido durante 3 segundos, até que fique completamente extendido, de maneira que a mão aponte
para o teto. Apenas a articulação do cotovelo deve se movimentar. A posição deve ser mantida por 1
segundo, e então o cotovelo deve ser flexionado (durante 3 segundos), voltando assim à posição inicial
(finalizando assim uma repetição). O apoio dado pela mão do braço oposto deve ser mantido durante toda
a execução do exercício. Uma maneira de aumentar a carga deste exercício é segurando pesos extras na
mão do braço executando o movimento.

Resumo:
1. Sente em uma cadeira;
2. Mantenha os pés totalmente apoiados no cão, separados na largura do ombro;
3. Levante um braço com o cotovelo flexionado, até este ficar apontando para o teto (e a mão deve
estar próxima ao ombro);
4. Apoie a mão do braço oposto logo abaixo do cotovelo para dar suporte para o exercício;
5. Extenda o cotovelo lentamente;
6. Mantenha a posição um pouco;
7. Flexione o cotovelo lentamente, voltando à posição inicial;
8. Repita o exercício com o outro braço após terminar as séries;

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 Flexão de Cotovelo

Este exercício tem por objetivo fortalecer a musculatura anterior do braço (bíceps) e os músculos do
antebraço. O executante deve estar sentado em uma cadeira sem braços, com as costas apoiadas no
encosto da cadeira. Os pés devem estar totalmente apoiados no chão e afastados um do outro na largura
dos ombros. O braço deve estar extendido para baixo, ao lado do corpo, com a palma da mão voltada
para a frente. O cotovelo deve então ser flexionado, mantendo a posição da mão em relação ao braço ( a
articulação do ombro não se mexe, apenas a do cotovelo). Esse movimento deve levar 3 segundos para
ser efetuado, e o executante deve tomar cuidado para que seu corpo não se movimente lateralmente
durante a flexão de cotovelo. Atingido a flexão máxima, a posição deve ser mantida por 1 segundo, e o
cotovelo deve então ser extendido, voltando à posição inicial, em mais 3 segundos (finalizando assim uma
repetição). Para aumentar a carga deste exercício, basta segurar um peso extra na mão do braço
realizando a flexão.

Resumo:
1. Sente em uma cadeira sem braços, apoiando as costas em seu encosto;
2. Mantenha os pés em total contato com o chão e afastados na largura dos ombros;
3. Deixe o braço extendido para baixo, ao lado do corpo, com a palma da mão para a frente;
4. Lentamente flexione o cotovelo, trazendo a mão para perto do peito;
5. Mantenha a posição um pouco;
6. Lentamente extenda o cotovelo, voltando à posição inicial;
7. Repita o exercício com o outro braço após finalizar as séries.

 Flexão de Ombro

Este exercício serve para fortalecer a musculatura dos ombros. O executante deve estar sentado em uma
cadeira sem braços, com as costas retas apoiadas no encosto da cadeira. Os pés devem estar totalmente

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apoiados no chão e afastados um do outro na largura dos ombros. Os braços devem, inicialmente, estar
estendidos ao lado do corpo, com as palmas da mão voltadas para dentro. Os braços devem então ser
levantados para a frente durante 3 segundos, mantendo-os estendidos e girando os punhos para que as
mão fiquem voltadas para cima. Quando os braços ficarem paralelos com o chão, a posição deve ser
mantida por 1 segundo. O executante deve então descer os braços até a posição inicial, girando
novamente os punhos para que as palmas das mãos fiquem voltadas para dentro, o que deve levar mais 3
segundos. Para aumentar a carga deste, basta segurar pesos extras com as mãos.
Resumo:

1. Sente em uma cadeira;


2. Mantenha os pés totalmente apoiados no cão, separados na largura do ombro;
3. Posicione os braços entendidos ao lado do corpo, com as palmas das mãos voltadas para dentro;
4. Eleve ambos os braços à sua frente até a altura dos ombros, girando as palmas das mãos para
cima;
5. Mantenha a posição um pouco;
6. Lentamente desça os braços até a posição inicial, girando as palmas das mãos para dentro
novamente;

 Empurrar a Cadeira

Este exercício serve para fortalecer os músculos da parte de trás dos braços (tríceps), das costas, do
antebraço e do peito. O executante deve estar sentado em uma cadeira com braços, com o corpo
pendendo levemente à frente, com as costas retas (mas sem encostá-las no encosto da cadeira). O
executante deve então segurar nos braços da cadeira, alinhando suas mãos e o tronco, ou posicionando-
as levemente à frente do tronco. Os pés devem estar posicionados embaixo da cadeira, com os
calcanhares levantados, de modo que o peso dos pés esteja distribuído somente sobre os artelhos (dedos
do pé) e sobre o a parte anterior do pé. Lentamente, o executante deve levantar seu corpo usando os
braços, o mais alto que conseguir, tentando manter a posição em que o corpo se encontrava sentado (com
flexão de quadril e de joelho). Mesmo que o executante não consiga se levantar, o esforço necessário
para tentar é suficiente para fortalecer progressivamente os músculos em questão. O ideal é que os
membros inferiores não sejam utilizados para ajudar o movimento de subida, ou ainda que sejam
utilizados minimamente. A carga deste exercício pode ser aumentada colocando pesos extras sobre as
coxas.

Resumo:

1. Sente em uma cadeira com braços;


2. Incline o corpo ligeiramente à frente, mantendo as costas retas;
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3. Segure nos braços da cadeira;
4. Posicione os pés abaixo da cadeira, com o peso sobre os artelhos;
5. Lentamente levante o corpo utilizando apenas os braços (expirando);
6. Lentamente desça os braços até a posição inicial (inspirando).

Referências
 BEST-MARTINI, E., BOTENHAGEN-DIGENOVA, K.A. Exercise for Frail Elders. Human Kinetics,
United States of America. 2003.
 Exercise for Older Adults: ACE’s (American Council on Exercise) Guide for fitness professionals.
Human Kinetics, United States of America. 1998.
 Exercise: A Guide from the National Institute of Aging. Publication Number NIH 99-4258.
 ROSE, D.J. Fall Proof: A Comprehensive Balance and Mobility Training Program. Human Kinetics,
United States of America. 2003.

15.4. Fundamentos de treinamento (resistência)


A capacidade aeróbia consiste, basicamente, na capacidade de absorver, transportar e utilizar o oxigênio
do ar para realizar as reações bioquímicas necessárias para gerar a energia que será utilizada durante a
atividade física. Essa capacidade corresponde a uma via metabólica específica, e esses mecanismos se
tornam mais eficientes quando se pratica atividades de baixa intensidade e longa duração. Uma maneira
de quantificar essa capacidade é medindo o VO2max, que corresponde ao consumo máximo de oxigênio
durante atividades físicas, ou seja, o quanto do oxigênio a pessoa é capaz de retirar do ar e aproveitar
para gerar energia. Assim como qualquer atividade física, o treinamento de resistência aeróbia deve seguir
algumas regras, tanto para que o treinamento alcance os objetivos buscados, quanto para preservar a
integridade física de quem o está praticando.

A resistência aeróbia é uma capacidade que deve ser desenvolvida gradualmente. Para se iniciar um
treinamento, um tempo mínimo diário por sessão de treinamento é de 5 minutos. Apesar de este tempo
não ser suficiente para trazer os ganhos de um treinamento de resistência aeróbia, começar o treinamento
com um baixo nível de esforço e ir aumentando-o gradualmente é especialmente importante para aqueles
que estão inativos há muito tempo. A idéia é que com o devido tempo, essa leve atividade se torne uma
atividade de dificuldade de moderada a vigorosa, apesar de ainda continuar com um curto tempo de
duração (5 minutos).

Quando for possível realizar atividades com intensidade de moderada a vigorosa por 5 minutos, é hora de
aumentar esse tempo por sessão de treinamento para pelo menos 10 minutos, já que realizar atividades
por tempos menores que esses não trará os benefícios cardiovasculares e respiratórios desse tipo de
treinamento. O objetivo nesta progressão é que o executante chegue a pelo menos 30 minutos de
atividade em cada sessão de treinamento. Uma progressão possível seria aumentar em 5 minutos o
tempo de atividade a cada mês, até atingir 30 minutos (ou mais). Dividir esses 30 minutos em três fases
de 10 minutos de duração também traz benefícios cardiovasculares e respiratório, sendo uma estratégia
interessante para indivíduos com pouca tolerância a atividades com longa duração. Quanto mais leve a
atividade, maior deve ser sua duração, e quanto maior sua intensidade, menor pode ser sua duração. Uma
faixa de tempo válida para que os benefícios desse tipo de treinamento sejam alcançados é de 20 a 60
minutos por sessão.

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Inicialmente, o treinamento aeróbio deve ser feito pelo menos 3 vezes por semana, em dias não
consecutivos (se possível). Ao longo dos meses de treinamento, conforme o indivíduo vai ganhando
condicionamento, o número de dias de atividade aeróbia por semana deve aumentar progressivamente,
até 5 dias por semana. Mas é importante manter em mente que o mínimo necessário para trazer os
benefícios desse tipo de treinamento é realizar 3 sessões por semana.

A intensidade dos exercícios, para que o maior benefício seja alcançado, deve estar em, uma faixa de
50% a 70% do VO2max. Uma outra maneira de ajustar facilmente essa intensidade é através do controle
a freqüência cardíaca. Inicialmente, o indivíduo deve medir sua freqüência cardíaca de repouso (FC rep),
que corresponde ao número de vezes que o coração bate por minuto após 10 minutos de inatividade (de
preferência, a pessoa deve ficar deitada relaxando durante esse período de tempo). É necessário
conhecer também a freqüência cardíaca máxima (FC max), que pode ser quantificada em testes
ergométricos, ou ainda estimada subtraindo a idade do indivíduo de 220. É importante medir esse valor
através do teste ergométrico, pois através dele é possível detectar problemas cardíacos, além de
identificar em qual freqüência cardíaca eles começam a aparecer. Isso torna possível considerar como
freqüência cardíaca máxima a freqüência na qual aparecem sintomas de problemas cardíacos, permitindo
uma maior segurança no treinamento (que estará sempre abaixo dessa freqüência). A faixa de
treinamento deve então ser calculada da seguinte maneira:
 Freqüência mínima de treinamento: (FC max – FC rep) x 0.5 + FC rep
 Freqüência máxima de treinamento: (FC max – FC rep) x 0.7 + FC rep

Dessa maneira, fica assegurando que o indivíduo estará treinando em uma faixa entre 50% e 70% da sua
freqüência cardíaca de reserva (FC max – FC rep), sendo essa faixa a zona ideal para o treinamento da
capacidade aeróbia.
Seguem agora algumas regras de segurança básicas para o treinamento de resistência aeróbia:
 As atividades aeróbias não devem fazer o executante respirar tão rapidamente de maneira que
seja muito difícil falar durante sua execução. Sua intensidade também não pode causar vertigem e
dor no peito (para respirar);
 O executante deve realizar uma atividade leve antes de iniciar a sessão de treinamento para
aquecer e outra para voltar à calma no final da atividade. Um bom exemplo é andar
vagarosamente;
 Exercícios de alongamento devem ser feitos após as atividades, enquanto os músculos ainda
estão quentes;
 Com o aumento da idade, o mecanismo que gera a sede passa a funcionar mais lentamente. Isso
pode fazer com que, apesar de um indivíduo precisar de água, ele não sinta sede. O executante
deve ter uma preocupação em beber líquidos durante atividades que causem transpiração. Se o
indivíduo chegar a sentir sede, significa que seu corpo já está levemente desidratado. Mas é
importante atentar que algumas pessoas possuem limitações de ingestão de líquidos (como em
patologias envolvendo o coração e o fígado), e esse controle de ingestão durante a atividade
física deve ser feito juntamente com seu médico.
 Idosos são mais afetados pelo frio e pelo calor que adultos (devido a um sistema termo-regulador
menos eficiente), o que pode trazer riscos à saúde. É interessante que um idosos, ao se exercitar,
vistas as roupas em “camadas”, de maneira que fique protegido contra o frio, mas se vir a sentir
calor seja possível remover algumas peças para regular a temperatura.
 Antes de aumentar a dificuldade da atividade executada é mais aconselhável aumentar a duração
da atividade.

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Referências
 BEST-MARTINI, E., BOTENHAGEN-DIGENOVA, K.A. Exercise for Frail Elders. Human Kinetics,
United States of America. 2003.
 Exercise for Older Adults: ACE’s (American Council on Exercise) Guide for fitness professionals.
Human Kinetics, United States of America. 1998.
 Exercise: A Guide from the National Institute of Aging. Publication Number NIH 99-4258.
 ROSE, D.J. Fall Proof: A Comprehensive Balance and Mobility Training Program. Human Kinetics,
United States of America. 2003.

 COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA – Posicionamento Oficial Exercício e


Atividade Física para pessoas idosas.

15.5. Exercícios para treinar a resistência aeróbia


Seguem alguns exemplos de atividades e exercícios de treinamento da resistência aeróbia:
Dificuldade moderada:
 Nadar
 Pedalar

 Andar rapidamente em superfície plana


 Fazer faxina
 Jogar golf a pé
 Jogar tennis em duplas
 Jogar voleibol
 Remar
 Dançar.

Dificuldade vigorosa:
 Subir escadas
 Andar rapidamente em superfícies íngremes (subidas)

 Subir superfícies íngremes de bicicleta


 Jogar tennis
 Nadar rapidamente
 Marcha atlética
 Correr lentamente.

15.6. Fundamentos de treinamento (flexibilidade)


Exercícios de alongamento muscular têm por objetivo aumentar a flexibilidade, trazendo assim uma maior
liberdade de movimentos para executar as tarefas do cotidiano e outras tarefas mais específicas. Assim
como qualquer tipo de atividade física, ao treinar a flexibilidade o executante deve atentar para algumas
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regras, assegurando assim uma maior eficiência do treinamento e uma maior segurança na execução dos
exercícios.

Os exercícios de alongamento devem ser executados após o término das sessões de treinamento aeróbio
ou de treinamento de força para resultarem em ganhos na flexibilidade. No caso de não ser possível
realizar esses dois tipos de treinamento, o treinamento de flexibilidade deve ser executado pelo menos
duas vezes por semana, podendo chegar a até sete vezes por semana, e as sessões devem durar ao
menos 20 minutos cada. Para um iniciante é interessante treinar poucas vezes por semana para ganhar
alguma intimidade com os exercícios e para perceber seus limites. Um treinamento visando um grande
aumento de flexibilidade deve consistir em sessões diárias de treinamento, ou ainda um número grande de
sessões por semana (de 5 a 7). Treinar de duas a três vezes por semana é uma boa maneira de manter a
flexibilidade alcançada. É importante ressaltar que exercícios de alongamento não servem para
implementar a força ou a resistência aeróbia.

Cada exercício de alongamento deve ser feito de 3 a 5 vezes em cada sessão de treinamento. O
executante deve chegar à posição desejada lentamente, alcançando a maior amplitude possível sem que
haja dor. A posição deve então ser mantida de 10 a 30 segundos, e então o executante deve relaxar e
voltar lentamente para uma posição mais confortável (posição inicial), terminando assim uma repetição.

Segurança
 Se o executante já sofreu alguma lesão, fratura ou cirurgia nos ossos do quadril (principalmente
na articulação coxo-femoral, que corresponde à junção do quadril com o fêmur), é importante
consultar um médico antes de executar os exercícios para treinar a flexibilidade dos membros
inferiores;
 Se o executante sofreu fratura da cabeça do fêmur, ele não deve cruzar as pernas em ângulos
superiores a 90 graus;
 Se a sessão de treinamento for realizada separada de outros tipos de treinamento, é importante
realizar um leve aquecimento antes de iniciá-la. Isso pode ser feito com alguns minutos de
caminhada e movimentação dos membros superiores. Alongar os músculos sem aquecimento
prévio pode resultar em alguma lesão;
 Alongar os músculos não deve resultar em dor, principalmente nas articulações. Se isso ocorrer,
provavelmente a amplitude do alongamento está muito grande, e deve ser reduzida;
 Uma leve sensação de desconforto é normal durante o alongamento (mas não de dor);
 O alongamento nunca deve ser feito rapidamente ou com "trancos" (alongamento balístico), pois
esticar o músculo rapidamente faz com que um mecanismo reflexo seja disparado, e o músculo
então se contrai involuntariamente. Além de isso prejudicar a amplitude que poderia ser alcançada
com o músculo relaxado, ainda há algum risco de lesão se o alongamento for executado desta
maneira;
 Durante o alongamento, o membro alongado deve estar esticado, mas manter uma pequena folga
na articulação é aconselhável para diminuir um pouco a carga sobre os tendões e ligamentos (as
articulações não devem ser hiper-estendidas).
 O executante deve respirar profunda e lentamente durante a execução dos exercícios. Se o
executante sentir alguma tontura, mesmo que leve, ele deve voltar a respirar naturalmente.

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 Realizar os exercícios seguindo as recomendações acima descritas resultará em um aumento da
flexibilidade, e a maneira de progredir no treinamento é sempre tentar alcançar a maior amplitude
articular sem que ocorra dor;

Os exercícios de flexibilidade também podem ser utilizados no aquecimento, antes das sessões de
treinamento, com a função de preparar o corpo para o exercício. Nesse caso os exercícios devem ser
feitos após o corpo já estar aquecido, pois alongar músculos "frios" pode resultar em lesões musculares a
articulares.

Os exercícios devem ser realizados com apenas uma repetição, e devem durar poucos segundos. Além
disso, devem ser escolhidos de acordo com a atividade a ser realizada, pois como o intuito é apenas de
preparar o músculo para o exercício, somente devem ser alongados os membros a serem utilizados
durante a atividade. Uma outra alternativa é incorporar exercícios dinâmicos multiarticulares durante o
aquecimento, pois apesar de não buscar uma amplitude grande de movimento, aquece e alonga
levemente um grande número de músculos.
Referências
 BEST-MARTINI, E., BOTENHAGEN-DIGENOVA, K.A. Exercise for Frail Elders. Human Kinetics,
United States of America. 2003.
 Exercise for Older Adults: ACE’s (American Council on Exercise) Guide for fitness professionals.
Human Kinetics, United States of America. 1998.
 Exercise: A Guide from the National Institute of Aging. Publication Number NIH 99-4258.
 ROSE, D.J. Fall Proof: A Comprehensive Balance and Mobility Training Program. Human Kinetics,
United States of America. 2003.

 COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA – Posicionamento Oficial Exercício e


Atividade Física para pessoas idosas.

15.7. Exercícios para treinar a flexibilidade


 Isquiotibiais

Este exercício tem por objetivo alongar a musculatura posterior da coxa, sendo que o conjunto dos
músculos dessa região também é denominado de isquiotibiais. O executante deve sentar-se em um banco
ou outra superfície rígida que lhe permita apoiar toda a perna (como duas cadeiras colocadas lado a lado).
Uma das pernas deve então descansar sobre o banco, com a ponta do pé apontando para cima (as costas
devem ser mantidas retas). A outra perna deve estar ao lado do banco, com o pé totalmente apoiado no
solo. O joelho da perna apoiada no banco deve ser totalmente estendido. Se neste ponto o executante já
sentir o alongamento, essa é a posição que deve ser mantida pelo tempo determinado para esse tipo de
treinamento. Se o executante não sentir o leve desconforto nessa posição, deve levar o tronco à frente,
como se fosse deitá-lo sobre a perna estendida, mantendo sempre as costas retas (a única articulação

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que se movimenta é o quadril). No caso de o executante ter sofrido uma fratura na cabeça do fêmur, não é
seguro levar o corpo à frente neste exercício (a não ser que haja aprovação do médico ou fisioterapeuta
responsável). Após manter a posição de 10 a 30 segundos, o executante deve retornar lentamente à
posição inicial, terminando uma repetição.

Resumo:
1. Sente de lado em um banco;
2. Mantenha uma perna esticada sobre o banco;
3. A outra perna deve estar ao lado do banco, com o pé apoiado totalmente no chão;
4. Mantenha as costas retas;
5. Leve o tronco à frente, flexionando o quadril, até sentir o alongamento (não faça esse movimento
se tiver sofrido fraturas ou cirurgias no quadril);
6. Mantenha a posição;
7. Repita com a outra perna.

 Isquitibiais (alternativa)

Uma alternativa ao exercício anterior é se posicionar em pé atrás de uma cadeira com os joelhos em
extensão. O executante deve segurar o encosto da cadeira com as duas mãos e flexionar o quadril
levando o tronco para frente, mantendo as costas retas durante toda a execução do exercício. Quando o
corpo estiver paralelo com o solo, a posição deve ser mantida. Após 10-30 s, o executante deve retornar
lentamente usando como apoio o encosto da cadeira para subir.

Resumo:
1. Fique em pé atrás de uma cadeira, segurando seu encosto com as duas mãos;
2. Flexione o quadril levando o tronco à frente;
3. As costas devem estar retas durante todo o tempo;
4. Quando o tronco estiver paralelo com o solo, mantenha a posição.

 Tríceps Sural (Panturrilha)

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Este exercício alonga a musculatura posterior da perna. O executante deve estar em pé, apoiando as duas
mãos em uma parede, com os cotovelos estendidos. Mantenha o joelho de uma das pernas levemente
flexionado e leve o pé da outra perna atrás (aproximadamente meio metro), mantendo os pés totalmente
em contato com o solo (o pé da perna levada atrás deve estar levemente virado para dentro). O
executante então deverá sentir o alongamento da musculatura da panturrilha. Se isso não ocorrer, a perna
posicionada atrás deve ser ainda mais distanciada da outra, fazendo com que os músculos se alonguem
ainda mais. A posição alcançada deve então ser mantida por 10 a 30 segundos. Então o executante deve
flexionar levemente o joelho da perna que está atrás (como na segunda figura), e manter novamente a
postura alcançada pelo mesmo tempo.

Resumo:
1. Fique em pé com ambas as mãos apoiadas em uma parede e com os cotovelos estendidos;
2. Dê um passo de aproximadamente 50 cm para trás com uma das pernas, e mantenha ambos os
pés totalmente apoiados no chão;
3. Mantenha a posição;
4. Flexione levemente o joelho da perna que está atrás;
5. Mantenha a posição;
6. Repita com a outra perna.

 Tornozelo

Este exercício tem como objetivo alongar a musculatura envolvida na articulação do tornozelo. Deve ser
realizado com os pés descalços, já que o calçado limita a movimentação do pé. O executante deve estar
sentado na parte anterior do assento de uma cadeira, inclinando o corpo para trás até apoiar o tronco no
encosto da cadeira (um travesseiro deve ser utilizado para fornecer apoio lombar, como exemplificado na
figura). As pernas devem então ser estendidas “escorregando” os pés para frente ao longo do chão.

Mantendo os calcanhares em contato com o chão, o executante deve apontar os artelhos (dedos do pé)
para frente até sentir o alongamento na parte anterior do tornozelo. Se nessa posição o executante ainda
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não sentir o alongamento, ele deve levantar um pouco os pés do chão, permitindo uma maior variação do
ângulo do tornozelo. Após manter essa posição, o executante deve agora mover os pés em sua própria
direção, sentindo assim o alongamento na região posterior do tornozelo.

Resumo:
1. Sente-se em uma cadeira;
2. Estenda as pernas à sua frente, mantendo os calcanhares no chão;
3. Flexione os pés, apontando os artelhos para frente;
4. Mantenha a posição;
5. Flexione os pés, apontando os artelhos para trás;
6. Mantenha a posição.
7. Se o alongamento não for sentido, faça com os pés um pouco levantados, sem encostá-los no
chão.

 Tríceps Braquial

Este exercício alonga o músculo da região posterior do braço. O executante deve segurar a ponta de uma
toalha com uma das mãos. Deve então levantar o braço que está segurando a toalha, e flexionar o
cotovelo de maneira a deixar a toalha cair ao longo das costas. Com a outra mão, deve alcançar, por trás
das costas, a ponta da toalha que está sendo segurada pela outra mão.

Gradualmente, o executante deve, com a mão posicionada atrás das costas (mais embaixo), tentar
alcançar pontos mais altos da toalha, encurtando assim a diferença entre as duas mãos (simultaneamente
a mão que estiver em cima vai descer). Quando o alongamento for sentido, a posição deve ser mantida (o
limite é o ponto onde as duas mãos se tocam). Após terminar a série, a posição deve ser invertida.

Resumo:
1. Segure a toalha com uma das mãos;
2. Levante o braço e flexione o cotovelo, fazendo a toalha ficar atrás das costas;
3. Com a outra mão, segure a ponta da toalha que está livre;
4. Suba a mão de baixo progressivamente, tentando alcançar o ponto mais alto possível;
5. Inverta a posição.

 Pulso

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O executante deve empurrar as palmas das mãos um contra a outra,mantendo os cotovelos apontando
para baixo. Deve então elevar os cotovelos tentando deixá-los paralelos ao solo (ou o mais próximo disso
que sua flexibilidade permitir), mantendo as palmas das mão em total contato uma com a outra. A posição
deve ser mantida de 10 a 30 segundos, e então os cotovelos devem ser novamente baixados, terminando
assim uma repetição.

Resumo:
1. Junte as mãos, tocando uma palma na outra (posição de rezar);
2. Lentamente eleve os cotovelos até ficarem paralelos ao solo, e mantenha as mãos unidas;
3. Mantenha a posição.

 Quadríceps

Este exercício tem como objetivo alongar os músculos da parte anterior da coxa, sendo que o conjunto
destes músculos é chamado de quadríceps femoral. O executante deve deitar-se de lado no chão
(podendo utilizar um colchonete para aumentar o conforto), alinhando os quadris, de maneira que um dos
lados esteja posicionado exatamente acima do outro. A cabeça deve ser colocada em cima de um
travesseiro, ou pode-se usar a mão como apoio. O joelho da perna posicionada acima deve ser flexionado.

O executante deve então alcançar o pé da perna flexionada com a mão, segurando no calcanhar. Se o
executante não consegue alcançar o próprio calcanhar com a mão nesta posição, a alternativa é colocar
um cinto (ou faixa de pano) em volta do pé, podendo assim segurá-lo a uma maior distância. O executante
deve então puxar o pé lentamente, até que o alongamento seja sentido na parte anterior da coxa,
mantendo então a posição. Se houver cãibras na parte posterior da coxa durante o exercício, este deve
ser parado e a região afetada alongada (podendo ser utilizados os exercícios para alongar os músculos
isquiotibiais descritos acima), para mais tarde retomar o alongamento de quadríceps.
Resumo:
1. Dente-se de lado no chão;
2. Descanse a cabeça em um travesseiro ou na mão;
3. Flexione o joelho da perna de cima;
4. Segure no calcanhar da perna flexionada;

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5. Lentamente puxe a perna flexionada até alongar os músculos da parte anterior da coxa;
6. Mantenha a posição;
7. Inverta a posição e repita com a outra perna.

 Rotação Dupla de Quadril

Este exercício deve ser evitado se o executante tiver sofrido uma fratura ou cirurgia no quadril, a não ser
que o médico responsável concorde com sua execução. Seu objetivo é alongar os músculos externos
(laterais) do quadril e das coxas. O executante deve deitar-se de costas no chão (decúbito dorsal),
podendo utilizar um colchonete para aumentar o conforto. Os joelhos devem estar flexionados, e os pés
devem ter suas plantas em total contato com o solo.

Um travesseiro deve ser usado para apoiar a cabeça, aumentando ainda mais o conforto para executar o
exercício. O executante deve então manter os dois ombros em contato com o solo, os joelhos flexionados
e unidos um ao outro, e descer lentamente os dois joelhos para um dos lados na maior amplitude possível
sem forçá-los. A posição alcançada deve ser mantida por 10 a 30 segundos, e então os joelhos, ainda
unidos, devem ser trazidos à posição inicial, e o mesmo exercício deve ser feito para o outro lado.

Resumo:
1. Não faça esse exercício se tiver sofrido fraturas ou cirurgias no quadril;
2. Dente-se de costas no chão com os joelhos flexionados;
3. Mantenha os ombros em contato com o solo todo o tempo;
4. Mantendo os joelhos unidos, baixe lateralmente as pernas para um dos lados;
5. Mantenha a posição;
6. Volte as pernas para cima;
7. Repita com o outro lado.

 Rotação simples de quadril

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Este exercício tem por objetivo alongar os músculos da pelve e da região interna (medial) das coxas. O
executante deve deitar-se de costas (decúbito dorsal), com os joelhos flexionados, podendo utilizar um
colchonete para aumentar o conforto. Deve então descer um dos joelhos lentamente para o lado,
mantendo a outra perna e a pelve imóveis. A posição alcançada deve ser mantida de 10 a 30 segundos, e
então o executante deve trazer seu joelho de volta à posição inicial. Os ombros devem ser mantidos em
contato com o chão durante toda a execução do exercício.

Resumo:
1. Deite-se de costas no chão;
2. Flexione os joelhos;
3. Desça um dos joelhos lentamente para o lado;
4. Mantenha a posição;
5. Traga o joelho de volta à posição inicial;
6. Mantenha os ombros em contato com o chão durante todo o exercício;
7. Repita com a outra perna.

 Rotação de Ombro

Este exercício alonga a musculatura envolvida na articulação do ombro. O executante deve deitar-se de
costas (decúbito dorsal) no solo e colocar um travesseiro para apoiar a cabeça. Também é importante
colocar uma almofada embaixo dos joelhos, mantendo-os levemente flexionados (o que serve para
diminuir a tensão na coluna vertebral enquanto o indivíduo está deitado). O executante deve então esticar
os braços para os lados, mantendo-os alinhados na altura dos ombros. Os cotovelos devem então ser
flexionados, de maneira que as pontas dos dedos devem apontar o teto (os antebraços perdem o contato
com o solo, mas os braços devem continuar em contato com ele durante toda a execução do exercício), e
os antebraços devem estar paralelos.

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O executante deve então fazer uma rotação de ombro, lentamente deitando seus antebraços para trás, ao
lado da cabeça (mantendo-os paralelos), até sentir alongar o ombro. Se houver qualquer sensação de dor
aguda ou de pinçamento no ombro durante a execução deste exercício, ele deve ser parado
imediatamente. A posição alcançada deve ser mantida de 10 a 30 segundos, e então o executante deve
lentamente levantar os antebraços até a posição inicial e fazer uma rotação de ombro para a frente,
tentando levar os antebraços até os lados do corpo (mantendo-os paralelos). Quando o alongamento for
sentido, a posição deve ser mantida pelo mesmo tempo. Após o tempo de alongamento, os antebraços
devem ser levados até a posição inicial para que o exercício se repita.

Resumo:
1. Deite-se de costas no chão com uma almofada embaixo dos joelhos;
2. Estenda os braços para os lados;
3. Flexione os cotovelos até formarem um ângulo reto, com as mãos apontando para o teto;
4. Gire os ombros, tentando posicionar os antebraços ao lado da cabeça;
5. Mantenha a posição;
6. Gire no outro sentido, tentando posicionar os antebraços ao lado do corpo;
7. Mantenha a posição;
8. Mantenha os ombros em contato com o solo durante todo o exercício.

 Rotação de Pescoço

Este exercício alonga a musculatura do pescoço. O executante deve deitar-se no chão, apoiando a cabeça
em um livro grosso (um colchonete pode ser usado para aumentar o conforto). O exercício consiste em
virar a cabeça de um lado para o outro, mantendo a posição de 10 a 20 segundos em cada lado
(extremidade do movimento). A cabeça não deve estar pendendo para frente ou para trás durante a
execução do exercício, o que torna necessário encontrar um livro com uma espessura ideal para manter a
cabeça alinhada com o tronco. Para aumentar o conforto, ainda é aconselhável manter os joelhos
flexionados, o que diminui a tensão na região lombar da coluna vertebral.

Resumo:
1. Dente-se de costas no chão (decúbito dorsal);
2. Apóie a cabeça em um livro grosso (por exemplo, uma lista telefônica);

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3. Vire a cabeça de um lado para o outro, mantendo a posição em cada lado.

16. PREVENÇÃO E MANEJO DE QUEDAS NO IDOSO


Por Mônica Rodrigues Perracini

Introdução

            Queda é um evento freqüente e limitante, sendo considerado um marcador de fragilidade, morte,
institucionalização e de declínio na saúde de idosos (8,18,39).

O risco de cair aumenta significativamente com o avançar da idade, o que coloca esta síndrome geriátrica
como um dos grandes problemas de saúde pública devido ao aumento expressivo do número de idosos
na população e à sua maior longevidade, competindo por recursos já escassos e aumentando a demanda
por cuidados de longa duração.

            Diversos fatores de risco e múltiplas causas interagem como agentes determinantes e
predisponentes, tanto para quedas acidentais quanto para quedas recorrentes, impondo aos profissionais
de saúde, especialmente ao médico o grande desafio de identificar os possíveis fatores de risco
modificáveis e tratar os fatores etiológicos e comorbidades presentes (35,45,51).

            As intervenções mais eficazes baseiam-se na identificação precoce dos idosos com maior chance
de sofrerem quedas e particularmente, aqueles que além do risco de queda apresentem também um risco
aumentado de sofrem lesões graves decorrentes da mesma (13,23,50).

            Geralmente, idosos tendem a sub-relatar quedas. Além disso, creditam à idade seus problemas de
equilíbrio e marcha, fazendo com que com que estas dificuldades de mobilidade não sejam detectadas,
até que uma queda com uma conseqüência grave ocorra.   

Evitar o evento de queda é considerado hoje uma conduta de boa prática geriátrico-gerontológica, tanto
em hospitais quanto em instituições de longa permanência, sendo considerado um dos indicadores de
qualidade de serviços para idosos. Além disso, constitui-se em política pública indispensável, não só
porque afeta de maneira desastrosa a vida dos idosos e de suas famílias, como também drena montantes
expressivos de recursos econômicos no tratamento de suas conseqüências, como a fratura de quadril
(19,42,45).

Cenário do problema

Cerca de 30% a 60% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e cerca da metade cai de forma
recorrente, variando de acordo com a precisão do monitoramento realizado pelo estudo (39,44).

No Brasil cerca de 29% dos idosos caem ao menos uma vez ao e 13% caem de forma recorrente, sendo
que somente 52% dos idosos não relataram nenhum evento de queda durante um seguimento de dois
anos (39).

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A incidência de quedas em idosos residentes na comunidade varia de 0,2 a 1,6 quedas/por pessoa/por
ano, com uma média de aproximadamente 0,7 quedas por ano. Em idosos hospitalizados a média é de 1,4
quedas/por leito/por ano, variando de 0,5 a 2,7 quedas e em idosos institucionalizados a prevalência é
consideravelmente maior chegando até 75%, com uma incidência de 0,2 a 3,6 quedas/por leito/por ano
devido a maior vulnerabilidade desta população e a maior acurácia nas notificações dos eventos   (44).

Os acidentes são a quinta causa de morte entre os idosos e as quedas são responsáveis por dois terços
destas mortes acidentais. Aproximadamente 75% das mortes decorrentes de quedas nos Estados Unidos
ocorrem em 14% da população acima de 65 anos de idade, e o índice de mortalidade aumenta
dramaticamente após os 70 anos, principalmente em homens.  (8,44,45).

A maior suscetibilidade dos idosos a sofrerem lesões decorrentes de uma queda se deve a alta
prevalência de comorbidades presentes nesta população, associado ao declínio funcional decorrente do
processo de envelhecimento, como o aumento do tempo reação e diminuição da eficácia das estratégias
motoras do equilíbrio corporal, fazendo de uma queda leve um evento potencialmente perigoso.   

Dos que caem a cada ano, entre 5% a 10% dos idosos residentes na comunidade tem como
conseqüência lesões severas como fratura, traumatismo craniano e lacerações sérias, que reduzem sua
mobilidade e independência, aumentando as chances de morte prematura. Cerca de metade dos idosos
hospitalizados por fratura de quadril não recuperam a mobilidade prévia ao evento. (1,8).

Cerca de 90% das fraturas de quadril são causadas por quedas e o custo atual estimado do tratamento
das fraturas de quadril é da ordem de 10 bilhões de dólares. Entre 1988 e 1996 a taxa de hospitalização
por fratura de quadril em mulheres acima de 65 anos nos EUA aumentou 23% (7,8).

Além da alta mortalidade, destacam-se ainda como conseqüências relevantes o fato da queda causar
restrição de mobilidade, incapacidade funcional, isolamento social, insegurança e medo, detonando um
mecanismo cumulativo e em efeito dominó de eventos prejudiciais a saúde e qualidade de vida dos
idosos(28,31).

Em um estudo populacional multicêntrico, a razão de chance bruta de idosos com dependência em quatro
ou mais atividades de vida diária ou prática ter experimentado ao menos uma queda no ano anterior foi 1,9
vez a chance quando comparados aos  idosos independentes (43).

Entre as pessoas que caíram e foram atendidas em unidades de emergência, cerca de 40% tiveram dor
contínua ou incapacidade funcional por dois meses e 16% tiveram queixa de dor por cerca de 7 meses
após o evento (19).

Um estudo prospectivo de dois anos aponta que 32% dos idosos que caem referem medo de cair
novamente e são marcadamente mulheres. Os fatores fortemente associados ao medo de cair novamente
são a presença de distúrbios de marcha, um relato de percepção subjetiva de saúde física e mental ruim e
condições econômicas desfavoráveis (53). 

Definição e classificação

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Queda é uma mudança de posição inesperada, não intencional que faz com que o indivíduo permaneça
em um nível inferior, por exemplo, sobre o mobiliário ou no chão. Este evento não é conseqüência de uma
paralisia súbita, ataque epilético ou força externa extrema (25).

Podem ser classificadas a partir da freqüência com que ocorrem e do tipo de conseqüência advinda do
evento. A queda acidental é aquele evento único que dificilmente voltará a se repetir e é decorrente de
uma causa extrínseca ao indivíduo, em geral pela presença de um fator de risco ambiental danoso, como
um piso escorregadio, um degrau sem sinalização ou devido à atitudes de risco como por exemplo,subir
em banquinhos.  Em contrapartida, a queda recorrente, expressa a presença de fatores etiológicos
intrínsecos como doenças crônicas, poli farmácia, distúrbios do equilíbrio corporal, déficits sensoriais,
dentre outros. 

A queda pode ainda ser dividia de acordo com a presença ou não de lesões. As quedas com lesões
graves são consideradas aquelas cuja conseqüência é uma fratura, trauma crânio-encefálico ou luxação.
Abrasões, cortes, escoriações e hematomas são considerados lesões leves. 

Há ainda, a classificação de acordo com o tempo de permanência no chão.  A queda prolongada no chão
é aquela em que o idoso permanece caído por mais de 15 a 20 minutos por incapacidade de levantar-se
sem ajuda. Os idosos que são mais predispostos a sofrerem quedas prolongadas são os idosos com 80
anos ou mais, com dificuldade em atividades de vida diária, que têm disfunções em membros inferiores,
tomam sedativos e moram sozinhos ou permanecem por longos períodos do dia ou noite
desacompanhados. 

Hoje, busca-se não só identificar o perfil dos idosos mais vulneráveis a cair, como também procura-se
distinguir quais terão maior suscetibilidade a sofrerem uma lesão grave decorrente deste evento ou que
têm uma maior propensão a experimentarem quedas recorrentes o que aumenta a probabilidade de perda
de capacidade funcional, seja ela decorrente de um único evento grave ou da perda de confiança e do
senso de auto-eficácia o que com o tempo acaba por provocar uma restrição de atividades e um declínio
na mobilidade, expondo este idoso a um maior risco de tornar-se frágil. 

Fatores de risco e Causas

            Há necessidade de se dividir os fatores determinantes de quedas em idosos em dois grupos:

Fatores de risco ou fatores predisponentes: são aqueles que impõe aos idosos uma maior chance de
experimentarem quedas. O levantamento destes fatores permite a identificação de idosos com maior
suscetibilidade a caírem. A estratificação do risco possibilita a implementação de estratégias de prevenção
definidas para cada grupo - alto, médio e baixo risco.  

Fatores causais: são aqueles agentes etiológicos presentes na determinação da ocorrência de um evento
de queda específico. Constituem-se nas razões que levaram aquele idoso a cair e são potencializados
pela presença de fatores de risco intrínsecos e extrínsecos.

Os fatores de risco são derivados de estudos populacionais tipo caso-controle ou estudos longitudinais.
Embora, existam umas séries de questões metodológicas a serem consideradas na análise destes fatores,
a aplicabilidade clínica é imediata, no que tange ao fato de que há um aumento significativo do risco com o
aumento do número de fatores de risco individuais presentes. Além disso, o levantamento da existência de

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fatores que possam ser modificados por meio de intervenções específicas é essencial tanto na prevenção
de futuros episódios, como também no manejo do processo de reabilitação.

O Quadro 1, abaixo, lista os fatores de risco encontrados em estudos populacionais, com idosos da
comunidade. Os fatores foram classificados de acordo com peso da sua evidência e se estão relacionados
a quedas acidentais, quedas recorrentes ou quedas com lesão
(2,5,6,9,11,18,21,27,29,32,35,,37,39,46,51,52,54)

O peso da evidência foi construído a partir da freqüência com que o fator aparece nos estudos analisados.
Salienta-se que não há uma homogeneidade quanto aos fatores de risco apontados nos estudos. Trata-se
apenas de um guia para que se possa valorizar com maior ou menor intensidade determinados fatores.

            Os fatores de risco considerados de peso alto, ou seja, apontados na maioria dos estudos como
fatores determinantes de quedas foram: idade igual ou maior a 75 anos, sexo feminino, presença de
declínio cognitivo, de inatividade, de fraqueza muscular e de distúrbios do equilíbrio corporal, marcha ou
de mobilidade, história prévia de acidente vascular cerebral, de quedas anteriores e de fraturas,
comprometimento na capacidade de realizar atividades de vida diária e o uso de medicações
psicotrópicas, em especial os benzodiazepínicos, assim como o uso de várias medicações concomitantes.

            Dentre estes estudos, destaca-se o realizado no município de São Paulo que aponta que os idosos
que caíram de forma recorrente tiveram sua chance aumentada em 1,6 vezes (95% IC 1,00-2,52) por
serem viúvos, separados ou desquitados, em 1,5 vezes por não terem o hábito de ler como atividade de
lazer (95%IC 1,03-2,37), em 4,6 vezes por terem história de fratura (95% CI 2,23-9,69) e em 2,37 vezes
por apresentarem  comprometimento em 1 a 3 atividades de vida diária (95% CI 1,49-3,78), em 3,31 vezes
a chance por apresentarem dificuldade em  4 ou mais atividades de vida diária (95%CI 1,58-6,93) e em
1,53 vezes a chance por relatarem ter visão ruim ou péssima (95%CI 1,00-2,34) quando comparados aos
idosos que tinham boa percepção subjetiva de visão. Este modelo explicou 73% dos eventos (39).

            Rubenstein e Josephson analisando 16 estudos de idosos vivendo na comunidade e de idosos
institucionalizados, apontam um aumento do risco com a presença dos seguintes fatores, por ordem de
importância: presença de fraqueza muscular, história de quedas, déficit de marcha e de equilíbrio, uso de
dispositivo de auxílio à marcha, déficit visual, artrite, comprometimento em atividades de vida diária,
depressão, declínio cognitivo e idade igual ou superior a 80 anos (440.  

Em uma revisão sistemática de 11 estudos de coorte ou casos-controle a cerca dos fatores de risco para
quedas em ambiente hospitalar foram levantados como os mais freqüentes: alteração do estado mental,
em especial os estados de confusão e desorientação (9/11), uso de medicações como sedativos,
tranqüilizantes e benzodiazepínicos (4/11), limitações de mobilidade, como distúrbios de marcha, equilíbrio
e fraqueza muscular (4/11), história de quedas (4/11), necessidade especial com toalete ou eliminações
(4/11), idade avançada (4/11), necessidade de dispositivos de auxílio a mobilidade (3/11) e  fraqueza
geral, tontura, depressão e tempo maior de hospitalização (2/11). Os fatores de menor relevância foram
mês da internação, ter tido três ou mais transferências de unidade, sonolência, abuso de drogas, terapia
endovenosa, condições médicas gerais, anemias, condições pós-operatórias, evidência de estado
confusional agudo, dentre outros. Os autores concluem que as intervenções a serem priorizadas nos
idosos hospitalizados são aquelas direcionadas a identificar e tratar as limitações relacionadas ao estado
mental e ás alterações de mobilidade (15).

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As principais causas de quedas estão dispostas no Quadro 2. Há, no entanto, uma grande dificuldade em
estabelecer uma única causa, visto que a etiologia das quedas nos idosos é em geral multifatorial,
particularmente nos idosos frágeis.  Mas, a busca ativa de causas que levaram o idoso a cair é
fundamental para que uma intervenção apropriada seja realizada. 

Quadro 1- Fatores de risco, classificados de acordo com o peso da evidência, além da classificação de
acordo com o tipo de queda.  

Fatores                                 Peso da evidência e tipo de queda

Sócio-demográficos

Sexo feminino                    Alto (acidentais, recorrentes e com lesões sérias)

Idade ≥ 75 anos                  Alto (acidentais, recorrentes e com lesões sérias)

Ausência de Cônjuge          Baixo (recorrentes)      

Raça Branca                          Baixo (com lesões sérias)

Baixa Renda                          Baixo (acidentais)

Morar só                               Baixo (com lesões sérias)

Psico-Cognitivos

Declínio Cognitivo               Alto (acidentais, recorrentes)

Depressão                             Baixo (acidentais)

Medo de Cair                        Baixo (recorrentes)

Condições de saúde/Doenças Crônicas      

AVC prévio                              Alto (acidentais, recorrentes)

Diabetes                                  Baixo (acidentais)                               

Queixa de Tontura                Médio (acidentais e recorrentes)          

Hipotensão Postural              Baixo (recorrentes)

Baixo Índice de massa corpóreo          Médio (acidentais, com lesões sérias)

Anemia                                    Baixo (com lesões sérias)

Insônia                                      Baixo (recorrentes, com lesões sérias)

Incontinência ou urgência miccional Médio (recorrentes, com lesões sérias)

Artrite/osteoartrose                Baixo (acidentais)
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História prévia de quedas           Alto (recorrentes, com lesões sérias)

História prévia de fratura            Alto (recorrentes, com lesões sérias)

Neuropatia                                     Baixo (com lesões sérias)

Funcionalidade

Comprometimento em AVD   Alto (acidentais,recorrentes, com lesões sérias)

Necessidade de dispositivo de auxílio a marcha              Baixo (acidentais)

Inatividade                            Alto (acidentais,recorrentes, com lesões sérias)

Comprometimento sensorial

Comprometimento visual  Moderado (acidentais,recorrentes,com lesões sérias)

Equilíbrio corporal, marcha e mobilidade    Alto (acidentais,recorrentes, com lesões sérias)

Distúrbio neuromuscular

Fraqueza muscular de MMII               Alto (acidentais, recorrentes)

Fraqueza muscular de preensão      Alto (acidentais, recorrentes, com lesões sérias)

Diminuição de reflexos                         Baixo (acidentais)

Dor em joelho ou quadril                      Baixo (acidentais)

Problemas nos pés                                  Baixo (acidentais)

Tempo de reação                                     Baixo (com lesões sérias) 

Uso de medicações

Psicotrópicas :Benzodiazepínicos         Alto (recorrentes, com lesões sérias)

Bloqueadores de canal de cálcio          Baixo (com lesões sérias)        

Analgésicos                                     Baixo (com lesões sérias)                      

Número de medicações               Alto (recorrentes, com lesões sérias)

Condição médica prévia

Hospitalizações                                                Baixo (acidentais)

(se alta: fator presente na maioria dos estudos, se moderada: fator presente em boa parte dos estudos,
mas não na maioria e se baixa: fator presente em um ou dois estudos apenas)     

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Quadro 2 – Causas de quedas em idosos: resumo de 12 estudos levantados por Rubenstein, Josephson,
2002.

Acidentais ou relacionadas ao ambiente             Distúrbios do equilíbrio e marcha

Fraqueza muscular                                         Tontura e vertigem

Artrite                                                                Doenças agudas

Epilepsia                                                             Dor

Medicamentos                                                   Álcool

“drop attack”                                                     Confusão ou Delirium

Hipotensão Postural                                          Distúrbios visuais

Queda da cama

Síncope

Para que este levantamento sobre as causas possa ser realizado de forma sistematizada, faz-se
necessário identificar todo o contexto, como mecanismo da queda, atividade que estava sendo realizada
no momento do evento, hora do dia ou noite, tipo de calçado, local onde ocorreu a queda, e qualquer sinal
ou sintoma pré ou pós-evento que possa ter relevância na determinação do mesmo. Aspectos como se
houve ou não perda da consciência ou escurecimento da visão podem descartar síncopes.

Outros mecanismos envolvidos, como falseamento dos joelhos pode estar relacionado à fraqueza
muscular, osteoartrose de joelhos e ao drop attack; a sensação de tontura relacionada à posição da
cabeça ou a movimentos do corpo pode estar associada à presença de disfunções vestibulares. O roteiro
apresenta as principais perguntas a serem realizadas na investigação do evento de queda. A queda pode
ser o reflexo de uma doença aguda como infecção urinária ou respiratória, arritmia cardíaca, acidente
vascular encefálico, delirium, dentre outras. A mesma pessoa pode cair em diferentes momentos por
várias razões. A queda de causa desconhecida deve ser amplamente investigada até que um fator ou
vários fatores seja apontado como agentes etiológicos ou precipitantes do evento.

Nunca, especialmente, nos idosos que caem recorrentemente devê-se assumir como causa aquela
relacionada a um evento anterior. A busca sistematizada de fatores causais permite o adequado manejo,
previne novos eventos e trata doenças associadas, evitando comorbidades e o escalonamento de
incapacidades (26). 

Roteiro sugerido para investigação do evento de queda:

Quantas vezes o Sr.(a) caiu no último ano?

Houve alguma conseqüência como fratura, luxação, trauma craniano ou escoriação, contusão, corte?

Houve necessidade de procurar um médico ou serviço de emergência em um hospital?

O Sr. (a) restringiu suas atividades habituais por causa da queda?

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Se sim, o Sr. (a) o fez por dor, insegurança, medo, dificuldade para andar, dentre outros.

 Agora vamos falar sobre sua última queda.

O Sr. (a) sabe precisar quando ela ocorreu?

A queda aconteceu de dia ou de noite?

O evento ocorreu após a refeição?

Em que lugar aconteceu a queda?

Houve perda da consciência?

Que movimentos o Sr.(a) estava fazendo no momento da queda? Andando, levantando-se da cadeira,
inclinando-se, virando-se, etc.

Que atividade o Sr.(a) estava realizando no momento da queda? Tomando banho, andando até o
banheiro, voltando para o quarto, subindo no banquinho, calçando o chinelo, descendo do ônibus, dentre
outras.

Como a queda ocorreu? Desequilibrou-se, os joelhos falsearam, sentiu-se fraco subitamente, sentiu-se
tonto ?

Que parte do corpo bateu primeiro no chão ou no mobiliário?

Estava usando óculos ou aparelho auditivo (quando se aplicar)?

Como estava se sentindo antes de cair (na semana prévia)? Houve alguma modificação na sua saúde?
Como fraqueza generalizada, cansaço, apatia, falta de ar, problemas de memória, febre, taquicardia, dor
no peito, etc.

Houve alguma modificação na medicação usada habitualmente? Algum medicamento novo foi introduzido
ou retirado? Fez uso de alguma medicação por conta própria?

No último ano, o Sr.(a) esteve hospitalizado?

O Sr.(a) diria que tem tido maior dificuldade para andar dentro de casa, vestir-se, tomar banho, andar fora
de casa, ir ao banheiro em tempo, tomar remédios na hora certa ? 

                        Com o objetivo de facilitar a exclusão de fatores causais foi proposto o algoritmo descrito
abaixo como um modelo para tomada de decisão clínica em relação ao diagnóstico. Levar em conta a
presença de fatores extrínsecos precipitantes. O crédito do evento a um fator ambiental deve ser
vastamente pesquisado. A exclusão de outros fatores intrínsecos pode classificar o evento como
tipicamente acidental (38).

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Figura 1 - Algoritmo adaptado proposto pela OPAS,2002.

Avaliação do risco para quedas e testes de equilíbrio e marcha

       Um screening de risco para quedas é um instrumento eficaz na identificação de idosos com maior
chance de sofrerem um evento no futuro. Deve ser realizado em todos os idosos admitidos em hospitais,
em assistência domiciliar, centro de reabilitação, instituições de longa e curta permanência e em unidades
de acompanhamento ambulatorial (15,42,46,50).

      Nenhum instrumento aplicado de forma isolada é capaz de identificar idosos de risco para quedas,
assim como estratificar este risco. Uma combinação de instrumentos em geral contidos na avaliação
geriátrico-gerontológica abrangente deve ser utilizada como rastreio para maior vulnerabilidade a quedas.

      É consenso que quanto maior o número de fatores de risco presentes maior será a chance de queda.
A queixa de dificuldade de equilíbrio e marcha, assim como as histórias prévias de quedas têm sido
apontadas como fatores de risco para idosos que vivem na comunidade.

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      Vários testes têm sido desenvolvidos com o objetivo de avaliar funcionalmente o equilíbrio e a marcha
e busca estabelecer parâmetros para identificação de idosos com maior suscetibilidade a cair. Dentre
estes, destacam-se: Timed Up & Go Test (PODSIADLO & RICHARDSON (1991), a escala de Equilíbrio de
Berg - Berg Functional Balance Scale  (BERG et al., 1992), o POMA -– Performance-Oreinted
Assessement of Mobility (TINETTI, 1986,1988)  o Functional Reach e o Dynamic Gait Index  (SHUMWAY-
COOK et al. (1997).

            As escalas de Berg, o POMA e o Dynamic Gait Index são testes funcionais de avaliação do
equilíbrio e da marcha que contém um maior número de tarefas motoras e necessitam de um maior
treinamento e expertise na sua aplicação. Em geral, são aplicados por fisioterapeutas dentro de um
espectro maior de avaliação físico-funcional de idosos. Todos têm sido largamente apontados na literatura
internacional como instrumentos válidos na determinação de idosos com maior chance de quedas.

O POMA consiste de nove itens como contra-reação ao desequilíbrio aplicado ao esterno, passar de
sentado para de pé, virar 360 graus, os quais são categorizados em uma escala de três pontos. A Berg
Balance Scale foi desenvolvida para monitorar o desempenho dos idosos quanto à tarefas motoras de
equilíbrio em idosos, para identificar indivíduos que se beneficiariam de um encaminhamento para
fisioterapia e para prever quedas em idosos da comunidade e institucionalizados (3,4,20). A escala
consiste de 14 tarefas, categorizadas numa escala ordinal de cinco pontos, que vai desde 0 - incapaz de
realizar a tarefa,  até 5 - realiza de forma independente, baseada na qualidade e necessidade de
assistência para realizar a tarefa de forma assim como, no tempo para completar a prova. Os escores dos
14 itens são combinados em um escore total que  vai de 0 a 56 pontos, com um escore maior relacionado
a um melhor desempenho.  Os elementos do teste são representativos de atividades do dia a dia como
sentar, levantar, inclinar-se à frente, virar-se, dentre outros. BERG et al.,1992 demonstraram que o escore
de 45 ou menos foi preditivo de quedas recorrentes em um estudo de meta-análise com 110 sujeitos.  

O Índice dinâmico da marcha é composto por oito tarefas de deambulação que avaliam velocidade e 
instabilidade na marcha durante o acelerar e desacelerar, em movimento de rotação e flexo-extensão da
cabeça, em movimentos de rotação axial do corpo, em movimentos de ultrapassar e circundar obstáculos
e em subir e descer degraus. Uma pontuação de 19 ou menos foi associada a quedas em idosos na
comunidade (47). Assim, estratégias compensatórias devem ser elucidadas com objetivo de avaliar se são
as mais indicadas para dado paciente no seu contexto funcional diário. Assim, os fisioterapeutas devem
perguntar-se se seus pacientes estão utilizando as melhores estratégias dada suas limitações primárias e
se uma intervenção terapêutica poderia melhorar os mecanismos de controle postural.

O Timed up & go test é bastante simples e não exige nenhuma expertise específica, necessitando apenas
de um procedimento sistematizado que consiste em medir o tempo gasto na tarefa de levantar-se de uma
cadeira (a partir da posição encostada), andar 3 metros até um demarcador no solo, girar e voltar andando
no mesmo percurso, sentado-se novamente com as costas apoiadas no encosto da cadeira. a instrução
dada é que o idoso execute a tarefa de forma segura e o mais rapidamente possível. Os autores admitiram
como tempo normal para a realização da tarefa por adultos saudáveis, um tempo de 10 segundos;
considera-se que 11 a 20 segundos sejam os limites normais de tempo para idosos frágeis ou pacientes
deficientes; mais de 20 segundos na execução da atividade é considerado um valor indicativo da
necessidade de intervenção adequada.

 
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16.1. “Guidelines” para prevenção de quedas em idosos

   

         O diagrama acima tem como objetivo nortear as intervenções para idosos vivendo na comunidade. A
partir do levantamento da ocorrência de queda no último ano e da suspeita de alterações de marcha ou
equilíbrio, é necessária uma avaliação sistematizada por meio de uma avaliação geriátrico-gerontológica
abrangente e de avaliações do equilíbrio funcional e da marcha, que em conjunto possam classificar os
idosos em função risco de queda. A partir daí, implementa-se intervenções específicas para cada grupo. O
monitoramento subseqüente diz respeito não só a ocorrência, a freqüência, a gravidade como também do
intervalo entre os eventos.

De forma geral preconiza-se que:


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Todos os idosos devem ser perguntados quanto a ocorrência de qualquer evento no último ano e
rastreados quanto ao risco de quedas (13,22,23,44,45,46);

Todos os idosos devem ser classificados quanto ao grau do risco para que se possa determinar o nível de
intervenção a ser prescrita (39,42,46);

Devem-se enumerar todos os fatores de risco presentes e separá-los em modificáveis e não modificáveis
(39,36);

Deve-se avaliar o equilíbrio e a marcha, usando teste válidos e confiáveis de acordo com a população
estudada (21,26,36, 38,45,49);

Uma avaliação do evento de queda deve ser desencadeada para a busca sistematizada de fatores
etiológicos (21,38);

Deve-se atuar de maneira personalizada sobre os fatores de risco modificáveis, estabelecendo


intervenções baseadas em evidências;

É recomendável que se promovam intervenções multidimensionais. A intervenção isolada tem pouco


impacto sobre a diminuição no risco relativo de quedas. Não há comprovação de que exercícios,
adequação de medicação, ou adaptação ambiental isoladamente diminuam o risco de queda
(13 ,16,22,23, 46,50);

Programas multidimensionais bem-sucedidos incluem avaliação e aconselhamento médico e ambiental,


mudança na prescrição medicamentosa, exercícios individualizados, treino de transferências posturais e
de marcha e, encaminhamento a especialistas de acordo com a necessidade (7,10, 16, 22, 23, 53); 

Uma vez estabelecido um protocolo de intervenção, é imprescindível monitorar a ocorrência de eventos,


sua freqüência e a presença de conseqüências adversas ao menos mensalmente. A melhor forma é
utilizar o sistema do tipo calendário (13);

Estabelecer medidas educacionais visando à diminuição de comportamentos de risco (42);

Ensinar ao paciente como se levantar após uma queda (42);

Avaliar, quando necessário, o medo de cair e a percepção de auto-eficácia em atividades do cotidiano


(42);

Quando o paciente for identificado como sendo de alto risco e possuir um declínio cognitivo, um sistema
de vigilância contínua deve ser iniciado com a presença de alarmes sonoros ou de cuidadores em tempo
integral. A restrição ou contenção física deve ser evitada(42, 13);

As intervenções para prevenção de quedas são mais eficazes se forem direcionadas a idosos de alto risco
de cair e que vivem na comunidade. Seis de oito ensaios clínicos que envolveram pessoas com estas
características relataram uma significativa redução no risco relativo de queda. Dois destes ensaios
envolveram intervenções multidimensionais, dois envolveram exercícios, um envolveu a redução no uso
de medicações psicotrópicas e um relacionou-se com a redução de riscos ambientais por meio da
avaliação de uma terapeuta ocupacional (13,) .

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            No entanto, há ainda dificuldades metodológicas que não permitem a adequada comparação entre
os estudos. Há estudos apontando que mesmo com intervenções multidimensionais, que variam
tremendamente entre os estudos, não encontrou-se diferença entre o  grupo que sofreu intervenção e o
grupo controle quanto ao número cumulativo de quedas, o número médio de quedas e quanto à freqüência
das quedas. Encontrou-se uma diferença significante quanto ao intervalo entre os eventos de queda. Em
uma meta-ánalise recente envolvendo 12 estudos, os resultados apontam que houve uma redução de 4%
na ocorrência de quedas para os idosos que estavam no grupo de tratamento que receberam várias e
diferentes intervenções. Reforçou-se ainda que intervenções isoladas tem um menor impacto na redução
das quedas, independentemente da intervenção realizada, e que os programas direcionados para idosos
de risco mas, vivendo na comunidade têm maior eficácia do que aqueles direcionados à idosos
institucionalizados (22,23).

             O quadro abaixo enumera intervenções específicas de acordo com evidências existentes na
literatura.

Quadro 4 – Intervenções recomendadas para tratamento de fatores de risco/ causas de quedas em idosos

Fator de risco ou causa presente Intervenção

Fraqueza muscular de MMII Programa de fortalecimento muscular de quadríceps e


dorsi-flexores de tornozelo. Exercícios excêntricos são
  recomendados.
  A eficácia é maior se forem realizados para grupos de
  idosos de alto risco e se forem supervisionados por
fisioterapeuta
 
 
 
 
 
Treino de equilíbrio em relação à integração das
Distúrbio de equilíbrio informações sensoriais, ao controle dos limites de
estabilidade, ao controle da rotação de tronco e na
 
eficácia das estratégias motoras.
 
Recomenda-se a prática de Tai Chi.
 
Podem ser realizados em casa mas, devem ser
  monitorados por fisioterapeuta.

   

   

   

  Adequação e ou prescrição de dispositivos de auxílio à


marcha. O treino de uso adequado é recomendável.

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Distúrbios de marcha Visita regular ao podólogo.

   

  Adequação de lentes corretivas. Visita anual ao


oftalmologista.
 
Evitar o uso de lentes bifocais.
Déficit visual
Acompanhamento cuidadoso do equilíbrio corporal após
  cirurgia de catarata.
   
   
  Prescrição e uso adequados do aparelho de amplificação
  sonora.

Déficit auditivo  

  Revisão da medicação, elevação da cabeceira da cama,


orientação de movimentos de MMII antes de se levantar.
 
 
Hipotensão Postural: queda sintomática de
20 mmHg na PA sistólica mensurada entre  
1 a 5 minutos  após ficar de pé a partir da Rever a necessidade de uso de anti-psicóticos, anti-
posição deitada ou sentada depressivos e benzodiazepínicos (curta e longa duração).
  Prescrever um número reduzido de medicações e levantar
o uso de medicações sem prescrição médica
Uso de medicações psicotrópicas
 
 
 
 
Modificação ambiental só foi eficaz na redução das
  quedas quando realizada após avaliação feita por
profissional de terapia ocupacional e fornecido as
 
adaptações necessárias.
 
 
Presença de riscos ambientais
Inquérito sobre tontura. Se presença de quadro de tontura
  (vertigem, cabeça oca, flutuação, afundamento, etc)
encaminhamento ao otoneurologista. Se diagnosticada
  síndrome vestibular, implementar Reabilitação Vestibular.
   

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  Evitar ingesta hídrica antes de dormir.

Presença de queixa de tontura Acender luz ao ir ao banheiro durante a noite ou deixar luz
noturna acesa.
 
Utilização de fraldas noturnas
 
Realizar reabilitação funcional do assoalho pélvico.
 
 
 
Avaliar se há presença de quadro de estado confusional
Necessidades específicas nas eliminações agudo.

  Adequar o ciclo vigília-sono.


  Implementar medidas de higiene do sono.
  Evitar eventos estressores.
  Usar terapia de validação.
  Evitar restrição física ou medicamentosa.
Distúrbios de comportamento: agitação Vigilância contínua
psicomotora. Confusão mental
 
 
Manejo farmacológico específico.
 
Fisioterapia especializada. 
 
 
 
Avaliação específica do desempenho por meio do Timed
  up & go modificado.
Doença de Parkinson, parkinsonismo, Treino de Equilíbrio associado ao treino cognitivo
acidente vascular encefálico, artrite,
neuropatias, demência

Distúrbio de atenção: dificuldade em dupla


tarefa: motora e cognitiva concomitantes

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17. TRANSTORNOS MENTAIS EM IDOSOS


A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas mudanças físicas, mentais e
psicológicas. É importante fazer essa consideração pois algumas alterações nesses aspectos não
caracterizam necessariamente uma doença. Em contrapartida, há alguns transtornos que são mais
comuns em idosos como transtornos depressivos, transtornos cognitivos, fobias e transtornos por uso de
álcool. Além disso, os idosos apresentam risco de suicídio e risco de desenvolver sintomas psiquiátricos
induzidos por medicamentos.

Muitos transtornos mentais em idosos podem ser evitados, aliviados ou mesmo revertidos.
Conseqüentemente, uma avaliação médica se faz necessária para o esclarecimento do quadro
apresentado pelo idoso.

Diversos fatores psicossociais de risco também predispõem os idosos a transtornos mentais.

Esses fatores de risco incluem:

Perda de papéis sociais


Perda da autonomia
Morte de amigos e parentes
Saúde em declínio

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Isolamento social
Restrições financeiras
Redução do funcionamento cognitivo (capacidade de compreender e pensar de uma forma lógica, com
prejuízo na memória).

Transtornos psiquiátricos mais comuns em idosos

Demência
Demência tipo Alzheimer
Demência vascular
Esquizofrenia
Transtornos depressivos
Transtorno bipolar (do humor)
Transtorno delirante
Transtornos de ansiedade
Transtornos somatoformes
Transtornos por uso de álcool e outras substâncias
17.1. Demência
Demência é um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As funções mentais
anteriormente adquiridas são gradualmente perdidas. Com o aumento da idade a demência torna-se mais
freqüente. Acomete 5 a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% nas pessoas com
mais de 80 anos.

Os fatores de risco conhecidos para a demência são: Idade avançada História de demência na família,
Sexo feminino

Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientar-se. Há


perturbações comportamentais como agitação, inquietação, andar a esmo, raiva, violência, gritos,
desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, pensamento ilógico e alucinações.

As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, síndrome da imunodeficiência adquirida


(AIDS), álcool, medicamentos, infecções, doenças pulmonares crônicas e doenças inflamatórias. Na
maioria das vezes as demências são causadas por doenças degenerativas primárias do sistema nervoso
central (SNC) e por doença vascular. Cerca de 10 a 15% dos pacientes com sintomas de demência
apresentam condições tratáveis como doenças sistêmicas (doenças cardíacas, renais, endócrinas),
deficiências vitamínicas, uso de medicamentos e outras doenças psiquiátricas (depressão).

As demências são classificadas em vários tipos de acordo com o quadro clínico, entretanto as mais
comuns são demência tipo Alzheimer e demência vascular.

17.2. Demência tipo Alzheimer

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De todos os pacientes com demência, 50 a 60% têm demência tipo Alzheimer, o tipo mais comum de
demência. É mais freqüente em mulheres que em homens. É caracterizada por um início gradual e pelo
declínio progressivo das funções cognitivas. A memória é a função cognitiva mais afetada, mas a
linguagem e noção de orientação do indivíduo também são afetadas. Inicialmente, a pessoa pode
apresentar uma incapacidade para aprender e evocar novas informações.

As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão (pensamento, sentimento, idéia ou


sensação intrusiva e persistente) e desconfianças, surtos de raiva com risco de atos violentos. A
desorientação leva a pessoa a andar sem rumo podendo ser encontrada longe de casa em uma condição
de total confusão. Aparecem também alterações neurológicas como problemas na marcha, na fala, no
desempenhar uma função motora e na compreensão do que lhe é falado.

O diagnóstico é feito com base na história do paciente e do exame clínico. As técnicas de imagem cerebral
como tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser úteis.

O tratamento é paliativo e as medicações podem ser úteis para o manejo da agitação e das perturbações
comportamentais. Não há prevenção ou cura conhecidas.

17.3. Demência vascular


É o segundo tipo mais comum de demência. Apresenta as mesmas características da demência tipo
Alzheimer mas com um início abrupto e um curso gradualmente deteriorante. Pode ser prevenida através
da redução de fatores de risco como hipertensão, diabete, tabagismo e arritmias. O diagnóstico pode ser
confirmado por técnicas de imagem cerebral e fluxo sangüíneo cerebral.

17.4. Esquizofrenia (esquizofrenia e outras psicoses)


Essa doença começa no final da adolescência ou idade adulta jovem e persiste por toda a vida. Cerca de
20% das pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80% mostram graus
variados de comprometimento. A doença torna-se menos acentuada à medida que o paciente envelhece.

Os sintomas incluem retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico, alucinações e


afeto rígido. Os idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com drogas antipsicóticas que
devem ser administradas pelo médico com cautela.

17.5. Transtornos depressivos


A idade avançada não é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão, mas ser viúvo ou viúva e
ter uma doença crônica estão associados com vulnerabilidade aos transtornos depressivos. A depressão
que inicia nessa faixa etária é caracterizada por vários episódios repetidos.

Os sintomas incluem redução da energia e concentração, problemas com o sono especialmente despertar
precoce pela manhã e múltiplos despertares, diminuição do apetite, perda de peso e queixas somáticas

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(como dores pelo corpo). Um aspecto importante no quadro de pessoas idosas é a ênfase aumentada
sobre as queixas somáticas.

Pode haver dificuldades de memória em idosos deprimidos que é chamado de síndrome demencial da
depressão que pode ser confundida com a verdadeira demência. Além disso, a depressão pode estar
associada com uma doença física e com uso de medicamentos.

17.6. Transtorno bipolar (transtornos do humor)


Os sintomas da mania em idosos são semelhantes àqueles de adultos mais jovens e incluem euforia,
humor expansivo e irritável, necessidade de sono diminuída, fácil distração, impulsividade e,
freqüentemente, consumo excessivo de álcool. Pode haver um comportamento hostil e desconfiado.
Quando um primeiro episódio de comportamento maníaco ocorre após os 65 anos, deve-se alertar para
uma causa orgânica associada. O tratamento deve ser feito com medicação cuidadosamente controlada
pelo médico.

17.7. Transtorno delirante


A idade de início ocorre por volta da meia-idade mas pode ocorrer em idosos. Os sintomas são alterações
do pensamento mais comumente de natureza persecutória (os pacientes crêem que estão sendo
espionados, seguidos, envenenados ou de algum modo assediados). Podem tornar-se violentos contra
seus supostos perseguidores, trancarem-se em seus aposentos e viverem em reclusão. A natureza dos
pensamentos pode ser em relação ao corpo, como acreditar ter uma doença fatal (hipocondria).

Ocorre sob estresse físico ou psicológico em indivíduos vulneráveis e pode ser precipitado pela morte do
cônjuge, perda do emprego, aposentadoria, isolamento social, circunstâncias financeiras adversas,
doenças médicas que debilitam ou por cirurgia, comprometimento visual e surdez.

As alterações do pensamento podem acompanhar outras doenças psiquiátricas que devem ser
descartadas como demência tipo Alzheimer, transtornos por uso de álcool, esquizofrenia, transtornos
depressivos e transtorno bipolar. Além disso, podem ser secundárias ao uso de medicamentos ou sinais
precoces de um tumor cerebral.

17.8. Transtornos de ansiedade


Incluem transtornos de pânico, fobias, TOC, ansiedade generalizada, de estresse agudo e de estresse
pós-traumático. Desses, os mais comuns são as fobias.

Os transtornos de ansiedade começam no início ou no período intermediário da idade adulta, mas alguns
aparecem pela primeira vez após os 60 anos.

As características são as mesmas das descritas em transtornos de ansiedade em outras faixas etárias.

Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autônomo pode explicar o desenvolvimento de ansiedade


após um estressor importante. O transtorno de estresse pós-traumático freqüentemente é mais severo nos
idosos que em indivíduos mais jovens em vista da debilidade física concomitante nos idosos.

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As obsessões (pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva e persistente) e compulsões
(comportamento consciente e repetitivo como contar, verificar ou evitar ou um pensamento que serve para
anular uma obsessão) podem aparecer pela primeira vez em idosos, embora geralmente seja possível
encontrar esses sintomas em pessoas que eram mais organizadas, perfeccionistas, pontuais e
parcimoniosas. Tornam-se excessivos em seu desejo por organização, rituais e necessidade excessiva de
manter rotinas. Podem ter compulsões para verificar as coisas repetidamente, tornando-se geralmente
inflexíveis e rígidos.

17.9. Transtornos somatoformes


São um grupo de transtornos que incluem sintomas físicos (por exemplo dores, náuseas e tonturas) para
os quais não pode ser encontrada uma explicação médica adequada e que são suficientemente sérios
para causarem um sofrimento emocional ou prejuízo significativo à capacidade do paciente para funcionar
em papéis sociais e ocupacionais. Nesses transtornos, os fatores psicológicos são grandes contribuidores
para o início, a severidade e a duração dos sintomas. Não são resultado de simulação consciente.

A hipocondria é comum em pacientes com mais de 60 anos, embora o seja mais freqüente entre 40 e 50
anos. Exames físicos repetidos são úteis para garantirem aos pacientes que eles não têm uma doença
fatal. A queixa é real, a dor é verdadeira e percebida como tal pelo paciente. Ao tratamento, deve-se dar
um enfoque psicológico ou farmacológico.

17.10. Transtornos por uso de álcool e outras substâncias


Os pacientes idosos com dependência de álcool, geralmente, apresentam uma história de consumo
excessivo que começou na idade adulta e apresenta uma doença médica, principalmente doença
hepática. Além disso, um grande número tem demência causada pelo álcool.

A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é comum. Os pacientes idosos


podem abusar de ansiolíticos para o alívio da ansiedade crônica ou para garantirem uma noite de sono.

A apresentação clínica é variada e inclui quedas, confusão mental, fraca higiene pessoal, depressão e
desnutrição.

18. DEPRESSÃO
Sinônimos e nomes relacionados:

Transtorno depressivo, depressão maior, depressão unipolar, incluindo ainda tipos diferenciados de
depressão, como depressão grave, depressão psicótica, depressão atípica, depressão endógena,
melancolia, depressão sazonal.

O que é a depressão?
Depressão é uma doença que se caracteriza por afetar o
estado de humor da pessoa, deixando-a com um predomínio
anormal de tristeza. Todas as pessoas, homens e mulheres,
de qualquer faixa etária, podem ser atingidas, porém

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mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. Em crianças e idosos a doença tem
características particulares, sendo a sua ocorrência em ambos os grupos também freqüente.

Como se desenvolve a depressão?


Na depressão como doença (transtorno depressivo), nem sempre é possível haver clareza sobre quais
acontecimentos da vida levaram a pessoa a ficar deprimida, diferentemente das reações depressivas
normais e das reações de ajustamento depressivo, nas quais é possível localizar o evento desencadeador.

As causas de depressão são múltiplas, de maneira que somadas podem iniciar a doença. Deve-se a
questões constitucionais da pessoa, com fatores genéticos e neuroquímicos (neurotransmissores
cerebrais) somados a fatores ambientais, sociais e psicológicos, como:
 

Estresse
Estilo de vida
Acontecimentos vitais, tais como crises e separações conjugais, morte na família, climatério, crise da
meia-idade, entre outros.

Como se diagnostica a depressão?

Na depressão a intensidade do sofrimento é intensa, durando a maior parte do dia por pelo menos duas
semanas, nem sempre sendo possível saber porque a pessoa está assim. O mais importante é saber
como a pessoa sente-se, como ela continua organizando a sua vida (trabalho, cuidados domésticos,
cuidados pessoais com higiene, alimentação, vestuário) e como ela está se relacionando com outras
pessoas, a fim de se diagnosticar a doença e se iniciar um tratamento médico eficaz.

O que sente a pessoa deprimida?

Freqüentemente o indivíduo deprimido sente-se triste e desesperançado, desanimado, abatido ou " na


fossa ", com " baixo-astral ". Muitas pessoas com depressão, contudo, negam a existência de tais
sentimentos, que podem aparecer de outras maneiras, como por um sentimento de raiva persistente,
ataques de ira ou tentativas constantes de culpar os outros, ou mesmo ainda com inúmeras dores pelo
corpo, sem outras causas médicas que as justifiquem. Pode ocorrer também uma perda de interesse por
atividades que antes eram capazes de dar prazer à pessoa, como atividades recreativas, passatempos,
encontros sociais e prática de esportes. Tais eventos deixam de ser agradáveis. Geralmente o sono e a
alimentação estão também alterados, podendo haver diminuição do apetite, ou mesmo o oposto, seu
aumento, havendo perda ou ganho de peso. Em relação ao sono pode ocorrer insônia, com a pessoa
tendo dificuldade para começar a dormir, ou acordando no meio da noite ou mesmo mais cedo que o seu
habitual, não conseguindo voltar a dormir. São comuns ainda a sensação de diminuição de energia,
cansaço e fadiga, injustificáveis por algum outro problema físico.

Como é o pensamento da pessoa deprimida?

Pensamentos que freqüentemente ocorrem com as pessoas deprimidas são os de se sentirem sem valor,
culpando-se em demasia, sentindo-se fracassadas até por acontecimentos do passado. Muitas vezes
questões comuns do dia-a-dia deixam os indivíduos com tais pensamentos. Muitas pessoas podem ter
ainda dificuldade em pensar, sentindo-se com falhas para concentrar-se ou para tomar decisões antes

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corriqueiras, sentindo-se incapazes de tomá-las ou exagerando os efeitos "catastróficos" de suas
possíveis decisões erradas.

Pensamentos de morte ou tentativas de suicídio

Freqüentemente a pessoa pode pensar muito em morte, em outras pessoas que já morreram, ou na sua
própria morte. Muitas vezes há um desejo suicida, às vezes com tentativas de se matar, achando ser esta
a " única saída " ou para " se livrar " do sofrimento, sentimentos estes provocados pela própria depressão,
que fazem a pessoa culpar-se, sentir-se inútil ou um peso para os outros. Esse aspecto faz com que a
depressão seja uma das principais causas de suicídio, principalmente em pessoas deprimidas que vivem
solitariamente. É bom lembrar que a própria tendência a isolar-se é uma conseqüência da depressão, a
qual gera um ciclo vicioso depressivo que resulta na perda da esperança em melhorar naquelas pessoas
que não iniciam um tratamento médico adequado.

Sentimentos que afetam a vida diária e os relacionamentos pessoais

Freqüentemente a depressão pode afetar o dia-a-dia da pessoa. Muitas vezes é difícil iniciar o dia, pelo
desânimo e pela tristeza ao acordar. Assim, cuidar das tarefas habituais pode tornar-se um peso:
trabalhar, dedicar-se a uma outra pessoa, cuidar de filhos, entre outros afazeres podem tornar-se apenas
obrigações penosas, ou mesmo impraticáveis, dependendo da gravidade dos sintomas. Dessa forma, o
relacionamento com outras pessoas pode tornar-se prejudicado: dificuldades conjugais podem acentuar-
se, inclusive com a diminuição do desejo sexual; desinteresse por amizades e por convívio social podem
fazer o indivíduo tender a se isolar, até mesmo dificultando a busca de ajuda médica.

Como se trata a depressão?

O tratamento médico sempre se faz necessário, sendo o tipo de tratamento relacionado à intensidade dos
problemas que a doença traz. Pode haver depressões leves, com poucos aspectos dos problemas
mostrados anteriormente, ou pode haver depressões bem mais graves, prejudicando de forma importante
a vida do indivíduo. De qualquer forma, depressões leves ou mais graves necessitam de tratamento
médico, geralmente medicamentoso (com medicações antidepressivas), ou psicoterápico, ou a
combinação de ambos, de acordo com a intensidade da doença e a disponibilidade dos tratamentos.

19. Sexo na Idade Madura: Uma Opção de Vida Melhor


Recomendações para um bom sexo na maturidade.

Apesar de hoje em dia grande parte do conhecimento poder chegar à maioria da população, ainda
encontramos, além de vícios de uma educação repressora em determinadas tradições que inibem a
expressão da sexualidade, uma falta de valorização da nossa vida sexual.

E não estou me referindo a culturas muito diversas da nossa, como os


países muçulmanos, onde as mulheres são obrigadas a se cobrir
inteiramente com as burkas e algumas ainda têm seus clitóris extirpados
com cacos de vidro infectados.

Falo de nosso dia a dia comum nas cidades, de nossa rotina tão veloz,
na qual não sobra tempo para a alimentação, eliminação, sono e sexo.

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Não costumamos lembrar que sexo precisa de tempo.

A sexualidade de cada pessoa é exclusiva. Cada um pode amadurecer o seu próprio erotismo
independentemente de um companheiro ou companheira.

Pode até dividir, compartilhar suas sensações, mas jamais perder de vista que a vida sexual é
responsabilidade sua, somente sua e de seus próprios preconceitos. É bastante comum ver casais que
chegam ao consultório buscando culpar seus cônjuges por suas falhas sexuais e insatisfações.

Este é o primeiro erro. Quando recebo um casal assim, já de início oriento que o casal é o meu paciente, e
não o marido ou a esposa. Divido entre os dois as responsabilidades frente às suas queixas.

Duas das causas mais freqüentes de problemas sexuais são a falta de educação e orientação sexual ao
adolescente e ao adulto jovem e a presença constante de repressões ao erotismo individual. As pessoas
tendem a se esconder de sua sexualidade, assumindo uma roda-viva de afazeres.

Na maturidade, inúmeras dúvidas já foram sanadas, experiências já foram avaliadas e a oportunidade de


se auto-redescobrir torna-se viável. É justamente na idade mais madura que podemos reavaliar nossos
próprios conceitos e valores, assumindo novos caminhos e abandonando os ultrapassados.

Recomendações simples e práticas

Não se acomode em um sexo rotineiro. Muitas satisfações ainda podem ocorrer se você procurar sair
um pouco de sua rotina. Convide seu parceiro para sair por um ou dois dias. Procure algum lugar calmo
e privado. Deixe seus filhos com alguém responsável para não trazer preocupações durante esse
período. Você pode sair a dois. Não precisa se culpar por isso. Aliás, você deve manter a
individualidade do casal perante seus filhos, já os educando para que estes também possam sair a dois
sem culpas. Deixe os problemas financeiros e de trabalho em casa. Você está saindo para namorar.
Busque em suas lembranças o que fazia seu parceiro feliz. Um jantar, um jogo qualquer, uma dança ou
um simples passeio. Faça isso. Passe uma tarde agradável, evitando tocar em assuntos que possam
inibir a harmonia da dupla. Comece a noite de forma branda, sem muitas atividades e sem fazer uma
refeição pesada. Na intimidade de seu quarto, fique apenas de roupa íntima, você e seu parceiro.
O primeiro exercício se chama Foco I. Acaricie o corpo de seu parceiro por uns 20 minutos, invertendo
as posições para que você possa sentir o toque dele depois. Atenção, é proibido tocar nos genitais e
mamas. Eleve o prazer, aguce os sentidos.
O Foco II consiste em poder acariciar agora todo o corpo, inclusive genitais e mamas, mas o orgasmo é
proibido. Pode haver estimulação direta do clitóris e do pênis, mas o orgasmo ainda é vetado.
Prolongue o prazer, espere um pouco. Pode-se assistir a um vídeo erótico ou ler algum livro
estimulante. Não tenha pressa. A pressa é o fim do prazer. Fantasie um pouco. Divida com seu parceiro
alguma fantasia que você jamais contaria para alguém. A intimidade não se faz só com toques, mas
com o partilhamento de impressões, de fantasias e de sonhos. O constrangimento por vezes pode
seduzir o parceiro, mas não se acanhe tanto.
O Foco III permite o orgasmo. Mas não vá direto ao ponto. Quando você sentir que é quase inevitável,
pare por completo, só por alguns instantes. Depois recomece vagarosamente. Pode interromper a
iminência de seu orgasmo por umas duas ou três vezes até, aí sim, chegar ao clímax. Não precisa sair
correndo para o banheiro se lavar ou limpar a cama. Nada é sujo, o esperma e as secreções não são
infectadas, não vão contagiar ninguém. Abrace o seu parceiro e lhe certifique que o amor ainda existe
no casal e que a cumplicidade pode ser renovada.
Use a criatividade e deixe suas fantasias se exteriorizarem. Não as isole de quem você ama. Pelo

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contrário, partilhe em prol de uma vida sexual de renovação. Existem casais constituídos há 40 anos
que conseguem adaptar sua idade e o tempo de convívio a uma vida sexual prazerosa. A fantasia
permite que aqueles mesmos corpos possam se satisfazer um com outro, renovando e descobrindo
cada vez mais sobre si mesmos.
Dê tempo a você para rever as razões de excluir uma vida sexual prazerosa de sua vida. Questione se
não são seus preconceitos. Damos tempo (ainda bem) para dormir e recarregar as nossas energias.
Por que esquecemos de dar tempo para renovar e recarregar o sexo também?

20. Doença de Alzheimer - Dúvidas Freqüentes


20.1. O que é doença de Alzheimer?
A doença de Alzheimer é a mais freqüente forma de demência entre idosos. É caracterizada por um
progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais: memória, orientação no tempo e no
espaço, pensamento abstrato, aprendizado, incapacidade de realizar cálculos simples, distúrbios da
linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar as tarefas cotidianas. Outros sintomas incluem,
mudança da personalidade e da capacidade de julgamento.

Erroneamente conhecida pela população como “esclerose” ou como o “velhinho gagá” não está
relacionada com problemas circulatórios.

20.2. O que é demência?


Demência é um grupo de sintomas caracterizado por um declínio progressivo das funções intelectuais,
severo o bastante para interferir com as atividades sociais e do cotidiano. A doença de Alzheimer é a
forma mais comum de demência. A segunda causa mais freqüente de demência é a demência por
múltiplos infartos cerebrais, uma série de pequenos derrames. A demência pode ocorrer também a partir
de outras doenças do sistema nervoso como a doença de Parkinson e a Aids.

O que é Demência Senil?

Demência Senil é um termo ultrapassado que foi usado para definir demências que ocorriam em idosos.

Quantas pessoas sofrem de doença de Alzheimer?

Estima-se no Brasil 1 milhão e 200 mil pessoas.

A proporção de pessoas com a doença dobra a cada 5 anos a partir dos 65 anos de idade.

Qual é a idade da maioria das pessoas com doença de Alzheimer?

Na maioria das pessoas os sintomas iniciam depois dos 60 anos de idade.

Cerca de 3% das pessoas com idade entre 65 e 74 anos tem a doença mas quase a metade das que tem
85 ou mais são acometidas. Normalmente o diagnóstico é feito pelo menos um ano depois dos primeiros
sintomas que costumam ser leves e confundidos como normais no envelhecimento.

20.3. O que causa a doença de Alzheimer ?


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Os cientistas ainda não sabem exatamente qual é a causa da doença de Alzheimer. O que se sabe é que
a doença desenvolve-se como resultado de uma série de eventos complexos que ocorrem no interior do
cérebro.

A idade é o maior fator de risco para a doença. Quanto mais idade maior o risco.

Se uma pessoa da minha família tem Alzheimer eu tenho maior risco de ter a doença?

Existem dois tipos de doença de Alzheimer: a doença de Alzheimer familiar que ocorre em adultos jovens
e parece ter um caráter hereditário importante e a forma esporádica na qual o fator hereditário não é óbvio.

Aproximadamente apenas 5 % da doença de Alzheimer é familiar e 95% esporádica.

Na forma familiar da doença de Alzheimer, vários membros de uma mesma geração são afetados. Na
forma esporádica a doença desenvolve-se a partir de uma grande variedade de fatores que os cientistas
ainda estão tentando determinar.

A idade é o fator de risco mais conhecido e importante para a forma esporádica da doença de Alzheimer.
Ter um familiar com Alzheimer aumenta o risco duas ou três vezes na forma esporádica mas não há como
prever se você irá ter a doença ou não.

Fora a genética, que outros fatores contribuem para que a doença se desenvolva?

Se bem que a causa da doença de Alzheimer ainda não esteja completamente esclarecida, alguns
pesquisadores sugerem que traumas cranianos repetidos, especialmente os com perda da consciência no
passado, processos inflamatórios cerebrais e o chamado “stress oxidativo” podem estar envolvidos na
causa da doença.

São os homens ou as mulheres os mais afetados?

Mais mulheres do que homens têm a doença de Alzheimer. Porém, como a expectativa de vida das
mulheres é pelo menos 5 anos superior a dos homens não se sabe se o risco está no sexo em si ou no
fato das mulheres viverem mais do que os homens.

De que modo os traumas cranianos podem contribuir para que a doença de Alzheimer se desenvolva?

Alguns estudos sugerem que a pessoa que sofreu um trauma craniano com perda da consciência no
passado, têm duas vezes mais probabilidade de ter a doença, mas outros estudos não confirmaram essa
associação.

O nível educacional está relacionado com o risco de se ter à doença de Alzheimer?

Pesquisas sugerem que quanto maior o número de anos de educação formal que uma pessoa tem, menor
é a chance dela ou dele desenvolver a doença quando for idoso. Alguns estudos sugerem que manter
uma atividade intelectual como fazer palavras cruzadas por exemplo pode reduzir a probabilidade de se
adquirir a doença de Alzheimer.

Qual é a relação entre o alumínio e a doença de Alzheimer?

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Uma das mais controvertidas hipóteses veiculada pela mídia é sobre a correlação entre o alumínio e a
doença de Alzheimer. Essa suspeita foi originada a partir da constatação de que portadores da doença de
Alzheimer possuíam traços de alumínio em seus cérebros. Inúmeros estudos não foram capazes de
demonstrar conclusivamente essa correlação. Não se pode afirmar que esse metal desempenhe um papel
na gênese da enfermidade. Algumas pessoas, desinformadas ou mal intencionadas, baseiam seus
pseudo-tratamentos, no mínimo duvidosos como a quelação, apoiados nessa equivocada premissa.

Quais são os sintomas da doença de Alzheimer?

A doença de Alzheimer é uma enfermidade progressiva e os sintomas agravam-se à medida que o tempo
passa. Mas é também uma doença cujos sintomas, sua gravidade e velocidade variam de pessoa para
pessoa.

Os sintomas mais comuns são :


 

Perda de memória, confusão e desorientação.

Ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança.

Alteração da personalidade e do senso crítico.

Dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se.

Dificuldade em reconhecer familiares e amigos.

Dificuldade em tomar decisões.

Perder-se em ambientes conhecidos.

Alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária e fecal.

Dificuldades com a fala e a comunicação.

Movimentos e fala repetitiva.

Nem uma coisa nem outra. Perder memória não é normal em nenhuma idade. É comum à medida
que vamos envelhecendo. Problemas com a memória podem ser devidos a uma ampla gama de
fatores. É normal em qualquer idade esquecer de vez em quando nomes, compromissos ou
objetos como chaves, guarda-chuva etc... A causa pode ser: certos medicamentos (calmantes e
hipnóticos principalmente), estresse, distração, tristeza, cansaço, problemas de visão ou audição,
uso de álcool, uma doença grave ou a tentativa de se lembrar de muitas coisas ao mesmo tempo.
 

Distúrbios do sono.

Problemas com ações rotineiras.

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Dependência progressiva.

Vagância.

20.4. Como a doença de Alzheimer é diagnosticada?


A doença de Alzheimer só pode ser diagnosticada com certeza através do exame microscópico do tecido
cerebral por biópsia ou necropsia, para demonstrar a presença das lesões características: as placas
neuríticas e os novelos neurofibrilares em certas áreas do cérebro. Os médicos podem fazer o diagnóstico
de “possível” ou “provável” doença de Alzheimer.

Vários instrumentos clínicos são usados para se chegar ao diagnóstico: uma história médica completa,
testes para avaliar a memória e o estado mental, avaliação do grau de atenção e concentração e das
habilidades em resolver problemas e nível de comunicação. Testes laboratoriais como exames de sangue
e urina são usados para excluir outras causas de demência, algumas delas passíveis de serem curadas.

Exames de imagem como a tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, spect e pet, são
utilizados para determinar o tipo de demência e/ou avaliar sua gravidade.

Qual o nível de certeza do diagnóstico clínico?

Médicos experientes em doença de Alzheimer fazem o diagnóstico correto em cerca de 90% dos casos.

Quais as outras doenças que têm sintomas parecidos com a doença de Alzheimer?

Tumores cerebrais, derrames, depressão maior, doenças da tireóide, o uso de certos medicamentos,
problemas nutricionais, e outras condições podem imitar os sintomas da doença de Alzheimer. O
diagnóstico precoce aumenta em muito a chance de se tratar essas doenças com sucesso.

Esquecer onde coloquei as chaves, óculos é um processo natural do envelhecimento ou da doença de


Alzheimer?

A depressão pode comprometer a concentração, causar distúrbios do sono que levam à perda de memória
em pessoas não portadoras de doença de Alzheimer.

Pessoas nas fases iniciais da doença de Alzheimer freqüentemente apresentam comprometimento da


memória. Podem ter dificuldades em lembrar de eventos recentes, de atividades, de pessoas familiares e
de objetos. A perda de memória que se associa com a doença de Alzheimer acaba por interferir
seriamente na execução das atividades da vida diária.

Por que o diagnóstico precoce é tão importante?

Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores serão as chances de tratar os sintomas corretamente,
retardando a evolução da doença e assim oferecer uma oportunidade digna para a pessoa portadora da
doença de Alzheimer poder inclusive, tomar parte nas decisões que lhe diz respeito , especialmente na
fase inicial da enfermidade.

Existem fases ou estágios na doença de Alzheimer?

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Existem 4 fases:

Na fase inicial os sintomas mais importantes são:


 

perda de memória, confusão e desorientação.

ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança.

alteração da personalidade e do senso crítico.

dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se.

alguma dificuldade com ações mais complexas como cozinhar, fazer compras, dirigir, telefonar.

Na fase intermediária os sintomas da fase inicial se agravam e também pode ocorrer:


 

dificuldade em reconhecer familiares e amigos.

perder-se em ambientes conhecidos.

alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária

dificuldades com a fala e a comunicação.

movimentos e fala repetitiva.

distúrbios do sono.

problemas com ações rotineiras.

dependência progressiva.

vagância.

Início de dificuldades motoras.

Na fase final:
 

Dependência total.

Imobilidade crescente.

Incontinência urinária e fecal.

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Tendência em assumir a posição fetal.

Mutismo.

Restrito a poltrona ou ao leito.

Presença de úlceras por pressão (escaras).

Perda progressiva de peso.

Infecções urinárias e respiratórias freqüentes.

Término da comunicação.

Na fase terminal:
 

Agravamento dos sintomas da fase final

Incontinência dupla

Restrito ao leito

Posição fetal

Mutismo

Úlceras por pressão

Alimentação enterall

Infecções de repetição

Morte

A partir do diagnóstico, quanto tempo uma pessoa com doença de Alzheimer tem de vida?

Pessoas com doença de Alzheimer podem viver por muitos anos e freqüentemente morrem de
pneumonia. A duração da doença pode ser de 20 anos ou mais. A média de vida varia entre 4 a 8 anos.

Por que as pessoas com a doença de Alzheimer costumam morrer de pneumonia?

Realmente a pneumonia é uma das principais causas de morte em pacientes com doença de Alzheimer.

O primeiro fator se relaciona com a idade uma vez que na maioria das vezes as pessoas acometidas são
idosas.

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O sistema imunológico normalmente está comprometido facilitando a ocorrência de infecções,
especialmente as respiratórias e urinárias.

O estado nutricional e o nível de hidratação também desempenham um papel decisivo .

É imperioso que esses pacientes estejam bem nutridos seja com o uso de suplementos ou com medidas
dietéticas eficazes.

A questão da comunicação se soma a esses fatores uma vez que podem não se queixar de frio,fome,
sede etc.

Nas fases mais adiantadas o paciente se movimenta menos, os sintomas motores começam a aparecer e
a imobilidade propicia a instalação de infecções pulmonares, muitas vezes fatais.

Esse fato demonstra a importância dos cuidados gerais uma vez que essa complicação pode ser evitada.

Como a doença de Alzheimer é tratada?

Não existe nenhuma droga que garanta a cura, ou que interrompa definitivamente o curso da doença de
Alzheimer.

Uma parcela dos doentes, especialmente nas fases iniciais e intermediárias, pode se beneficiar de alguns
medicamentos específicos.

Outros medicamentos podem ajudar a controlar distúrbios de comportamento, insônia, agitação, vagância,
ansiedade e depressão. O tratamento correto desses sintomas deixam o paciente e seu cuidador mais
tranqüilos e confortáveis. Há ainda uma outra gama de opções de drogas que podem colaborar no
retardamento da doença. Várias drogas encontram-se em experiência em laboratórios por todas as partes
do mundo.

Existe uma vacina contra a doença de Alzheimer?

Não há uma vacina disponível para a doença de Alzheimer. Essa abordagem está sendo investigada e é
muito promissora. A vacina estimularia o sistema imunológico para reconhecer, detectar e evitar a
formação das placas neuríticas e da deposição de amilóide, substância tóxica para os neurônios.

Os antiinflamatórios não hormonais podem tratar a doença de Alzheimer?

Existem fortes evidências de que a doença de Alzheimer está associada com processos inflamatórios
cerebrais e que esse tipo de droga pode ajudar.

Alguns cientistas defendem a tese de que pessoas com alto risco de desenvolverem a doença poderiam
evitar ou no mínimo retardar a evolução utilizando essa estratégia terapêutica. Casos de evolução muito
rápida seriam candidatos naturais a esse tipo de abordagem. Os efeitos colaterais são muitos e bastante
sérios fazendo com que esses pacientes devam ser acompanhados com muito cuidado e sob estrita
supervisão médica.

A reposição hormonal pode ser usada para tratar a doença de Alzheimer?

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Várias pesquisas estão sendo conduzidas no sentido de determinar se a administração de estrógenos
retarda a evolução e/ou reduz o risco de se desenvolver a doença.

Estudo recente concluiu que a administração de estrógeno em conjunto com progesterona aumentou o
risco da doença em duas vezes quando comparada com o grupo que não fez uso da medicação.

Existem compostos como as isoflavonas que mimetizam a ação dos hormônios femininos.

Parece que,por serem naturais ,obtidos através da soja,beneficiam os pacientes sem apresentar os efeitos
indesejáveis dos hormônios.

Mais estudos precisam ser realizados mas essa não deixa de ser uma opção interessante.

O colesterol alto representa algum risco para a doença de Alzheimer?

Recentemente alguns estudos sugerem fortemente a associação de níveis elevados de colesterol com a
doença de Alzheimer. Atualmente estão em curso estudos controlados para determinar se essa correlação
é verdadeira. Por outro lado, sabe-se que o colesterol sérico elevado é comprovadamente um importante
fator de risco para doenças cardiovasculares devendo ser tratado independente dessa possível
correlação.

É verdade que alguns nutrientes e vitaminas devem ser administradas em conjunto com o tratamento
convencional?

Existem demências relacionadas com níveis baixos de vitaminas do complexo B, especialmente a vitamina
B12, B1 e ácido fólico. Estudos recentes demonstraram que pacientes com doença de Alzheimer
apresentam níveis elevados de Homocisteína (substância passível de ser quantificada por exame de
sangue). Essa substância estaria relacionada com a teoria do “stress oxidativo” e seus níveis podem ser
controlados com orientação nutricional e/ou com a administração de folato. Com base nesse mesma teoria
,a suplementação de Vitamina C e de Vitamina E pode resultar em neuroproteção.

Como o familiar e cuidador (a) pode encontrar informações e ajuda sobre a doença?

A informação correta associada à solidariedade ainda são as armas mais poderosas no enfrentamento
dessa grave questão humana e de saúde pública. Um site foi construído exatamente para preencher essa
lacuna definitivamente www.alzheimermed.com.br

O Alzheimermed tem um compromisso inegociável com o tratamento correto da informação não apenas
para médicos e profissionais de saúde mas também para familiares e cuidadores que precisam de ajuda.
Além das informações básicas sobre todos os aspectos da doença, facilmente acessadas por assunto, o
Alzheimermed propicia e estimula a maior interação possível entre os que detém a informação e aqueles
que dela necessitam.

O Alzheimermed conta ainda com um poderoso instrumento: o fale com o especialista. Onde você coloca
sua dúvida e recebe prontamente uma orientação geral. Enfim, a missão do Alzheimermed é de ajudar. De
sempre ser solidário. De mostrar que existem pessoas que se importam. De mostrar que você não está só.

21. Estudo aponta que religião é fator preventivo contra depressão em idosos

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Resultados do estudo realizado pelo Instituto Israelita de Responsabilidade Social Albert Einstein com
mais de 500 idosos da comunidade judaica, ao longo de um ano, revelam que a depressão atinge homens
e mulheres na mesma proporção, estando presente em 33% dos participantes. Outro dado revela ainda
que 41% não possuem esperança. Por outro lado, constatou-se que 80% daqueles que não são
deprimidos possuem compromisso com crença ou religião.

Iniciado em 2005, o Estudo Epidemiológico da Comunidade Idosa Judaica mapeou e monitorou a saúde
da população idosa, com objetivo de analisar os processos e fatores determinantes do envelhecimento da
população com mais de 60 anos. A avaliação global da saúde abordou aspectos como qualidade de vida,
religiosidade, independência, cognição, depressão, nutrição, atividade física, exame físico com 18
procedimentos (peso, estatura, Índice de Massa Corpórea, entre outros) e mais de 30 exames
laboratoriais como colesterol, hemograma e glicemia. Também foram aplicados questionários individuais e
em grupo.

Os resultados apontaram que idosos deprimidos possuem menor número de amigos nas atividades
religiosas, realizam menos práticas religiosas em relação aos não-deprimidos e têm tendência à
religiosidade extrínseca (caracterizada por vivência menos espiritualizada). Geralmente, esse hábito é
encontrado entre as pessoas que “herdam” sua crença religiosa, não existindo uma relação reflexiva
diante do ato de escolha religiosa. Neste caso, a divindade tende a ser olhada como um instrumento de
satisfação de desejos impulsivos ou egocêntricos. O estudo constatou que a religiosidade extrínseca está
presente em 40% dos idosos deprimidos e em apenas 20% dos idosos não-deprimidos.
Por sua vez, a prevalência de religiosidade intrínseca é um aspecto presente em quase 80% dos idosos
não-deprimidos. Esse tipo de religiosidade é compreendido como uma vivência mais espiritualizada, que
tende a transcender o conforto e a convenção social, em que há uma busca por um aumento do
compromisso com a crença ou religião.

“Sabemos que a população em geral está envelhecendo. No entanto, ainda há uma carência de estudos
populacionais no Brasil para compreender quem são e quais as necessidades dessas pessoas. Os
resultados desse levantamento apontam características epidemiológicas que poderão ser estendidas à
população paulistana acima de 60 anos, determinando ações preventivas para o controle das doenças
crônicas e também a forma mais adequada de gestão da saúde desse público. Por exemplo, a importância
da religiosidade como proteção contra a depressão abre novas possibilidades de atuação”, afirma o
geriatra Fábio Nasri, coordenador do projeto. “O perfil cultural homogêneo da amostra também permitirá
futuras comparações”, acrescenta.
Fonte: http://www.hospitalar.com/cientificas/not0097.html

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21. A China, os idosos e o desequilíbrio entre os sexos
13/12/2006

Enquanto vive um processo de queda abrupta das taxas de natalidade, a China – o país mais populoso do
mundo, com 1,3 bilhão de habitantes - está envelhecendo: em 2005, a quantidade de chineses com 60
anos ou mais correspondia a 11,3% da população, ou cerca de 147 milhões de pessoas. Em 2010, essa
fatia deve aumentar para 12,57% da população, ou 174 milhões de pessoas. Os números são da
Comissão Nacional de População e Planejamento Familiar, responsável pela política do filho único desde
a década de 80.

Paralelamente a isso, destaca-se uma contradição: a falta de boas condições de vida para os mais velhos,
num país em que previdência, para muitos, significa ser sustentado pelo filho – isso somente se ele tiver
nascido homem - e o controle de natalidade é rígido e permite apenas um filho por casal, com exceções
para determinados casos e regiões.

Segundo reportagem do jornal O Globo de julho deste ano, o número de idosos que recebem
aposentadoria na China se limita a 48 milhões, de acordo com o governo do país. Essas pessoas se
concentram nas grandes cidades. O sistema previdenciário urbano existe somente desde 1997. Os
empregadores contribuem com o equivalente a 20% do salário do funcionário, que por sua vez contribui
com 8%. Para se aposentar é preciso ter sido contribuinte por pelo menos 15 anos quando atingir a idade
mínima, que é de 60 anos para os homens, 55 anos para as mulheres filiadas ao Partido Comunista e 50
para as demais.

Pela tradição, filho homem cuida dos pais idosos

Ao limite de apenas um filho por casal imposto pelo governo chinês, associa-se a questão da grande
discrepância entre o número de homens e mulheres que compõem a população chinesa. A proporção
varia entre 100 meninas para cada 117 homens e 100 para cada 130, em determinadas regiões da China,
segundo o censo realizado no ano de 2000.

De acordo com a tradição chinesa, o filho homem cuida dos pais e os sustenta quando eles envelhecem, e
por ser mais forte pode também trabalhar na lavoura. Enquanto isso, as meninas, quando se casam, vão
embora de casa e não acompanham os pais na velhice. Há ainda a questão do dote: as mulheres
historicamente dão um dote para a família dos maridos – o que acaba associando o homem à riqueza e a
mulher ao prejuízo para a família.

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Nas áreas rurais, os casais que têm uma filha podem engravidar novamente, com o objetivo de ver se na
segunda vez nasce um menino. Nas áreas que contêm parques industriais, é permitido que casais tenham
dois filhos. Em qualquer lugar da China, casais podem engravidar uma segunda vez se tiverem o primeiro
filho com algum problema físico ou mental. A regra geral é de apenas um filho, desde 1979. O limite,
mesmo quando permitidas as exceções, é sempre de dois filhos por casal.

Para evitar o peso que recai sobre os filhos de sustentar os pais idosos por falta de um programa de
previdência social eficiente, o governo da cidade de Cantão vem pedindo, de forma inédita, que os casais
formados por filhos únicos tenham dois filhos. O objetivo é combater o rápido envelhecimento da
população e garantir mão-de-obra para algumas indústrias, que vêm enfrentando uma nunca vista falta de
empregados qualificados. Ao mesmo tempo, com a intenção de ajudar os filhos únicos que têm filho a
sentir menos o peso de sustentá-lo e ainda ser responsável por seus pais, o Comitê de Planejamento
Populacional e da Família de Cantão afirmou também que irá submeter à prefeitura uma proposta de
estabelecimento de uma linha de crédito subsidiada para as famílias com dificuldades de criar filhos.

A vontade dos casais de terem um bebê do sexo masculino e a rígida política de controle de natalidade
estão relacionados aos abortos freqüentemente cometidos quando os pais descobrem que o feto é do
sexo feminino - mesmo sendo ilegais o aborto e as esterilizações forçadas no país. Os médicos da China,
apesar de serem proibidos de identificar o sexo do bebê, não estão sujeitos a penalidade legal – apenas
administrativa -, pois não há nem mesmo a caracterização legal do que seria um aborto cometido pelo
conhecimento prévio do sexo do bebê.

Para mudar esse quadro, o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo (CNP) vem tentando
aprovar um projeto de lei que tornaria crime a identificação do sexo do feto. Há grupos, por outro lado, que
defendem o direito dos pais de saberem o sexo de seus filhos.

Se chegam a ter as filhas, casais não raro as largam na rua ou em orfanatos oficiais, onde se vê
pouquíssimos meninos. Além disso, o destino das meninas nascidas pode não ser dos melhores: os
cuidados com sua saúde costumam ser mínimos, em relação aos que um garoto receberia – o que parece
estar associado aos números da Organização Mundial de Saúde, segundo a qual a mortalidade de
crianças abaixo dos cinco anos de idade é de 27 em cada mil entre os meninos e de 36 em cada mil entre
as meninas.

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23. Idosos fogem da Holanda com medo da eutanásia
Asilo na Alemanha converte-se em abrigo para idosos que fogem da Holanda com medo de serem vítimas
de eutanásia a pedido da família. São quatro mil casos de eutanásia por ano, sendo um quarto sem
aprovação do paciente.

O novo asilo na cidade alemã de Bocholt, perto da fronteira com a Holanda, foi ao encontro do desejo de
muitos holandeses temerosos de que a própria família autorize a antecipação de sua morte. Eles se
sentem seguros na Alemanha, onde a eutanásia tornou-se tabu depois que os nazistas a praticaram em
larga escala, na Segunda Guerra Mundial, contra deficientes físicos e mentais e outras pessoas que
consideravam indignas de viver.

A Holanda, que foi ocupada pelas tropas nazistas, ao contrário, é pioneira em medidas liberais
inimagináveis na maior parte do mundo, como a legalização de drogas, prostituição, aborto e eutanásia. O
povo holandês foi o primeiro a ter o direito a morte abreviada e assistida por médicos. Mas o medo da
eutanásia é grande entre muitos holandeses idosos.

Estudo justifica temores – Uma análise feita pela Universidade de Göttingen de sete mil casos de
eutanásia praticados na Holanda justifica o medo de idosos de terem a sua vida abreviada a pedido de
familiares. Em 41% destes casos, o desejo de antecipar a morte do paciente foi da sua família. 14% das
vítimas eram totalmente conscientes e capacitados até para responder por eventuais crimes na Justiça.

Os médicos justificaram como motivo principal de 60% dos casos de morte antecipada a falta de
perspectiva de melhora dos pacientes, vindo em segundo lugar a incapacidade dos familiares de lidar com
a situação (32%). A eutanásia ativa é a causa da morte de quatro mil pessoas por ano na Holanda.

Margem para interpretação fatal – A liberalidade da lei holandesa deixa os médicos de mãos livres para
praticar a eutanásia de acordo com a sua própria interpretação do texto legal, na opinião de Eugen Brysch,
presidente do Movimento Alemão Hospice, que é voltado para assistência a pacientes em fase terminal,
sem possibilidades terapêuticas. Para Brysch soa clara a regra pela qual um paciente só pode ser morto
com ajuda médica se o seu sofrimento for insuportável e não existir tratamento para o seu caso. Mas na
realidade, segundo ele, esta cláusula dá margem a uma interpretação mais liberal da lei.

Uma conseqüência imediata das interpretações permitidas foi uma grande perda de confiança de idosos
da Holanda na medicina nacional. Por isso, eles procuram com maior freqüência médicos alemães,
segundo Inge Kunz, da associação alemã Omega, que também é voltada para assistência a pacientes
terminais e suas respectivas famílias.
A lei determina que a eutanásia só pode ser permitida por uma comissão constituída por um jurista, um
especialista em ética e um médico. Na falta de um tratamento para melhorar a situação do paciente, o
médico é obrigado a pedir a opinião de um colega. Mas na prática a realidade é outra, segundo os críticos
da eutanásia e o resultado da análise que a Universidade de Göttingen fez de sete mil casos de morte
assistida na Holanda.

Fonte: http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1050812,00.html
MDV - MOVIMENTO EM DEFESA DA VIDA
www.defesadavida.com.br

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23. Origem do DIA DO IDOSO - 27 de setembro

O Dia Nacional do Idoso foi estabelecido em 1999 pela Comissão de Educação do Senado Federal e
serve para refletir a respeito da situação do idoso no País, seus direitos e dificuldades.

A população no mundo está ficando cada vez mais velha e, segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), por volta de 2025, pela primeira vez na história, haverá mais idosos do que crianças no planeta.

O Brasil, que já foi celebrado como o país dos jovens, tem hoje cerca de 13,5 milhões de idosos, que
representam 8% de sua população. Em 20 anos, o País será o sexto no mundo com o maior número de
pessoas idosas. O dado serve de alerta para que o governo e a sociedade se preparem para essa nova
realidade não tão distante.

O avanço da medicina e a melhora na qualidade de vida são as principais razões dessa elevação da
expectativa de vida em todo o mundo. Apesar disso, ainda há muita desinformação sobre as
particularidades do envelhecimento e o que é pior: muito preconceito e desrespeito em relação às pessoas
da terceira idade, principalmente nos países pobres ou em desenvolvimento. No Brasil, são muitos os
problemas enfrentados pelos idosos em seu dia-a-dia: a perda de contato com a força de trabalho, a
desvalorização de aposentadorias e pensões, a depressão, o abandono da família, a falta de projetos e de
atividades de lazer, além do difícil acesso a planos de saúde são os principais.

Segundo pesquisa do IBGE, em 1999, apenas 26,9% do total de idosos no País possui algum plano de
saúde, sendo que em algumas regiões como o Nordeste essa taxa ainda cai para 13%. As mulheres são
ainda mais afetadas, porque vivem mais tempo e, em geral, com menos recursos e menos escolaridade.

Diante desse quadro, o governo brasileiro precisa elaborar, o mais rápido possível, políticas sociais que
preparem a sociedade para essa mudança da pirâmide populacional.

(Fonte: Jornal A Voz da Serra, de Nova Friburgo-RJ).

Em Portugal, o dia do idoso é comemorado no primeiro dia do mês de Outubro.

22. Campanha da Fraternidade

A possibilidade de chegar aos 100 anos nunca foi tão grande.


O progresso está prolongando a vida, mas criando também
diversos e grandes desafios:

o que fazer com esta legião de idosos e idosas?


Como garantir-lhes uma velhice saudável?
Será que vale a pena viver tanto?

A Campanha da Fraternidade 2003 quer ajudar a sociedade e


a Igreja a refletir e a agir para que haja uma real preocupação
com a velhice, a etapa mais longa da existência humana, para

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que seja marcada pela vida, pela dignidade e pela esperança.

A VELHICE

Ter vida longa sempre foi uma aspiração da humanidade e, viver bem, um direito do ser
humano
Todos querem viver mais, mas ninguém quer ficar ou ser considerado velho. Todos
gostam de serem vistos como novos. Novos no corpo e novos na mente. Novos no
coração e com capacidade de amar.

O BRASIL É UM PAÍS JOVEM?

O Brasil é caracterizado como um país jovem, no


entanto, sua população está mudando de cara. O país
está ficando mais velho, e de forma rápida, bem mais
veloz do que em outros países. A população com mais
de 60 anos aumentou de 4%, em 1940, para 8,6%, em
2000. Hoje, são mais de 15 milhões, sendo que, em
2020, a população com mais de 60 anos atingirá a
cifra de 15% (33 milhões, 6 vezes a população da
Dinamarca).

Causas do envelhecimento da população:

• Diminuição da taxa de fecundidade das mulheres que, de uma média de 6 filhos, em


1960, em 1991 já baixava para 2,5

• Aumento da longevidade. No ano de 1980, era de 57,2 anos para o homem e 64,3 para
a mulher, enquanto que, em 2000, já era de 64,8 anos para o homem e 72,5 anos para a
mulher.

Portanto, em vinte anos, a estimativa de vida aumentou 7,6 anos para o homem e 8,2
anos para a mulher.

Outros fatores que influenciam no envelhecimento da população: redução da


mortalidade, melhoria de infra-estrutura sanitária, avanços científicos, etc.

SITUAÇÃO DOS IDOSOS

Que bom, hoje o ser humano vive mais, mas a


sociedade ainda não conseguiu atender
adequadamente a esta parcela da população.
Portanto, embora o aumento da longevidade
seja uma conquista da humanidade, o
envelhecer com qualidade de vida é um dos
grandes desafios da sociedade moderna.
Delicada é, de fato, a situação do idoso em

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nossas famílias e no seio da sociedade de consumo que, com seu espírito de
produtividade, rendimento e eficiência, considera um peso a presença do idoso.

O envelhecimento da população é um fenômeno mundial. Isso traz importantes


repercussões no campo social e econômico. É o que acontece no Brasil, onde a infra-
estrutura que atende a essa população é precária, no que diz respeito a serviços,
programas sociais e de saúde, particularmente para os idosos de baixa renda.

O Brasil, que sempre se considerou um país jovem, não se preparou para a realidade de
15 milhões de sexagenários, um em cada dezesseis habitantes.

A aposentadoria, conquista que deveria proporcionar um tempo de descanso e de


realização de antigos sonhos, para a maioria dos idosos significa uma grave queda do
poder aquisitivo, dificultando assim o pagamento do aluguel, da alimentação e dos
remédios. Esta situação piora ainda mais quando as famílias se encontram sem
condições de cuidar de seus anciãos.

CULTO AO CORPO

Hoje existe um verdadeiro culto ao corpo. Multiplicam-se assim as academias de


ginástica, as cirurgias plásticas, os cosméticos e as drogas que prometem milagres.

A idéia subjacente a essas práticas é a de que a velhice feliz consiste em parecer jovem,
o que leva muitos idosos a valorizarem a juventude que possuíram, vivendo do passado
e desconhecendo os valores da sua própria velhice que ainda poderia ser repleta de
vivências e realizações.

Nota-se também que, enquanto a ciência prolonga a vida do ser humano, a sociedade
desestimula a participação da população idosa nos processos socioeconômicos e
culturais. O mesmo diga-se do desinteresse dos meios de comunicação pela causa dos
idosos.

A pressão social atua para negar a velhice enquanto tal, valorizando a pessoa que
consegue disfarçá-la fisicamente (velhos “bem conservados”) e/ou psicologicamente
(velhos “de espírito jovem”).

INCAPACIDADE OU EXPERIÊNCIA?

Nesse sentido, são as gerações mais novas que designam aos idosos seu lugar, status e
papel. Na sociedade industrializada ocidental, o idoso quase não é ouvido e salienta-se,
antes de tudo, a incapacidade mais do que sua experiência. Alega-se que a velhice traz
prejuízos à saúde física e mental.

Por detrás dessas concepções fica evidente uma visão reducionista da pessoa humana,
que só vale pelo que produz, e não pelo que é. Diga-se porém que esta discriminação
acontece quase que exclusivamente com os mais pobres, pois são inúmeros os casos de
dirigentes idosos que se mantêm longamente no poder.

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Uma vez que o ancião se retira do mundo do trabalho, simultaneamente se afasta
daquilo que dá sentido e prestígio nessa sociedade: o processo de produção.
Conseqüentemente, ao invés de ser respeitado e valorizado, ele é tratado como criança,
pessoa sem incidência efetiva. Trata-se de uma verdadeira conspiração silenciosa contra
a velhice.

Mas nem sempre é assim, pois, em outros tipos de sociedade, encontramos os papéis
inversos: os idosos são honrados por causa de sua rica experiência, tendo assim uma
participação importante.
Fica claro, portanto, que uma das preocupações em relação aos idosos e à socieda de
que envelhecerão deve ser a valorização dos talentos da terceira idade. Valorizando a
capacidade que ainda possuem e estimulando seus dons, certamente eles “envelheçeraõ
vivendo, e não vivam envelhecendo”.

PERIGOS DA VELHICE

A velhice, como todas as etapas do desenvolvimento humano traz consigo uma situação
de crise existencial. Essa crise se apresenta em três dimensões:

• Crise de identidade: necessidade de novas relações consigo mesmo, com as demais


pessoas e com o mundo dos valores.

A capacidade de se aceitar, de estar de bem com a vida, é fundamental para uma vida
saudável.

• Crise de autonomia: Ser “dependente”, receber e não poder dar é, para muitos, uma
idéia terrível, uma lição difícil de aprender.

• Crise de pertença: necessidade de novas relações com a sociedade. É preciso


substituir os papéis sociais que vão se perdendo por outros, adequados ao próprio
estado de vida, para não se cair na frustração. Daí a necessidade de estratégias de
socialização dos idosos que, pelo fato de não irem mais trabalhar, desfazem-se do
relacionamento com uma porção de companheiros.

Às vezes chega a viuvez e a solidão aumenta, já que a comunidade não valoriza mais a
sua participação. A este ponto não é de se estranhar que alguns idosos entrem em
estado de depressão.

UM PRÊMIO!

A vida longa é um prêmio. A velhice pode ser um tempo de intenso desenvolvimento


social e espiritual. Não há nada que justifique a exclusão dos velhos.

Quem envelhece não deseja que sua vida sofra uma contração, pois, apesar das perdas,
das dificuldades e dos problemas, o idoso quer viver, contando com a ajuda de sua
experiência e ser premiado por ter lutado sempre.

Mas isso não é automático. Para pensar a velhice do futuro, é preciso muita criatividade.

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O tempo do velho deve ser reinventado.

Os exemplos não faltam. Basta observar as portas das escolas infantis e das creches.
Quem leva as crianças e quem vai buscá-las? Quem as alimenta e cuida delas quando
os pais trabalham? Quem vai à feira e ao supermercado? Quem põe seu lar à disposição
dos filhos que não têm casa?

Mas, lamentavelmente, esse ser disponível, com trabalho e sem salário, quando
necessitado, infelizmente e injustamente é considerado um peso.

Fonte: Texto-Base 2003


Mauri Heerdt

23. ESPIRITUALIDADE DA
TERCEIRA IDADE
Esta é uma das áreas mais esquecidas no campo do envelhecimento: uma
espiritualidade para os mais anciãos. Se houve grandes progressos na medicina,
nutrição, transporte e outros fatores ligados aos idosos, o mesmo não se pode dizer da
teologia, da filosofia ou da ética.

É preciso explorar melhor as dimensões mais profundas do envelhecimento e oferecer-


lhe uma espiritualidade que dê sentido à vida humana neste momento mais difícil.

Entre as principais características para uma espiritualidade da Terceira Idade, podemos


destacar:

A assistência religiosa: Cultivar a religiosidade do idoso é ajudá-lo a descobrir os valores


humano-religiosos de sua idade e a viver esse tempo de sua existência na serenidade e
na paz que só Deus sabe dar. É ajudá-lo a descobrir que mesmo os sofrimentos podem
ser ocasião de crescimento interior, tanto para quem sofre como para os outros.

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Otimismo e realismo: Encarar a realidade com clareza e coragem. A fé e a esperança
nos ensinam a olhar para a frente, para a estrada que ainda temos que percorrer.

Contemplação: uma espiritualidade mais plena exige a abertura para a contemplação:


saber parar, refletir, encontrar a Deus na oração e na prática da caridade.

Celebrar: esta idade pode trazer grandes alegrias, tais como chegar às bodas de ouro,
ver os filhos se realizarem, ter velhos amigos. Isso tudo pode se tornar motivo de festa e
celebração.

Autocompreensão: é fundamental aceitar a própria realidade. Aceitação que não significa


resignação, mas aquela atitude e dignidade que vem da consciência esclarecida do
processo natural da vida.

Relacionar-se: A felicidade dos idosos depende muito do entrelaçamento de relações


estabelecidas com o cônjuge, com os filhos e netos e também no interior da sociedade
mais ampla: amigos, vizinhos...

Conviver é contribuir: Para que a velhice não seja vazia e monótona, é preciso continuar
a perseguir ideais que dêem sentido à vida: dedicação a instituições, trabalho social e
político, intelectual... O amor é o critério último para o discernimento de toda autêntica
espiritualidade, em qualquer idade.

Ser um eterno aprendiz: a assimilação de novos conhecimentos, atitudes e hábitos pode


ocorrer em qualquer idade.

PARA OS AMIGOS DOS ANCIÃOS

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Já faz muitos anos que nasci.
Muitas coisas boas e ruins aconteceram na minha vida, mas não estou cansado de viver!
A vida nunca cansa, porque é amor, e o amor não cansa e nem se cansa de amar.
Senhor!
Não sei quanto tempo tenho ainda para viver, mas tudo aceito como dom precioso de
tuas mãos.
Quero só o que tu queres, e só desejo o que tu, Senhor, desejas para mim.
Senhor!
Às vezes sinto que o meu corpo está cada vez mais frágil, mas, de tudo isto, não tenho
medo e nem quero ter, porque tu, Senhor, és meu Pastor e nada me falta.
Senhor!
Se não posso enxergar com os olhos do corpo, que possa ver com os olhos da fé.
Se os meus pés não podem mais andar, que eu seja peregrino e missionário no exercício
do amor.
Se nada posso fazer que exija força, que eu tenha plena confiança na tua bondade.
Senhor!
Dai-me a força da esperança para crer no amanhã.
Que eu sirva somente de estímulo para todos os que
de mim se aproximarem.
Que eu seja, com a tua força e a proteção de Maria,
um idoso experiente e alegre.
Nada de amargura e raiva esteja em mim.
Senhor!
Dai-me a alegria de ver os jovens realizarem seus
ideais, e que eu saiba oferecer-lhes os meus.
Que tenha a consciência da minha missão de ser
fermento, sal e luz.
Que os jovens, olhando para mim, já experiente na
vida, possam sentir e descobrir que vale a pena viver,
com amor radical, o dom da vida.
Senhor!
Não estou cansado de viver!
Quero viver com alegria!
Quando e como Tu quiseres, quero partir deste mundo...
Se viver neste mundo é tão bom, sem dúvida será bem melhor viver contigo por toda
eternidade. Amém!

Frei Patrício Sciadini

A família é o lugar onde os idosos têm o direito de se sentirem em casa.


Não permita que eles “chorem” hoje, para que amanhã você venha a
amargar um futuro sem sentido.

Só o amor é capaz

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de superar os conflitos
de idade e de mentalidade

PARA REFLETIR

1 - Que lugar ocupam os idosos em nossa família?

2 - Nós escutamos o passado dos idosos?

3 - Admitimos e respeitamos o presente dos idosos?

4 - Atendemos as necessidades dos idosos?

24. TESTAMENTO e INVENTÁRIO


Se nos relacionamos com pessoas e coisas ao longo de nossa vida para formar um patrimônio,
com a morte, esse patrimônio será transferido aos nossos herdeiros. Dessa sucessão aos
herdeiros cuida o Direito das Sucessões.

No relacionamento das pessoas entre si para celebrar contratos (Dir das Obrigações) e do relacionamento
das pessoas com as coisas para adquirir propriedade (Direito Real), formamos um patrimônio, por isso, o
Direito Civil é conhecido como o “direito dos ricos”.

Propriedade e herança são dois direitos que estimulam a capacidade produtiva das pessoas, em benefício
direto da família e indireto da sociedade como um todo.

Quem vai primeiro se beneficiar com o nosso trabalho será os familiares.

A expressão sucessão em direito, ela pode ser tanto inter vivos, como mortis causa. A sucessão inter
vivos interessa ao direito obrigacional/contratual.

A sucessão que nos interessa agora é a sucessão “mortis causa”, ou seja, em decorrência da morte.

Art. 1786 do CC – A sucessão “mortis causa” se dá 1º - por lei ou 2º - por disposição de última vontade.

A sucessão por lei é a sucessão legal.

A sucessão por disposição de última vontade é a sucessão testamentária.

Toda sucessão ou é decorrente da lei ou do testamento, ou então decorrente dos dois.

Na sucessão por lei quem determina para quem vão os bens é a lei: 95% das sucessões em nosso país
são legais.

Já a sucessão testamentária é exceção em nosso costume, se dá por disposição de última vontade =

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testamento. Todavia, mesmo havendo testamento, a lei vai limitar essa liberdade de testar para resguardar
os familiares mais próximos que são os filhos e o cônjuge.

Por que a sucessão testamentária é rara?

1°) a gente nunca acha que vai morrer.


2°) Se a gente morre sem testamento, os nossos bens vão para nossos filhos, a quem mais queremos
bem, então não precisamos testar.
3°) Pela burocracia, despesa em cartório.

Esses 3(três) argumentos nos levam a desprezar o testamento. Mas há um novo artigo do CC de 2002
que pode aumentar os testamentos, porque agora, o cônjuge herda em igualdade com nossos filhos. Uma
coisa é deixar seus bens para os filhos, outra coisa é deixar para os cônjuges em condições de igualdade
com os filhos, especialmente nos casamentos desgastados. O tempo irá dizer se agora as pessoas mal
casadas vão ter a preocupação de testar para beneficiar os filhos mais do que o cônjuge.

Na sucessão legal, não há testamento ou ele foi anulado, teremos sempre a figura dos herdeiros que são
aqueles que sucedem a título universal, porque tanto recebe os créditos como os débitos, até o limite da
herança.
Na sucessão testamentária, deveremos encontrar herdeiros sucedendo a título universal, mas poderemos
encontrar legatários, porque estes sucedem a título singular, ou seja, legatário não responde pelas dívidas
do falecido.

Com base na cláusula testamentária, se o testador deixa a exemplo 1\3 do seu patrimônio, ou 10% deste
patrimônio para alguém, está testando a título universal, mas se deixa coisas individualizadas,
especificadas: casa na praia, colar de diamantes, etc., está testando a título singular.

O herdeiro assume a posse logo, já o legatário não assume, só assume no final do processo de inventário,
quando se verificar que a herança é solvível, ou seja, pode pagar as dívidas do falecido.

Art. 1784 do CC – Destaca-se: a herança transfere-se logo aos herdeiros, o legado não se transfere logo.
Se a herança não pagar as dívidas, o legatário não vai receber seu colar de diamantes.

É vantagem ser legatário porque não responde pelas dívidas da herança, em compensação só entra na
posse após se verificar que a herança é solvível; ressalto que herdeiro só paga as dívidas do falecido
dentro dos limites da herança, afinal ninguém herda só dívida.

Parágrafo 1° art. 1923 do CC – depende da herança ser solvível.

De acordo com a Nova Lei 11.441/2007, altera alguns dispositivos da Lei 5.869/73 do C.P.C,
possibilitando a realização de inventário por via administrativa. Abaixo a Lei na íntegra:

LEI Nº 11.441, DE 4 DE JANEIRO DE 2007

Altera dispositivos da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, possibilitando a
realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa.

OPRESIDENTEDAREPÚBLICA

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Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Os arts. 982 e 983 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, passam a
vigorar com a seguinte redação:
"Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem
capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá
título hábil para o registro imobiliário.
Parágrafo único. “O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem
assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura
constarão do ato notarial." (NR)
"Art. 983. O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da
abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subseqüentes, podendo o juiz prorrogar tais
prazos, de ofício ou a requerimento de parte.
Parágrafo único. (Revogado). (NR)
Art. 2º O art. 1.031 da Lei nº 5.869, de 1973 - Código de Processo Civil, passa a vigorar com a seguinte
redação:
"Art. 1.031. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos do art. 2.015 da Lei n o
10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, será homologada de plano pelo juiz, mediante a prova da
quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, com observância dos arts. 1.032 a
1.035 desta Lei.
...............................................................................................” (NR)
Art. 3º. A Lei nº 5.869, de 1973 - Código de Processo Civil, passa a vigorar acrescida do seguinte art.
1.124-A:
"Art. 1.124-A. A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes
do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura
pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão
alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção
do nome adotado quando se deu o casamento.
§ 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro
de imóveis.
§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por advogado comum
ou advogados de cada um deles, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
§ 3º A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as penas
da lei.
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 5º Revoga-se o parágrafo único do art. 983 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de
Processo Civil.
Brasília, 4 de janeiro de 2007; 186º da Independência e 119º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Márcio Thomaz Bastos

Vida Saudável
Dicas relacionadas à nutrição para a sua saúde

30. Dieta para envelhecer bem e com saúde


por Jocelem Salgado

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Quando falamos em nutrição de idosos no Brasil temos um
cenário desanimador. Segundo dados da Pesquisa Nacional Alimentação equilibrada é fundamental
sobre Saúde e Nutrição (PNSN), estima-se que no nosso país para que as pessoas envelheçam bem,
existam cerca de 1,3 milhões de idosos com baixo peso, sendo com boa capacidade de gerir sua
que a desnutrição representa, atualmente, mais de 35% nos própria vida de forma autônoma, com o
registros de mortes de idosos nas regiões metropolitanas. mínimo de limitações físicas e mentais

Um estudo desenvolvido na Unicamp confirmou que os idosos não estão se alimentando como
deveriam. A pesquisa, resultado da tese da Dra. Glaucia Maria Navarro de Abreu Ruga avaliou os
hábitos alimentares de 94 pessoas com idade entre 55 e 83 anos. Os resultados mostraram que dois
terços das pessoas não se alimentavam adequadamente e que havia um consumo insuficiente de cálcio,
magnésio, zinco, vitamina B6 e ferro. A quantidade média de calorias por dia era de apenas 900, dieta
digna de top model, quando o valor recomendado para essa faixa etária é cerca de 1.500 calorias
diárias. O estudo mostrou também que o consumo de fibras era muito baixo, o que gerava queixas
freqüentes de problemas intestinais. A preferência dos idosos por alimentos industrializados prontos,
mais fáceis de preparar, foi considerada a maior responsável pelas carências nutricionais.

Mais idosos

De acordo com dados do IBGE, estima-se que em 2050 o número de idosos no Brasil será igual ao
número de jovens: as pessoas com mais de 60 anos, que hoje representam cerca de 5% da população,
serão 18%, mesma porcentagem dos que terão entre zero e 14 anos. Em pouco mais de quatro
décadas, o número de pessoas com 80 anos ou mais chegará a aproximadamente 13,7 milhões.

Esses números mostram que o país precisará investir em políticas públicas tanto para criar condições de
oferecer atendimento médico adequado a essa população como para divulgar a importância dos hábitos
saudáveis para a obtenção de uma qualidade de vida superior. Principalmente porque em outro espectro
encontramos também idosos obesos, que ao contrário daqueles avaliados pelo estudo da Unicamp,
exageram no consumo de calorias diárias, consomem grandes quantidade de gorduras e açúcares e não
praticam nenhuma atividade física.

As conseqüências de todo esse desequilíbrio alimentar (falta ou excesso de nutrientes) tem causado um
avanço assustador de doenças que debilitam e matam anualmente milhares de brasileiros. De acordo
com o relatório "Preventing Chronic Disease : a vital investment" da Organização Mundial de Saúde,
divulgado em outubro de 2005, doenças crônicas não transmissíveis como as cardiovasculares,
diabetes, câncer, entre outras, são responsáveis por 72% de todas as mortes no Brasil. Isso equivale a
928 mil mortes/ano de um total de 1.289 milhões de mortes e representa um prejuízo anual de US$ 3
bilhões ao nosso país.

Viver melhor

Bons alimentos ajudam a envelhecer melhor. Por isso, é importante ter uma alimentação equilibrada e
saudável desde criança para chegar em plena forma à maturidade. Contudo, modificações nos hábitos
alimentares e a prática de exercícios físicos podem trazer também grandes benefícios mesmo para as
pessoas que já chegaram à meia-idade e nunca tiveram um estilo de vida saudável. Sempre há tempo

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para tentar reverter a situação.

Veja algumas dicas para quem quer envelhecer bem e com saúde:

- Calorias: a partir dos 55 anos o metabolismo torna-se mais lento e com isso o risco de se perder massa
magra (músculos) e ganhar gordura corporal é maior. A necessidade de calorias diminui para homens
(cerca de 600 calorias/dia a menos) e mulheres (cerca de 300 calorias/dia a menos). Procure diminuir o
consumo de alimentos energéticos e pouco nutritivos, como doces, refrigerantes, alimentos gordurosos,
frituras, massas.

- Carboidratos: Não exagere, dê preferência aos carboidratos presentes em grãos integrais como trigo
integral, aveia, centeio, e leguminosas como a soja e o feijão. O ideal é que os idosos consumam quatro
porções diárias: pão integral no café da manhã e no lanche e arroz integral com feijão no almoço e na
jantar, por exemplo.

- Proteínas: Você não pode deixar faltar proteínas em sua alimentação. Elas ajudam a manter a
musculatura e reforçam o sistema imunológico. O ideal é consumir cerca de 0,8 a 1,0g de proteína por
quilo de peso ao dia. Assim, uma pessoa que pesa 60 kg, deve consumir algo em torno de 60g de
proteínas ao dia. Peixes, aves sem pele, carnes magras, laticínios desnatados, e leguminosas como
feijão, soja, grão de bico, ervilhas e lentilhas são as melhores fontes de proteínas para as pessoas de
meia idade. A clara do ovo pode ser consumida todos os dias, enquanto que a gema é indicada apenas
3 vezes por semana. No quesito proteínas, uma novidade fica por conta do colágeno hidrolisado, uma
proteína que já está disponível no mercado e que promete repor parte do colágeno corporal perdido com
o avançar da idade.

- Gorduras: Muito cuidado com elas - os idosos têm mais dificuldade que os jovens em se livrar delas.
Em quantidades adequadas formam hormônios, enzimas, etc. Em excesso acumulam-se nos tecidos
adiposos aumentando o peso, e o que é pior, facilitam a deposição do colesterol nas artérias, causando
obstrução e aumentando o risco de infartos. Consuma com moderação gorduras saudáveis como
aquelas presentes no azeite de oliva, castanhas, abacate e óleos de peixes marinhos, canola, milho e
girassol.

- Vitaminas e minerais: Encontrados em todos os alimentos, mas em quantidades excepcionais nas


hortaliças e frutas. A menos que haja alguma restrição médica, pode-se comer esses alimentos à
vontade. Recomenda-se pelo menos quatro porções de verduras e legumes e três de frutas todos os
dias, variando ao longo da semana de forma que vários tipos de vitaminas e minerais possam ser
consumidos.

- Água: A necessidade de água aumenta com a idade, até porque os rins nem sempre funcionam tão
bem. Tome de sete a oito copos por dia. Você ainda se beneficia com a melhora na digestão e evita
prisão de ventre.

- Não fique sem comer, nem substitua refeições por chá com torradas ou sanduíches. O ideal é fazer
cinco ou seis pequenas refeições equilibradas por dia.

- Cuidado com o sal. Com o passar da idade, existe uma menor percepção do sabor salgado, e isso
pode fazer com que as pessoas utilizem mais sal na comida do que devem. Um perigo para quem tem
pressão alta. A dica é caprichar nas ervas e condimentos naturais, que acentuam o sabor em vez de

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salgar demais.

- Não descuide das fibras na alimentação: a ausência delas colabora com a prisão de ventre, que é
freqüente nessa idade. Trocar o pão e o arroz brancos por suas versões integrais, ou fazer um belo prato
de mamão com aveia no café da manhã, são jeitos fáceis de aumentar a quantidade de fibras na
alimentação.

- Lembre-se: A alimentação equilibrada é fundamental para que as pessoas envelheçam bem, com boa
capacidade de gerir sua própria vida de forma independente e autônoma, com o mínimo de limitações
físicas e mentais.

Informações podem ser obtidas no site http://www.hcanc.org.br/dmeds/psiq/psic2.html.

31. EXTRATO NA ÍNTEGRA DE ARTIGO CIENTÍFICO  


 
CATTANI, R. B.; GIRARDON-PERLINI, N. M. O. - Cuidar do idoso doente no domicílio na voz de
cuidadores familiares. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 02, 2004. Disponível em
www.fen.ufg.br

 "Categoria 1. Ser cuidador familiar: uma opção ou uma obrigação?

Definir quem será o cuidador familiar de um idoso doente no domicílio constitui-se numa situação em que
a família, na maioria das vezes, necessita reorganizar-se e negociar possibilidades, que incluem
identificar, conforme o parentesco, a disponibilidade de tempo e o desejo pessoal, quem poderá assumir
essa tarefa.

A partir das informações obtidas junto aos colaboradores deste estudo percebemos que o grau de
parentesco tem influência decisiva na escolha de quem irá cuidar, ou seja, quanto mais próxima for a
relação familiar, mais chances tem esta pessoa de vir a ser a responsável pelo cuidado do idoso,
conforme descrito na literatura.

Alguns entrevistados referiram que assumiram o cuidado do idoso doente porque entendem ser uma
obrigação matrimonial, tanto de esposo como de esposa, pois uma vez casados constitui-se em dever um
cuidar do outro até o fim da vida. Atribuem esta responsabilidade ao acordo firmado perante Deus, por
ocasião do matrimônio, em que se comprometeram a partilhar alegrias e tristezas, além de estarem juntos
na saúde e na doença, conforme pode ser evidenciado nas seguintes manifestações:

“A senhora sabe que antigamente a gente, tendo, casado, fez aquele juramento pra Deus e as coisas
assim, nas horas boas e nas horas ruins, a gente tem que estar sempre junto, pra cuidar, eu tenho que
cuidar, o que eu vou fazer, abandonar não dá”.” (He-man)

Esta obrigação também é mencionada por aqueles que tem uma vida em comum, que mesmo não tendo
formalizado a sua união de acordo com um ritual religioso ou num contrato civil, sentem-se com o mesmo
tipo de responsabilidade.

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“Penso assim que, que eu tenho que cuidar dele, porque estou junto com ele. É meu companheiro, então
tenho que cuidar”. (Shenna)

Em investigação realizada por SILVA (1995) na qual buscou conhecer as relações de gênero e poder
entre cuidadoras – mulheres e pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral (AVC) e que
perderam sua independência, constatou que para algumas cuidadoras a “opção” de cuidar é vista como
uma obrigação que está embutida no seu papel de esposa, estando relacionado ao projeto de vida do
casal, já que o casamento se constitui em um projeto de vida comum que inclui a questão do cuidado pelo
outro.

Associado ao fato de cuidar como uma função inerente ao casamento, evidencia-se que também existe
um componente afetivo que conduz essa atuação e contribui para que um cônjuge cuide do outro: o
sentimento de carinho, de gostar do outro, como pode ser percebido nesta fala:

“Mas porque, é meu esposo, a gente cuida, é uma pessoa que a gente quer bem, a gente cuida nem que
não seja esposa, que seja mãe, cuida, Não há como um porque, não há uma obrigação eu acho, e sim
gostar da pessoa. Eu acho que, que mais que obrigação é um dever que a gente tem, um cuidar do outro,
tem que ser, quando não der mais, terá que se arrumar uma pessoa mais”. (Sherra)

O cuidar se apresenta como uma manifestação de afeto, pois como diria o poeta, “quem ama, cuida”, e a
concepção popular de amar remete a essa forma de compromisso com o outro. Na língua portuguesa
cuidar denota “aplicar a atenção; o pensamento; ter cuidado com os outros e consigo mesmo; tratar de
assistir”, dentre outros sinônimos (FERREIRA, 1999,  p. 589).

Embora a cuidadora refira-se ao afeto como motivação para cuidar, evidencia-se que cuidar de seu
esposo também é um dever, mais que uma obrigação, podendo se notar o expressivo traço cultural, no
qual sendo esposo, tem que ficar junto e dedicar-se na realização dos cuidados. Assim, podemos
depreender que o componente afetivo apresenta-se como um fator importante e influencia na escolha do
cuidador, porém este estará acompanhado de valores impostos pela cultura familiar, ou seja, os direitos,
deveres e obrigações dos membros da família.

Dever é definido como se ter obrigação ou necessidade de; ser devedor de; aquilo a que se está obrigado
por lei, pela moral, pelos costumes, incumbência ou obrigação; sendo que obrigação é definida como
dever; imposição; tarefa necessária; compromisso; motivo de reconhecimento; favor; serviço; preceito...
(FERREIRA, 1999). Assim, quando o cuidador se refere a seu dever ou a sua obrigação, podemos
considerar que este está se referindo a uma obrigação moral determinada, expressa em uma regra de
ação, que nesse caso é o cuidar.

Culturalmente, a sociedade espera essa atitude dos casais e, segundo KARSCH (1998), para cuidadoras
esposas, o ato de cuidar está embutido no seu papel de mulher casada, a partir do compromisso
assumido e selado desde o momento do matrimônio. Este compromisso associa-se a valores como
responsabilidade e obrigação e o dever como um sentimento natural e subjetivo. Cuidar do companheiro,
enquanto puder, enquanto tiver forças, tem uma representação para os cuidadores, no sentido de ser
valorizado e reconhecido pelas outras pessoas, por aquilo que faz. De certo modo, há um heroísmo que
os torna respeitados perante a sua comunidade, pois estão cumprindo com suas obrigações.

Nesse sentido, SOMMERHALDER & NERI (2001) em uma investigação com 15 mulheres cuidadoras
principais de idosos de alta dependência identificaram que os benefícios relatados por estas estavam
relacionados a crescimento pessoal, senso de auto-realização, senso de significado e senso de

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reciprocidade. No aspecto social os ganhos relacionaram-se à valorização social, à satisfação pelo
cumprimento de normas sociais e benefícios às relações familiares.

Também MENDES (1995) reforça a idéia de que os cuidadores entendem a atividade de cuidar como um
dever moral decorrente das relações pessoais e familiares inscritas na esfera doméstica, visto que muitos
cuidadores não se viam como tais e, a partir do momento que necessitam desempenhar tal papel, o
assumem como uma exigência decorrente do viver em família.

O dever, entretanto, refere-se a ações impostas por normas sociais. Estas por sua vez, estão inscritas
num conjunto de crenças e valores compartilhados entre membros de uma sociedade, sendo que a família
é o lugar da transmissão, introjeção e manutenção dos valores.

Para os casais, principalmente, os idosos, cuidar de seu companheiro(a) é tido como uma etapa normal e
esperada no processo de envelhecer o que, como diz MENDES (1995), faz, muitas vezes, com que “o
cuidador de um idoso doente e dependente seja outro idoso, que por sua vez também pode ter restrições
em sua saúde, porém, encontra-se em melhores condições, o que os possibilita cuidar”.

Quando o cônjuge não pode desempenhar esse papel ou já é falecido, a responsabilidade pelos cuidados
passa a ser uma obrigação filial. Os filhos referem que cuidam porque não há outra alternativa, pois “mãe
é mãe”. O sentimento para com o idoso é fortuito, cuidam pelo amor que sentem pelo genitor, procurando
aceitar seus defeitos, e pelos laços de afeto que os une.

“Olha eu, eu faço, porque isso tem que fazer, ela é minha mãe, tudo, o que eu vou fazer, tem que fazer
igual e (...) suportar o que a mãe é”. (Super-homem)

Quando os idosos precisam de ajuda, os filhos adultos costumam assumir o papel de cuidadores, por
terem um vínculo afetivo e uma responsabilidade culturalmente definida, conhecida como “obrigação filial”
(Bleiszner, apud PAVARINI et al., 2001).

Ser cuidador da própria mãe (ou pai) transcende o ato em si, pois resgata o carinho, o amor, as
desavenças do cotidiano e possibilita a retribuição de valores, de cuidados e também, de certa forma, o
fato de existirem.

“Eu (filha) tenho amor por ela, à gente se não fosse ela, a gente não estava no mundo”. (Mulher Maravilha)

“É eu cuido, é minha mãe, tenho carinho por ela. É o que eu posso fazer hoje por ela, é cuidar”. (Super-
homem)

Mesmo que esta obrigação seja vista como um fator inerente à condição de filhos, outras figuras se
apresentam neste estudo como cuidadoras.  A neta, embora não seja filha, sente-se como tal e, portanto,
imbui-se da mesma obrigação filial. Ao residir com a avó, passou a cuidá-la diariamente, sentindo-se
responsável por ela. Além disso, separada dos pais, por motivos familiares, relata que com o passar do
tempo, do carinho e da atenção da avó a considera como a própria mãe.

“Se eu fosse escolher eu não ia escolher cuidar dela, aí então como surgiu eu cuidar dela, eu aceitei. Daí
fosse uma escolha assim, no meu ver, antes eu não ia querer cuidar de uma pessoa idosa doente, mas
surgiu a oportunidade, então eu vim cuidar. Também ficou na minha responsabilidade e eu fiquei aqui
então. E eu tenho um carinho de mãe com ela, o carinho que a minha mãe não teve por mim ela teve”.
(Bat girl)

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A responsabilidade que lhe foi imposta frente às circunstâncias familiares sem possibilidade de optar ou
não por tal tarefa, fez com que o cotidiano fosse moldando a relação familiar e a realização dos cuidados
para com a idosa doente, na esfera familiar. Tornar-se cuidador de um familiar idoso e dependente no
domicílio implica em alguns fatores que levam o cuidador a assumir-se como tal, como, por exemplo, ser o
familiar mais próximo e do fato dos outros se desvencilharem do cuidado.

Também, como cuidadora identifica-se à nora, que cuida da mãe de seu esposo. Ambos residem no
mesmo domicílio e, como nestas ocasiões, em que alguém necessita de cuidados no âmbito familiar,
alguém tem de executar, a nora, devido às contingências, assumiu esta tarefa. Considerando que o
cuidado é culturalmente desempenhado pela figura feminina, a nora o realiza, pois o filho precisa trabalhar
e considera esta uma tarefa a ser desempenhada pela mulher. Refere também que realiza um sistema de
rodízio com uma das filhas da idosa, quando uma ou outra precisa viajar, porém ainda fala que os outros
filhos se desvencilharam do cuidado, então alguém precisa realizá-los.

“Vou cuidar dela até quando ela precisar de mim, enquanto eu puder, eu cuido. Por isso que enquanto eu
puder e tiver saúde eu cuido dela, agora o dia que eu não puder mais, daí as filhas vão ter que assumir ela
daí. Por enquanto sou eu que estou assumindo e vou assumir até enquanto der, pra cuidar dela. Gosto
dela, quero bem e tudo e os outros não querem, não tem muita vontade de cuidar, então alguém tem que
cuidar”. (Mulher Gato)

A colaboradora explicita que enquanto puder desenvolver os cuidados à sogra irá fazê-los, entretanto
quando isto não for possível, enfatiza que as filhas é que deverão assumir os cuidados. De certa forma,
sua mensagem deixa transparecer que na sua concepção esta função compete às filhas, e não a ela.

O assumir o fato de ser o responsável pelo cuidado não é uma opção, porque em geral, o cuidador não
toma a decisão de cuidar, mas esta se define na indisponibilidade de outros possíveis cuidadores para
cuidar e, quanto mais o cuidador se envolve, mais os não-cuidadores se desvencilham do cuidado
(KARSCH, 1998). Assim percebemos que, uma vez assumindo, o cuidado dificilmente é transferível.

A aceitação de ser cuidador se dá, geralmente, num processo que pode ser explicado como uma forma de
“impulso” inicial e ou de slipping into it (escorregar para dentro) conforme Ungerson (1987), Lewis &
Meredith (1988) apud MENDES (1995). Ou seja, em princípio, a pessoa, num ato espontâneo e impulsivo
assume o cuidar ou, sem perceber, vai assumindo pequenos cuidados e quando percebe já é o cuidador
principal, estando completamente comprometido. “É como se de um lado o cuidador escorregasse cada
vez mais para dentro da situação e, de outro, os não - cuidadores deslizassem cada vez mais para fora
dela” (KARSCH, 1998, p.138).

Categoria 2 : Sendo  cuidador familiar de idoso doente no domicílio

Sentimentos do cuidador: da gratidão a resignação

Desempenhar a tarefa de cuidar do idoso doente e dependente no domicílio deflagra diferentes


sentimentos que são vivenciados pelos cuidadores diariamente. Alguns entrevistados relatam que para ser
cuidador é imprescindível ter algumas qualidades, que os possibilitem resistir ao cotidiano. Têm que se
conformar, “agüentar” cuidar do idoso, pois não há o que fazer. Segundo eles, qualquer atitude, como
abandonar a função, brigar com o idoso e os outros familiares, não mudará a situação de ser cuidador,
nem a situação do idoso doente, pois este continuará dependente e possivelmente não haja outra pessoa
para assumir o cuidado. Assim, não podendo abdicar de tais responsabilidades, acabam sentindo-se
impotentes diante da situação e a aceitam como imutável, resignando-se às circunstâncias.

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 “Em cuidar eu me sinto bem, fazer o quê, estou junto, tenho que cuida,r tenho que agüentar”. (Shenna)

[...] Ele está doente, tenho que cuidar. Paciência. E se não tem paciência, e daí?”(Sherra)

Outra colaboradora ainda expressa a “raiva” como um sentimento passageiro, mas que se faz presente
frente ao cuidar. Muitas vezes torna-se incomodada pela condição de ser cuidadora, de ter que cuidar de
alguém doente, entretanto, afirma que o sentimento é temporário, efêmero e que com o passar do tempo,
na medida do possível, tudo volta ao “normal”.

“Me dava raiva assim, mas depois que a raiva passava, daí (...)”. (Tempestade)

“Bem, às vezes tem umas resmunguinhas ou outra, mas ela não aceita, às vezes a gente briga por causa
de remédio dela e outras coisas, mas é coisinha, assim”. (Bat girl)

O cotidiano do cuidado favorece o surgimento de sentimentos de insatisfação por parte do cuidador e a


manifestação do seu descontentamento, entre outros motivos, pode produzir situações de conflito entre
ele e o familiar. Refletir sobre estes desencontros desencadeia sentimentos ambíguos para ambos os
lados. Ao cuidador o sentimento de compaixão pela dependência do idoso e de desagrado pelas
limitações que lhe impõe a condição de cuidador. Ao familiar que está sendo cuidado, a indignação pela
dependência e o reconhecimento pela ajuda recebida. Conforme KARSCH (1998), o cuidador não pode
ficar pensando nos problemas de relacionamento que poderão surgir no decorrer do cuidado, mas este
deve fazer o que tem que ser feito, porque, ao ficar preocupado, não cuida e nem muda a situação.

Considerando as motivações que permeiam a tarefa de cuidar, evidencia-se no cuidado uma forma de
agradecimento pelas experiências vividas e pelos cuidados e atenção recebidos no passado. A fala abaixo
expressa esse sentimento.

“Então eu acho que chegou a vez de eu retribuir o que ela fez por mim”. (Batman)

“Eu tenho carinho por ela, ela me deu amor. Então agora tenho que cuidar dela, retribuir pra ela”. (Bat girl)

Sentimentos de gratidão são perceptíveis, principalmente, nas relações em que os filhos são cuidadores
dos pais. SILVA (1995) em sua pesquisa com cuidadoras de adultos dependentes, analisando a relação
mães-filhas, conclui que as filhas ao assumirem os cuidados querem retribuir o que a mãe fez ao longo de
suas vidas, especialmente no período em que dependiam dos pais para a sua manutenção. É como se
fosse uma espécie de “retribuição” pelos esforços realizados pela mãe ao criá-las.

Sentindo-se inexperiente frente à demanda de cuidados

O exercício de cuidar do idoso doente no domicílio é um aprendizado constante, baseado nas


necessidades físicas e biológicas e de acordo com o nível de dependência do idoso. Na maioria das vezes
se torna difícil, pela inexperiência do cuidador, atender as demandas que vão surgindo no transcorrer do
processo do cuidar e que necessitam ser aprendidas no enfrentamento do cotidiano.

Atividades que parecem ser simples, para quem já as desenvolve, se tornam árduas para quem nunca
precisou enfrentá-las. Assim, o cuidar, que inicialmente abrange atividades simples que se limitam a
ajudar na realização de atividades da vida diária, como ajudar no vestir-se ou a servir de apoio para andar
na rua, podem, gradativamente, ir se complexificando e exigindo do cuidador conhecimento e habilidades
para o exercício do cuidar de acordo com as necessidades físicas do idoso.

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“Daí, eu tive que aprender como dar banho nela em cima da cama, eu tive que aprender como trocar de
roupa nela, os cuidados que tinha que ter pra não dar aquelas feridas no corpo dela, tudo eu tive que
aprender”. (Batman)

“Eu tive que aprender a lidar com o oxigênio, com tudo, praticamente. Desde as pequenas coisas”.
(Sherra)

Com isso, o processo de tornar-se cuidador é gerado no enfrentamento diário, segundo Mendes (1995),
aprendendo a lidar com as necessidades do idoso doente e muitas vezes, tendo que se adaptar a elas.
Também, nesse sentido, GIRARDON-PERLINI (2001, p.118) em um estudo com cuidadores familiares
principais de pessoas incapacitadas em decorrência de AVC que cuidam no domicílio, identificou que a
maioria dos cuidadores referiu ter “aprendido a cuidar na prática do dia – a – dia , como um autodidata,
fazendo, errando e acertando e, em segundo lugar, observando e auxiliando a enfermagem durante a
internação, o que reflete também um aprender por si mesmo”.

Os cuidadores descrevem que tiveram que incorporar e desenvolver a cada dia uma nova gama de
cuidados, adequando-os às necessidades do idoso que, conforme a dependência, vai se apresentando no
transcurso da evolução de sua doença, o que torna o cotidiano cansativo e repetitivo. Referem que as
noites são mal dormidas, geradas pela preocupação em saber se o idoso está bem, pelo compromisso de
administrar medicamentos nos horários corretos e pela repetição de tarefas.

“Em casa tenho que cuidar de noite e dia, durmo um sono e me acordo, pra ir lá atender ele, ver se tá
coberto, tapado, dar um remédio (...). E é isso (...). Acordar, levantar, tratar de esquentar uma água”.
(Shena)

“Eu fui cuidando ele, conforme as necessidades dele e cada vez mais, eu tive que ir fazendo as coisas pra
ele, até chegar um ponto assim, que agora eu que dou banho, eu que tenho que ajudar ele a pôr na
cadeira, às vezes nem na cadeira não dá pra ir, tem que colocar fralda, então, e (...)”. (Sherra)

Outros colaboradores mencionaram que iniciaram os cuidados conforme as necessidades que o idoso
doente apresentava, porém, com o passar do tempo, a dependência do mesmo foi aumentando e a
sobrecarga de cuidados também, posto às exigências da evolução da doença. Percebemos que os
cuidadores sentem-se sobrecarregados pela demanda de cuidados e, também, por terem que realizar
tarefas que até então eram atividades pessoais do idoso, realizadas por eles próprios, como tomar banho
e ir ao banheiro e que agora, com o avanço da patologia, tem de ser executada pelo cuidador.

Ser cuidador de um idoso doente e dependente seja ele parcial ou total, no âmbito doméstico, como refere
MENDES (1995), é uma atividade absorvente que preenche o dia, e às vezes, à noite da pessoa que
assume cuidar deste familiar, pois o cotidiano é o espaço do imediato em que os indivíduos devem operar
as atividades através do saber prático.

As mudanças que se instalam na nova dinâmica de vida do cuidador estão, principalmente, relacionadas a
re-acomodação das atividades, com reformulação de horários, preparação de uma alimentação, muitas
vezes, diferenciada, administração de medicamentos, estabelecimento de uma rotina para exercícios e
atividades de conforto que incluem efetuar a higiene pessoal, pentear o cabelo, escovar os dentes, cortar
as unhas, fazer a toalete, vestir, despir, locomover de um lugar para outro, subir escadas, sentar, levantar,
deitar, entre outras (MENDES, 1995; KARSCH, 1998).

Assim, ao cuidador familiar é apresentada a necessidade de incorporar a nova realidade ao seu cotidiano,
muitas vezes árdua e desgastante, conforme o que o idoso doente apresenta, e conviver com ela.

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Sentindo cansaço físico e emocional

Associado ao aprendizado constante do cuidar, posto o enfrentamento do cotidiano e a repetição de


cuidados para com o idoso doente e dependente no âmbito domiciliar, surge, dentre os entrevistados,
manifestações relacionados a cansaço físico e emocional.

Cansaço emocional, conforme FREITAS et al. (2002), se caracteriza pela perda progressiva de energia,
fadiga e esgotamento emocional. Reflete a situação em que os trabalhadores não podem dar de si no
âmbito afetivo. Trata-se de uma diminuição da energia vital, assim como dos recursos emocionais. É uma
experiência de desgaste psicológico ocasionado pela assistência cotidiana prestada a usuários que
demandam ajuda. Já o cansaço físico pode ser entendido como fraqueza causada por exercício ou
doença e ainda por atividades que exige esforço físico, agregado a repetição das mesmas (FERREIRA,
1999).

O cuidar diariamente de alguém que apresenta dependência pode significar o desenvolvimento de


atividades que envolvem esforço físico para a prestação de alguns cuidados e, também, estar atento à
execução de determinados procedimentos que exigem concentração e planejamento antecipado do que
será feito, afim da obtenção de resultados satisfatórios no cuidado que tem de ser realizado. Com o tempo
vão surgindo características estressantes da atividade de cuidar, o desgaste físico e emocional dos
cuidadores.

“Que, a cabeça da gente é muita coisa né. É a mesma coisa que a senhora tivesse cansada demais, bem
cansada, a senhora não dorme direito e essa canseira na cabeça da gente que vem de certo, essa
amoaceira, essa canseira e a gente fica assim’’.( He-man)

Como pode ser observado, as noites tornam-se mal dormidas e o acúmulo de preocupações, que
envolvem a prática do cuidar, fazem com que o cuidador fique “amoado” e sentindo-se “fraco
mentalmente”, referindo-se ao cansaço emocional causado pelo estresse da responsabilidade de cuidar
diariamente do idoso doente.

Postos às exigências do cuidar, os colaboradores deste estudo demonstraram que cuidar de um idoso
doente no domicílio é uma tarefa cansativa, pois lhes ocupa muito tempo. Além das atividades que
envolvem o cuidado ao idoso doente no domicílio, aliam-se a estes os afazeres domésticos que
consomem outra parte do tempo, tendo, com isso, que organizar as ações de modo a conseguir dar conta
da demanda de todos os trabalhos.

“Canso, mas Deus o livre, estou cansada mesmo. A filha dele diz que  está cansada e vai descansar, mas
eu tenho que lavar roupa, limpar a casa, fazer a comida (...)”. (Shena)

As atividades relacionadas ao lar, como aponta KARSCH (1998), estão inscritas nas necessidades de
tarefas a serem desenvolvidas pelos cuidadores no dia-a-dia, sendo que isto imputa a eles uma jornada de
trabalho que, muitas vezes, estende-se ao longo do dia e para a qual não contam com ajuda de outras
pessoas. Conciliar as atividades domésticas com os cuidados pessoais e os cuidados ao idoso
dependente exige habilidade na organização do tempo e da execução dos mesmos.

Analisando cuidadoras – mulheres de adultos acometidos por AVC, SILVA (1995) constatou que a maioria
das cuidadoras admite que sua vida mudou radicalmente após assumir esse papel, pois além das tarefas
caseiras aumentarem, o idoso normalmente precisa ser auxiliado nos cuidados pessoais. O cansaço foi o
sentimento mais comum entre as cuidadoras, e nos casos em que o paciente tinha incontinência urinária

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e/ou de fezes, essa situação era mais aguda, pois, na sua maioria, era somente a cuidadora que lidava
com a troca de roupas.

Também se referindo aos afazeres dos cuidadores, FREITAS et al. (2002) menciona que estes percebem
o cuidar como um trabalho solitário e gerador de sobrecarga, principalmente de natureza física, que se
expressa em cansaço, insônia e problemas de saúde.

Percebe-se que em certas ocasiões os cuidadores se sentem esgotados, sem condições para cuidar,
porém como o idoso não pode se autocuidar nem, muitas vezes, colaborar nos cuidados, o cuidador tem
de fazer as atividades, superando as próprias dificuldades e limitações. Diante do desgaste pessoal e da
dependência do outro, chega a se questionar se o familiar realmente não consegue cooperar nos
cuidados, surgindo dai um certo conflito interno e de culpa por estar em dúvida quanto a dependência do
outro.  Esta constatação pode ser reforçada com a afirmação de FREITAS et al. (2002) de que cuidar não
é uma situação linear em que são vivenciados sempre os mesmos sentimentos e por isso existem conflitos
e ambivalências.

A gente diz que também não está, como é que a gente diz, assim, com muita vontade de fazer isso. Isso
cansa, fico nervosa e até a gente não devia ficar, porque ele também não tem culpa, mas a gente pensa,
será que ele está tanto assim que, não podia se ajudar um pouco”. (Sherra)

Para SILVA (1995) o esgotamento físico e emocional relatado pelas cuidadoras, está associado a
múltiplos fatores. Além das tarefas dos cuidados, sofrem pressão cotidiana decorrentes do próprio estado
de saúde do doente, que gera a dependência física e emocional; da falta de ajuda de outros familiares;
das dificuldades financeiras para a manutenção da própria família; da ausência de suporte formal por parte
do Estado, como por exemplo, atendimento domiciliar médico, de enfermagem, de fisioterapia e
medicamentos. Prestar cuidados a um idoso muitas vezes leva o cuidador a reestruturar sua vida,
alterando costumes, rotinas, hábitos e até mesmo a natureza de sua relação com o idoso (NERI, 1993).

As exigências no cuidar , de acordo com FREITAS et al. (2002), parecem ser mais fortes no início de cada
nova atividade, porém o senso de sobrecarga pode se estabilizar ou diminuir ao longo do tempo, em
virtude de uma variedade de processos que ocorrem na vida do cuidador, tais como aprender a
desempenhar as tarefas, reorganizar-se de acordo com suas disponibilidade e com as demandas ou
estabelecer novos níveis de adaptação para comportamentos e estados psicológicos. Além disso, a
evolução da doença pode ocasionar mudanças no curso das exigências.

Outro fator a contribuir no desgaste emocional dos cuidadores está relacionado às dificuldades
financeiras. Diante da impossibilidade de suprir todas as necessidades que o familiar necessita e que a
doença exige, se sentem impotentes e tristes.

“É, nessas condições, e de qualquer maneira, eu só me sinto triste às vezes, quando eu não posso
alcançar o que ele precisa, que nem sempre eu posso fazer o que ele precisa, tanto financeiro como ...
Mais o financeiro, que é difícil, porque ele, é uma doença que requer muito, só alimentação é muito cara e,
às vezes tu tem dinheiro, às vezes não tem”. (Tempestade)

“Quê, cuidar não é nada vizinha, pior são as dificuldades que a gente tem, por exemplo, pra comprar um
remédio, as coisas financeiras e tal, paga isso, aquilo e a gente ganha pouco, dinheiro de aposentado já
viu, é pouca coisa, duzentos pila, duzentos e poucos pila, então tudo isso vai acumulando, a gente vai
indo”. (He-man)

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Quando comparam o ato de cuidar com os gastos para atender as necessidades dos idosos, ponderam
que cuidar não é tão oneroso, pois o mais difícil é dar conta dos custos que a doença exige para suprir
todas as carências do idoso. Como maioria dos participantes do estudo dependem dos valores recebidos
como aposentados da previdência social, referem que o valor recebido pelos benefícios, às vezes, a única
fonte de manutenção e sobrevivência, é insuficiente para atender as necessidades básicas do idoso
doente e dependente.

Assim, diante das limitações financeiras, buscam, primeiramente, suprir as necessidades do idoso, pois os
gastos com a doença são ordem prioritária sendo que os gastos domésticos e pessoais podem ser
deixados em segundo plano.

Cuidar sentindo a perda de liberdade e sendo solitário

Os cuidadores deste estudo além de mencionar o cansaço físico e emocional como fatores desgastantes
desencadeados durante o processo de cuidar referem, também, a necessidade de “abrir mão” de
atividades que eram praticadas habitualmente, antes de se tornarem cuidadores familiares. Ser cuidador
de um idoso doente na esfera domiciliar é, na maioria das vezes, ter que negligenciar sua própria vida ou
parte dela. A prioridade, neste momento, é cuidar de seu familiar doente, realizar o que ele necessita
abdicando de suas próprias vontades.

Um dos maiores obstáculos apontados enquanto vivenciam o processo de cuidar é a impossibilidade de


sair de casa, passear, pois, de forma geral ficam atrelados à responsabilidade e a preocupação diária com
a doença e cuidado do idoso. A pouca realização de atividades de lazer no cotidiano e a limitadas
possibilidades de conversar com outras pessoas contribuem para o sentimento de solidão e de perda da
liberdade.

“Não tenho liberdade, faz anos que eu já não tenho mais a liberdade pra sair, assim passear, a senhora
pensa, bá, capaz, saía ali, já tinha que estar em casa de volta. Gente doente em casa é uma coisa ou
outra, chega uma pessoa a gente sempre com aquele cuidado, aquela coisa, aquela aflição parece dentro
da gente”. (Heman)

“Minha vida é sofrida, porque a gente fica assim sem poder sair, tem que ficar em casa isolada e se eu
saio um pouquinho ela está chamando, ela está procurando, se eu vou sair eu tenho que falar bem com
ela, explicar bem pra ela o que eu vou fazer”. (Mulher Maravilha)

Como diz MENDES (1995), existe uma dinâmica no processo de cuidar que é uma relação tensionada
onde os sujeitos envolvidos, cuidador e idoso dependente, constroem seus espaços respectivos, dentro
dos limites dessa nova relação pessoal. Desse modo, os cuidadores também apontam que a perda da
liberdade se desencadeia pelo vínculo e pela dependência que o idoso manifesta, ou seja, quanto mais o
doente necessita de cuidados ou se sente sozinho, mais o cuidador tende a ficar “isolado” no domicílio
para cuidar deste.

Para cuidadoras de um estudo realizado por SILVA (1995), o sentir-se privado do contato nas relações
com amigos e parentes é bastante visível, já que a possibilidade de sair de casa é cada vez mais escassa
e as visitas são mais esporádicas. Este afastamento das pessoas faz com que as cuidadoras busquem
alternativas para o seu próprio suporte emocional que substituem o diálogo com as pessoas, tais como:
chorar, rezar ou isolar-se.

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Nesse sentido, MENDES (1995) considera que fatores psico-sociais interferem na forma dos sentimentos
dos cuidadores serem objetivados no cotidiano do cuidador e do idoso, sendo comum à busca de valores
religiosos como suporte para a aceitação deste cotidiano e dos sentimentos que afloram.

Os colaboradores manifestaram, ainda, que as condições do idoso são fatores preponderantes na


realização de atividades extra-domiciliares. Muitas vezes, para desenvolverem ações voltadas ao lazer,
como sair à noite, ou visitar amigos, há necessidade do idoso estar bem, caso contrário, a atenção precisa
estar constantemente voltada a este, e o cuidador tem que readequar seus planos.

“Às vezes eu não realizo tudo que quero realizar. Às vezes quero sair à noite e não dá, porque tenho que
pensar nela, então (...). Tudo depende de como ela está no dia, como ela levanta. Se está bem, ela pode
ficar um pouco mais sozinha, senão não dá pra deixar. Tudo depende de como ela está”. (Bat girl)

“Então eu digo, às vezes eu tenho vontade de sair, ir numa tia minha, mas não posso, num domingo, ir lá
almoçar, mas não posso fazer o que quero, tenho que ficar cuidando da “vó”, ela não pode caminhar
muito, então eu fico e é assim”. (Mulher gato)

Cuidar de uma pessoa dependente faz com que o estilo de vida do cuidador seja modificado em função
das necessidades do outro. Independente do fato do cuidador ser uma pessoa jovem ou idosa, suas
atividades de recreação e convívio social acabam sendo alteradas e dando a este a sensação de não ter
autonomia para gerenciar a própria vida e ter de viver em torno do outro. O indivíduo que necessita dos
cuidados, por sua vez, “cobra” a presença do cuidador e nem sempre reage favoravelmente às ausências.

Como bem explicita MENDES (1995), “a falta de liberdade e os momentos solitários vivenciados pelos
cuidadores fazem com que o cuidador e o idoso se lancem numa relação de busca, querendo (re)montar,
(re)fazer, (re)estabilizar uma vida cotidiana nos moldes anteriores, o que já não é mais possível pela
demanda dos cuidados e pela dependência do idoso para com o cuidador”. O processo de reconstrução
da vida do cuidador é conflitante, exige tempo para desenhar um novo cotidiano, novas articulações,
novos personagens, novas identidades que nascem de uma descontinuidade, mas mantém-se articuladas
pela história de cada um (MENDES, 1995).

Em meio à solidão de ficar inserida somente no meio domiciliar e não ter liberdade para realizar o que
gosta, os participantes deste estudo apontaram que, mesmo com a preocupação de cuidar do idoso
doente e isto ser um fator gerador de dificuldades no enfrentamento pessoal, procuram reorganizar suas
atividades de rotina e de vida para se sentirem, além de úteis, felizes consigo mesmo.

“E agora eu também então estou indo na ginástica ali, de quarta e sexta, é às duas horas e demora uma
hora só. É tão pertinho, só que daí eu tenho que deixar ele fechado, ele fica sozinho, às vezes chega
gente, não tem nem quem abra a porta, daí ficam batendo, é meio difícil, mas (...)”. (Sherra)

“Agora eu estou mais assim, porque ele melhorou, assim mais feliz, ele melhorou, posso sair, vou no baile
dos velhos, eu já tava com as pernas meio duras de não treinar as pernas, e agora dá pra eu ir, assim, às
vezes”. (Shena)

Diante da tentativa de readequação de suas vidas, os cuidadores principais ainda enfrentam dificuldades,
pois na ausência de cuidadores secundários, muitas vezes, o idoso  acaba por ficar sozinho no domicílio,
enquanto realiza atividades fora de casa, situação esta que gera preocupação ao cuidador.

Podemos deduzir que, com o passar do tempo, o cuidador pode redefinir e redesenhar seu papel em
relação às tarefas do cotidiano e do cuidado, que mesmo sendo conturbado, permite a ele vislumbrar

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opções de lazer e descontração.  Para não adoecer, é importante que o cuidador perceba que está vivo,
que não está doente e precisa continuar a sua vida da melhor forma possível.

A necessidade de mostrar ao cuidador a importância do desenvolvimento de atividades físicas e de lazer,


de dedicar um tempo a si, para que possa manter sua saúde física e mental, foi apontado por PAVARINI
et al. (2001). Esta necessidade está relacionada ao mal - estar e a frustração gerada pelas dificuldades
para auto-cuidado, geralmente  por falta de tempo, no caso dos cuidadores que, envolvidos no cuidado,
muitas vezes, esquecem da sua própria vida. Por outro lado, os cuidadores referem que a reorganização
das atividades, a fim de se distraírem, acontece, mais facilmente, quando o idoso melhora seu estado
clínico, de debilidade e dependência.

Em uma reflexão mais abrangente e mais profunda, MENDES (1995), mostrou em sua pesquisa que o dia-
a-dia do cuidador é radicalmente modificado pela doença. De acordo com esta pesquisadora, na relação
de cuidar e ser cuidado, velhas relações pessoais são redefinidas, novas atividades, tanto de rotina como
de vida e relações psico – sociais são introduzidas no seu cotidiano, e de certa forma, a doença põe em
suspensão a vida cotidiana da família. Uma nova vida cotidiana se instala aos poucos reitroduzindo algo
do velho cotidiano, no novo."

32. A Razão dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa


Fonte: http://www.idoso.ms.gov.br/artigo.asp?id=76
Núcleo de Informação do Idoso
Governo Popular de Mato Grosso do Sul

“Rugas no rosto moreno, ondas no lago sereno, vento repentino, ares de menino. Fugas de brigas de rua,
luas e luas e luas, repentina paz, meu velho rapaz” (Gilberto Gil. O Mar e o Lago, 1996, in Quanta).
Durante a Segunda Assembléia Sobre Envelhecimento, em Madri, a ONU divulgou as projeções de uma
revolução demográfica: o número de pessoas com mais de 60 anos aumentaria de 600 milhões em 2000
para 2 bilhões em 2050. Nos países em desenvolvimento, espera-se a quadruplicação de idosos no
mesmo período. Para melhor enquadrar a questão, mister conceber a sociedade moderna,
geometricamente, como retangular, em oposição à anterior e clássica forma piramidal; isto é dizer que em
cada década de vida (0-9; 10-19 e assim por diante) há número equivalente de pessoas (Stuart-Hamilton,
2002).

A busca responsável pelo equilíbrio entre tutela e autonomia, prerrogativas e privilégios, juventude e
senilidade, direitos e deveres é um desafio jurídico, além de social e ético. A Declaração Política da ONU
sobre o envelhecimento, produzida a partir daquele recente encontro em Madri, refere-se já em seu
primeiro artigo à meta de promover o desenvolvimento de uma sociedade para todas as idades e,
naturalmente, a contribuição das legislações para a formação de um novo paradigma de convivialidade,
diante desta nova ordem demográfica, não pode ser desprezada. Os Direitos Humanos, entendidos
através de seu caráter universalizante, apreendidos como verdadeiro movimento de globalização íntima,
no qual são contemplados e sacralizados apenas necessidades e interesses constantes – ainda que
historicamente expansíveis –, porque próprios da humanidade, são a referência legítima à limitação do
Poder, inclusive em plano internacional, e se prestam a nortear condutas neste diálogo intercultural e
intergeracional.

Tais Direitos básicos nascem dos fins humanos, sobretudo daqueles de maior significação. Do ciclo vital
nascimento-crescimento-reprodução-morte derivam todos eles, embora com variações aduzidas pelo
tempo e pelo espaço. Pacificamente admitidos os direitos à vida, à igualdade, à alimentação, à liberdade

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(inclusive procriativa, a render, no entanto, ainda calorosos debates acerca, por exemplo, do aborto, da
seleção gênica, etc.), impõe-se a nobilitação também do direito ao envelhecer. Assim estabelecidos os
direitos, poder-se-ia pensar que o direito da pessoa idosa corresponde ao homem em abstrato, direito,
portanto, “de primeira geração”. Entretanto, para que finalmente seja ultrapassada a era de direitos
noctifloros, que surgem e desaparecem em um único período porque não lhes foram asseverados
sobrevivência e respeito no corpo social, deve-se justificar estes valores na demonstração de que “são
apoiados no consenso, o que significa que um valor tanto é mais fundado quanto mais é aceito” (BOBBIO,
1992, p.27).

Isto equivale dizer que fundamentação e justificativa estão na imposição da realidade – envelhecida,
discriminada. Neste raciocínio – de que reconhecimento e eventual proteção de direitos estão intimamente
relacionados a um contexto social determinado –, crê-se que só foi possível cogitar Direitos de categorias
(idosos, mulheres ou trabalhadores) ulteriormente a certas mudanças que ensejaram o aparecimento
destas categorias. O direito, portanto, é antes social que natural, neste aspecto. Em nossa sociedade, a
velhice difere de outras categorias etárias basicamente no que se refere a inúmeras perdas de
relacionamentos afetivos (por afastamento ou por morte); profundas modificações familiares (com a
ausência dos próprios pais, quiçá do cônjuge, e o surgimento de novas famílias constituídas pelos filhos);
dificuldades quanto ao mercado de trabalho ou opção por uma segunda carreira, especialmente sob um
sistema coercitivo de aposentadoria e subemprego; batalha contínua contra doenças crônicas e
debilidades orgânicas, proximidade da morte, ameaça à sexualidade, à inteligência e à integridade.
(FRAIMAN, 1995, p.23).

Em 1970, quando Simone de Beauvoir escreveu seu famoso ensaio sobre a velhice, não havia ainda,
assim entendida, tal categoria de cidadãos seniores: Em política, o indivíduo conserva durante toda sua
vida os mesmos direitos e deveres. O Código Civil não faz qualquer distinção entre um centenário e um
quadragenário. Os juristas consideram que, fora os casos patológicos, a responsabilidade penal dos
idosos é tão integral quanto a dos jovens. Os velhos não são considerados uma categoria á parte e, por
outro lado, isto não lhes agradaria; existem livros, publicações, espetáculos, programas de tevê e de rádio
destinados às crianças e aos adolescentes; aos velhos, não. (BEAUVOIR, 1990, p.9). Além do homem em
abstrato, senhor dos direitos humanos de liberdade – os quais se consagraram como de “primeira
geração” –, ganha então espaço o homem específico, diferenciado quer por sua idade, quer por seu sexo
ou sua posição na cadeia de trabalho.

O Direito do Idoso, dessa forma, está catalogado como direito social, junto a todos outros direitos
chamados de “segunda geração”, que exigem ações – e não omissões – do Poder. Obviamente, são
também direitos seus – à medida que não perde a humanidade genérica quando envelhece – a vida, a
liberdade religiosa, a liberdade de expressão e demais direitos de liberdade negativa e igualdade, mas ao
apresentar a condição diferenciada, de idoso, autorizado está a exigir do Estado políticas igualmente
especiais que lhe concedam inclusive prerrogativas, privilégios. O envelhecimento é, assim, universal,
tanto quanto a infância ou o nascimento. De acordo com a Organização Mundial de Saúde: Em nosso
mundo de diversidade e de constantes mudanças, o processo de envelhecimento é uma das poucas
coisas que nos unifica e nos define.

Nós todos estamos envelhecendo e devemos celebrar este processo natural. Uma vez que os seres
humanos precisam envelhecer, este é um assunto que a todos interessa. Não há, contudo,
homogeneidade entre os idosos - daí o mapeamento de suas necessidades especiais precisar observar
tais dessemelhanças para ser efetivo – recordando, a todo tempo, que pecados podem ser omissivos ou
comissivos e ambos podem ser intencionais; a desatenção às necessidades do idoso, igualando-o ao
homem adulto em direitos e deveres, ou supondo que a garantia de um caixa preferencial no

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supermercado é elemento bastante a aplacar qualquer sofrimento, é o mesmo que enterrá-lo vivo, como
faziam os dinkas do Sudão (BEAUVOIR, 1990, p.53).
33. A Aids na Terceira Idade na Perspectiva dos Idosos, Cuidadores e
Profissionais de saúde
Autor(es) :  Ana Alayde Werba Saldanha
Co-autor(es) :  Ludgleydson Fernandes de Araújo
http://www.aidscongress.net/article.php?id_comunicacao=294

Para os Idosos da população em geral, as representações acerca da Aids na terceira idade são:

Ancoradas em aspectos fisiológicos e psico-afetivos (externos)

Prevenção é concebida como informação aos grupos de risco

Risco de Contrair é associado à libertinagem, coragem de ter contato sexual sem prevenção e uso de
drogas.

Doença de jovem: a pessoa jovem tem a jovialidade (1) falta de cuidado, sobretudo a juventude (1) o
adulto é mais aventureiro (5) a moçada quando encontra o rapaz primeira coisa que faz é se entregar a ele
(1) é muito preocupante pra os adolescentes (10) o jovem é mais cheio de muitas fantasias (2) essa
libertinagem que eles tem (1) é preciso alertar os jovens sobre o sexo (5)

Impossibilidade: que as pessoas idosas que saem aos encontros com outras pessoas acho que aquela
pessoa é tão... tem tanta coragem (1) o idoso é mais precavido (2) O idoso por si já é um homem retraído
(1) é muito difícil a gente achar na terceira idade (13) é tão difícil uma pessoa idosa ter relações sexuais
completas (1) idoso não tem ligação com aidético, convivência, não tem sexo, nessa idade eu não quero
nem saber (2)

Observa-se, portanto, uma subestimação do potencial da infecção nas pessoas idosas e,


11consequentemente, uma vulnerabilidade não percebida, o que constitui em um desafio para uma
mudança de concepção da doença para os idosos, que enxergam a contaminação como algo de grande
dimensão, mas distante da sua faixa etária por ser o sexo a maior causa de transmissão.

Para os Idosos Soropositivos a Aids é representada:

- A Aids é vivenciada com constrangimento e associada com a promiscuidade.

-O enfrentamento é dado pela religião.

- Risco é associado ao sangue, beijo e usuários de droga, prostituição

- A Aids é concebida como uma doença contagiosa e fatal, ainda associada às minorias, prevalecendo a
crença de que as pessoas são responsáveis pela própria enfermidade.

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“Eu me senti até abestalhado. Aí eu falei: “como é que diabos eu fui buscar essa doença, onde? mas que
diabo foi que eu fiz pra merecer isso?!”... Já fazia 12 ou 13 anos que eu tive relação com mulher de fora,
sabe. Eu estava com essa doença sem saber. Cheguei aqui e foi descoberto essa doença... Sabia nada,
sabia nada que diabo era isso não” (Suj6);“Eu disse: não, eu não acredito. Eu não acredito porque eu não
saio com ninguém.”

“Ave maria, é muito difícil. Porque o povo rejeita,né. Rejeita porque fala assim: um homem daquela idade
com Aids.” (Suj 13)

Na convivência com a Aids destacam-se os seguintes conteúdos: estigma e outras dificuldades


decorrentes do contágio, referindo às questões de ordem particular e manifesto de desagrado frente às
dificuldades materiais, sociais ou afetivas do dia-a-dia; incapacidade para o trabalho devido aos sintomas
e seqüelas de doenças atribuídas à Aids; dificuldades de reintegração social, na comunidade em geral e
nos círculos mais íntimos e na família em particular; baixa auto-estima e a culpabilidade; conformismo
diante da doença e da morte, decorrente da idade avançada, de crenças religiosas e da transferência do
foco da preocupação com a morte para as questões mais concretas da sobrevivência.

Em relação aos Cuidadores Domésticos foi observado:

- Pouca participação da família na sobrevida do idoso soropositivo

- Curta rede de apoio social

- O medo do preconceito por parte dos entes queridos

- A religião assume o papel confortador, que, diferentemente do esperado, não é atribuído à família.

“...eu mesma assim pessoalmente num era pra ta cuidando dele não, porque ele é ex-marido meu. Nós
somos separado há dez anos, mas ninguém quis cuidar, só eu mesmo assim...” (Sujeito 1).

Acho que depois de “véi” se pegar essa doença é pra morrer, porque existe muitos problemas, doença,
né? (Suj. 4)

“É porque assim a família dele fica muito distante. E ele nem tem contato com outras pessoas porque tem
gente que não gosta de fazer favor pra ninguém, só gosta de fazer favor por dinheiro, né isso? Enfim, a
gente se dá muito bem...” (Suj. 3).

A difícil tarefa de encontrar a amostra revela um indício da pouca participação da família na sobrevida do
idoso soropositivo corroborado pelos discursos dos próprios pacientes que acabam por levantar questões
como a curta rede de apoio social, visto que muitos optam por não contar à família seu estado de
soropositividade; o enfrentamento dos pacientes através da religião, sendo a “fé” e “Deus” termos
freqüentes nos discursos analisados; e finalmente o medo do preconceito por parte dos entes queridos.
Tais resultados sugerem que a religião assume o papel confortador, que, diferentemente do esperado, não
é atribuído à família. 

No discurso dos Profissionais de Saúde destacou-se:

- Associação a temáticas negativas, como decepção, preconceito e dificuldades

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- Via de infecção: procedimentos médicos, tais como transfusões de sangue, e práticas sexuais
promíscuas.

- Solicitação do teste anti-HIV é solicitado somente mediante sintomatologia característica da doença

Aids: “Se os dias deles já estariam contados, imagina tendo AIDS” (Odontóloga 1, 24 anos). “Eu vejo como
um terror (...) é uma decepção” (Médica, geriatra, 55 anos). “Eu vejo muito complicado” (Enfermeira 1, 65
anos).

Risco:“...promiscuidade, de mudança de parceiro, de infidelidade” (Médica, geriatra, 55 anos). “...através


de alguma relação ilícita” (Odontóloga 4, 58 anos). “...procura na rua o que não tem dentro de casa”
(Odontóloga 2, 51 anos). “(...) drogas é um negócio tão distante deles” (Fisioterapeuta 6, gerontólogo, 29
anos). “A maior probabilidade de o idoso se contaminar com a aids, seria meio de internamentos em
hospitais, através de transfusões, porque ele não corre tanto risco como os jovens, que está exposto as
drogas, a toda variedade de sexualidade que ele pratica, só isso mesmo” (Odontólogo 5, 57 anos).

Solicitação Exame: “Eu não solicito porque, não sei. Eu nunca solicitei. A não ser algumas vezes que ela
desconfia de alguma coisa do companheiro e me pede para eu solicitar. Porque eu sou muito assim a
favor do que o Ministério da Saúde preconiza né. Então ele nunca me orientou a solicitar na rotina”
(Médica, geriatra, 55 anos).

Evidenciam-se nestes discursos, concepções associadas a estigmas e preconceitos, igualando o


conhecimento científico ao senso comum, podendo interferir em suas práticas de atendimento.

Entre as representações dos Coordenadores dos Grupos de Convivência destacam-se:

- Aids:as mais jovens associam a Aids à necessidade de cuidado,enquanto as mais velhas ao sofrimento e
grupo de risco.

- A prevenção é colocada como responsabilidade da Saúde Pública.

“...muitos idosos que estão agora indo em busca de amores...o número em homens é maior...” (Assistente
Social, 53 anos) “o idoso que gosta de sair, procurar pra sair e satisfazer seus desejos não usam uma
prevenção, não conhece a parceira e traz essa doença pra sua própria esposa”... (Psicóloga, 48 anos) “a
maior vulnerabilidade é com relação ao parceiro...se confia plenamente, acredita que ele jamais vai pular a
cerca...de repente pega e transmite para sua companheiro”... (Professora, 38 anos)

“Eu não tenho bem assim aquele conhecimento como é que você pode, eu acho que o risco é no beijo, no
assento, no toalete, no exame”... (Educadora física, 47 anos;“a falta de informação, o pior é isso”...
(Professora aposentada, 67 anos). “é por transfusão de sangue...(Assistente social, 53 anos), “eu acho
que é na intervenção cirúrgica e na transfusão de sangue”... (Professora aposentada, 72 anos),(“é através
de alguma injeção sabe”...(Psicóloga, 49 anos)

Se por um lado, há satisfação no desenvolvimento de sua atividade, por outro lado, observam-se um
distanciamento em relação à Aids, dificuldade de lidar com o assunto junto aos idosos e também no
âmbito pessoal, chegando a negação da doença junto à população da terceira idade.

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Estes resultados demonstram que os idosos que se deparam com a doença tendem ao isolamento,
escondendo o diagnóstico da família, dos vizinhos, no ambiente de trabalho. Não dispõem de grupos de
auto-ajuda ou ambulatórios especializados em lidar com a complexa situação de envelhecer com Aids. O
medo da discriminação é tão grande que, muitas vezes, o preconceito brota de dentro para fora e os
impede de dividir suas angústias. O diagnóstico tardio é uma das principais razões de morte precoce e as
interações do coquetel com outros medicamentos já utilizados pelos idosos produzem reações
indesejáveis. Com a imunidade enfraquecida, podem morrer em decorrência de qualquer resfriado banal.

34. AUMENTANDO O GRAU DE SEGURANÇA NO AMBIENTE


DA PESSOA IDOSA
 Juliana V. S Zinni Flávia Aparecida Pussi
VII Congresso Internacional da UNICASTELO 31 de Outubro de 2003
Profa Dra Kelly Rafael Ribeiro Coqueiro

34.1. MOBÍLIA
Obstruir passagem arrumar os móveis de forma que os caminhos não fiquem obstruídos; evitar corredores
atravancados ajuda a mobilidade de pessoas com visão periférica comprometida Cadeiras, mesas
instáveis precisam ser suficientemente estáveis para suportar o peso da pessoa apoiada sobre as bordas
de mesa ou encosto e braços das cadeiras, pessoas com comprometimento de equilíbrio usam a mobília
como apoio.

34.2. COZINHA
Gabinetes Prateleiras muito altas manter os itens usados freqüentemente ao nível da cintura; Instalar
prateleiras e armários a uma altura acessível reduz o risco de cair por causa de tentar alcançar ou subir
em escadas ou cadeiras instáveis.

Registro de gás botão difícil de ver, assinalar claramente as posições “ligado” e “desligado” nos botões.
Pernas de cadeira mau estado Evitar cadeiras com rodas; consertar pernas frouxas cadeiras resistentes e
estáveis não escorregam durante a transferência.

Mesa Bambas, instáveis Instalar mesa com pernas resistentes de boa altura; evitar mesa sobre tripés ou
pedestais Pessoas com comprometimento da marcha freqüentemente usam a mesa como apoio.

34.3. BANHEIRO
Banheira com fundo escorregadio Instalar faixas antiderrapantes ou capacho de borracha; usar chinelos
para chuveiro ou cadeiras para banho, evita escorregar na banheira molhada

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Suporte de toalha e topo da pia instáveis para uso como suporte ao transferir do vaso sanitário, fixar
grades de apoio em pinos na parede próximo ao vaso sanitário ajuda a transferência para os vaso
sanitário e dele para outro local
Assento sanitário muito baixo Usar acento sanitário elevado ajuda a transferência para o vaso sanitário e
para fora dele Drogas rotuladas inadequadamente Rotular todas as drogas de acordo com a necessidade
de uso interno ou externo; manter uma lupa dentro ou próximo ao gabinete Porta / Fechadura Evitar
fechaduras nas portas do banheiro ou usar apenas as que podem ser abertas dos dois lados da parta
Permite o acesso de outras pessoas no caso de ocorrer uma queda

34.4. ILUMINAÇÃO
Instalar iluminação adequada no topo e na base da escada; luzes noturnas ou faixas adesivas coloridas
podem ser usadas para assinalar claramente os degraus Define a localização dos degraus, especialmente
para pessoas com comprometimento de visão ou da percepção

35. Aspectos clínicos da demência senil em instituições asilares

Milton Luiz Gorzoni; Sueli Luciano Pires

Aspectos clínicos do dementado asilado


35.1. Infecções
Idosos asilados freqüentemente são hospitalizados, favorecendo contato com flora bacteriana intra-
hospitalar resistente a antibióticos. O ambiente confinado das instituições asilares facilita a disseminação
desse tipo de bactérias a outros internados. Diante disso, deve-se colher culturas, com antibiograma, para
melhor caracterização da flora bacteriana intra-asilar ou criar procedimentos semelhantes aos das
comissões de controle de infecção intra-hospitalar. Devido à gravidade das doenças existentes e do grau
de dependência física e mental em que se encontram, institucionalizados estão propensos a apresentar
infecções, principalmente no tegumento cutâneo, trato urinário e aparelho respiratório. Aconselha-se a
promoção de cuidados preventivos para infecções nesses três locais (Yoshikawa, 1989; Bentley et al.,
2001; Yoshikawa, 2002; Villas-Boas e Ruiz, 2004; Boockvar et al., 2005; Ramroth et al., 2005).

O envelhecimento da pele provoca alterações, principalmente em áreas expostas à radiação solar, que a
torna mais fina, seca e propensa para a formação de hematomas e soluções de continuidade,
notadamente em antebraços e mãos. Recomenda-se o uso regular de sabonetes e cremes hidratantes
nesses locais, como prevenção de lesões, que muitas vezes são interpretadas por familiares como sinais
de abuso e maus tratos. Dementados apresentam, com freqüência, quadros comportamentais que podem
gerar traumas e lesões cutâneas com infecções secundárias. Essas lesões devem ser avaliadas e, se
necessário, receberem não apenas tratamento local, como sistêmico. Igualmente é comum o encontro de
doenças coadjuvantes à demência senil que provoquem estase e/ou lesões venosas em membros
inferiores e favoreçam a formação de erisipelas ou de tromboflebites associadas. Essas circunstâncias
exigem cuidados locais e o uso de antibioticoterapia sistêmica, muitas vezes de forma profilática.
Constante é a observação da ocorrência de posições semifetais em estágios avançados da demência
senil. Isso favorece a formação ou o encontro à admissão asilar de úlceras de pressão. Cuidados locais
com as preexistentes ou medidas como mudança periódica de posições viciosas que as favoreçam,

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podem impedir circunstâncias de sofrimento e reduzir o risco de bacteremias e sepse, nesses asilados.
Recomenda-se ainda a vacinação antitetânica, devido ao fato de que as lesões tegumentares, descritas
acima, serem potenciais portas de entrada para o Clostridium tetani (Yoshikawa, 1989; Webster, 2001;
Yoshikawa, 2002; Strausbaugh et al., 2003; Laube, 2004; Theodosa, 2004).

Infecções respiratórias disseminam-se facilmente em comunidades fechadas, como as instituições


asilares. Pode-se minimizar esse risco com o emprego regular de vacinas antipneumocócicas e
antiinfluenzas, tanto em asilados, como no corpo de funcionários do local. Ocorre. Porém. que demências
em estágio final associam-se constantemente a broncopneumonias aspirativas recorrentes. Essa relação
decorre de quadros de imobilismo crônico e do uso de sondas e cateteres. O agente causador é,
habitualmente, a flora bacteriana mista (agentes Gram-negativos, anaeróbios e estafilococos), muitas
vezes multirresistente a antibióticos usuais. Geram-se, assim, circunstâncias propícias à sepse e à morte
desses dementados. Estima-se que, enquanto idosos sem demência senil apresentem incidência de
aproximadamente 90% de sobrevida após 180 dias da hospitalização por pneumonia, dementados em
estado avançado têm a sobrevida reduzida para algo em torno de 50% após o mesmo período (Morrison e
Siu, 2000; Bentley et al., 2001; Van der Steen et al., 2002; Yoshikawa, 2002; Strausbaugh et al., 2003;
Bardenheier et al., 2004; Furman et al., 2004; Boockvar et al., 2005; Janssens, 2005).

Deve-se ainda observar que o diagnóstico de tuberculose em idosos, dementados ou não, é pouco
lembrado. Freqüente em comunidades fechadas como asilos, tem-se observado aumento no número de
casos nessa faixa etária e maior mortalidade devido ao percentual de casos diagnosticados em estágios
mais avançados da doença (Chaimowicz, 2001; Ijaz et al., 2002; Strausbaugh et al., 2003).

35.2. Desnutrição
Deficiências nutricionais, permanente ou transitoriamente, ocorrem entre 30% a 80% dos idosos asilados.
Doenças crônicas e/ou graves alteram as necessidades orgânicas de proteínas e de calorias e podem
estar acompanhadas de inapetência, provocadas por elas mesmas ou devido a medicamentos e por
barreiras à alimentação, como ausência de auxílio para oferecer as refeições, falta de dentes, dieta de
consistência ruim para a deglutição ou monótona ao paladar. Revisão da necessidade de fármacos, como
antiinflamatórios não-hormonais e digitálicos soluciona ou minimiza, em muitos casos, quadros de
anorexia. Avaliações odontológicas, fonoaudiológicas e nutricionais periódicas contribuem para a
prevenção da desnutrição. Indica-se o uso de sondas enterais, quando outras medidas, citadas
anteriormente, não forem eficazes ou o paciente não apresente condições de ser alimentado por via oral e
esteja desenvolvendo quadro de desnutrição progressiva (Kamel et al., 2000; Sullivan, 2000; Alibhai et al.,
2005).

Quadros depressivos, nem sempre de fácil diagnóstico quando associados à demência senil, podem, em
muitos asilados, justificar baixa ingesta alimentar. O mesmo ocorre em dementados com outros distúrbios
comportamentais, como agitação e irritabilidade. Períodos de perambulação e/ou de extrema atividade
física associam aumento do consumo energético à baixa oferta calórica nessas alterações
comportamentais. A perda de peso aumenta com a gravidade e a progressão da demência senil,
particularmente na doença de Alzheimer, servindo como preditora de mortalidade para esses casos
(Berkhout et al., 1998; White et al., 1998; Forlenza, 2000; White et al., 2004).

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35.3. Incontinência urinária
Causa freqüente de asilamento e de alta prevalência em idosos institucionalizados, apresenta significativa
associação com quadros demenciais. Estima-se que esta prevalência chegue, aos 85 anos de idade, em
torno de 43% nas mulheres e de 24% nos homens. O percentual aproxima-se a 84% quando são
analisados apenas octogenários asilados. Incontinência urinária pode provocar ou agravar insuficiência
renal, infecções urinárias, litíase renal, hematúria, lesões cutâneas, quedas e fraturas. A mortalidade,
mesmo em idosos vivendo em comunidade e com graus graves de incontinência urinária, é de mais de
50% em aproximadamente 3,5 anos de evolução do quadro (Hellstorm et al., 1990; Nakanishi et al., 1999;
Sthothers e Fenster, 2002; Durrant e Snape, 2003).

Nem sempre irreversível, deve-se estar atento a fatores controláveis como delírio, medicamentos tipo
diuréticos ou hipnóticos, atrofia vulvar, fecaloma e diabetes melito. Aconselha-se também a avaliação do
local onde se encontra o idoso incontinente, para que sejam retirados obstáculos que dificultem sua ida
com facilidade ao sanitário. Observa-se ainda e com freqüência incontinência urinária associada a quadros
como parkinsonismo ou demência com corpúsculos difusos de Lewy, seqüelas de acidentes vasculares
cerebrais ou demências vasculares e hidrocefalia de pressão liquórica normal ou intermitente, situações
que, em muitos casos, são passíveis de tratamento e/ou processos de reabilitação miccional (Fowler,
1999; Sthothers e Fenster, 2002; Durrant e Snape, 2003).

35.4. Distúrbios do comportamento


Percentuais entre 40% e 90% de dementados asilados apresentam períodos de depressão, psicose,
agressividade ou delírio. Torna-se, assim, comum a prescrição de psicofármacos, com as reações
adversas e complicações inerentes ao seu uso. Embora não se relacione ao enfoque principal do presente
artigo, ? ca a referência a que esses distúrbios são passíveis de tratamento não necessariamente
medicamentoso. Deve-se considerar essa opção pela necessidade de mais estudos controlados sobre o
uso de psicofármacos em distúrbios comportamentais em dementados (Gorzoni, 1995; Forlenza, 2000;
MacDonald et al., 2002; Tamai, 2002; Cummings, 2004).

35.5. Imobilidade
Quadros demenciais em estágios mais avançados e psicofármacos são causas significativas de
imobilidade em asilados. Circunstâncias que provocam dor, incontinência urinária, distúrbios da força
muscular, alterações do equilíbrio e rigidez articular contribuem para sua instalação e progressão. Equipes
de reabilitação e de enfermagem. adequadamente motivadas e treinadas para a detecção de quadros de
imobilidade. podem, com boas chances de sucesso, reduzir sua freqüência e impedir quadros decorrentes,
como úlceras de pressão e eventos tromboembólicos (MacLennae et al., 1987; Campbell et al., 1990;
Berkout et al., 1998; Gordon et al., 1999; Carvalho e Coutinho, 2002; Durrant e Snape, 2003; Toulotte et
al., 2003).

36. Cartilha do Idoso


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APRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃO

PAPEL DO ESTADO, DA SOCIEDADE E DA FAMÍLIA EM RELAÇÃO AO IDOSO

Papel do Estado

Na área da Assistência Social

Na área da Saúde

Na área da Educação

Nas áreas de Trabalho e Previdência

Nas áreas de Habitação e Urbanismo

Nas áreas da Justiça e da Segurança Pública

Nas áreas de Cultura, Esporte e Lazer

Obrigações da área Financeira

Na área de Transportes

PAPEL DA SOCIEDADE

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Como devem agir as empresas

Dicas úteis para melhor atendimento do idoso

As entidades que desenvolvem programas de asilo deverão adotar os seguintes princípios, ...

PAPEL DA FAMÍLIA

PAPEL DO IDOSO

A quem denunciar abusos

O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

"A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania,
garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida" (Lei
8.842/94 - Política Nacional do Idoso, artigo 3º, inciso I)

A PRODIDE - Promotoria de Justiça de Defesa do Idoso e do Portador de Deficiência, órgão integrante do


Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, oferece ao público a presente Cartilha do Idoso que tem
como objetivo divulgar os direitos da pessoa idosa e, sobretudo, ressaltar a responsabilidade do Poder
Público, da família e da sociedade em geral no cumprimento das diretrizes da Política Nacional do Idoso,
na esperança de alcançarmos sua eficácia.

O progresso da medicina e o avanço tecnológico trouxeram para a sociedade moderna a possibilidade de


maior expectativa de vida. Para o brasileiro, que há poucas décadas convivia com uma média de
expectativa de vida de até 40 anos, o avanço da medicina alterou a realidade nacional, elevando essa
média para 70 anos. Isso significa dizer que, associado ao fato de que o índice de natalidade brasileiro
vem se reduzindo, a população brasileira está ficando mais velha.

Os idosos já representam cerca de 9% de nossa população. No Distrito Federal representam 5% da


população, ou seja, mais de 100 mil pessoas. A tendência é que, em futuro próximo, o número de idosos
seja equivalente ao de jovens. Diante dessa realidade, governo, sociedade e família precisam promover
uma ampla conscientização e priorizar a instalação de políticas de reeducação social em relação à pessoa
idosa. É fundamental que se criem mecanismos para uma saudável convivência com a velhice, garantindo
a dignidade como um bem legitimamente reconhecido a qualquer ser humano e o respeito aos seus
direitos não como algo próprio de minoria a ser protegida, mas como verdadeira regra de convívio de
gerações.

Na implementação dessa política, dentre as atribuições vinculadas ao Estado, o Ministério Público possui
a missão constitucional de garantir os direitos da pessoa idosa. O Ministério Público criou a PRODIDE
Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Idoso e Portadores de Deficiência, com o propósito de
cuidar dos direitos coletivos e individuais indisponíveis da pessoa idosa.

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Daí a iniciativa desta cartilha destinada a divulgar as leis direcionadas aos idosos e mostrar o papel de
cada um agente - governo, sociedade, família e o próprio idoso - na efetivação das garantias previstas na
legislação, especialmente na Lei n° 8.842, de 1994, que instituiu a Política Nacional do Idoso.

O Estado, ou seja, todos os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
têm a obrigação de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida.

Atente-se para os seguintes princípios, diretrizes e obrigações do Estado tratados pela Política Nacional
do Idoso:

- Não discriminação de qualquer natureza ao idoso;

- Integração do idoso com os mais jovens, pois o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em
geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos;

- Participação do idoso na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e


projetos a serem desenvolvidos;

- Priorização do atendimento ao idoso por meio de sua própria família, em detrimento do atendimento
asilar, à exceção dos idosos sem condições que garantam sua própria sobrevivência;

- Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de
serviços;

- Implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos,
dos planos, programas e projetos em cada nível de governo;

- Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre


os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;

- Garantia de atendimento prioritário ao idoso nos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à
população;

- Vedação da permanência de portadores de doenças que necessitem de assistência médica ou de


enfermagem permanente em instituições asilares de caráter social.

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Assistência Social é o amparo às pessoas necessitadas, sem que estas precisem contribuir
financeiramente para receber os benefícios. Constitui obrigação do Estado fazer com que os idosos
caminhem com as próprias forças, mediante os seguintes princípios:

- Prestação de serviços e desenvolvimento de ações voltadas para o atendimento das necessidades


básicas do idoso, mediante a participação da família, da sociedade e de entidades governamentais e não-
governamentais;

- Prestação de atendimento, em regime de internato asilar, ao idoso sem vínculo familiar, abandonado ou
sem condições de prover a própria subsistência, de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia,
alimentação, saúde e convivência social;

- Criação de Centros de Convivência: locais destinados à permanência diurna do idoso, onde são
desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e de educação para a
cidadania;

- Criação de Centros de Cuidados Diurno: Hospital-Dia e Centro-Dia - locais destinados à permanência


diurna do idoso dependente ou que possua deficiência temporária e necessite de assistência médica ou
de assistência multiprofissional;

- Criação de Casas-Lares: residências, em sistema participativo, cedidas por instituições públicas ou


privadas, destinadas a idosos detentores de renda insuficiente para sua manutenção e sem família;

- Criação de Oficinas Abrigadas de Trabalho: locais destinados ao desenvolvimento de atividades


produtivas para o idoso, proporcionando-lhe oportunidade de elevar sua renda, sendo regidas por normas
específicas;

- Atendimento domiciliar: serviço prestado ao idoso que vive só e seja dependente, a fim de suprir as suas
necessidades da vida diária. Esse serviço é prestado em seu próprio lar por profissionais da área de
saúde ou por pessoas da própria comunidade;

- Pagamento do benefício de prestação continuada de um salário-mínimo mensal ao idoso, com idade


igual ou superior a 67 anos, que não tenha condições de se manter ou de ser mantido pela família.

Saúde não é apenas a ausência de doenças, e sim o estado de completo bem-estar físico, mental e
espiritual do homem. "A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para a sua promoção, proteção e recuperação" - artigo 196 da Constituição Federal.

São obrigações dos órgãos de saúde:

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- Garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis do Sistema Único de Saúde, mediante
programas e medidas profiláticas, além de prioridade no atendimento;

- Incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos federais, estaduais,
municipais, e do Distrito Federal;

- Fornecer medicamentos, órteses e próteses necessários à recuperação e reabilitação da saúde do idoso;

- Estimular a participação do idoso nas diversas instâncias de controle social do Sistema Único de Saúde;

- Desenvolver política de prevenção para que a população envelheça mantendo um bom estado de saúde;

- Estimular a permanência do idoso na comunidade, junto à família, desempenhando papel social ativo,
com a autonomia e independência que lhe for própria;

- Estimular a criação, na rede de serviços do Sistema Único de Saúde, de Unidades de Cuidados Diurnos
(Hospital-Dia, Centro-Dia), de atendimento domiciliar e outros serviços alternativos para o idoso;

- Garantir, no Distrito Federal, cartão facilitador de saúde para o idoso, com o objetivo de tornar mais fácil
o atendimento na rede do SUS.

A educação é direito de todos e dever do Estado, o qual deve se


encarregar de adequar currículos, metodologias e material didático aos
programas educacionais destinados ao idoso. Veja algumas obrigações
da área de educação:

- Inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis do ensino formal,


conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, de forma a
eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o assunto;

- Incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos


cursos superiores;

- Desenvolver programas educativos, especialmente nos meios de


comunicação, a fim de informar a população sobre o processo de
envelhecimento;

- Desenvolver programas que adotem modalidades de ensino a


distância, adequados às condições do idoso;

- Criar universidade aberta para a terceira idade, como meio de universalizar o acesso às diferentes
formas do saber, bem como estimular e apoiar a admissão do idoso na universidade, propiciando a
integração intergeracional;

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- Garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso
quanto à sua participação no mercado de trabalho;

- Atender prioritariamente o idoso em via de aposentadoria e


prestar-lhe esclarecimentos sobre os seus direitos
previdenciários, bem como os meios de exercê-los;

- Criar e manter programas de preparação para


aposentadorias, por meio de assessoramento às entidades de
classes, instituições de natureza social, empresas e órgãos públicos, por intermédio das suas respectivas
unidades de recursos humanos;

- Prestar atendimento preferencial nas áreas do Seguro Social, visando à habilitação e à manutenção dos
benefícios, exame médico pericial, inscrição de beneficiários, serviço social e setores de informações;

- Prestar atendimento, preferencial nas áreas da arrecadação e fiscalização, visando à prestação de


informações e ao cálculo de contribuições individuais; manter programas de preparação para
aposentadorias;

- Encaminhar ao Programa de Reabilitação do INSS o idoso aposentado, exceto por invalidez, que
retornar ao trabalho nas atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, quando
acidentado no trabalho.

Nos programas habitacionais devem ser observados os seguintes critérios:

- Identificação, na população-alvo destes programas, da população idosa e suas necessidades


habitacionais;

- Alternativas habitacionais adequadas à população idosa identificada;

- Previsão de equipamentos urbanos de uso público que atendam às necessidades da população idosa;

- Estabelecimento de diretrizes para que os projetos eliminem barreiras arquitetônicas e urbanas e utilizem
tipologias habitacionais adequadas à população idosa identificada;

- Criar mecanismos que induzam à eliminação de barreiras arquitetônicas para o idoso, em equipamentos
urbanos de uso público;

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- Garantia, no Distrito Federal, de isenção de IPTU e TLP para imóveis de até 120 m2, ocupados por
maiores de 65 anos que ganhem até dois salários-mínimos;

- Garantia, no Distrito Federal, de fornecimento de recursos para a construção, junto à moradia da família
do idoso, de cômodo que lhe sirva de habitação independente.

Viabilizar linhas de crédito visando ao acesso a moradias para o idoso, junto:

- Às entidades de crédito habitacional;

- Aos Governos Estaduais e do Distrito Federal;

- A outras entidades públicas ou privadas relacionadas com os investimentos habitacionais;

- Zelar pela aplicação das normas sobre o idoso determinando ações para evitar abusos e lesões a seus
direitos;

- Garantir tramitação prioritária de processos judiciais que envolvam idosos com idade igual ou superior a
65 anos;

- Garantir atendimento prioritário e especializado nos órgãos de segurança pública, especialmente nas
delegacias de polícia;

- Comunicar às autoridades competentes qualquer abuso contra idoso de que se tenha conhecimento em
qualquer atuação profissional;

- Tratar com respeito o idoso vítima de crimes, dando imediata atenção a seus reclamos e apurando com
rigor os delitos ainda que sejam considerados de menor potencial ofensivo ou praticados no seio familiar,
onde a violência é corriqueira e dissimulada.

“TODO CIDADÃO TEM O DEVER DE DENUNCIAR À AUTORIDADE COMPETENTE QUALQUER


FORMA DE NEGLIGÊNCIA OU DESRESPEITO AO IDOSO."

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É incentivando e criando programas de esportes, lazer e atividades culturais, que vamos proporcionar
melhor qualidade de vida ao idoso, garantindo a sua integração social. São obrigações dessas áreas:

- Garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais;

- Propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos;

- É garantido, no Distrito Federal, ao idoso com mais de 60 anos acesso gratuito no Jardim Botânico e
Parques Públicos;

- Valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso aos mais jovens,
como meio de garantir a continuidade e a identidade cultural;

- Incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades culturais; destinar, nos programas


habitacionais, unidades em regime de comodato ao idoso, na modalidade de casas-lares;

- Incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de condições de habitabilidade e


adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua independência de locomoção;

- Elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação popular; diminuir barreiras
arquitetônicas e urbanas;

Fazer incluir nos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e Municípios recursos financeiros
necessários à implantação das ações previstas na Política Nacional do Idoso.

A Lei Distrital nº 2.477/99 que garante a reserva de vagas para idosos nos estacionamentos públicos e
privados, já foi devidamente regulamentada. Assim, aquele que tiver mais de 65 anos, for proprietário e
condutor do veículo, pode estacionar nas vagas reservadas, se estiver portando o selo do DETRAN, o selo
é distribuído gratuitamente pelo DETRAN. É só requerer.

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A Constituição Federal determina a gratuidade dos transportes coletivos urbanos aos maiores de 65 anos,
bastando a sua carteira de identidade para usufruir esse benefício. O idoso tem direito à reserva de
assentos nos veículos de transporte coletivo.

Não pode haver nenhum embaraço para que o idoso usufrua o direito de gratuidade no transporte.
Qualquer discriminação será punida criminalmente e pode gerar indenização por danos morais.

A sociedade também é responsável pela eficácia da Política Nacional do Idoso. As pessoas devem
respeitar os direitos do idoso, independentemente das ações do Governo. É necessário que a sociedade
não se acomode. A qualquer evidência de abusos contra idosos, cada um de nós deve cobrar dos
responsáveis, particulares ou agentes públicos, imediatas providências para evitá-los ou coibir sua
ocorrência.

O idoso é um cliente como qualquer outro cidadão, um consumidor que gera lucro para a empresa. Assim,
oferecer ao idoso o tratamento adequado à sua condição é, antes de mero cumprimento da lei,
fundamental para os interesses das empresas.

- O idoso tem direito ao atendimento preferencial. Atendimento preferencial não significa necessariamente
a criação de guichês exclusivos, mas atendimento mais rápido e oferta de condições de conforto, tais
como existência de assentos para eventual espera e facilidade de acesso aos prédios e banheiros;

- O idoso não pode ser discriminado, qualquer que seja sua idade, no ato de adquirir mercadorias, abrir
contas-correntes ou fazer financiamentos;

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- Para o bom atendimento, as pessoas que lidam com o público devem ser devidamente treinadas e
orientadas a respeito dos direitos do idoso, de modo a não causar-lhe nenhuma forma de
constrangimento;

- Motoristas e cobradores de transportes coletivos devem atender os idosos com a urbanidade e o respeito
devidos a qualquer cidadão e não discriminá-los em função da gratuidade a que têm direito, até porque um
dia eles também serão idosos e poderão necessitar dos serviços de transportes.

- Preservação dos vínculos familiares;

- Atendimento personalizado e em pequenos grupos;

- Manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior;

- Participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo;

- Observância dos direitos e garantias dos idosos;

- Preservação da identidade e oferecimento de ambiente de respeito ao idoso;

- Prestar contas, com a devida publicidade, dos recursos públicos e privados


recebidos pela entidade.

- Fornecer vestuário e alimentação suficientes aos idosos atendidos;

- Oferecer acomodações apropriadas para visitas;

- Proporcionar cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e


farmacêuticos;

- Promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer;

- Propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com


suas crenças;

- Comunicar às autoridades competentes a ocorrência de moléstias


infecto-contagiosas;

- Providenciar a obtenção dos documentos necessários ao exercício da


cidadania àqueles que não os possuírem;

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- Fornecer comprovante de depósito dos pertences dos idosos;

- Zelar pela preservação dos bens do idoso, respeitando a vontade deste em relação aos seus pertences;

- Manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do idoso,
responsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences e demais dados que possibilitem
sua identificação e a individualização do atendimento;

- Comunicar às autoridades competentes qualquer abuso contra idoso, especialmente o abandono por
parte de familiares. A atribuição de fiscalizar as entidades asilares cabe ao Conselho do Idoso, ao
Ministério Público, a órgãos de saúde pública e a outros previstos em lei.

I - Dever de assistência:

Os filhos também são obrigados a ajudar na manutenção dos pais necessitados, conforme o previsto no
artigo 399 do Código Civil, em seu parágrafo único:

"No caso de pais que, na velhice, carência ou enfermidade, ficaram sem condições de prover seu próprio
sustento, principalmente quando se despojaram de bens em favor da prole, cabe, sem perda de tempo e
até em caráter provisional, aos filhos maiores e capazes, o dever de ajudá-los e ampará-los, com a
obrigação irrenunciável de assisti-los e alimentá-los até o final de suas vidas".

A pessoa idosa que necessite dos alimentos deve requerê-los na Justiça, por meio de advogado ou da
Defensoria Pública.

Outra forma que a pessoa idosa dispõe é procurar a PRODIDE para um possível acordo com os filhos a
fim de que estes cumpram sua obrigação de prestar assistência aos pais. Esse acordo é referendado pelo
Ministério Público e tem o
mesmo valor de uma decisão judicial. Considerando que prestar alimentos aos ascendentes é um dever,
há pena para quem:

"Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 anos ou inapto
para o trabalho, ou de ascendente inválido ou valetudinário, não lhes proporcionando os recursos
necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada;
deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente gravemente enfermo: Pena - detenção
de 1 a 4 anos e multa".

Trata-se do crime de Abandono Material (art. 244 do Código Penal).

II - Administração de bens.

A pessoa idosa, não importando a idade, tem o direito de administrar seus próprios bens enquanto não for
interditada judicialmente. Quem administrar bens de pessoa idosa, a pedido desta, deve estar ciente de
que é crime apropriar-se, indevidamente, total ou parcialmente, desses bens.
III - Incapacidade.

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A pessoa é completamente capaz para os atos da vida civil, a partir de 21 (vinte um anos), sem limite de
idade, mesmo que se encontre abrigada em qualquer instituição. Quando se verificar que a pessoa,
principalmente idosa, não tem condições de manifestar a sua vontade por qualquer razão física ou mental,
é necessário que se promova a interdição.

A interdição deve ser requerida ao Juiz, por meio de advogado, pelos parentes. Quando não houver
parentes ou estes forem incapazes ou não se interessarem, a interdição será promovida pelo Ministério
Público por meio das Promotorias de Justiça de Família, existentes em todas as cidades do Distrito
Federal. Ao final do processo, o Juiz nomeará curador que será inteiramente responsável pela pessoa
interditada.

Nos casos de comprovada incapacidade do idoso apenas para gerir seus bens, o Juiz nomeará curador
especial exclusivamente com essa função. Neste caso, o idoso continua com capacidade plena para os
demais atos da vida civil. Muitos parentes, mesmo diante da incapacidade do idoso, continuam a
administrar seus bens por procuração. Isso não é correto e pode gerar prejuízos para o idoso e sérios
transtornos penais e civis para o procurador.

Participação e defesa de direitos. O idoso, pessoalmente, ou por meio de associações, deve impor sua
presença dentro da sociedade. Nunca deve sentir-se inferior ou incapaz diante das pessoas mais jovens.
Sempre que sofrer abusos e sentir que seus direitos não estão sendo respeitados, deve levar o problema
às autoridades competentes mesmo que o desrespeito seja praticado por familiares. Quando sentir
necessidade de passar procuração para alguém cuidar de seus interesses, deve escolher com bastante
critério e exigir que a pessoa escolhida preste contas periodicamente. Se o procurador ou procuradora não
estiver cumprindo corretamente sua missão, basta procurar o cartório onde a procuração foi passada e
revogá-la. Não fornecer cartão bancário ou senhas para ninguém. Em qualquer circunstância, nunca
permitir que o cartão bancário seja retido por outra pessoa em garantia de pagamento de dívidas ou de
contribuição para a entidade em que estiver abrigado.

O idoso ou qualquer pessoa deve denunciar abusos aos orgãos competentes, dentre as quais o Ministério
Público, o Conselho do Idoso, as Delegacias de Polícia e mesmo o PROCON, quando se tratar de abusos
contra o consumidor.

Instrumentos de atuação

Cabe ao Ministério Público velar pelos direitos da pessoa idosa. No Distrito Federal, por meio da
PRODIDE, o Ministério Público atua investigando qualquer notícia de desrespeito ou violação dos direitos
do idoso, desde que se trate de direitos coletivos como, por exemplo, o direito de preferência no
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atendimento; ou se trate de direitos individuais indisponíveis, como o direito a alimentos. Quando o direito
reclamado pelo idoso é individual e disponível, ou seja, quando ele pode abrir mão desse direito, a
PRODIDE não pode atuar, devendo a pessoa interessada procurar um advogado, a Defensoria Pública ou
outros órgãos responsáveis pelo direito reclamado. No caso de reclamação contra órgão federal, como é o
caso do INSS, a PRODIDE não pode atuar. Nesses casos, se for direito coletivo ou individual indisponível
deve procurar o Ministério Público Federal. Na hipótese de reclamações envolvendo direito coletivo do
trabalho, o órgão que pode atuar é o Ministério Público do Trabalho. Nas situações individuais, pode-se
reclamar diretamente na Justiça do Trabalho ou nas Delegacias Regionais do Trabalho. Todo cidadão tem
o dever de denunciar qualquer forma de negligência ou desrespeito ao idoso. Para tanto basta procurar a
secretaria da PRODIDE, que funciona no 1º andar do Edifício Sede do MPDFT, na Praça do Buriti, e fazer
a reclamação mesmo que verbalmente.

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