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Enfermagem Geriátrica

Licenciatura Enfermagem

2º ano
Docente: Idalina Amaro
A equipa de saúde na
assistência aos idosos
-Cuidar de idoso nas instituições e no domicilio
- A relação de ajuda em gerontologia
- Violência para com os idosos
Cuidar o idoso na instituição e no domicílio
 Todos os princípios aprendidos para cuidar o utente adulto,
quer nas instituições , quer no domicílio, aplicam-se ao
idoso…

 Havendo especificidades nos aspectos essenciais, como a


relação de ajuda, que são particularmente importantes para
determinar o sucesso do processo terapêutico pretendido.

 É o carácter particular do processo terapêutico conseguido


com o idoso que determina o seu sucesso
RELAÇÃO DE AJUDA
em gerontologia

Algumas particularidades
Relação enfermeiro /idoso
ATRIBUTOS DO ENFERMEIRO GERIÁTRICO (Roach, 2003)

1. A capacidade de estabelecer uma relação terapêutica, também


denominado relacionamento enfermeiro/idoso ou relação de
confiança, definida como uma associação entre o idoso e o
enfermeiro, estabelecida para promover a cura e cuidados que
promovam ou previnam comportamentos saudáveis.

 Algumas vezes, os enfermeiros não se sentem à vontade com os idosos e não


apreendem a apreciar a sabedoria e o carácter único de cada idoso. Por isso,
devem desenvolver um relacionamento terapêutico ou de confiança.
 Este relacionamento requer mais tempo e esforço, do que o desenvolvido numa
relação de confiança com o adulto. 5
Relação enfermeiro /idoso
ATRIBUTOS DO ENFERMEIRO GERIÁTRICO (Continuação)

 O idoso pode não ter confiança suficiente com o enfermeiro, não estabelecendo
uma relação terapêutica.

 As rotinas de enfermagem, muitas vezes, retiram o tempo necessário para


promover e proporcionar uma relação de confiança.

 O receio da própria velhice, leva a alguns enfermeiros a evitar os idosos, pensando


que assim podem perpetuar a sua juventude.

 Os sentimentos pessoais sobre o envelhecimento e a idade devem ser explorados,


porque sentimentos negativos ou estereotipados podem comprometer o cuidado
que prestam.

 Atitudes estereotipadas como os sentimentos de que todas as pessoas idosas são


confusas, doentes ou que não contribuem em nada com a sociedade, prejudica o
desenvolvimento de um relacionamento terapêutico enfermeiro/idoso.

 O enfermeiro deve avaliar os seus sentimentos pessoais e tentar evitar atitudes


estereotipadas. 6
2. Apreciar o idoso como pessoa única, reconhecendo os seus
atributos e características pessoais, o que permite ao
enfermeiro planear cuidados gerais e específicos.

 Ao elaborar um plano de cuidados individualizado, este vai contribuir para


o estabelecimento de uma relação de confiança, facilitando todos os
aspectos do cuidar, desde a sua prestação, até a avaliação de cuidados.

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3. Competência clínica.

 A pessoa idosa tem mais confiança nos enfermeiros que demonstrem


competências de saber ser; saber estar e saber fazer.

 Por exemplo: o idoso sente-se mais seguro se for um enfermeiro experiente a


administrar a terapêutica endovenosa; colocar sondas nasogástricas…,
facilitando assim o relacionamento de confiança.

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4. Conhecimento das alterações físicas e psicossociais,
determinante para o enfermeiro prestar cuidados holísticos.

 Conhecer as alterações que ocorrem no idoso como resultado do


envelhecimento facilita a sua avaliação.

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5. Capacidade de comunicação com o idoso, familiares ou outros
profissionais da equipa de saúde.

 A prática de técnicas de comunicação é essencial na educação para a saúde.

 Os enfermeiros devem ser capazes de discutir questões delicadas com o idoso e


seus familiares, por exemplo, temas como a morte requerem uma comunicação
cuidadosa e empática.

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6. Capacidade para trabalhar sob a supervisão de outros, que
requer habilidade de comunicação eficiente e de trabalhar com
outros membros da equipa de saúde, como os auxiliares de
enfermagem, os médicos, os técnicos…

 Os enfermeiros que trabalham com idosos tem a obrigação de serem capazes de


supervisionar os cuidados aos idosos.

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“Interacção particular entre duas pessoas, a que ajuda e a que é
ajudada, cada uma contribuindo pessoalmente para a procura e a
satisfação de uma necessidade de ajuda apresentada por este
último” (Chalifour 1989) .

 Há efectiva diminuição da mortalidade quando os idosos estão


integrados numa rede de suporte psicológico adequados.

 É um verdadeiro cuidado, bem como uma comunicação terapêutica


baseada no respeito e na liberdade.

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Características pessoais presentes na pessoa que ajuda em gerontologia:

Despertar para si próprio e tomar consciência dos seus valores


pessoais:

 Sou capaz de reconhecer a minha ansiedade e a dos meus pacientes?


 Quais as minhas reacções relativamente às queixas dos meus pacientes?
 Quais as minhas aptidões para enfrentar a realidade?
 Sou capaz de reagir rapidamente aos meus estados depressivos, cólera, e
lutos?
 Qual o meu grau de empenhamento nas intervenções junto dos pacientes?
 O idoso representa para mim um ser único capaz de mudar?

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Características pessoais presentes na pessoa que ajuda em gerontologia:

 Capacidade de analisar as suas próprias emoções;

 Aptidão para servir de modelo e influenciar outros;

 Altruísmo;

 Sentido das responsabilidades relativamente ao outro e ética profissional.

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RESPOSTA CENTRADA NA PESSOA QUE ESCUTA

 Promover a tomada de consciência do problema e recursos disponíveis;

 Estimular as possibilidades de enfrentar a(s) dificuldade(s);

 Responder aos conteúdos = devolver as informações confirma a nossa atenção e


interesse activo, verificamos se compreendemos;

 Responder aos sentimentos = procurar compreender o estado de ânimo e que nos


clarifique o(s) sentimento(s);

 Resposta global (conteúdo e emoção), procurando-se uma relação entre os


conteúdos (situação externa) e a reacção emocional (mundo interior). 15
Objectivos da RA

1. Aumentar a auto-estima e sentimento de segurança levando-o a desenvolver


atitudes positivas face às capacidades;

2. Diminuir a ansiedade;

3. Fazê-lo viver uma experiência positiva e gratificante;

4. Ajudá-lo a melhorar as capacidades de comunicação;

5. Proporcionar-lhes ocasiões para crescer no plano pessoal;

6. Ajudá-lo a encontrar um sentido para a vida;

7. Estimular nos planos biológico, mental, emocional e social;

8. Compilar dados necessários que permitam prestar cuidados personalizados

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Particularidades da RA
1. Estabelecer objectivos realistas - evitar decepções, manter visão realista do
problema;

2. Avaliar perdas sensoriais- avaliação e PE (processo de enfermagem);

3. Prestar uma atenção particular aos problemas físicos – avaliação das AVDf e AVDs,
dor…;

4. Observar o comportamento não verbal- congruência deste;

5. Facilitar o feedback e comunicação de qualidade elevada- dar tempo para haver


resposta, esta privação coloca entraves sensoriais, partilha de opiniões;

6. Ter em conta condições específicas de tempo e de duração: todas as tarefas


podem ter de ser mais demoradas não sendo possível prever sempre a sua demora;

7. Demonstrar calor humano e facilitar a proximidade física: desenvolver uma relação


baseada na confiança e na relação de ajuda.
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Atitudes fundamentais da RA
Capacidade de escuta (escuta activa):
Fazer com que o utente perceba que é importante para a enfermeira;
Permitir-lhe que identifique as suas emoções;
Ajudá-lo a identificar as suas necessidades;
Ajudá-lo a identificar os seus problemas;
Ajudá-lo a elaborar um plano de acção idealista e eficaz

Empatia:
Capacidade de perceber o conteúdo subjectivo da mensagem e ser capaz de se colocar
no lugar do outro a fim de compreender melhor aquilo que ele vive e como o vive a
fim de o ajudar a evoluir….

Respeito:
Muito mais do que sinal de civismo, é aceitar o outro como objecto de afecto e amor;
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Atitudes fundamentais da RA (cont.)

Coerência:
Correspondência entre aquilo que o enfermeiro sente e o que exprime durante a
relação, manifestando os seus sentimentos sempre que isso contribua para o
enriquecimento da relação;

Clarificação:
Não omitir os problemas, delimitando-os e ajudando o idoso a defini-los para melhor
actuar sobre eles;

Ser autentico, pessoal e honesto;

Reconhecer o seu papel e os seus limites pessoais.

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Outras atitudes positivas na RA

Sensibilidade, abertura de “espírito”


Atitude positiva
Força de ânimo
Confiança em si próprio
Atitude não moralizadora
Criatividade

Capacidade de adaptação
Intuição

Humor

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Intervenções que não ajudam

 Desenvolver a ansiedade;
 Exprimir zanga e agressividade;
 Busca de soluções - a ideia de que o enf. pode solucionar todas os
problemas;
 Tranquilizar, facilitar e confortar a dependência;
 Dar provas de demasiada familiaridade: os limites da relação devem estar
definidos;
 Usar a intimidação:
 dar ordens, fazer perguntas directas, interromper ou falar muito alto ou muito
depressa, analisar e interpretar, lisonjear e aprovar (tudo), criticar e julgar,
controlar a conversa, profetizar- ser o “guru” da verdade;

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RA
 Não visa mudar o estilo de vida nem levá-lo a fingir que se adapta, mas ajudá-lo
a aceitar-se a fazer ajustamentos necessários para atingir um nível maior de
independência e liberdade.

Efeitos positivos sobre a saúde física e psicológica:


 Diminuir a dependência, solidão e a despersonalização;

 Assegura melhor qualidade de vida;

 Ajuda-o a morrer com dignidade.

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Com os utentes muito idosos:
 Conhecer previamente as dificuldades que podem advir com o idoso: confusão,
diminuição da audição ou visão;
 Proceder muito suavemente;
 Reduzir a desconfiança;
 Deixar a pessoa observa-la antes de começar a entrevista;
 Adoptar uma atitude amistosa com o meio em que o idoso se encontra;
 Se o encontro for na casa do idoso, começar a conversa primeiro com outro
elemento da família e só depois integra-lo na conversa;
 Não agir precipitadamente nem apressa-lo;
 Utilizar termos e linguagem conhecida do utente;
 Valorizar os aspectos obtido pelo cliente;
 Estar atento aos elementos da família que podem não ser assertivos (intrometerem-
se na conversa levando o idoso a manifestar vontades que não tem…) 23
Violência para com os
idosos
 Estudos indicam que os idoso são a população menos
vitimada de crimes

 Porquê?????

 Menos exposição ao crime, menos comportamentos de


risco menos possibilidade de ocorrer

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Abuso…..
“um acto único ou repetido, ou a falta de acção apropriada que ocorre em qualquer
relação onde há uma expectativa de confiança e que causa dano ou sofrimento a uma
pessoa idosa” (lachs e Pillemer, 2004)

“comportamento destrutivo ou ofensivo que é dirigido a um adulto idoso, ocorre no


contexto de uma relação de confiança e é de suficiente intensidade e/ou frequência
para produzir danos físicos, psicológicos, sociais e/ou financeiros de sofrimento
desnecessários, ferimento, dor, perda e/ou violação de direitos humano e baixa
qualidade de vida para o adulto e idoso” (Hudson, 1991)

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Tipos de abuso:

 Físico
 Sexual
 Emocional
 Exploração financeira ou material
 Abandono
 Negligência
 Auto-negligência

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Motivo porque as vítimas não denunciam

 Perda do cuidador mesmo sendo este abusivo

 Ficar só sem ter ninguém que o cuide

 Ser colocado numa instituição

 Perda de privacidade e de relações familiares

 Recriminação pelo alegado abusador

 Exposição publica e intervenção exterior

 Ninguém acreditar no abuso

 Ser responsabilizado pelo comportamento abusivo

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Factores de risco para a violência familiar

 Desequilíbrio de poder entre a vítima e o agressor, com a vitima a ter muitas


vezes menos poder;

 Agressor e vítima com distúrbios depressivos e de abuso de substâncias

 Acontecimentos familiares stressantes

 Quatro ou mais filhos espaçados

 Paternidade em jovem ou sem parceiro

 Isolamento social

 Exposição infantil à violência familiar

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Sinais de risco na vítima

 Apresentar repetidos ferimentos “acidentais”

 Parece ser uma pessoa isolada

 Diz ou demonstra sentir medo

 Considera tentativa de suicídio

 Tem história de abuso de álcool, ou drogas (incluindo prescritas)

 Apresenta-se como um utente difícil

 Tem queixas vagas, crónicas

 É incapaz de seguir planos de tratamento ou de ajuda médica (falta de


consultas…)

 Apresenta depressão grave

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Sinais de alarme graves

O abusador

 É verbalmente abusivo ou é muito amigável para com os prestadores de serviços


 Diz coisas como “ele é difícil”, “ela é obstinada”, “ela é tão estúpida”, ou “ela é
tão desajeitada”
 Tenta convencer os outros de que o membro da família é incompetente ou
maluco
 Está demasiado atento ao membro da família
 Contra as actividades
 Recusa permitir entrevistas ou exames sem estar presente/atento
 Fala sobre o membro da família como se não fosse uma pessoa

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Encaminhamento ????

 Serviços sociais????

 Crime???? – PSP????

 Criar redes locais de referenciação

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Reabilitação do Idoso

Reabilitação geriátrica
Noções de terapia ocupacional
Reabilitação geriátrica

 Conjunto de intervenções secundárias e terciárias que visam a


restauração da qualidade de vida do idoso ou recuperação até
ao limite tendo em conta o seu estado actual.

 Intervenções na mesma medida que para o adulto mas sempre


adequadas à população geriátrica tendo em conta as suas
particularidades

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Terapia ocupacional

 A Terapia Ocupacional gerontológica visa manter,


restaurar e melhorar a capacidade funcional, mantendo
o idoso ativo e independente o maior tempo possível.

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Como ???????
Através de:
 Cuidados físicos;
 Sensoriais;
 Psicológicos e/ou sociais.

Exemplos:
 Actividades expressivas, lúdicas, artesanais, da vida diária e de auto-
manutenção, psicopedagógicas, profissionalizantes, entre outras.

Nota:
Tendo sempre o cuidado de serem previamente analisadas e avaliadas, sob os
aspectos anátomo-fisiológicos, psicológicos, sociais, culturais e económicos.

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Terapia ocupacional para idosos
Objectivos:

 Promover e manter a saúde,


 Restaurar e/ou reforçar capacidades funcionais;
 Facilitar a aprendizagem de funções essenciais;
 Auxiliar o indivíduo a atingir o máximo possível de autonomia;
 Manter o nível de actividade, alterando o ambiente se
necessário;
 Contribuir para o ajustamento psico-emocional do idoso e a sua
manifestação social.

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Deve-se avaliar:

 O que o idoso fazia antes da sua doença;

 O estado biológico: força, tónus muscular, amplitude articular;

 O estado psicológico: memória, estado de ânimo, capacidade de


aprendizagem,

 O estado social: existência de amigos, familiares, voluntários que o


ajudem;

 O ambiente físico: barreiras arquitectónicas.


Objectivos específicos da Terapia Ocupacional em Geriatria e Gerontologia:

 Integrar a pessoa em idade avançada à sua própria comunidade, tornando-a o


mais independente possível e em contacto com pessoas de todas as idades,
promovendo relações interpessoais.
 Incentivar, encorajar e estimular o idoso a continuar fazendo planos, ter ambições
e aspirações.
 Contribuir para o ajustamento psico-emocional do idoso e sua expressão social.
 Manter o nível de actividade, alterando o ambiente se necessário.
 Valorizar os aspectos preventivos do envelhecimento prematuro e de promoção
de saúde.
 Reabilitação do idoso com incapacidade física e/ou mental.

Atenção:
Estes objectivos dependem sempre do estado de saúde do indivíduo, do seu grau de
independência nas actividades da vida diária (AVD) e no seu grau de interesse e participação.
Objectivos da TO no domicílio:
 Consciencializar e orientar a família quanto às necessidades do
idoso;

 Adaptação física, psico-emocional e social do idoso ao seu meio, e


em relação à sua actual condição;

 Valorização dos aspectos culturais (hábitos e tradições), na procura


de soluções de problemas;

 Organização da rotina, procura de novos interesses;

 Proporcionar auxílios para facilitar ao idoso no seu auto-cuidado.


Na prática Terapêutica Ocupacional deve:

 Realizar entrevista e anamnese junto ao paciente, e se necessário junto à


família;

 Avaliar o paciente na disfunção específica, levando-se em consideração a


queixa principal que o paciente traz, correlacionando-a à totalidade de suas
relações com o mundo;

 Estabelecer os objectivos terapêuticos, se possível conjuntamente com o


paciente e/ou família, destacando e ordenando as prioridades fazendo um
planeamento realista;
Na prática Terapêutica Ocupacional deve:

 Seleccionar e aplicar métodos, técnicas e recursos apropriados ao


tratamento, e adequados à realidade sócio-económica e cultural do
paciente;

 Criar, estimular e desenvolver condição e/ou situações que favoreçam o


desencadeamento do processo terapêutico;

 Desenvolver e avaliar sistematicamente o programa estabelecido, tendo


sempre como valor e referência básica para seu trabalho o respeito à
condição humana daquele que está sob seus cuidados (bioética);

 Avaliação do momento ideal para que o paciente possa receber alta.


Terapia ocupacional
 Esse processo dá-se, essencialmente, através da inter-relação do paciente com o
terapeuta

Terapeuta Paciente

actividade e/ou grupo

Sendo que:
Nessa dinâmica o terapeuta assume um papel fundamental
como um dos elementos facilitadores e integradores do
processo

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