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UNIVERSIDADE IGUAÇU

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE –FACBS


Disciplina: Contexto Histórico e Teorias de Enfermagem – 1º Período

O homem como foco do


cuidado de Enfermagem
Profª Drª Keila do Carmo Neves
Mestre e Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna
Nery/UFRJ

Profº Ms. Wanderson Alves Ribeiro


Mestre e Doutorando pelo Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em
Saúde pela EEAAC/UFF
Qual o maior desafio do
homem?

VIVER
Como se aprende a viver?

VIVENDO
Construção do Ser Humano

Experiências

Sociais Biológicas Culturais Espirituais

Ser Humano
Será necessário buscá-lo na intimidade de suas
próprias experiências para compreendê-lo no
cume de suas determinantes, e mais
essencialmente ainda, para aceitá-lo na
consequência que lhe faz homem, dotado ou não
de possibilidades para viver às expensas de sua
própria razão.
• Psicológica e espiritualmente o homem não vive apenas no
presente, pois seu tempo depende da importância do
acontecimento, e que é o significado da experiência o que
conta para suas esperanças, ansiedades e progresso, como
pessoa.
• O homem tem assim, deste modo, uma relação flexível e
criativa com o espaço e o tempo, uma relação na qual o
princípio orientador é o significado qualitativo de suas
experiências pessoais, estas que estarão sempre em razão de
suas relações com o outro, com aquele que se antepõe ao seu
lugar, com aquele que com ele priva da vida nos grupos, ou
ainda com aquele que a ele se intercepta, despertando-lhe um
sentimento incomparável de vitória ou a consciência mórbida
de um desvalor.
• Culturalmente, precisamos lembrar que o homem é produto
do meio em que vive.
É esse ser que chega às instituições de saúde!
Convém esclarecer, pois, que, a garantia do sucesso de qualquer
intervenção humana depende, em última instância, da maneira pela qual são
atendidas as demandas emocionais, mesmo porque o teor de emoções pode servir
como crivo através do qual será possível avaliar melhor a condição ou a situação
específica em que se encontra envolvido o paciente. Sem dúvida alguma, o
resultado a que se deseja chegar, em termos de expectativas ou de proposições de
ajuda, se assentará no modo pelo qual se processa a conduta profissional desse
atendimento. Neste sentido, ouvir com atenção, seria a conduta primária a ser
utilizada pela enfermeira no contato diário com o paciente.
A justo título, secundando a opinião de Upjely (1)
diríamos que quando ouvimos o paciente, pelo menos três
objetivos podem ser alcançados:

• a) conhecer o principal tema de suas preocupações;


• b) interpretar o seu tipo de humor durante a narrativa (ou
seja, a avaliação da importância que ele atribui a seu
próprio problema); e
• c) definir a qualidade da interação estabelecida (o que ele
chega a confidenciar à enfermeira e o que comunica em
termos de expectativas pessoais).
• Por esta razão, é que acreditamos que todo indivíduo que
se atenha ao cuidado com a vida humana jamais poderá se
apresentar desprovido do preparo adequado de condições
apropriadas que lhe permitam assumir a responsabilidade
de intervir, com propriedade, tem todas as questões
concernentes à dicotomia corpo-alma, tal como entendida
nos termos de um sistema altamente diferenciado, no qual
condição propicia condição, e o sentimento de satisfação
é o resultado da atenção global às necessidades que
caracterizam o homem.
• O que nos deve preocupar é a busca de uma atitude
coerente com a responsabilidade que deve ser assumida
frente às mais diversas manifestações do paciente, e que
possa equivaler, em qualquer situação, à conduta
profissional exigida e sistematicamente orientada para a
identificação e o atendimento das necessidades
subjacentes aos mais diferenciados tipos de reações
individuais, necessidades que são singulares a cada
pessoa em determinada situação.

Necessidades Humanas
• Embora parecendo por demais complexo para muitos de nós, este
tema é em si mesmo, pleno de significações exatamente porque faz
parte do dia-a-dia, do cotidiano de qualquer enfermeira. Por isso
mesmo, achamos que o assunto não se constitui absolutamente numa
"novidade", mas sabemos também que o mesmo não tem recebido a
valorização devida no que tange aos tratamentos de enfermagem. E
isto é, talvez porque tenhamos deixado de conferir à questão o
destaque que ela merece no âmbito das atividades profissionais; na
realidade, o que testemunhamos, frequentemente, é a crescente
valorização das necessidades que se referem à sobrevivência, em
detrimento de um maior interesse pelos problemas pertinentes às
necessidades psico-sociais e psico-espirituais do paciente, estas que
lhe assegurarão significado maior para a vida, enquanto pessoas
humanas.
Conduta de enfermagem

Abordagem centrada no paciente como pessoa

Compreensão do homem como um todo

DESAFIO
• Entretanto, pelo que diz respeito à prática profissional, o
que temos observado é que continua ocorrendo, e até com
bastante frequência, uma certa omissão quanto às
responsabilidades diagnosticas da enfermeira com relação
às necessidades psicossociais e psico-espirituais, bem
como aspectos culturais do paciente.
• Se aceitarmos, do ponto de vista de uma visão sistêmica, que a
omissão no atendimento de enfermagem, em qualquer área das
necessidades humanas, pode representar a falência mesma
daquilo que entendemos por cuidado global do paciente, e que
este fato, por si só, costuma ser interpretado como negligência,
sem dúvida alguma, contrariamos com isso, tanto os ditames
dos Códigos de Ética Profissional, como também os
imperativos categóricos da Consciência Moral. Nesse caso,
não poderemos deixar de reconhecer que, como contribuintes
ao progresso social e científico da enfermagem, somos
obrigados a envidar todos os esforços e a mobilizar todos os
recursos para resolver quaisquer dificuldades relativas às
necessidades psicossociais e psico-espirituais do paciente,
tanto quanto até então se conhece e são tratadas as
necessidades psicobiologias.
• Sabemos que, como enfermeiros, somos os participantes da
equipe de saúde que dispõem da vantagem de poder verificar,
de modo mais contínuo, os vários aspectos da situação do
paciente, e que se é essa mesma vantagem que nos garante a
posição mais estratégica para decidir acerca dos "porquês", dos
"como', e dos "quando" relacionados com os problemas de
enfermagem. Então, diante desse fato, não poderemos mesmo
deixar de utilizar a oportunidade para antecipar, em termos de
causas e conseqüências, a natureza e extensão desses
problemas, a fim de que possamos intervir, com a liberdade
que nos é garantida pelas prerrogativas da posição, em todas as
circunstâncias situacionais que possam afetar, de modo
negativo, a integridade bio-psico-social do paciente.
• Temos que admitir a enfermagem como força que advém
da própria sensibilidade da enfermeira para captar a
relevância das condições que existem à sua volta e para
interpretar o significado real do mundo que compreende
as respostas do paciente. Por isso mesmo, a enfermagem
deve ser, consequentemente, entendida como força que se
orienta no sentido das mudanças desejáveis, agindo sobre
tudo aquilo que possa interferir negativamente na
sistemática processual que fundamenta a conduta
profissional da enfermeira (o) face à dimensão
psicológica que comporta o cuidado total do paciente.
O Cuidado de
Enfermagem

O Cuidar na
Enfermagem
A enfermagem, enquanto ciência e profissão, existe desde o
século XIX, e tem por intuito ajudar este homem em sua
trajetória, como um ser de cuidado. O cuidado tem sido
considerado por muitos autores da enfermagem, como a sua
essência, o modo de ser desta profissão, e é conceituado por
Waldow (1998, p.127), como o conjunto de “comportamento e
ações que envolvem conhecimento, valores, habilidades e
atitudes, empreendidas no sentido de favorecer as potencialidades
das pessoas para manter ou melhorar a condição humana no
processo de viver e morrer”
Para Mantovani (2008) a enfermagem é uma profissão que
integra a ciência e a arte no cuidado do ser humano, com a
finalidade de promover, manter e restaurar a saúde. “É
considerada arte e ciência de pessoas que cuidam de outras”
Das definições mais atuais temos a de Almeida (2000),
“Enfermagem é uma das profissões da área da saúde cuja
essência e a especificidade é o cuidado ao ser humano
individualmente, na família e ou na comunidade, desenvolvendo
atividades de promoção, prevenção de doenças, recuperação e
reabilitação da saúde, atuando em equipes. A enfermagem se
responsabiliza através do cuidado pelo conforto, acolhimento e
bem estar dos pacientes seja prestando o cuidado, seja
coordenando outros setores para prestação da assistência e
promovendo a autonomia através da educação em saúde”( p. 97)
ENFERMAGEM

CIÊNCIA

ARTE

CUIDADO
CIÊNCIA

Porque possui um conjunto de conhecimentos específico


que vem sendo construído e reconstruído ao longo de sua
evolução e que vem articulando na praxis este conjunto de
conhecimentos, a exemplo das teorias de enfermagem e dos
modelos de intervenção.
ARTE

Pois se dedica a restaurar a saúde utilizando-se de


instrumental, de habilidade e atitudes de seus agentes para a
compreensão do indivíduo, para o atendimento de suas
necessidades. Utiliza-se também de instrumental e
habilidades para a organização do processo de trabalho.
CUIDADO

Porque é o núcleo do objeto de trabalho da enfermagem e se


modifica de acordo com a cultura e incorpora questões
referentes: a gênero, religião, étnicas, éticas, bem como a
incorporação da evolução tecnológica científica, no atendimento
as necessidades de indivíduos famílias e comunidades inseridas
numa dada realidade e seu contexto sócio-econômica-política.
Segundo Boff (1999) “Cuidado significa desvelo, solicitude,
diligência, zelo, atenção, bom trato. Estamos diante de uma
atitude fundamental, de um modo de ser mediante o qual a pessoa
sai de si e centra-se no outro com desvelo e solicitude” (p.91).
Poderíamos dizer é colocar-se no lugar do outro e fazer tudo
aquilo que gostaríamos que fizessem conosco.
Waldow (1998) diz que o cuidado envolve: “ações e
atitudes de assistir, apoiar, capacitar e facilitar, que
influenciam o bem estar ou o status de saúde dos
indivíduos, famílias, grupos e instituições, bem como
condições humanas gerais, estilos de vida e contexto
ambiental” (WALDOW, 1998, p. 21). Informa que o
cuidado independente de ser individual ou na coletividade
preocupa-se em desenvolver ou promover o bem estar e
condições de vida saudável. Mas, que para exercê-lo não
existe prescrição.
“o cuidado humano não pode ser prescrito e não segue
receitas. O cuidado humano é vivido, sentido e executado
(WALDOW, 1998, p.55), por isso exige da equipe de
enfermagem e dos futuros profissionais o contato, a
proximidade, interação com quem necessita do cuidado,
pois somente dessa forma aprendemos a lidar com os
valores e sentimentos para um agir em benefício do outro
que necessita do cuidado.
• Portanto, solicita do enfermeiro e de sua equipe
competências para exercê-lo, pois é uma atividade
complexa e exige do profissional compreensão do outro a
quem se presta o cuidado, identificando ou auxiliando a
perceber as necessidades, o que exige intensa relação
interpessoal.
Considerações finais

O cuidar dos profissionais de enfermagem algo além da


execução dos procedimentos técnicos, “é a relação,
expressão, envolve empatia, autencidade, aceitação, um
dispor–se, um estar sempre junto com o ser cuidado”.
Referências
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pacientes. Rev. Bras. Enf.; DF, 32: 160-166, 1979.
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• LUZ, S. Enfermagem: Quantos Somos X Onde Estamos [internet] 2010 [citado 2010 Dezembro 15].
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• http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2007/anaisEvento/arqui
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• http://www.scielo.br/pdf/reben/v52n2/v52n2a07.pdf
• http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
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• http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/13426/Microsoft;js
essionid=183B178D3434EDD7696C7BDFC1BA275A?sequence=1
• http://www.ufjf.br/admenf/files/2013/05/O-CUIDAR-E-AS-
COMPET%C3%8ANCIAS-DA-EQUIPE-DE-ENFERMAGEM.pdf
• https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v10/n4/pdf/v10n4a30.pdf
• https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v10/n4/v10n4a30.htm
• http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n1/1414-8145-ean-18-01-0175.pdf

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