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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2
INTRODUÇÃO................................................................................................. 3
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 28
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NOSSA HISTÓRIA
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INTRODUÇÃO
Porém, no Brasil, como em muitos outros países, esta rede de serviços ainda
está em desenvolvimento e, carece de ampliação da implantação de infraestrutura
extra hospitalar mais próxima ao cotidiano de seus clientes. Apesar desses avanços
a assistência ao doente mental ainda é marcada por um processo de sucessivas
internações, caracterizando um novo fenômeno conhecido como porta giratória. Isto
é, o doente alterna entre episódios agudos com internação e períodos de estabilidade
quando fica na comunidade.
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estigmatização, violação de direitos dos doentes, dificuldade de acesso a programas
profissionalizantes, etc.
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... pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, cuida
do doente ou dependente no exercício das suas atividades diárias, tais como
alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos
serviços de saúde e demais serviços requeridos no cotidiano - como a ida a
bancos ou farmácias, excluídas as técnicas ou procedimentos identificados
com profissões legalmente estabelecidas, particularmente na área da
enfermagem. (BRASIL, 1999)
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CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
[...] o cuidado inclui duas significações básicas, intimamente ligadas entre si.
A primeira, a atitude de desvelo, de solicitude e de atenção para com o outro.
A segunda, de preocupação e de inquietação, porque a pessoa que tem
cuidado se sente envolvida e afetivamente ligada ao outro.
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Podemos afirmar que cuidar é basicamente um ato criador, atento, perspicaz
às necessidades e singularidades de quem o demanda. O cuidado é único e é sempre
dirigido a alguém. Não existem fórmulas mágicas para o ato do cuidar e sim a
invenção, o jogo de cintura, a busca de possibilidades várias. No cuidar, avista-se o
outro.
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acesso aos serviços de saúde. Eles são, sem dúvida, o grande suporte que o familiar
necessita para poder cuidar.
Por outro lado, nos serviços de saúde o ato cuidador pode ser definido como
um:
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A reabilitação psicossocial deve ser entendida como uma exigência ética, “um
processo de reconstrução, um exercício pleno da cidadania e, também, de plena
contratualidade nos três grandes cenários: habitat, rede social e trabalho com valor
social” (SARACENO, 1996, p. 16). Nesse processo, estão incluídas a valorização das
habilidades de cada indivíduo, as práticas terapêuticas que visam ao exercício da
cidadania, a postura dos profissionais, dos usuários, de familiares e da sociedade
perante o transtorno mental, as políticas de saúde mental transformadoras do modelo
hegemônico de assistência, a indignação diante das diretrizes sociais e técnicas que
norteiam a exclusão das minorias, dos diferentes. É, portanto, “uma atitude
estratégica, uma vontade política, uma modalidade compreensiva, complexa e
delicada de cuidados para pessoas vulneráveis aos modos de sociabilidade habituais”
(PITTA, 1996, p. 21).
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Além das ações assistenciais, o Ministério da Saúde também atua ativamente
na prevenção de problemas relacionados a saúde mental e dependência química,
implementando, por exemplo, iniciativas para prevenção do suicídio, por meio de
convênio firmado com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que permitiu a ligação
gratuita em todo o país.
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Jamais se isole
Consulte o médico regularmente
Faça o tratamento terapêutico adequado
Mantenha o físico e o intelectual ativos
Pratique atividades físicas
Tenha alimentação saudável
Reforce os laços familiares e de amizades
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No que tange à incidência de transtornos mentais entre crianças e
adolescentes, dados epidemiológicos revelam, em todo o mundo, uma prevalência na
faixa de 10 a 20%, dos quais, entre 3 e 4%, há indicação de cuidados intensivos
(Brasil, 2005). Embora esses números revelem que os transtornos mentais acometem
não só adultos mas também crianças e adolescentes ressaltamos, outrossim, que
estão incluídos nesses números muitos diagnósticos de transtornos questionáveis
quanto a sua etimologia como doença. Nas palavras de Guarido (2010, p. 29).
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Enfim, dando um salto na História, atualmente, a estratégia de cuidado a
crianças e adolescentes portadores de transtornos mentais, preconizada pela OMS e
adotada por alguns países, baseia-se no modelo comunitário, realizado por equipes
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multiprofissionais. O Brasil, seguindo essa mesma tendência, vivencia o processo de
construção de uma rede comunitária de cuidados, na qual os Centros de Atenção
Psicossociais (CAPS) devem ocupar um papel estratégico no tratamento às pessoas
com transtornos mentais severos. No que tange à infância, essa modalidade de
serviço vem sendo discutida desde a I Conferência de Saúde Mental, realizada em
Brasília, em 1987 (Brasil, 1988), todavia, somente em 2001, na III Conferência de
Saúde Mental (Brasil, 2002a), encontramos uma alusão direta ao dispositivo CAPSi
– Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil, definido pelo Ministério da Saúde
como:
Essa definição deixa claro qual deve ser a função de um CAPSi. Mas se, por
um lado, a existência de transtornos mentais na infância justifica a criação do CAPSi,
cuja finalidade é a de prestar assistência a essa população, por outro, observamos
uma demanda que, em geral, não se caracteriza como tal. Enunciamos essa
afirmação embasadas em um levantamento referente à clientela atendida pelo CAPSi
de um Município localizado no interior do Estado do Paraná, o qual tomamos como
objeto deste estudo. Os dados do levantamento, realizado entre julho e dezembro de
2008, apontaram que a demanda que envolvia problemas escolares representou
cerca de 60% dos acolhimentos. Tal constatação nos fez questionar se todos os
casos de crianças e adolescentes encaminhados a esse dispositivo por problemas
escolares corresponderiam àqueles definidos pelo Ministério da Saúde citados
anteriormente.
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A inclusão tardia da saúde mental infantil e juvenil na agenda das políticas de
saúde mental, nacional e internacionalmente, pode ser atribuída a diversos fatores.
Em primeiro lugar, à extensa e variada gama de problemas relacionados à saúde
mentaldainfância e adolescência, que incluem desde transtornos globais do
desenvolvimento (como o autismo) até outros ligados a fenômenos de externalização
(como transtornos de conduta, hiperatividade), internalização (depressão, transtornos
de ansiedade), uso abusivo de substâncias, e demais. Além da sintomatologia, há
considerável variação no período de incidência - alguns transtornos eclodem
nainfância e outros apenas na adolescência –, e nos tipos de prejuízos relacionados,
adicionando complexidade à avaliação diagnóstica e situacional. Nesta população, a
formulação de um diagnóstico de qualidade exige procedimentos de avaliação
específicos que incluem, além das próprias crianças e adolescentes, o recurso a
fontes deinformação diversas, como familiares, responsáveis, professores, e outros.
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saúde mental de crianças e jovens, ainda constituem um desafio a ser enfrentado em
diversos países do mundo.
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Abordar a infância como processo histórico não é tarefa simples, pois implica
considerá-la como um fenômeno produzido e datado de um certo tempo e, de tal
modo, constituído de finitude.
Nesse sentido, Figueira (1985) afirma que nós, seres humanos, temos certa
tendência a considerar o mundo que nos rodeia como natural. Tendemos, por
exemplo, a considerar a infância, a adolescência, a maturidade, a velhice, enfim, a
divisão por faixas etárias como algo que sempre foi assim. Nesse sentido, não
vislumbramos a condição de transitoriedade dos fatos e passamos a não enxergá-los
como resultantes das ações dos homens, em cada período histórico.
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SAÚDE MENTAL NA VIDA ADULTA
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Um em cada quatro adultos já foi diagnosticado com algum tipo de transtorno
psicológico, mas, mesmo assim, um quinto das pessoas ainda pensa que algumas
das principais causas de distúrbios mentais são falta de autodisciplina e força de
vontade. Uma pesquisa conduzida pelo Centro Nacional de Pesquisa Social, da
Inglaterra, entrevistou 5 mil adultos sobre suas experiências e sobre sua saúde mental
e descobriu que 26% deles já haviam sido diagnosticados com transtornos
psicológicos. Outros 18% disseram já ter enfrentado um distúrbio, mas não foram
diagnosticados.
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Outra descoberta importante apontada pelos pesquisadores diz respeito ao
ambiente em que os entrevistados que foram diagnosticados com algum transtorno
psicológico cresceram. Os dados apontaram que 27% dos homens e 42% das
mulheres diagnosticadas crescerem em famílias das classes econômicas mais
baixas. Por outro lado, apenas 15% dos homens e 25% das mulheres diagnosticadas
cresceram em famílias de alto poder aquisitivo. Este padrão foi encontrado nas três
categorias pesquisadas (distúrbio mental, transtornos psicológicos graves e
dependência de droga ou álcool.
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da longevidade, termo atualmente utilizado pelos meios de comunicação para discutir
o impacto desse fenômeno na saúde, qualidade de vida e economia mundial, requer
políticas sólidas e ações urgentes.
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(Minayo & Cavalcante, 2012). Com o intuito de chamar atenção da população mundial
para essa temática, em 10 de outubro de 2012, a depressão foi tema do dia mundial
da saúde mental promovido pela WHO (2012). Essa ação teve como finalidade
aumentar a consciência da sociedade para os cuidados com esse transtorno e
promover a discussão sobre alternativas e investimentos em ações de promoção,
prevenção e tratamento. A depressão é uma enfermidade que afeta cerca de 350
milhões de pessoas em todo mundo sendo as mulheres mais atingidas pela doença
do que os homens. Um milhão de pessoas se suicida a cada ano e grande parte delas
sofre de depressão severa.
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Ao analisar 51 casos de suicídio de idosos em dez cidades brasileiras, por meio
de autópsias psicológicas, Minayo e Cavalcante (2012) concluíram que doenças
graves, transtornos mentais, depressão, conflitos familiares e conjugais formam as
principais causas de suicídio nessa época da vida. Sendo assim, nessa faixa etária,
os sintomas depressivos podem desencadear a crise suicida quando associado às
vulnerabilidades socioambientais, psicológicas, familiares e de saúde (Minayo &
Cavalcante, 2012; Barrero, 2012; Pinto et al., 2012). Como fatores de ordem social,
destaca-se a aposentadoria, isolamento social, atitude hostil e pejorativa da
sociedade e perda de prestígio pessoal.
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diabetes, hipertensão. Como resultado das intervenções na saúde mental, os dados
dos estudos mostram que o empoderamento influenciou na redução da depressão e
ansiedade e fortaleceu a autoeficácia dos participantes (Shearer et al., 2012).
Quanto à TC, esta é analisada como uma estratégia coletiva com foco nas
histórias de vida pessoais que tem beneficiado grupos de idosos de baixo poder
aquisitivo, como demonstrado em estudo realizado por Rocha et al. (2009). Esses
pesquisadores adotaram a TC para investigar os problemas mais frequentes e as
estratégias de enfrentamento empregadas por um grupo de idosas de uma capital
brasileira. Os resultados apontam o estresse (medo da morte, perda do cônjuge,
angústia originada pelo desrespeito e mesnosprezo em razão da idade) como o
problema mais frequente, e a espiritualidade (fé e oração) como a estratégia de
fortalecimento mais utilizada por essas mulheres. De acordo com os autores, a TC
possibilitou o compartilhamendo dos sofrimentos, sentimentos de igualdade e o
processo de empoderamento e resiliência dos participantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A Constituição Federal de 1988, um marco histórico e legal no que diz respeito
à garantia dos direitos humanos no Brasil, considera, em seu Art. 5º que todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, com a garantia de direito à
vida, à liberdade e à igualdade. O Art. 3º, inciso I, por sua vez, apresenta que um dos
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, é “construir uma sociedade
livre, justa e solidária”.
Não é possível fazer cuidado em saúde mental de forma isolada, sem que o
usuário tenha clareza sobre o seu processo de tratamento, sem acolhimento, sem
que haja abordagem familiar e comunitária, sem que haja a compreensão do seu
modo de viver, sem a busca de novas práticas de intervenção visando o sucesso do
tratamento/acompanhamento. Não se pode cuidar da saúde pensando em um
indivíduo de forma isolada, mas deve-se considerar seu contexto territorial, familiar,
religioso, educacional, dentre outros. Cuidar não é sinônimo de tratar uma doença,
aproxima-se, outrossim, de acolher um sujeito; inclui aprender, reaprender, desafiar
a si mesmo para comunicar-se com alguém que não deve ser visto somente como
um paciente, mas como um sujeito desejante e portador de direitos que necessita de
um olhar integral para a sua vida e sua condição de saúde.
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Especificamente quando falamos de cuidado em saúde mental, observamos
uma reação comum de incompreensão, preconceito, indiferença, medo e
afastamento. Esse olhar, entretanto, explicita a falta de reconhecimento de que há
naquele sintoma, naquela “crise”, naquele delírio, conteúdos da história daquela
pessoa, uma forma de expressão da vida e do sofrimento psíquico que a atravessa.
Nesse sentido, garantir cuidado em saúde mental é 256 garantir também o direito de
o sujeito existir com suas singularidades, limitações e potencialidades.
Não é uma clínica neutra, posto que implica tomar parte na fabricação de uma
outra maneira de viver, de estar no mundo, de ser louco. Implica combater – ainda
que esse combate se dê no espaço do encontro de dois, de um grupo terapêutico ou
no social – o sistema de crenças no qual verdades que aprisionam se amparam, para
que outras crenças e outras escolhas se tornem possíveis. Muitas vezes, para os
sujeitos que atendemos, a estratégia existencial possível tem sido tomar a situação
atual – ainda que sufocante – como dada, como uma fatalidade diante da qual nada
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se pode fazer, condenando-se, já que condenado, a um modo de vida que não
escolheu viver. Como nos diz a psicanalista Jô Gondar,
Ainda que esse pareça um modo de viver conforme em nossa sociedade atual,
as taxas crescentes de tentativa de suicídio, de autolesão, de demanda por serviços
de saúde mental por pessoas com queixas de depressão e ansiedade, ou ainda o
crescimento do uso desenfreado de drogas e de medicações psicotrópicas, nos
denuncia que algo vai mal, que as subjetividades padronizadas e o sufocamento do
desejo, em alguma medida, vem tornando impossível a existência dos sujeitos.
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REFERÊNCIAS
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