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SP3

SAÚDE DA CRIANÇA

TERMOS DESCONHECIDOS:

● DSEI: O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) é a unidade gestora


descentralizada do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). O DSEI é
uma unidade organizacional da FUNASA e deve ser entendido como uma base
territorial e populacional sob responsabilidade sanitária claramente identificada,
enfeixando conjunto de ações de saúde necessárias à atenção básica, articulado
com a rede do Sistema Único de Saúde (SUS), para referência e contrarreferência,
composto por equipe mínima necessária para executar suas ações e com controle
social por intermédio dos Conselhos Locais e Distrital de Saúde.
● O subsistema de atenção à saúde do indígena está organizado na forma de 35 DSEI
e, estando em perfeita articulação com o SUS, segue as seguintes condições:
○ Considerar os próprios conceitos de saúde e doença da população e os
aspectos intersetoriais e seus determinantes;
○ Ser construído coletivamente a partir de um processo de planejamento
participativo;
○ Possuir instâncias de controle social formalizados em todos os níveis de
gestão.

OBJETIVOS:

1) ENTENDER A ENFERMAGEM TRANSCULTURAL (TEORIA DA MADELEINE


LEININGER);
2) DESCREVER A TEORIA DOS SISTEMAS FAMILIARES E O CUIDADO
CENTRADO NA FAMÍLIA;
3) ENTENDER O QUE É HEBICULTURA E PUERICULTURA;
4) COMPREENDER A ESTRATÉGIA AIDPI.

1) ENTENDER A ENFERMAGEM TRANSCULTURAL (TEORIA DA MADELEINE


LEININGER)

● A enfermagem transcultural é uma área de estudo estimulante e atraente, pois seus


resultados contribuem para o desenvolvimento do saber de enfermagem que não se
limita ao nível local; ao contrário, reflete-se no aperfeiçoamento desta profissão a
nível mundial, pois é como se colegas de várias partes do mundo se aliassem em
busca do conhecimento para provisão de cuidado culturalmente universal e/ou
específico, ou seja, definam o fenômeno do cuidado para determinada cultura.
● No Brasil, caracterizado por uma multiplicidade cultural determinada por sua própria
história, tal estudo torna-se ainda mais fascinante, pela diversidade de crejiças e de
valores, referentes aos aspectos de saúde e, portanto expectativas das mais
diversas com relação à qualidade e efetividade do cuidado de enfermagem.
● As noções de saúde e doença são fortemente influenciadas pelo contexto natural em
que elas ocorrem, e variam de uma cultura para outra, possuindo, portanto, uma
natureza subjetiva que precisa ser estudada em profundidade. Assim, pretendemos,
com este artigo, facilitar a compreensão do assunto para aqueles que se iniciam no
seu estudo e estimular novos colegas a se integrarem por este campo promissor da
enfermagem; a sua colaboração será essencial para o pleno desenvolvimento da
enfermagem transcultural entre nós.
● Madeleine Leininger, enfermeira e antropóloga, na década de 50 ao trabalhar em
uma casa com crianças de diversas nacionalidades.
● Com base em suas vivências práticas, na década de 1950, com seus pais e seus
filhos, percebeu que crianças apresentavam diferenças comportamentais que se
repetiam com frequência. Atribuiu tais diferenças a um fundo de base cultural e
percebeu que a enfermagem não possuía conhecimentos suficientes a respeito da
cultura dessas crianças para compreendê-las melhor e desenvolver as práticas de
cuidados de enfermagem diversificadas, significativas e eficazes, de acordo com as
suas culturas.
● A partir de então, formulou conceitos, teorias, práticas e princípios da disciplina que
fundou, chamada “Enfermagem Transcultural”.
● Madeleine Leininger foi aprimorando sua teoria e método de pesquisa a partir de um
enfoque êmico – EMIC (percepções internas das pessoas) –, permitindo que fossem
compartilhadas ideias, crenças e experiências com pesquisadores (ético – ETIC).
● Assim, reconhecia duas categorias de cuidar: o genérico (associado ao EMIC) e o
profissional (ETIC), que diz respeito a recuperar enfermidades e sobreviver. O
cuidado genérico estaria correlacionado ao enfoque êmico e o profissional, ao ético.
● Culturas diferentes percebem, conhecem e praticam cuidado de diferentes maneiras,
ainda que alguns elementos comuns existam, em relação ao cuidado, em todas as
culturas do mundo.
● A teoria de Leininger é focada em fornecer cuidados que estejam em harmonia com
as crenças, práticas e valores culturais de um paciente.
● O cuidado universal ao ser humano significa que o ser humano se desenvolve e
morre, necessita de cuidado adequando o seu ambiente a sua cultura e estrutura
social, tendo sua própria dimensão de cuidado, doença e saúde.
● Na década de 1960, ela cunhou a frase “cuidado culturalmente congruente”, que é o
objetivo principal da enfermagem transcultural.
● A Teoria de Leininger contribui para uma proposta do cuidado como um todo, que
conceitua a preservação dos sujeitos e a variedade de fatores culturais, em
contestação ao modelo hegemônico centrado nos sinais e sintomas das doenças.
● A educação em saúde facilita que a população use seus próprios saberes
conquistados para buscar resoluções para seus problemas (SEIMA et al., 2011).
● Inserir no planejamento da assistência de enfermagem os saberes antecedentes de
indivíduos a serem cuidados e seus familiares consente maior elo das equipes de
enfermagem à comunidade, com visão em uma assistência mais concreta e reflexiva
com as atitudes, crenças e valores dos seres humanos que procuram os cuidados
para suprir suas necessidades dentro do processo saúde-doença (HENCKEMAIER
et al., 2014).
● O enfermeiro e os sujeitos das ações de enfermagem são envolvidos para a busca
de cuidados culturalmente congruentes, desconstruindo o modelo vigente,
tecnocrático e verticalizado, pautado por atitudes impositivas por parte dos
profissionais de saúde.
● A visão de mundo, linguagem, religião, contexto social, político, educacional,
econômico exercem influência sobre os valores, crenças e práticas do cuidado
cultural.
● Com relação a esses fatores, Madeleine Leininger propõe buscar a diversidade e
universalidade; para ela, o cuidado só será culturalmente congruente quando os
valores, bem como os cuidados culturais, dos grupos, família ou indivíduos forem
conhecidos.
● O cuidar passa a ser desenvolvido e decidido sob a visão das pessoas, e não mais
sob a visão do enfermeiro.
● Observa-se a importância do cuidado e da cultura caminharem sempre juntos no
processo de avaliação e cuidado de enfermagem. A partir do cuidado popular,
cultural, é estabelecido o cuidado de enfermagem.
● Identificando a relação enfermeiro-paciente, percebe-se que este troca
conhecimento, habilidade técnica e sensibilidade e ajuda o outro a crescer.
● O profissional enfermeiro, ao cuidar, está se desenvolvendo profissional e
pessoalmente.
● Os cuidados culturais são valores e crenças que auxiliam o grupo de indivíduos a
manter seu bem-estar, melhorar suas condições pessoais, enfrentar a morte e a
incapacidade.
● Nos cuidados culturais, Madeleine Leininger ainda apresentou um desafio de
desenvolver as ações do cuidar a partir do olhar das pessoas como comunidade e
não da visão do enfermeiro.
● Existem três modalidades para a realização do cuidado cultural ou, também,
podemos entender como modos de atuação da enfermagem:
○ preservação e/ou manutenção do cuidado cultural;
○ acomodação e/ ou negociação do cuidado cultural;
○ repadronização ou reestruturação do cuidado cultura.
● O modelo proposto por Leininger é utilizado para estudos que ressaltam a
importância de serem estudadas pessoas do seu ponto de vista e conhecimentos
locais (EMIC) para posteriormente ser contrastado com fatores externos (ETIC).
Admite, assim, o uso da etnoenfermagem, etnografia, história de vida e
fenomenologia;
● O Modelo Sunrise é o esquema gráfico utilizado para descrever e ilustrar os
principais componentes da Teoria Transcultural. Esse modelo consta 4 níveis:
● Nível I: representativo da visão de mundo e sistemas sociais, possibilitando a
compreensão dos atributos dos cuidados em três perspectivas: microperspectiva
(indivíduos de uma cultura), perspectiva média (fatores mais complexos de uma
estrutura específica), macroperspectiva (fenômenos transversais em diversas
culturas)
● Nível II: proporciona informações sobre os indivíduos, sobre uma família, bem como
sobre significados e expressões específicas relacionadas com o cuidado de saúde.
● Nível III: proporciona informações sobre s sistemas tradicionais e profissionais,
incluindo a enfermagem, que atuam em uma cultura e permite a identificação da
diversidade e universalidade dos cuidados culturais;
● Nível IV: determina o nível de decisões dos cuidados de enfermagem, incluindo a
preservação, a acomodação e a repadronização do cuidado cultural. Nesse nível,
ocorrem os cuidados culturalmente coerentes.
● Essa forma de entender saúde nos coloca numa situação de igual para igual com
nosso cliente, rompendo com o velho paradigma de que o profissional de saúde é o
detentor do saber e o paciente/cliente desprovido de qualquer conhecimento.
● Ao reconhecermos a existência desse saber social, transcendemos velhos conceitos
de saúde e doença e nos lançamos para uma nova perspectiva de enfermagem que
vai para adiante de um modelo intervencionista e curativo.
● O eixo principal da Teoria Transcultural idealiza o cuidado como o fundamento da
pratica e do saber. Por isso, pretende assistir, oferecer auxilio e facilitar ações para
suprir as necessidades.
● Em vista disso, para Leininger, o cuidado que é primordial a vida é também um ato
cultural. Desse modo, entende-se que cada povo tem seu jeito próprio de se cuidar
(LOPES; FIGUEIREDO, 2011).
● A população que faz uso dos serviços de saúde sente mais repleto com os
profissionais que valorizam e respeitam o seu modo de viver.
● Efetivamente, o processo de enfermagem embasado na TDUCC (Teoria da
diversidade e universalidade do cuidado cultural), é constituído por várias etapas,
dentre elas tornou-se aproximação da enfermeira com o cliente reconhecendo
cuidados culturais e criando as ações de cuidados, momentos preservando,
repadronizando ou acomodando.
● Leininger ressalta que o processo avalia, com os clientes, execução dos cuidados e
ações realizadas dentro da área da atuação da enfermagem, compreendendo a
hipótese de associar a cultura profissional/ institucional à cultura do cliente (MOURA
et al., 2005).
2) DESCREVER A TEORIA DOS SISTEMAS FAMILIARES E O CUIDADO
CENTRADO NA FAMÍLIA

● A família é definida como um grupo de indivíduos vinculados por uma ligação


emotiva profunda e por um sentimento de pertença ao grupo, isto é que se
identificam como fazendo parte daquele grupo.
● Esta definição é flexível o suficiente para incluir as diferentes configurações e
composições de famílias que estão presentes na sociedade atual(Wright,2002).
● “Todas as partes de um organismo humano formam um sistema. Portanto, toda parte
é começo e fim” (Hipócrates)

● Um sistema pode ser definido como um “Complexo de elementos em interação


mútua. Esta definição pode ser aplicada para o indivíduo, para a família ou mesmo
para a sociedade. Cada sistema pode se constituir de subsistemas e estar inserido
em outros sistemas maiores”. Van Bertalanffy, 1976.
● Na perspectiva sistêmica a ênfase é colocada na totalidade e na interação entre as
partes. Todos os elementos estão conectados dentro de um mesmo padrão, cada
qual influindo sobre os outros, embora a influência muitas vezes não seja visível.
● Assim, qualquer organismo é uma totalidade integrada e um sistema vivo é uma
totalidade, cujas estruturas específicas resultam das interações e interdependência
de suas partes.
● Segundo Capra, o pensamento sistêmico é um pensamento “contextual”: as
relações são contextualizadas e encontram-se conectadas como uma teia, a teia da
vida -”sempre que olhamos para a vida, olhamos para redes”, redes conectadas com
nodos com redes menores, num sentido de entrelaçamento e interdependência entre
os fenômenos.
● O sistema vivo, desde organismos, parte de organismos ou comunidades de
organismos, todos seus componentes estão arranjados na maneira de redes.

● A Teoria Geral dos Sistemas foi desenvolvida por Ludwing Von Bertalanffy, na
década de 30 e pretendia explicar de forma não compartimentada, usual pela ciência
da época, os eventos complexos da realidade.
● Para Bertalanffy, a realidade é feita de sistemas, que são compostos por elementos
interdependentes e que para compreender o seu funcionamento (realidade) não
podemos analisar seus elementos de forma isolada.

TEORIAS:
● Teoria Geral dos Sistemas: “a família pode ser considerada um sistema aberto,
devido aos movimentos de seus membros dentro e fora = de uma interação uns com
os outros e com sistemas extra familiares (meio ambiente e comunidade)”
● A Teoria da Forma ou Gestalt se constitui em importante fator para a análise e
entendimento da organização, pois favorece a compreensão da integração e
interdependência dos elementos organizacionais. Influenciou também a teoria
sistêmica principalmente na questão familiar.

● A teoria de sistemas familiares é uma adaptação da teoria geral de sistemas, já que


se refere à família como sistema.
● Quando essa definição é aplicada à enfermagem da família, ela nos permite ver a
família como unidade de cuidado e, assim, o foco se dirige a toda a família como
unidade de cuidado.
● A experiência de cada membro da família afeta o sistema familiar, isto é, o que
ocorre com o indivíduo pode ser justificado por intenso intercâmbio com os membros
da família dele.
● Dessa forma, devemos ter como foco de atenção as interações e a reciprocidade
dos membros e os sistemas. Esse olhar circular para a compreensão da família
aumenta as possibilidades para o cuidado terapêutico.
● O pensamento sistêmico, em composição com a cibernética, derivou de campos
distantes da psicoterapia e da psicologia.
● Enquanto a teoria geral dos sistemas se propunha a estudar as correspondências
entre os sistemas de todo tipo, a cibernética ocupava-se dos processos de
comunicação e controle nesses sistemas.
● Esse pensamento, inicialmente, foi aplicado à prática psicoterápica e teve como
perspectiva o olhar do antropólogo Gregory Bateson, o primeiro a utilizar a
expressão “homeostasia familiar”, e do psiquiatra Don Jackson.
● O modelo de enfermagem de sistemas familiares apresentado ajudou na
compreensão do estudo e no atendimento da família como unidade, e não como a
soma da individualidade de cada membro da família.
● Desde então, essa abordagem tem sido utilizada, tanto na prática quanto na
pesquisa, não só por enfermeiras que trabalham com famílias, mas também por
generalistas.

● Observando-se um móbile: vemos que ele é composto de várias peças que se


movem, umas mais rapidamente do que outras. Colocando-se a mão em uma das
peças imediatamente influenciamos os movimentos de todas as outras e, após
algum tempo, o móbile retoma seu movimento balanceado mas não
necessariamente na mesma direção de antes de ser tocado.

● A teoria de sistemas familiares é organizada em torno de alguns conceitos básicos:

● GLOBALIDADE: O sistema se comporta como um todo coeso, o que implica que a


mudança de uma parte altera todas as outras partes e todo o sistema. Nenhum outro
sistema é mais conectado emocionalmente do que a família.10 Ao considerarmos a
família como um sistema, é útil compará-la a um móbile. Assim, quando uma brisa
afeta apenas um segmento do móbile, influencia imediatamente o movimento de
cada peça.
● NÃO-SOMATIVIDADE: Um sistema não pode ser considerado como a soma de
suas partes. A totalidade da família é muito mais que a simples adição de seus
membros. Ao estudar a família como um todo, é possível observar as interações de
seus membros, o que em geral explica, na íntegra, o funcionamento individual de
cada um deles.
● HOMEOSTASE: Significa “manter-se estável”. No contexto de sistema familiar, ela
agrega um significado um pouco mais complexo. Trata-se do processo de
auto-regulação que mantém a estabilidade do sistema. Quando acontece uma
mudança na família, ocorre alteração para uma nova posição de equilíbrio. A família
reorganiza-se ou se reequilibra de modo diferente da organização familiar anterior.
Portanto, homeostase, no contexto de sistema familiar, é um conceito dinâmico, e
não estático. As famílias são capazes de mudar, em resposta a um desafio à
integridade delas. Forças internas, como passagens normativas do ciclo vital, e
forças externas, como a doença e a morte, estão constantemente desafiando a
família a se adaptar.
● MORFOGÊNESE: É a capacidade do sistema em absorver informações do meio e
mudar sua organização. Refere-se aos sistemas abertos. Pode-se pensar na
permeabilidade da família
● CIRCULARIDADE: A relação entre quaisquer dos elementos do sistema é bilateral,
o que pressupõe uma interação que se manifesta como seqüência circular
● RETROALIMENTAÇÃO (FEEDBACK): Garante o funcionamento circular pelo
mecanismo de circulação de informação entre os componentes do sistema por
princípio de feedback. O negativo funciona para a manutenção da homeostasia e o
positivo responde pela mudança sistêmica.
● EQÜIFINALIDADE: Independentemente de qual seja o ponto de partida, um sistema
aberto apresenta uma organização que garante os resultados de seu funcionamento.

FEEDBACK:
● A família, segundo o modelo sistêmico, pode ser encarada como um circuito, dado
que o comportamento de cada pessoa é afetado pelo comportamento de cada uma
das outras pessoas.
● Pode-se dizer, então, que a família corresponde a um todo complexo e integrado,
dentro do qual os membros são interdependentes e exercem influências recíprocas
uns nos outros = retroalimentação.

GLOBALIDADE:
● Toda e qualquer parte de um sistema está relacionado de tal modo com as demais
partes que mudanças numa delas provocará mudanças no sistema total.
● A família pode ser considerada, ao mesmo tempo, como um sistema dentro de um
outro sistema – o sistema social, sofrendo influências constantes deste último, além
de influenciá-lo também.

● ESTRUTURA FAMILIAR: Conjunto invisível de exigências funcionais que organizam


as maneiras pelas quais os membros da família interagem,criando padrões
transicionais que regulam o comportamento dos membros da família.

PRINCIPAIS SUBSISTEMAS FAMILIARES

SUBSISTEMA CONJUGAL:
● Tem tarefas ou funções específicas e vitais para o funcionamento familiar. As
habilidades necessárias para implementar estas tarefas são a acomodação e a
complementaridade, que se baseiam no apoio emocional.
● Precisa ter uma fronteira que o proteja da interferência de outros subsistemas.

SUBSISTEMA PARENTAL:
● Diferencia-se do subsistema conjugal para desempenhar as tarefas de criação e
socialização dos filhos, sem perder o apoio mútuo.
● Requer a capacidade de nutrir, guiar e controlar em medidas diferentes de acordo
com as idades das crianças.
● No entanto, este processo sempre vai requerer o uso da autoridade.

SUBSISTEMA FRATERNO:
● É o primeiro laboratório social no qual as crianças podem experimentar as relações
com iguais. No mundo dos irmãos as crianças aprendem a negociar, cooperar e
competir.

FAMÍLIA: CONTEXTO PROTETOR


● Amparo, acolhimento;
● Identificação social;
● Socialização;
● Flexibilidade;
● Papéis sociais definidos;
● Expressão do afeto positivo;
● Carinho e proteção;
● Subsistência: satisfação das necessidades básicas.

FAMÍLIA: CONTEXTO DE RISCO


● Abandono;
● Rigidez;
● Desorganização familiar;
● Abuso;
● Violência;
● Dificuldades financeiras.

A FAMÍLIA COMO UM SISTEMA

● A teoria familiar sistêmica, estruturada em torno desses conceitos, entende família


como um sistema aberto que se auto governa mediante regras que definem o
padrão de comunicação, mantendo uma interdependência dos membros e com o
meio, no que diz respeito à troca de informações e usa de recursos de
retroalimentação para manter o grau de equilíbrio em torno das transações entre os
membros
● O termo família foi definido de diversas maneiras e para inúmeras finalidades de
acordo com a própria estrutura de referência do indivíduo, do julgamento de valores
ou da disciplina.
● Podemos entender alguns conceitos de família como:
○ Um grupo de indivíduos descendentes de um ancestral comum;
○ Um grupo de pessoas vivendo numa casa e que compartilham de elos
comuns:
○ Pessoas que constituem a unidade familiar que podem apresentar vários
tipos de relacionamento são: consanguíneas (relações sangüíneas); afim
(relação marital); família origem (a unidade familiar em que a pessoa
nasceu).
● Algumas ciências entendem família com diferentes olhares, como para a biologia é a
divisão entre ordem e gênero e perpetuação da espécie.
● A psicologia enfatiza os aspectos interpessoais da família e sua responsabilidade no
desenvolvimento da personalidade.
● A economia vê a família como uma unidade produtiva que proporciona as
necessidades materiais. A sociologia mostra como a unidade social reage com a
sociedade maior.
● Munhoz (2001) define família como uma célula social que faz a ponte entre o
indivíduo e a sociedade na qual está inserida, em constante interação promove
mudanças através das etapas evolutivas dos ciclos vitais individuais e familiares.
● A família é um sistema ativo em constante transformação, ou seja, um organismo
complexo que se altera com o passar do tempo para assegurar a continuidade e o
crescimento psicossocial de seus membros componentes, ocorrendo desde o
período de alteração individual como futuros cônjuges.
● A teoria de família sistêmica teve suas origens na teoria dos sistemas, onde as
bases teóricas já citas acima influenciaram a visão dos psicólogos para os estudos e
atendimentos familiar.
● A família é vista como um todo que é diferente do somatório dos membros
individuais é um sistema em constante transformação, evoluindo com a capacidade
de diminuir sua própria estabilidade e recuperá-la através de uma reorganização de
sua estrutura com novas bases.
● Utilizando o termo aberto e fechado encontramos as famílias abertas que recebem
bem os estímulos dentro de seu sistema, através da aceitação de novas idéias,
informações, recursos e oportunidades satisfazendo as exigências de seus ciclos.
● Os estímulos externos e internos são avaliados e reavaliados continuamente em
busca do equilíbrio entre a unidade família e o crescimento individual.
● Esses processos são influenciados por experiências passadas e presentes das
unidades familiares de cada um de seus membros.
● As famílias fechadas são resistentes aos estímulos por ver a alteração como
ameaça; suspeita de qualquer suporte disponível e se esforça para manter o sistema
da família através da prevenção das influencias externas.
● Durante o trabalho com a família o terapeuta deve estar ciente das relações entre os
membros, e para efetuar uma alteração positiva na família, é necessário trabalhar
através de diversos subsistemas da própria família, a qual também se adapta
quando existem problemas dentro dela.

CONCEITOS IMPORTANTES:
● Sistema aberto: são caracterizados pela forte e ampla interação e interdependência
com o ambiente.
● Sistema Fechado: são caracterizados pela pouca ou nenhuma influência do
ambiente e pela inexistência de interação com o mesmo.
● Subsistema: são as partes que formam o sistema como um todo, porém, um
sistema pode ser um subsistema de um todo organizacional.
● Sinergia: É uma situação onde o todo é maior do que a soma das partes, ou seja,
na organização a interação de várias áreas de forma cooperativa produz resultados
melhores do que se atuassem isoladas.
● Fronteira do sistema: É a fronteira que separa cada sistema de seu ambiente, ela
pode ser rígida em sistemas fechados e flexíveis nos sistemas abertos.
● Feedback: É o processo de retro alimentação do sistema esta relacionado ao
sistema de informações e na grande maioria dos casos, mais especificamente, ao
sistema de indicadores,isto permite o constante monitoramento dos processos e do
ambiente, permitindo a possibilidade de rápidas intervenções quando isto se fizer
necessário

● Considerando a família como um sistema, entendemos que a experiência de cada


membro dela afeta o sistema familiar. Nessa perspectiva, a enfermeira e/ou
pesquisador deve ter como foco de atenção às interações de seus membros, bem
como as interações com os outros subsistemas (profissionais de saúde, parentes,
amigos), em vez de estudar a família, ou o indivíduo individualmente. Assim, a
hospitalização de um de seus membros influencia a dinâmica familiar, podendo levar
a alterações no relacionamento entre os membros.

3) ENTENDER O QUE É HEBICULTURA E PUERICULTURA

● A puericultura (crianças) e hebicultura (adolescentes) compõem um conjunto de


ações de saúde exercidas de forma contínua e global, da infância à adolescência,
contemplando os eixos de família, comunidade e cultura, visando propiciar o melhor
nível de desenvolvimento físico, emocional, intelectual, moral e social, além de
capacitar-lhe uma vida mais longa, produtiva e integral. [senicultura é o
acompanhamento de pessoas idosas]
● Suas ações envolvem principalmente a promoção da saúde e prevenção de
doenças, por meio de práticas definidas, centrando suas atividade na apreciação de
fatores individuais e ambientais de proteção e de ameaça à saúde, além de
monitoramento do desenvolvimento, imunizações, testes de triagem, orientação
antecipatória (acerca de inúmeros condicionantes da saúde, como nutrição, hábitos
de vida, disciplina e segurança) e aspectos selecionados do exame clínico para
avaliação de riscos.
● A puericultura e a hebicultura devem ser baseadas numa conexão dentro dos
serviços de saúde, com abordagem multidisciplinar, contemplando os programas
comunitários de centros de educação infantil, escolas, associações de bairro, igrejas
e serviços de saúde pública e fazendo interface com as demais políticas públicas no
campo da assistência social, educação, justiça, trabalho, entre outras.
● Puericultura consiste em um acompanhamento periódico visando a promoção e
proteção da saúde das crianças e adolescentes, por meio dela acompanha-se
integralmente o ser humano de 0 a 19 anos, sendo possível identificar precocemente
qualquer distúrbio de crescimento, desenvolvimento físico e mental, nutricional,
dentre outros, compreendendo a criança e o adolescente como um ser em
desenvolvimento com suas particularidades.
● A periodicidade de acompanhamento dependerá da estratificação de risco da
criança, sendo que o calendário mínimo consiste em receber uma visita domiciliar de
uma Agente Comunitária de Saúde (ACS) até o 5º dia de vida, para verificar os
sinais de alerta relacionados ao recém-nascido e a puérpera, bem como a realização
da triagem neonatal e a situação do aleitamento materno. Além disso, a
recomendação é de que as consultas sejam mensais até o 6º mês de vida, trimestral
do 6º ao 12º mês de vida, semestral do 12º ao 24º mês de vida e anualmente do 3º
ao 19º ano de vida.
4) COMPREENDER A ESTRATÉGIA AIDPI

● A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana da Saúde


(OPAS), junto com o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), baseados
nas experiências acumuladas com programas implementados no passado e visando
retificar o desequilíbrio e a iniqüidade existentes na saúde infantil elaboraram a
estratégia da AIDPI, adotada oficialmente pelo Ministério da Saúde (MS) do Brasil
em 1996.
● Para qualificar o atendimento da criança, surge a estratégia AIDPI como uma
metodologia de atenção à saúde da criança, propondo uma avaliação sistemática
dos principais fatores que afetam a saúde infantil, integrando ações curativas com
medidas de prevenção, buscando qualidade do atendimento introduzindo o conceito
de integralidade, surgindo como alternativa para aplicar os programas de controle
específicos já existentes (Infecções Respiratórias Agudas-IRA, diarreia, Crescimento
e Desenvolvimento, Imunização, etc.), abordando os principais problemas de saúde
que afetam as crianças menores de cinco anos de idade, afecções geralmente
preveníveis ou facilmente tratáveis, mediante a aplicação de tecnologias apropriadas
e de baixo custo.
● O processo da estratégia AIDPI pode ser utilizado por médicos, enfermeiras e outros
profissionais da saúde, que trabalham com lactentes e crianças doentes desde o
nascimento até 5 anos de idade. Trata-se de um processo de manejo de casos para
ser utilizado em estabelecimento de primeiro nível como um consultório, unidade
básica de saúde ou serviço ambulatorial de um hospital.
● A estratégia AIDPI descreve como atender à criança de 0 a 5 anos de idade que
chega a um consultório por estar doente ou para uma consulta de rotina programada
para avaliar o desenvolvimento ou estado de imunização. Os modelos oferecem
instruções sobre a maneira de avaliar sistematicamente uma criança por sinais
gerais de doenças frequentes, desnutrição, anemia e para identificar outros
problemas. Além do tratamento, o processo incorpora atividades básicas para a
prevenção de doenças e como atender à gestante.

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