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Fraturas
em
Adultos
Capítulo 16- Reconstrução de ossos
e tecidos moles
Gabriel Quialheiro
Juliano Voltarelli
Marcello Castiglia
Anatomia
Pele: Fáscias:
Epiderme e derme boa Rico plexo vascular
vascularização Base dos retalhos de pele
Enxerto cutâneo parcial ou Músculos:
total Rica vascularização ( de 1
Subcutâneo: a 5 tipos de irrigação sg
Vascularização pobre conforme Mathes e Nahai
Importante para acomodar Retalhos de transposição,
as saliências ósseas pediculados e livres
Periósteo:
Rica vascularização
Escala Reconstrutiva
Avaliação do paciente:
Padrão atendimento inicial do poli na EU
Classificação de Gustilo e Anderson:
Deve ser feito no
momento do
desbridamento
cirúrgico;
concordância inter-
observador de 60%
Classificação AOLesões de pele:
(escala: 1:normal(exceto IO1),2-4:cresce gravidade;5:situação especial)
IC3: desenluvamento
contusas
IO3: >5cm, >contusão,
circunscrito bordas desvitalizadas
IC4: desenluvamento
IO4:contusão em
extenso fechado espessura total,
IC5: necrose por abrasão,
contusão desenluvamento aberto
extenso,perda de pele
Classificação AO
Lesão de músculo e tendão
MT1: ausência de lesão
MT2: lesão muscular circunscrita(apenas 1
compartimento
MT3: lesão dois compartimentos
MT4: lesão muscular,laceração de tendão,
contusão muscular extensa
MT5: sd compartimento, sd esmagamento
com larga zona traumatizada
Classificação AO
Lesão neurovascular
NV1: ausência de lesão
NV2: lesão nervosa isolada
NV3: lesão vascular localizada
NV4: lesão vascular segmentar extensa
NV5:lesão neurovascular combinada,
incluindo amputação subtotal ou total
Desbridamento
Ver aula de fratura exposta
Lesões recentes:
Usar garrote com exanguinação pela gravidade (elevar membro por 5min)
Tecido saudável em área exangue apresenta cor e brilho homogêneo
( subcutâneo: amarelo, músculo: vermelho vivo e tendão e
fáscia:esbranquiçado e sedoso )
Quanto desbridar:
Até 1-2mm da borda da pele com sangramento
Tendões: preservar o possível
Nervos: nunca deve ser radical, colocar grampos metálicos nos cotos
Objetivo: ser radical sempre pois isso encurta o tempo de tratamento
Lesão crônica: tratar como se fosse ‘tumor” retirar tudo!!!
Delimitar bem áreas de seqüestro ósseo ( tomografia é o melhor exame)
Comer osso com saca bocada até sinal da “páprica” ( hemorragias
puntiformes dos canais haversianos ) que indica osso viável
Escolha do momento para a
reconstrução
Difícil decisão
Avaliar após 1° desbridamento se será
necessário novo CTV
Reconstruções (retalhos) tardios (>72h)
geram mais infecção e complicações
Preparação da ferida para reconstrução
Curativos:
Não deixar espaços mortos
Técnica dependerá de cada lesão
4 curativos mais recentes:Películas
semipermeáveis;Gelatinas hidratadas; Hidrocolóides
oclusivos; “pele sintética”
indicadas quando não há infecção;
problemas: acúmulo de exsudato e formação de hematoma
e seromas subjacentes
Mel de abelha bactericida de amplo espectro
( S. aureus, E. coli, Klebsiela p., Pseudomonas a.), ainda
em estudo
Preparação da ferida para reconstrução
Pérolas de antibióticos:
Criada por Büchholz, uso metilmetacrilato (cimento ósseo) com
ATB
Trocar a cada 48-72h
Deixar dreno saindo por pele boa, sem vácuo
Oxigenação Hiperbárica
Tecido desvitalizado tem pressão < 30mmHg sendo que tec
normal tem 40mmHg
Estimulo angiogênese, bactericida e bacteriostática, aumenta
produção de colágeno
Fechamento com auxilio a vácuo:
Mantém pressão de 125mmHg,reduz o excesso de fluidos e
melhora a perfusão, elimina fatores que inibem cicatrização
Técnicas de fechamento dos
ferimentos
Enxertos de pele
Retalhos
Técnicas de fechamento dos
ferimentos (livro: Pardini)
Enxerto de pele total: Geralmente utilizados para
Epiderme + derme falhas nas mãos e pés
Vantagens:
Zonas doadoras:
Para dorso da mão e dos
Mais grossomenor lados dos dedos:
tendência a retração
Prega de flexão do punho
Mais maleável após
cicatrização
Para palma da mão:
Bordo ulnar da mão
Textura da pele fica mais
semelhante a pele normal
Para grandes áreas:
Pregas inguinais
Zona doadora pode ser
fechada por sutura simples
Desvantagens:
Pequenas dimensões
“pega” do enxerto mais difícil
(necessita de área doadora
de boa qualidade)
Técnicas de fechamento dos
ferimentos(livro:Pardini)
Enxerto pele parcial:
Epiderme ( sua espessura deve ser 15 milésimos de polegada)
+ pouco de derme
Vantagens:
“pega” do enxerto é mais fácil
Podem cobrir áreas maiores
Desvantagens:
Têm maior tendência a retração
Qualidade de pele resultante é de pior qualidade
Zonas doadoras fecham por segunda intenção, deixando áreas com
descoloração permanente
não devem ser usadas para palma da mão
Zona doadora: qualquer área; preferencialmente: nádegas e porção lateral
das coxas,abdome, costas, couro cabeludo, peito, braços
Enxerto de pele
Conceitos gerais Cicatrização:
Necessita de proliferação dos Primeiras 48h enxerto
vasos sg a partir do ferimento sobrevive embebido por exsudato
portanto, tecidos impróprios: >48h formação de vasos de sg
tendão, nervo, ossos expostos, brotam do leito da ferida
cartilagem, tecido necrótico e tecido 5° ao 7° enxerto pode ser
subcutâneo avascularizado; tecido considerado aderido e
próprios: músculo, peritósteo, vascularizado (pegou)
pericôndrio, fáscia, tecido Cuidados:
gorduroso saudável e o epitendíneo 3° ao 5° dia é o período crítico
Glândulas sebáceas funcionam recomendado repouso e membro
normal elevado
Glândulas sudoríparas perda
Profilaxia com ATB ???
temporária do controle nervoso, 1° CTV área receptora é no 5° -
portanto o enxerto recente pode 7° dia pos op
ficar seco e devemos manter ECET equimótico até 7°-10°
dia e o ECEP é mais pálido
curativos úmidos Utilizar pomada com ATB por 3
Causas mais comuns de perda do sem e depois pomadas
enxerto: HEMATOMA; outras: umectantes
fixação ruim, infecção
Retalhos
Definição: consiste numa secção de tecido
transferida de uma região anatômica para outra
Retalhos livres x Retalhos locais
Retalhos compostos ( mais de 1 tecido):
Fasciocutâneopele e fáscias subjacentes
Musculocutâneo pele, fáscia e músculo
Retalhos de rotação:
Musculares, cutâneos, fáscias ou combinados
Ajudam a fechar ferimentos sem gerar tensão
Enxertos ósseos vascularizados
Classificação dos retalhos musculares
Baseia-se em 5 padrões de circulação muscular:
Tipo 1: um pedículo vascular (ex: extensor curto dos
dedos e tensor da fáscia lata)
Tipo 2: um pedículo vascular predominante e pedículos
menores (ex:abdutor longo do polegar e grácil)
Tipo 3: dois pedículos vasculares predominantes (ex: reto
abdominal, serrátil anterior)
Tipo 4: pedículos vasculares segmentares (nenhum)
Tipo 5: um pedículo predominante e outros secundários
(ex: latíssimo do dorso, peitorais maior e menor)
Retalhos locais
Gastrocnêmio:
Muscular ou musculocutâneo
Para ferimentos no joelho e perna proximal
Pedículo vascular constante (anatomicamente) que o
torna muito confiável, comprimento médio de 6cm
É o mais superficial da panturrilha
Cabeça medial; mais longa
Músculo tipo 1: artérias sural medial e lateral dão
irrigação independente as duas cabeças, são ramos da a.
poplítea acima do joelho
O gastrocnêmico lateral tolera retalho cutâneos menores
Retalhos locais
Sóleo:
Permite coleta de vários retalhos cofiáveis devido ser um
m. largo, longo, esta na perna, seu duplo suprimento
neurovascular permite que seja dividido em 2 unidades
Irrigação: 2 ramos proximais da a. tibial posterior +
pedículos segmentares distais que possibilita a inversão
do segmento do sóleo ( apesar deste ter considerável
taxa de insucesso, para reduzir isto deve-se usar
somente sua porção medial, distal e através de dois
pedículos)
Retalho de veia safena
Usada para falhas na tíbia, para cobertura
da articulação do joelho
Retalho venoso unipediculado, alimentado
pela veia safena nos dois terços superiores
da perna, consiste numa ilha fáscia
cutânea retangular de 1:3 (8cm de largura
por 24cm de comprimento)
Retalho livre
Pode ser:
Transferências isoladas
Transferências de tecidos compostos
Transferências musculares funcionais
Enxertos ósseos vascularizados
Transferências de artelhos
Teve início em 1960
Retalho livre
Indicações para MMSS e MMII:
Vantagem: permite mobilização precoce da extremidade
reduzindo rigidez e edema pós op
Traumas graves
Pós infecções que necessitaram grande desbridamentos
Cuidados para os MMII: anastomose deve ser feita na
“zona segura” e não na “zona da lesão” ( refere-se a
reação inflamatória dos tecidos moles que se estende
além do ferimento em si e resulta em alterações
perivasculres levando a maior fragilidade capilar e
aumento tecido cicatricial)
Momento ideal para realizar
retalho livre
Para os MMII: prazo de 5 dias diminuiu as taxas
de infecção, fracasso do retalho, ausência de
consolidação e osteomielite crônica
Godine: enfatiza desbridamento agressivo +
cobertura em 72h
Yaremchuck et al: 7-14 dias pos trauma e vários
CTVs para melhor determinar a “zona de lesão”
Avaliar 2 fatores decisivos: se há estrutura vital
exposta(tecidos que irão necrotisar rapidamente
se não cobertos por tecidos moles adequados) e
risco de infecção
Seleção do tecido a ser transplantado
Latíssimo do Dorso:
É o mais usado para as extremidades
Pedículo: a, toracodorsal e as ramificações das
aa intercostais e lombares, mede 8-10cm,
inervado pelo n.toracodorsal que penetra no
músculo a 10cm da axila
Dificuldades: difícil levantar o retalho
dependendo da área receptora, e em pacientes
obesos
Seleção do tecido a ser transplantado
Reto Abdominal:
Músculo tipo 3, com 2 pedículos predominantes
(aa epigástricas superior – 5 a 7 cm - e inferior –
8 a 10 cm)
Inervação motora do 7° ao 12° nn intercostais e
sensitiva do nn cutâneos laterais provenientes
do 7° ao 12° nn intercostais
Músculo chega a medir 25x6cm e o território
cutâneo 21x14cm²
Seleção do tecido a ser transplantado
Grácil:
Útil para falhas menores
Músculo tipo 2, um pedículo vascular predominante e
pedículos menores
Pedículo: ramo ascendente da a femoral circunflexa
medial, de 6cm
Enervação motora: ramo anterior do n obturatório,
sensitiva pelo n cutâneo femoral anterior (L2-3)
Músculo mede 6x24cm e território cutâneo 16x18cm
Seleção do tecido a ser transplantado
Fíbula vascularizada:
Para falhas ósseas maiores que 6cm (?)
Deve-se manter 5cm distais da fíbula para manter
estabilidade do tornozelo
Retalho do Antebraço radial:
É fasciocutâneo e bem vascularizado
Baseia-se na a radial com pedículo de até 20cm
Pode incluir o nn cutâneo lateral ou medial e funcionar
como retalho neurosensitivo, pode medir até 10x40cm²
Pode ser incluído parte do rádio como osso vascularizado
Seleção do tecido a ser transplantado
Retalhos Escapular e Pararescapular:
Retalho cutâneo mais utilizado(é de espessura
delgada) mas pode ser só de fáscia(pediculado
ou livre)
Irrigado pelos ramos da a circunflexa escapular,
com pedículo de 5cm
Território cutâneo de 20x7cm² podendo ser
dividido em 2 ( horizontal: escapular; e vertical:
paraescapular )
Anuência consciente e aspectos
médicos legais
Paciente e família devem saber: todas
vantagens (geralmente é a possibilidade de
salvar o membro) e desvantagens (risco de
infecção, lesão nervosa, perda do retalho,
trombose, perda do membro)
Nunca oferecer qualquer tipo de garantia
Cuidados pós op
Manter boa hidratação, manter temperatura
corporal, manter Hb>10 no mínimo
Período crítico são as primeiras 48h mas
devemos monitorar os 5 primeiros dias
clinicamente e com Dopller a laser
Manter membro elevado
Nos MMII sem carga por 3 sem
Monitoramento pós op
4 categorias:
Avaliação clínica (melhor)
Monitoração direta dos vasos
Indicadores da circulação nos tecidos
Parâmetros metabólicos relacionados à perfusão
Monitoramento pós op
Avaliação clínica:
É o padrão ouro
Coloração da pele, temperatura, reenchimento
capilar e características do sangramento
Desvantagens: necessita de pessoal experiente
e é um julgamento pessoal sendo que muitas
vezes quando se percebe a alteração o retalho
já esta perdido
Monitoramento pós op
Monitoração direta dos vasos:
Medidores de fluxo eletromagnéticos
Dopller ultra sônico e os termopolares
Indicadores da circulação nos tecidos:
Baseia-se na mudança de temperatura da pele
Fotopletismografia, fluxometria Dopller e US Dopller
Parâmetros metabólicos relacionados à perfusão
Monitoração do oxigênio transcutâne e mensuração
invasiva da PO²
Monitoramento pós op
Método preferido pelo autor:
Avaliação clínica + Doppler a laser
Manter paciente no CTI no 1° PO
Fracasso Agudo do retalho
Sucesso é de 95-99%
Complicações ocorrem quase sempre nas
primeiras 48h
Insuficiência arterial:reenchimento capilar
reduzido, palidez, pele fria,ausência de sg pós
perfuração. Causas: trombo,espasmo,torção do
pedículo, erro técnico, dça vascular periférica
intervenção cirúrgica + farmacológica
(vasodilatadores,bloqueadores do canal de Ca e
anticoagulantes sistêmicos
Fracasso Agudo do retalho
Insuficiência venosa:
Coloração violácea, reenchimento capilar
instantâneo, temperatura normal ou elevada,
sangramento de sg escuro. Causas:torção,
edema do retalho, hematoma, fechamento tenso
das partes moles
Se suspeita: liberar curativo, soltas suturas,
drenar hematomas, se tiver congestão venosa
pode-se utilizar sangue-sugas
Fracasso Tardio do retalho
Devido comprometimento vascular apesar
de abordagem imediata; erros de avaliação
Decidir se fará novo retalho ou não
Princípio de Crane: manter retalho
fracassado o máximo possível como
curativo biológico e eventual surgimento de
um novo e melhor tecido para receber
outro retalho
Reconstrução óssea
Enxerto ósseo
Para falhas < 5cm, deve-se aguardar 4 – 6sem após
reconstrução das partes moles para se ter um bom leito
vascularizado
Transporte ósseo (ilizarov)
1mm(1 volta completa)/dia
Pode-se primeiro comprimir o foco de depois alongar ou
só transportar. É ótimo para correções de deformidades
Enxerto ósseo vascularizado
Para falhas > 6-8cm
A tecnologia do futuro
Coleta de retalhos com auxilio da endoscopia, é
minimamente invasiva mas é bidimensional, de
difícil realização, e as pesquisas mais recentes
mostram que não há diferença estatisticamente
significativas no sangramento, índice de
hematoma pos op ou infecção, mas para paciente
houve uma melhora aparente em relação as
dores e mobilidade precoce
Pré-fabricação de retalhos em estudo!!!