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Fraturas em Adultos

Biomecânica das Fraturas e Fixações


Alan F. Tencer

1
Objetivo do Capítulo

 Discutir de conceitos de biomecânica

 Demonstrar de como tais idéias se inserem


nas funções básicas dos dispositivos de
fixação

 Ilustrar como podem ser evitados problemas


associados com a fixação de fraturas

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Apresentação
 Conceitos Básicos

 Biomecânica do osso normal e em processo


de cura

 Biomecânica dos implantes

 Aspectos biomecânicos da fixação em locais


específicos

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Conceitos Básicos

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Conceitos Básicos

 Força: Faz o objeto ganhar aceleração. Ela


tem magnitude, e age numa direção
específica, sendo assim chamada de vetor
 Tal força pode ser complexa, agindo em
diferentes direções e gerando uma força
resultante

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Conceitos Básicos

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Conceitos Básicos

 As duas maiores cargas que agem num osso


são aquela que tenta mover numa direção
linear (translação) e aquela que leva a rodar
sobre uma articulação.
 Quando há rotação esta é chamada de
momento e tem um braço de alavanca

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Conceitos Básicos

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Conceitos Básicos

 Forças Básicas:
 Compressão: Gera encurtamento
 Tensão: Gera alongamento
 Torsão: Gera entrelaçamento
 Encurvamento: Gera arqueamento

Tais forças podem mesclar-se e formar novos tipos


de força

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Conceitos Básicos

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Conceitos Básicos

 Fixação de ossos longos fraturados: Cada


carga, um comportamento
 Deformação elástica: Quando o stress é
removido, a construção retorna ao ponto inicial.

 Deformação plástica: Quando o stress é


removido, a construção mantém certo grau de
deformidade.
 O ponto onde a deformação elástica passa a plástica é
denominado limite elástico.

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Conceito Básicos

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Conceito Básicos

 Fatores relacionados à dureza e limite


elástico:
 Material do qual é feito

 Formato

 O módulo de elasticidade é o resultado da tensão


aplicada dividido pelo stress local
 Quanto maior o módulo de elasticidade, mais duro é o
material

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Conceitos Básicos

 Formato
 Importante para determinar o quanto de carga
pode suportar
 Exemplo: viga de madeira recebendo carga axial ou
lateral
 Este conceito de distribuição de carga é denominado
momento de inércia
 Quanto mais longe do centro da viga estiver o material,
maior será a sua dureza
 Parafusos, pinos, hastes: Dureza está relacionada ao
diâmetro elevado à quarta potência

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Conceito Básicos

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Conceitos Básicos

 Fadiga
 Uma carga pode ser aplicada abaixo do limite
elástico por diversas vezes (carga cíclica),
gerando uma rachadura que cresce até a força
local seja maior que o limite elástico, quebrando o
material.
 Concentrador de stress: O canto agudo entre as
roscas de um parafuso causam concentração de
stress nele. Isso explica porque os cantos são
arredondados

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Conceito Básicos

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Conceito Básicos

 Fadiga
 Um risco pode ser um pequeno concentrador de
stress
 Quando imerso em um ambiente salino, pode
ainda ocorrer stress corrosivo
 Combina efeitos de crescimento da rachadura com
corrosão galvânica (eletrons fluem do lado negativo
para o positivo)
 A corrosão galvânica acelera a fadiga, mesmo quando a
carga está muito abaixo do limite elástico

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Conceitos Básicos

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Conceito Básicos

 Fadiga
 Viscoleasticidade: Materiais biológicos são mais
que molas quando há carga aplicada. Se a carga
for mantida, ele continuará a deformar, sem
voltar ao estado inicial completo
 Exemplo: exercícios de alongamento
 Esfregamento “fretting”: Duas superfícies de
implante se esfregam.
 Exemplo: a cabeça do parafuso contra a placa

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Biomecânica do Osso Sadio
e Fraturado

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Biomecânica do Osso

 O osso tem uma estrutura hierárquica


 Cristais de apatita >>>>> Osso cortical
 Quanto mais mineralizado, maior o módulo de
elasticidade do osso
 Orientação da fibras colágenas também influi na
habilidade de suportar carga em diferentes
direções
 Inicialmente o calo ósseo tem fibras desordenadas

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Biomecânica do Osso

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Biomecânica do Osso

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Biomecânica do Osso

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Biomecânica do Osso

 A densidade do sistema haversiano afeta a


qualidade e capacidade de suportar cargas
do osso
 Quando a densidade decresce, a capacidade de
suporte de carga decresce ao quadrado da
densidade
 Osteoporose

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Biomecânica do Osso

 Outros fatores que afetam a força do osso:


 Viscoelasticidade do osso

 Idade

 Defeitos ou orifícios nos ossos


 Se um orifício tem 30% do diâmetro do osso, ele diminui
a força local em 50%
 Oríficio com cantos vivos diminui mais a força que um
orifício com cantos arredondados

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Biomecânica do Osso

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Biomecânica do Osso

 Osso Fraturado
 O osso é mais fraco em tensão e mais forte em
compressão
 Curvatura pura gerando fratura
 Fratura secundária à torsão pura
 Menor diâmetro tem a maior distorção e maior giro,
explicando as fraturas em espiral no 1/3 distal da tíbia
 O osso é mais fraco tração/contratração que em
compressão

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Biomecânica do Osso

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Biomecânica do Osso

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Biomecânica do Osso

 Envelhecimento, principalmente com


osteoorose, muda a força necessária para
fraturas ocorrerem

 Massa óssea tem pico entre 25-30 anos e


decresce 1% ao ano após

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes

 Quebra de cerclagem com fio:


 A força tênsil de um fio aumenta com o seu
diâmetro
 Quando girado , o número ótimo está entre 4 e 8
 Muito sensível a entalhes ou arranhões
 Entalhes com 1% do diâmetro podem levar à perda de
63% da resistência à fadiga
 Cabos são bem mais resistentes à fadiga que os
fios

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Biomecânica dos Implantes

 Quebra de parafuso durante a entrada com


perfuração ou retirada
 Rosca preferencialmente não deve funcionar
como mecanismo de corte do osso,
principalmente em osso denso combinado com
parafuso de diâmetro menor que 4mm
 Um parafuso de 6mm de diâmetro é 5 vezes mais duro
e 16 vezes mais resistente que um parafuso de 3 mm

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Biomecânica dos Implantes

 Arrancamento de Parafuso
 Depende do tamanho do parafuso e da
densidade do osso em que está colocado
 Quando a força agindo no parafuso é maior que a força
de arrancamento, o parafuso é expulso ou rasga o
buraco, levando o osso ao redor junto
 A força de arrancamento aumenta com o
diâmetro do parafuso, com o aumento da rosca
inserida e a densidade do osso
 Furar e não machear osso esponjoso aumenta a força
de arrancamento

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes
 Quebra do Parafuso por Carga Cíclica
 O parafuso segura a placa parcialmente por
contato friccional, parcialmente por compressão
 Se qualquer escorregamento ocorre entre placa e
osso, a carga de encurvamento será transmitida
da cabeça do parafuso para a placa, no local de
contato, gerando corrosão por stress e fretting
esfregamento)
 Apertar um parafuso contra uma placa 10-15% menos
do que o possível, faz o material falhar com
aproximadamente 1000 ciclos. Se apertado até o fim,
falha com 2.5 milhões de ciclos

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes
 Quebra de Placa
 Mecanismo de Dynamic Compression Plate
 Furo normal vs Furo DCP

 Aumento da estabilidade devido ao contato entre os


fragmentos de fratura e as cargas torcionais resistem
devido à fricção e travamento entre os fragmentos. Além
do gap a ser preenchido ser menor
 Se um gap é deixado do lado oposto da placa e o osso
está bem estabilizado, leva a encurvamento da placa (com
produção de fulcro) e fadiga precoce
 Essa é a razão para a pré-moldagem da placa

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes

 Quebra de Placa
 Local de inserção da placa
 Lado côncavo suporta menos carga axial
 Número de corticais furadas e fixadas podem
reduzir a chance de encurvamento e torsão da
placa
 Número ótimo de corticais: 8 para DCP e 9 para LC-
DCP
 Compressão é máxima nos dois primeiros furos após a
fratura

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes

 Quebra da placa no furo do parafuso


 Colocar furo sobre o gap de fratura aumenta o
potencial para fadiga do material
 Furos próximos à fratura agem da mesma maneira
 É apreciável evitar furos próximos à fratura e benéfico
colocar parafusos o mais próximo possível da fratura
 Não é necessário completar todos os furos da
placa com parafuso
 Apesar de furo ser área de stress elevado

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes
 O problema do
parafuso com rosca
completa
 Comparando as forças
compressivas entre o
parafuso de rosca total e
parcial, evidencia-se que
o rosca parcial tem
potencial de até 50%
mais compressão através
do foco de fratura

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Biomecânica dos Implantes
 Quebra do fêmur
durante a inserção de
haste
 Dificuldades devido à
curvatura anterior do
fêmur

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Biomecânica dos Implantes

 Quebra dos parafusos de travamento


 Problemas no travamento distal
 Mão livre por vezes causa destruição do furo e maior
stress local ao parafuso
 A pior situação mecânica para a fixação do fêmur
com haste é quando a fratura é muito distal
 Quanto mais distal, maior o braço de alvanca e maior o
stress na haste

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes

 Afrouxamento dos pinos do Fixador Externo


 Necrose térmica em anel
 Stress no furo se este é muito menor que o pino
durante a inserção (microcracking)
 Micromovimento, que induz ressorção óssea
 Para reduzir tal problema, deve-se perfurar com
diminuição leve do diâmetro do orifício em relação ao
parafuso, visando apenas maior “pega”, e não o
microcracking

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes

 Fixação Externa Excessivamente Flexível


 Quando o diâmetro de um pino ou barra aumenta,
sua dureza e força aumenta à quarta potência
 Enterra o pino completamente na cortical
aumenta a sua dureza
 Para aumentar a resistência torsional, pode-se
usar montagens multiplanares

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes

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Biomecânica dos Implantes
 Fixação em Osso Osteoporótico
 Estratégias
 Aumento da área de contato por impacção

 Impacção larga (contra-forte) gerando divisão na carga

 Aumento da área de trabalho do foco de fratura

 Aumento da densidade óssea com injeção de


hidroxiapatita o metilmetacrilato
 Na vertebroplastia aumenta a resistência em 125%

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Biomecânica dos Implantes

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Aspectos Biomecânicos da
Fixação em Locais Específicos

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Biomecânica da Fixação em Locais
Específicos
 Fêmur Proximal
 Carga de 4 a 8 vezes o peso corporal
 Duas forças agindo localmente com a
deambulação pós fixação com DHS
 Segura o parafuso contra o tambor
 Faz parafuso deslizar
 O objetivo é tentar colocar o implante anulando a
força que segura o parafuso contra o tambor, e
impede a compressão dos fragmentos, levando o
parafuso o mais para dentro do tambor
 Se possível, usar o guia de 150 graus

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Biomecânica da Fixação em Locais
Específicos

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Biomecânica da Fixação em Locais
Específicos
 Fêmur Proximal
 O número de parafusos fixando a placa (3 ou 4)
não e fator significante para a fixação
 Fatores importantes na melhora da fixação
 Eixo longo do parafuso mais alinhado com o eixo da
fratura
 Colocação do parafuso em local de boa pega (osso de
qualidade)
 Menor cominuição
 Boa redução inicial

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Biomecânica da Fixação em Locais
Específicos
 Região Metafisária do Joelho
 Chance de fraturas cominuídas de osso cortical
que necessitam de redução anatômica
 Implantes antigos tinham dificuldade de fixar
fragmentos e distribuir forças, o que gerava
pseudartrose freqüente
 Advento da placa triangular, e posteriormente, da
LISS

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Biomecânica da Fixação em Locais
Específicos

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Biomecânica da Fixação em Locais
Específicos
 Fraturas da Pelve
 Quando não há disjunção da sacroilíaca, fixação
da sínfise sozinha proporciona estabilidade
similiar à fixação anterior e posterior
 Quando há disjunção, a fixação anterior com
duas placas e um parafuso na sacroilíaca,
mostrou melhor resultado que a redução
anatômica posterior.

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Biomecânica da Fixação em Locais
Específicos
 Coluna
 Parafusos pediculares são suscetíveis a
encavilhamento e afrouxamento eventual, até
quando submetidos a pequenas forças
 Tende a bascular na base do pedículo, que uma região
mais resistente, soltando com movimento semelhate a
limpador de pára-brisas
 Tal micromovimento po ser diminuído se a cabeça do
parafuso é travada à placa ou haste e se a placa ou
haste faz contato grande com a vértebra

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Biomecânica da Fixação em Locais
Específicos
 Princípios de fixação em
coluna
 Fixação longa

 Colocação de enxerto ou

cage anterior
 Barras bilaterais

formando H
 Aumenta a força torsional e
de encurvamento
 Grande número de
vértebras acopladas
 Reduz força sobre o
parafuso

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Biomecânica da Fixação em Locais
Específicos

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Fraturas em Adultos
Biomecânica das Fraturas e Fixações
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