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GINEAD
Santos, Rosana Oliveira; Rezende, Hugo
SST Unidade 6 - Grupos terapêuticos na área da saúde /
Rosana Oliveira dos Santos; Hugo Rezende;
Ano: 2020
nº de p.: 16
Objetivo específico
• Abordagem psicológica em grupo com pacientes nas diferentes áreas da
saúde.
Apresentando a Unidade
Bem-vindo(a), aluno(a)! Nesta unidade vamos trabalhar com uma ferramenta
de intervenção de extrema importância e efetividade tanto para o tratamento de
pessoas na área da saúde como no trabalho de prevenção: os grupos terapêuticos.
Essa ferramenta poderá ser utilizada em diversos locais, como hospitais, centro de
especialidades, centros de atenção psicossocial, unidades básicas de saúde etc.
Cabe ao profissional que atua nessas frentes de trabalho identificar o melhor tipo de
grupo para a realização do trabalho, visando à aderência dos pacientes, bem como
à colaboração para a construção da qualidade de vida deles.
Quando se trabalha com grupos terapêuticos nos deparamos com um novo tipo de
paciente: o do universo coletivo. Esse paciente vai manifestar suas dores, angústias,
medos, alegrias etc. de uma maneira diferente do sujeito individual.
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Um fator importante e que merece destaque é a possibilidade de o grupo contribuir
para a produção da autonomia do paciente, sendo um cenário de reflexão coletiva e
permitindo a manutenção da saúde mental do sujeito ali inserido.
Saiba mais
Podemos entender como setting clínico o local/ambiente em
que existe o encontro dos aspectos teóricos do profissional de
psicologia e os aspectos emocionais do paciente. Apesar de ser
um espaço da teoria do profissional, ele deverá ser acolhedor
ao paciente, frente às resistências já inerentes de um processo
terapêutico.
A riqueza do trabalho em grupo vai além dos ganhos para o paciente que é atendido
individualmente. Ele é uma ferramenta poderosa quando se pensa em coletividade,
podendo até interferir na dinâmica da comunidade em que ele está sendo inserido.
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Figura 6.1: O trabalho com grupos terapêuticos ajuda tanto o indivíduo quanto o grupo
Podemos destacar alguns grupos que iniciaram com um enfoque e que depois
passaram a ter outras finalidades. Para ilustrar o que está sendo apresentado,
imagine um grupo terapêutico de mulheres com câncer que fosse desenvolvido
dentro de um hospital. O enfoque inicial era de trabalhar com suas dores, angústias,
crenças etc. acerca da doença e, após alguns anos de atividade, participação
e tratamento, elas resolveram criar um grupo de voluntariado para desenvolver
atividades naquele mesmo hospital. Situações como essa não são difíceis de
acontecer.
Algumas das maiores contribuições dos trabalhos com grupos foram realizadas na
América Latina, em especial a psicologia social argentina, apresentada por Pichon-
Riviére, Jose Bleger, entre outros.
Assim, segundo Osório (2003), uma característica do grupo operativo é ter como
objetivo a solução de determinadas situações que visam à mudança de perspectiva
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sobre aquele evento e o pensamento de qual a melhor maneira de resolvê-lo,
ressignificando papéis e promovendo uma readaptação à realidade.
Saiba mais
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre tratamento de
grupo, assista ao filme “Clube dos cinco”, que aborda a história
de cinco jovens que trocam experiências pessoais. Esse vídeo
poderá ser utilizado também no trabalho com grupos de
adolescentes. O link de acesso do vídeo é https://youtube.com/
playlist?list=PLyw0Jjp_s3oMVRQrVexUHGdo8D20t1Vzr
Assim, podemos dizer que temos basicamente três tipos de grupos terapêuticos,
como você pode observar na figura a seguir.
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Já apresentamos em outras unidades a necessidade de realizar um estudo inicial
para mensurar como desenvolver um tratamento ou trabalho de prevenção e
pesquisa. E com grupos terapêuticos a dinâmica não é diferente. Necessita-se,
inicialmente, realizar um levantamento de necessidades de trabalho a serem
desenvolvidas e os grupos que necessitam ser atendidos. Esse levantamento deve
englobar questões como: quais são os grupos prioritários no local em que você
desenvolve o seu trabalho? São grupos destinados a pessoas com hipertensão?
Pessoas diabéticas? Pessoas alcoolistas ou tabagistas? Grupos de mães ou pais?
Cabe ao profissional da psicologia, juntamente com a sua equipe e com base nas
evidências de atendimentos do local de trabalho, definir por onde começar.
Uma pergunta que poderá surgir, em especial por parte dos gestores, é: mas por que
desenvolver esse trabalho? Qual a necessidade? A resposta é simples. Tendo em
vista que foi realizado um levantamento de perfil e de indicadores, o objetivo central
será gerar impacto nesses indicadores, bem como promover essa integração
entre educação e saúde, permitindo que os pacientes sejam mais autônomos e
corresponsáveis em seu tratamento, proporcionando essa troca entre o profissional
e o paciente e o grupo de pacientes entre si.
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Figura 6.3: Diferença entre finalidade e estrutura
Por fim, um ponto que necessita apresentação são os papéis que os sujeitos
participantes de um grupo costumam desempenhar. Isso porque, assim como na
vida, as pessoas desempenham inúmeros papéis: mãe, pai, filha, namorado etc. Nos
grupos essas manifestações também ocorrem.
Normalmente o papel que o sujeito vai desempenhar no grupo é o mesmo que ele
desempenha em sua vida social. No decorrer do processo e dos encontros o sujeito
participante que tiver uma boa condução do profissional conseguirá perceber essas
características.
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• Radar: o sujeito que assume esse papel tende a captar os primeiros sinais
não saudáveis do grupo. Esse processo poderá gerar um grande conflito, fa-
zendo com que o participante do grupo não permaneça nele.
• Instigador: o sujeito tende a realizar intrigas com sua maneira de expressar
os seus pensamentos, podendo causar grande desordem do grupo.
• Sabotador: normalmente um sujeito que prejudica o bom desenvolvimento
do grupo, devido a sua resistência à mudança.
• Apaziguador: os sujeitos com essa característica costumam não permitir que
o conflito no grupo aconteça, frente a sua dificuldade pessoal de lidar com
situações tensas.
• Líder: bastante fácil de identificar, os líderes poderão desenvolver caracterís-
ticas diferentes, como autocrática, democrática e demagógica.
Por fim, vale destacar que o profissional também costuma assumir um papel no
grupo. Ele pode ser visto tanto de maneira positiva quanto negativa. Quer um
exemplo? Imaginemos que o grupo perceba o profissional que está desenvolvendo
o trabalho como um “paizão”. Essa figura pode ser acolhedora. Mas, se os sujeitos
do grupo percebem o profissional como o “pai” e a relação do sujeito com o seu
pai não é muito saudável, isso poderá contribuir para algumas desorganizações do
grupo e até mesmo do sujeito, dependendo do seu problema e papel desenvolvido
no grupo. Cabe ao profissional estar atento a todos esses aspectos.
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Atenção
Segundo Spink (2015), o trabalho do profissional fluirá entre o
discurso já existente dentro daquela comunidade (saber popular,
crenças da região etc.) e a técnica, havendo sempre a necessidade
de respeito desses aspectos.
Assim, podemos pensar que quando se questiona qual o modelo ideal de grupo, ou
qual a fórmula certa, podemos entender que um grupo que consiga transitar entre
as normas, objetivos, teorias, criatividade e saber local estará se dirigindo para um
bom caminho, tanto no resultado dos impactos dos indicadores como na aderência
dos grupos e na qualidade de vida dos usuários e da comunidade.
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Figura 6.4: O grupo é um lugar de encontro das singularidades
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profissional foi capaz de reunir um grupo de pessoas, mas não de desenvolver
um sentimento coletivo de grupo entre os participantes. Assim, o grupo tem que
permitir que os seus participantes tenham voz e vez, sentindo-se pertencentes e
ativos naquela atividade.
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Figura 6.5: Grupos terapêuticos multidisciplinares são
muito mais ricos a todos os participantes
Vale destacar que o profissional que vai acompanhar o psicólogo será referência
para os sujeitos que participam do grupo, assim como o psicólogo, permitindo que
em consultas individuais sejam trabalhados temas que por vezes foram abordados
no grupo, contribuindo, assim, para a adesão do paciente.
Essa prática permitirá também que caso exista algum profissional mais resistente,
ou que ainda trabalhe apenas no conceito saúde e doença, este possa enxergar o
seu paciente de maneira diferenciada, observando aspectos que muitas vezes não
são imaginados.
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um entendimento sobre o que é promoção da saúde como a sua. Outro aspecto é
buscar profissionais que já manifestaram interesse em realizar alguma atividade
diferente em seu ambiente de trabalho.
Reflita
Você já convidou algum profissional da sua equipe para realizar
um grupo terapêutico? Caso não tenha dado certo, que tal tentar
novamente utilizando uma nova abordagem?
Caso você convide um profissional e ele não queira realizar uma parceira,
busque-as com outros profissionais. Sabemos que o mais adequado seria
um profissional que já acompanha o paciente se pensarmos na riqueza das
informações, mas isso não ocorrendo pelo menos o assunto será trabalhado e
os pacientes terão mais informações que contribuirão para a qualidade do seu
tratamento.
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assistentes sociais e enfermeiros reuniu-se para realizar um trabalho com essa
população. O grupo inicialmente tinha como foco principal o uso de substâncias
psicoativas. Além disso, inicialmente, os encontros tinham vinte minutos de
duração e esse tempo foi aumentando com o passar do tempo. Nesse contato,
eram bastante recorrentes as falas dos moradores em situação de rua, que não se
sentiam pertencentes em utilizar os equipamentos públicos (Unidade Básica de
Saúde, Centro de Atenção Psicossocial etc.). Relatavam também as vezes em que
tentaram utilizar e eram barrados ou excluídos ou por profissionais dos serviços ou
até mesmo pela população que ali esperavam um atendimento. Os profissionais do
grupo que eram referência no município criaram um grupo de apoio e acolhimento
dessas pessoas que, com o passar do tempo, começaram a frequentar os serviços.
O grupo terapêutico, além de ser uma ferramenta que contribui para que o sujeito
se veja no individual e no coletivo, mostra-se uma ferramenta que o sujeito pode
utilizar para se fortalecer e encontrar suporte social.
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Referências
DIAS, A. C. (Org.). Psicologia e saúde: pesquisas e reflexões. Santa Maria: UFSM,
2009.
OSÓRIO, L. C. Psicologia grupal: uma nova disciplina para o advento de uma era.
Porto Alegre: Artmed, 2003.
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