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Faculdade Anhanguera

Centro Universitário Anhanguera de Campinas – Unidade 4

Curso Psicologia

Estágio Básico II – Planejamento de Ações e Projetos de Intervenção Contextualizada


Fichamento do Artigo:
Plantão Psicológico: novas possibilidades em saúde mental.

Renata Reghini Ricoy Girio


RA: 386642112030

Orientador: Leandro Henrique Medeiros.

Abril - 2022
Renata Reghini Ricoy Girio

Trabalho apresentado no curso de graduação de


Psicologia do Centro Universitário Anhanguera
de Campinas.

Orientador: Leandro Henrique Medeiros

Abril - 2022
O Plantão Psicológico é uma modalidade de atendimento que possibilita enfrentar o
desafio de atender um número maior de pessoas, no momento de suas necessidades,
auxiliando-as a lidar melhor com seus recursos e limites e ampliando, dessa forma, os
recursos disponíveis em saúde mental, e seu atendimento é realizado por profissionais ligado
a área de saúde e de acordo com Wood, 2004, p. 9, seria um serviço inovador que está sendo
plantado na cultura brasileira.
A procura por esse recurso pode ser de forma espontânea ou por encaminhamento
dependendo do local onde estiver sendo oferecido.
Os plantonistas ficam à disposição da pessoa que deseje procurar pelo atendimento
que tem duração em média de 30 a 40 minutos.
Caso os plantonistas sejam estagiários, como os descritos no referido artigo, logo após
o atendimento é realizado a Supervisão onde será verificada a necessidade ou não do retorno
que poderá acontecer de uma a quatro vezes consecutivas.

OBJETIVOS DO PLANTÃO PSICOLÓGICO

O objetivo do Plantão Psicológico é ser um atendimento breve que atenda a pessoa no


seu momento de necessidade, tendo como base o Aconselhamento Psicológico Centrado na
Pessoa – ACP, onde o desafio é ouvir, acolher e acompanhar o cliente potencializando
positivamente o que ele tem de melhor. O foco na Escuta Ativa, porém, empática, onde o
plantonista estimula o cliente, a pessoa, a encontrar caminhos para seu sofrimento, dentro da
sua própria experiência. Ela é a autora de sua própria construção e o plantonista, naquele
breve momento é o seu acompanhante. Segundo Nilton Bonder:

“Não há melhor entendimento que alguém possa nos prestar do que


servir-nos de ouvido para as falas baixas e quase imperceptíveis de nossa existência.”

Quando a pessoa fala a um outrem, ela é capaz de se ouvir e assim com a ajuda do
plantonista que são seus ouvidos, vão encontrando gradativamente suas próprias respostas e
construindo suas próprias soluções, pois ao mesmo tempo em que ela fala, ela também escuta
o que está dizendo a outra pessoa.
Mahfoud, 2004 completa a afirmação quando diz que através da escuta, do saber ouvir
o outro e estar preparado e disponível para receber a vivência que está sendo trazida, faz com
que a pessoa examine com cuidado as diversas facetas de sua experiência.
No espaço da Escuta, a voz do outro é a prioridade. Quando a pessoa angustiada fala,
ela ouve a si própria e isso permite um distanciamento entre os seus sentimentos, pensamentos
e ações. Escutar a si própria é como ficar em frente ao espelho e se observar. Assim, a pessoa
quase sempre consegue analisar a situação e identificar as alternativas que ocorrem em sua
vida.
O Plantão Psicológico apesar de possuir uma literatura científica pequena, sua
aplicabilidade está presente em diversos locais como hospitais psiquiátricos, escolas,
universidades e clínica-escolas e em suas atividades os desafios são presentes como:

A) Trabalho com o não planejado;


B) Atendimento da demanda em contextos determinados com intervenção imediata a
partir da análise da situação de crise;
C) Encaminhamento para um serviço adequado quando necessário;
D) Auxílio na tolerância para a espera de um atendimento psicológico convencional.

Buscando novas informações, encontramos CAUTELLA, 2004 como uma experiência


de Plantão Psicológico, em uma instituição psiquiátrica, alterou a instituição como um todo. O
olhar para a pessoa institucionalizada, o trabalho psicológico e a equipe de profissionais. Este
hospital tinha como objetivo a internação rápida de uma população bastante comprometida.
A primeira observação de mudança significativa foi a diminuição da irritabilidade e
agitação dos internos. Mais tarde observaram-se transformações no processo psicoterápico,
como os internos entendiam melhor a sua demanda, conseguiam definir mais objetivamente o
foco do trabalho terapêutico, o que gerou um salto qualitativo importante neste processo.
Outro ganho foi em relação aos encaminhamentos. O Plantão clarificava a escolha do tipo de
ajuda mais relevante para cada interno. A partir destas constatações, o serviço foi ampliado
para outros setores do hospital, para as famílias dos internos e também para a equipe de
profissionais cuidadores.
Palmieri e Cury, 2007, foi outra informação encontrada durante as buscas, em uma
experiência em um hospital geral, observaram que a emergência pode diferir de pessoa para
pessoa e desta maneira uma experiência pode tanto ser uma iminente, que ameaça se
concretizar, tentativa de suicídio, como também pode ser a briga recente com um ente
querido. Assuntos e preocupações relacionadas ao próprio trabalho, também, foram elencadas
como necessárias de serem compartilhadas e repensadas no plantão. Nesta medida, relataram
que usuários deste serviço apontaram para a importância de este estar localizado no local de
trabalho e assim poderem utilizar do serviço no momento em que era necessário.
Cautella, 2004, levanta uma importante razão par a existência do plantão, é no que diz
respeito à abordagem do sofrimento humano, que não necessariamente precisaria ser tratado
através da psicoterapia, e isso é bastante visível no fragmento clínico “Anita e seus segredos”
constante no referido artigo que está sendo feito o fichamento, pois os pais são orientados
quanto a fase que as filha está passando e a necessidade das mudanças quanto as regras
estabelecidas para as filhas que estão em fase diferente de desenvolvimento. Com a orientação
recebida no plantão a família pode entender o que estava ocorrendo com a filha.

PLANTÃO PSICOLÓGICO E PSICOTERAPIA DE EMERGÊNCIA

O Plantão Psicológico é diferente da triagem tradicional, que tem por finalidade a


constatação ou não da adequação da necessidade do cliente ao serviço. O Plantão pretende
responder a demanda, ainda que algumas situações isto não seja possível (...) Schimdt (2004).
Segundo Sterian, 2003, “A Psicoterapia de Emergência tem por objetivo atender a
pessoa em uma situação de dor psíquica intensa, considerando a inexistência de profissionais
suficientes, no serviço público, par atender a demanda da população, o atendimento de
emergência torna-se não só uma utilidade, como uma necessidade”
Esse mesmo autor, ainda cita em 2003, Bellak e Small, 1969, que “Consideram que a
Psicoterapia de Emergência pode ser indicada como prevenção ou tratamento e seus objetivos
seriam:

PREVENÇÃO:
Um problema pontual se transforme em uma desordem psíquica organizada ou ainda
que a situação de crise possa transformar-se em uma doença crônica. Outra possibilidade,
seria evitar que uma crise dentro de um quadro de doença preexistente possa causar uma
incapacidade definitiva.

TRATAMENTO:
Estaria indicada basicamente em duas situações: crises que não demandem uma
abordagem de longo prazo e dificuldades de adaptações pontuais.
Sterian, 2003 p.34 propõe o atendimento de emergência como:

“A possibilidade de o indivíduo se ver enquanto tal. Fazer uma pessoa pensar em si


mesma, não apenas como um diagnóstico, um número ou uma unidade de consumo, oferecer-
lhe a chance de se reinserir-se em sua própria história de vida, de assumir-se enquanto
sujeito de seus próprios desejos, necessidades e possibilidades. Para que a partir daí, ela
possa elaborar as limitações ou frustrações que sua existência for lhe impondo”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Conforme já descrito, o Plantão Psicológico é uma forma de atendimento que tem por
objetivo ser atendimento breve, no momento de sua necessidade. A pessoa que procura o
serviço é convidada a contar sua experiência pessoal. O desafio do plantonista será o de ouvir,
acolher e acompanhar o cliente amparado na ACP e acreditar no desenvolvimento dos
potenciais humanos, estimulando-os a encontrar caminhos para os seus sofrimentos dentro da
sua própria experiência de vida, construindo assim, gradativamente, um saber entender e
conduzir os sinais de suas dores para que no futuro não se transformem em sofrimentos
crônicos, mas sim sofrimentos que são passíveis de serem vividos caso não seja solucionáveis,
através de adaptações pontuais.
Assim, fechando o referido fichamento citamos novamente a fala de Nilton Bonder
que fidedigna a importância do Plantão Psicológico:

“A grande descoberta deste século para a Ciências Humanas é a descoberta


terapêutica da Escuta. Não há melhor entendimento que alguém possa nos
prestar do que servir-nos de ouvido para as falas baixas e quase imperceptíveis
de nossa existência”.

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