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ABORDAGEM

CENTRADA NA
PESSOA
Psicóloga Larissa Azevedo 08/24598
História da
ACP
◦ Seu precursor foi Carl Ramson Rogers.
◦Cultura americana e família protestante
calvinista.
◦Vida na fazenda por progresso financeiro da
família e para a proteção dos filhos (sem
contaminação de “más influências”).
◦ Agronomia na Universidade de Wisconsin
em
1919.
◦ Deixa a agronomia para estudar teologia.
◦ Faculdade de História.
◦ Viagem para a China (contato com
arminianos)
◦ Questionamentos internos de Rogers (família x autonomia).
◦ Sua úlcera gastroduodenal se acentua.
◦ Curso de Psicologia por correspondência (influência de William
James).
◦ Teologia em 1924 em Nova Iorque.
◦ Visão de homem com capacidade para se desenvolver – teologia
liberal
◦ Grupo de reflexão sem restrições com colegas.
◦ Experiência da “não diretividade”
◦ “Abandona a rigidez e a falta de liberdade das suas origens, mas
não abandona a essência dessas mesmas crenças” (CARRENHO, E.,
2010)
◦ Nesse momento, a Psicanálise vinda
da
Europa ganhava força.
◦ Trabalho com crianças.
◦ Livro “ O tratamento clínico da
criança- problema” (1939)
◦ Fundação do Centro de
Aconselhamento na Universidade
de Chicago
◦ Orientação psicopedagógica.
◦ Conflito entre as
abordagens psicológicas.
◦ Enxerga a psicoterapia como
uma tentativa de ajudar a
pessoa a encontrar recursos
para enfrentar muitas demandas.
◦ Alvo de críticas.
◦ Conferência de Minessota em
1940
– nascimento dos novos
conceitos
em psicoterapia.
◦ Contribuição para que a prática
da psicoterapia fosse feita por
psicólogos.
AFINAL, O QUE
É A ACP?
Jeito Relação Não
de de diretiva
Ser ajuda
◦ “Liberdade não se dá, apenas não se tira.
Somos
livres” (PINTO, M., 2010)
◦ Rogers sempre abriu mão do título de “dono”
da
ACP.
◦ A Abordagem Centrada na Pessoa é de
todos nós. Temos a responsabilidade de
recriá-la através do nosso próprio jeito de
ser.
• “Não possuo visão ingênua da natureza humana. Tenho
consciência de que para se defender e movido por medos
intensos, indivíduos podem e, de fato, se comportam de modo
incrivelmente destrutivo, imaturo, regressivo, anti-social e nocivo.”

• “Quando o homem é verdadeiramente livre para tornar-se o que


ele é, no mais fundo do seu ser, quando é livre para agir conforme
sua natureza, como um ser capaz de perceber as coisas que o
cercam, então ele, nitidamente, se encaminha para a globalidade
e a integração”
• de acordo com a ACP, o sofrimento psíquico e os comportamentos
considerados ‘disfuncionais’ são o resultado de bloqueios e
distorções na expressão da tendência atualizante;

• Estes bloqueios internos são constituídos basicamente por


condições de valor introjetadas que geram inconsistências entre a
percepção que o indivíduo tem de si mesmo (auto-conceito) e as
suas experiências organísmicas.

• Quando o indivíduo se liberta dessas condições de valor, os


bloqueios internos se dissolvem e a tendência atualizante passa a
operar livremente, sem distorções.
• Na ACP, o cliente não é visto como um indivíduo padecendo de
uma ‘doença’ que necessita de ‘tratamento’;

• A terapia centrada na pessoa é uma jornada de auto-descoberta,


uma jornada de crescimento em busca de auto-realização e
plenitude;

• Nesta jornada, somente o cliente sabe o rumo e a direção a


tomar. Somente o cliente possui a bússola que poderá guiá-lo
nesse território desconhecido e essa bússola é a sua experiência
organísmica;
PRINCÍPIOS DA
ACPNÃO SÃO
TÉCNICAS!!!
◦ A abordagem vai além da teoria.
◦ Crença na facilitação de condições ideais
ao outro para que ele exerça seu
próprio jeito de ser e suas próprias
respostas para as questões que
encontrar pelo caminho.
◦ Viver os princípios (AUTENTICIDADE)
Para tanto, o cliente necessita se escutar, escutar seu organismo,
seus sentimentos, sua intuição para poder entrar em contato com
vozes interiores que estiveram caladas e suprimidas;
O terapeuta centrado na pessoa é um companheiro/facilitador do
cliente nessa jornada de auto-exploração e auto-descoberta;
Essa atitude do terapeuta de entrega confiante da direção e do
ritmo do processo terapêutico ao cliente é chamada de não-
diretividade. O locus de poder e controle do processo terapêutico
permanecem com o cliente.
Atitudes facilitadoras do
crescimento pessoal:
Abordagem Centrada na Pessoa
1. Aceitação Incondicional:
O terapeuta recebe, escuta e acolhe, incondicionalmente, o que quer
que o cliente esteja vivenciando e expressando no momento, no aqui-
e-agora da relação terapêutica;
A ausência de julgamentos e de expectativas por parte do terapeuta
gera um clima de segurança na relação terapêutica, onde o cliente
pode se experimentar e entrar em contato com experiências de seu
mundo interno que até então eram percebidas como ameaçadoras
demais para serem integradas à consciência.
2. A compreensão empática

Refere-se à capacidade do terapeuta em colocar-se no lugar do cliente para se


conectar empaticamente com a experiência organísmica do mesmo no aqui-e-
agora;

O terapeuta procura expressar e comunicar essa ressonância empática através


de ‘respostas-reflexo’ => espelhamento;
Quando o terapeuta comunica essa compreensão empática do campo
experiencial do cliente, ele torna-se, de certa forma, um amplificador da voz
interna do cliente
“Através da resposta empática, o cliente se torna capaz de
ouvir a si mesmo, de escutar sua voz interior, e desta forma
ampliar o contato com as experiências organísmicas,
integrando-as à consciência”. (Rogers, 1983);
Para vivenciar o modo de ser empático, o terapeuta precisa
suspender ou colocar entre parênteses o seu próprio quadro
de referência, suas opiniões e reações pessoais.
3.A Congruência

congruência é um estado de acordo (ou consistência) entre


o auto-conceito de um indivíduo e as suas experiências
organísmicas;
O terapeuta é congruente na relação com o cliente quando
ele é livre e profundamente ele mesmo, sem fachadas, sem
defesas. Ou seja, na medida em que é real e genuíno na
relação com o cliente.
Esta jornada de auto-exploração e auto-descoberta promove
mudanças profundas no indivíduo levando-o a um funcionamento
pleno;
O indivíduo desenvolve maior autonomia, assumindo um locus
interno de avaliação da experiência. Ele passa a reconhecer que
“sou eu quem escolhe” e “sou eu quem determina o valor de uma
experiência para mim”. A partir de então, é a sua própria
experiência, e não mais a experiência dos outros, que serve de
marco para o seu itinerário e ele se torna o arquiteto do seu Ser.
“O cliente que se moveu significativamente em terapia vive mais
intimamente com seus sentimentos de dor, mas também mais
vividamente com seus sentimentos de êxtase. A raiva é mais
claramente sentida, mas também é o amor. O medo é uma
experiência que ele conhece mais profundamente, mas a
coragem também o é. A razão pela qual ele pode assim viver
plenamente numa extensão mais ampla é que ele tem esta
confiança básica nele mesmo como instrumento confiável para ir
ao encontro da vida” (Rogers, 1962 p.33).
TENDÊNCIA ATUALIZANTE
◦ Acreditamos que todo ser busca o que é
melhor para si.
◦ “Todo organismo é movido por uma
tendência inerente para desenvolver
todas as suas potencialidades e para
desenvolvê-las de maneira a favorecer
o seu enriquecimento” (ROGERS,
1959).
◦ É natural a todo ser.
◦ Não diz respeito a juízo de valor.
◦ Exemplo da batata no porão de Rogers e a
relação com pessoas tratadas como
doentes mentais.
◦ Tentativa de crescimento
(organismo positivo construtivo).
◦ É papel do terapeuta criar
condições que
facilitem esse processo de
autodireção.
◦ “Eu posso oferecer condições, posso oferecer o que entendo ser um solo
fértil. Quem vai se apropriar desse solo é o outro. Como ele vai se
apropriar disso é tarefa do outro. A minha parte é oferecer e confiar.”
(PINTO, 2020)
◦ A falta de confiança no outro pode gerar manipulação.
◦ Somente o outro sabe o que é melhor para ele mesmo.
◦ É IMPORTANTE QUE SEJA UMA RELAÇÃO VERDADEIRA!
COMPREENSÃ
O
EMPÁTICA
◦ O contexto é levado em conta.
◦ É um “como se” sem ser.
◦ Busca de aproximação ao máximo da perspectiva do outro lembrando
que
não sou o outro.
◦ Se despir dos próprios julgamentos para estar com o outro, colocando
nosso próprio “eu” de lado.
◦ Dessa forma, a pessoa tem a possibilidade de se ver também, levando
em conta seu contexto, sentimentos e verdades.
◦ Abertura à experiência do outro com o outro
◦ “Possibilidade de sentir-se acompanhado em
seus sentimentos e verdades muitas vezes
escondidas em função de medos, angústias
e padrões condenados por si mesmo ou
pelo mundo exterior” (PINTO, 2010).
◦ O sentido de ajuda está na possibilidade
de ser quem se é na relação e, assim,
pode ocorrer a autopercepção e o
repensar de novas alternativas para si.
COMO SERIA
SER VOCÊ
MESMO?
CONGRUÊNCI
A
• Autenticidade.
• Genuinidade.
• Expressar os seus sentimentos ao outro quando forem persistentes.
• Se desprender daquilo que atrapalhe estar de forma inteira com a
pessoa.
• “me esvaziando do que está acontecendo comigo, compartilhando o que
se passa dentro de mim, para voltar a estar inteiro como eu gosto de
estar e como o outro merece que eu esteja” (PINTO, 2020).
• Objetivo de permanecer presente.
• Há o risco da reação do outro.
• Atendimento de Rogers – “eu nunca tive a expectativa real de
ser verdadeiramente ouvido” (sic)
• “A transformação pessoal é facilitada quando o psicoterapeuta é aquilo
que é, quando suas relações com o cliente são autênticas e sem
máscaras nem fachada” (ROGERS, 1961)
• *COMUNICAÇÃO* - NÃO SIGNIFICA FALAR QUALQUER COISA
DE QUALQUER FORMA!
• O outro merece saber o que se passa dentro do terapeuta.
• Remoer algo e não expressar ao outro enquanto estou ouvindo-o
demonstra uma falta de escuta.
• Nos leva a um novo nível na relação.

• Como saber se o outro está preparado para ouvir o que tenho a dizer sem
dizer?

• É perder o controle, porque o outro fará o que quiser com a informação que eu
der.

• “Congruência significa a capacidade do psicoterapeuta ser genuíno com a pessoa


do cliente, levando em conta os seus sentimentos e suas percepções para que ele
possa tentar contribuir com uma possível reflexão do cliente a respeito de si
mesmo para, quem sabe, colaborar com o crescimento da pessoa” (PINTO, 2010).

• É necessário estar comigo mesmo para estar com o outro.


O QUE TE IMPEDE
DE SER
AUTÊNTICO?
ACEITAÇÃO
INCONDICION
AL POSITIVA
• Não significa
concordar com
o outro.
• Considerar o outro
da forma que ele é.
• Crer no potencial do
outro em situações
em que ninguém
crê.
• O outro ganha a
chance de se aceitar
e olhar para si
◦ É confiar no outro a partir das experiências dele.
◦ Validar e acolher o sofrimento do outro.
◦ A pessoa pode sentir maior confiança para ser ela mesma, se perceber e
conduzir seu próprio caminho.
◦ “se tenho confiança de fato no outro, tenho a convicção de que essa pessoa, em
um ambiente facilitador, podendo ser ela mesma de forma inteira, sentindo-se
aceita e aceitando-se em sua complexidade , terá maiores condições de
reavaliar-se em seus sentimentos, percepções e atitudes para buscar em si novas
formas, se for o caso, de estar consigo mesma e com o outro”. (PINTO, 2010).
“Se eu deixar de interferir nas pessoas, elas se encarregam de si mesmas. Se eu deixar de
comandar as pessoas, elas se comportam por si mesmas. Se eu deixar de pregar as pessoas,
elas se aperfeiçoam por si mesmas. Se, eu deixar de me impor as pessoas, elas se tornam elas
mesmas”.
(Carl Rogers, resumindo o princípio da ACP -1977)
REFERÊNCI
AS
Carrenho, Esther; Praticando a abordagem centrada na pessoa: dúvidas e
perguntas mais frequentes/ Esther Carrenho, Márcia Tassinari, Marcos Alberto Pinto –
São Paulo: Carrenho Editorial, 2010 (p.15-33 e p.57-93.
Pinto, Marcos Alberto da Silva; Abordagem centrada na pessoa e algumas de suas
possibilidades / Marcos Alberto da Silva Pinto; (organização do autor), - São Paulo: All
Print Editora, 2020 (p.9-25)

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