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CONTATO é um dos conceitos mais importante dentro da Gestalt-terapia.

É no contato com o meio/outro que satisfazemos necessidades e desejos


e, consequentemente, crescemos. Dito de uma outra forma, é apenas em
contato com o mundo é que podemos existir. Por isso, entender a forma com
uma pessoa entra em contato com o mundo é fundamental, principalmente
em um processo terapêutico.

O ciclo de contato é a teorização pela qual Perls se utilizou para pensar a


forma como nos relacionamos com o mundo. A priori nem todo contato é
bom, nem toda fuga é doentia. Nenhum é bom ou mau em princípio, ambos
são formas de enfrentamento. O ciclo do contato é o processo de satisfação
de necessidades e serve para explicar a forma como nos relacionamos com
o mundo na busca da satisfação de um desejo ou necessidade que surge
no nosso organismo.

Uma das características do neurótico é não fazer um bom contato com o


meio e o ciclo travar em algum ponto. O ideal seria conquistar um padrão
rítmico conforme nossas necessidades e, para isso, é necessário a capacidade
de discriminação. Compreendendo o ciclo do contato de uma pessoa,
podemos identificar a fase em que ela se encontra bloqueada e tomar
consciência dos motivos que levaram a esse bloqueio. Isso dá possibilidade
de destravar o ciclo e fechar a Gestalt. Identificamos a fase que uma pessoa
se encontra travada observando a forma como ela entra em contato com o
mundo.

Ênio define esses bloqueios de contato como uma descontinuação do


contato. E essas descontinuações podem aparecer de três formas: como
ato, estado ou como ESTILO DE PERSONALIDADE. Como ato, acontece
de forma esporádica; como estado, acontece diante de uma exigência
situacional; como estilo de personalidade, acontece quando se refere a um
modo habitual de uma pessoa estar no mundo.

A identificação do estilo de personalidade de um cliente pode funcionar


como referência para o trabalho terapêutico, pois pode facilitar a descoberta
do melhor caminho para que a terapia seja útil.

O estilo de personalidade pode ser considerado uma “estrutura” que é


criativamente desenvolvida ao longo da vida por meio de ajustamentos
criativos e de defesas, que acontece nesse processo de contato com o
mundo/outro. E a ideia é que o processo terapêutico ajude o cliente a tomar
consciência desse seu modo de funcionar, que é o que lhe dá a possibilidade
de se tornar mais flexível.

Assim, o processo terapêutico “requer a busca de um autoconhecimento


tal que permita (o cliente) ter uma ideia suficientemente apurada das
repetições às quais se propende, conseguindo assim transformá-las em
escolhas. Dessa forma, em vez de ter as possíveis repetições como acidente
ou inevitabilidades, é possível conhecê-las e escolher, a cada momento,
ceder a elas ou não” (Ênio Brito).

• Como surgem os bloqueios?

Diante da impossibilidade de satisfazer uma de suas necessidades/desejos,


de realizar trocas ou evitar o contato com o meio, o organismo recorre a
algumas estratégias (que são formas de contato) para assegurar sua
integridade. Essas formas de contato, que são conhecidas como mecanismos
de defesa ou estilo de persoanlidade, podem ser saudáveis ou disfuncionais,
conforme a sua intensidade, o momento em que são utilizados e o nível de
consciência sobre eles.

Não é objetivo do Gestalt-terapeuta eliminar esses bloqueios, mas sim,


torná-los mais conscientes, favorecendo a adaptação do cliente no seu meio.
Os bloqueios, ou ainda essa forma de descontinução de contato, variam de
acordo com os autores, mas os mais citados dentro da Gestalt-terapia são:
introjeção, confluência, egotismo, retroflexão, dessensibilização, deflexão,
projeção, proflexão, racionalização e fixação.

INTROJEÇÃO

A introjeção é definida como o processo primário de internalização de


crenças, valores e pensamentos, transmitidos pelos pais, pela cultura e
outros ambientes significativos, que interferem e também contribuem na
constituição da subjetividade da criança.

Os introjetos podem ser positivos (internalização de valores e vivências


que facilitam a identificação, aprendizado e integração no mundo social) e
tóxicos (inibição do excitamento espontâneo e criativo).

Um introjeto tóxico é uma mensagem negativa que a pessoa escuta e


internaliza sem digerir, sem nenhuma reflexão se aquilo faz sentido na sua
vida, o que limita seu modo de ser genuíno e cristaliza a percepção de si e
do mundo.

“A introjeção, pois, é o mecanismo neurótico pelo qual incorporamos


em nós mesmos normas, atitudes, modos de agir e pensar que não são
verdadeiramente nossos. Na introjeção colocamos a barreira entre nós e o
resto do mundo tão dentro de nós mesmos que pouco sobra de nós” (Perls,
1981)

A introjeção carrega “um deveria” junto com “um não deveria” (“você deve ser
assim, você não deve ser assim”) que vem associado a expectativas trágicas
(ameaças de punição, privação do amor, abandono) por ter desobedecido,
desagradado, revelado uma vontade, ou mesmo recusado algo.

Pessoas com este estilo de personalidade tem o isolamento como


característica marcante pois o fazem para evitar o contato por medo de
ser ridicularizado, humilhado e rejeitado. Por sua rigidez de quem se é
e dificuldade em ser criativo e espontâneo, possuem pouca tolerância a
mudanças e são suscetíveis à desenvolver ansiedade.

Nosso papel na clínica é questionar as introjeções dos clientes para que ele
seja capaz de elaborar, refletir, e internalizar aquilo que faz sentido ou não
para ele não para o meio em que vive. Encorajá-lo a viver experiências novas
e tolerar a angústia que o risco traz também é importante no processo,
mas, claro, sempre atento à ansiedade do cliente para que ele não se sinta
pressionado a fazer algo que ainda é muito difícil de ser sustentado.

No ciclo do contato, a introjeção pode ser vista entre o dar-se conta e a


energização, já que ela não diferencia aquilo que é do outro dos seus próprios
valores e isso impede que ela aja no mundo de forma espontânea e criativa.
CONFLUÊNCIA

A forma de contato com o mundo através da confluência, quando saudável


proporciona a empatia e em estado disfuncional percebemos a dependência
e a dificuldade de uma pessoa se distinguir do outro. Assim, a confluência
se refere a um tipo de interação em que a pessoa não reconhece a barreira
que há entre ele e o seu meio. O desejo do confluente é alienado em função
de um padrão externo.

Podemos dizer que a confluência se refere ao processo pelo qual: uma


pessoa se liga fortemente aos outros sem diferenciar o que é seu do que é
do outro; aceita ser diferente do que é para sentir-se semelhante aos demais
e, embora com sofrimento, obedece a valores e atitudes da sociedade e dos
pais; gosta de agradar aos outros, mesmo não tendo sido solicitada e, por ter
medo de ficar sozinha, aprecia estar em grupo, agarrando-se firmemente
aos outros.

Pessoas com o estilo de personalidade confluente carregam muita culpa


e um sentimento de inadequação, por isso, normalmente cresceram em
ambientes em que eram pouco reconhecidos, os seus desejos eram sempre
criticados, recebiam a culpa por tudo e não tinham espaço para expor suas
habilidades, vontades e para criar. O confluente normalmente é filho de
pais egotistas.

No ciclo do contato essas pessoas estão bloqueadas entre a sensação


e o dar-se conta, em função dessa falta de clareza com relação às suas
necessidades; e entre o contato e a retração, em função da sua dificuldade
de cortar o contato com o outro e da sua mistura com o meio.

A terapia pode ajudar no processo de ampliação de consciência sobre si


mesmo e seus desejos, no desenvolvimento do autossuporte e ajustamento
criativo.

EGOTISMO

Em tal mecanismo de defesa há uma terceirização do desejo, isto é, o


egotista impõe de antemão as suas necessidades e desejos em relação às
outras pessoas. O egotista impõe de tal forma sua vontade, que negligencia
a atenção ao seu meio; tem dificuldade para dar e receber.

A autoconsciência exagerada impede o envolvimento com o outro e que


ele se entregue no contato sem medo de perder seus próprios limites. Ao
contrário do que ocorre na confluência, a fronteira que separa o eu do meio
está rigidamente definida a ponto de impedir a percepção de aspectos da
realidade externa.

O egotista, ao prestar muita atenção a si mesmo e às suas próprias


necessidades, não enxerga ou nega a demanda do meio, fazendo com que
sua ação se torne inadequada e seu contato insatisfatório, tendo como
resultado a frustração e mais tensão, em vez de relaxamento.

O egotista não lida bem com frustrações, pois tem como característica
comportamentos obsoletos e sem novas reações, sem levar em conta e
enxergar a situação do momento.

De forma saudável o orgulho por si mesmo do egotista o ajudará a sustentar


posições alcançadas sem que sua insegurança o atrapalhe.

Por trás do egotista podemos encontrar uma pessoa insegura, com


dificuldade de frustração e incapacidade de se satisfazer, de agir e por vezes
de se responsabilizar pelas suas escolhas e ações.

Para se perceber um egotista, vale observar se a pessoa impõe seu desejo


ao outro, seja diretamente ou indiretamente, por meio de manipulações,
jogos ou até mesmo drama, sem enxergar também o outro lado. Seu senso
de competitividade é aflorado, possuem dificuldade de ser empático e raiva
é um sentimento comum neste estilo de personalidade. Além disso, gostam
de ser reconhecidos e admirados em seu meio. Tendem a ser mais vaidosos
e preocupados com sua imagem.

Em relação ao processo terapêutico, quanto mais o profissional consegue


admirar seu cliente mais eficaz se torna a terapia. Também faz-se necessário
que o terapeuta trabalhe sua própria confiança profissional e autoestima.

As intervenções serão no sentido de ampliação de consciência para seu eu


verdadeiro e seu meio, investigação do fundo - sua insegurança - e o auxilio
em lidar com frustrações e perceber aprendizado também em situações de
fracasso.

No ciclo de contato estão travados entre energização de ação e na retirada.

RETROFLEXÃO

A retroflexão tem seu significado literal como: voltar-se rispidamente


contra si mesmo. É a capacidade de fazer voltar para dentro a energia que
potencialmente deveria ir para o exterior. O retroflexivo busca sempre se
adequar ao que imagina que o meio/outro espera dele ou em ser perfeito.
Por isso, está sempre tentando se conter, se cobra excessivamente e tem
dificuldade em lidar com sentimentos “negativos”, como a raiva e o medo.

Retroflexivos são perfeccionistas e competitivos, mas competem com o outro


para provar que podem se superar. São também muito leais e disciplinados,
podendo, no entanto, chegar a rigidez.

Por tudo isso, são pessoas que vivem em uma prisão criada por elas mesmas,
com muitas autopunições que aparecem em formato de somatizações:
coceiras, tosse, dor de garganta, herpes e roer as unhas são alguns dos
exemplos que podem ser percebidos

A psicoterapia ajuda o cliente a desfazer essas retroflexões, através do


entendimento, clareza e expressão das emoções, sentimentos e desejos
que foram contidos, em função da autocobrança exacerbada.

No ciclo do contato, são pessoas que também estão travadas entre a


sensação e o dar-se conta e entre a energização e a ação. São pessoas que
não conseguem dar nome ao que estão sentindo e, por isso, também não
se energizam para expressar esses sentimentos, voltando-os para o corpo.

DESSENSIBILIZAÇÃO

Este mecanismo se refere ao entorpecimento do indivíduo. Ele se apresenta


frio diante de um contato; apresenta dificuldade para se estimular; sente
diminuição da sensopercepção e há perda de interesse por sensações novas
e mais intensas. É uma ausência constante da definição dos sentimentos,
no qual a pessoa não percebe os acontecimentos em sua volta, os sinais
emitidos pelo corpo e há um embotamento afetivo. Assim, nesse bloqueio
do contato, o organismo está inerte ao mundo que lhe rodeia, há uma
restrição da fronteira de contato.

Para pessoas com este estilo de personalidade o sentir é muito difícil, o


próprio organismo aumenta o limiar de sensação do corpo, se tornando frio
e anestesiado.

Pessoas dessensibilizadas, geralmente já passaram por situações


traumáticas, ou bem difíceis de serem elaboradas e, assim, se mantêm
frias e distantes, evitando contato com o meio para se “previnir”, de forma
inconsciente e equivocada, de um possível tipo de sofrimento ou dor. Pode
ser também uma criança que sofreu muito e não teve retorno do sofrimento,
ou até mesmo pela punição pela expressão emocional.
Geralmente são pessoas que temem a intimidade e o confronto por isso
seus contatos tem pouca intensidade e eles tendem a solidão.

Na clínica, o insight para o dessensibilizado pode não o afetar muito, ele


não é aquele tipo de cliente que chora muito. O que pode acontecer é uma
catarse, desencadeada pela terapia e pelo processo terapêutico.

A relação terapêutica é o principal motivador para que o dessensibilizado


passe a sentir, pois ele necessita de um ambiente muito propício, acolhedor
e intimo para entrar em contato com suas questões. É interessante trabalhar
questões corporais e da sensopercepção. Ex: maior atenção a tarefas do dia-
a-dia.

No ciclo de contato podemos identificar este mecanismo de defesa entre


a retração e a sensação, pois a sensação do indivíduo que está bloqueada.

DEFLEXÃO

A deflexão é capacidade de desviar de um contato desconfortável ou


perigoso. Pessoas com esse estilo de personalidade têm dificuldade em
estabelecer contatos profundos e íntimos, por isso, apesar de manterem
vínculos interpessoais, esses são, na maioria das vezes, vínculos superficiais.
São pessoas que querem muito, mas por temerem o contato, querem de
forma rasa e breve.

A deflexão é uma manobra para evitar o contato direto, seja com outra pessoa,
situação, sentimento ou lembrança. É uma forma de esfriar o contato com
o meio, com a intenção de evitar possíveis danos.

A deflexão pode ser notada em pessoas que tendem a falar em rodeios,


desviam o olhar de quem fala, riem de seus problemas e bloqueios, falam
do passado ao invés do presente, exprimem emoções brandas, mesmo
quando são intensas e, apesar de possuirem muitas relações, elas nunca
são íntimas.

No ciclo do contato também estão barradas entre a sensação e o dar-se


conta e entre a ação e contato, pois são pessoas que, além de não entrarem
em contato com o que sentem, não conseguem entrar em contato com o
meio. No nosso consultório é muito comum as pessoas usarem bastante
desse mecanismo de defesa, justamente porque é um lugar onde vamos
falar de assuntos dolorosos, vergonhosos, difíceis e que causam muito
desconforto para o cliente. A deflexão funciona justamente para desviar
desses assuntos que podem causar dor e desconforto.

Para tratar desses assuntos delicados é muito importante ter uma boa
relação com o cliente. Devemos sempre nos questionarmos sobre o
momento em que estamos trazendo um assunto difícil à tona. Pode não
ser o momento em que o cliente esteja preparado para lidar com essas
questões. É importante nos atentarmos para estes assuntos, mas esperar
pelo o momento certo, em que o cliente esteja mais aberto, envolvido no
processo e a relação entre cliente e terapeuta mais forte e estabelecida.

PROJEÇÃO

A projeção é um exemplo de resistência do inconsciente, de não querer ver


algo em si mesmo. É uma alienação de si mesmo. A pessoa não reconhece
em si determinadas características e, ao invés disso, às atribui a outra(s)
pessoa(s). Ela visualiza no mundo exterior aquelas partes de sua própria
personalidade com as quais se recusa a se identificar e reage com a rejeição
a elas, mas é afetada quando aparece no outro.
A pessoa que faz uso desse mecanismo, normalmente não pode aceitar seus
sentimentos e ações, porque não “deveria” sentir ou agir de determinada
maneira e entende o sentimento ou ação como desagradável. O “não
deveria” é, na verdade, um introjeto básico que rotula como intragável
aquilo que é projetado.

Para lidar com tais sentimentos e ações em si, o projetor passa a negar
aspectos do seu próprio self considerados intoleráveis, então é como se
tudo isso fosse abafado, colocado debaixo do tapete. Em contrapartida, o
projetor está intensamente consciente dessas características nos outros e
as atribui aos mesmos.

Geralmente se identifica uma projeção quando você sente raiva ou


irritação por um comportamento que o outro emite, pois, de certa forma,
inconscientemente esse comportamento diz sobre você. Então em nosso
trabalho na clínica, a regra é simples: se irritou o cliente aquela pessoa ou
situação, há algo do cliente, que ele está projetando. É interessante fazer
perguntas do tipo: “o que te irrita no outro?” Outra forma de identificar
projeção é saber aquilo que o cliente considera que o ofende, pois o que o
ofende e ele sente é porque tem verdade envolvida. Tudo que o irritar no
outro faz parte dele.

Como estilo de personalidade o projetor se mantém em constante estado


de vigilância e controle. Possui uma enorme desconfiança de tudo e todos
a sua volta como se precisassem se defender de uma possível invasão. Em
um processo terapêutico por serem pessoas desconfiadas, em permanente
estado de atenção diante o mundo a relação terapêutica baseada na
confiança torna-se imprescindível.

No ciclo de contato, a projeção pode ser vista entre a sensação e o dar-se


conta. Essa interrupção ocorre no momento em que o indivíduo sente a
excitação (sensação), mas não dá conta de distinguir o que é, fica pairando
pelo ar. Não consegue identificar isso em si mesmo.

PROFLEXÃO

A proflexão é uma combinação da projeção e retroflexão. Uma pessoa com


esse estilo de personalidade faz ao outro aquilo que gostaria que o outro
lhe fizesse. É uma mensagem indireta e manipulativa com a intenção
inconsciente de que o outro faça com ele o que ele fez com a pessoa.

Dessa forma, cria-se uma dependência no outro, ou seja, sua capacidade de


autossuporte é substituída pelo heterossuporte. Normalmente, são pessoas
que viveram experiências de abandono e violência na infância, por isso, são
pessoas muito carentes e dependentes de afeto, ao mesmo tempo em que
possuem dificuldade em receber afeto. Há também certa impulsividade,
que advém do vazio e da falta de identidade, consequências da dependência
do outro.

O profletor entra em uma atitude servil em relação a quem ele está tentando
manipular. Assim, torna-se dependente do outro, ao mesmo tempo que
ressente por este não lhe dar a sua liberdade ou aquilo que ele espera
receber.

Sem consciência de suas carências e sem capacidade de autossuporte,


o proflexor não vê alternativas senão manipular e fazer manobras para
conseguir tocar o outro, ser reconhecido por ele e conseguir o que deseja.
É como se amasse para ser amado. Adulasse para ser adulado. Na proflexão
não há um pedido direto e nem uma clareza do que a pessoa deseja, assim
ela desprende sua energia para manipular o outro e fazer com que este
satisfaça seu desejo inconsciente.

No consultório, na nossa prática clínica, devemos estar atentos à essas


situações que apontam proflexão, ou seja, àquele que faz muito pelos
outros buscando algo em troca. Através da redução fenomenológica vamos
entender mais profundamente qual é o real desejo do cliente proflector que
está envolvido nesta relação.

Dentro do ciclo de contato o bloqueio pode ser visto entre a ação e o contato.
Pois ele faz demais para os outros, mas não consegue entrar em contato
com o que de fato é o seu desejo, buscando satisfazê-lo.

RACIONALIZAÇÃO

A racionalização é um mecanismo de defesa utilizado nos momentos em


que a pessoa tem dificuldade em aceitar, ou não quer que determinada
situação ou ação ocorra e como justificativa utiliza explicações lógicas.
A racionalização está relacionada com a necessidade de explicar o que
acontece e manter a coerência entre ações e pensamentos. É uma explicação
da negação, que confirma a neurose.

É um mecanismo muito utilizado quando se quer fugir de determinado


sentimento, utilizando, em troca, justificativas racionais. Nesse sentindo,
pode-se dizer que o racionalizador, na confusão mental e racional, para
justificar comportamentos, atitudes e situações, não move e nem entra em
contato com o que de fato está ocorrendo.

Nesse sentindo, pode-se dizer que o racionalizador, na confusão mental e


racional para justificar comportamentos, atitudes e situações, não move e
nem entra em contato com o que de fato está ocorrendo.

Por exemplo: eu odeio meu trabalho, mas eu não saio porque o mercado
está em crise. Meu namoro não está tão legal, mas eu não termino porque
ele ou ela vai ficar muito triste e sofrer muito.

No nosso trabalho na clínica, devemos estar atentos às racionalizações,


à essas explicações lógicas e buscar aprofundar no que sustenta esta
explicação, o que está no fundo.

No ciclo do contato podemos ver a racionalização entre a sensação e o dar-


se conta, pois não há uma clareza da necessidade real da pessoa, sendo
mascarada pelas explicações. E entre a energização e a ação, pois há uma
dificuldade imensa em sair do lugar, em ter alguma ação

FIXAÇÃO

A fixação diz respeito a um apego a uma pessoa ou situação. O seu oposto


diz da evitação do contato com novas situações que estão fora da fronteira
de contato. Nessas circunstâncias não é fácil saber o que vem primeiro, se o
medo do contato com o novo ou o ato de agarrar-se a situações familiares. A
pessoa não parte para o novo, não muda, não se move em direção a próxima
figura, permanecendo com o antigo e familiar. Sendo assim, na fixação falta
o movimento de exploração curiosa, necessário à criação de figuras vivas e
interessantes.
A fixação é, na verdade, o comportamento geral do neurótico, que busca a
repetição dos padrões defensivos no contato com o meio

Podemos ver no consultório clientes que estão fixados em determinada


relação ou situação, querendo entender cada vez mais e mais, mas no fundo
com a dificuldade de se livrar daquela situação e fechar um ciclo.

A resposta para fixação está sempre no fundo, o que pode ser uma dificuldade
na terapia, pois ele vai querer falar sempre da mesma coisa e não querer
mudar de assunto.

No ciclo do contato a fixação pode estar presente entre a satisfação e a


retração. Em que o indivíduo já se satisfez e não consegue retrair. Ou
quando ele está travado no contato e não consegue nem se satisfazer e nem
aceitar a frustração. Não está bom nem ruim, está travado entre contato e
a satisfação.

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