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A. Drummond
PsicoArtigos (https://psicologadrumond.wordpress.com)
AGOSTO 15, 2013 ·
Quando as pessoas agem livremente, estão abertas para experimentar e realizar a nossa
natureza básica como animais sociais positivos. Entretanto, em alguns casos as pessoas
podem se comportar de maneira irracional, antissocial, destruindo o próprio self e o self dos
outros. Desta forma, estão sendo neuróticos e não agindo como seres humanos plenamente
desenvolvidos.
CAMPO DA EXPERIÊNCIA
SELF
1. Abertura à experiência. Implica na pouca utilização dos sinais de alerta, que restringem a
percepção consciente do momento presente. Assim, a pessoa fica mais aberta aos
sentimentos, tornando-se cada vez mais capaz de viver completamente a experiência do seu
organismo, ao invés de impedi-la de alcançar a consciência.
2. Viver no Presente. É a busca por realizar-se completamente a cada momento.
3. Confiança nas exigências internas e no julgamento intuitivo. Consiste na confiança sempre
crescente na capacidade de tomar decisões.
SELF IDEAL
Self ideal pode ser conceituado como o conjunto de características que o indivíduo gostaria
de ter, isto é, uma visão ideal de si mesmo. A extensão da diferença entre o Self e o Self
ideal é um indicador de desconforto, insatisfação e dificuldades neuróticas, por isso o self
ideal pode se tornar um obstáculo ao desenvolvimento pessoal.
CONGRUÊNCIA E INCONGRUÊNCIA
A congruência é bem descrita por um Zen-budista ao dizer: “Quando tenho fome, como;
quando estou cansado, sento-me; quando estou com sono, durmo”.
A incongruência pode ser sentida como tensão, ansiedade ou, em circunstâncias mais
extremas, como confusão interna. Um paciente internado em hospital psiquiátrico que
declara não saber onde está, em que hospital, qual a hora do dia, ou mesmo quem ele é,
está exibindo alto grau de incongruência. A discrepância entre a realidade externa e aquilo
que ele está subjetivamente experienciando tomou-se tão grande que ele não é capaz de
atuar. A maioria dos sintomas descritos na Literatura psiquiátrica podem ser vistos como
formas de incongruência. Para Rogers, a forma particular de distúrbio é menos crítica do que
o reconhecimento de que há uma incongruência que exige uma solução.
TENDÊNCIA À AUTOATUALIZAÇÃO
Esta tendência atualizante configura um dos pressupostos principais da teoria rogeriana, que
sugere que há um impulso inato dentro de cada ser humano voltado para o desenvolvimento
pleno de suas potencialidades. É este impulso que conduz todo o organismo a desenvolver-
se, tornar-se autônomo, amadurecer a tendência a expressar-se e ser responsável por ativar
todas as capacidades do organismo, na medida em que tal ativação valoriza o organismo ou
o self.
Rogers compreende o impulso em direção à saúde como força motriz numa pessoa que está
funcionando de modo livre, não paralisada por eventos passados ou por crenças correntes
que mantinham incongruência.
CRESCIMENTO PSICOLÓGICO
Como já dito, Rogers acredita na existência de forças naturais inerentes ao organismo que o
impulsionam positivamente em direção à saúde e ao crescimento. As pessoas podem
experienciar e se conscientizar de seus desajustamentos através da experimentação das
incoerências entre suas experiências reais e seu autoconceito. Sim, trata de uma tendência
e um movimento natural para resolução diante do conflito. O ajustamento não é algo
estático, mas um processo natural onde novas aprendizagens e novas experiências são
cuidadosamente assimiladas.
Rogers está convencido de que estas tendências em direção à saúde são facilitadas por
qualquer relação interpessoal na qual um dos membros esteja livre o bastante da
incongruência para estar em contato com seu próprio centro de auto-correção. A maior
tarefa da terapia é estabelecer tal relacionamento genuíno. Aceitar-se a si mesmo é um pré-
requisito para uma aceitação mais fácil e genuína dos outros. Em compensação, ser aceito
por outro conduz a uma vontade cada vez maior de aceitar-se a si próprio. Este ciclo de
auto-correção e auto-incentivo é a forma principal pela qual se minimiza ns obstáculos ao
crescimento psicológico.
OBSTÁCULOS AO CRESCIMENTO
A criança considera o amor algo tão importante que acaba por ser conduzida, não pela
característica agradável ou desagradável dos seus comportamentos, mas pela promessa de
afeto que elas encerram. Sendo assim, as crianças tendem agir de forma a assegurar amor
ou aprovação.
Comportamentos ou atitudes que negam algum aspecto do Self são denominados na teoria
rogeriana como “condições de valor” e são obstáculos básicos à precisão de percepção e à
tomada de consciência realista, constituindo um impedimento para o indivíduo viver
plenamente no presente e estar aberto às experiências da vida. Quando uma experiência
relativa ao eu é procurada ou evitada unicamente porque é percebida como mais ou menos
digna de consideração de si, diz Rogers que o indivíduo adquiriu um modo de avaliação
condicional.
Por exemplo, se falaram “Você deve amar seu irmãozinho recém-nascido, senão mamãe
não gosta mais de você“, a mensagem é a de que você deve negar ou reprimir seus
sentimentos negativos genuínos em relação a ele. Se você conseguir esconder sua vontade
maldosa, seu desejo de machucá-lo e seu ciúme normal, sua mãe continuará a amá-lo. Se a
pessoa admitir que tem tais sentimentos, se arriscará a perder o amor. Uma solução que cria
uma condição de valor é rejeitar tais sentimentos sempre que ocorram, bloqueando-os de
sua consciência. Agora a pessoa pode reagir de formas tais como: “Eu realmente amo meu
irmãozinho, apesar das vezes em que o abraço tanto até ele gritar” ou, “Meu pé escorregou
sob o seu, eis porque ele tropeçou“.
Muitas vezes as manobras defensivas não funcionam. A pessoa toma consciência das
discrepâncias óbvias entre os comportamentos e as crenças e os resultados podem ser
pânico, ansiedade crônica, retraimento ou mesmo uma psicose. Neste sentido, Rogers
observou que o comportamento psicótico parece ser muitas vezes a representação externa
de um aspecto anteriormente negado da experiência.
RELACIONAMENTOS SOCIAIS
Por atribuir tanta importância às relações sociais, Rogers descreveu sobre o casamento, o
qual considera uma relação pontencialmente de longo prazo, intensiva, que carrega dentro
de si a possibilidade de manutenção do crescimento e do desenvolvimento.
Assim, diz que os melhores casamentos ocorrem com parceiros que são congruentes
consigo mesmos, que têm poucas condições de valor como empecilho e que são capazes
de genuína aceitação dos outros. Quando o casamento é usado para manter uma
incongruência ou para reforçar tendências defensivas existentes, é menos satisfatório e é
menos provável que se mantenha.
As conclusões de Rogers sobre qualquer relação íntima a longo prazo, tal como o
casamento, são focalizadas sobre quatro elementos básicos: compromisso contínuo,
expressão de sentimentos, não-aceitação de papéis específicos e capacidade de
compartilhar a vida íntima. Ele resume cada elemento como uma promessa, um acordo
sobre o ideal de um relacionamento contínuo, benéfico e significativo.
1. 1. Dedicação e compromisso.
Cada membro de um casamento deveria ver a união como um processo contínuo e não
como um contrato. O trabalho feito visa tanto a satisfação pessoal como a satisfação mútua.
Uma relação é trabalho; é um trabalho tendo em vista objetivos separados ou comuns.
Rogers sugere que este compromisso seja expresso da seguinte maneira: “Nós dois nos
comprometemos a cultivar juntos o processo mutável de nosso atual relacionamento, porque
este relacionamento está enriquecendo nosso amor e a nossa vida e nós queremos que ele
cresça“.
Rogers não defenda simplesmente o colocar para fora os sentimentos Ele sugere que
devemos nos comprometer tanto com os efeitos que nossos sentimentos causam em nosso
parceiro quanto com a expressão original dos sentimentos em si mesmos.
Isto é muito mais difícil do que simplesmente “desabafar” ou “ser aberto e honesto”. É a
disposição de aceitar os riscos reais envolvidos: rejeição, desentendimento, sentimentos
feridos e retribuição. A crença de Rogers na necessidade de instituir e manter este nível de
troca contrapõe-se a posições que advogam o ser polido, diplomático, o contornar questões
perturbadoras ou o não mencionar interesses emocionais que aparecem.
1. 3. Não-aceitação de papéis
Numerosos problemas desenvolvem-se na medida em que tentamos satisfazer as
expectativas do outro, ao invés de determinarmos as nossas próprias. Rogers dizia que
“Viveremos de acordo com as nossas opções, com a sensibilidade orgânica mais profunda
de que somos capazes, mas não seremos afeiçoados pelos desejos, pelas regras e pelos
papéis que os outros insistem em impor-nos“. Ele relata que muitos casais sofrem graves
tensões na tentativa de fazer sobreviver sua aceitação parcial e ambivalente das imagens
que seus pais e a sociedade impuseram a eles. Um casamento efetuado com tal quantidade
de expectativas e imagens irreais é inerentemente instável. e potencialmente pouco :
recompensador.