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Teoria de

campo – Kurt
Lewin
Professora: Daphine Rolim Veloso
Kurt Lewin

É considerado um dos psicólogos de segunda geração


da psicologia da gestalt. Ele se interessou por essa
escola de pensamento, porém dando maior ênfase à
aplicação prática. Assim, desenvolveu o que chamou
de “pesquisa-ação”. Nas décadas de 1920 e 1930,
Lewin conseguiu mobilizar um grande quantitativo de
alunos associados à pesquisa, incluindo muitos dos
principais psicólogos sociais da época, ficando
conhecido como uma referência
Comportamento só é
compreensível em um campo

A Gestalt-terapia afirma que a pessoa deve ser vista


como um todo, ou seja, que seu comportamento só se
torna compreensível a partir de sua visão dentro de
um determinado campo com o qual ela se encontra
em relação.
Pontos e fontes de
força
• O campo tem diversos pontos e fontes de
força, formando uma rede, um todo de forças.
• Exemplo: Um cliente é um campo. Sua roupa,
sua idade, seus sapatos, seu perfume são
“forças” nesta rede.
• Objetos e pessoas só se fazem inteligíveis ou
compreendidos quando são vistos na sua
relação total com o ambiente que os cerca, a
pessoa não se faz compreensível a não ser no
contexto total em que se encontra.
• A teoria de campo compreende que o que
Em síntese ocorre no campo afeta o todo (compreensão
fundamentada na psicologia da gestalt), ou
seja, as partes estão interligadas e reagem
umas às outras, logo, o que acontece em
uma impacta as demais.
• Mas Lewin ainda vai além: ele compreende
que cada pessoa é constituída como um
campo, sendo o campo psicológico chamado
de “espaço vital” (o espaço vital - é a soma
do que é a pessoa com o seu meio
psicológico).
Parte-todo

• Assim como não basta conhecer uma rua para se


conhecer uma cidade, do mesmo modo não basta
conhecer um problema para se dizer que se
conhece uma pessoa.
• Mais uma vez, a relação parte-todo torna claro o
processo para a compreensão do comportamento.
Compreensão da
totalidade
• Quando um cliente chora, entendemos que todo seu
corpo chora e não apenas seus olhos. Ele é um choro.
Ainda quando ele não sabe por que chora ou respira
fundo (movimentos vindos da região intrapessoal), o
seu choro surge, sua respiração se aprofunda.
• O cliente entender seu choro, sua respiração, sua
tensão é entender-se como todo.
• Quando um cliente que só fala começa a chorar, houve
uma comunicação de região, houve uma alteração no
seu sistema de limites internos.
• Lidar com uma emoção que encontra na
região perceptiva ou motora é lidar
também com a região intrapessoal.
• Conduzir um trabalho em nível verbal pode
produzir um alívio muscular e assim por
diante, porque as diversas regiões estão em
íntima comunicação e ocorrências de uma
região passam para outras.
• É o campo que é saudável, que é
harmonioso ou não e não as suas partes.
Todo comportamento psicoterapêutico
deve visar ao equilíbrio do todo.
• Exemplo: Autoestima
Energia

• Estamos falando de energia psíquica. Trata-se de


uma força presente no ser humano e que é ou está
localizada em algum sistema.
• Uma emoção é uma forma de energia presente no
campo e que produz nele um efeito alterando sua
atividade perceptiva e motora.
Tensão
• Significa um estado alterado de uma região com
relação a outra região.
• Uma lembrança, uma emoção podem alterar os
sistemas de equilíbrio de uma região.
• Quando uma pessoa está tensa pode não conseguir
pensar corretamente, quando uma pessoa está
fisicamente cansada pode não conseguir pensar ou
dormir etc. Trata-se aqui de como uma região
influencia a outra.
Atrás de toda tensão
existe uma necessidade

Trabalhar uma tensão muscular, por exemplo,


significa ir à busca de uma ou das
necessidades que provocam a tensão
Psicoterapeuticamente falando

• Depois que o cliente descobre algo, ele precisa saber e sentir que direção tem
esse sentimento, com que tipo de energia ele pode contar, onde começar ou o
que fazer. Ele tem de saber o que, de fato, quer.
• Não basta o cliente saber que descobriu o que o preocupa. O problema é
como sair do conflito.
Como se dá o
amadurecimento

A pessoa se percebe tendo sempre o


mesmo tipo de reação ruim diante de uma
situação recorrente na vida e, com o
tempo, nota que tal reação vai se
diferenciando em novas possibilidades mais
atuais ou satisfatórias ou atuais. Assim o
que antes era uma única reação reação
neuroticamente compulsória se diferencia
em novas escolhas.
• A pessoa em terapia pode trazer suas questões de forma inexequível
para uma experimento (questões como “Minha vida não tem
sentido”, “Eu não me admiro” ou “Sou um estranho para mim
mesmo”.
• Na frase “Minha vida não tem sentido”, a palavra “sentido”, tem
também uma relação com direcionamento.
• O GT pode pedir à pessoa que represente seu campo de vida
(desenhando ou usando o próprio espaço da sala).
• Como é estar nesse campo de vida? O que vê? Talvez a pessoa se
confronte com vários sentidos disponíveis e com a dificuldade de
escolher e lidar com as consequências de acertos e erros.
• Na frase “ eu não me admiro”
• Apoiado pelo mesmo tipo de desenho ou espaço da sala.
• Como é ver alguém que está lá e não quer se aproximar de si mesmo?
• Pode surgir aqui o contato com o que realmente a pessoa rejeita,
ajudando –a a diferenciar sua totalidade da parte rejeitada
Teoria organísmica
– Kurt Goldstein
O que diz:
• A pessoa é una, integrada e consistente;
• O organismo é um sistema organizado;
• O homem tem um impulso dominante de autorregulação, pelo qual é
permanentemente motivado;
• O homem tem dentro dele as potencialidades que regulam seu
próprio crescimento, embora possa receber influências do meio
exterior;
• Amplia a topologia de campo, acrescentando organismo biológico;
Kurt Goldstein buscava intervir em casos de
pessoas que haviam sofrido lesões cerebrais.
Então, a fim de compreender a complexidade
desse fenômeno, percebeu que não havia como
tratar os pacientes como se a doença ou o
corpo fosse algo separado dos outros
elementos da vida da pessoa. Sendo assim, ele
se dedicou a estudar de forma holística, ou
seja, levando em consideração a totalidade
Regulação

Além dessa visão holística, a teoria organísmica propõe a ideia de regulação.


De acordo com Goldstein, o ser humano tem um impulso básico, o impulso de
atualizar a si mesmo.
Sendo assim, o organismo reage às mudanças do meio, ora de forma saudável,
ora de forma patológica, dependendo do quanto possa se sentir ameaçado ou
favorecido com essa mudança, mas sempre no sentido de se autorregular,
buscando o equilíbrio
Unidade e equilíbrio
entre os sistemas
O organismo é compreendido em si como um
sistema, que funciona como uma unidade,
sendo que qualquer estímulo que atinja esse
organismo em qualquer um dos seus
subsistemas, promoverá mudanças na
unidade total.
Os padrões de resposta (performances) são
guiados por um objetivo único: a busca de
equilíbrio do sistema global. Dessa forma, a
emergência de tarefas, desafios, ou ações
necessárias ao bom funcionamento do
organismo surgem como figuras que se
destacam como prioridades para o indivíduo
• Goldstein definia a autorregulação organísmica como uma forma do
organismo de interagir com o mundo, segundo a qual o organismo
pode se atualizar, respeitando a sua natureza, do melhor modo
possível.
• Este lidar com o meio pode se dar tanto através de reações de
aceitação e adaptação a este, quanto também através de ações de
rejeição e fuga do mesmo.
• Quanto à continuidade do sistema é ameaçada pelo contato com o
meio, a retirada do contato é uma tentativa de adaptação do
organismo. Esta noção de fuga, de resistência, como respostas
também de equilibração, é claramente levada para o campo
conceitual da Gestalt terapia.
• A autorregulação do indivíduo ao meio é algo único, um processo que
existe de forma singular para cada pessoa.
• Essa compreensão é fundamental para se pensar a prática clínica do
terapeuta.
• A partir da teoria organísmica, o terapeuta entende que a forma
como a pessoa que está na sua frente sendo atendida age diante de
uma determinada situação tem como premissa a busca pela
autorregulação e pela autoatualização. Em outras palavras, busca
equilibrar suas necessidades em relação ao meio. Assim, mesmo com
um comportamento disfuncional, um sintoma é entendido como uma
tentativa (possível) de regulação.
Autorrealização
• As necessidades, sejam elas quais forem (fome, sexo, afeto, etc.) são
manifestações do propósito soberano da vida de autorrealizar-se;
• Quando um desejo se torna realidade, uma nova energia nasce no
indivíduo;
• Toda psicoterapia visa um crescimento no sentido de uma
autorrealização cada vez mais plena;
• O neurótico é frequentemente alguém que lida mal com suas
necessidades, que impede sua autorrealização, alguém com
permanentes, e, às vezes, graves desejos inacabados.
Fazer psicoterapia para quê?
• Não se pode brincar com sentimentos, emoções dos outros, pois se corre o
risco de desequilibrar uma pessoa sem caminhos de retorno;
• A pergunta pode ser: tirar um sintoma, uma fobia, um comportamento
obsessivo para colocar o que no seu lugar?
• Para Perls, a pessoa madura é aquela que tem em si própria o melhor suporte,
ou seja, que não precisa do suporte de outrem para se sentir feliz, embora, se
ele acontecer, será melhor e mais fácil.
• A GT como forma de aprendizagem existencial fenomenológica está atenta
aos limites que são necessários para se situar no mundo, não se violentando,
e à sua criatividade, ensinando as pessoas a lidar consigo próprias para
encontrar dentro de sua realidade total a resposta às suas perguntas.
Bons estudos!

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