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Bases teóricas e metodológicas II –

A teoria organísmica
Processo criativo em Gestalt-terapia, de Joseph Zinker:
Cap. 4 – Raízes e pressupostos

Teorias da personalidade, de Hall & Lindsey:


Cap. 8 – Teoria organísmica

Ego, fome e agressão, de Frederick Perls:


Cap. 3 – O organismo e seu equilíbrio; Cap. 4 – Realidade;
Cap. 5 – A resposta do organismo

Prof. Aruza Carelli


RAÍZES E PRESSUPOSTOS

• “O termo fenomenológico implica o processo que a pessoa experiencia como


unicamente seu. A adição das dimensões do aqui e agora confere a esses
fenômenos pessoais o existencial imediato.” Ex: eu sou essa pessoa, Aruza,
dando essa aula em frente a essa turma...
• O mundo fenomenológico é o mundo experienciado (Carl Rogers).
• SENSAÇÃO: A experiência do aqui e agora começa pelas sensações. No
nosso córtex cerebral, a experiência sensorial é automaticamente
denominada e cognitivamente elaborada. Podemos descrever o que
estamos vivendo.
• TEMPO: A realidade existe no presente. Até mesmo na percepção mais
profunda e nítida, na memória e na capacidade de antecipação, não há
meios de eu poder viver o ontem ou o amanhã. A lembrança ou a fantasia
ganham vida ao serem muscularmente reencenadas e trazidas de volta ao
presente. Ex: pedir para o cliente contar o sonho no presente, dramatizar
uma situação...
• ESPAÇO: Espacialmente, minha experiência, minha realidade, ocorre aqui,
onde estou. O ponto dinâmico de relação entre mim e o objeto é a fronteira
do contato.
• PROCESSO: A experiência humana é processual, sempre mutável,
contínua, fluida. A interrupção desse fluxo denota uma inibição
condicionada ou patologia.
• AUTORIA: A realidade que experiencio é minha realidade. Ninguém mais
pode experienciar minha vida interior por mim. Ex: “eu sei o que você está
sentindo” é irreal. Pedimos para o cliente falar na primeira pessoa (EU) para
que ele se responsabilize por sua fala, evitando generalizações.
• VALIDADE DO CONTEÚDO: O conteúdo de minha experiência é para mim
um dado tão válido quanto a experiência de outra pessoa é para ela.
• TERAPIAS “AQUI E AGORA”: Freud interpretava o conteúdo da
experiência. Psicoterapias que têm como base o existencialismo denotam
um interesse pela pessoa: como ela se desenvolve no imediato do encontro
terapêutico. Todos os experimentos da GT são ancorados na vida
experiencial da pessoa, na forma como ela se apresenta na situação.
TEORIA ORGANÍSMICA

• KURT GOLDSTEIN (1914 – 2007)


• Pensamento organísmico: funcionamos como uma unidade.
• A psicologia organísmica pode ser considerada como uma extensão dos
princípios gestaltistas ao organismo como um todo.
Teoria Organísmica
Teoria Organísmica
Características da Teoria Organísmica
Características da Teoria Organísmica
(Kurt Julius Goldstein (1914 – 2007)
Estrutura do Organismo
Estrutura do Organismo
Dinâmica do Organismo
O significado dos sintomas
Estudos de Casos com Lesão Cerebral
A pessoa com dano cerebral:
O ORGANISMO E SEU EQUILÍBRIO

• Concepção isolacionista do organismo (divisão entre corpo, mente e alma) X


concepção holística do organismo.
• A cisão artificial não tem existência na realidade.
• O ser humano é um organismo vivo e possui dimensões: bio-psico-sócio-
histórico-cultural-espiritual. São aspectos da mesma coisa.
• “Nenhuma emoção, seja raiva, tristeza, vergonha ou nojo, ocorre sem que
seus componentes fisiológicos, bem como os psicológicos, entrem em
jogo.”
• Uma pessoa neurótica experimenta sensações à custa de / com a exclusão
das emoções. Ex: ardência no rosto em vez de vergonha, palpitações no
lugar de ansiedade.
• A sede, ou qualquer tipo de desejo, representa uma deficiência ou algo a
menos no equilíbrio do organismo. O inverso desta situação é: mais no
corpo e menos na mente.
• “As funções mais e menos do metabolismo representam a atividade da
tendência básica de todo organismo de buscar equilíbrio. Alguns
acontecimentos tendem a perturbar o equilíbrio do organismo a cada
momento e simultaneamente surge uma contratendência para recuperá-lo.
De acordo com a intensidade desta tendência, podemos chamá-la de
desejo, impulso, necessidade, carência, paixão e, se sua realização efetiva é
regularmente repetida, dizemos que é um hábito.”
• As deficiências no organismo humano não são exclusivamente de natureza
biológica. A civilização, em particular, criou no homem uma série de
necessidades adicionais – algumas imaginárias (passatempo, modismos,
jogo, redes sociais) e outras reais, de importância secundária (ex: morfina,
Rivotril, elevador).
REALIDADE
•“Nenhum organismo é autossuficiente. Requer o mundo para a satisfação de
suas necessidades. Há sempre uma interdependência entre o organismo e
seu ambiente.”
•“O mundo existe per se ou apenas na medida em que nossos interesses estão
envolvidos?”
•“Existe um mundo objetivo a partir do qual o indivíduo cria seu mundo
subjetivo: partes do mundo absoluto são selecionadas de acordo com nossos
interesses, mas esta seleção é limitada pelo alcance de nossos instrumentos
de percepção e por inibições sociais e neuróticas.”
•“A esfera de interesse é o fator decisivo na criação da realidade subjetiva.”
• “A realidade que importa é a realidade dos interesses – a realidade interna e
não a externa.” Tanto mente quanto realidade são complementos de uma
necessidade organísmica.
• “Interesses específicos são determinados por necessidades específicas.”
Uma vez que a situação foi completada, a necessidade do organismo foi
satisfeita e a nossa realidade subjetiva desaparece, já que não é mais
necessária.
• Não percebemos a totalidade de nosso ambiente ao mesmo tempo.
Selecionamos objetos de acordo com nossos interesses, e estes objetos
aparecem como figuras proeminentes contra um fundo obscuro.
A RESPOSTA DO ORGANISMO

• O organismo responde a situações com todo tipo de emoção: ansiedade,


medo, entusiasmo, nojo, atividade, choro, fuga, ataque, ou outras reações.
• Não apenas selecionamos nosso mundo, como podemos ser selecionados
por outras pessoas como objetos de seus interesses. Nossa sociedade tem
muitas exigências. Podemos responder afirmativa ou negativamente.
• Existe também uma realidade (imaginária) criada pelo ser humano,
composta por projeções.
• Autorregulação organísmica. Fator perturbador externo: uma exigência
feita a nós ou qualquer interferência que nos ponha na defensiva. Fator
perturbador interno: uma necessidade que reuniu bastante ímpeto para
lutar por satisfação. O organismo tende a buscar o equilíbrio.
• A regulação moral / deverística deve levar à acumulação de situações
inacabadas em nossos sistema e à interrupção do ciclo organísmico.
• Ex. de autorregulação: bocejar, suspirar, fome, sono, tensão sexual.
• Na ansiedade, a autorregulação não está funcionando adequadamente.
• Comportamento aloplástico: adaptação do ambiente às nossas
necessidades; cria no ser humano um impulso de organizar, dominar,
inventar ou descobrir coisas. Ex: ar condicionado. Comportamento
autoplástico: autoadaptação do ser humano ao ambiente; poder de
adaptação e flexibilidade. Ex: suar até baixar a temperatura corporal.

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