Você está na página 1de 41

Teorias Humanistas:

Gestalt Terapia

Gessyellen Morales Ferreira


Friederich "Fritz" Perls

Berlim, Alemanha
Neurologista
Gestalt terapia Psicanalista
Fundador da Gestalt Terapia

1893 - 1970
1925 - iniciou os estudos com 1929 - começou a trabalhar
influência de Karen Horney com Kurt Goldstein

1942 - publicação do livro "Ego, 1936 - encontro com Freud e apresentação do 1929 - supervisão de casos
fome e agressão" em que faz trabalho sobre "resistência oral" Congresso clínicos com Wilhelm Reich
críticas à psicanálise Internacional de Psicanálise em Marienbad
Humanismo filosófico
Existencialismo
Fenomenologia
Gestalt terapia
Teoria organísmica
Teoria de campo
Psicologia da Gestalt

Psicologia da Gestalt
Wertheimer, Kohler e Koffka;
Estudo da percepção;
Todo e parte;
Figura e fundo;
Aqui e agora.
Concepção de homem
em Gestalt Terapia

Visão holística de homem;


Unidade indivisível de corpo e mente;
Um ser no mundo, ser de relação;
Se reorganiza de acordo com as suas
necessidades, ajustamento criativo.
Método fenomenológico

Terapia vivencial = awareness


O que e como é mais importante que o
porquê;
Possibilitar transformação;
Experimentos (cadeira vazia, interpretação
dos sonhos, dramatização).
Conceitos

chaves Todo e parte


Figura e fundo
Autorregulação

Mecanismos
Aqui e agora
neuróticos
Gestalt terapia
Awareness Ajustamento criativo

Autossuporte e heterossuporte Fronteiras de contato


Todo e parte
Todo e parte
Nossa percepção capta um objeto como um todo e a

seguir percebemos suas partes.


O todo é anterior às suas partes e embora feito de

partes, o todo como ente atualiza sua essência no

momento em que ele está de fato inteira, completa.


Na verdade, o todo perde muito de seu significado

quando, para ser analisado, é separado de suas partes.


É através do todo, enquanto um fato fenomenológico

global atravessado por essa globalidade, que os

fenômenos podem ser compreendidos.


O todo é mais, é diferente da soma das partes.
Todo e parte

• Quando o cliente chega a terapia

com uma queixa (unidade de

descrição) traz uma parte, mas essas

partes só tem sentido consideradas

como um todo, o todo do cliente. E

todas as partes estão em interação.


Figura e fundo

Toda Gestalt tem uma

relação de uma figura

que se destaca sobre

um fundo.

Figura e fundo

Estamos falando de forma ou formação de realidades

ou daquilo que se chama “formação duo”: uma figura

“sobre” ou “dentro” de “outra”.


A figura não é parte isolada do fundo. Ela EXISTE no

fundo.
Figura e Fundo

O que o cliente diz jamais pode ser

entendido em separado, pois a figura

tem um fundo que lhe permite

revelar-se e do qual ela procede.

Dessa forma, a figura está no todo e

o que o cliente traz como figura é

parte de seu todo, também do fundo.


Aqui-agora

Momento presente;
Estar no aqui e agora e significa que este aqui e agora

contem e explica minha relação com a realidade como um

todo, ou seja, o que eu vejo e o que eu percebo, agora

podem ser explicados pelo agora, sem a necessidade de

recorrer a experiências passadas de percepção.


Aqui-agora

·Ajudar o cliente a experienciar, viver o seu


presente a fim de que possa se comprometer

com a realidade como um todo, fazendo as

transformações necessárias e reestruturando

seu campo perceptivo. É necessário

presentificar a experiência passada, no aqui e

agora. A Gestalt só pode ser fechada no

presente. A medida que o cliente trabalha o

passado no presente está trabalhando o todo.


Fronteira de Contato
Contato é o processo de reconhecer a si mesmo e ao outro
em um duplo movimento.
Fronteira de contato é a percepção do eu e do "não-eu".
De acordo com Perls (1988), nem todo contato (conectar) é
saudável, e nem toda fuga (afastamento) é doentia.
O contato ideal/saudável representa um intercambio (o que
está fora e dentro de mim) vivo entre indivíduo e meio, ou
seja, existe um intercambio saudável tanto por parte do
indivíduo quanto do meio.
Contato

O contato ocorre de forma física ou psíquica. Física: (O


mundo entre em mim através de uma interação física),
Psíquica: (Uma vez que interajo a partir dos meus desejos
e necessidades – carinho e afeto). O contato ocorre em
três níveis: Cognição, emoção e comportamento.
Contato
Cognição: Como eu penso. Eu posso estar em contato comigo ou com o
meio através do pensamento. Ex: Se eu penso que as pessoas podem
me fazer mal, logo meu contato com as pessoas será de afastamento,
ou seja, o afastamento é um modo de estar em contato.
Emoção: Como eu me sinto. Eu posso estar em contato comigo ou com
o meio através dos sentimentos. Ex: O tempo todo eu me sinto culpada,
ou seja, é uma relação de afastamento.
Comportamento: como eu me comporto no mundo. Eu posso estar em
contato comigo ou com o meio através das ações, que reflete muito dos
sentimentos e pensamentos. E a partir disso posso me afastar ou me
aproximar das pessoas.
Awareness

Concebemos awareness como o fluxo da experiência aqui-


agora que, a partir do sentir e do excitamento presentes no
campo, orienta a formação de Gestalten.
É a capacidade de perceber o que se passa dentro e fora de
si no momento presente, tanto a nível corporal como a nível
mental e emocional.
Auto-percepção de si mesmo e do mundo. Ter consciência
da própria consciência. Estar em contato com a própria
existência.
Awareness
Existem Três níveis:
Nível Interno: É uma autopercepção, que refere-se a necessidade de estar em
contato consigo mesmo. Ou seja, é se conscientizar e se perceber, no aqui agora, no
que está acontecendo dentro de mim.
Nível Externo: É uma percepção do externo no aqui agora, ou seja, é uma
consciência em relação as outras pessoas e ao meio.
Nível de Mediação: Fantasias e projeções que usamos para lidar com a realidade.
Aqui o sujeito deixa de ver o outro como ele é. Percebe a realidade de maneira
diferente. Age de acordo com o que se imagina e não de acordo com o que
realmente é. Ex: A pessoa tem uma fantasia de quem ninguém gosta dela. É
necessário entrar em contato com nível externo e interno.
Autossuporte e Heterossuporte

Heterossuporte: apoio que vem do ambiente/outras pessoas.


Autossuporte: É a capacidade inerente do homem de se auto
apoiar, ou seja, de conduzir sua própria vida.
O ser humano possui a capacidade de buscar os recursos e de
conduzir e enfrentar as adversidades da vida, porém não sabe
que tem e não sabe usar.
Isso acontece porque o significado que ele dá para suas
experiências e que vão se concretizando dentro de si fazem com
que ele se distancie dessa capacidade.
Autossuporte e Heterossuporte

Objetivo da Terapia: Deve ser o que possibilitar o self – support ao


cliente, ou seja, facilitar a ativação e o fortalecimento de tendências
positivas do individuo, facilitando os meios com os quais possa resolver
problemas atuais e futuros.
A função do terapeuta é buscar criar um clima no qual o cliente terá,
relativamente sem medo, a possibilidade de encontrar um novo acesso
a si mesmo. Esse processo de aprendizagem precisa ocorrer em ações,
experimentos, na expressão de sentimentos antes não permitidos, em
discussão direta com grupos.
Autorregulação

É o princípio natural que rege o funcionamento do


organismo.
O crescimento se dá como processo de autorregulação
organísmica, também chamado de homeostase –
processo de busca de satisfação de necessidades, na
direção de um equilíbrio dinâmico no campo
organismo/meio.
Ajustamento Criativo

Ocorre quando a autorregulação não é o bastante.


O processo através do qual o indivíduo se relaciona de forma ativa e
criativa com o meio na busca da satisfação plena de suas necessidades, ou
seja, na busca de equilíbrio, sendo, então, um processo de adaptação em
que não há primazia de um sobre o outro, e sim uma negociação entre
ambas as partes, como um acordo que se cria entre o indivíduo e meio.
Alguns transtornos psicológicos podem ser considerados ajustamentos
criativos, na medida em que possibilitam que a pessoa não tenha que
lidar nem com as tensões nem com o meio. São ajustamentos
disfuncionais!
Doença x Saúde

Doença: A GT entende a doença como um distúrbio que ocorreu no percurso do


desenvolvimento. Representa um enrijecimento em sua forma de vida. Adoecer
pode ser um mecanismo de defesa.

Saúde: A G.T entende a saúde como estar no mundo de modo mais flexível e
mutável, pois compreende o sujeito em um constante processo de modificação,
estando no mundo de acordo com as suas necessidades sem negar as
necessidades do outro.
Mecanismos neuróticos

Neurose: De acordo com Perls “a neurose é como uma doença que surge
quando o indivíduo, de alguma forma, interrompe os processos contínuos da
vida e se sobrecarrega com tantas situações incompletas que não pode
prosseguir satisfatoriamente com o processo de viver”;[.

A G.T entende a neurose como uma percepção distorcida da realidade, ou seja,


uma percepção irreal do campo perceptual do sujeito – como ele percebe sua
relação com o meio. Dessa forma, a neurose é entendida como uma
perturbação do contato (quando o sujeito deveria se aproximar, se distancia e
quando deveria se afastar, se aproxima).
Mecanismos neuróticos

Mecanismos Neuróticos: Referem-se a forma que o sujeito


encontrou para se defender de algo que não aceita ou não dá
conta em si mesmo. É uma forma de auto defesa do indivíduo,
formando um modelo rígido de comportamento.

1. Introjeção
2. Projeção
3. Retroflexão
4. Deflexão
5. Confluência
6. Proflexão
Introjeção

Introjeção: É compreendida como a primeira forma de interação e


aprendizado entre indivíduo e meio.
É um mecanismo neurótico de incorporação da realidade, pois estou
incorporando regras, valores que são de fora. O individuo incorpora algo que
é de outro para não se sentir sozinho e ser aceito.
Existem dois tipos: Ingestão e Decisão consciente em tomar para si alguma
coisa. O indivíduo pode incorporar sem nem saber que está incorporando ou
pode incorporar tendo consciência disso (mas não há uma reflexão/análise)
Introjeção
Indivíduo Meio

Objetivo da Terapia: Eliminação da introjeção, criando no


individuo condições para possibilidades de escolha e a habilidade
em distinguir o que é “seu” do que é do “outro”.
Permitir que a pessoa faça o movimento de sair dessa introjeção.
Ajudar o cliente a enfrentar com responsabilidade suas escolhas.
Projeção

É o oposto da introjeção. É o Mecanismo neurótico onde o


indivíduo tende a transferir/atribuir para os outros,
aspectos desagradáveis que são seus, responsabilizando o
meio (o outro) e se vendo como vítima das circunstâncias.
O individuo não reconhece sua responsabilidade nas
situações.
Projeção
Indivíduo Meio

Objetivo da Terapia: ajudar o cliente a integrar as partes


dispersas de sua identidade para que reconheça aquilo que está
nele, confrontando o cliente com aquilo que ele evita (ex: evita
dar conta de que é alguém controladora). E dessa forma,
fomentar a responsabilidade.
Retroflexão

Fala de um sentimento “destrutivo”, uma energia que


deveria ir para outro, mas se volta para si mesmo.
Ex: Depressão e automutilação.
Há uma divisão/cisão entre indivíduo e meio rígido. Muitas
doenças psicossomáticas estão ligadas ao mecanismo
neurótico de retroflexão, pois dizem respeito aos
sentimentos que não direciono para o mundo externo, mas
para o meu mundo interno.
Retroflexão
Indivíduo Meio

Objetivo da Terapia: ajudar o cliente a direcionar a energia para fora.


Tornar a cisão novamente flexível,
Ou seja, aprender a dar limites, a dizer não. Essa energia precisa ser
voltada para o outro.
Deflexão/egotismo

Mecanismo no qual o indivíduo, através de uma fala


prolixa, evita o contato direito e busca se esquivar de um
compromisso, ou seja, leva as relações sempre de uma
maneira superficial. Coloca uma espécie de barreira entre
ele e o mundo.
Um indivíduo com esse mecanismo neurótico nunca se
mostra na relação, nunca se coloca na pessoalidade, não vê
o outro e tem medo do outro.
Deflexão/egotismo
Indivíduo Meio

Objetivo da Terapia: ajudar o indivíduo a voltar a energia desviada, ou


seja, tirar o muro e buscar mostrar para o cliente como ele tem
evitado o contato com o outro.
Confluência

Mecanismo no qual o sujeito não percebe nenhum limite


entre si mesmo e o meio.
Relações simbióticas = como se ambos fossem um só. Não
existe um Eu. Tenta-se evitar os conflitos e tenta-se
unificar na necessidade do outro.
Confluência
Indivíduo Meio

Objetivo da Terapia: ajudar o cliente a encontrar um limite de contato


e identificar o modo como está se relacionando.
Proflexão

É a forma de a pessoa fazer ao outro o que ela gostaria que


o outro lhe fizesse, ou seja, a pessoa busca conseguir que o
outro imite sua ação ou reaja de determinada maneira.
Assemelha-se tanto com a projeção quanto com a
retroflexão, já que na projeção a pessoa coloca fora de si
aquilo que lhe pertence e na retroflexão faz a si o que
gostaria de fazer ao outro.
Forma saudável: modelação.
Proflexão
Indivíduo Meio

Objetivo da Terapia: disponibilizar a retomada desse fluxo saudável


quando estivessem presentes as interrupções no processo de contato.
Papel do terapeuta

Terapeuta como um habilidoso frustrador.

"amadurecer é transcender ao apoio ambiental


para o auto-apoio” (PERLS, 1977, p.49)

Autossuporte e autorregulação.
Referências bibliográficas

Costa, V, E, S, M, et al. Gestalt-terapia: conceitos fundamentais. Summus Editorial,


2014.
Ribeiro, J. P. Gestalt-terapia: refazendo um caminho. Summus Editorial. 1985.

Você também pode gostar