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PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE

• Carl Ransom Rogers, psicólogo norte americano.

• Não se identificava com a psicanálise ou as teorias behavioristas, assim, desenvolve


uma abordagem menos diretiva, tendo como base a aceitação e acolhimento dos
sentimentos de seus clientes.

• Sua abordagem será conhecida como “Terapia Centrada na Pessoa”, que provocou
grandes discussões em seus procedimentos.

• Seu “método” correspondia à ideia que ele tinha da natureza humana: considerava
que cada pessoa possui a capacidade de se autoatualizar, a qual, uma vez liberada,
lhe permitiria resolver seus problemas.
• O terapeuta, mais do que agir como um especialista que compreende o problema e
decide sobre a maneira de resolvê-lo, deve liberar o potencial que o paciente
possui para resolver, por si mesmo, seus problemas.

• É uma visão de que a psicologia vivia sob práticas autoritárias em especial nas
questões como diagnóstico e tratamento, o que vai leva-lo a perceber que seus
clientes sabiam melhor do que ele o que era importante.

• Por isso Rogers prefere utilizar a palavra “cliente”, posto que “paciente” colocaria a
pessoa atendida em uma posição “subalterna” de quem receberá respostas para
suas questões da figura do terapeuta.
• O terapeuta provê uma atmosfera de compreensão e aceitação, onde o cliente
pode expressar-se abertamente.

• A tarefa do terapeuta não é curar, mas prover aceitação, compreensão e


observações ocasionais.

• O terapeuta centrado no cliente mantém uma certeza de que a personalidade


interior, e talvez não desenvolvida do cliente, é capaz de entender a si mesma.

• Para Roger, um bom terapeuta deve possuir a habilidade para comunicar esta
compreensão ao cliente. O cliente precisa saber que o terapeuta é autêntico,
preocupa-se, ouve e o compreende de fato.
Rogers empregou dois termos de origem psicanalítica, o self ideal e o self real.

• Self ideal seria aquilo que você gostaria de ser, como você se imagina ser,

• Self real é quem você realmente é, e é onde contém a tendência para a realização.
Auto- realização

• Carl Rogers acreditava que todos os seres humanos são motivados fundamentalmente por um
processo voltado para o crescimento, que ele denominava tendência para a realização,
utilizada como estimulo na teoria proposta por Roger.

• Todas as experiências por que anseia o sujeito para sua auto-realização têm como centro o eu.

• Toda motivação de auto-realização é motivação para que o eu se realize.

• Embora essa ânsia pela auto realização seja inata, pode ser incentivada ou reprimida por
experiências da infância e por aprendizagem
Congruência
• Roger define congruência como o grau de exatidão entre a experiência da
comunicação e a tomada de consciência. Ela se relaciona às discrepâncias entre
experienciar e tomar consciência.
• Um alto grau de congruência significa que uma interação entre:

I. Comunicação (o que se está expressando);


II. A experiência (o que está ocorrendo em nosso campo);
III. A tomada de consciência (o que se está percebendo);
IV. A partir dessa relação, nossas observações e as de um observador externo seriam
consistentes.
Incongruência
• O corre quando se percebem diferenças entre a tomada de consciência, a
experiência e a comunicação desta.

• A confusão aparece quando você não é capaz de escolher dentre os diferentes


estímulos aos quais se acha exposto.
Teoria da Personalidade
Para consolidar a sua teoria de personalidade Rogers utilizou diferentes métodos de investigação.

Gravação da sessão terapêutica;


Análise de conteúdo,
Testes projetivos como o Rorschach e o T.A.T
Técnica Q (estudo de autoconceito envolvendo cartas).

• A personalidade é constituída por um material padronizado e organizado sobre si, mesmo que
ela se modifique não perderá estas características.

• Abordagem desta teoria é baseada na percepção, nos sentimentos, autoavaliação subjetiva, na


autorrealização e no processo de mudança.
Noção de ‘Eu’

A noção de ‘eu’ é um conceito importante para se compreender o desenvolvimento do homem


como pessoa. Refere-se a maneira pela qual a pessoa se percebe, atuando no meio. Essa imagem
se desenvolve quando a pessoa se relaciona com outras pessoas – é como uma auto-imagem.
Características funcionais da noção de ‘eu’:

• O ‘eu’ é o mediador entre as emoções e a consciência;


• O ‘eu’ busca ajustar-se ao meio da melhor maneira possível;
• O ‘eu’ busca um equilíbrio pessoal global;
• Só se agregam ao ‘eu’ as experiências boas e positivas;
• O ‘eu’ sofre mudanças constantes, quando a pessoa vivencia novas aprendizagens e
experiências, favorecendo sua maturidade psíquica.
OUVIR

“O primeiro sentimento, o mais simples, que eu quero, pois, compartilhar com vocês, é
o prazer de realmente ouvir alguém. Penso que talvez seja essa, de longa data, uma
das minhas características. Lembro-me de que sou assim, desde os primeiros dias da
escola primária. Uma criança fazia uma pergunta ao professor e este lhe dava resposta
perfeitamente correta a uma pergunta completamente diferente. Vinha-me sempre,
um sentimento de pesar e de aflição. Minha reação era: "Mas o senhor não ouviu o
que ele perguntou!" Sentia uma espécie de desespero infantil ante aquela falta de
comunicação que era (e é) tão comum.”
OUVIR

“Notei, muitas vezes, em terapia, assim como nos grupos, que, quanto mais
profundamente posso ouvir os significados da pessoa, tanto mais coisas ocorrem. Algo
que vim a observar, quase universalmente, é que, quando a pessoa verifica estar sendo
ouvida, em profundidade, os olhos se lhe umedecem. Vejo-a, na acepção quase real, a
chorar de alegria. É como se dissesse: "Graças a Deus, alguém me ouviu. Alguém sabe
como eu sou!"
GOSTO DE SER OUVIDO

“Apraz-me ser ouvido. Certo número de vezes, em minha vida, problemas insolúveis
quase me faziam explodir de emoção, ou me vi a girar e girar em torno de círculos
tormentosos ou, por algum tempo, dominavam-me sentimentos de desvalia e
desesperança, ó que me dava a impressão de que estava a afundar-me numa psicose.
Penso que fui mais feliz que a maioria das pessoas, por encontrar, nessas
circunstâncias, indivíduos que se mostravam capazes de ouvir-me e, então, de libertar-
me do caos dos meus sentimentos.”
QUANDO NÃO POSSO OUVIR

“Desagrada-me não poder ouvir a outrem, não o compreender. Se é apenas uma


deficiência de compreensão, uma falta de atenção ao que me está sendo dito, ou certa
dificuldade de entender as palavras, então não sinto mais que um ligeiro
descontentamento comigo mesmo.
Mas o que me põe realmente desgostoso comigo é não poder escutar outra pessoa
porque já estou, de antemão, tão certo do que ela me vai dizer que não lhe dou
ouvidos. Só posteriormente verifico não ter prestado atenção senão ao que já decidira
que ela ia me dizer. Na verdade, deixei de ouvir. Pior que isso são as vezes em que não
posso escutar uma pessoa porque o que está sendo dito constitui ameaça para mim,
com o risco, até, de mudar minhas opiniões ou meu comportamento.
Ou, pior ainda, quando me descubro a tentar distorcer sua mensagem, a fim de fazê-la
dizer o que eu quero que diga, e só escutando isto.”
QUANDO OS OUTROS NAO ENTENDEM

“Outra aprendizagem que desejo compartilhar com o leitor é a de que me sinto


terrivelmente frustrado e me fecho sobre mim mesmo, quando tento exprimir algo
que é profundamente meu, que é parte do meu mundo interior, privado, e a outra
pessoa não compreende. Passo por uma experiência de vazio e de solidão, ao assumir
o risco, a incerteza, de compartilhar com outrem o que me é extremamente pessoal e
não encontro receptividade nem compreensão. Chego a acreditar que e tal experiência
que transforma certas pessoas em psicóticas. Elas perderam a esperança de que
alguém as possa compreender e, perdida essa esperança, seu mundo interior, que se
vai tornando cada vez mais excêntrico, é o único lugar em que podem viver. Já não
podem partilhar com ninguém uma experiência humana.”
QUANDO OS OUTROS NAO ENTENDEM

“Assim, como o leitor pode ver, ouvir, de forma criativa, ativa, sensível, exata,
empática, não-avaliativa, é, para mim terrivelmente importante, num relacionamento.
É importante proporcioná-la. Tem sido extremamente importante encontrá-la,
sobretudo em certos instantes da minha vida. Sinto que cresci interiormente, quando a
proporcionei. Estou absolutamente certo de haver crescido, de me haver libertado e
engrandecido, quando fui ouvido dessa maneira.”
QUERO SER AUTÊNTICO

“Voltando-me para outra área de minhas aprendizagens: fico satisfeitíssimo quando


posso ser autêntico, quando posso entrar na intimidade de tudo que se passa dentro
de mim. Agrada-me ser capaz de ouvir a mim mesmo. Saber realmente o que estou
sentindo em dado momento, não é, de forma alguma, coisa fácil, mas o que me
encoraja é pensar que, ao longo dos anos, tenho feito progressos a esse respeito.
Convenço-me, no entanto, de que se trata de uma tarefa para a vida toda e de que
nenhum de nós será realmente, algum dia, capaz de entrar, de modo satisfatório, na
intimidade de tudo que se passa no âmago de nossa própria experiência.
Em lugar do termo autenticidade, tenho usado, às vezes, a palavra coerência. Esta
significa que, quando o que experimento, em dado instante, se torna presente à minha
consciência, e o que aí se patenteia também se revela no ato de comunicação, cada
um desses três níveis se casa um com o outro ou é coerente. Em tais momentos,
integro-me como um todo, sou uma peça inteiriça. ”
QUERO SER AUTÊNTICO

“Quando posso aceitar o fato de que tenho muitas deficiências, muitos defeitos,
cometo uma porção de erros, sou frequentemente ignorante quando deveria ser
informado, frequentemente sou preconceituoso em lugar de ter o espírito aberto,
frequentemente revelo sentimentos que as circunstâncias não justificam, então,
serei muito mais autêntico. E quando assim me apresento, sem disfarce, sem fazer
esforço para ser diferente do que sou, posso aprender muito mais - ainda mesmo se
sou criticado e hostilizado - e me mostro muito mais descontraído, sou muito mais
capaz de me aproximar dos outros. Além disso, minha boa disposição para ser
vulnerável gera nos outros, com quem me relaciono, sentimentos muito mais
autênticos, o que é extremamente compensador. Assim a vida me é muito mais
agradável, quando não me ponho na defensiva, não me oculto atrás de uma máscara,
tentando, tão só exprimir o meu eu autêntico.”
A COMUNICAÇÃO DA MINHA AUTENTICIDADE

“Tenho uma sensação de prazer quando ouso comunicar a minha autenticidade a


outrem. Isso está longe de ser fácil, em parte porque o que experimento muda a cada
instante e, ainda, por causa da complexidade dos sentimentos. De regra, há um
intervalo, às vezes de instantes, às vezes de dias, semanas ou meses, entre o que se
experimenta e o que se comunica. Em tais casos, experimento alguma coisa, sinto algo,
mas só mais tarde vou me capacitar do que é, só mais tarde ouso comunicá-lo, quando
o que experimentei e senti já se tornou suficientemente frio para que me arrisque a
partilhá-lo com outro. No entanto, é experiência muito mais satisfatória poder
comunicar o que há de real em mim, no momento em que tal coisa ocorre. Sinto-me,
então, genuíno, espontâneo, vivo.”
A COMUNICAÇÃO DA MINHA AUTENTICIDADE

“Esses sentimentos reais nem sempre são positivos. Certa pessoa, num encontro
básico de grupo, do qual eu fazia parte, referia-se a si mesma de um modo que me
parecia completamente falso, mencionando o orgulho que sentia em manter seu
"caradurismo", sua aparência, sua fachada, quanto era habilidoso para enganar os
outros. Meu sentimento de irritação foi subindo, cada vez mais, até que, afinal, o
exprimi dizendo simplesmente: "Oh! maluco!" Isto fez, de certo modo, estourar a
bolha de sabão. Daí em diante, ele se tornou mais autêntico, mais genuíno, deixou
para um lado a fanfarronice e a nossa intercomunicação melhorou. Achei bom que ele
tomasse conhecimento de minha irritação no exato momento em que ela ocorria.”
O ENCONTRO DA AUTENTICIDADE NOS OUTROS

“É animador o encontro da autenticidade numa outra pessoa. Algumas vezes, nos


grupos de encontro básico que têm constituído parte importantíssima da minha
experiência nesses últimos anos, alguém diz algo que procede dele mesmo, de modo
transparente e integral. É perfeitamente óbvio quando uma pessoa não se esconde
atrás de uma máscara mas fala do que lhe é profundamente íntimo. Quando isto se dá,
corro a seu encontro. Quero entrar em contato com uma pessoa autêntica. Não raro,
são muito positivos os sentimentos então expressos. Às vezes, são indiscutivelmente
negativos.”
MINHAS INCAPACIDADES DE SER AUTENTICO

“Fico desapontado quando verifico - e, é claro, sempre a posteriori, depois de certo


tempo - que fui tímido em excesso, ou ameaçado demais, para descer ao âmago do
que experimentava e, consequentemente, deixei de ser coerente ou genuíno.
(...)
Lamento quando suprimo meus sentimentos, por tempo demasiado, de modo que
eles irrompem distorcidos, sob a forma de ataque ou ofensa. Tenho um amigo de
quem gosto muito, mas cujo padrão particular de comportamento definitivamente me
aborrece. Por causa da usual tendência de ser delicado, polido e amável, conservei
comigo esse aborrecimento por um tempo demasiadamente longo. Quando,
finalmente, passou dos limites, irrompeu não apenas como irritação mas como
agressão ao amigo. Foi doloroso, e levamos algum tempo para reatar nossas relações.”
DESENCADEAR LIBERDADE PARA OS OUTROS

“Gosto de dar liberdade aos outros, e penso que, a esse respeito, adquiri e desenvolvi
considerável aptidão. Com frequência, embora nem sempre, sou capaz de tomar um
grupo, um curso ou uma classe de alunos e torná-los psicologicamente livres. Posso
criar um clima no qual cada um seja o que é e por si próprio se dirija. Há, no começo,
certa suspeição; as pessoas acham que a liberdade que lhes ofereço é uma espécie de
armadilha e, quanto aos alunos, perguntam logo pelas notas que irão ter. Não seriam
livres porque, no final, eu os avaliaria e julgaria. Quando procuramos uma solução, da
qual todos participamos, para a absurda exigência da Universidade de medir a
aprendizagem por meio de notas, começam, então, a se sentir realmente livres.
Desencadeia-se a curiosidade. Indivíduos e grupos passam a perseguir seus próprios
objetivos, a realizar seus propósitos. Tornam-se descobridores. Tentam encontrar o
significado das suas vidas, no trabalho que executam. Trabalham com empenho duas
vezes maior, num curso em que nada é exigido, do que nos outros em que se
multiplicam as exigências.”
RECEBER E DAR AMOR

“Anima-me e me satisfaz, extremamente, poder admitir e permitir-me sentir o fato de


que alguém se interessa por mim, me aceita, me admira, me dá apreço.
(...)
Cheguei à conclusão de que muito me enriquece a capacidade de ter apreço ou de
interessar-me ou de sentir afeto por outra pessoa, e deixo que esse sentimento chegue
até ela. Como tantos outros, costumava recear que isso me fizesse cair numa
armadilha: "Se me permito gostar dele, ele pode controlar me, utilizar-se de mim ou
impor-me exigências". Penso que logrei dar grandes passos na direção de ser menos
medroso a esse respeito. Como os meus clientes também eu fui aprendendo, aos
poucos, que sentimentos positivos não são perigosos, nem para dar, nem para
receber.”
TENHO MAIOR CAPACIDADE DE APRECIAR OS OUTROS

“Menos receoso de dar ou receber sentimentos positivos, tornei-me mais capacitado a


apreciar as pessoas. Vim a acreditar que isso é bastante raro. Pois, tantas vezes,
mesmo em relação a nossos filhos, amamo-los antes para exercer controle sobre eles
do que porque os apreciamos. Penso, hoje, que uma das experiências mais
satisfatórias que conheço - e também das que melhor suscitam o crescimento da outra
pessoa - consiste, simplesmente, em apreciar alguém da mesma forma como aprecio
um pôr do sol. Se deixo que as pessoas sejam o que são, vejo-as tão maravilhosas
quanto um crepúsculo vespertino. De fato, a razão por que aprecio verdadeiramente
um pôr do sol está em que não posso controlá-lo.”
“Foi assim que, a partir da teoria centrada no cliente, estabelecemos hipóteses como
estas: durante o tratamento, sentimentos que anteriormente tinham sido negados à
consciência são vivenciados e são assimilados ao conceito de eu; durante a terapia, o
conceito do eu torna-se mais congruente com o conceito do eu-ideal; ao longo e
depois da terapia o comportamento observado do cliente torna-se mais socializado e
mais amadurecido; durante e depois da terapia, o cliente mostra uma atitude de maior
autoaceitação, atitude que está em correlação com uma maior aceitação dos outros.”
“A avaliação cuidadosa dos resultados da investigação autoriza-nos a tirar algumas
conclusões como estas: ocorrem profundas alterações durante e depois da terapia, no
eu que o cliente percebe; há uma modificação construtiva nas características e na
estrutura da personalidade do cliente, modificação que o aproxima das características
da personalidade de um indivíduo que “funcione bem”; há uma alteração em direções
definidas como integração e adaptação pessoais; verificam-se alterações na
maturidade do comportamento do cliente, como os amigos o observam.”
“Na terapia centrada no cliente, nossa teoria é que na segurança psicológica da relação
terapêutica o indivíduo é capaz de aceitar na sua consciência sentimentos e
experiências que normalmente seriam reprimidos ou negados à consciência. Essas
experiências anteriormente recusadas são agora incorporadas ao eu. Por exemplo, um
cliente que reprimiu todos os sentimentos de hostilidade pode vir a vivenciar, durante
a terapia, sua hostilidade de uma maneira livre. Seu conceito de si mesmo
reorganizou-se, portanto, de modo a incluir essa compreensão de que tem, de tempos
em tempos, sentimentos hostis em relação aos outros. A sua autoimagem torna-se,
nesse nível, um mapa ou uma representação mais adequada da totalidade da sua
experiência.”
“Tentamos traduzir esta parte da nossa teoria numa hipótese operacional, que
exprimimos da seguinte maneira: durante e após a terapia deve dar-se um aumento
da congruência entre o eu, tal como é captado pelo cliente, e o cliente tal como é
visto por quem faz o diagnóstico. Supomos que, quando uma pessoa treinada faz um
diagnóstico psicológico do cliente, tem uma maior consciência da totalidade das
formas de experiência, tanto conscientes como inconscientes, do que o próprio
cliente. Por conseguinte, se este assimilar na descrição consciente que faz de si mesmo
muitos dos sentimentos e das experiências que anteriormente reprimira, nesse caso, a
imagem de si mesmo assemelhar-se-á mais à imagem que traça aquele que
faz o seu diagnóstico.”
“Acreditar, como Skinner, que tudo isso é uma ilusão, e que a espontaneidade, a
liberdade, a responsabilidade e a escolha não têm existência real, seria impossível para
mim.
Creio que desempenhei, na medida das minhas possibilidades, meu papel no
progresso das ciências do comportamento; mas, se o resultado de meus esforços e dos
de outras pessoas for que o homem se transforme num robô, criado e controlado por
uma ciência por ele elaborada, então, sinto-me muito infeliz. Se a “vida boa” do futuro
consistir em indivíduos tão condicionados pelo controle de seu ambiente e pelo
controle das recompensas que receberão, que eles serão inexoravelmente produtivos,
bem-educados, felizes ou o que quer que seja, nesse caso, não quero nada disso. Para
mim, trata-se de uma pseudo forma de “vida boa” que inclui tudo, exceto o que a
torna boa..”
Tendência à atualização ou autorrealização

Para Rogers, todo ser vivo tende a crescer, em direção a tornar-se indivíduo adulto
realizado da espécie, caso as condições lhe forem suficientemente favoráveis. "Todo
organismo é animado por tendência inerente a desenvolver todas as
potencialidades,e a desenvolvê-las de maneira a favorecer-lhe a conservação e
enriquecimento (1966)”.
Metáfora das batatas.

"Lembro-me de que, na minha infância, a lata na qual armazenávamos nosso


suprimento de batatas para o inverno ficava no porão, quase um metro abaixo de
uma pequena janela. As condições eram favoráveis, mas as batatas começaram a
brotar - brotos brancos, pálidos, tão diferentes dos brotos verdes saudáveis que
exibiam
quando plantadas no solo na primavera. Porém, esses brotos espigados, tristes,
poderiam crescer de 60 a 90 centímetros de comprimento à medida que buscavam
a luz distante da janela. Em seu crescimento fútil, bizarro, eram uma espécie de
expressão desesperada da tendência direcional que estou descrevendo. Nunca
se tornariam uma planta, nunca amadureceriam, nunca preencheriam suas
potencialidades reais. Entretanto, sob as mais adversas circunstâncias, lutavam para
tornar-se. Não desistiriam da vida, mesmo se não pudessem florescer.”
• Em seu artigo “Uma nota sobre a natureza do homem”, Rogers explica a percepção
da academia a respeito de seus posicionamentos, especialmente a comparação com
Freud e uma suposta condição de ser um sucessor de Rousseau.

• Rogers aponta que não tem uma leitura profunda de Rousseau e que não se
considera algum sucessor direto, tendo lido apenas um livro do filósofo.

• Aponta que sua visão de personalidade se baseia em suas percepções do


consultório, e assim aponta que não vê o ser humano como basicamente hostil,
destrutivo, antissocial, destrutivo.

• Não acredita no ser humano como tabula rasa, que possa ser moldado de qualquer
forma (crê, portanto em uma natureza humana que já surge com o indivíduo).
• Não crê que o ser é perfeito e foi corrompido pela sociedade (visão de Rousseau).

• Mas acredita em qualidades inerentes à natureza humana como: positiva,


construtiva, realística, confiável, “para frente”.

• Nenhuma terapia transforma o leão em um rato ou vice-versa, mas que uma


medida de mudança é possível.

• Tenta demonstrar que Freud talvez tivesse seus motivos para ver a natureza
humana no seu lado mais cruel e destrutivo, mas que ele não vê isso em seus
pacientes, uma vez que tenham passado por um processo de relação terapêutica
autentica, aceitando essas sensações reprimidas, o sujeito iria para um caminho de
autoatualização (para o bem).

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