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@fabioferreiraofc
O QUE É ACONSELHAMENTO ?

O aconselhamento é, primariamente, uma


relação em que uma pessoa, o ajudador,
busca assistir outro ser humano nos
problemas da vida. De modo diferente das
discussões casuais entre amigos, a relação
de ajuda, pelo menos para os profissionais,
é caracterizada por um propósito claro —
ajudar o aconselhado.
ACONSELHAMENTO CRISTÃO?
Aconselhamento cristão é o aconselhamento ou
psicoterapia baseado na fé cristã.
Ele pode descrever uma variedade de
modalidades e práticas de aconselhamento e
pode ser oferecido por indivíduos com vários tipos
de educação e credenciais
Algumas pessoas escolhem o aconselhamento
cristão em vez de outros tipos de aconselhamento
e tratamento de saúde mental porque se sentem
mais confortáveis ​com o gerenciamento de
questões de saúde mental ou problemas pessoais
em um contexto religioso.
Em alguns casos, conselheiros licenciados, assistentes
sociais clínicos e psicólogos ou psiquiatras que são de fé
cristã podem oferecer serviços de saúde mental de
orientação religiosa e, portanto, podem anunciar seus
serviços como aconselhamento cristão, a fim de atrair
clientes que estariam interessados ​na combinação de
espiritualidade com tratamento em saúde mental. Embora
esses profissionais possam atender aos padrões de
licenciamento profissional em sua área, eles podem ou
não ter treinamento específico em teologia ou
aconselhamento de orientação espiritual. Alguns podem
simplesmente integrar suas crenças religiosas em sua
prática profissional, enquanto outros podem buscar
treinamento adicional e certificação de escolas cristãs ou
associações de aconselhamento profissional.
PRINCIPIOS BÁSICOS DE
ACONSELHAMENTO
O ouvir é uma habilidade rara.
Ainda mais ouvir integralmente e com
empatia o outro. Geralmente quando se
acha alguém que aparentemente ouve,
pode se ter na realidade alguém que
apenas fica em silêncio ouvindo os próprios
pensamentos enquanto o outro fala e que
seletivamente ouve, imbuído de
preconceitos e censuras ao outro.
Ouvir uma pessoa é saber que ali há um
corpo que fala além de apenas uma palavra
que diz.

Ouvir uma pessoa é saber que há um outro


diferente de nós e não apenas similar pelos
valores cristãos.

Ouvir uma pessoa é saber que apesar de


convertida, é uma pessoa com conflitos
interiores, típicos do humano.
É imprescindível saber que no mesmo
tempo em que a pessoa fala, nossos
pensamentos de censura e repreensão,
falam também. Não dê ouvidos a eles.
Apenas à fala da pessoa nesse primeiro
momento.
Para os cristãos, um outro Ser que falará
com você com certeza nesses momentos é
o Espírito Santo de Deus. Seu agir é
imprevisível no sentido do momento e da
direção que Ele quer dar para aquela
pessoa.
APORTE NO
ACONSELHAMENTO CRISTÃO

Para os cristãos, a oração pode ser


realizada no meio do processo de
aconselhamento cristão, antes dos
questionamentos e depois da fala inicial da
pessoa.
Orem e depois continue o processo.
Controle os impulsos de dar sermões e
contar histórias nesse momento e de
caminhar por explanações bíblicas vagas,
a pessoa quase sempre não ouvirá, a não
ser a própria angústia. Por isso ajudar a
pensar essa angústia, a elaborar essa
angústia biblicamente é o foco do
aconselhamento.

Muitos aconselhamentos de cristãos são


ineficazes, pois os pastores confundem a
função do Púlpito com a função
aconselhadora.
A exposição da Bíblia não é um momento
proibido, mas deve ser em momentos em
que a capacidade de a pessoa ouvir já se
restabeleceu. O conselheiro deve estar
sensível para isso.

Há momentos em que a pessoa não ouve,


só fala, pois o nível de angústia é grande.
Se o conselheiro passa uma mensagem de
falante, isso se irradia para a comunidade e
sua função fica comprometida. Esteja
atento para as motivações latentes de seu
liderado.
ALGUNS PROCESSOS DO
ACONSELHAMENTO CRISTÃO

Ofereça um clima de escuta sem


censura, com empatia, liberdade de fala,
aceitação total e interesse em entender.
Escutar é uma ciência e possui
princípios que devem ser seguidos para
que haja eficiência e eficácia no
processo de escuta do aconselhamento.
Ouça, ouça e ouça muito.
Forneça feedback que está ouvindo,
compreendendo e entendendo, independente de
estar concordando ou não com as atitudes
relatadas.

Não ofereça um ambiente de censura e


repreensão nessa primeira etapa de escuta.
Apenas ouça, não ouça seus pensamentos e
conjecturas sobre o caso.

Ouça a pessoa, sua fala, suas emoções, seus


sentimentos e seu corpo que se comunica
também o tempo todo.
Utilize uma atenção flutuante, que é a
capacidade de ouvir tudo sem selecionar,
focar ou concentrar em partes da fala para
análise paralela na mente enquanto se
escuta o outro.

Essa atenção flutuante é a capacidade de


oferecer escuta a toda a fala sem se focar
numa parte dela para análise ou reflexão.

Às vezes o conselheiro ouve com


seletividade e ao mesmo tempo em que
pensa. Isto é prejudicial.
Os estudos de teorias sobre a
personalidade e sobre a psicologia,
psicanalise, aumentam a capacidade de
ouvir.

Quanto mais conhecimento tiver sobre


como é o funcionamento psicodinâmico do
ser humano, maior é a capacidade de se
ouvir na totalidade todas as partes da
psique: a fala consciente, a fala
inconsciente, a fala dos sintomas e a fala
do corpo.
Quando se entende que a mente é um
misto de ‘carne’ com espírito se
entende que na pessoa coexiste uma
força que a impele de fazer algo e ao
mesmo tempo uma outra força que
impede de fazer esse algo.

Como Paulo dissera: “o que quero não


faço, já o que não quero esse faço...”
Perguntas podem ser feitas para a
escuta se aprimorar. Mas que sejam
perguntas que esclareçam a fala da
pessoa.

Intervenções curtas para esclarecer


não devem ser feitas no momento em
que a fala representa um desabafo ou
uma catarse emocional, onde o fluxo
não deve ser interrompido.
Para ouvir com empatia, coloque-se no
lugar da pessoa.

Ela tem o direito de sentir raiva, impulsos


violentos e agressivos, afinal é um ser
humano. O problema é o que ela faz com
esses impulsos e como os controla. Por
isso, demonstre uma escuta acolhedora,
sem repreensão, até em momentos em que
ela estiver dizendo, por exemplo ‘ai, que
vontade de matar aquele homem’.
Não censure pensamentos pecaminosos de
pronto. Aborde o tema depois com cuidado
e pelas ‘beiradas’, quase sempre se
percebera que esses pensamentos nunca
seriam postos em ação.

Esses pensamentos pecaminosos são


resultado de um aprendizado de vida
traumático na infância, um aprendizado
emocional, um aprendizado oriundo dos
pais, de como resolver problemas.
Aumente a capacidade de
autoconhecimento da pessoa: aumentar a
capacidade de olhar para si para os seus
sentimentos e expressões e
comportamentos. Ajude-a a demonstrar
suas expressões, seus sentimentos e suas
emoções. Por exemplo: ‘percebo que essa
ansiedade atrapalha em muito a sua
capacidade de trabalhar em calma’, ou
‘noto que o fato de o seu marido não te
ouvir causa em você uma raiva muito
grande e que você não expressa’.
Espelhe a fala, resuma a fala para
mostrar que a entendeu e para checar
se entendeu. Esse resumo e
espelhamento da fala da pessoa
oferecem a possibilidade de
demonstrar que ela está sendo
acolhida e respeitada em sua
individualidade pelo simples fato de
estar sendo ouvida com atenção e
compreendida.
Após a escuta integral da pessoa, da
problemática principal, ofereça
questionamentos.
Questionamentos que permitam pensar
sobre esse momento em que ela está
vivendo.
Ao invés de oferecer o conselho, indague
sobre o melhor caminho com base na
Bíblia. Estimule a pessoa a encontrar a
própria solução para a sua questão.
Ofereça momentos de clarificação da fala
da pessoa.
Em alguns momentos a própria situação de vida
da pessoa está confusa para ela. Faça perguntas
como: ‘o que você acha que isso quer dizer?’ ou
‘você pode pensar melhor nessa situação para
buscar entender o que está acontecendo?’.

Muitas vezes, a angústia vem da incapacidade de


entender o que se passa consigo mesma, com o
corpo e com a família; o que se sente e o que se
deveria fazer nessas situações desconhecidas.

Estimular o esclarecimento é muito útil na medida


em que põe a pessoa para buscar o entendimento
de sua problemática.
Sugestões e caminhos podem ser
sugeridos, mas não impostos. Antes de
oferecer uma sugestão, estimule o
esclarecimento da sua situação de vida.

Apenas descrever o que acontece é uma


boa técnica para pensar sobre a própria
problemática.

A técnica de esclarecimento difere da de


reflexão na medida em que aquela visa a
descrever o que se passa nos detalhes, já a
reflexão, busca ‘os porquês’, ’os pra quês’.
O uso das duas deve ser concomitante e com a
experiência de aconselhamento se consegue
discernir entre o momento de usar cada uma
delas.

Já a técnica de confrontação visa corrigir a fala da


pessoa e trazer à consciência de forma mais clara
algum comportamento inadequado e não-cristão.
Por exemplo, a pessoa diz: ‘eu apenas reajo às
ignorâncias de meu esposo’ e o conselheiro diria
‘vamos ser sinceros, você responde com
ignorância também a ignorância dele, não é
verdade?’.
Isso deve ser feito em momento certo, depois que
o vínculo e a confiança entre os dois se
estabeleceram. Depois que a pessoa teve um
momento de escuta ativa e empática.

Oferecer confrontação logo de início sem ouvir os


desabafos é um grave erro que compromete a
capacidade de a pessoa falar.

Junto dessa técnica pode ser empregada a


técnica do silêncio, que comunica à pessoa:
‘pense nisso agora’.
A técnica do silêncio pode ser usada em diversos
momentos, como no de confrontação e no
momento em que a pessoa estiver precisando
elaborar por si mesma a dor que sente.

Em alguns momentos esse silêncio do


conselheiro em momentos de pranto pode
demonstrar que a pessoa tem que aprender a
lidar e a elaborar essa dor, pois nem sempre
poderá contar com um braço para ajudá-la.

Nos momentos de pranto, silêncio e palavras


confortantes podem coexistir.
LIMITES DE UM ACONSELHAMENTO

Enfim, o conselheiro não deve


reduzir o aconselhamento à
prática de conselhos, sugestões
de decisões e com pregação de
sermões, mas o ouvir e o
apenas ouvir é uma técnica
muito poderosa e importante.
O ouvir deve ser praticado de maneira
integral com atenção às dimensões de
palavras, pensamentos, emoções e corpo,
que se expressam através de organização
e escolha das palavras, seleção da
temática e do aspecto da temática da fala,
tom de voz, falhas de voz, silêncios,
gaguejos, atos falhos, irregularidades nos
volumes de voz, postura corporal, gestual,
comunicação inconsciente, movimento de
olhos, dentre alguns outros.
O conselheiro deve saber discernir quando
a pessoa quer uma sugestão bíblica e
quando quer apenas desabafar e ser
ajudado a pensar. Esse ouvir não deve ser
estéril. É um ouvir que visa oferecer a
diminuição da angustia, que visa o
esclarecimento das questões espirituais da
pessoa e que visa também
encaminhamentos profissionais e
sugestões bíblicas.
Pessoas que tem um bom nível de
amadurecimento (autonomia de decisões e
autocontrole das emoções) apenas
precisam desabafar e ou serem ajudados a
pensar, raramente precisam de conselhos
diretos e frequentes. Outras pessoas
precisam de sugestões mais simples e
diretas, mas se deve ter consciência de que
o fornecimento frequente de conselhos
pode produzir um círculo vicioso que se
torna fonte de dependência psicológica.
Vale aqui ressaltar aquela história entre um
Doutor para um estudante de medicina: o
estudante pergunta: ‘Doutor, se é tão
simples retirar um apêndice, por que 7 anos
numa faculdade para aprender medicina?’.
E na sua sabedoria e experiência responde
o Doutor: ‘Filho, retirar um apêndice é fácil,
posso te ensinar isso em 10 minutos. O que
vai levar 7 anos de tempo é a
aprendizagem do que fazer quando algo
der errado’.
SEMPRE BUSQUE CONHECIMENTO!

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