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Comportamento Assertivo

Com o objetivo de se obter comportamentos mais assertivos, podendo ter relacionamentos


interpessoais mais adequados, ou seja, que garanta o próprio direito de falar o que pensa e o que
sente, porém com respeito, educação e empatia, bem como garantindo o mesmo direito ao outro,
buscando com isso, minimizar ou evitar a geração de fontes de conflitos.

As estratégias de enfrentamento descritas abaixo, tem como objetivo auxiliar as pessoas a terem
relacionamentos interpessoais mais assertivos, aceitáveis e saudáveis.

Em alguns casos, em comum acordo com o(a) cliente, eu costumo fornecer uma pulseira de
silicone com as escritas do passo a passo para auxiliar a se ter um comportamento assertivo, a
ideia é que a pulseira de silicone sirva como uma “âncora”, ou seja, para lembrar a pessoa de
como lidar de modo mais adequado com as situações e comportamentos das pessoas.

ESCUTAR Segundo Goleman (1999), “escutar” é ouvir a pessoa


procurando entender o que de fato ela está tentando
comunicar; lembre-se que as vezes as falas das pessoas
podem comunicar muito mais do que estamos ouvindo,
“quando Pedro fala de Paulo eu sei mais de Pedro do que de
Paulo”. As falas podem estar comunicando alguns traços de
personalidade da própria pessoa que, segundo Cloninger
(1999), os traços são características que distinguem as
pessoas umas das outras, ou seja, comportamentos mais ou
menos acentuados, adequados ou coerentes.

As vezes o comportamento verbal e não verbal de modo


não explícito e latente, pode revelar as inseguranças,
necessidades, carências, ou ainda, pensamentos distorcidos
sobre algumas situações ou pessoas, ao invés de focar nos
fatos em questão, interpretar e lidar de modo adequado,
sendo claro e objetivo. Caso, através de uma escuta mais
atenta, não se consiga interpretar e/ou entender o que a
pessoa está tentando comunicar, pergunte à mesma sobre
o que de fato ela está tentando dizer, pois assim poderá
evitar construir pensamentos automáticos distorcidos
sobre o outro, podendo evitar mal entendidos e a geração
de conflitos disfuncionais.
ANALISAR O É importante considerar a situação como um todo, levando
em conta o contexto que o(a) cerca, começando considerando

CONTEXTO como você costuma agir e reagir em dadas situações. Ter


o autoconhecimento o(a) ajudará a moderar suas reações,
pois a partir do modo como costuma lidar com as situações
e mediante a alguns comportamentos de pessoas, você terá
a oportunidade de pensar de modo mais adequado sobre o
contexto em que está envolvido, podendo ponderar mais antes
de agir. Considerar as situações e os comportamentos das
pessoas envolvidas pode ajudar você a moderar suas reações,
levando em conta a provável história de vida dos indivíduos,
suas necessidades ou carências e a possível interferência do
ambiente em seu comportamento no momento da situação
em que estiver envolvido(a). Costumo dizer que existem
batalhas que em nada alterará o resultado da guerra, sendo
assim, o mais adequado em alguns casos, seja escolher quais
batalhas lutaremos ou não, ou ainda, em qual momento pode
ser mais adequado ter esses embates, lembrando que não se
trata aqui de se ter um comportamento não-assertivo, mas de
saber o melhor momento para tratar da questão.

SER Para Goleman (1999), na utilização da inteligência emocional,


é preciso se levar em conta as motivações da outra pessoa,

EMPÁTICO(A) tendo empatia cognitiva, buscando entender, através de


uma escuta mais atenciosa como a pessoa pensa sobre
determinado assunto e, se for o caso, perguntando como
ela construiu tal pensamento sobre o assunto ou questão,
ou seja, quais os princípios, fundamentos e entendimentos,
pois pode ser que a mesma esteja reagindo, a partir de um
pensamento automático distorcido, logo, as suas reações
podem estar sendo disfuncionais ou inadequadas. Tendo
empatia emocional, ao perceber que a pessoa está nervosa,
respiração mais ofegante, fala mais fluida ou rápida, tom
de voz alterado ou gesticulação excessiva com o corpo,
não colocar mais “lenha na fogueira”, antes tentar acalmar
a pessoa. É importante não responder, com a mesma
medida inadequada e disfuncional, à pessoa que demonstre
alterações disfuncionais em seu comportamento, tendo
preocupação empática, ou seja, deixando claro, verbalizando
para a pessoa que não é nada pessoal, mas que se importa
com ela e que respeita o modo dela pensar, sentir e ser, mas
que quer compreender melhor a questão, até para que possa
reavaliar a si mesmo(a), seja no modo de pensar, sentir ou de
se comportar.
RACIONALIZE É importante refletirmos mais com o que lidamos, ponderar
e gastar mais tempo analisando os fatos antes de falar e
realizar. Segundo Caballo (2018), em toda e qualquer situação,
precisamos analisar se não estamos tendo pensamentos
distorcidos; uma das formas como podemos fazer essa análise
é fazendo perguntas a si mesmo do tipo “esse pensamento é
uma verdade absoluta?”, “pensar dessa forma me traz algum
prejuízo, qual/quais?”, “existem evidências ou provas que
amparem esse meu pensamento?”, “de que outra forma eu
poderia pensar de modo a encontrar soluções mais assertivas?”,
muitos dos pensamentos que temos sobre algo ou alguém,
podem estar distorcidos e se isso for verdade, os nossos
sentimentos e comportamentos poderão estar sendo guiados
de modo disfuncional e inadequado. Após identificar se o
modo como estamos pensando é ou não distorcido, podemos
ponderar a situação buscando com isso falar e agir de modo
mais assertivo. Quando racionalizamos sobre algo, estamos
buscando nos precaver para não agirmos de modo a nos
arrependermos depois. Ter um entendimento mais claro sobre
fatos e situações, identificando em si mesmo os pensamentos
distorcidos, possibilita reestruturá-los de modo mais assertivo
e aceitável socialmente falando. Quando racionalizamos,
segundo Tieppo (2019), utilizamos o córtex pré-frontal
esquerdo, que atua sequestrando os pulsos emitidos pelo
complexo amigdaloide para o córtex pré-frontal direito,
impedindo que o indivíduo acabe agindo impulsivamente sem
as devidas considerações e ponderações, podendo assim ser
menos impulsivo em suas falas e ações.

SER Para Caballo (2018), ter um comportamento assertivo não


significa se ver como inferior, ou ainda, ter que concordar com

ASSERTIVO(A) tudo e todos, antes, deve-se sempre falar o que pensa e sente,
mas com respeito, educação, sem alterar o tom de voz, tendo
os devidos cuidados com a expressão facial e corporal que
possam comunicar irritação, desaprovação, desdém, falta de
interesse pela pessoa, impaciência e etc. Ser assertivo significa
que garantimos ao outro o direito de discordar, de falar o que
pensa e o que sente, sem que o interrompamos, ou ainda, sem
intimidar o outro.
RESULTADO Quando temos comportamentos mais assertivos nos
relacionamentos interpessoais, podemos esperar resultados

ESPERADO mais aceitáveis e adequados, segundo Caballo (2018, p.362),


a pessoa “resolve os problemas, sente-se bem com os demais,
sente-se satisfeito, sente-se bem consigo, relaxado, sente-se
com controle, cria a maioria das oportunidades, gosta de si e
dos demais, é bom para si e para os outros.”
Podemos considerar que, ter comportamentos assertivos,
não somente pode favorecer a saúde mental dos indivíduos,
possibilitando a diminuição dos pensamentos automáticos
distorcidos, bem como podendo gerar menos ruminação
psicológica, o que também pode favorecer a diminuição
da sintomatologia no corpo físico, (taquicardia, bradicardia,
boca seca, úlceras, gastrites, tensão muscular, falta de ar,
irritabilidade, rubores (calores) ou calafrios, tontura ou
vertigem, transpiração (não resultante de calor), problemas
estomacais, dentre outros), que geralmente aparecem devido
ao modo inadequado como os indivíduos lidam com situações
de stress e ansiedade.
Ter comportamentos assertivos parece ser a melhor escolha,
não somente para a pessoa que os tem, mas também para o
relacionamento interpessoal.

José Ronildo S. Queiroz


Psicólogo – CRP 06/155440

Referências
CABALLO. V.E. Manual de avaliação e treinamento das habilidades sociais. 1 ed. [tradução Sandra M. Dolinsky; revisão científica Maria
Luiza Marinho]. – [Reimpr.] – São Paulo: Santos, 2018

CLONINGER, S.C. Teorias da Personalidade. Tradução Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

GOLEMAN, D. Trabalhando com a inteligência emocional. [tradução M.H.C. Côrtes]. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1999.

TIEPPO, C. Uma viagem pelo cérebro: a via rápida para entender a neurociência. São Paulo, SP: Conectomus, 2019.

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