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ASSERTIVIDADE

A assertividade é uma competência muito importante para conseguir manter


as relações saudáveis. É a forma habilidosa da expressão tanto dos sentimentos,
quanto de pensamentos e necessidades, sem prejudicar o outro ou violar seus
direitos, uma maneira de se expressar sem ansiedade excessiva. É a capacidade de
defender os nossos próprios direitos e interesses, sem violar os direitos e interesses
dos outros.
O que acontece quando não conseguimos ser assertivos é que tendemos a ser
mais passivos ou agressivos, o que acaba por influenciar negativamente a confiança e
intimidade nas relações interpessoais. Sabe o motivo?
Sendo passivos, seguimos apenas as necessidades e direitos dos outros,
colocando de lado as nossas necessidades, gerando frustração e ressentimento. Ao
sermos passivos temos uma sensação de segurança, pensando que estamos a proteger
as relações, porém, a longo prazo, as relações ficam dolorosas e acabamos por não
aguentar, tendo que as destruir para terminar com o sofrimento. Por outro lado,
sermos agressivos também influencia negativamente as relações, pois acabamos por
afastar os outros de nós. Primeiro, porque desenvolvemos uma ideia muito rígida de
como tudo deve ser, estando muito atentos à forma como os outros se comportam,
punindo-os, de imediato, quando não se comportam da forma como nós achamos que
deveriam se comportar. Segundo, porque temos uma necessidade de controlar tudo o
que acontece à nossa volta e, quando os outros violam o nosso sentido do que está
certo ou errado, começamos a nos sentir muito zangados e a tentar controlar o que os
outros fazem.
Tanto os comportamentos passivos como os agressivos destroem relações,
trazendo sofrimento. Ao sermos assertivos irá proporcionar a possibilidade de
procurar o que precisamos nas relações, definir limites e gerir conflitos, sem que nos
sintamos tão zangados.
Mas ninguém é completamente assertivo e nem ninguém nasce assertivo!
Como todas as outras competências sociais, a assertividade pode ser aprendida,
precisando, para isso, saber algumas regras básicas sobre esta competência para
depois poder treiná-la.

Principais benefícios da assertividade

• Comunica melhor o seu recado;


• Aumenta sua autoconfiança;
• Ajuda você a ser ouvido;
• Ajuda a gerenciar as situações de forma mais controlada;
• Contribui para você conquistar respeito;
• Cria proximidade com pessoas que pensam de forma semelhante;
• Reduz o estresse ao possibilitar expressar seus pensamentos, desejos e sentimentos.

Veja abaixo algumas dicas e comece, desde já, a praticar:


1. Pense antes de falar e agir. Para isso, procure controlar as suas emoções e impulsos
a fim de evitar um comportamento agressivo perante uma crítica ou situação menos
agradável. Use a racionalidade para se autocontrolar.

2. Fale de forma aberta, direta e honesta. Não tenha receio de dizer o que pensa,
sente e quer, apenas tenha atenção à forma com o faz, através das palavras e da
linguagem corporal, afinal o corpo fala! Ao mesmo tempo, dê espaço para que as
outras pessoas se manifestem de igual forma. A pessoa assertiva afirma-se e permite
que os outros se afirmem.

3. Diga "não" com tato, para não ferir nem sentir culpa. Evite dizer "sim" quando
gostaria de dizer "não", só para agradar a outras pessoas ou para manter um clima de
paz. Dessa forma, evita um conflito externo, mas acaba por criar um interno, e isso não
é bom para si nem para as pessoas que o/a rodeiam. É caso para dizer, respeite-se
para ser respeitado.

4. Faça e receba críticas de forma positiva e construtiva. É essencial aceitar que as


outras pessoas pensem de forma diferente de si e ser capaz de manter a calma. A
partir daí, será mais fácil fazer uma crítica construtiva e reagir a críticas negativas de
forma positiva.

5. Esclareça situações duvidosas. Tenha o cuidado de esclarecer situações onde


ficaram dúvidas para evitar mal entendidos ou inimizades. Não finja que entendeu só
para não demonstrar fraqueza. Um segundo esclarecimento pode fazer poupar tempo,
recursos e muitas chatices...

6. Admita os seus erros. Seja capaz de reconhecer que errou e até de pedir desculpa.
Ninguém é perfeito, a perfeição não existe, por isso se diz que "errar é humano".
Agora, grave, é fingir que nada aconteceu e que as outras pessoas não notaram nada.
Com a atitude certa, até nos momentos de crise pode manter/aumentar a sua
credibilidade.

7. Esteja aberto/a ao compromisso e à negociação. A pessoa assertiva não deseja ser


a única a tirar partido de uma dada situação, mas também não quer sair a perder, por
isso mesmo está aberta ao diálogo e ao consenso para que todas as partes envolvidas
ganhem. Adote a estratégia "ganha-ganha".

Como colocar em prática?

1- Use frases que tenham “Eu”, como “Eu quero”, “Eu preciso”, “Eu sinto” fazem
parte de um estilo de comunicação assertivo quando usadas não de forma
arrogante, mas como um recurso para apresentar claramente as suas
opiniões, vontades e sentimentos. Por exemplo:

– “Eu preciso que você me ajude nisto para que possamos concluir esse trabalho ainda
hoje.”
– “Quando você chega atrasado, eu sinto que o meu tempo não está sendo
respeitado.”

– Alguém mexeu nas suas coisas e você diz com clareza “Eu não gostei de você ter
mexido nas minhas coisas”.

– Alguém pergunta para você “O que vamos comer hoje?”, em vez de ficar inseguro
pensando você expressa a sua vontade “Hoje eu quero comer pizza”.

2- Comunicação assertiva também se apoia em fatos para demonstrar o seu


ponto de vista. Por exemplo:

– “Não me sinto à vontade na sua carona pois você gosta de andar em alta
velocidade.”

– Em vez de agressivamente falar “Você não está fazendo as suas tarefas direito”,
assertividade no trabalho seria dizer “A sua tarefa está incompleta pois faltam os itens
a, b e c que deveriam estar presentes”. O foco passa a ser menos na pessoa e mais nos
fatos.

3- Assertividade na comunicação também significa saber dizer “Não” quando


necessário. Claro, de maneira educada, mas objetiva e direta.

– “Infelizmente não poderei acompanhá-lo esse dia. Tenho um compromisso


importante que preciso comparecer.”

Situações que poderá ser assertivo:

- Expressão de incômodo, desagrado, desgosto – Temos direito a viver uma vida feliz e
agradável. Se algo que alguém faz limita de forma pouco razoável nossa felicidade,
temos o direito de fazer algo a respeito. Às vezes, podemos estar incomodados, em
determinadas situações, pelo comportamento de outras pessoas. Por exemplo, um
amigo chega sempre tarde quando marca encontro conosco; nosso parceiro deixa sua
roupa suja em qualquer lugar da casa; nosso vizinho está fazendo ruídos excessivos e
impendem nossa concentração no estudo, etc. Nessas situações podemos nos sentir
incomodados ou desgostosos com razão e, se assim, temos o direito de expressar
esses sentimentos de maneira socialmente adequada. Porém, temos também a
responsabilidade de não humilhar ou rebaixar a outra pessoa no processo. Temos que
nos comunicar de maneira não agressiva.
Como fazer?
1) Determinar se vale a pena criticar determinado comportamento: este pode ser
muito insignificante, não tornará a ocorrer, etc.
2) Ser breve. Uma vez expresso o que se queira dizer, não é preciso fazer rodeios.
3) Evitar fazer acusações dirigindo a crítica ao comportamento e não a pessoa.
4) Pedir uma mudança de comportamento específico.
5) Expressar os sentimentos negativos em termos de nossos próprios
sentimentos, em primeira pessoa.
6) Se possível, começar e terminar a conversação em um tom positivo.
7) Estar disposto a escutar o ponto de vista da outra pessoa. Terminar a
conversação quando esta pode acabar em atrito.
Sugestão de roteiro
1) Centrar-se nos elementos relevantes da situação como:
a. Comportamento diante do qual temos de reagir
b. Nossos sentimentos, os efeitos que o comportamento produz em nós e
os sentimentos dos outros;
c. As mudanças comportamentais que queremos efetuar;
d. As possíveis consequências positivas e negativas.
2) Escolher qual dos elementos anteriores vamos expressar verbalmente. Para se
expressar pode-se utilizar o roteiro abaixo – expressar sentimentos negativos
via estratégia DESC: Descrever, Expressar, Especificar e Consequências
a. Passo 1 – descreva o comportamento ofensivo ou incômodo da outra
pessoa em termos objetivos. Observe e examine exatamente o que a
outra pessoa disse ou fez. Use termos concretos, descrevendo
momento, lugar e frequência específicos da situação. Descreva atuação,
não o “motivo”. Alguns começos de frases típicos desse passo seriam:
“Quando você...’; “Quando eu...”;
b. Passo 2 - Expresse seus pensamentos ou sentimentos sobre o
comportamento problema de forma positiva, como se fossem dirigidos
a um objetivo a atingir. Expresse-os com calma, centrando-se no
comportamento incomodo, e não na pessoa. Alguns começos de frases
típicos desse passo seriam “Sinto-me...”; “Acho que...”
c. Passo 3 - Especifique, de forma concreta, a mudança de
comportamento que quer que a outra pessoa apresente. Peça, a cada
vez, uma ou duas mudanças que não sejam muito significativas. Leve
em conta se a outra pessoa pode satisfazer suas demandas sem sofrer
grandes perdas. Pergunte-lhe se está de acordo. Especifique (se for o
caso) que comportamento está disposto a mudar para chegar a um
acordo. Alguns começos de frases típicos desse passo seriam
“Preferiria...” “Gostaria...”
d. Passo 4 – Assinale as consequências positivas que você proporcionará
(ou que ocorrerão) se a outra pessoa mantiver o acordo para mudar.
Caso seja necessário (e somente nesse caso), assinale à outra pessoa
que consequência negativa proporcionará (ou ocorrerão) se não houver
mudança. Alguns começos de frases típicos desse passo seriam “Se você
fizer...”; “Se não fizer...”
Observação: você pode fazer combinação dos passos e não precisar fazer
todos.
3) Elaborar um roteiro socialmente adequado – exemplo
Descrever: Quando respiro a fumaça do cigarro que você fuma...
Expressar: Sinto-me mal, incomoda-me a garganta, dói-me a cabeça
Especificar: Gostaria que chegássemos a um acordo para que ambos nos sentíssemos
bem, que você pudesse fumar e eu não tragasse a fumaça. Por exemplo, quando você
tiver vontade de fumar, poderia fazê-lo em outro cômodo...
Consequência: Dessa forma, poderia trabalhar melhor e teria mais tempo livre para
compartilhar com você (consequências positivas). Do contrário, teríamos de estudar
em turnos e perderíamos muito mais tempo (consequência negativa).
Para verificar a qualidade do roteiro:
a) Descrever: é objetivo, específico, simples e concreto? Descreve o
comportamento e não as intenções, motivos ou atitudes?
b) Expressar: os sentimentos são expressos de forma tranquila e construtiva?
Dirigem-se a um comportamento específico e não à pessoa?
c) Especificar: é explícito e requer pequenas mudanças comportamentais,
observáveis e realistas? Deixa aberto o caminho para negociação?
d) Consequência: ressalta as possíveis consequências positivas, explicitas e
apropriadas ao comportamento? No caso de consequências negativas, fica
claro que se está compartilhando a informação para que a outra pessoa
conheça suas opções, e não para ameaçá-la?
- Enfrentar críticas: não importa quão boas sejam nossas relações, seremos criticados
de vem em quando. A maneira como enfrentamos as observações críticas tem um
papel importante na determinação da qualidade de nossas relações. Geralmente as
pessoas agem de forma defensiva, como:
a) pode-se tentar evitar a crítica ignorando-a, negando-se a discuti-la, mudando de
assunto ou indo embora;
b) podem negar diretamente;
c) pode tentar desculpar o comportamento, explicando com detalhes e diminuindo a
importância – nesse caso, não prestamos atenção aos sentimentos ou razões de nosso
crítico, podendo acumular-se esses sentimentos até explodir.
d) pode responder a crítica com outra crítica, isto é, devolvendo-a.
Como lidar com a crítica de forma construtiva?
1) Pedir detalhes – para sabermos exatamente quais são as objeções da outra
pessoa.
2) Estar de acordo com a crítica – podemos estar de acordo com a pessoa de duas
formas:
a. Estar de acordo com a verdade – parte do que expressam nossos
críticos é certo e o mais correto seria estar de acordo com a verdade.
Podemos até repetir as palavras do nosso crítico – Exemplo “A comida
não saiu boa.” Resposta: “é verdade, hoje a comida não saiu muito
boa.” Se vamos mudar em resposta à crítica, temos de estar de acordo
com a verdade e expressar logo o que pensamos fazer de maneira
diferente, algo que normalmente restaurará a harmonia. Mas, ainda
que não queiramos mudar, podemos melhorar a situação respondendo
de maneira socialmente adequada, depois de concordar com a verdade
e admitindo que nosso comportamento pode se rum problema para a
outra pessoa. Nosso crítico saberá que o problema foi reconhecido e é
provável que nos respeite por sermos tão diretos. Porém, a crítica virá
formulada, frequentemente, empregando palavras como sempre, nunca
para descrever nosso comportamento (sua comida nunca fica boa), ou
estarão nos rotulando, dirigindo críticas a nós como pessoas, e não ao
comportamento que os incomoda (você é um inútil, um egoísta).
Quando nos deparamos com essas críticas tão amplas, podemos estar
de acordo em parte que seja verdade e não estar de acordo com o
resto. Geralmente, poderemos citar provas do contrário para expressar,
de maneira mais eficaz, nosso desacordo. Sempre podemos expressar
nossos sentimentos, algo que não oferece uma boa base para discutir.
b. Estar de acordo com o direito do crítico a uma opinião. Fazer isso nos
ajudará a pensar em pontos de vista diferentes, enquanto ao mesmo
tempo, nos ajudará a manter nossa própria opinião. Quando estamos
totalmente em desacordo com a crítica, podemos expressá-lo. Mas
também podemos encontrar, normalmente, alguma maneira de estar
de acordo com elas quando dizemos que cremos ser a verdade.
Embora os passos que vemos constituam uma forma construtiva de abordar a crítica,
pode ser que as vezes necessitemos utilizar procedimentos defensivos ou de proteção.
Referem-se a técnicas que podem provocar um corte permanente ou temporal na
comunicação ou na própria relação. Portanto, somente devem ser utilizados depois de
ter falhado a comunicação honesta e se a outra pessoa persistir em nos fazer de
vítimas, em não nos escutar ou em não nos respeitar.

- Procedimentos defensivos – costumam ser empregados quando procuramos recusar


algo, defendermo-nos de outro individuo ou em geral, interromper um padrão de
interação destrutivo e injusto, substituindo por uma comunicação justa e respeitosa.
a) Disco riscado – empregado para fazer pedidos e/ou recusar um pedido
pouco razoável ou ao qual não queremos atender. Não deve dar longas explicações,
desculpas ou justificativas para recusar um pedido ou para pedir algo. O procedimento
consiste na repetição contínua do ponto principal que queremos expressar. Será como
um disco riscado, repetindo uma e outra vez sua posição de forma precisa, sem se
sentir aborrecido, irritado, nem levantando a voz. A frase chave é do tipo “sim, mas...”;
“mas o fato é que...”.
b) Perguntas – as perguntas podem ser, às vezes, um meio efetivo para ajudar a
outra pessoa a dar-se conta de uma reação impulsiva, não pensada, especialmente
quando a outra pessoa foi agressiva de forma não verbal. Por exemplo, pede-se a um
vendedor que embrulhe um pacote. Ele não diz nada, mas parece muito irritado e
murmura em voz baixa ao embrulhar a mercadoria. O cliente responde, com um tom
de voz perplexo, sem sarcasmo “Está incomodado porque lhe pedi que embrulhasse o
pacote?”
c) interrogação negativa – procedimento eficaz quando somos criticados
injustamente, sabemos que a crítica é injusta e temos uma imagem de nós mesmo
bastante positiva, de forma que não cheguemos a sentir que estão abusando de nós
nem cheguemos a nos aborrecer. Uma vez que o essencial dessa técnica é solicitar
mais críticas, devemos ser capazes de escutar as críticas sem adquirir temores ou
internalizar comentários. Essa técnica nos ensina a suscitar as críticas sinceras por
parte dos demais, com a finalidade de tirar proveito da informação (se forem úteis) ou
de esgotá-las (se forem manipuladoras), inclinando, ao mesmo tempo, nossos críticos
a mostrarem-se mais assertivos e a não fazerem um uso tão intenso dos truques
manipuladores. Exemplo “Há algo mais que não lhe agrada?” Por meio dessa técnica
pedimos que se digam mais coisas acerca de nós mesmos, ou de nosso
comportamento, que podem ser negativos.

- Procedimentos de “ataque”
a) Inversão – é empregada quando o individuo pede algo e parece óbvio que o
pedido será recusado, porém a outra pessoa não disse ainda “não”, mas está dando
uma série de razões pelas quais o pedido será provavelmente recusado. A pessoa pede
simplesmente que lhe diga sim ou não. Dessa forma, é mais provável que da próxima
vez obtenha um sim, já que as pessoas parecem recordar melhor suas respostas
negativas diretas que as indiretas e, em suas tentativas de serem justas com os
demais, equilibrarão as respostas sim e não.
b) repetição – é usada quando a pessoa pensa que a outra pessoa não está
escutando ou entendendo o que ele está dizendo. Implica em pedir à outra pessoa que
repita o que ele estava dizendo. Isso requer tato e uso de frases “O que você acha do
que estou dizendo?”; “Você entende minha posição?”
c) asserção negativa de ataque – se tememos um pedido ou uma recusa possa
incomodar o outro, podemos empregar essa técnica para minimizar o mal-estar
potencial. Revelamos o nosso temos sobre a reação da outra pessoa antes do pedido
ou da recusa. Por exemplo, em uma situação de recusa, na qual não queremos
emprestar o carro a um amigo, podemos dizer “não quero que pense que não gosto de
você e que não sou seu amigo, porém não empresto o carro a ninguém e espero que
você compreenda.”

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