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LABORATÓRIO NACIONAL DE LUZ SÍNCROTRON

RENNAN DA SILVA CARDOSO

ATIVIDADES REALIZADAS E PROJETOS


DESENVOLVIDOS DURANTE ESTÁGIO NA LINHA
SAPÊ

CAMPINAS – SP
2020
LABORATÓRIO NACIONAL DE LUZ SÍNCROTRON

RENNAN DA SILVA CARDOSO

ATIVIDADES REALIZADAS E PROJETOS DESENVOLVIDOS


DURANTE ESTÁGIO NA LINHA SAPÊ

Estágio realizado junto ao


Grupo SAPÊ para o
Laboratório Nacional de Luz
Sincrotron, sob a orientação
de Wendell Simões e Silva –
desde fevereiro de 2020.

______________________________
Wendell Simões e Silva

______________________________
Ingrid David Barcelos

CAMPINAS – SP
2020
Sumário

Introdução ............................................................................................................... 4

Objetivo geral ........................................................................................................ 5

Objetivos específicos ............................................................................................. 5

Metodologia ............................................................................................................. 6

Descrição das atividades ....................................................................................... 6

Procedimentos gerais ............................................................................................ 6

Resultados e discussão.......................................................................................... 8

Atividades gerais ................................................................................................... 8

Motorização de equipamentos da estação experimental ........................................ 9

Especificação de conjuntos ópticos ..................................................................... 11

Projeto de mesa-goniômetro ................................................................................ 13

Projeto de régua angular digital adaptada............................................................ 17

Conclusão.............................................................................................................. 19

Referências ............................................................................................................ 20
Introdução

A solução para os desafios nas áreas de engenharia, energia, saúde, meio


ambiente e agricultura exige a compreensão da estrutura da matéria e de mecanismos
em escala molecular e atômica. Isso torna possível o desenvolvimento de materiais e
a otimização de processos, para as mais diversas aplicações. Em ciência básica,
expande o nosso conhecimento sobre a vida e a natureza.
Nesse contexto, o novo acelerador de elétrons brasileiro, o Sirius,
administrado pelo LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron), cediado no CNPEM
(Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), em Campinas, coloca o Brasil
em destaque na produção de radiação síncrotron para a investigação da matéria.
Essa fonte de luz, no estado da arte, foi projetada para ter um dos maiores brilhos do
mundo dentre os aceleradores de 4ª geração. [1]
Dentre as linhas de luz (estações experimentais que recebem radiação em
determinada faixa de energia e onde são analisados os materiais) do Sirius, a linha
SAPÊ, com luz entre 8 e 60 eV, na faixa do ultravioleta de vácuo (VUV), será dedicada
à técnica de espectroscopia de fotoemissão com resolução angular, ARPES (Angle-
Resolved PhotoEmission Spectroscopy), um dos métodos mais poderosos para o
estudo da estrutura eletrônica de sólidos. O CNPEM é uma referência na América
Latina pela disponibilização desse equipamento para a comunidade científica. [1]
No desenvolvimento de uma linha de luz, é uma etapa essencial o
comissionamento da instrumentação científica, que requer especificar e projetar
componentes, instalar, testar e verificar os equipamentos de acordo com os requisitos
operacionais e necessidades do usuário. Neste ano de 2020, a linha SAPÊ está em
fase de projeto e comissionamento, que se estenderá até meados de 2021.
O grupo conta com o líder, Wendell Simões e Silva e uma técnica em
mecânica, Lidiana Lucindo Moraes. Como estagiário, neste ano, atuei de forma a
auxiliar as atividades da linha, bem como buscar ideias e iniciar projetos aplicáveis à
estação experimental. Ademais, a demanda de trabalho é grande e exigirá a expansão
desse grupo para o próximo ano.
Nesse contexto, a motorização e automação da instrumentação científica é
chave para otimizar os experimentos, uma vez que influencia na segurança dos
equipamentos e dos usuários, bem como previne erros por falta de atenção ou
manipulação incorreta, além de possibilitar vincular diferentes instrumentos cujas
variáveis são interdependentes, como movimentação e nível de vácuo, por exemplo.

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Além disso, o alinhamento de amostras é importante para estabelecer a
direção cristalográfica que se quer analisar no experimento de ARPES, tornando-se
um fator técnico essencial. Esse alinhamento pode ser feito medindo-se,
indiretamente com a técnica de LEED, o ângulo que a amostra faz com a direção na
zona de Brillouin que se deseja medir a dispersão e, a partir dessa informação,
rotacionar a amostra num instrumento do tipo goniômetro. Como esse procedimento
não demanda incidência de luz síncrotron, economiza-se até cerca de 1h do tempo
de feixe do usuário.
Por outro lado, o alinhamento do feixe de luz na amostra é importante porque
determina a intensidade e resolução do experimento de ARPES. Para isso, faz-se uso
de um laser posicionado na extremidade do analisador, mas que traz algumas
dificuldades e é facilmente desalinhado. Assim, pretende-se utilizar conjuntos ópticos
com câmera e lente para o monitoramento desse alinhamento.

Objetivo geral
O principal objetivo do meu trabalho no estágio foi auxiliar nas tarefas da SAPÊ
e contribuir para o desenvolvimento de projetos e demandas da linha.

Objetivos específicos
Mais diretamente, voltei minha atenção para três principais tarefas, a saber:
1. Desenvolvimento de um projeto de motorização de equipamentos da estação
experimental, principalmente os manipuladores de amostras;
2. Desenvolvimento de um projeto de mesa-goniômetro para alinhamento de
amostras, auxiliado pela técnica LEED;
3. Especificação de conjuntos ópticos (câmera e lente) para alinhamento do feixe
na amostra.

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Metodologia

Descrição das atividades


Antes do isolamento social, trabalhei junto com a técnica Lidiana na
manutenção de equipamentos da antiga PGM do UVX, em particular na estação de
ARPES. Dentre essas atividades, aponto: conserto do banho térmico e preenchimento
de gás refrigerante no compressor do Chiller; troca do capilar de quartzo na lâmpada
de He; manutenção da bomba iônica, flashes com a bomba NEG e baking; instalação
mecânica dos motores do Carving; testes com criogenia e instalação do Carving na
câmara principal do ARPES (junto com o técnico Horácio).
Em 15 de março, os estagiários foram dispensados do trabalho presencial. A
partir disso, desenvolvi as atividades em home office, a saber: projeto sobre
motorização e automação dos equipamentos da estação experimental de ARPES;
especificação de conjuntos ópticos (câmeras e lentes) para alinhamento de feixe na
amostra; preenchimento da planilha de controle do IEA dos sinais elétricos da linha;
elaboração do powerpoint de apresentação dos equipamentos; orçamento de mini
válvula gate para a câmara de preparação de amostras; organização dos manuais do
ARPES no Sharepoint do grupo SAPÊ; e projeto de mesa-goniômetro para
alinhamento de amostras.

Procedimentos gerais
A maioria das atividades em home office demandou pesquisa e reuniões.
Assim, mantive contato principalmente com os grupos ILL e IEA, com o Gustavo
Rodrigues, Daniel Modesto e Henrique Canova, para as tarefas de preenchimento da
planilha e intelecção sobre a motorização e automação. Além disso, entrei em contato
com fornecedores para fazer os orçamentos ou pedir alguns desenhos de
equipamentos.
O projeto de motorização exigiu o conhecimento dos eixos de movimentação
dos equipamentos, como o manipulador Carving, o manipulador da câmara de
preparação de amostras, as evaporadoras e o LEED. Também foi necessário
entender o funcionamento dos motores de passo e dos encoders e as principais
grandezas envolvidas na especificação desses componentes, além de alguns
conceitos de metrologia, como precisão, acurácia e repetibilidade. As principais
referências são os sites da Oriental Motors, Kalatec e Renishaw. A partir disso,
elaborei algumas apresentações em power point para organizar as ideias e as

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principais informações e apresenta-las aos grupos específicos que lidam com
automação e controle.
Para a especificação das câmeras e lentes, entrei em contato com o
Francesco Rossi, do IMM, que trabalha com diagnóstico de feixe e entende sobre
escolha de conjuntos ópticos e pude ter um direcionamento. Posteriormente,
pesquisei sobre os parâmetros envolvidos num sistema câmera + lente e, tendo
definido a nossa necessidade de distância de trabalho e resolução, pude pesquisar
alguns modelos comerciais e fazer a escolha, a partir de alguns cálculos realizados e
usando o simulador do site do fornecedor Edmund Optics. Também entrei em contato
com eles, relatei a nossa necessidade e eles indicaram um conjunto e mandaram o
orçamento. Foram especificados conjuntos para duas distâncias de trabalho: 20 cm e
1 m.
Para o projeto de mesa-goniômetro, foi necessário, primeiramente, entender a
aplicação e a necessidade do alinhamento, bem como o procedimento usando a
técnica LEED. Desenhei algumas peças para servirem de design conceitual e
esquematizei a metodologia do alinhamento usando a mesa. Adicionalmente, propus
uma outra ideia, adaptando uma régua angular digital para encaixe do porta-amostras,
a fim de melhorar a precisão na marcação do ângulo de giro. No mais, usei o Inventor
para fazer alguns esboços de peças.

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Resultados e discussão

Atividades gerais
Dentre as atividades realizadas presencialmente, fizemos testes isolados no
capilar de quartzo da lâmpada de He, utilizando a mesa óptica e medindo a
intensidade do laser. Quando girávamos o capilar, foi notada uma queda nessa
intensidade, o que indica que o capilar está torto. Já nos testes de intensidade do
monocromador, ao movimentar os cassetes também era notada essa queda e,
portanto, os cassetes também estão tortos.
Em relação ao Chiller, ele não estava refrigerando e, com isso, a lâmpada
superaquecia e desligava. Foi dada uma carga de gás refrigerante R134A, mas durou
apenas uma semana. Percebeu-se, então, que havia vazamento em uma válvula. O
equipamento foi mandado para manutenção externa, para trocar as válvulas.
Em relação aos testes de Criogenia no Carving, é intuito realiza-los uma outra
vez já no Sirius, a fim de fazer as curvas de resfriamento e aquecimento e calibração
da temperatura, com a descrição técnica do procedimento e resultados.
Das atividades de manutenção destaco o aprendizado relacionado a sistemas
de vácuo e criogenia, principalmente sobre componentes de vácuo: bombas,
medidores de pressão, manuseio, padronizações, segurança e descarte de peças.
A planilha de controle do IEA para a linha SAPÊ está no link abaixo. Ela foi
preenchida seguindo a apresentação dos componentes da linha que eu montei, cujo
link está também abaixo:
SAPE_Control.xlsx (sharepoint.com)
SAPE - COMPONENTES.pptx (sharepoint.com)
O próximo passo para o preenchimento é colocar todos os motores e
encoders, desde o front-end até a estação experimental. Além disso, é necessário
checar se os modelos e especificações dos equipamentos estão corretos,
acrescentando todos os componentes que demandam potência elétrica e
controladores. Como a linha ainda está em fase de projeto, novos equipamentos estão
sendo comprados e mudanças são feitas continuamente. Por isso, a planilha deverá
ser atualizada periodicamente, mantendo contato com o Gustavo Rodrigues e o
projetista da linha Daniel Modesto.
Da atividade de preenchimento da planilha de controle e da montagem da
apresentação, destaco o aprendizado em relação aos equipamentos e componentes
da linha SAPÊ, em que pude ter uma boa noção de como é o andamento do projeto
da linha, o funcionamento e propósito de alguns equipamentos e como está

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organizada a distribuição de tarefas entre os grupos do LNLS. Também pude aprender
a usar os softwares do Inventor e Vault.
Os manuais do ARPES foram organizados no Sharepoint do grupo SAPÊ no
link: Grupo SAPÊ - Manuals - Todos os Documentos (sharepoint.com)
Sugiro que todos os manuais de equipamentos, tanto do ARPES quanto do
sistema anexo sejam organizados em pastas dentro desse diretório “Manuals”, para
facilitar o acesso e evitar que algum documento se perca.

Motorização de equipamentos da estação experimental


No que se refere aos motores para os equipamentos da estação experimental,
eu fiz algumas especificações, principalmente para o manipulador Carving, o
manipulador da câmara de preparação e o LEED. Procurei modelos de motores de
passo da Kalatec e de encoders absolutos da Renishaw. As informações sobre os
eixos de movimentação e as ideias para motorização estão compiladas nos arquivos
da pasta abaixo:
Grupo SAPÊ - Motores - Todos os Documentos (sharepoint.com)
As informações sobre os eixos motorizados atuais do Carving estão dispostas
na Tabela 1 abaixo:
Tabela 1 – Informações sobre os motores atuais do Carving.
Range Precision Accuracy Motor
Motor X ± 25 mm 10 µm – NEMA 23*
Motor Y ± 25 mm 10 µm – NEMA 23*
Motor Z 0–500 mm 10 µm – NEMA 34**
Motor Polar ± 180° 0,05° – NEMA 34**
Motor Azimuth -90°–270° – ± 0,05° NEMA 23*
Motor Tilt ± 35° – ± 0,05° NEMA 23*
Fonte: Manual do Carving / Autor
* Schneider Electric / Holding torque: 1,5 Nm / Imáx = 3,5 A
** Schneider Electric / Holding torque: 6,0 Nm / Imáx = 5,0 A

O intuito é termos uma precisão e acurácia: 1 µm para eixos lineares e 0,01°


para eixos angulares. Foram especificados os seguintes motores e encoders (Tabela
2):

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Tabela 2 – Motores e encoders especificados.
Fabricante Motor Fabricante Encoder
Motor X Kalatec HT23-401 Renishaw Resolute RELA30
Motor Y Kalatec HT23-401 Renishaw Resolute RELA30
Motor Z Kalatec KML092F07 Renishaw Resolute RELA30
Motor Polar Kalatec KML092F07 Renishaw Resolute RESA30
Motor Azimuth Kalatec HT23-401 Renishaw Resolute RESA30
Motor Tilt Kalatec HT23-401 Renishaw Resolute RESA30
Fonte: Autor

Para o manipulador da câmara de preparação, os motores e encoders


especificados estão na Tabela 3:
Tabela 3 – Motores e encoders especificados.
Range Fabricante Motor Fabricante Encoder
Motor X ± 12,5 mm Kalatec HT23-401 Renishaw RELA30
Motor Y ± 12,5 mm Kalatec HT23-401 Renishaw RELA30
Motor Z 0–600 mm Kalatec KML092F07 Renishaw RELA30
Motor Polar ± 180° Kalatec KML092F07 Renishaw RESA30
Fonte: Autor

Em relação às evaporadoras e o LEED, a ideia é colocar um motor no shutter


e outro no z-shift. O shutter é aberto ou fechado e o z-shift é retraído ou extendido,
com comprimento de retração de 100 mm (tanto para as evaporadoras quanto para o
LEED).
No caso do LEED, entrei em contato com o fabricante Ocivm e eles informaram
qual seria a versão motorizada, nos links abaixo:
VF-106_rotatory_feedthrough (PDF)
VF-106_motorized_rotatory_feedthrough (PDF)
rotatory_feedthrough_catalog_Huntvac (site)

Outros equipamentos a serem motorizados são: as barras de transferência, os


carroceis e as câmaras de transferência e de introdução.
Os próximos passos para o desenvolvimento do projeto de motorização
desses equipamentos são: checar a demanda por torque e as informações pertinentes
sobre guia/fuso nos próprios equipamentos (no caso do Carving, que já tinha motores,
não é necessário); tendo essas informações, escolher os modelos de motores e
encoders; comprar; implementar no desenho dos equipamentos onde os encoders
serão fixados; instalar, fazer o cabeamento e a implementação no controlador; fazer

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a metrologia e os testes. Finalizado isso, será necessário fazer o projeto dos
interlocks, ou seja, a comunicação entre os eixos de movimentação de diferentes
equipamentos e os sensores (de vácuo, temperatura, etc.), a fim de garantir as
condições de operação dos sistemas e a segurança.
Os contatos principais são com o Gustavo Rodrigues, para a escolha dos
motores e encoders e com o Henrique Canova para a escolha de controladores.
Espera-se poder motorizar e automatizar esses equipamentos tão logo se
inicie o comissionamento da estação experimental. Até lá, os eixos de movimentação
podem ser manipulados manualmente, para fins de testes.
Acrescento o aprendizado em relação a motores de passo e encoders,
incluindo as especificidades técnicas dentro de um projeto de motorização e
automação, bem como alguns conceitos de metrologia e interlocks.

Especificação de conjuntos ópticos


Os dois conjuntos ópticos (câmeras e lentes) aqui especificados têm por
objetivo auxiliar o alinhamento do feixe de luz síncrotron incidente na amostra, dentro
da câmara principal de ARPES, assim que a linha de luz SAPÊ estiver operacional. O
ponto de luz é de, aproximadamente, 20 µm x 20 µm, podendo ser aumentado até
100 µm x 100 µm.
Uma das câmeras ficará posicionada numa janela óptica a uma distância da
amostra de, aproximadamente, 20 cm. Após a especificação de alguns modelos
comerciais, foi escolhida a câmera Basler Ace acA1300-75gm GigE Monochrome
Camera e a lente telecêntrica da TechSpec 220 mm WD CompactTL. Para esse
sistema, o tamanho de pixel esperado calculado é de 5 µm, ou seja, o ponto do feixe
teria uma resolução de 4 x 4 pixels.
As principais informações sobre este sistema (WD = 20 cm) estão dispostas
na Tabela 4 abaixo:
Tabela 4 – Parâmetros do sistema óptico especificado.
HFOV 6,4 mm
Tamanho de pixel esperado 5 µm
Resolução espacial do objeto 5 µm
PMAG 1X
Fonte: Edmund Optics / Autor

Para a outra câmera, a ideia é que ela substitua um laser posicionado no


analisador, estando a uma distância da amostra de, aproximadamente, 1 m. Devido

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ao fato de que o laser é facilmente desalinhado, essa câmera otimizaria o processo
de alinhamento. Após a especificação de alguns modelos comerciais, foi escolhida a
câmera Basler Ace acA3088-57um USB 3.0 Monochrome Camera e a lente de
distância focal fixa da TechSpec 100 mm C Series. Para esse sistema, o tamanho de
pixel esperado calculado é de 23,2 µm. Assim, sugere-se que o feixe seja aumentado
para, pelo menos, duas vezes esse valor, para a primeira visualização, enquanto que
a câmera a 20 cm dará mais detalhes. No mais, vale ressaltar que essa é uma
tentativa de otimização e, por isso, será necessário testar o conjunto dentro do prazo
de devolução, no caso de não ser bem sucedido.
Foram calculadas algumas grandezas para esse sistema (WD = 1 m) e os
resultados estão na Tabela 5 abaixo:
Tabela 5 – Parâmetros do sistema óptico especificado.
HFOV 71,6 mm
Tamanho do sensor 7,41 mm
Tamanho de pixel esperado 23,2 µm
Resolução espacial do objeto 23,3 µm
PMAG 0,103 X
Distância focal 103,5 mm
Fonte: Edmund Optics / Autor

No que se refere a especificação de conjuntos ópticos, as informações


coletadas estão dispostas no link abaixo, assim como os datasheets dos modelos:
Grupo SAPÊ - Câmeras - Todos os Documentos (sharepoint.com)
Os próximos passos são: comprar as câmeras e lentes, testar e, se for
necessário, devolver o conjunto (o que eu verifiquei com o fornecedor que é possível,
num prazo de 30 dias). Assim, sugiro que a compra seja numa data tal que já tenha
feixe na linha e consiga fazer os testes.
Os contatos principais são com o Francesco Rossi e o Gustavo Rodrigues.
O orçamento da mini válvula gate e da câmera e lente estão no link abaixo:
Grupo SAPÊ - Outros - Todos os Documentos (sharepoint.com)

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Projeto de mesa-goniômetro
O objetivo da mesa-goniômetro é fazer o alinhamento de amostras após obter
indiretamente o ângulo de rotação na figura de LEED.
O porta-amostras (Figura 1) consiste numa base tipo flag, com uma usinagem
circular no centro onde é encaixado um disco de cobre, por cima do qual é colada ou
fixada a amostra. O disco de cobre é fixado com parafusos e contém dois riscos
marcados em formato de cruz simétrica, com a intersecção cruzando o centro. Um
dos riscos é alinhado à "orelha" da base tipo flag, de forma a servir de referência para
o ângulo de alinhamento.

Figura 1 – Esboço do porta-amostras tipo flag.

Fonte: Autor

A mesa para alinhamento (Figura 2) consiste num goniômetro (instrumento


que mede posição angular e permite que um objeto seja girado com precisão) circular,
com um transferidor com marcações de 1º de precisão, e que contém uma usinagem
no centro com a área do porta-amostras, onde ele é instalado.

Figura 2 – Esboço da mesa goniômetro.

Fonte: Autor

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Uma haste metálica fina liga o porta-amostras ao goniômetro e indica o ângulo
necessário para girar a placa de cobre. A haste é fixada à mesa por um conjunto de
peças rosqueadas, podendo ser removida ou afrouxada. O conjunto encaixa no vão
da mesa de tal maneira que possui liberdade para mover-se em torno dela. A haste
tem um comprimento que vai desde o marcador até a circunferência da região onde
é posicionado o disco de cobre.
O procedimento para o alinhamento na mesa está esquematizado na Figura 3
e consiste nas seguintes etapas:
1. Retirar ou afrouxar a haste para conseguir encaixar o porta-amostras;
2. Com uma pinça, posicionar o porta-amostras no espaço adequado no centro
da mesa, de tal maneira que a haste metálica fique por cima da "orelha" da
base tipo flag e colinear com o risco do disco de cobre, na posição 0º;
3. Retirar, com cuidado, os parafusos de fixação do disco de cobre à base do
porta-amostras, mantendo a peça posicionada e rotacionar a haste metálica
até a posição do ângulo de giro necessário observado na imagem do LEED;
4. Girar o disco de cobre, sem mexer na base do porta-amostras, de tal maneira
que o risco fique novamente colinear com a haste metálica, na nova posição
angular desejada;
5. Fixar o disco com os parafusos;
6. Com uma pinça, retirar o porta-amostras da mesa.

Figura 3 – Esquema do procedimento de alinhamento usando a mesa-goniômetro.

Fonte: Autor

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Um esboço mais representativo está na Figura 4. Para que a haste não fique
muito comprida, a mesa foi projetada para ter um diâmetro em torno de 15 cm,
podendo comportar um transferidor comercial padrão. As dimensões do porta-
amostras são de, aproximadamente, 2 cm, o que justifica a necessidade de manipulá-
lo com uma pinça.

Figura 4 – Esboço do projeto da mesa-goniômetro. As dimensões aproximadas do porta-


amostras estão representadas. O diâmetro da mesa é de 15 cm.

Fonte: Autor

Fiz alguns desenhos no Autodesk Inventor para ilustrar melhor a ideia. A base
da mesa-goniômetro tem altura adequada para que o vão de coroa circular tenha a
profundidade suficiente para comportar a peça móvel sobre a qual a haste é fixada. A
profundidade da área onde o porta-amostras é fixado é igual à sua espessura: 1 mm.
O transferidor é colado por cima da base, de forma que coincida com a circunferência
externa da mesma. O desenho 3D está representado na Figura 5. A base pode ser
fabricada com um polímero resistente por manufatura aditiva numa impressora 3D ou
outro processo conveniente. É intuito que isso seja feito na oficina do LNLS.
A haste metálica é fixada à base por um conjunto de peças representadas na
Figura 6. A base do pino tem a forma exata para encaixar no vão, sem deixar que o
conjunto balance, porém tem liberdade para movimentar-se dentro dele. A rosca, o
conector e a arruela permitem afrouxar ou desencaixar a haste da mesa, facilitando a

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fixação do porta-amostras, bem como apertar a haste para que ela fique estática. Isso
permite fixá-la no ângulo de que precisar.

Figura 5 – (a) Desenho 3D da base da mesa-goniômetro. O vão circular é onde encaixa a


peça móvel na qual a haste é fixada. (b) O transferidor é colado e coincide com a
circunferência da base.

Fonte: Autor

Figura 6 – Desenho 3D esquemático das peças de encaixe da haste. O pino abaixo possui
uma base que se move dentro do vão da base da mesa. A rosca permite afrouxar ou retirar
haste.

Fonte: Autor

Vale destacar que existem, pelo menos, duas fontes de imprecisão no


alinhamento com a mesa: a primeira é o erro de paralaxe ao rotacionar a haste
metálica até a marca do ângulo de giro requerido; a segunda é o erro de paralaxe ao
girar a chapa de cobre e alinhá-la com a marca na haste. Por esse motivo, é melhor
que a marca na extremidade da haste que alinha com o transferidor seja da mesma

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cor e espessura que a marcação nesse e a que alinha com o risco na chapa de cobre
siga o mesmo critério. No entanto, acredita-se que tais erros não sejam decisivos para
inviabilizar o alinhamento.

Projeto de régua angular digital adaptada


Alternativamente ao projeto da mesa, desenvolveu-se uma ideia para adaptar
uma régua angular digital comercial ao mesmo problema de alinhamento de amostras.
A vantagem, nesse caso, seria uma melhor resolução (de 0,1º), assim como a
eliminação do erro de paralaxe na demarcação do ângulo de giro, uma vez que ele
seria dado pelo mostrador digital da régua. A Figura 7 mostra como seria feito o
alinhamento usando essa régua: após fixar o porta-amostras com o risco da chapa de
cobre alinhado à "orelha", bastaria girar a régua móvel do ângulo desejado e realinhar
a chapa de cobre com o eixo da régua girada.

Figura 7 – Esquema do alinhamento usando a régua digital. (a) risco da chapa de cobre
alinhado com a régua fixa; (b) risco da chapa de cobre alinhado com a régua móvel girada.

Fonte: Autor

Observando o funcionamento de uma régua angular digital comercial, verifica-


se que ela possui um botão que gira junto com a régua móvel e é usado para fixá-la
numa posição quando se atinge o ângulo que se quer medir. A ideia do projeto é retirar
esse botão para colar uma peça fabricada com a área destinada ao porta-amostras,
de forma que ela fique estática na régua fixa. O esquema dessa adaptação está
representado na Figura 8.
No entanto, para que se tenha uma boa referência para o alinhamento do risco
da chapa de cobre com o eixo da régua móvel, é necessária uma haste, com altura
em relação à régua suficiente para alcançar o porta-amostras e com o comprimento
adequado para encostar na circunferência da chapa de cobre. Essa haste, porém, não
pode ser fixa à régua móvel, uma vez que essa fica em baixo da régua fixa. Assim, a

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haste deverá ser posicionada quando a régua móvel já estiver girada. A representação
disso está na Figura 9.

Figura 8 – Esquema para adaptar a régua com uma peça suporte do porta-amostras.

Fonte: Autor

Figura 9 – Esquema para adaptar a régua com uma haste de encaixe.

Fonte: Autor

Uma vez que a régua móvel fica embaixo da régua fixa, duas soluções são
possíveis para a adaptação da haste: (a) uma haste removível, que deverá ser
posicionada apenas quando a régua móvel já estiver girada. Para tal, pode-se fazer
uma usinagem na régua móvel, como um furo ou um vão quadrado, com as medidas
da base da haste, de maneira a encaixá-la; ou (b) uma haste fixa. Para tal, pode-se
recortar na régua fixa um pedaço retangular aberto num lado, com a largura da base
da haste, para servir de entrada para a haste. Essa segunda ideia possui a vantagem
de prevenir que a haste seja perdida.

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Conclusão

Foi possível adiantar algumas tarefas essenciais no projeto da linha, como o


preenchimento da planilha de controle e a apresentação dos componentes. As tarefas
sobre a motorização dos equipamentos da estação experimental, embora não
concluídas, foram importantes para gerar ideias e discussões pertinentes. Ainda
assim, acredito que as especificações que realizei e a organização escrita das
informações sobre os equipamentos e das necessidades de motorização podem
adiantar bastante o prosseguimento futuro.
Foi possível abranger os principais aspectos do projeto da mesa-goniômetro,
no que se refere ao design conceitual das peças e de sua montagem, além da
metodologia de alinhamento de amostras usando a mesa e, alternativamente, a régua
angular digital adaptada. Espera-se, assim, que os desenhos sirvam de modelo para
o grupo de projetistas de peças do LNLS e deem as ideias iniciais da fabricação. Como
etapa posterior, pretende-se desenvolver um software para gerar um sistema de
medida angular por cima da imagem de LEED, a fim de encontrar o ângulo necessário
para o alinhamento com a mesa-goniômetro.
Além disso, acredita-se que os modelos de câmeras e lentes especificados
correspondam com a necessidade de visualização do feixe de luz síncrotron incidente
na amostra, nas distâncias de trabalho de 1 m, para inspeção, com baixa resolução,
e de 20 cm, para diagnóstico e alinhamento, com melhor resolução.
Vale mencionar que com a pandemia e o isolamento social, muito do que foi
planejado para eu realizar não pode ser feito e, por algumas vezes, foi necessário
mudar os planos inesperadamente. As indefinições e a impossibilidade de contato
com a instrumentação da linha foram fatores limitantes para o andamento de algumas
tarefas.
No mais, as atividades desenvolvidas ao longo do ano foram de grande
aprendizado prático, teórico e técnico. Adquiri boa noção sobre os trabalhos dos
grupos do LNLS em torno do projeto das linhas de luz do Sirius, principalmente da
linha SAPÊ. As palestras e eventos online proporcionaram um bom contato com as
diferentes áreas de pesquisa que usufruem da luz sincrotron. Mesmo com apenas um
mês e meio de contato presencial, pude imergir no ambiente acolhedor e cooperativo
do centro, conhecer excelentes pesquisadores, profissionais dedicados e pessoas
dispostas a ensinar e aprender. Fui também contagiado pela essência do CNPEM e
torço para que cresça e contribua cada vez mais para a ciência do país.

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Referências

[1] CNPEM. Relatório Plurianual 2010-2020. Campinas, 2020.

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