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Sander Bryan Felicio da Cruz Brito

Inversor Monofásico
Relatório de Estudo, Simulação e Planejamento

Rio Branco
Agosto de 2017
Sander Bryan Felicio da Cruz Brito

Inversor Monofásico
Relatório de Estudo, Simulação e Planejamento

Relatório de estudo, simulação e planeja-


mento do projeto de um inversor monofásico,
apresentado ao Prof. Dr. Diodomiro Baldo-
mero Luque Carcasi, como avaliação opcional
da Disicplina de Eletrônica de Potência.

Universidade Federal do Acre – Ufac


Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas
Curso de Bacharelado em Engenharia Elétrica

Rio Branco
Agosto de 2017
Resumo
Este trabalho tem por finalidade apresentar o projeto de estudo bibliográfico, design,
simulação e construção de um inversor monofásico. Para tal fim, são utilizados o ambiente
de simulação Simulink–MatLab, a fim de averiguar os parâmetros e funcionamento geral
do dispositivo, e da plataforma Arduino, tendo em vista a modulação de sinal de entrada.
O projeto, como um todo, tem o intuito de desenvolver de modo mais eficaz o aprendizado
discente, servindo como ferramenta de avaliação adicional. Desse modo, pretende-se reduzir
os gastos com reaproveitamento de material, para que se cumpra o papel estritamente
acadêmico sem dispensa exagerada de recursos. Num primeiro momento, foi apresentada
uma pesquisa bibliografica, adicionada no presente relatório aos resultados de simulação.
Numa próxima etapa será apresentado o protótipo físico a qual se refere o trabalho.

Palavras-chaves: Eletrônica de Potência. Projeto Acadêmico. Inversor Monofásico.


Sumário

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1 Inversor em Ponte Completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2 Parâmetros de Performance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Modulação por Largura de Pulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4 Tratamento de Harmônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2 ANÁLISE DE SIMULAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1 Sobre a Ferramenta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2 Operação do Inversor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3 Medidas e Performance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

3 ESTUDO DE PROJETO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.1 Dispositivo de Chaveamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Componentes de Circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3 Mecanismo de Modulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.4 Viabilidade de Controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.5 Projeto de Filtro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

4 CONCLUSÕES PARCIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4

Introdução

Muitos são os dispositivos e aplicações cujo design se tornou possível através da


Eletrônica de Potência - ramo da Engenharia Elétrica que mescla Sistemas de Controle,
Potência e Eletrônica. Um deles, alvo de estudo deste trabalho, é o Conversor CC-CA,
também conhecido como inversor. (RASHID, 2014)
Projetado para realizar a conversão de corrente contínua em corrente alternada,
este dispositivo pode apresentar saída variável, conforme a alteração da entrada ou através
do uso da modulação por largura de pulso (PWM do inglês, pulse with modulation).
Além disso, é constante a preocupação com a qualidade do sinal de saída, devido a
injeção de componentes harmônicas, cada vez mais minimizadas com o uso de dispositivos
semicondutores eficientes, e as devidas técnicas de operação. (RASHID, 2014)
Quanto às aplicações, muitas são as áreas e modalidades de uso. No entanto,
visando a objetividade deste trabalho, focar-se-á naquelas que se aproximam do trabalho
desejado. Num primeiro momento, imerso numa das áreas mais relevante na atualidade
dentro da Engenharia Elétrica, o trabado de Kshirsagar, Chavan e Chavan (2015) traz um
estudo de design e simulação de um inversor monofásico sem transformador e sem bateria
para uma única fase, tendo em vista a aplicação em geradores fotovoltaicos em aplicações
domésticas, destacando-se, portanto, a preocupação com a geração de energia renovável e
as smart grids. Além disso, os autores utilizaram o MATLAB/SIMULINK para simulação
do modelo proposto em varios blocos, dos quais vale a pena destacar o inversor, o gerador
PWM e o filtro (que serão implementados). (KSHIRSAGAR; CHAVAN; CHAVAN, 2015)
Voltado para um aspecto diferente, em especial o de controle, há trabalhos com
o uso da plataforma de prototipagem Arduino junto ao software MATLAB, como é o
caso de Zulkifli, Hussin e Saad (2014). Apesar de tratar-se do projeto de um inversor
trifásico, ele será o principal guia para o desenvolvimento deste projeto de inversor
monofásico, em especial no aspecto prático de simulação e execução. Utilizando a função
de gerador de PWM do Arduino, os autores cobinaram nesta poderosa ferramenta também
uma realimentação, considerando a leitura da corrente de saída e, com base nela, o
remanejamento do nível de modulação do inversor. Desse modo, tem-se uma saída variável
mais eficiente, conforme a requisição da carga. (ZULKIFLI; HUSSIN; SAAD, 2014)
Além disso, tem-se o extenso trabalho de orientação de Barbi (2008), que consiste
numa compilação de projetos de inversores. Por ser um trabalho de graduação em português,
é extremamente eficaz como guia básico dos aspectos teóricos e metodológicos para
desenvolvimento das especificidades do atual projeto. Por exemplo, tem-se sua abordagem
teórica do modelo de circuito e o projeto de filtro LC, muito útil na prática.
Introdução 5

Tem-se também a obra compacta, mas muito clara e objetiva, de AHMED (2000).
Nela, são abordados os diversos conceitos e dispositivos de Eletrônica de Potência de uma
maneira simples, de modo a facilitar a compreensão de determinados pontos mais que em
outros autores.
Outro trabalho importante é o de Rashid (2014). Em verdade este copioso volume é
um grande guia para estudo da Eletrônica de Potência, destacando tanto aspectos teóricos
quanto práticos, numa compilação volumosa das mais diversas aplicações e distisitivos da
área. Para o caso do curso no qual todo este trabalho se situa, tal volume é tido como
referencial para estudo.
Mais um trabalho a considerar é o de Doucet, Eggleston e Shaw (2007), que trata-se
um artigo sobre inversores de ondas puramente senoidais, cuja abordagem de modulação e
chaveamento se mostraram profundamene eficazes para utilização neste projeto. Vê-se,
em primeiro ponto, a aplicação de dispositivos Mosfet e seus drivers, bem como o uso de
osciladores com amplificadores operacionais, filtros e modulação por largura de pulso.
Por fim, e não menos importante, desponta o trabalho de Hart (2011), bastante
prático e sem deixar de lado uma concisa abordagem teórica. Apesar de não ser um volume
muito popular, ele tem se mostrado uma ferramenta essencial para um estudo rigoroso e
coerente dos circuitos da Eletrônica de Potência.
Quanto à motivação deste trabalho, é importante considerar a aliança entre os
estudos teóricos com a atividade prática como um mecanismo ímpar para aprimorar o
processo de estudo e conhecimento – sobretudo na área da Engenharia. Inserindo esse
caráter numa disciplina teórica que requer tais conhecimentos, a atividade prática de
projeto há de colaborar com o desenvolvimento acadêmico do discente.
Portanto, este trabalho tem como finalidade projetar um inversor monofásico,
partindo do estudo bibliográfico que foi revisado e está apresentado neste relatório. Seguir-
se-ão, em etapas póstumas, a devida simulação dos processos e construção do protótipo.
Serão utilizados como recursos fundamentais na execução do projeto o software MATLAB-
SIMULINK aliado à plataforma Arduino, tendo como meta o uso de componentes dispo-
níveis na sucata eletrônica de um dos laboratórios do curso, reaproveitando material e
evitando custos desnecessários.
6

1 Fundamentos Teóricos

Antes de iniciar qualquer projeto, é preciso fazer uma avaliação teórica no intuito de
fundamentar todo o desenvolvimento. Portanto, nas seções seguintes serão apresentados os
princípios de funcionamento do inversor que se deseja construir, bem como suas principais
características. Além disso, serão apresentados os parâmetros de performance para estudar
a qualidade e o desempenho de tal dispositivo, bem como o embasamento da modulação
almejada e do tratamento de harmônicas.

1.1 Inversor em Ponte Completa


Em termos gerais, a operação de um inversor consiste no uso de dispositivos
com disparo ou bloqueio controlados - como transistores e tiristores - através de sinais
modulados (como o clássico PWM). Estes mecanismos podem ser arranjados de diversas
maneiras para alcançar o fim desejado. (RASHID, 2014)
São basicamente duas as possíveis configurações para design de um inversor: em
meia ponte ou em ponte completa. Devido ao fato de a primeira ter limitação em aplicações
de elevada potência pelo reduzido número de transistores, é preferível o uso do segundo
tipo. (AHMED, 2000)

Figura 1 – Inversor em Ponte Completa.

Esta modalidade de inversor - em ponte completa - pode ser conferida na Figura 1(a).
Tem-se quatro transistores operando com quatro diodos. Quando Q1 e Q2 são ligados
simultaneamente, os diodos D1 e D2 se polarizam diretamente e a carga recebe toda a
tensão Vs . Quando, porém, operam os transistores Q3 e Q4 , os diodos D3 e D4 entram em
condução e a carga recebe a tensão invertida −Vs . Deve-se tomar o mesmo cuidado que o
caso anterior para não ocasionar um curto-circuito na fonte. (RASHID, 2014)
Capítulo 1. Fundamentos Teóricos 7

A Figura 1(b) apresenta a forma de onda da tensão na carga. Vale notar que no
circuito em ponte completa o valor pico da tensão alternada na carga equivale ao valor da
tensão CC total da fonte. Além disso, para uma carga altamente indutiva, a corrente se
comporta como mostra na Figura 1(c). (RASHID, 2014)
Este modelo de inversor em ponte pompleta pode ser tomado de modo simplificado,
generalizando o mecanismo de chaveamento, e considerando a fonte de tensão contínua
como única. isto pode ser observado na Figura 2.

Figura 2 – Modelo simplificado de Inversor em Ponte Completa.

Ao contrário da configuração em meia ponte, o circuito inversor em ponte completa


é adequado para potências elevadas (a partir de 1kVA), devido aos "baixos esforços de
tensão e corrente nos interruptores". (BARBI, 2008)
Avaliando esta nova estrutura, a tensão eficaz na saída é maior que no caso anterior,
dado o nível de tensão que é disponibilizado à carga ser diferente. Esse valor é dado pela
Equação 1.1.

v
u T
u 2 Z 20 2
Vo = t
Vs dt = Vs (1.1)
T0 0

Quanto à tensão de saída instantânea, sob a mesma análise de Fourier, será conforme
a Equação 1.2.


X 4Vs
vo = sen((2n + 1)ωt) (1.2)
n=0 (2n + 1)π

Dese modo, a corrente intantânea de saída numa carga RL será conforme 1.3.


X 4Vs
vo = q sen((2n + 1)ωt − θn ) (1.3)
n=0 (2n + 1)π R2 + (nωL)2
Capítulo 1. Fundamentos Teóricos 8

1.2 Parâmetros de Performance


Muito úteis para classificar o desempenho dos dispositivos, os parâmetros de
performance acompanham o estudo da Eletrônica de Potência desde os simples retificadores
até os mais elaborados conversores. Para melhor analisar os dois tipos de circuitos inversores,
primeiro serão analisados os parâmetros associados. (RASHID, 2014)
Uma forma prática de determinar o procedimento de performance é através das
Séries de Fourier, conforme é apresentado por Hart (2011). Nesse sentido, a Equação 1.4
apresenta a séria para a tensão de saída, enquanto a Equação 1.5 apresenta a corrente de
saída.


X
vo (t) = Vn sen(nωt) (1.4)
n=1


X
io (t) = In sen(nωt + φn ) (1.5)
n=1

Onde:

4Vcc
Vn = (1.6)

E:

Vn
In = (1.7)
|R + jωnL|
Nessa circunstância, o valor eficaz da corrente pode ser calculado como:

v
u∞
uX
Irms = t I2 nrms (1.8)
n=1

Como já foi apresentado, a tensão na entrada do inversor é contínua, ao passo


que na saída é alternada – que deveria ser, em tese, senoidal (mas não o é devido às
harmônicas). (RASHID, 2014)
Desse modo, sendo Vo e Io a tensão e a corrente sobre a carga, respectivamente, a
potência na saída será conforme a Equação 1.9.

Pca = Vo Io cos θ (1.9)

Por outro lado, considerando Vcc a tensão média de entrada e Icc a corrente média, a
potência de entrada no inversor será dada pela Equação 1.10 – que é possível simplesmente
pelo fato de a tensão de entrada ser contínua. (HART, 2011)
Capítulo 1. Fundamentos Teóricos 9

Pcc = Vcc Icc (1.10)

Dado que o objetivo do inversor é utilizar uma fonte de tensão contínua para
alimentar uma carga qeu requer tensão alternada, é útil descrever a qualidade desta saída
alternada. A forma clássica de fazer esta mensura é através da Distorção Harmônica Total
(DHT), conforme se apresenta na Equação 1.11, para a tensão de saída. (HART, 2011)

qP q
∞ 2 2 −V2
n=2 Vnrms Vrms 1rms
DHT = = (1.11)
V1rms V1rms
A partir destas equações de análise é possível partir para uma análise quantitativa
prévia.
Verificando o valor eficaz da tensão de saída num circuito em ponte completa, com
o auxílio da Equação 1.2, vê-se que:

4Vcc
Vo1 = √ (1.12)

Analisando a tensão harmônica a partir neste circuito, tem-se:

v v
u∞ u !2
uX q u 4Vcc
Vh = t V2 on = V02 − Vo12 = Vcc − √
t 2
≈ 0, 4352 Vcc (1.13)
n=2 2π

De modo que a distorção harmônica total será:

0, 4352 Vcc
DHTponte = ≈ 48, 34% (1.14)
Vo1

1.3 Modulação por Largura de Pulso


Para realizar o controle da tensão através dos comandos de acionamento dos
transistores, é necessário um sistema de controle que gere sinal nas bases destes dispositivos.
Para tal fim, são utilizados sistemas de modulação - em especial o PWM, mais eficiente
no controle do ganho. (RASHID, 2014)
Existem mais de um tipo de PWM, e sua aplicação varia conforme a necessidade
e o dispositivo de controle disponível. Porém, este relatório ater-se-á ao mecanismo que
se enquadra nas proposições da aplicação. Neste caso, a modulação por largura de pulso
único, a forma clássica de modulação, advinda da variação da largura de um único pulso, a
cada semiciclo, controlando assim a saída alternada conforme a frequência de operação. Seu
esquema pode ser visto na Figura 3. Esse sistema pode ser alterado conforme o dispositivo
que realiza a modulação. (AHMED, 2000)
Capítulo 1. Fundamentos Teóricos 10

Figura 3 – Modulação por largura de pulso único

Vale ressaltar que a modulação é de suma importância em processos de controle,


sobretudo quando o sinal que contém a informação é por demais complexo para realizar tal
serviço. Assim, seu conteúdo é simplificado variando uma característica da onda portadora
- no caso, a largura de seu pulso - variando sinais analógicos por meios discretizados.
(HAYKIN; MOHER, 2008)

1.4 Tratamento de Harmônicas


Considerando os processos de modulação, de acordo com a variação dos pulsos
a tensão de saída dos inversores pode ser alterada. Essa tensão contém componentes
harmônicas que são responsáveis por efeitos como o torque harmônico, aquecimento em
motores, interferências e oscilações. (RASHID, 2014)
Um mecanismo simples de tratamento de harmônicas é o deslocmaento de fase.
Por exemplo, sabendo que cos (nα) = 0 ocorre quando α = 90 ◦ /n, é possível eliminar a
n-ésima harmônica com um ângulo de deslocamento α apropriado. (RASHID, 2014)
Outro mecanismo, utilizado para eliminar pares de harmônicas em inversores
monofásicos, é a introdução de de entalhes na tensão. (RASHID, 2014)
Um exemplo deste caso é mostrado na Figura 4. Sua série de Fourier é dada por:


X
vo = Bn sen(nωt − θn ) (1.15)
n=0

Onde:

4 Vs 1 − 2 cos nα1 + 2 cos nα2


Bn = (1.16)
π n
Capítulo 1. Fundamentos Teóricos 11

Figura 4 – Tensão de saída com dois entalhes bipolares por meia onda

Tal que αn são os entalhes, e podem ser ampliados em amior número. Dependendo
das harmônicas que se deseja eliminiar, subestitui-se o respectivo índice de n equivalente,
igualando os coeficientes Bn a zero, e encontrando o ângulo de entalhe correspondente.
(RASHID, 2014)
Vale ressaltar que estas técnicas de eliminação são adequadas somente para dispo-
sitivos com tensão fixa na saída, de modo a aumentar a ordem das harmônicas e reduzir o
tamanho dos filtros. (RASHID, 2014)
12

2 Análise de Simulação

Estando consolidado o conhecimento teórico necessário, bem como a pesquisa


bibliográfica que o determinou, parte-se para a simulação de projeto, de modo que seja
possível – sem necessariamente construir o protótipo e gerar mais gastos – testar o
funcionamento do dispositivo, contornando erros grosseiros e aprimorando o nível de
conhecimento prático relacionado. Este capítulo, portanto, haverá de delinear estes aspectos
de modo claro e conciso.

2.1 Sobre a Ferramenta


Tendo em vista a necessidade de design com verificação prévia e corte de gastos,
é preciso escolher uma ferramente de simulação adequada para tal fim. Neste caso, a
ferramenta tomada para uso foi o SIMULINK-MATLAB, ambiente de simulação amplo e
extremamente eficiente em avaliar diversos parâmetros importantes para o projeto.
A ferramenta inicialmente conta com um ambiente de trabalho, onde podem ser
montados os circuitos, definidos os padrões e as características dos elementos – os quais
mesclam áreas diversas, como Eletrônica, Circuito Elétricos e Controle de Sistemas. Para
inserir os componentes necessários, existe uma biblioteca, numa janela acessória, onde
estão disponíveis os componentes conforme a área de trabalho. A Figura 5 apresenta o
ambiente de trabalho do Simulink e sua biblioteca de componentes.

Figura 5 – Ambiente de trabalho do Simulink e Simulink Library Browser


Capítulo 2. Análise de Simulação 13

2.2 Operação do Inversor


Foi então montado, conforme a teoria prévia, um circuito inversor, tal como se
mostra na Figura 6.

Figura 6 – Inversor montado no Simulink

Neste modelo, foi selecionada uma fonte de tensão contínua de VCC = 25V , e uma
carga RLC com R = 10Ω, L = 1mH e C = 1µF . Para chaveamento, foi escolhido o
dispositivo Mosfet – decorrente da aquisição física do mesmo, que possibilitará construção
futura. Para gerar o sinal de PWM, foram escolhidos dois geradores de pulso, com amplitude
10, período T = 16.667ms (equivalente a uma frequência de 60Hz, como a da rede de
energia elétrica), modulado para ter nível alto em 50% do período. Para que não houvesse
problemas no chaveamento, os Mosfets 1 e 2 são modulados com o pulso 1, e os outros
dois com o pulso 2, com um atraso de 8.333ms (metade do período) entre si, de modo que
o pulso alto de um não coincida com o do outro – o que provocaria um curto na carga.
A Figura 7 apresenta os pulsos modulados que acionam os Mosfets.

Figura 7 – Pulsos Modulados


Capítulo 2. Análise de Simulação 14

Para as condições dadas acima, a tensão na saída é dada conforme a Figura 8.


Observe que o sinal é alternado simétrico (uma onda quadrada), com amplitude de
aproximadamente 1.5V.

Figura 8 – Tensão de Saída

Em tais condições, com carga RLC, a corrente na saída é conforme a Figura 9. Vale
notar a influência transitória de carga do indutor no primeiro ciclo, e a descarga devida ao
capacitor a cada ciclo de onda.

Figura 9 – Corrente de Saída no Inversor para carga RLC

Alterando as condições de carga, somente a corrente é alterada de modo significativo


– enquanto a tensão se mantém consideravelmente na mesma forma. Para analisar esta
situação, tomamos uma carga RL conforme as mesmas medidas anteriores. Neste caso, a
corrente de saída é dada pela Figura 10.
No caso da carga ser altamente indutiva – como se fosse uma carga L –, temos o
resultado de corrente apresentado pela Figura 11. A priori, pode parecer que não há muita
diferença, o que deve ser analisado cuidadosamente.
Capítulo 2. Análise de Simulação 15

Figura 10 – Corrente de Saída no Inversor para carga RL

Figura 11 – Corrente de Saída no Inversor para carga altamente indutiva

Caso a carga seja puramente resistiva, o resultado para a corrente é dado conforme
a Figura 12. Note que neste caso a forma de onda da corrente segue a forma da tensão.
Desse modo, ao comparar a presença do indutor, vemos que a alteração da presença do
indutor é a suavização das extremidades, o que está profundamente associado à redução
das harmônicas.

Figura 12 – Corrente de Saída no Inversor para carga R


Capítulo 2. Análise de Simulação 16

2.3 Medidas e Performance


Como pode ser visto na Figura 6, foram inseridos dispositivos de mensura para
averiguar os valores das tensões e correntes na entrada e na saída do sistema. Para
melhor descrever essas grandezas mensuradas, foi criado um bloco no Simulink chamado
Performance Parameters, mostrado na Figura 13.

Figura 13 – Bloco de Medição dos Parâmetros de Performance

O interior é mostrado na Figura 14. Nela, vê-se a disposição de entradas e saídas, e


os blocos intermediários de tratamento de dados. Todos os blocos que exigiam determinação
da frequência do sinais foram padronizados em 60Hz, conforme o sinal de modulação na
entrada. Em geral, foram utilizados os blocos de mensura eficaz (RMS), média (mean),
produto, divisão, Taxa de Distorção harmônica (THD) e outro bloco desenvolvido.

Figura 14 – Interior do Bloco de Medição dos Parâmetros de Performance

A partir dos elementos de entrada medidos no circuito, vem, como resultado, os


valores de tensão e corrente eficaz, potência média e eficaz, eficiência, fator de potência e
distorção harmônica total. Vale ressaltar que o bloco de mensura do fator de potência foi
projetado conforme se mostra na Figura 15.
Capítulo 2. Análise de Simulação 17

Figura 15 – Interior do Bloco de Medição do Fator de Potência

Rodando a simulação (seguindo o padrão para carga RLC descrito anteriormente),


são encontrados os resultados mostrados na Tabela 1. Para Carga RL, temos a Tabela 2.
As Tabelas 3 e 4 apresentam as mesmas mensuras para cargas L e R, respectivamente.

Tabela 1 – Parâmetros de Performance para carga RLC

Parâmetro de Performance Valor Mensurado


Tensão RMS 1.190 V
Corrente RMS 17.970 mA
Potência Média 0.331 mW
Potência Aparente 21.4 mW
Eficiência 1.5%
Fator de Potência 0
THD 48.34%

Da análise destas tabelas, vale a pena ressaltar que a característica capacitiva


na carga – presente na Tabela 1 – afeta consideravelmente a eficiência e o fator de
potência do dispositivo, devido ao fato de afetar diretamente o valor eficaz da corrente,
e, consequentemente da potência média e da potência aparente. Iso está em consonância
com o comportamente da corrente avaliado anteriormente, e mostrado na Figura 9.

Tabela 2 – Parâmetros de Performance para carga RL

Parâmetro de Performance Valor Mensurado


Tensão RMS 1.182 V
Corrente RMS 1.030 A
Potência Média 1.060 W
Potência Aparente 1.218 W
Eficiência 87.06%
Fator de Potência 0.8129
THD 48.62%

Já com carga RL, mostrado na Tabela 2, os valores de tensão e corrente são


estabilizados – especialemnte o valor de corrente, que é o que mais se altera com a variação
Capítulo 2. Análise de Simulação 18

de carga (e pôde ser visto na Figura 10). Aqui a eficiência cresce consideravelmente, bem
como o fator de potência.

Tabela 3 – Parâmetros de Performance para carga L

Parâmetro de Performance Valor Mensurado


Tensão RMS 1.190 V
Corrente RMS 3.283 A
Potência Média 4.498 mW
Potência Aparente 3.906 W
Eficiência 0.12%
Fator de Potência 0
THD 48.36%

Quando a carga é altamente indutiva – tal com se apresenta na Tabela 3, e cuja


corrente se mostra na Figura 3 – o padrão de eficiência e fator de potência decaem tal
como na carga RLC. Porém aqui a circunstância é outra: como sobre o indutor os valores
médios de tensão e corrente – e por conseguinte potência – são nulos, ao relacionarmos
grandezas médias com as eficazes (como se faz para calcular eficiência e fator de potência),
tais mensuras se tornam nulas (ou próximo disso).

Tabela 4 – Parâmetros de Performance para carga R

Parâmetro de Performance Valor Mensurado


Tensão RMS 1.179 V
Corrente RMS 1.179 A
Potência Média 1.391 W
Potência Aparente 1.391 W
Eficiência 100%
Fator de Potência 0.8106
THD 48.34%

Já as cargas puramente resistivas apresentam um comportamento muito mais


ideal – conforme se apresenta na Tabela 4, tendo como corrente a onda da Figura 12.
Porém, mesmo que sua eficiência seja de 100% (já que a potência de entrada e a de saída
coincidem), o fator de potência não o é (mas ainda assim é consideravelmente elevado).
Vale ainda ressaltar que, em todos os casos, o valor da Distorção Harmônica Total
foi muito próxima, e conforme o que se apresentou na Equação 1.14, confirmando de modo
geral a validade do estudo feito previamente acerca deste parâmetro tão importante na
análise de dispositivos inversores.
19

3 Estudo de Projeto

Toda a prévia pesquisa bibliográfica e simulação foram realizadas tendo em vista


a construção de um inversor real, com fins acadêmicos de aprendizado. Esta etapa é
imediatamente consecutiva a tudo o que já foi realizado, e portanto será implementado
logo após a apresentação e aprovação deste relatório.
Este capítulo, portanto, fará um breve estudo, atualizado e revisado, da realização
do projeto, com previsões básicas de encaixe da teoria, planejando como se efetivará o
protótipo, tendo em vista o que foi verificado na simulação. Também será feito um breve
estudo para projeto do filtro na saída, para redução de harmônicas.

3.1 Dispositivo de Chaveamento


Seguindo a escolha do circuito inversor em ponte completa, conforme apresentado
na Seção 1.1, é preciso planejar os materiais necessários para a confecção do circuito, em
especial o dispositivo para chaveamento. Tendo em vista uma aquisição gratuita, há uma
preferência direta para o uso de MOSFET’s (Metal Oxide Semiconductor Field-Effect
Transistors), que são transistores de efeito de campo de óxido metálico semicondutor. A
Figura 16 apresenta um esquema de funcionamento com base em suas características de
fabricação. (RASHID, 2014)

Figura 16 – Diferentes dispositivos para chaveamento


Capítulo 3. Estudo de Projeto 20

3.2 Componentes de Circuito


Além dos MOFET’s, espera-se reaproveitar outros dispositivos associados para
montagem do circuito. Estes serão dimensionados (ou combinados) conforme a disponibili-
dade nos mesmos na sucata do laboratório de eletrônica, e seguindo o modelo de projeto
desenvolvido em Barbi (2008).
A resistência de carga, por exemplo, segue a formulação:

Voef icaz
Po = (3.1)
Ro
A corrente eficaz na saída, por sua vez, é tal que:

Voef icaz
Ioef icaz = (3.2)
Ro
Tendo avaliado estas duas grandezas fundamentais, é possível dimensionar os
componentes de modo satisfatório.

3.3 Mecanismo de Modulação


Seguindo o que foi apresentado na Seção 1.3, acerca da necessidade de sinais
modulados para o controle da conversão de tensão contínua em alternada, uma possibilidade
para realização de uma modulação simples é através da plataforma de prototipagem
Arduino. (BLUM, 2013)

Figura 17 – Sinais PWM com ciclo de operação variável


Capítulo 3. Estudo de Projeto 21

Utilizando a função analogWrite() do Arduino, é possível disponibilizar num dado


pino uma saída analógica em níveis determinados de 0 a 255, com um sinal PWM simples.
A Figura 17 ilustra brevemente esta variedade de níveis. É possível, inclusive, programar
o nível para ser ajustado de acordo com alguma outra grandeza, através de um loop, ou
mesmo um sinal de entrada. (BLUM, 2013)
Vale ressaltar que a frequência do sinal de saída no Arduino é cerca de 490Hz, com
nível de tensão entre 0V (0%) e 5V (100%). Com esse nível de frequência, sendo inalterado,
a menos que se complemente um circuito adicional, não será possível alinhar o dispositivo
inversor com a rede, tendo em vista a incompatibilidade de frequências. (BLUM, 2013)

3.4 Viabilidade de Controle


A priori, o PWM pode ser definido de modo rígido, conforme os cálculos prévios
para o nível de tensão alternada desejado na saída, de acordo com a frequência especificada
e o nível de tensão contínuo da entrada. Porém, se for possível a aquisição de um adequado
sensor de corrente ou tensão para a saída, de modo a converter um sinal de controle do
duty cycle do Arduino, será possível fazer um trabalho mais eficiente.
A ideia é implementar a ferramenta de PWM do Arduino conforme o nível de
modulação requisitado. Se possível for, seria interessante verificar a qualidade do sinal
na rede de saída (através da medição da corrente) e com isso variar o nível de PWM no
Arduino, tratando diretamente o sinal de acordo com o valor mensurado. Para isso, tem-se
como base o que foi trabalhado por Zulkifli, Hussin e Saad (2014).

Figura 18 – Diagrama de blocos com possibilidade de controle com realimentação

Assim, o diagrama de blocos geral para este projeto, se for possível implementar a
realimentação, seria conforme se mostra na Figura 18. Essa realimentação, no entanto,
requer um sensor adequado para medição da rede de saída, que, conforme o caso, deverá
ser adquirido à parte. Tem-se disponibilidade de uso do sensor de corrente ACS712, que
está à mostra na Figura 19, que pode ser utilizado com o Arduino.
Capítulo 3. Estudo de Projeto 22

Figura 19 – Sensor de Corrente ACS712

3.5 Projeto de Filtro


Para aprimorar a qualidade da onda na saída, é importante o acréscimo de um
filtro indutivo-capacitivo. Este projeto de filtro é bem descrito por Barbi (2008), e será
seu trabalho o guia para determinar a indutância Lf e a capacitância Cf do filtro.
Neste caso, é preciso levar em consideração que a frequência da tensão de saída é
duas vezes a frequência da comutação dos transistores. Assim, o projeto do filtro há de
levar em consideração a máxima ondulação da corrente no indutor e da máxima tensão no
capacitor. (BARBI, 2008)
A Figura 20 mostra simplificadamente a tensão no indutor, a ondulação da corrente
no mesmo e a ondulação de tensão no capacitor. Partindo dessa análise minunciosa, a
indutância do filtro, conforme Barbi (2008), deve ser:


n·Vi n·Vi

 8·fs ·Lf
, se V0pk ≤ 2
Lf = V0

V0pk n·Vi
(3.3)
 2·f pk

s ·Lf
· 1− n·Vi
, se V0pk > 2
.


n·Vi n·Vi

 128·fs2 ·Lf ·4vCf
, se V0pk ≤ 2
Cf = V0pk

V0pk

n·Vi
(3.4)


16·fs2 ·Lf ·4vCf
· 1− n·Vi
, se V0pk > 2
.

Num segundo momento analisaremos Equações 3.4 e 3.3, conforme está apresentado
em Barbi (2008).
Capítulo 3. Estudo de Projeto 23

Figura 20 – Tensões e correntes para dimensionamento do filtro de saída do inversor


24

4 Conclusões Parciais

Visando a construção de um inversor monofásico, este projeto se inicia com uma


devida pesquisa bibliográfica, ilustrando, sobretudo, a importância da união de aspectos
teóricos e práticos na realidade de projeto.
Buscando a objetividade do projeto, foi preferida o circuito inversor em ponte
completa, especialmente devido à sua capacidade de lidar com elevados níveis de potência.
Além disso, tem-se a importância do mecanismo da modulação por largura de
pulso, para controle do chaveamento, que pretende ser suprido pela plataforma Arduino.
Como este possui um potencial muito maior que a simples geração de pulsos, estima-se a
possibilidade de um controle em malha fechada, através do uso de um sensor de corrente.
Porém, dado que esta possibilidade não tem relacionamento direto com o conteúdo central
do projeto, será focado apenas se todas as partes essenciais forem resolvidas (as que se
relacionam com a Eletrônica de Potência em si).
Outro ponto em questão, central neste relatório, é a realização da etapa de simulação,
através do ambiente MATLAB-SIMULINK. Com esta ferramenta, foi possível não apenas
construir o circuito inversor e o gerador de sinais PWM, mas também investir num bloco
para medição dos parâmetros de performance. Foram analisadas diversas características
de carga, e a consequente performance do dispositivo. Foi notória a relação coerente com
a teoria estudada, sobrtudo com a demonstração do valor padrão da taxa de Distorção
Harmônica, de aproximadamente 48%.
Por fim, não deve-se deixar de ter em mente a realidade da futura confecção física
do projeto. Desse modo, tendo em vista a economia de recursos financeiros e a reutilização
de materiais disponibilizados pela Universidade, serão avaliados os materiais disponíveis
para se propor uma simulação próxima da realidade que se deseja alcançar.
Vale ressaltar que o intuito de todo o projeto não é o desenvolvimento de um
dispositivo aguçado e à altura dos equivalentes de mercado, mas sim o aprendizado que se
alcançará com todo o desenvolvimento prático.
Em breve será relatado o progresso do projeto, com os possíveis ajustes de simulação,
bem como o planejamento final e construção do protótipo.
25

Referências

AHMED, A. Eletrônica de Potência. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

BARBI, I. Projetos de inversores. Santa Catarina, 2008.

BLUM, J. Exploring Arduino: tools and techniques for engineering wizardry. Indianapolis:
John Wiley & Sons, 2013.

DOUCET, J.; EGGLESTON, D.; SHAW, J. Dc/ac pure sine wave inverter. 2007.

HART, D. W. Power electronics. New York: McGraw-Hill Education, 2011.

HAYKIN, S.; MOHER, M. Introdução aos Sistemas de Comunicação. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman Editora, 2008.

KSHIRSAGAR, M. U. A.; CHAVAN, M. S. B.; CHAVAN, M. S. Design and simulation


of transformer less single phase photovoltaic inverter without battery for domestic
application. 2015.

RASHID, M. H. Eletrônica de potência: circuitos, dispositivos e aplicações. 4. ed. São


Paulo: Pearson, 2014.

ZULKIFLI, S. A.; HUSSIN, M. N.; SAAD, A. S. Matlab-arduino as a low cost


microcontroller for 3 phase inverter. In: IEEE. Research and Development (SCOReD),
2014 IEEE Student Conference on. [S.l.], 2014. p. 1–5.

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