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Nem sempre a continuidade do atendimento além do horário será possível, seja pela falta de
disponibilidade do atendente, seja pela do atendido ou mesmo das circunstâncias (horário de
fechamento da Casa Espírita, por exemplo). O fato deve ser encarado com naturalidade e sem
culpa.
“Antes de você ir embora, quero ter certeza de que o entendi corretamente. Você não pode voltar
ao trabalho por enquanto por causa do bebê. Você acha que poderia, no outono, passar para uma
escola noturna, e trabalhar durante o dia. Até então sua família continuará ajudando. Gostaria que
você dissesse se esqueci alguma coisa, ou se não entendi bem”.
Em determinadas situações, o atendente fraterno poderá verificar que não está havendo
coerência entre a comunicação corporal e a verbal do atendido; que o mesmo fala uma coisa, mas
seu movimento corporal diz outra. Nesses casos, deverá avaliar o momento adequado para
devolver essa observação a ele.
Caso o atendido não falar sobre a observação, o atendente fraterno deve respeitar o direito
dele de não querer se expor e então mudar de assunto. No entanto, deve guardar consigo sua
impressão para um momento em que o atendido esteja mais preparado para enfrentar suas
dificuldades de frente.
INFORMAÇÕES VERBAIS
Habilidade essencial: saber ouvir.
“Às vezes, como consequência de sua própria ansiedade, o aconselhador perde elementos
preciosos por não ter sabido ouvir realmente, ou por haver interrompido o cliente indevidamente.
[...] é necessário registrar que, em muitos casos, uma ocorrência ou vivência emocional que é
repetida ou muito verbalizada pelo cliente representa um aspecto importante de sua problemática.”
Ruth Scheeffer (Livro: Aconselhamento Psicológico)
A ansiedade do atendente fraterno também se apresenta quando ele completa as frases do cliente,
o que é um erro: “ Este deve encontrar as próprias palavras que expressem seu pensamento,
mesmo que demore para fazê-lo.”
Da mesma forma, o atendente fraterno deve aprender a ouvir os silêncios do atendido,
mesmo que às vezes sinta-se desconfortável com essas pausas. Em muitos casos o silêncio pode
ser bastante útil e não se recomenda a interrupção imediata. É possível que ele esteja revivendo
algumas experiências que não deseja apresentar verbalmente ou outros motivos quaisquer. O
atendente fraterno deve deixar o silêncio acontecer e, caso não haja qualquer iniciativa do cliente
após um período longo de tempo, intervir.
Exemplos:
Você talvez esteja com receio de relatar o que está vivendo. É receio de que eu não
te aceite ou medo de eu não guardar essa informação com sigilo?
Parece que você está aborrecido ou magoado; será que foi por alguma coisa que eu
fiz ou falei com você?
Parece que você se sente embaraçado em falar dessas coisas. Você tem receio de
que eu me sinta embaraçado também?
Hábito de fazer julgamentos morais.
Se durante uma situação de Atendimento o atendente fraterno permite que seu sistema de valores
venha à tona, vai começar a julgar o que escuta de acordo com esses valores, classificando o que
o outro diz como certo ou errado, bom ou ruim. No que faz isso, deixa de ouvir o outro para poder
ouvir a própria voz. Ou seja, se ao invés de ouvir o depoimento do atendido, o atendente fraterno
concentra-se em avaliar esse depoimento, na realidade está atento apenas a si próprio - não está
ouvindo.
Jung diz: “Ao emitir o julgamento nunca se está em contato com o outro ... somente obtemos o
contato com outra pessoa através de uma atitude de objetividade sem preconceitos”.
UTILIZAÇÃO DO SENTIDO LITERAL DAS PALAVRAS.
SINAIS INTERPRETAÇÕES POSSÍVEIS
Uso de expressões no passado ou
no futuro-do-pretérito ao invés do
Pouca firmeza ou insuficiente convicção em relação ao
presente como forma de expressar
que precisa ser feito e ao como fazê-lo.
uma intenção:
"Eu queria... eu gostaria de fazer...".
Uso de expressões adversativas ou
Obstáculos à aceitação da ideia, embora esses
de dúvida: "É uma boa ideia, mas
obstáculos não se expressem de modo preciso.
talvez haja dificuldades...".
Expressões que afirmam e negam Existência de ambivalências.
simultaneamente:
"Não é que eu esteja aborrecido". - Está aborrecido, mas não quer ou se sente à vontade
para reconhecer.
"Não estou querendo criticar...". - Tem uma crítica a fazer, embora tenha receio da
reação do ouvinte.
- Na verdade já está pensando, mas se angustia com
"Nem posso pensar nisso". isso e preferiria que o pensamento desaparecesse. Pode
significar resistência em enfrentar o
problema.
Para evitar distorções, e principalmente levando em consideração que o atendente fraterno na Casa
Espírita, de modo geral, não tem formação em Psicologia e, muitas vezes, está começando agora
sua experiência, é extremamente importante que sejam realizadas reuniões mensais de supervisão
(se possível, nos primeiros meses de atuação do novo atendente fraterno sejam reuniões
quinzenais) nas quais cada atendente fraterno troque informações e percepções com os colegas,
ampliando assim sua visão e, por consequência, a validade de suas hipóteses.