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Aconselhamento Religioso

Professor: Paulo Henrique Sabino lima

Introdução
Problemas é que não nos faltam nos dias atuais. E de toda ordem. Financeiros,
políticos, emocionais, familiares, espirituais, de relacionamento, de saúde, de segurança,
de moradia... Seu grau de agravamento decorre das influências das circunstâncias em
que vivem ou trabalham as pessoas. E sobre eles ainda incide a pressão das mudanças
éticas, morais, de costumes, de hábitos, deixando as pessoas confusas, a tal ponto que,
na hora da angústia, não sabem qual é o melhor caminho a seguir. Assim, todos
precisam de ajuda para sobreviver, de auxílio para conseguir enxergar seus problemas e
de cuidado para melhor solucioná-los.
Aí está o campo para a atuação do conselheiro Religioso. Esse trabalho é
normalmente desenvolvido pelos pastores, mas também pode ser feito pelos membros,
desde que a liderança invista em cursos de especialização na área de psicoteologia.
Vamos estudar sobre aconselhamento Religioso.

CONSELHO RELIGIOSO

Conselho
S.m. Opinião, parecer sobre o que convém fazer; aviso, advertência. “A palavra
“conselho” vem do latim “consilium”, que designava ““ lugar onde se delibera
conselho, assembleia deliberativa, deliberação, resolução tomada, parecer, voto, plano,
projeto, desígnio, prudência, moderação”, que, por sua vez, tem origem na raiz
“consult”, cujo significado é ““ reunir para uma deliberação, deliberar; consultar, tomar
conselho; discutir, examinar, ventilar; tomar uma medida qualquer, lançar mão de um
expediente”.
Religioso
ADJ. Que pertence a uma religião.

CONSELHO RELIGIOSO
É um parecer sobre o que convém fazer, um aviso, uma advertência voltada é
claro para os padrões bíblicos e que vem de alguém que com uma experiência de vida,
maduro no que diz respeito ao conhecimento bíblico, que siga determinada fé e tenha
um firme propósito de ajudar ao próximo.
Aconselhamento
É o “ato ou efeito de aconselhar (-se); ato ou efeito de pedir, receber ou dar
conselho(s); orientação; indicação da necessidade, conveniência ou desejabilidade de
recomendação, sugestão; troca de ideias ou reunião para se debater algo.” Em pedagogia
e psicologia, aconselhamento é “auxílio ou orientação que um profissional (pedagogo,
psicólogo etc.) presta ao paciente nas decisões que este deve tomar com relação à

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escolha de profissão, cursos etc., ou quanto à solução de pequenos desajustamentos de
conduta”.
A palavra “aconselhamento” vem da palavra “conselho”, cujo significado é
“opinião, ensino ou aviso quanto ao que cabe fazer; opinião, parecer; bom senso;
sabedoria; prudência; opinião refletida ou resolução maduramente tomada, aquilo que se
recomenda e para o aperfeiçoamento moral e espiritual”.

Características de um bom conselheiro


1. O conselheiro deve ser cordial
Quando Jesus conversou com a mulher samaritana, deixou que ela visse que Ele estava
interessado em sua história e em sua vida. Ele foi sincero, não se deixou perturbar por
uma mulher com uma vida cheia de pecados. Dentro desse modelo, o conselheiro deve
sempre tratar a pessoa com respeito e interesse, mesmo não concordando com as
atitudes da pessoa que está sendo atendida por ele;

2. O conselheiro deve ser sincero


Ser sincero é ser aberto, honesto e franco, mas sem atitude de superioridade;

3. O conselheiro deve ser empático - A empatia é uma ajuda extremamente eficaz no


aconselhamento. O conselheiro empático consegue observar a pessoa em seu modo de
pensar e sentir; ele consegue entender o coração da outra pessoa. Empatia é a
capacidade de permitir que seu coração se converta ao coração do outro para poder
entendê-lo profundamente;

4. O conselheiro deve ser discreto


Jamais o conselheiro pode expor seus aconselhados. Ele deve ser uma pessoa totalmente
discreta e de confiança. Caso a pessoa que está sendo aconselhada sinta necessidade de
confessar seus pecados, essa deve ser uma decisão dela;

5. O conselheiro deve conduzir o aconselhado a tomar suas decisões


Quando falamos em aconselhamento, a ideia que se tem é a de uma pessoa mais velha
falando uma porção de regras novas ou determinações para a vida do aconselhado, mas
isto está errado. O conselheiro não deve dar respostas prontas, ou seja, tomar decisões
pelo outro, mas levá-lo a descobrir as soluções para sua vida. O conselheiro deve
ensinar a pessoa a ser inteligente e aprender a pensar;

6. A vida pessoal de conselheiro


O conselheiro não deve se deixar contaminar com o que ele ouve. Quem traz a solução é
o Senhor. Ele deve ser uma pessoa capaz de viver bem, mesmo sabendo que tantas
pessoas ao seu redor estão passando por momentos difíceis. O “complexo messiânico”
deve ser cuidadosamente evitado; o desejo de fazer com que as coisas mudem se
colocando numa posição de Cristo em relação à pessoa. Lembre-se de que é Cristo que
faz os milagres e não o conselheiro;

7. Evite colocar-se como exemplo

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O conselheiro não deve expor sua vida ou suas experiências passadas como se isso fosse
ajudar o aconselhado, como por exemplo, o fato de você ter perdido alguém na família,
não serve para ajudar o outro na hora da perda, pois cada perda é uma e a sua
experiência é tão única quanto à do outro;

8. O conselheiro deve manejar bem a Palavra da verdade.


O conselheiro ser uma pessoa bem informada no assunto que está sendo tratado, tendo
boa base bíblica para ler no momento do aconselhamento. Lembremos que o
aconselhamento cristão só tem sentido quando a cura vem do Pai, e nada melhor que a
Palavra para ouvi-Lo.

9. O conselheiro deve usar o maior agente terapêutico que é o amor.


É o amor que dará ao conselheiro a capacidade prévia, para se preparar na Palavra,
quanto à vontade empática de se envolver com o Espírito em prol daquele que busca
ajuda.

Objetivos

De acordo com Clinebell (1976), o objetivo maior do aconselhamento pastoral é


“libertar”, “potencializar” e “sustentar integralidade centrada no espírito”. Atribui ao
aconselhamento pastoral o objetivo de “facilitar ao máximo o desenvolvimento de uma
pessoa, em cada estágio da vida” afim de que esta também contribua para o crescimento
das pessoas que a cercam. O aconselhamento pastoral visa contribuir para que o/a
aconselhando/a se liberte de bloqueios e medos, encontre a si mesmo/a fim de que possa
viver uma vida plena de sentido e satisfação e investir as suas energias na transformação
do mundo.
O aconselhamento pastoral procura ajudar as pessoas a desfrutar um
relacionamento aberto e crescente com Deus, capacitando-as a viver de uma forma
promotora de crescimento em meio às perdas, aos conflitos e às tragédias da vida no
mundo. Ele procura ajudá-las a tornarem-se conscientes do empolgante fato de que
foram criadas para ser parceiras ativas – co-criadoras – do Espírito do universo na
transformação do mundo. O aconselhamento pastoral procura ajudar as pessoas a
renovar seu sentimento de confiança básica estando em contato com o Espírito de amor
presente neste momento, a encontrar cura para os aspectos de seu quebrantamento que
só podem ser curados no relacionamento com essa realidade. O aconselhamento pastoral
visa ajudar as pessoas a achar a sua vocação (sua causa), na qual possam investir suas
vidas com propósito, compromisso e alegria.
Para Friesen (2000, p.26), o objetivo do aconselhamento pastoral é “tratar das
tensões interiores e dos diferentes complexos que interferem na qualidade de vida”.
Também é objetivo do aconselhamento pastoral libertar as pessoas de “atitudes
inadequadas e distorções de percepção quanto à realidade”, bem como “dos medos,
culpas e das iras inadequadas”. Para tal, o aconselhamento pastoral utiliza os “recursos
da Palavra de Deus, somando aos recursos que o conselheiro poderá obter da pedagogia,
psicologia e filosofia”. Para tal objetivo, os recursos bíblicos permanecem básicos e
preponderantes, como diretrizes, e os recursos das outras ciências afins permanecem
como “complementares e auxílios instrumentais do aconselhamento” pastoral.

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Para Schneider-Harpprecht (1998), um dos objetivos da poimênica e do
aconselhamento pastoral é ajudar as pessoas em situações de conflitos, crises e
sofrimentos “para que possam viver a relação com Deus, consigo mesmas e com o
próximo de uma maneira consciente e adulta”, bem como, capacitá-las a assumirem a
sua responsabilidade como cidadãs que se engajam em prol da “melhora das condições
de vida numa sociedade livre, democrática e justa”. (p.82)

Bons e maus conselhos

Salmo 1. ("Feliz é homem que não anda segundo os conselhos dos ímpios e não
se assenta na mesa dos escarnecedores, mas põe a sua alegria na lei do Senhor e nela
medita dia e noite. Meus amados a pergunta que eu faço é o que é um conselho? O que é
um conselho? É um parecer, uma ideia, é uma direção. Quando procuramos um
conselho estamos querendo buscar uma direção. Os conselhos agem de duas maneiras
nas nossas vidas diretamente, quando vamos atrás e indiretamente, quando esses
conselhos atuam nas nossas vidas, sem ao menos nos darmos conta. Repetimos padrões
e comportamentos baseados em cima desse conselhos. Alguns conselhos na Bíblia
deram muito prejuízo a quem os ouviu:
1) O conselho de Jonadabe. Orientou o amigo Amnon a extravasar sua paixão
incestuosa para dormir com a própria irmã. (II Samuel 13.1-22). Assim o fez e após
isso, veio o nojo e a vergonha, e este ato culminou na sua morte, pois Absalão, seu
irmão o matou mais tarde. Tudo isso por causa de um conselho mau.
2) Outro conselho, foi quando, Roboão filho de Salomão foi pedir conselhos
aos anciãos a respeito de como seria a sua política ao assumir o lugar do pai. Os anciãos
o orientaram que agisse com cautela, e que não fosse cruel, mas, este conselho não o
agradou e procurou os jovens que cresceram com ele e de repente, Roboão preferiu o
conselhos dos amigos que lhe disseram que o jovem rei deveria açoitar o povo com
escorpiões. Esse conselho resultou num trágico acontecimento, do qual os judeus
sofrem a consequência até os dias de hoje. O reino de Israel se dividiu e o povo
despencou moralmente, e espiritualmente apostatou. (I Reis 12. 9-15).
O que um conselho mau não é capaz de fazer!!. Um conselho pode ser um simples
parecer, como uma ideia, ou uma filosofia de vida, mas que destroem, pois são
conselhos de ímpios.
3)O que dizer do conselho secreto de Simeão e Levi, que juntos maquinaram
matar os Siquemitas. Quando Jacó abençoou os filhos, declarou a estes que ele não
entraria no seu "secreto conselho", pois, suas espadas eram espadas de violência.
(Gênesis 49. 5).

Estes homens foram infelizes porque deram ouvidos aos amigos, ao seu coração.
Feliz o homem que põe sua alegria na lei do Senhor. A lei do Senhor refrigera alma, dá
a direção certa. (salmo 19.7). O conselho do homem traz prejuízo pra alma, para o
corpo, pra família e até para uma nação inteira. Ouça o Senhor e não os
"jonadabes" que possam aparecer na sua vida
Exemplos de outros conselheiros na bíblia

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Jetro- sogro de Moisés

O que é um conselho: A palavra conselho é de origem latina consiliu, que


significa parecer, opinião sobre o que convém fazer.

2. A oportunidade do conselho (Ex 18.13-16): Jetro viu que Moisés gastava o


dia todo no atendimento ao povo, que era de aproximadamente de um milhão e meio de
almas. Atender a essa gente toda era trabalho maior que a resistência de um homem.
Muitos obreiros nos nossos dias estão trazendo para si compromissos que se acumulam
de tal modo, tornando inviável a sua execução e causando prejuízos à causa de Cristo. A
intenção pode ser a melhor possível, mas não devemos esquecer que somos humanos,
sujeitos ao cansaço físico e mental. Vide o exemplo de Jesus e de Epafrodito (Mc 6.31;
Fp 2.25-30). Não é pecado descansar. Quantos, que por negligenciarem o descanso do
seu corpo e os cuidados com sua saúde, têm tido um ministério reduzido.
3.A exposição do conselho (Ex 18.19-24): Após analisar o desempenho da
atividade de Moisés, disse-lhe: “Não é bom o que fazes” (Ex 18.17). Iniciou, então, pela
sua experiência, apresentando ao seu genro um plano administrativo, onde Moisés
deveria apresentar a Deus os problemas nacionais e de ordem geral, a fim de evitar o
seu desgaste, pois as questões particulares, as divergências pessoais não deviam ocupar
o tempo que ele devia dedicar a assuntos de maior importância (v 19). Em seguida
sugeriu-lhe três medidas importantíssimas: 1) Ensinar o povo os “estatutos e as leis”. O
povo deveria aprender a as leis para que pudesse observá-las. Quantas dificuldades
encontramos hoje, no sentido de desenvolver um bom programa nas nossas igrejas por
falta de pessoas que conheçam a Palavra de Deus (Sl 119.7,26,27,55,56,111,112). 2) O
líder tem que ser o exemplo para os liderados. Tem de estar pronto a mostrar com o seu
exemplo “o caminho que devem andar e a obra que devem fazer” (v 20). Vide o ensino
de Paulo (1 Tm 4.12; Tt 2.7). 3) A liderança consiste na distribuição de
responsabilidades e na designação de tarefas (v 21). Moisés, como líder, tinha a
responsabilidade de descobrir homens com as seguintes qualidades com os quais
dividiria as tarefas: a) ”homens capazes”; b) “homens tementes a Deus”; c)”Homens
comprometidos com a verdade”; d) Homens que aborrecem a avareza”. As exigências
continuam as mesmas para escolha dos companheiros que ajudarão os nossos líderes
(At 6.1-4; 2 Tm 2.2). Quantos nos dias atuais estão procurando posição e vantagens,
sem possuir as qualidades acima mencionadas.

4. A eficácia do conselho (Ex 18.23): Que sabedoria! Que prudência!


Humildemente pede ao genro que submetesse todo o plano para apreciação e aprovação
de Deus. Era um reconhecimento que muito acima de suas experiências estavam os
propósitos e vontade de Deus. Não se considerou autossuficiente. Que belo exemplo
para nós, que temos responsabilidade na Igreja de Deus (Pv 26.12; 1 Co 1.31; 2 Co
10.17,18).

Salomão

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O nome Salomão ou Shlomô (em hebraico:‫)שלמה‬, deriva da palavra Shalom, que
significa "paz" e tem o significado de "Pacifico".Salomão se notabilizou pela sua grande
sabedoria, prosperidade e riquezas abundantes, bem como um longo reinado sem
guerras. Nos deixou um grande manual de
De conselhos para a vida , o livro de provérbios

Jesus chamado de "Maravilhoso Conselheiro" em Isaías 9:6

Conselheiro é aquele que dá conselhos, ou presta assessoria. Quando esteve na


Terra, Jesus Cristo deu conselhos maravilhosos. Lemos na Bíblia que ‘as multidões
ficavam assombradas com o seu modo de ensinar’. (Mateus 7:28)

Ele é um Conselheiro sábio, usa de empatia e tem uma extraordinária


compreensão da natureza humana. Seu aconselhamento não se resume a reprimendas ou
punições. Na maior parte é em forma de instrução e de conselhos amorosos. Os
conselhos de Jesus são maravilhosos porque são sempre sábios, perfeitos e infalíveis. Se
forem acatados, conduzirão à vida eterna. — João 6:68.

O aconselhamento de Jesus não é mero produto de sua mente brilhante. Em vez


disso, ele disse: “O que eu ensino não é meu, mas pertence àquele que me enviou.”
(João 7:16) Como no caso de Salomão, Jeová Deus é a Fonte da sabedoria de Jesus. (1
Reis 3:7-14; Mateus 12:42)

O exemplo de Jesus deve motivar os instrutores e os conselheiros na


congregação cristã a sempre basearem suas instruções na Palavra de Deus. —
Provérbios 21:30.

Quando esteve na Terra, Jesus mostrou ser o “Maravilhoso Conselheiro”. Graças


ao seu conhecimento da Palavra de Deus e à sua extraordinária compreensão da
natureza humana, Jesus sabia como resolver os problemas da vida diária.

Desde que foi entronizado no céu, ele continua a ser o “Maravilhoso


Conselheiro”, servindo como figura principal no canal de comunicação de Jeová com a
humanidade. Todos os conselhos de Jesus, registrados na Bíblia, são sábios e infalíveis.

Observação: Existem muitos outros exemplos de conselheiros bíblicos que


poderíamos aqui citar. Mas a bíblia toda é um ótimo manual para quem deseja
direção na vida.

A igreja e o aconselhamento

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A ajuda da igreja abrange todas as atividades em que os membros do corpo de
Cristo se dispõem a auxiliar as pessoas. Auxílio é uma “contribuição secundária para a
realização de uma tarefa’ (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa) e isto nos mostra
que a Igreja tem o dever de ajudar as pessoas a alcançar a salvação, ou seja, de manter
uma comunhão com Deus”. Notemos que se trata de um “auxílio”, ou seja, de uma
“contribuição secundária”. A Igreja não salva pessoa alguma (ao contrário do que
ensinam os “sacramentalistas”), mas tão somente contribui para que as pessoas venham
a ter um encontro pessoal com o Salvador.
A Igreja tem de se preocupar com a conduta dos homens que a integram e dos
que vivem ao seu redor. Não se trata de impor atitudes aos outros, nem tampouco de
conquistar o poder de fazer com que os outros ajam desta ou daquela maneira, como, ao
longo da história, muitos equivocadamente têm entendido. Muito pelo contrário, trata-se
de uma manifestação do amor divino que está no coração de cada membro em particular
do corpo de Cristo: trata-se de sentir compaixão pelos seres humanos e, por causa disto,
dar opiniões, ensinos ou avisos a eles sobre o que deve ser feito no cotidiano, no viver
debaixo do sol.
O conselho a ser dado pela Igreja, portanto, deve ser consequência do seu amor
pelos homens, da sua compaixão, amor e compaixão que recebe diretamente de sua
cabeça, que é Cristo Jesus. “Compaixão” é “sentimento piedoso de simpatia para com a
tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la; participação
espiritual na infelicidade alheia que suscita um impulso altruísta de ternura para com o
sofredor” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Devemos nos pôr no lugar do que
está a sofrer, devemos ocupar, ainda que mental e sentimentalmente, a sua posição,
para, então, ao sentir a sua mesma dor, termos condição de dizer o que lhe cabe fazer
numa situação desta natureza, trazer-lhe o parecer divino a respeito de uma dada
realidade.
Conselho é uma opinião, um ensino, um aviso (aliás, em inglês, a palavra
“conselho” é “advice”). Isto nos mostra que, embora a Igreja tenha plenas condições
para dizer o que deve ser feito, vez que é a coluna e firmeza da verdade (I Tm.3:15),
jamais pode se comportar como um grupo impositivo, como um grupo que retira a
liberdade das pessoas, o livre-arbítrio. Por isso, a Bíblia fala em “conselho” e não em
“ordem” ou “mandamento”. O “conselho” é uma recomendação, é uma opinião, é um
aviso, uma advertência que se faz aos homens que, entretanto, podem, ou não, segui-la,
podem, ou não, atendê-lo. Reside aqui o fundamento pelo qual deve a Igreja sempre
defender a tolerância religiosa e a liberdade de culto e de crença nas sociedades onde
prega o Evangelho, tolerância que nada tem que ver com a existência de um
“relativismo ético”, mas, sim, pelo simples fato de que o homem foi criado com livre-
arbítrio, com poder para acolher, ou não, o conselho dado pela Igreja.

Tem a Igreja o dever de avisar, de dar a sua opinião. Não cabe à Igreja dominar
sobre as pessoas, mas tem o dever para com Deus de divulgar a correta opinião, o
correto conselho da parte do Senhor. É por isso que a Igreja é a portadora da
“ortodoxia”, palavra grega que significa “a correta opinião”. Este dever da Igreja está
claramente explicitado nas Escrituras nas palavras que o Senhor disse ao profeta
Ezequiel, como se lê no capítulo 33 do livro daquele profeta(Ez.33:1-9). A missão da
Igreja, como porta-voz do Senhor, é dar o aviso, dar a opinião, dar o parecer segundo a

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vontade de Deus aos homens, quer eles ouçam, quer eles deixem de ouvir
(Ez.2:5,7;3:11).
A primeira característica importante a respeito do “aconselhamento” é a de que o
“aconselhamento” não é uma via unilateral. Aconselhar não é apenas dar conselhos, mas
também pedi-los, recebê-los. Esta dupla significação, tanto ativa quanto passiva, é de
fundamental relevância ao tratarmos da missão aconselhadora da Igreja. A Igreja não só
dá conselhos, como também os recebe. Não somos donos da verdade, mas,
simplesmente seus portadores. A Igreja é a “coluna e firmeza da verdade”, ou seja,
quem sustenta a verdade, quem demonstra a sua existência, mas a Verdade é Jesus
(Jo.14:6), a Palavra de Deus (Jo.17:7).

AS FORMAS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO

Pelo que já pudemos observar a respeito do aconselhamento, o único e


verdadeiro aconselhamento é aquele que é baseado na Verdade, ou seja, na Palavra de
Deus. Se aconselhar é dar ou pedir conselhos e o conselho genuíno e autêntico é aquele
que tenha, simultaneamente, base racional e espiritual, a Igreja é o único povo, na atual
dispensação, que pode, validamente, aconselhar a humanidade, pois só ela tem
condições de orientar os homens no caminho em que devem andar.

O aconselhamento cristão é, pois, aquele que, baseado no amor a Deus e no


amor ao próximo, procura orientar as pessoas, membros da Igreja ou não, no Caminho,
ou seja, diz às pessoas o que elas devem fazer à luz da Palavra de Deus. O
aconselhamento cristão é cristão não porque as pessoas que dão as sugestões se
intitulem cristãs, seguidoras de Cristo, mas porque a orientação que é dada tem por base
única e exclusiva a Bíblia Sagrada, que é o próprio Verbo Divino, o próprio Cristo
(Jo.1:1; Ap.19:13).

Larry Crabb, grande especialista em aconselhamento cristão, não titubeia em


afirmar que todo aconselhamento deve ter como alicerce “…a aceitação da idéia simples
(mas bem radical) de que Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida, sem cair na
superficialidade e na irrelevância. Para atingir esta meta, é necessário ver como a
desordem psicológica é realmente o produto da busca pecaminosa da vida independente
de Deus. É necessário ainda desenvolvermos um enfoque da Escritura que nos capacite
não apenas a compreender como também a ser afetados por sua verdade. Esse enfoque,
creio, nos permitirá ver a relevância da verdade bíblica na conceitualização e tratamento
da desordem emocional. Três premissas governam meu pensamento enquanto reflito
sobre a natureza do aconselhamento bíblico:

1. Se focalizada de maneira apropriada, a Bíblia é suficiente para fornecer a estrutura


para se chegar a uma conclusão a respeito de todas as perguntas que o conselheiro
precisa fazer.

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2. O relacionamento com Cristo oferece recursos totalmente indispensáveis para
resolver substancialmente todo problema psicológico (isto é, os que não têm causas
orgânicas).

3. A comunidade do povo de Deus, trabalhando em conjunto nos relacionamentos


bíblicos, é o contexto pretendido para compreender e vivenciar as respostas de Deus aos
problemas da vida.…” (CRABB, Larry. Como compreender as pessoas: fundamentos
bíblicos e psicológicos para desenvolver relacionamentos saudáveis, p.22).

Como podemos, portanto, observar, segundo Larry Crabb, o aconselhamento


cristão (que ele já chama de “bíblico”) tem que ter como base a Palavra de Deus, dentro
de um contexto de amor divino, que foi derramado no coração de cada integrante da
Igreja (Rm.5:5), bem como se desenvolver num grupo, numa reunião que é a própria
igreja local.

As Escrituras falam, em diversas passagens, a respeito do aconselhamento. Se há


passagens que nos falam explicitamente em “aconselhar”, temos, também, de verificar
que o aconselhamento se encontra registrado nas Escrituras sob outras palavras, como
“admoestar”, “repreender”, “exortar”, “redargüir” e “corrigir”. Tais atitudes devem
sempre ser feitas com base na Bíblia, na igreja local e com profundo amor.

A palavra “admoestar” significa “avisar (alguém) da incorreção de seu modo de


agir, pensar etc.; advertir (alguém) de maneira branda (sobre alguma coisa); aconselhar
“. Como podemos ver, a admoestação é um aconselhamento, é dar um conselho, diante
de alguma atitude incorreta que alguém esteja tomando. Verifiquemos, a propósito, que
esta advertência deve ser feita de maneira branda, ou seja, com ternura, sem dureza,
com respeito, sem humilhação. É por isso que se trata de uma forma de aconselhamento
apropriada para o relacionamento entre pais e filhos. Com efeito, a Bíblia ensina que é
supremo dever dos pais em relação aos filhos a criação na “doutrina e admoestação do
Senhor” (Ef.6:4).

A palavra grega para “admoestar” é “nouthesia” (νουθεσία), cujo significado é


“olhar com a mente”, ou seja, a contemplação mental de uma verdade, a demonstração
de uma verdade com raciocínio e argumentação. No Antigo Testamento, a palavra
hebraica é “zahar” (Ec.4:13), que significa “trazer luz”, “iluminar”. “Admoestar”,
portanto, nada mais é que trazer a Palavra de Deus ao conhecimento do ouvinte, é
mostrar, nas Escrituras, como deve ser uma conduta. É mostrar a Bíblia, não é mostrar o
erro da pessoa. É mostrar a verdade, não envergonhar a pessoa. Esta conduta, aliás, deve
ser tomada em relação ao homem herege, a quem a Bíblia aconselha que, após uma e
outra admoestação, deve ser evitado, não atacado nem humilhado (Tt.3:10).

A admoestação deve ser feita de modo individual, personalizado, com


sensibilidade (At.20:31). Ao verificarmos que um irmão está a agir erroneamente, não
devemos divulgar aos quatro cantos da terra, nem dar uma “demonstração de
santarronice”, mas, com lágrimas, buscar a Deus para que tenhamos uma palavra de
conforto e de edificação para aquele que está errando. Se vemos o irmão errando, isto

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não se dá por acaso, mas temos, diante de Deus, a responsabilidade para “admoestá-lo”,
ou seja, de lhe mostrar na Palavra o seu erro, de modo a que ele possa se emendar e
endireitar os seus caminhos. É uma responsabilidade que Deus nos dá e que temos de
nos desimcumbir. Agora, será que temos o conhecimento e a sabedoria necessários para
tal admoestação? Se não o temos, estamos em falha e precisamos melhorar os nossos
caminhos diante do Senhor!

A admoestação exige de cada um de nós que estejamos cheios de bondade e de


conhecimento (Rm.15:14). Se não temos amor, se não sentimos compaixão por aquele
que está agindo incorretamente, não estamos habilitados a admoestá-lo. Deveremos tão
somente orar por este irmão, a fim de que o Senhor levante alguém que tenha esta
capacidade para admoestá-lo, assim como orar por nós mesmos, por estarmos “fora do
ponto”. Esta atitude é ainda mais necessária para quem é mestre na casa do Senhor,
como os professores da Escola Bíblica Dominical. Temos condição de admoestar os
alunos?

Há quem entenda que só deva admoestar o pastor ou, às vezes, o mestre ou um


obreiro. Mas a Bíblia manda que nos admoestemos uns aos outros (Rm.15:14) e que,
para tanto, é necessário apenas que estejamos cheios de bondade e de conhecimento. É
evidente que um obreiro tem o dever de ter condições de admoestar, pois, para ser
separado para o ministério, tem de ter aptidão para ensinar (I Tm.3:2), mas esta tarefa
não lhe é exclusiva.

Mas há, ainda, um terceiro e último requisito para a admoestação, a saber: o


exemplo. Para que possamos admoestar, é necessário que retenhamos firmemente a sã
doutrina, ou seja, que a vivamos a cada dia, a cada instante(Tt.1:9). Jesus admirou a
multidão não pelo que falava, o que era repetido, pelo menos há quase cem anos, pelos
escribas e doutores da lei, mas pela autoridade representada pelo exemplo de vida que
mostrava aos Seus contemporâneos (Mt.7:28,29), pois, ao contrário dos fariseus, vivia o
que pregava (Mt.23:2,3). A falta de exemplo tem impedido a admoestação em muitas
igrejas locais e propiciado a perda de milhares de pessoas dia após dia.

Mas o aconselhamento não se dá apenas em forma de “admoestação”. Também


as Escrituras os falam de aconselhamento quando nos fala em “repreender”. É
interessante observar que a única vez em que, na Versão Almeida Revista e Corrigida,
surge a palavra “repreender” é em Lv.19:17, quando Moisés está a elencar os deveres
que há em relação ao próximo, pouco antes de dizer que devemos amar ao próximo
como a nós mesmos (o que se dá em Lv.19:18), mandamento que seria tão evidenciado
pelo Senhor Jesus. Ali é dito que não podemos deixar de repreender o próximo a fim de
não sofrermos nele pecado.

O texto diz que não podemos aborrecer o próximo no seu íntimo, mas não
podemos deixar de repreendê-lo (Lv.19:17). A palavra hebraica para “repreender” é
“yakach”, cujo significado é “apontar”, “corrigir”. Aqui, como na “admoestação”, fica
bem enfatizada a distinção que deve existir entre “apontar o erro” e “aborrecer a
pessoa”. Jamais se deve desrespeitar o próximo, ainda que se esteja a repreendê-lo.

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Quando aconselhamos alguém, mesmo quando lhe apontamos o erro, jamais podemos
faltar com o respeito a esta pessoa, pois Deus criou os homens com dignidade, à Sua
imagem e semelhança, de modo que jamais poderemos ferir esta imagem do Senhor,
muito menos a pretexto de ensinar-lhe o caminho, de ensinar-lhe a verdade.

OBS: A propósito, vejamos o pensamento judaico a respeito de como os líderes devem


tratar o público: “…Nossos Sábios [i.e., os sábios judeus, observação nossa] declaram
que Deus derrama lágrimas todos os dias por três tipos de pessoas: (1) por aqueles que
podem dar-se ao luxo de se engajar no estudo da Torá e não o fazem; (2) por aqueles
que não podem dar-se ao luxo de se engajar no estudo da Torá e o fazem; (3) pelos
líderes comunitários que tratam o público com arrogância.(…). Maimônides [grande
filósofo e comentarista da lei judaica da Idade Média, observação nossa] é ainda mais
eloquente ao expressar, segundo a visão talmúdica [i.e., do Talmude, segundo livro
sagrado do judaísmo, observação nossa], o respeito que um líder deveria ter por sua
comunidade e vice-versa: ‘...Ele também está proibido de tratar o povo com leviandade
Embora eles talvez sejam ignorantes, ele não deveria pisotear as cabeças do povo
sagrado. Embora eles sejam pessoas comuns e mais baixas em seu estado, ainda assim
são filhos de Abrahão, Isaac e Jacob. Ele são os anfitriões de Deus, os quais Ele tirou do
Egito com grande poder e mão poderosa. Ele deveria suportar pacientemente o fardo e
as cargas da comunidade, como fez Moshé Rabenu (Moisés, nosso Mestre) a respeito de
quem está escrito:’...assim como leva o criado à criança que mama...’(Números
11:12)…” (BELKIN, Samuel. A filosofia do Talmud: o caráter sagrado da vida na
teocracia democrática judaica, p.142-3). O que se disse sobre Israel, vale, com muito
maior intensidade, para a Igreja, a Noiva do Cordeiro.

“Repreender” significa “admoestar energicamente; advertir, censurar”, sendo


proveniente da palavra latina “reprehendo”, que, por sua vez, significa “agarrar por
detrás, reter, segurar, prender, apanhar; reter, suster; repreender, censurar, condenar,
criticar”. Logo podemos observar que o objetivo da “repreensão” é “agarrar por detrás”,
“reter”, “segurar”, “prender” e não, como alguns lamentavelmente entendem, “lançar
fora”, “jogar fora’. Alguém é repreendido, na igreja local, para que seja segurado, para
que seja mantido entre os salvos, não para que seja lançado para o mundo.

A “repreensão” é uma atitude que a Bíblia, várias vezes, comete ao próprio


Deus (II Sm.22:16; Sl.18:15; 104:17; Pv.3:11). No mais das vezes, no Antigo
Testamento, a palavra hebraica é “geara”, que significa “reprovação” ou, então, a
palavra hebraica “towkechah”, que também significa “reprovação”, mas, também, com
o sentido de “castigo”, “correção”. O objetivo da repreensão divina é a conversão, o
endireitamento das veredas (Pv.1:23).

Tanto assim é que, em o Novo Testamento, a repreensão está relacionada com a


correção, com a melhora daquele que é repreendido. Isto vemos claramente na primeira
vez que a palavra “repreensão” surge na Versão Almeida Revista e Corrigida, em II
Co.2:6, quando Paulo torna a falar do “iníquo” que se prostituía até com a mulher de
seu pai, caso tratado na primeira carta (I Co.5), quando o apóstolo afirma que ele
deveria ser perdoado e consolado, depois que havia sido repreendido (II Co.2:7), coisa

11
bem diferente daquilo que é ensinado e praticado por alguns que gostam de “entregar o
corpo das pessoas a Satanás”.

OBS: A palavra grega em II Co.2:6 é “epitimia” (έπιτιµία), cujo significado é “castigo”,


“punição”.

Vemos, portanto, que, mesmo na forma de repreensão, o aconselhamento deve


ser feito com amor, ainda que energicamente, ainda que com reprovação dos atos
errôneos praticados, mas sempre visando o bem-estar da pessoa errada, a sua
restauração espiritual, por mais grave que tenha sido a sua infração. “Repreender” é
segurar, é não deixar a pessoa cair definitivamente, fracassar espiritualmente.

Outra palavra utilizada para o aconselhamento é “exortar”, “exortação”.


“Exortar” é “dar estímulo a; animar, estimular; induzir (alguém) a fazer ou pensar
determinada coisa; persuadir.” A palavra tem origem no latino “hortari”, que já significa
incentivar, estimular. Bem se vê, pois, que “exortar” nada tem que ver com “bater”,
“machucar”, “ferir”, como alguns têm defendido e ensinado nas igrejas locais, mas, sim,
tem o significado de “animar”, de “dar ânimo”, de “estimular”.

A palavra “exortar” surge, pela vez primeira, na Versão Almeida Revista e


Corrigida, em Rm.12:8, quando o apóstolo Paulo nos fala do dom assistencial de
exortação, quando manda que quem tem este dom, que o exerça na sua plenitude. O
próprio Paulo, em II Co.9:5, mostra-nos que tinha este dom, pois animou os irmãos para
fazer o trabalho de coleta para os crentes da Judéia, como também nos informa que
Timóteo exerceu este dom ao animar os crentes de Tessalônica que, perseguidos,
estavam sem o apóstolo em meio às lutas que sofriam. A este mesmo Timóteo, Paulo
aconselhou que persistisse em exortar os crentes (I Tm.4:13). Pedro e Judas, também,
disseram, em suas cartas, da necessidade que sentiam, pelo Espírito Santo, de animar e
incentivar os irmãos (II Pe.1:12; Jd.3).

A palavra grega para “exortação” é “paraklesis” (παρακλησις), que é,


precisamente, a palavra com que o Senhor Jesus Se referiu ao Espírito Santo, chamado
por Ele de “Paráclito”, ou seja, “Consolador”. “Exortar”, portanto, é “consolar”, é “dar
ânimo”, é “trazer o Espírito Santo”, é “trazer a consolação” a quem está a ouvir. O
verdadeiro e genuíno aconselhamento cristão traz-nos a presença do Santo Espírito, faz-
nos sentir o refrigério do Consolador, alegra o nosso coração. A “exortação” não deixa
pessoa alguma triste ou revoltada, mas, sim, aliviada pela presença do Espírito Santo.

OBS: “…MAS, aos que se ajoelhavam diante dele, Jesus oferecia (como ninguém
jamais ofereceu) palavras de conforto e alento. Jesus conseguia oferecer todo o apoio
emocional que as pessoas necessitavam. O homem perfeito. Seu perdão fazia com que
as pessoas desejassem tocá-lo e caminhar ao seu lado. Nossa conclusão é de que Jesus
era, de fato, um mestre conhecedor da Lei, um rabi com respeito dos religiosos da época
e um orador eloqüente... MAS, as multidões não procuravam o mestre, o rabi e o orador.
Procuravam o homem de palavras calmas que dizia simplesmente com o olhar: "Eu
também não te condeno..." (Jo.8:11). Este perdão que jorra descontrolada e

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torrencialmente do ensino de Jesus deve ser o mesmo a ser celebrado pela sua igreja
hoje espalhada pela face da terra. O perdão àqueles que vêm de fora, desejosos de
conhecer o Reino e de despencarem aos pés de Jesus deve ser apresentado sem muitas
perguntas pelos seguidores de Jesus. Ele convida os cansados, os oprimidos e os
desesperados a se juntarem a ele; e pior ainda: ele não coloca barreiras... (Mt.11:28-29).
Também o perdão àqueles que já se encontram caminhando nas ruas do Reino, mas que,
por qualquer razão, tenham dado uma escapadinha para o lado de lá do muro não deve
ser retido. As falhas de nossos irmãos devem ser olhadas por nós da mesma forma que
Jesus as olharia; com misericórdia desmedida.Que fique claro que há pessoas que
querem encontrar igrejas de mentira, pessoas que buscam na palavra do pregador aquilo
que elas mesmas querem ouvir. Estes podem correr para qualquer estabelecimento que
se pareça com um auditório, que tenha um púlpito, alguns instrumentos e uma urna para
receber as ofertas. Só não pensem que todos os lugares que se pareçam com uma
reunião da igreja sejam DE FATO uma reunião da igreja.Mas há também homens e
mulheres que dariam seu último suspiro para se encontrar com aquele filho de
carpinteiro que caminhava nas regiões da Galiléia espalhando uma mensagem de
misericórdia que arranque as toneladas que se acumulam sobre seus ombros. Não nos
importamos com as cores, o tamanho e as letras do rótulo que certamente será colocado
nesta caixinha chamada igreja; mas devemos batalhar para que, ao olharem para nós,
enxerguem um grupo de onde jorram o amor e o perdão de Jesus. Neste rótulo deve
estar escrito: "misericórdia".” (BENTES, Fábio. O rótulo da igreja. Disponível em:
http://www.bibliaworldnet.com.br/ Acesso em 29 dez. 2006).

A “exortação”, pelo que podemos verificar das passagens bíblicas em que ela é
mencionada, tem sempre a ver com o estímulo para a nossa fé, é um meio pelo qual
vemos nossa fé acrescida e fortalecida, de modo a que possamos persistir nesta batalha
espiritual contínua, neste bom combate. Precisamos estar sempre animados, ter bom
ânimo para vencer o mundo e o papel da “exortação” é precisamente este. Não se trata,
pois, de apenas nos corrigir, para que não percamos a direção do céu, mas de nos
fortalecer, de nos dar forças para chegarmos até o fim.

Por isso, é altamente preocupante o comportamento de muitos que, na


atualidade, em vez de “exortar”, de “animar” a fé dos irmãos, querem “agradar a carne”,
criando entretenimento, diversão e tudo o que traz conforto à carne e ao corpo, mas
nunca à alma e ao espírito. A tendência vivida, hoje, em muitas igrejas locais, é o de
criar todo o tipo de espetáculo e de atividades que massageiem o ego das pessoas, que
coloquem em realce a auto-estima, a emoção e o sentimento, mas que nada ou muito
pouco trazem à alma e ao espírito. É necessário que haja “exortação”, que haja “ânimo
para o combate” e não entretenimento ou divertimento. Estamos em igrejas, não em
salas de teatro, de show ou de cinema!

OBS: Um querido irmão tem insistido em mostrar que, por causa destas circunstâncias
lamentáveis que estamos a viver, estamos presenciando a concretização da “abominação
desoladora” de que falou o profeta Daniel em nossas igrejas locais(Dn.9:27;12:11;
Mt.24:15; . Somos obrigados a concordar com ele: ainda que a abominação desoladora
apontada pelo profeta venha a ocorrer no meio da Grande Tribulação, ela está sendo

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figurada a cada dia nas atitudes lamentáveis que vêm sendo tomadas com cada vez
maior intensidade nas igrejas locais, onde os templos são transformados em salões de
baile, em locais de eventos e espetáculos e não mais em locais de adoração a Deus.
Nestes lugares, realmente, o espírito do anticristo chegou e fez o seu trono, realizando a
abominação desoladora nesta porção do Israel de Deus.

Outra palavra utilizada para indicar o aconselhamento é “redargüir”, cujo


significado é “dar resposta, argumentando”, que vem do latino “redarguo”, que, por sua
vez, significa “"refutar, convencer de falsidade, mostrar a falsidade”. Como se pode
observar, “redargüir” é dar uma resposta, é responder, utilizando-se de argumentos. Só
pode responder quem se lhe fez uma pergunta. Só pode responder quem esteve disposto
a ouvir a pergunta. Só pode responder com argumentos quem tem conhecimento, quem
sabe os motivos e as razões de uma determinada resposta. Só pode “redargüir” quem
satisfaz os requisitos do aconselhamento.

A palavra “redargüir” somente aparece, na Versão Almeida Revista e Corrigida,


em II Tm.3:16, quando se vê que se trata de uma característica das Escrituras. Elas são
proveitosas para “redargüir”, ou seja, somente poderemos responder às indagações que
se nos fazem com base na Palavra de Deus. É sintomático que, na atualidade, muitos
“aconselhadores cristãos” estejam recorrendo a psicólogos, psicanalistas e tantos outros
especialistas para responderem às questões ou para trazerem solução aos problemas
apresentados pelas pessoas. Não somos contra a utilização do conhecimento secular,
mas jamais devemos deixar de observar, como fez Larry Crabb, citado supra, de que a
Bíblia é a base de todo aconselhamento genuinamente cristão. É a Bíblia quem tem a
resposta para as indagações do homem e é com base nela que devemos aconselhar as
pessoas!

OBS: A situação vivida na atualidade é bem difícil. Os “pastores” têm sido


identificados pelo mundo não mais como aqueles que levam a Palavra de Deus aos
homens, mas como aqueles que desenvolvem com sucesso “técnicas de auto-ajuda”.
Transcrevemos reportagem recente a respeito: “…A nova geração de líderes
evangélicos achou um caminho muito mais certeiro e útil de chegar ao coração dos fiéis:
o da auto-ajuda. A promessa é a mesma que ofereciam pentecostais e neopentecostais da
geração passada: o da felicidade e prosperidade aqui e agora. Só que, para alcançá-las,
os novos pastores sugerem outras ferramentas: além da fé, o bom senso; somado à
intervenção divina, o esforço individual. ‘O discurso atual dá mais ênfase ao
pragmatismo e à pró-atividade do fiel do que ao sobrenatural", avalia o pesquisador da
PUC-SP Adilson José Francisco. ‘Em vez de pregar, como fazem algumas igrejas, a
libertação de todos os males por meio do exorcismo, por exemplo, esses pastores
adotam alguns conceitos da psicologia: para se livrar dos problemas, é preciso uma
mudança de atitude, na maneira de ver o mundo", explica o antropólogo Flávio
Conrado, pesquisador do Instituto de Estudos da Religião. Um indicativo claro dessa
transformação está na comparação da produção literária dos velhos e dos novos
pastores. Títulos como A Fé de Abraão ou Estudo do Apocalipse, assinados pelo bispo
Edir Macedo, abrem lugar nas prateleiras das livrarias evangélicas para obras com
títulos como Jamais Desista!, do pastor metodista Silmar Coelho, ou Vencendo

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Obstáculos e Conquistando Vitórias, de autoria de Silas Malafaia. Um dos nomes mais
conhecidos da Assembléia de Deus, o pastor Malafaia chega a vender, por ano, 1 milhão
de DVDs e CDs de pregações de conteúdo motivacional. Em seus discursos, as
parábolas bíblicas dão lugar à objetividade de um Lair Ribeiro. Conflito amoroso?
‘Vem cá, minha filha: o sujeito é bonitão e sarado, mas não trabalha nem estuda? Então,
fica com o magrinho narigudo que é melhor! Ele pode ser feio mas é trabalhador’, brada
o pastor. Perda de emprego? ‘Meu amigo, você ganhava 700 reais e viu abrir uma porta
de 300 reais? Mete a cara! Não fica dizendo que Deus está olhando, que vai abrir uma
porta melhor... Deus tá vendo o quê, rapaz? Vai trabalhar!’ ‘Os neopentecostais pregam
o ‘faça-você-mesmo’, afirma o historiador e especialista em religiões da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) Eduardo Bastos de Albuquerque. ‘E, muitas vezes, a técnica
funciona. Ao deixar de beber, fumar, brigar dentro de casa e ao passar a trabalhar, o fiel
alcança, de fato, uma melhoria de vida.’ Para o sociólogo Ricardo Mariano, da PUC do
Rio Grande do Sul, o sucesso do discurso dos novos pastores está diretamente
relacionado ao que ele chama de ‘desencanto’ dos fiéis em relação à idéia da ‘barganha’
com Deus proposta pelos antigos pregadores. ‘Há certa decepção com esse discurso
fácil de que bastaria dar o dízimo e orar que Deus deixaria todo mundo feliz, vitorioso e
saudável’, diz. O sociólogo chama ainda atenção para o fato de que, ao enfatizarem a
importância da racionalidade em detrimento da magia, os novos pastores estão mirando
um segmento que, embora ainda incipiente, começa a crescer: o dos fiéis de classe
média.…” (PEREIRA, Camila e LINHARES, Juliana. Os novos pastores. Veja, edição
1964, 12 jul. 2006. Disponível em: http://veja.abril.uol.com.br/120706/p_076.html
Acesso em 28 dez. 2006).

O aconselhamento não pode ser dado sem que haja base nas Escrituras. Mas,
para que seja possível a redargüição, é preciso que tenhamos uma vida de santidade. O
apóstolo Pedro diz para que respondermos com mansidão e temor a razão da esperança
que há em nós faz-se necessário que, antes, nos santifiquemos a Cristo como Senhor em
nossos corações (I Pe.3:15). E aqui reside a dificuldade dos nossos dias: é preciso
aprender com a Palavra para aconselharmos fazendo uso dela. É preciso nos separar do
pecado, para sermos aconselhadores. É preciso obedecer à Palavra, renunciarmos a nós
mesmos e termos a Cristo como Senhor em nossos corações, para que o aconselhamento
se dê com base nas Escrituras. Para alguns, por isso é mais fácil se tornar um Ph.D. em
psicologia, um “expert” em psicanálise, porque isto não o impede de viver como quer,
de não se submeter ao Senhor Jesus.

Como basear o aconselhamento cristão em técnicas de auto-ajuda, se o


aconselhamento somente se dá quando a pessoa reconhece que não tem como se ajudar,
de que depende de Deus para poder se salvar? Entretanto, um tal “aconselhamento”
encontra muitos seguidores na atualidade, porque é exatamente o que querem ouvir os
“homens amantes de si mesmo”, aqueles que não sofrem a sã doutrina, mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoam para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências, desviando os ouvidos da verdade, voltando às fábulas (II Tm.4:3,4).

Aconselhamento é, por fim, correção. “Corrigir” é “dar forma correta, ou


melhora; pôr em bom estado, em ordem, em boa condição (o que apresenta alguma

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incorreção ou está em desarmonia com o todo, ou impede o seu equilíbrio e/ou o seu
bom funcionamento ou emprego); consertar, endireitar; procurar melhorar ou alterar
para melhor a conduta de (alguém ou a sua própria); repreender com severidade;
censurar energicamente; aplicar pena, castigo a (alguém ou a si mesmo); castigar(-se),
punir(-se)”, palavra que vem do latino “corrigo”, cujo significado é “"endireitar, pôr
direito o que está torto, seguir caminho direto ou direito”.

A única vez em que aparece, na Versão Almeida Revista e Corrigida, a palavra


“corrigir” é, também, em referência à Bíblia Sagrada, que é, também, considerada apta a
“corrigir”(II Tm.3:16). A palavra grega é “epanorthosis” (επανορθωσις), cujo
significado é “correção”, “melhora”, palavra que é composta de “epi”, que significa
“sobre” e “orthosis”, que significa direito, ou seja, é “ir para o direito”. Este é o sentido
da “correção”, esta, a finalidade do aconselhamento, fazer com que os caminhos
errados, tortuosos se endireitem, retirar a tortuosidade (não nos esqueçamos que
“pecado” em grego é “hamartia”, ou seja, “tortuosidade) para que haja retidão, para que
tudo seja direito. Por isso, devemos sempre nos utilizar da Palavra de Deus, para que
haja “a reta justiça”.

A palavra “correção”, que é bem mais abundante nas Escrituras, tem também a
mesma significação. No hebraico, é, no mais das vezes, a palavra “muwcar”, cujo
significado é “castigo”, “penalidade”, o que nos faz lembrar da palavra “repreensão”,
até porque, no Antigo Testamento, é a “correção” associada ao Senhor (Pv.3:11;
Is.26:16; Jr.5:3) ou aos pais (Pv.4:1; 15:5). Em o Novo Testamento, a palavra
“correção”, que encontramos em Hb.12:5,7,11 é a palavra grega “paidéia” (παιδεία),
cujo significado é “instrução”, “ensino às crianças”, dando-nos explicitamente a figura
do pai que instruir, por amor, aos seus filhos.

Uma vez mais, vemos que o aconselhamento deve sempre ser dado com amor,
com um desejo profundo de contribuição para a melhora, para o endireitamento daquele
que está sendo aconselhado.

O aconselhamento, como se pôde observar, é uma aplicação do conhecimento


das Escrituras, do amor divino em relação ao próximo, a começar dos nossos irmãos.
Exige que tenhamos comunhão com Deus, santidade, exemplo e uma atitude de
humildade e de submissão ao Espírito Santo. São qualidades que estão escassas nos dias
em que vivemos, mas temos de nos esforçar para tê-las.

Muitos até conseguem alcançar a condição de aconselhadores. Seus ensinos e


palavras ganham notoriedade no meio do povo de Deus. São vistos como pessoas
dotadas de uma palavra similar à Palavra de Deus, como ocorreu com Aitofel, nos dias
de Davi e de Absalão. Reside aí mais um perigo: o de as pessoas se envaidecerem e de
perderem a direção de Deus. Assim como ocorreu seja com Balaão, seja com Aitofel, a
vaidade pode levar estes “sábios” à morte. “Pois que aproveita ao homem ganhar o
mundo inteiro, se perder a sua alma?” (Mt.16:26-a).

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Vivemos dias em que a vaidade tem tomado conta de muitos sábios que o
Senhor tem levantado no meio da Sua Igreja, sábios que, infelizmente, se deixaram
levar pela vaidade e que, assim como Balaão e Aitofel, perderam a sua própria vida
espiritual. Os falsos mestres caracterizam-se, precisamente, por perverterem a Palavra
de Deus e passarem a querer ter discípulos em volta de si, transformando-se em “donos
da verdade”, em vez de permanecerem sábios aconselhadores, aqueles que não só dão,
como também recebem conselhos, que sabem que o único e verdadeiro Mestre é Jesus
Cristo (Mt.23:8). Se mantivermos esta humildade, certamente seremos vasos preciosos
nas mãos do Senhor, em meio a um povo que, cada vez mais, tem fome e sede da
Palavra de Deus (Am.8:11,12).

Outras áreas de aconselhamento

Aconselhamento Financeiro - Se você quer aprender a controlar melhor suas finanças


e a economizar dinheiro,existe algumas ações para alcançar objetivos, como redução de
dívidas, bons investimentos ou poupança. Escolha um planos de ação para seguir a fim
de colocar suas contas em dia, reduzir gastos e saber a melhor forma de usar o seu
dinheiro.
Aconselhamento Matrimonial - Aconselhamento matrimonial bíblica é um tipo
de aconselhamento matrimonial que faz uso pesado de crenças espirituais cristãs e
escrituras bíblicas. Os cristãos costumam acreditar que o casamento é uma aliança
inquebrável sagrado entre uma mulher, um homem, e Deus. Cônjuges no cristianismo
geralmente são encorajados a amar, respeitar e apoiar um ao outro espiritualmente, bem
como em todas as outras formas. A maioria dos cristãos também conta com as escrituras
da Bíblia cristã para a orientação de vida e aconselhamento moral. Aconselhamento
matrimonial bíblica, portanto, geralmente se baseia em passagens específicas da Bíblia
cristã, bem como as crenças cristãs sobre o casamento, para ajudar os cônjuges resolver
suas diferenças e aprender a consertar seu relacionamento conjugal com problemas.
Algumas das técnicas de aconselhamento matrimonial bíblica são semelhantes às
técnicas de aconselhamento matrimonial secular. Tais conselheiros normalmente
encorajar os casais a tratar uns aos outros com respeito, evitando o abuso verbal e
assédio. Eles, muitas vezes, ajudar os casais a entender uns dos outros pontos de vista.
Conselheiros matrimoniais bíblicos funcionarão normalmente para ajudar a cada um dos
cônjuges verem o seu próprio, e do outro, um comportamento claramente. Eles
geralmente vão encorajar os casais a promover a intimidade através da compaixão e
desenvolver habilidades de comunicação mais fortes.
A maioria dos praticantes de aconselhamento matrimonial bíblica irá adicionar
crenças e práticas espirituais cristãs a estas técnicas, o que é o que geralmente faz com
que tal aconselhamento diferente de sua contraparte secular. Conselheiros matrimoniais
cristãos costumam encorajar os casais a orar uns pelos outros e para a resolução de
problemas de casamento, uma vez que muitos cristãos consideram Deus para ser um
tipo de parceiro no casamento. Conselheiros matrimoniais bíblicos, muitas vezes, dar
aos casais conselhos retirados de escrituras bíblicas. Estas escrituras contêm muitas

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passagens que podem ser interpretadas como estando relacionada com melhores
relacionamentos interpessoais e casamentos. Crenças cristãs sobre o casamento e seu
objetivo será geralmente uma parte central da terapia.
Os defensores deste tipo de aconselhamento geralmente acreditam que é ideal para
as necessidades específicas do casamento cristão. Maridos e esposas cristãos são
normalmente esperados para amar e honrar uns aos outros e apoiar-se mutuamente nas
crenças e práticas espirituais. Divórcio e separação são malvistos entre muitos ramos da
religião cristã, por isso os cônjuges são normalmente encorajados a resolver os seus
problemas conjugais, não importa quão grave. Praticantes de aconselhamento
matrimonial bíblica costumam receber grande parte do mesmo treinamento que os
profissionais de aconselhamento matrimonial secular, embora muitas vezes eles
baseassem suas técnicas terapêuticas nos ensinamentos cristãos.
Um dos maiores desafios que os casais de hoje enfrentam, quer sejam casados ou
não, é o analfabetismo conjugal. Muitos casamentos fracassam ou deixam de atingir seu
pleno potencial porque os casais nunca aprenderam o que realmente significa o
casamento. O entendimento que possuem é muito superficial ou moldado pela filosofia
do mundo em vez de pelos princípios de Deus, ou ambos. O relacionamento no
casamento é uma escola, um ambiente de aprendizagem no quais ambos os parceiros
podem crescer e se desenvolver ao longo do tempo. O casamento não exige perfeição,
mas deve ser lhe dada prioridade. O casamento possui o potencial de expressar o amor
de Deus no seu mais pleno nível possível na terra. Quando duas pessoas totalmente
diferentes unem-se, vivem e operam como só uma, amando, perdoando,
compreendendo, suportando e entregando-se um ao outro generosamente, aqueles que
as observam de fora irão ver pelo menos um pouco o que significa o amor de Deus”.
Aconselhamento de crianças - A família tem sofrido muito com o moderno estilo de
vida adotado pela sociedade contemporânea. A presente geração de pais cresceu num
vácuo de autoridade, resultado da filosofia de vida dos nascidos no pós-guerra que
criaram seus filhos com pouca ou nenhuma disciplina, resultando em pais que não
sabem ou não querem exercer autoridade o lar.
O problema é que a sociedade de um modo geral já rejeitou os valores bíblicos
necessários a família. Segundo John MacArthur uma criança assiste em média trinta
horas de TV por semana e antes que conclua o ensino médio terá sido submetido a vinte
mil horas de programação que em sua maioria pregam valores contrários a Palavra de
Deus.
Paul Tripp afirma que muitas pessoas têm filhos, mas não querem agir como
pais, muitos preferem ser amigos de seus filhos e se colocam em condição de igualdade
com eles. Além disso, nossa cultura tem convencido a muitos que ter filhos é uma
desvantagem competitiva na sua busca de auto realização.

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Nesse contexto muitos pais não têm lidado biblicamente com os problemas
enfrentados por seus filhos. As escolas e, em alguns casos, as igrejas locais não têm
cooperado com os pais na tarefa de “ensinar o menino no caminho que deve andar” (Pv
22.6). Tornou-se comum encontrar pais desorientados recorrendo a profissionais que
algumas vezes não têm compromisso com Cristo e outras vezes não têm uma visão
bíblica do problema.
Olhando para este cenário surgem as perguntas:
As Escrituras são suficientes para solucionar os problemas infantis?
Em um tempo em que o modelo de criação de filhos é fortemente influenciado
pela psicologia, podemos recorrer exclusivamente a Palavra de Deus para nos direcionar
na criação de nossos filhos?
Como devem ser tratados biblicamente os problemas das crianças?
Uma vez que a psicologia, a psicanálise e a psicoterapia têm se tornado cada vez
mais populares, é comum ver termos destas áreas sendo usados por pais, educadores e
até crianças para descrever os comportamentos problemáticos dos últimos. Qual a
terminologia bíblica para os principais problemas infantis? E quais os mandamentos
bíblicos relativos a cada comportamento observável?
As crianças têm características diferentes dos adolescentes, jovens e adultos,
assim sendo, quais as peculiaridades na prática do aconselhamento de crianças devem
ser adotadas a fim de ajudá-las a vencerem biblicamente seus problemas? Quanto tempo
deve durar uma sessão de aconselhamento em que uma crianças esteja presente? Os pais
devem participar de todas as sessões? O “set” de aconselhamento precisa sofrer alguma
adaptação para receber as crianças? Qual linguagem deve ser usada durante a sessão?
Qual o papel dos pais no aconselhamento bíblico de crianças? Supondo que o
conselheiro bíblico realmente seja útil no auxílio a crianças que passam por
dificuldades, até que ponto este ministério deve ser exercido sem interferir na
responsabilidade bíblica dos pais. O mandamento bíblico de instrução e disciplina dos
filhos foi dado exclusivamente aos pais, assim sendo qual a responsabilidade destes no
processo de aconselhamento?
Como conselheiro bíblico creio que a Bíblia tem a resposta para todos os
problemas do ser humano, inclusive das crianças de menor idade. E que a verdade
Bíblica deve ser apresentada de forma concreta e relevante às crianças, com uma
aplicação direta aos problemas delas.
Assim, defendo que os princípios de aconselhamento bíblico podem ser
aplicados perfeitamente às crianças, necessitando apenas que alguns pequenos fatores
sejam especificados.

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Como conselheiros temos ainda que auxiliar, partindo da Palavra de Deus, pais
que precisam aprender a instruir e tratar biblicamente as diversas situações-problemas
na vida de seus filhos, visando atingir-lhes o coração.
Embora o modelo atual de criação de filhos seja fortemente influenciado pela
psicologia, as situações problemas apresentadas pelas crianças podem e devem ser
encaradas a luz da Palavra de Deus. Assim, como crentes que acreditam na Bíblia como
Palavra de Deus, devemos recorrer exclusivamente a ela para nos direcionar no trato
destes óbices.
Os problemas das crianças têm a mesma raiz pecaminosa que os problemas dos
adultos, diferindo destes apenas na sua forma de apresentação e de realização. As
crianças como pecadoras têm desafios próprios e os problemas enfrentados por elas se
manifestam mais em forma de ira, medo, bullying, desobediência e inquietação.
É preciso que o conselheiro bíblico adote uma metodologia própria para
aplicação prática dos princípios bíblicos para crianças.
Os modernos termos psicologizados utilizados pelos pais precisam ser
gradativamente substituídos por termos bíblicos, por exemplo, as crianças que chegam
para aconselhamento com um diagnóstico de hiperatividade e déficit de atenção, na
verdade precisam aprender o domínio próprio. O pecado e não a baixa autoestima é o
problema básico das crianças. As chamadas fobias são na verdade a manifestação do
medo que desconfia do amor de Deus e da sua soberania.
Uma mudança na linguagem do aconselhamento é fundamental para a eficácia,
uma vez que a criança necessita entender a Palavra de Deus. O uso de técnicas variadas
de ensino como, contação de histórias, desenho e outras possibilitarão uma maior
transmissão de conteúdo, levando a uma maior eficiência no processo de
aconselhamento. Neste ponto conselheiros bíblicos têm muito a aprender com
professores da Escola Dominical.
A sessão de aconselhamento bíblico para uma criança precisa ser mais curta,
com 30 ou 40 minutos no máximo. Também é importante o trato inicial com os pais e a
introdução da criança no processo de aconselhamento deve ocorrer apenas depois de
duas ou três sessões, sendo que talvez isto nem seja necessário. Na maioria dos casos,
basta que os pais sejam aconselhados para que os problemas dos filhos sejam
resolvidos.
Os conselheiros devem ainda buscar um local de aconselhamento apropriado as
crianças, talvez com alguns temas infantis ou mobília mais adequada a criança,
facilitando assim a aproximação com a mesma.

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Por fim ressalto a necessidade extrema de participação dos pais, estes nunca
devem ser excluídos do processo de aconselhamento, pois como já disse, na maioria dos
casos, serão eles os aconselhados. Os pais proverão as informações preliminares ao
conselheiro, e em alguns casos o problema estará nos pais e não nas crianças. Em um
segundo momento, caso a criança realmente apresente dificuldades em agradar a Deus,
os pais acompanharão as sessões como treinados para eles próprios tornarem-se
conselheiros de seus filhos.
O mandamento bíblico de instrução e disciplina dos filhos foi dado
exclusivamente aos pais, assim sendo os conselheiros poderão ajudá-los, mas nunca
substituí-los.

Aconselhamento de adolescência - Os adolescentes de hoje enfrentam uma


série de desafios. Estima-se que menos de um terço das crianças menores de 18 anos
com um problema psicológico necessitam receber qualquer ajuda. Problemas típicos
variam de sempre crescentes pressões exame para a atração da internet.
Vemos um número crescente de adolescentes que sofrem de depressão,
condições relacionadas com o stress , autoestima, drogas e abuso de álcool baixo ,
transtornos alimentares e dificuldades relacionais.
Alguns sinais típicos de problemas psicológicos em adolescentes
1. Dificuldade em lidar com a vida diária.
2. Período prolongado de depressão e letargia.
3. Mudanças perceptíveis na alimentação e / ou dormir.
4. Referências a suicídio ou automutilação.
5. Mudanças aparentes na personalidade.
6. Humor volátil.
7. Drogas / abuso de álcool.
8. Demonstrações pronunciadas de agressão.
Aconselhamento para adolescentes incorpora princípios da terapia de adultos,
mas é sustentado por psicologia do desenvolvimento. Conselheiros adolescentes
precisam de uma formação específica para trabalhar com adolescentes.
É preciso uma habilidade especial para se envolver com adolescentes e para
orientá-los na superação de suas dificuldades, sem interromper o curso do
desenvolvimento natural. O ITAT tem psicólogo de aconselhamento que são treinados
para trabalhar com adolescentes..
Como pode Aconselhamento para Adolescentes ajudar?

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Dá adolescentes a chance de falar sobre todas as questões em um ambiente
seguro. Ajuda a ganhar confiança na auto- expressão como um adolescente. Melhora os
níveis de comunicação através da prática e com o feedback terapeuta. Ajuda-os a
aprender a reconhecer os pontos fortes e fracos
Ensina -lhes maneiras de superar as preocupações , as pressões e comportamentos
negativos .
Aconselhamento Parental - A verdade é que os filhos não trazem na altura do
nascimento um "manual de instruções" que permita aos pais definir previamente a
melhor forma de educá-los. Trata-se de um processo de constantes adaptações e
desafios que implica uma contínua aprendizagem de todos os intervenientes da família.
Cada filho é um ser único, com a sua própria personalidade.

Ao longo do desenvolvimento, as crianças e os jovens vão passando por fases


que pressupõem a aquisição de determinadas competências e limitações. Importa que
os pais estejam conscientes destas mudanças por forma a poderem educar os seus filhos
com tranquilidade, mas também com persistência.

Alguns pais consideram-se pouco capazes de impor regras, e explicam os


comportamentos dos filhos à luz de “ele já nasceu com muita personalidade” ou “é
teimoso como o avô”, encolhendo os ombros numa atitude de passividade, mostrando
aos outros que não há nada a fazer em relação a isso. Outros, relativizam certos
comportamentos, tendo a ideia de que com a idade tudo irá passar e que o problema se
resolverá por si !

Como diz o provérbio Nigeriano - “Para educar uma criança é preciso uma
aldeia inteira “. Educar uma criança exige muita disponibilidade, firmeza e tolerância
às frustrações. No entanto, não nos podemos esquecer que os próprios pais, durante esse
longo período de educação, estão igualmente a aprender a ser pais e, simultaneamente a
responder a desafios pessoais, profissionais, financeiros, de relação com o cônjuge,
entre outros.

A gestão de todos estes processos pode levar à necessidade de procura de


aconselhamento quanto a possíveis dúvidas ou mesmo dificuldades quanto a diversas
questões que surjam na dinâmica familiar e nos comportamentos dos filhos. Este
aconselhamento pode ser feito somente com os pais ou, dependendo da problemática,
também com sessões individuais com os filhos.

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Aconselhamento psicológico e psicoterapia:

Autoafirmação, um determinante básico


OSWALDO DE BARROS SANTOS
O autor reporta-se a sua experiência primeiramente no campo da psicologia
industrial e na orientação vocacional e, a partir da década de 60, no campo da psicologia
clínica, coincidente com sua especialização no método rogeriano.
Partindo inicialmente das teorias e técnicas de C. Rogers, observou o autor que a
maioria de seus clientes, atendidos em situação de terapia, caminhava no sentido de um
melhor bem-estar e produtividade (definidos em um critério de sinais de progresso) na
medida em que, em uma visão auto-referente, atribuíram a si mesmos e não a fontes
externas, as causas· de seus problemas e dificuldades e que paralelamente seu
autoconceito se modificava A conciliação entre o seu Eu - pessoal (o ser) e o seu Eu -
social (dever ser) gerava um processo de auto avaliação, o qual, por sua vez, dava
origem a estados de insatisfação, muitos dos quais evoluindo para quadros de ansiedade,
angústia, depressões e comprometimento da personalidade.
A constatação acima não representa algo de novo, eis que sob nomes e sistemas
diversos é encontrada nas várias escolas psicológicas, de Freud a SkinBer passando
pelas concepções de Adie r, J ung, Reich, Sartre, Rogers e muitos outros. O que releva
notar e que pode assumir uma nova contribuição, é o papel preponderante que o
fenômeno da auto avaliação e da autoafirmação desempenha no imenso quadro da
motivação e do comportamento humano em geral.
Revendo os conceitos gerais de motivação, o processo terapêutico e os
determinantes do comportamento, chega o autor à hipótese de que dentre estes um dos
mais significativos, senão o maior, seria a autoafirmação, entendendo-se esta como uni
complexo processo derivado do sei! e do autoconceito. Tratar-se-ia de uma ampla,
variada e constante revisão de si mesmo, de conteúdo cognitivo e emocional, resultante
dos juízos que a pessoa faz de si e de seu Eu em relação ao mundo. As bases do
comportamento humano, ou seja, as necessidades e os motivos que, consciente ou
inconscientemente, erigiriam os alvos da atividade, excluídos os agentes de pura
sobrevivência (nutrição, repouso, conforto físico etc.), estariam concentrados nos
conceitos sobre si e sobre outrem que a pessoa elabora como fruto de suas experiências.
A luta entre o niilismo (nada ser, destruir-se) e o sentimento de ser alguém, ainda que
com limitações, constituiria o principal conteúdo dos alvos que a pessoa coloca para si.
Os exemplos são imensos e coerentes: a criança ao brincar, ao querer andar e ao praticar
atos sozinha está procurando se afirmar como alguém; vêm a adolescência e a idade
adulta, nas quais os sentimentos mais gratificantes são os que nos focalizam como
pessoas atuantes. Por outro lado, o ingrediente mais traumático das frustrações e
conflitos parece ser o sentimento de ser desvalorizado, não considerado, ignorado,
preterido ou, de qualquer forma, inferiorizado perante os valores, as pressões e as
expectativas sociais.
As consequências dessas observações podem parecer triviais, mas os processos
terapêuticos em que a auto avaliação é explorada, revista e reorganizada indicaram ao
autor que as terapias bem-sucedidas foram as que melhor enfocaram esse problema. O

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presente trabalho visa pois reativar esse foco de atuação como procedimento eficaz no
ajustamento e na psicoterapia.Muitas posturas filosóficas, notadamente o humanismo, o
existencialismo e a antipsiquiatria já haviam chegado, por caminhos e o rótulos
diversos, à constatação que aponta o autor.
Muitos procedimentos terapêuticos indicam a individuação, a consciência de si e
o sentido do valor pessoal como alvos significativos, o que é mais sensível em Adler e
em Rogers. Mesmo o "reforço" da linha "skineriana" - quando a pessoa alcança a
resposta da missão cumprida - pode ser uma forma de crédito pessoal que a pessoa
atribui a si mesma. Nenhum deles, porém, posiciona tal alvo como direção
comportamental e terapêutica. Tratam-no como qualquer outro evento da teoria e da
técnica terapêutica. Identificar, em primeiro lugar, a auto-afirmação como determinante
básico do comportamento e, como conseqüência, como conteúdo e meta terapêutica é o
objeto desta comunicação.
A ser válida a hipótese levantada, as consequências na educação, no trabalho, na
vida social e na psicoterapia seriam óbvias. Na medida em que terapeuta e cliente
analisam, reflexivamente e em conjunto, no plano cognitivo e emocional, em clima
receptivo e não crítico, os temores e insatisfações, bem como os sucessos e
gratificações, o cliente tende a modificar a concepção sobre si mesmo, tornando-se
capaz de vivenciar o seu Eu - pessoal e seu relacionamento com o Eu - social. O foco do
processo de ajustamento e de terapia caminharia em estágios: o self, a identidade, a
autoimagem e o autoconceito. A estruturação psicológica dar-se-ia no momento em que
a pessoa conhece-se a si mesma; sente-se como real, aprecia seus valores e suas
limitações, afiro! fUUldo-se como alguém em contraposição ao sentimento de desvalia
ou de nulidade.

O QUE É TERAPIA COGNITIVA?

Terapia Cognitiva é um sistema de psicoterapia que tem demonstrado


grande êxito no tratamento dos mais variados transtornos e patologias clinicas.
A terapia cognitiva tem como base a hipótese de "vulnerabilidade
cognitiva". Tem como pressuposto básico a interpretação que um sujeito faz de uma
determinada situação, sendo que esta pode ser interpretada das mais variadas maneiras
por pessoas diferentes, e essas interpretações que vai definir a resposta emocional e
comportamental do sujeito. As nossas interpretações são determinadas pelos nossos
esquemas e crenças, funcionais ou disfuncionais. Essas crenças quando ativadas geram
pensamentos automáticos (positivos ou negativos), que por fim interferem no nosso
comportamento.

Problemas emocionais

De onde surgem os problemas emocionais?


Uma boa parte das vezes a origem dos problemas emocionais atuais são as
vivências negativas do passado que deixaram marcas.
Por exemplo:

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Pessoas que não tiveram oportunidades de conviver com pessoas de fora da
família, que não foram incentivados a fazer amizades quando crianças podem apresentar
problemas emocionais quando estiverem em situações novas e se relacionando com
pessoas que ainda não conhece, ou seja, terão dificuldades para iniciar amizades ou
namoros.
Pessoas que tiveram pais, ou as pessoas que cuidaram dele quando criança,
muito severa poderá ter problemas emocionais ao se relacionarem com todas as outras
figuras de autoridade de sua vida, como professores, chefes, autoridades religiosas, etc.
Pessoas que passaram grandes inseguranças quando criança por não se sentirem
acolhidos e com suas necessidades atendidas poderão apresentar medos infundados
como o medo de voar de avião, medo de passar em tuneis, medo de animais, síndrome
do pânico, etc.
Pessoas que foram criadas por pessoas muito preocupadas, sempre em estado de
alerta, poderão se tornar ansiosas crônicas.

Como aconselhar pessoas com problemas emocionais


Método libertador:
liberdade em tempo oportuno
Libertar é uma sucessão de ações e reações com o objetivo de trabalhar com as
pessoas para que sejam socorridas em tempo oportuno, tornem sabedoras das origens e
desenvolvimentos da opressão e da dominação na sociedade em que vivem (1). Isso
contribui para que entendam melhor sua vida profissional, financeira, social, psicológica
e religiosa. Libertar não implica apenas em ações que tirem a pessoa da influência
negativa do reino das trevas, mas também do reino dos seres humanos.
Todo processo de cuidado pastoral é uma ação ou realização continuada e
prolongada de alguma atividade que vise, ao final, o bem-estar daquele que necessita de
cuidados (2). Porém, trilhar esse caminho de auxílio ao outro exige uma análise critica
dos fatores que envolvem a vida da pessoa em questão. Isso pode revelar as diversas
origens do problema e, também, direcionar para os melhores caminhos a fim de
solucioná-los.
Os problemas de origens pessoais podem ser identificados na história de vida do
aconselhado e têm muito a revelar sobre quem é a pessoa, como chegou ao ponto em
que está. Identificadas as raízes das questões que a atormentam, ficará mais fácil
desenvolver um trabalho de acompanhamento, de cuidado pastoral, até que haja
libertação dos sentimentos negativos, dos pensamentos ruins e da forma de vida que
prejudica a si mesmo e aos outros.
Quando um indivíduo nasce, já encontra uma estrutura pronta para recebê-lo. No
decorrer de seu crescimento, ele não se adaptará a muitas questões que são consideradas
normais para outras pessoas. Isso lhe trará conflitos interiores entre aquilo que pensa ser
o correto e aquilo que todos dizem ser o certo. A estrutura política, social, financeira,
familiar e outras vigentes durante o tempo de existência de uma pessoa poderão trazer
problemas que exigirão maiores cuidados pastorais.
As relações, os processos e as estruturas sociais, enquanto formas de dominação
política e apropriação econômica, produzem uma história de vida de muitas pessoas

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plena de diversidades, disparidades, desigualdades, antagonismos. As condições de
sobrevivência, o trabalho das diversas categorias profissionais e as classes sociais são de
fundamentais importâncias para uma análise e identificação dos problemas de origens
sociais. A libertação social precisa fazer parte da visão de quem faz um trabalho de
orientação, pois a raiz dos problemas poderá estar lá.

Identificada a origem das dificuldades da pessoa que busca ajuda pastoral, é


necessário avaliar as opções de soluções existentes que favoreçam uma mudança de
vida por parte de quem precisa passar pelo processo de libertação. A militância política
pode auxiliar na derrubada de sistemas que oprimem e destroem o ser humano. O
cuidado pastoral orientado por este modelo pensa em uma teologia da libertação que
vise à melhoria de vida em todos os aspectos da população. É um grande caminho para
cuidar daqueles que almejam uma libertação.

Método empoderador: poder para lutar e vencer


Empoderar significa admitir que cada cidadão tem dentro de si forças
necessárias para encarar certos problemas. É encorajá-lo a colocar seu potencial, sua
inteligência, sua força interior em prática de forma justa e útil para si mesmo e para os
outros (3). Significa promover a iniciativa e a participação das pessoas na sociedade e
na igreja. Constitui em tirar das mãos de poucos e colocar nas mãos de muitos o poder
de decidir os rumos da sociedade. O cuidado pastoral orientado por este modelo é a base
do processo de reestruturação psicológica, mobilização social e participação religiosa.
Não se podem atender pessoas eternamente, como se elas não tivessem as
menores condições de assumir suas responsabilidades da vida e superar suas
dificuldades. As pessoas precisam aprender que têm condições de resolver muitos
problemas sozinhas, basta que passem a acreditar no potencial que têm.
A vida é composta de problemas que precisam de auxílios para serem resolvidos
e de situações difíceis que exigem uma ação particular por parte de quem está
enfrentando a fase negativa. O conselheiro cristão pode empoderar seus aconselhados
para que eles consigam caminhar sozinhos pelas estradas da vida.
Os problemas e as coisas boas que existem na sociedade não são obras dos
deuses. A vida em sociedade é o resultado da ação do ser humano que compõe essa
sociedade. Isso significa que toda ação ou omissão faz do ser humano o sujeito da
história e não um simples espectador. Por isso, o conselheiro não pode pensar apenas na
fragilidade humana, mas em dar mais atenção à capacidade pré-existente nas pessoas. O
conselheiro terá de promover a iniciativa das pessoas, acreditando que elas são capazes
de resolver os problemas que afetam diretamente suas vidas.

Quando Deus criou o homem, concedeu-lhe a capacidade de dominar e


administrar. Isso implica em que a pessoa está dotada de meios para gerir sua vida e
transformar o que for necessário para que tenha uma vida melhor. Essa capacidade
administrativa é como uma chama que a pessoa carrega dentro de si. O cuidado pastoral
orientado por esse modelo implica em dar vigor a essa chama, a essa energia que a
história e as circunstâncias, às vezes, conseguem enfraquecer.

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Os processos de marginalização criam um forte sentimento de impotência, de
franqueza, nas pessoas a tal ponto que elas se acomodam, não acreditam mais em si
mesmas, não conseguem mais visualizar mudanças no presente e nem no futuro,
pensam que a vida é assim mesmo e desistem de tudo. Mas “o cuidado pastoral
orientado por este modelo ‘extrai e constrói’, a partir das forças e recursos amortecidos
de indivíduos e de comunidades, estratégias e métodos que minimizem ou eliminem o
sentimento de impotência política e incapacidade pessoal” (4). Assim, haverá pessoas e
igrejas que construam a democracia e a participação; construam um país em que seus
cidadãos promovam uma vida digna para todos.

Método terapêutico: a produção de cura interior


O curso da vida do ser humano o expõe as diversas perdas, a variados problemas
e a muitas frustrações. O resultado é que muitos sentimentos negativos, em maior ou
menor intensidade, ficam registrados no interior da pessoa. Esse arquivo mental contém
registros negativos de problemas não resolvidos e isso acaba por colocar dificuldades,
barreira na vivência diária. Isso acompanha o indivíduo e, com o tempo, produz uma
desarmonia em muitas questões e desabam sobre as pessoas que estão à sua volta. Esse
condicionamento mental negativo não permite que prossiga sua jornada diária, pelo
contrario, cria diversos obstáculos psicológicos que acabam por refletir no
comportamento.
O cuidado pastoral orientado por este modelo tem como objetivo a produção de
cura das doenças da alma a tal ponto que o indivíduo passe por mudanças e sua vida
venha ter estabilidade, equilíbrio, alívio, descanso e paz em Deus. A psicoteologia,
através de terapia, será utilizada com um meio de elaboração e mudança interna na vida
daquele que foi criado à imagem e semelhança de Deus. Terapia é toda intervenção que
visa tratar os problemas somáticos, psíquicos ou psicossomáticos, suas causas e seus
sintomas, com o fim de obter um restabelecimento da saúde ou do bem-estar .

Método ministerial: a utilização das atividades da igreja


O método ministerial envolve o dia-a-dia da vida cristã através das diversas
atividades da igreja. A metáfora bíblica que mostra essa questão é a do pastor de
ovelhas, que é uma pessoa que cuida do rebanho de Deus. Na prática, ele lidera,
alimenta, consola, corrige e protege. Estas responsabilidades pertencem a todos os
membros da igreja (7). Uma escola de treinamento fará com que as potencialidades das
ovelhas sejam exercitadas para auxiliar o líder a cuidar do rebanho nas programações da
igreja.
O culto é o momento de adoração ao Senhor e pode ser aproveitado para cuidar
das pessoas. A oração pode ser ferramenta para Deus trabalhar no interior dos ouvintes,
o louvor pode entoar cânticos que tenham letras que falem do amor e da ação de Deus
em prol daqueles que o buscam, a pregação pode desenvolver temas na área de
psicoteologia. O culto pode servir de porta de entrada para que as pessoas problemáticas
procurem ajuda pastoral.

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A pregação é o momento do culto em que a Palavra de Deus é explicada para os
ouvintes. Muitos possuem problemas e não sabem como resolver e, pior, têm vergonha
de procurar o gabinete pastoral para melhor ser atendido. A explanação de temas
relevantes da atualidade apontará propostas de soluções de problemas. O sermão é um
eficiente recurso eficaz de aconselhamento e de cuidado pastoral.
O serviço cristão é um meio de fazer com que a ovelha perceba sua importância
dentro da comunidade cristã, resgate sua autoestima, desenvolva um sentimento de
utilidade, restabeleça o prazer de viver e de se relacionar com outras pessoas e aprenda a
servir seu próximo. Há muitas atividades na igreja que podem ser delegadas para os
membros executarem. O sentimento de utilidade fortalece a autoestima, auto aceitação e
autoimagem.
A comunhão exige que um grupo de pessoas tenha sintonia de sentimentos, de
modo de pensar, agir ou sentir. Eles se identificam com alguma coisa e têm algo em
comum. No caso do Cristianismo, o ponto central de tudo é Jesus Cristo. Muitas
atividades podem ser criadas para proporcionar momentos de confraternização cristã,
principalmente, com aqueles que estão chegando agora para o meio da comunidade
cristã (8). Muitas estão com problemas de relacionamento e não sabem o que fazer. A
aceitação pela igreja cria o sentimento de acolhimento, a idéia de que ela pertence a um
grupo, de que está sendo recebida da forma como é.
A administração local é liderada pelo pastor, mas muitas funções de apoio
podem ser delegadas aos crentes que possuem formação naquela área. Por conhecerem
melhor certas questões, trarão melhores resultados. Administrar é um conjunto de
princípios, normas e funções que têm por fim ordenar a estrutura eclesiástica e o
funcionamento da igreja. A definição das atividades semanais, dos horários em que elas
acontecerão e a prefixação de todos os detalhes necessários para o bom funcionamento
evitarão muitos problemas e muitas frustrações.
Método de interação pessoal: A bênção da comunhão cristã
A sociedade atual conseguiu desenvolver uma comunicação superficial em que
se fala muito e, às vezes, animadamente, mas sem interação pessoal, sem revelar quem
realmente é o falante e quem é o ouvinte. Os relacionamentos atuais são úteis para a
manutenção dos vínculos de amizades dentro de um grupo ou comunidade, mas pouco
revelam da personalidade, do caráter, do jeito de ser dos indivíduos, porque eles se
escondem nas mais diversas formas, não querem se expor.
O cuidado pastoral orientado por este modelo desenvolve a “interação pessoal,
em que as habilidades relacionais são utilizadas para facilitar o processo de exploração
pessoal, esclarecimento e mudança em relação a comportamentos, sentimentos ou
pensamentos indesejados. Aqui se focaliza mais o indivíduo. Valoriza-se a auto
compreensão em termos de interpretação da causa das dificuldades, na perspectiva de
escolas psicoterápicas especificas” (9). A pessoa não fica sozinha, isolada, mas descobre
que seu envolvimento com a comunidade cristã pode lhe proporcionar momentos
agradáveis em que seus traumas interiores sejam solucionados através do
relacionamento, da comunhão e confraternização cristã.
O fundamento da interação pessoal é a demonstração positiva da percepção da
presença do outro. Para que exista interação pessoal efetiva é necessário que as pessoas

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se reconheçam enquanto sujeitos na relação comunicativa. Cada indivíduo possui suas
características pessoais que devem ser respeitadas e aceitas pelo outro. As outras
questões devem ser adaptadas. Uma pessoa que deixa o estilo de vida não-cristão
adotado pela sociedade, inicialmente terá algumas dificuldades com o mundo
evangélico e a igreja poderá ajudá-la nessa fase inicial através dos eventos internos que
exijam o envolvimento pessoal.
O conselheiro pode conscientizar as pessoas que um relacionamento só acontece
e se desenvolve quando duas ou mais pessoas, cada uma com sua existência própria e
necessidades pessoais, contatam uma a outra reconhecendo, respeitando e permitindo as
diferenças entre elas. Nas confraternizações ou em qualquer outro momento de
interação pessoal, cada um é responsável por si, por sua parte do diálogo, por sua parte
no relacionamento. Isso significa que cada um é responsável por se permitir ser
influenciado pelo outro, ou se permitir influenciar. Se ambos permitem, o encontro pode
ser como uma dança, com um ritmo de contato e afastamento. Então, é possível haver o
conectar e o separar, em vez de isolamento (perda de contato) ou confluência (fusão ou
perda da distinção).

Conclusão
A prática do aconselhamento Religioso é fundamental na sociedade em que
vivemos. As pessoas continuam com problemas, mas a igreja pode ajudá-las a vencer a
si mesmas, às dificuldades interiores e aos obstáculos que se formaram no decorrer de
sua existência. As pessoas precisam ser cuidadas, necessitam de apoio para continuar
sobrevivendo e há métodos que podem ser utilizados pelo conselheiro Religioso.
Esse conselheiro não precisa ser necessariamente o pastor da igreja. Membros da
igreja podem receber treinamento teórico e prático para auxiliar a liderança da igreja e
ajudar aqueles que necessitam ser cuidados. Aceita esse desafio?

Referência bibliográfica

http://palavrasionista.blogspot.com.br/2012/07/bons-e-maus-conselhos.html
http://www.ministerioelo.com.br/blog/2010/10/14/qualidades-do-conselheiro/
https://groups.google.com/forum/#!msg/ieadtam/IZwBVz1WsUc/wguRjTM_BFcJhttp:/
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http://abcb.org.br/artigos/aconselhamento-biblico-de-criancas
http://www.teresapaulamarques.com/aparental.html
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/abp/article/view/18804/17546
http://www.marisapsicologa.com.br/problemas-emocionais.html
http://www.iprb.org.br/artigos/textos/art101_150/art103.htm

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