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FACULDADE METODISTA LIVRE

Marcio Ferreira de Araújo.

Mestrado em Aconselhamento

Prof. Loide Muniz Barreros

Possibilidades e Desafios do Aconselhamento familiar na


contemporaneidade: O problema do aconselhamento bíblico restrito na
contemporaneidade

“Se você passar por uma guerra no


trabalho, mas tiver paz quando chegar em
casa, será um ser humano feliz. Mas, se
você tiver alegria fora de casa e viver uma
guerra na sua família, a infelicidade será
sua amiga.” Augusto
Cury

Introdução

Pedir conselhos é uma prática comum no relacionamento humano, seja


no meio privado: família, entre pais e filhos, amigos, casais, como também, no
meio público: mercado de trabalho, escolas, ONGs e igrejas. Independente do
meio, a prática do aconselhamento não é uma tarefa fácil, pois implica em várias
questões complexas que fazem parte da vida humana. Para um conselheiro
"profissional", além de exigir uma postura ética como ponto de partida, o
conhecimento de técnicas, métodos e teorias podem contribuir com a prática do
aconselhamento. Outro fator importante é o conhecimento do público, com suas
necessidades e anseios específicos, por isso, podemos falar de práticas de
aconselhamento como: Aconselhamento de crianças, casais, jovens,
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adolescentes, profissionais de uma determinada área, entre outros. Neste artigo,


vamos focar no desafio do aconselhamento familiar na contemporaneidade.

A PRÁTICA DO ACONSELHAMENTO

No dicionário Aurélio da língua portuguesa (2008), o termo


aconselhamento é definido inicialmente como: “o ato ou efeito de aconselhar” e,
o verbo “aconselhar”, apresenta vários significados como: dar conselho, indicar
vantagem ou conveniência acerca de algo, indicar recomendações, receitar,
procurar induzir ou persuadir, entre outros, isto monstra que a definição do termo
aconselhamento aponta para várias possibilidades de sentidos, e
consequentemente, de possíveis práticas de aconselhamento. Definir o que é o
aconselhamento não é uma tarefa fácil, no entanto é necessário, pois o sentido
que o conselheiro toma do ato de aconselhar determinará sua prática de
aconselhamento.

Num sentido comum e abrangente do termo, o ato do aconselhamento


pode ser definido como um processo ou modo genérico de ajuda para tomada
de decisão, em outras palavras, uma maneira de auxiliar uma pessoa que
demanda conselhos para tratar com um determinado problema, crise ou situação
conflituosa. Neste sentido, o aconselhamento é um ato de assistência a alguém
que pode ser exercido por qualquer pessoa que o aconselhando acredite ser
capaz e confiável para oferecer conselhos: parentes, amigos, familiares, um líder
religioso, um psicólogo, entre outros.

Aconselhamento informal e formal

Pelo ponto de vista do agente conselheiro, podemos distinguir dois modos


gerais da prática de aconselhamento, o aconselhamento informal e o
aconselhamento formal.

O Aconselhamento informal é aquele praticado por pessoas próximas do


aconselhando, geralmente, um amigo, um familiar, colega de escola, trabalho,
igreja ou qualquer outro conhecido. No aconselhamento informal, o processo é
livre sem um compromisso com método, técnica ou conhecimento especializado
que fundamente a assistência. Quando observamos para o aconselhamento no
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ambiente familiar, na relação de amizade ou entre casais, notamos que o ato de


aconselhar, muitas vezes, se reduz a fazer exortações, votos de encorajamento
ou mesmo propor condutas ideais para as pessoas. Por outro lado, No
aconselhamento formal, o conselheiro se dispõe a oferecer um atendimento mais
“neutro”, fora de vínculos familiares ou das relações de amizade.

O aconselhamento formal consiste naquele realizado por conselheiros


que procuram fundamentar suas orientações e práticas com informações em
algum campo de conhecimento, que tenham credibilidade e responsabilidade
social ou institucional, seja este, um saber teológico, filosófico ou cientifico. No
aconselhamento formal, os conselheiros comumente são: pastores, psicólogos,
especialistas em uma determinada área do conhecimento e, conselheiros
“profissionais”: aqueles que procuram estudar e dedicar-se a prática do
aconselhamento como um campo complexo e autônomo.

Foi no início do século XX, nos Estados Unidos, que surgiu o


aconselhamento num sentido mais formal. Frank Parsons (1854 -1908),
advogado, engenheiro e reformista social, foi pioneiro no desenvolvimento de
técnicas de aconselhamento para orientação de crianças, adolescentes e
adultos em relação a carreira profissional. (TAVEIRA & SILVA, 2008, p.15).
Depois, ainda nos Estados Unidos, em meados dos anos 30, Carl Rogers com
sua psicologia clínica, contribuiu com área focando no atendimento centrado na
pessoa. Enquanto a primeira, abordagem mais social, dá ênfase para o problema
do papel da pessoa na sociedade, a de Rogers valorizava uma abordagem mais
psicológica, focando nos problemas relacionais do indivíduo e sua autonomia.

Modalidades de aconselhamento
Dentro do aconselhamento formal, pode haver uma subdivisão por
modalidades de aconselhamento, quando há um foco no conhecimento do
público, com suas necessidades e anseios específicos, por isso, podemos falar
de modalidades aconselhamento como: aconselhamento de crianças, de casais,
de jovens, de adolescentes, de idosos, de profissionais de uma determinada
área, e de aconselhamento familiar.
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Em relação à crença do público, podemos distinguir ainda, o


aconselhamento com um posicionamento “laico” (ou cientifico), do
aconselhamento que apresenta um viés religioso.

Há conselheiros que privilegiam um posicionamento “laico” acreditar que


a perspectiva religiosa possa prejudicar na avaliação dos problemas, o que em
parte, há plausibilidade para tal posição, pois é comum espiritualizar tudo nas
questões como, por exemplo: dizer que a causa de todos os problemas é culpa
do diabo e seus demônios, tirando do aconselhando a responsabilidade da
participação nos problemas, ou negando outras origens de ordem médica e
psíquica. A desvantagem de um aconselhamento laico é que o cepticismo
exagerado do conselheiro, por outro lado, negue causas que sejam de fato, de
ordem espiritual ou demoníaca.

No aconselhamento com viés religioso, há conselheiros que se limitam


apenas a questões espirituais, doutrinárias e teológicas; e conselheiros que
trabalham com os dois vieses, combinando o laico com religioso.

Ética no aconselhamento

Independente do viés religioso ou laico, uma questão importante no


aconselhamento formal, é em como, uma determinada perspectiva filosófica,
concebe o sujeito do aconselhando. Grosso modo, existe a concepção do
humano como “piloto” e outra que concebe o humano como “robô”. Na primeira
concepção, há teóricos que consideram o homem como um ser capaz de
determinar a sua vida e assumir responsabilidade por ela. (STEFLE & GRANT,
1976, p.243). Na concepção do homem como robô, os teóricos acreditam que a
autodeterminação é só aparência. (STEFLE & GRANT, 1976, p.244). Temos
aqui dois tipos de ética comum na pratica do aconselhamento, que implica em
uma concepção em que o aconselhando têm liberdade e autonomia para
determinar suas decisões e outra que pensa que o indivíduo, para mudar seu
comportamento ou atitude necessita de táticas mais manipulativas. A
problemática da ética do robô, é que o conselheiro procura agir como um mestre
“dono da verdade”, em que os conselhos são mais impostos do que sugeridos.
Eles não responsabilizam o sujeito por sua condição e pelas consequências
possíveis nas tomadas de decisões. Trata-se de uma ética em que na prática
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de aconselhamento, a pessoa é excluída como sujeito competente e criativo. O


indivíduo passa ser tratada como um objeto defeituoso para consertar, uma
espécie de robô que deve ser reprogramado e recolocado no sistema social.
Essa posição ética, é típica de abordagens moralistas e de caráter legalista,
entram em conflito com a perspectiva cristã que respeita a liberdade do sujeito e
aborda os valores por uma ética cristã do respeito ao livre-arbítrio. No
aconselhamento familiar, não é estranho encontrarmos pessoas que tratam o a
família de modo infantil, desrespeitam o saber e a autonomia dos membros e
impõe muito deveres sobre cada membro sem levar em consideração a opinião
ou perspectiva de cada membro da família.

Áreas de aconselhamento na vida do aconselhando


São muitos os problemas que um conselheiro pode encontrar em seu
atendimento. Podemos classifica-los nos seguintes assuntos:

a) Questões Espirituais: falta de fé, desacordo com doutrinas, problemas


com a oração, culpa pelos pecados, crescimento espiritual, etc;

b) Questões Socioculturais: adequação no trabalho, desemprego,


participação em grupos ou instituições, problemas econômicos, moradia,
educação, etc;

c) Questões físicas ou biológicas: questões de saúde, deficiência física ou


mental, limitações ou transtornos orgânicos, etc;

d) Questões psíquicas: Problemas de autoimagem, conflitos inconscientes,


narcisismo, erotismo, transtorno de personalidade, entre outros.

É importante levarmos conta esses problemas, pois, mesmo nos limitando a


um aconselhamento pastoral, as pessoas, na maior parte das vezes, trazem
problemas como: depressão, crise no matrimonio, conflitos interpessoais,
confusão e outros dramas do cotidiano. (COLLINS, 2004, p.44).

Para discutir o abordagem mais adequada da prática do aconselhamento


familiar, além de considerarmos questões, metodológicas e éticas temos que
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levar valorizar problemas ligados a natureza da família. Claro que foge a tarefa
desse trabalho levantar a variedade dos problemas que uma família pode
manifestar, nesse sentido, selecionaremos alguns conceitos que abordam um
aspecto mais restrito dos conflitos familiares, por motivo de tempo e objetivo do
trabalho.

O ESPAÇO FAMILIAR SUAS FUNÇÔES E SEUS LUGARES

A família como grupo social encontra-se presente em todas as culturas,


desde a antiguidade até os dias de atuais, desse modo o termo “família”
descreve diferentes realidades sociais. (MALDONADO, p. 12, 2002)

A definição de família passa por uma abordagem complexa, pois se trata


de um termo que cruza diversas dimensões e pontos de vista. De modo bem
geral, família consiste num grupo de pessoas que tem uma relação formada por
diversos vínculos que envolvem crenças, afetividades e contratos sociais.
Segundo Champlin (2002), a família é caracterizada pelas seguintes principais
funções: Relações sexuais; Reprodução; Questões econômicas; Educação;
Provisão e proteção; e Afeto. Resumindo essas funções, vamos neste trabalho,
de maneira concisa, definir o termo família em quatro dimensões gerais:
Dimensão Natural, Dimensão Social, Dimensão Psíquica e Dimensão Espiritual.
Estas dimensões são concebidas a partir das complexas demandas dirigidas à
família e consequentemente, a seus integrantes.

A dimensão natural da família parte de uma perspectiva naturalista que


concebe o humano como espécie ou tipo de ser vivo constituído por macho,
fêmea e filhotes, nesta concepção, a família é um modo de organização animal
e sua função principal é garantir sobrevida e existência da espécie no
ecossistema. Essa perspectiva tem como seu principal fundamento, as ciências
biológicas. Na visão naturalista, família é um grupo de seres ligados por um
vínculo de sangue, que lutam, adaptam-se ou evoluem de maneira instintiva,
para permanecer e existir na natureza. Na perspectiva evolucionista, a família é
fruto de um acaso evolutivo, enquanto que na perspectiva criacionista e bíblica
a família é uma obra Divina.
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Dimensão social da família


A família, em sua dimensão social, consiste num grupo de pessoas unido
por vínculos simbólicos e organizacionais como: contratos, ritos, leis ou outros
acordos convencionais entre grupos que compartilham uma mesma cosmovisão
ou perspectiva ideológica. No geral, essa família é instituída por acordos e
interesse que servem a demandas sociais em seus aspectos políticos,
econômicos e culturais. O casamento em cartório é um exemplo dessa dimensão
social.

No ponto de vista social, a família é o núcleo fundamental da sociedade e


tem como objetivo, garantir as funções necessárias para o funcionamento da
estrutura social. Assim, socialmente, a família configura-se a partir dos valores
estabelecidos em cada sociedade. A sociedade moderna estabeleceu como
modelo a família nuclear, formada pelo casal e os filhos. Algumas famílias
nucleares têm a participação da família extensa, que são os avós, tios entre
outros parentes que procuram de alguma forma participar e colaborar, para o
bem ou para o mal.

Educação, trabalho, consumo, paz, informação, ordem, convivência,


progresso, fraternidade, liberdade, justiça e, outros valores humanos universais
são demandas da dimensão social da família.

Dimensão psíquica da família


A dimensão psíquica abrange os aspectos subjetivos da família, tais
como: sonhos, prazer, realizações, idealizações, anseios, frustrações entre
outros sentimentos, pensamentos e conflitos psíquicos que influenciam de forma
consciente e inconsciente cada membro da família.

Nem toda a família é fruto de planejamento, muitas surgem por relações,


que têm como resultado uma gravidez inesperada, outras, são frutos de uma
união formal ou informal de pessoas apaixonadas, despreparadas
economicamente e emocionalmente imaturas, no pior dos casos, doentes
psiquicamente. Estas condições levam inúmeros casais a terem uma frágil
estrutura familiar com muitos conflitos internos; impaciência, desrespeito,
discussões supérfluas e falta de momentos de lazer. Em quadros piores,
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condições como violência física e psíquica geram como consequência, o


divórcio, quando não, termina em tragédia. Na Bíblia há vários casos de
problemas familiares, diversas histórias reais, que envolvem intrigas e
assassinatos. (COLLINS, 2004, p.514).

É importante considerar os desejos e a maturidade psíquica dos pais,


pois, isto tem grande influência na qualidade dos laços afetivos e, de alguma
maneira, impacta de modo diverso cada membro da família. Em casos graves é
recomendável buscar auxilio de psicólogos ou mesmo de um confiável
conselheiro cristão.

Dimensão espiritual da família


Frequentemente a Bíblia menciona inúmeras histórias reais de famílias,
em sua maioria, repletas de conflitos. Histórias de casais como Adão e Eva,
Abraão e Sara, Jacó e Rebeca são exemplos de casos familiares cheios de
intrigas e até assassinato. Em todos esses conflitos, há pouca informação sobre
o como deveriam funcionar essas famílias, mesmo nos escritos do Novo
Testamento em que questões familiares são mencionadas rapidamente.
(COLLINS, 2004, p.514).

Quando falamos da dimensão espiritual da família, principalmente no


contexto do aconselhamento familiar na igreja contemporânea, as famílias da
Bíblia, por muitas vezes, são utilizadas como modelos ou exemplos para
orientação dos membros da família, o que é um problema sério: não só pelo fato
que há mais casos de desastre familiares na Bíblia do que casos de sucesso,
mas também, por que a estrutura de família encontrada nos contextos bíblico
são bem diferentes da atualidade, como veremos a seguir.

A família na Bíblia

Atualmente nossa imagem fundamental de família vem da modernidade,


da chamada “família nuclear”. Típica de sociedades urbanas e industriais, a
família nuclear em sua unidade básica é formada por um casal e seus filhos.
Neste tipo de família, vemos a presença de dois adultos, que cooperam com as
dimensões econômicas, sociais, biológicas e psíquicas da família. Sua
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constituição se dá pelo matrimonio ou outro tipo de relação que preserve um


tempo longo de convivência sobre o mesmo abrigo. É importante ressaltar que
seus limites fica restrito ao casal e seus poucos filhos e exclui-se desta
configuração os pais e parentes. Bem diferente é a “família extensa”: típica de
sociedades agrarias, é o tipo de família em que suas funções econômicas,
sociais e psíquicas são compartilhadas com os pais, parentes e, dependendo do
caso, amigos e pessoas próximas da comunidade. A família bíblica, segue mais
o modelo da “família extensa”.

Família Bíblica: Uma família patriarcal.

No período do Primeiro testamento, a família era tribal. Uma tribo era


formada por clãs. Clãs eram grupos de famílias unidas por laços
consanguíneos que se filiavam a uma tribo. Israel era formado por doze tribos,
que por sua vez, cada uma possuía vários clãs, e cada clã, agregava em sua
família outras famílias de servo e escravos. Assim, toda nação de Israel era
formada por uma grande família de famílias (MALDONADO p.13, 2002). Trata-
se de uma família bem emaranhada, em que os problemas de uma família
fazem parte da vida de outra família dentro de um clã. Além dessa composição
tribal, trata-se de uma família de estrutura patriarcal.
Um dos fatores de crise que devemos considerar, no aconselhamento
bíblico, é que a família nos tempos bíblicos tinha uma estrutura patriarcal. Está
estrutura era bem diferente dos dias atuais em que temos um processo de
descentralização patriarcal da família. Mas, o que vem a ser uma família
patriarcal? Basicamente, uma família que tem a figura paterna como centro e
liderança da família, logo, uma família androcêntrica: o homem é líder e o
membro mais importante para subsistência desta família. O androcêntrismo na
família patriarcal, não ocorria simplesmente por uma questão de “machismo”,
essa leitura feminista é até anacrônica, o questão é que numa sociedade em que
a sobrevivência é primitiva, brutal, violenta, movida por guerras tribais, com
poucos contratos de paz, o homem tinha sua importância como uma espécie de
arma dentro do exército da tribo. Este pensamento, era algo comum ao
imaginário das mulheres da época.de qualquer modo a vida não era justa, não
somente para as mulheres, mas também para as crianças, idosos e para as
famílias escravas.
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Vejamos dois nomes que expressam o caráter da família bíblica patriarcal:

Bet ab – significa casa paterna e tem o sentido de que a autoridade da casa é


exercida pela figura do pai. Este termo, mostra que o pai tem autoridade as
mulheres e os filhos, podendo até mesmo decidir a morte ou a vida deles.
(MALDONADO p.13, 2002). A autoridade “sobre as mulheres”, é por que no
contexto bíblico do Antigo Testamento, também ainda no Novo Testamento,
ocorre a prática de relação poligâmica.

Mishpahah - significa clã, tribo ou povo e tem o sentido de um grupo de


pessoas, com interesses comuns, laços de sangue e habitam num mesmo local
ou várias aldeias, comumente chamam uns aos outros de “irmãos” (1 Sm 20.29)
(MALDONADO p.14, 2002).

A partir desses dois termos: “Bet ab” e “Mishpahah”, vemos que o sentido
de família do contexto bíblico do Antigo Testamento, foge muito do que a atual
igreja, concebe como família, pois estes dois termos apontam pra um tipo de
família de natureza extensa em que o homem,”ab” pai e homem centraliza a
importância na existência econômica, moral, e integral da família. O Homem era
tão importante como gênero que a descendência da família ficava ameaçada de
extinção, pois somente eles dirigia o culto familiar, portava armas e discutia a lei.
(MALDONADO, p. 16, 2002). A família bíblica do Antigo Testamento, além de
Patriarcal, tinha sua estrutura, como podemos ver no exemplo do rei Salomão
um sistema poligâmico. Mesmo com a evolução do sistema legal e o direito dos
membros da família transferida para a corte, a estrutura continuou a mesma.
(MALDONADO, p. 13, 2002). Mesmo no tempo de Jesus, a poligamia e o modo
patriarcado era praticado no meio dos judeus. Esta configuração de família é
algo ultrapassado para os dias de hoje, que tem como uma grande conquista a
participação das mulheres e a valoração do direito da criança na sociedade.

Ao analisarmos a questão da família na Bíblia, vamos depararmos com


algo que gera um mal-estar para as igrejas que têm como prática um
aconselhamento restritamente bíblico, o fato de que na Bíblia não há modelos
bíblicos ideais de família, que sirvam como bom exemplo para orientação. Então
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o que fazermos na orientação da família cristã? Vejamos algumas


considerações:

Primeiro, em relação ao aconselhamento, necessita ter uma abordagem


aberta em que suas diversas dimensões sejam contempladas no momento do
diagnóstico dos problemas familiares. Como vimos, a família é um fenômeno
complexo que envolve dimensões biológicas, sociais, psíquicas e espirituais.

Segundo, do ponto de vista bíblico, apesar da pouca menção, o lar cristão


no Novo Testamento era quase sinônimo de igreja, de tal modo que, nos leva a
crer que os ensinamentos cristãos evangélicos direcionados a questões de
relacionamento interpessoal dentro da igreja primitiva como, amor, autonegação,
integridade pessoal, perdão e solução de conflitos, também se aplicam à família.
(COLLINS, 2004, p.515).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vimos, a família consiste num grupo de pessoas que têm uma
relação formada por importantes vínculos complexos que envolvem diversas
dimensões: natural, social, psíquica e espiritual. Ela é constituída por membros
onde cada papel colabora mais ou menos para promover essas dimensões da
família. No geral, todos os membros participam de todas as dimensões, no
entanto, algumas posições na família, participam mais em um aspecto, do que
em outros, é essa participação focada em alguns aspectos que determinam os
papéis de cada membro na estrutura familiar.

A família cristã, diferencia-se das demais famílias por ter uma dimensão
espiritual alinhada ao evangelho de Jesus Cristo.
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BIBLIOGRAFIA

CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia,


São Paulo, Editora Hagnos, 2002.

COLLINS, Gary R. Aconselhamento cristão. São Paulo, edição século 21,


Vida Nova, 2004

MALDONADO, Jorge E. Casamento e Família - Uma abordagem bíblica e


teológica. Ultimato – 2002

STEFFLRE, Buford. & GRANT, W. Harold. Teorias de Aconselhamento. São


Paulo: Editora McGraw - Hill do Brasil, .LTDA, 1976.

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