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I. IDENTIFICANDO A ENFERMIDADE, POSSESSÃO E O


SENTIMENTO DE SOLIDÃO

Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo


tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

João 16:33

IDENTIFICANDO A ENFERMIDADE
Vivemos numa época de desenvolvimento e progresso cultural, material
e tecnológico. Há muitos países desenvolvidos como a França e o Japão que
apesar de um grande índice de desenvolvimento humano e cientifico, têm
apresentados problemas graves de enfermidades que não necessariamente
originam no corpo, mas na alma. As chamadas “Enfermidades da alma” eram
problemas que no passado estavam sobre o tratamento das religiões, num
determinado momento da modernidade foi tratado pela psicologia e pela
psicanalise, porém atualmente é a psiquiatria que impera com propostas de um
tratamento mais adequado para as questões do sofrimento humano.
A cada dia os conceitos da psiquiatria tornam se comuns no cotidiano
das pessoas: depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade,
transtorno do sono, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), transtorno
bipolar, entre outros, fazem parte dos diálogos das pessoas, inclusive dos
crentes.
Não era comum ouvirmos falar desses problemas de “enfermidades da
alma” dentro da igreja, mas hoje em dia é cada vez mais comum ouvirmos
notícias de algum membro com transtornos psíquicos, de maneira que as
igrejas no Brasil e no mundo vem pontuando o aumento de casos como,
depressão e suicídios de obreiros e pastores. É por esse motivo que o EBOM
2019, escolheu esse tema tão importante para somar na formação de obreiros
e membros da Assembleia de Deus Madureira.

Enfermidades da alma e suas dimensões espiritual, física e psíquica


Nem toda enfermidade é de origem espiritual. Por muito tempo nas
igrejas perdurou uma ideia que as doenças tinham origem demoníaca ou numa
vida de pecado, essa mentalidade era comum na antiguidade, por isso
encontramos textos bíblicos que trazem essa noção, mas temos que tomar
muito cuidado, pois corremos o risco de aumentar nosso sofrimento por falta de
sabedoria.
A identificação das enfermidades da alma não é tão simples pois
envolve pelo menos três dimensões da vida: a espiritual, a física e a psíquica.
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Se olharmos para o desenvolvimento do conceito de doença na história


pode-se notar a evolução que tivemos em relação ao conhecimento da
natureza humana. A grosso modo, podemos dividir o entendimento das
enfermidades em 3 grandes etapas na história:
1- As Enfermidades na Antiguidade e a dimensão espiritual
Na antiguidade, era comum atribuir a causa das doenças na origem
espiritual, desse modo, todo o sofrimento estava associado a pessoa que não
era justa, impura ou que não estava com a vida certa perante a divindade. As
enfermidades eram vistas como uma forma de punição ou maldição, e a
pessoa eram percebidas como estando sobre influência de danos e
perturbações de espirito ou demônios. Os doentes eram menosprezados e o
tratamento, quando tinha, era feito por meio de exorcismo, orações,
encantamentos e uso de utensílios considerados milagrosos como, talismã e
ervas.
Na Bíblia podemos encontrar essa concepção espiritualista, em que um
coxo, cego, leproso e surdo eram vistos como malditos, desse modo proibidos
de participar da vida espiritual e entrar no templo, assim, quando vemos Jesus
fazendo curas, não tratava-se apenas de um milagre na saúde, mas também
uma quebra de maldição e uma libertação para com que o doente pudesse
participar da vida espiritual, o que para época, a prática de Jesus era
considerada uma blasfêmia, pois além de quebrar maldição, religava aquela
alma direto com Deus, sem passar por rituais de sacrifícios.
Há casos de doenças que têm causas espirituais, no entanto, muito
cuidado, nem toda enfermidade, é devido demônios ou pecado. Podemos ver o
caso de Jó, um homem justo e bom que sofreu com as enfermidades, perdas e
ataques do diabo sem ter sequer cometido algum erro. Jó é o exemplo de caso,
em que demonstra que mesmo uma pessoa que anda no caminho de Deus não
está livre de sofrimento no corpo, na alma e no espirito. É bom lembrarmos o
que disse Jesus: No Mundo tereis aflições, mas tende bom animo, pois eu
venci o mundo. Assim como Jó, o Filho de Deus, o verdadeiro justo, sem pecar
em sua dimensão humana, sofreu muito: teve fome, sede, calafrios, teve medo,
sentimento de abandono, preocupações e problemas que qualquer humano
poderia ter. Também nas cartas de Paulo, podemos notar os diversos
transtornos e perturbações em que ele padeceu pelo evangelho, desse modo,
não devemos achar que as enfermidades da alma e o sofrimento vem de
desobediência ou influencia demoníaca, muitos crentes estão padecendo hoje
em dia, por falta de sabedoria e cuidados pessoais.
2- As Enfermidades na Modernidade e a dimensão física
A partir dos gregos, vemos uma mudança com relação ao tratamento das
doenças. Com Hipócrates (460 a.C. – 370 a.C.), médico grego, considerado o
pai da medicina ocidental, surge uma abordagem racionalista das doenças e
com o tempo, as causas das enfermidades, deixam de ser concebida pela
origem espiritual e passa a ser observada na própria natureza como um
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fenômeno natural. Surge o início da abordagem cientifica das doenças que


coloca, a partir do século XVII, o estudo da anatomia patológica como
fundamental para compreender a origem das doenças. Neste período, os
médicos passam explicar as enfermidades em termos fisiológicos, ou seja, a
doença ocorre por causa de lesões ou agentes que afetam o funcionamento
natural do corpo ou do sistema biológico.
A modernidade deu um grande passo para o tratamento das doenças, de
tal modo que multiplicou o caso de curas. Algumas doenças como a lepra,
enfermidade bem comum no tempo bíblico, chegaram a ser, se não
erradicadas, bem controladas e reduzidas em vários países. É interessante
que as doenças mentais nesse período, também eram vistas como vindo de
origem corporal, e era comum terapias com banhos de agua fria e tratamento
de choque, com descargas elétricas em alta voltagem para fazer a mente voltar
seu funcionamento normal.
Com o surgimento da psicanálise o conceito doença é revista o tratamento
das enfermidades da alma ganha um status cientifico diferenciado. As causas
psíquicas, ou seja, puramente mental, torna-se a fonte dos males das
enfermidades da alma. O diagnóstico aumenta e enfermidades até então não
conhecidas, ou tratadas como problema moral, passam a ser discutida no
campo da saúde médica, tais como a histeria, psicoses, neuroses, depressão,
fobias, transtornos sexuais, etc.
3- As Enfermidades na atualidade e a dimensão psíquica
Atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde não
se caracterizaria mais pela ideia de ausência de doenças. O conceito “saúde”
se amplia com a definição de completo bem-estar físico, mental e social.
Duas coisas interessantes nesta nova noção de saúde, a primeira é que
a saúde não se limita mais ao aspecto físico ou fisiológico como a que havia na
concepção moderna vista anteriormente. O estado de saúde deve abranger
aspectos mentais e também sociais, ou seja, abarca diagnósticos da psicologia
e da psicanalise, como influência de causas econômicas e políticas, este último
aspecto social, favorece a responsabilização de agentes sociais com relação
as condições de uma vida saudável. Por exemplo, é possível ver problemas as
causas de doenças ligadas ao baixo desenvolvimento de uma região: o
Nordeste por muito tempo sofreu com doenças devido à situação de miséria.
Outro fator é responsabilizar os produtores de alimentos pelo uso de produtos
químicos, como uso de agrotóxico.
No caso de enfermidades da alma, sabemos que a relação, dentro do
ambiente de trabalho, da família pode desenvolver estresse e outros males. No
aspecto social, vale a pena destacar a importância da participação da família,
amigos e da igreja para o tratamento das enfermidades. Um ambiente de
acolhimento, amor, esperança e fé, fazem a diferença na recuperação de
doenças, transtornos e outros males que afetam a alma da pessoa.
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Um segundo ponto é o a noção de bem-estar. Um pouco mais complexa,


está definição desloca o problema para além da causa. Muitos diagnósticos
procuram tratar os sintomas sem necessariamente pontuar uma causa
orgânica para a enfermidade como ocorre com as terapias para problemas de
transtornos psíquicos como: a síndrome do pânico, transtorno de ansiedade,
transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), transtorno bipolar, etc. Esta
última definição, da Organização Mundial da Saúde, possibilitou o avanço de
diagnósticos de transtornos de natureza psíquica que não necessariamente
são consideradas doenças, por não ter causa orgânica, mas podem ser
consideradas como um tipo de “enfermidade da alma” ou transtorno mental.
Como vimos, a questão das Enfermidades da alma é um pouco
complexa para sairmos pelo mundo identificando sinais e rotulando o problema,
devido a sua natureza pode ser: Espiritual, Orgânica ou Psíquica.
Então como podemos abordar as enfermidades da alma na igreja?
Primeiro, caso queiramos abordar as dimensões física ou psíquica, é
necessário estudar ou fazer um curso a fim de adquirir um conhecimento
sólido. Caso contrário, devemos agir com honestidade e seriedade, se não
temos capacitação ou uma formação na área de psicologia e medicina, não
devemos fazer diagnóstico dessa natureza, antes, indicar que a pessoa
procure um especialista.
Segundo, mesmo que a pessoa tenha, ou não, um diagnóstico de
transtorno ou doença, temos que ter fé e discernimento para continuar orando
pela cura e se posicionando contra os espíritos malignos que podem estar
atuando na vida da pessoa. Nossa missão como igreja, não é tratar a “carne, e
sangue” ou o lado psíquico, mas tratar a alma e a vida espiritual daquele que
ao chegar na igreja, busca uma última resposta de um problema, em que o
médico e os especialistas já não apresentam mais solução. Pela fé sabemos
que Jesus cura e liberta qualquer pessoa de qualquer enfermidade,
adversidade ou qualquer influência maligna, se houver.

II. POSSESSÃO

Sede sensatos e vigilantes. O Diabo, vosso inimigo, anda ao


redor como leão, rugindo e procurando a quem devora.

1 Pedro 5:8

No Antigo Testamento, não percebemos muito a atuação do diabo na


vida das pessoas, talvez o caso mais famoso seja no livro de Jó, em que o
diabo recebe permissão de Deus para tocar na vida de um homem justo e
temente a Deus. Porém, quando lemos o no Novo Testamento, podemos
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perceber que a atividade demoníaca é intensa, isso porque a vinda de Jesus


incomoda as hostes demoníacas que não esperavam a vinda do Filho de Deus.

No ministério de Jesus ocorre um grande número de exorcismos. No


Novo Testamento são cerca de 37 casos de exorcismo, a maioria deles é
Jesus quem exorciza. Os discípulos também seguem o caminho de Jesus e
expulsam demônio em Seu nome.

A atividade demoníaca

O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim


para que tenham vida, e a tenham com abundância.
João 10:10

Em João 10:10, conhecemos o ministério do diabo: ele veio para matar,


roubar e destruir. Esse ladrão, inimigo da igreja, alerta em 1 Pedro 5:8 - “ Sede
sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando
como leão, buscando a quem possa tragar; ” Desde a antiguidade a serpente
era astuta e utilizava de várias artimanhas para atacar os servos de Deus.

A atividade demoníaca na vida das pessoas pode envolver: a tentação,


a influência demoníaca ou opressão, a infestação e a possessão. Dessas
atividades, a mais comum é a tentação e a mais rara, é a possessão
demoníaca. A possessão apesar de não ser tão comum, ela existe.
As causas da possessão, geralmente estão ligadas a uma vida de busca
do pecado e distanciamento de Deus. Uma boa parte das pessoas com sinais
de possessão, já tiveram contato com feitiçarias, seitas demoníacas ou rituais
de ocultismo. No Brasil, é comum as pessoas buscarem participação e trabalho
na umbanda e na macumba, desse modo muitos possessos manifestam
demônios ligados à essa crença: Exu caveira, Zé pelintra, Sete flechas,
Pomba-gira, etc. Outros raros casos, envolvidos com seitas satânicas
apresentam demônios de maior escalão como Belzebu ou o próprio Diabo, que
ora se apresenta por outros nomes como Lúcifer (seu antigo título) ou Satanás.
Muitos crentes que nunca conheceram de perto acham que se trata de
um problema psicológico. É verdade que há casos de psicoses, muito parecido
com casos de possessão, porém a possessão tem um diagnóstico muito
singular, diferente do quadro psicótico. Vamos ver alguns sinais típicos de uma
possessão demoníaca.

Os sinais mais comuns típicos da possessão são:


a) Falar línguas desconhecidas ou estranhas, adivinhação de
acontecimentos passados ou secretos - vemos em Atos 16: 16-18, que
Paulo enfrentou uma endemoniada com este tipo de sinais;
b) Mudança na capacidade e força - Em Marcos 5:4, o endemoniado
gadareno foi prezo muitas vezes com grilhões e cadeias, mas ele as
quebrava;
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c) Depressão, desânimo e tendência suicida e loucura (conf. Mateus 17:


14,15);
d) Blasfêmia obscena incontrolada – A pessoa possessa geralmente caçoa
de assuntos e pessoas ligadas à santidade de Deus. Fala de maneira
muito agressiva contra a Bíblia e aos cristãos;
e) Estilo de vida com mentiras ou autossuficiência - O caso do casal
Ananias e Safira é um exemplo de pessoas que viviam no meio dos
cristãos com mentira (conf. Atos 5). E Pedro, durante o ministério de
Jesus, Se achava o servo dizendo que não negaria Jesus e, até tentou
orientar a missão de Jesus, e Jesus repreendeu imediatamente satanás
na vida de Pedro (Mateus 16: 13-28);
f) Mudança Radical na personalidade - no estado de possessão é possível
perceber mudança no semblante e no jeito da pessoa, é como se a
personalidade da pessoa ficasse escrava da personalidade e da vontade
do demônio que exerce pleno controle sob a dela;
g) Medo de verdadeiros adoradores – Outro fenômeno estranho, é a
percepção que um endemoniado tem daqueles que apresentam a marca
de Cristo. O possesso sente-se incomodado com a presença de um
verdadeiro crente, pois sabe que este tem a autoridade dada por Jesus
para expulsa-lo daquele corpo;
Há outros sinais mais sutis, como de possessos disfarçados de adoradores
no meio do culto na igreja, comumente falando em línguas estranhas e até
distribuindo falsas profecias e entregando falsas doutrinas. Independente dos
sinais que acabamos de conhecer, é preciso pedir discernimento para Deus, a
fim de identificar a atividade demoníaca de maneira mais efetiva. E o obreiro
que pretende atuar nessa área, deve estar revestido do poder do Espirito Santo
e ter uma vida espiritual correta e ativa com muita oração, Jejum,
conhecimento da palavra e humildade.

O Método de exorcismo
Jesus é o grande exorcista do Novo testamento, seu método diferencia
do exorcismo judaico e pagão da época. Enquanto os métodos dos judeus e
dos pagãos utilizavam formulas de encantamento, rituais e objetos sagrados e
mágicos para expulsar o demônio, Jesus utilizava apenas a Palavra. Seus
discípulos seguem o ensino do Mestre e expulsam demônios em nome de
Jesus.
“Em nome de Jesus” ou “No nome de Jesus”
Muitos crentes confundem a maneira de expulsar o demônio. No Brasil
principalmente por temos uma cultura da pajelança, ou seja, temos uma
mistura sincrética da religião cristã com uma cultura indígena, quando não, de
religiões africanas, faz com que alguns crentes expulsam demônios como um
mágico, achando que as palavras literais da Bíblia ou o nome literal de Jesus
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tem poder. Não somo mágicos ou feiticeiros, devemos compreender o


mandamento de Jesus em Marcos 16:17
E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os
demônios; falarão novas línguas;
Marcos 16:17
O texto diz: “Em Meu Nome”, esta expressão tem um sentido que se
trata da autoridade dada por Jesus aos discípulos, ou seja, o poder sob os
demônios é exercido porque há um mandamento, uma promessa para aquele
que vai pregar o evangelho.
No Evangelho de Marcos os demônios se manifestam, temem e se
submete devido a presença do Filho de Deus na Terra. Essa Presença
escatológica do Senhor, está no crente que acredita no senhorio de Cristo e na
chegada do Reino de Deus. A autoridade está sob aquele que estão em Cristo.
Jesus nos deu autoridade em Sua promessa, é Nele, como igreja, corpo de
Cristo, representante da Cabeça, que expulsamos os demônios, não com
fórmulas de encantamentos. Não é o óleo ungido que tem poder, mas o
Espirito Santo que atua na igreja e em cada crente. O azeite é apenas um
símbolo, não um objeto sagrado com poder.
Precisamos ficar atento com o ensino dos princípios espirituais dentro
da igreja, pois o diabo é astuto, quando não faz da pessoa uma cética, ele
conduz o crente para o outro extremo, para a prática de misticismo no meio
cristão.

Pode um crente ficar possuído?


É importante sabermos a diferença entre influência demoníaca e
possessão demoníaca.
Na influência demoníaca, a pessoa pode estar sob o poder de espíritos
malignos externos a ela. Esse tipo de influência pode resultar em muitos males
como: tormento mental, comportamento estranho e pode conduzir uma pessoa
a um estado de loucura. Tanto crentes quanto os não crentes podem sofrer
com este tipo de atividade demoníaca.
A possessão demoníaca é diferente da influência demoníaca, pois
atinge a pessoa por dentro. Na possessão há uma permanência de um ou mais
espíritos malignos de posse do corpo de uma pessoa, de maneira que o
demônio pode assumir o controle da personalidade da vítima.
Um crente, cristão verdadeiro, enquanto fiel ao seu Senhor, não pode
ser possesso por espíritos maligno, pois em sua vida há a morada do Espirito
Santo. Somente em casos de apostasia, ou abandono do caminho de seu
Senhor que a pessoa pode ser novamente habitada por espíritos maligno, e
neste último caso, o estado de sua vida será pior que o primeiro estado, pois o
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demônio trará mais sete. (conf. Marcos 11: 24 – 26). Por isso, fica o alerta de
Paulo:
Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.
1 Coríntios 10:12

III. O SENTIMENTO DE SOLIDÃO

E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só;


Gênesis 2:18

A solidão afeta um quarto da população americana, e hoje no mundo


afeta diversas pessoas independente de sexo, idade ou cor ou etnia. Seja um
pastor experiente, ou um membro novato, a solidão não faz distinção
hierárquica e nem de tempo de igreja. Ela pode atingir qualquer pessoa uma
vez ou outra ou durar uma vida inteira.

O que é a Solidão?
A solidão é a dolorosa constatação da ausência de contatos profundos e
significativos com outra pessoa, muitas vezes vem marcada por um sentimento
de vazio ou de abandono.
É importante distinguir solidão de isolamento social. Na solidão o estar
só é involuntário, somos forçados a ficar sozinhos por alguma situação ou
motivo, enquanto o isolamento é muitas vezes um retiro voluntário, ou seja, a
pessoa decide tirar um tempo para si, seja para refletir ou resolver algum
problema pessoal, de trabalho ou retira-se para um descanso físico ou mental.
A solidão pode ser transitória ou Crônica
A solidão transitória dura pouco tempo ou no máximo alguns meses,
ela é provocada por alguma circunstância ou evento que ocorre na vida da
pessoa: afastamento por mudança de moradia, viagem, desentendimento ou
discussão, por divorcio ou morte de um familiar ou amigo.
Já a solidão crônica é fruto da personalidade do indivíduo, uma timidez,
baixa estima, ou comportamento insensível com outras pessoas, até mesmo,
autoimagem negativa com pessoas que acham que possuem problemas
estéticos, com alguma deficiência física ou mental ou comportamento estranho
ao da maioria.
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Os efeitos da Solidão
A pessoa que sofre de solidão pode apresentar vários efeitos, que vão
desde o afastamento da vida social à morte silenciosa. A vítima que sofre de
solidão pode ser afetada pelos seguintes problemas:
- Baixa autoestima e sentimento de desvalorização de si mesma e dos outros;
- Depressão e sensação de uma vida vazia, sem sentido;
- Comportamento exibicionista – muitos para conseguir uma atenção, procuram
fazer um investimento exagerado em vestimentas, coisas, ou atuam como o
“palhaço da turma” fazendo brincadeiras para tentar conseguir um contato;
- Fuga para o trabalho - evitam participar de festas ou tirar férias e tempo para
descanso;
- Fuga para o álcool, drogas, vício em pornografia, violência para com o
próximo ou qualquer coisa que possa funcionar como um anestésico do
sentimento de solidão;
- Em casos mais graves, a solidão pode auxiliar no desenvolvimento de
doenças cardíacas, estresse e depressão.

Causas da solidão
Uma boa parte das causas de solidão nos dias de hoje estão ligadas aos
novos hábitos da vida moderna. Muitos avanços da humanidade são como os
remédios, ajudam muito de um lado e prejudicam do outro.
A vida urbana em grandes conglomerados e a tecnologia têm gerado
novos hábitos de isolamento por motivos de estresse, desrespeito, violência,
problemas com mobilidade e a facilidade de comunicação à distância.
Apesar de as redes sociais permitirem contatos com outras pessoas,
não basta ter um número grande de amigos para sanar a solidão, é preciso ter
relacionamentos mais qualitativos, o que implica em investimento de tempo nos
relacionamentos de maneira também presencial, com afeto e carinho.
Dificilmente uma pessoa sente-se abraçada por via de uma rede social ou por
uma mídia. O afeto humano que consola e traz cura ocorre mediante o corpo.
É interessante que Jesus ao prometer consolo, não disse que seriamos
consolados pela Bíblia, mas que enviaria o consolador para habitar em nosso
meio, orientando e consolando o crente, enquanto esperamos a volta de Cristo.
Também, podemos contar com a ajuda e o consolo de verdadeiros irmãos em
Cristo.
Como tratar a solidão?
Para finalizarmos nosso tema, vamos ver algumas orientações, que segundo
Gary R. Collins (2014), podemos tomar para tratar do sentimento de solidão:
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1) Primeiro, admitir a existência do problema - se a pessoa não aceita que


tem um problema, e não reconhece que precisa de ajuda, fica difícil
tratar com o problema. Muitas vezes é difícil assumir esse tipo de
condição, principalmente se a pessoa é popular, ou se encontra numa
posição de destaque na vida pública, ou se veja crente ou maduro
demais. Talvez, ela pode sentir-se humilhada por assumir que não tem
alguém ao seu lado;

2) Identificar as causas – Como vimos anteriormente a solidão pode ter


várias causas. Identifica-la pode ajudar na aceitação do tratamento e
numa melhor orientação para o problema;

3) Mudando a maneira de pensa – Pensar de maneira positiva e


esperançosa auxilia na recuperação, principalmente com relação a uma
boa autoimagem de si. Muitas pessoas que passam por solidão
apresentam autoimagem negativa e falta de traquejo social;

4) Desenvolver a autoestima – É necessário reconhecer os pontos fortes,


habilidades e dons espirituais para não fazer comparações com as
outras pessoas e assim tratar com possível complexo de inferioridade,
que afasta do convívio com os outros, cada pessoa é especial e singular
perante Deus;

5) Incentivar os novos contatos sociais – Muitas vezes o problema de voltar


a sociabilizar, pode estar associado a traumas, frustrações ou memórias
de relacionamentos anteriores, nesse caso é importante estabelecer
novos relacionamentos. Novos amigos são sempre bem-vindos e podem
gerar novas situações para aproveitar a vida novamente.

6) Suprir as necessidades espirituais – A causa mãe da solidão humana é


espiritual. Com a queda o humano se desligou da presença de Seu
Criador, e um vazio existencial foi gerado em no coração do homem.
Não importa quem ou o que colocamos para tapar esse vazio, mas este
vazio é um vazio especifico, um vazio de Deus e, somente Ele pode
ocupar e morar nesse lugar. Enquanto a pessoa não tiver um encontro
real com Jesus, qualquer tratamento e apenas um anestésico que pode
durar alguns meses ou anos, mas somente Cristo cura essa solidão
existencial.

BIBLIOGRAFIA:
BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de
João Ferreira de Almeida. Edição rev. e atualizada no Brasil. Brasília:
Sociedade Bíblia do Brasil, 1993.
COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão - Edição Século 21. ed. Vida
Nova, São Paulo 2014.
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HEGENBERG, L. Doença: um estudo filosófico. Rio de Janeiro: Editora


FIOCRUZ, 1998.
LINDSEY, Hal. Satanás está vivo e ativo no planeta Terra: Uma análise
Profunda da ação do Príncipe das trevas neste mundo. Ed. Mundo Cristão –
São Paulo, 1989.
SAYES, José Antônio. O Demônio: Realidade ou Mito? Ed. Paulus, 1999, São
Paulo.

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