ACONSELHAMENTO PASTORAL

BELO HORIZONTE / MG

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 SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 3

PROPOSTAS BÁSICAS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO .............................................. 3

TÉCNICAS GERAIS DE ACONSELHAMENTO ..................................................................... 3

AS NECESSIDADES DO INDIVÍDUO ................................................................................... 6

PREMISSAS DO ACONSELHAMENTO PASTORAL ............................................................ 9

ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ACONSELHAMENTO PASTORAL ........................................... 11

MÉTODOS DE ACONSELHAMENTO ................................................................................. 12

ACONSELHAMENTO NÂO-DIRETIVO ............................................................................... 13

ACONSELHAMENTO PASTORAL AOS ENLUTADOS ....................................................... 14

A TRISTEZA E AS MANIFESTAÇÕES DO LUTO NORMAL ............................................... 16

ACONSELHANDO FAMÍLIAS.............................................................................................. 20

FAMÍLIA PATRIARCAL E FAMÍLIA NUCLEAR.................................................................... 20

A FAMÍLIA NO CONCEITO DE JESUS ............................................................................... 24

ACONSELHAMENTO PRÉ-CONJUGAL E CONJUGAL ...................................................... 25

Alvos do aconselhamento .................................................................................................... 27

O SEXO É UM PRESENTE DE DEUS ................................................................................ 38

SEXO E CÉREBRO ............................................................................................................. 38

OS BENEFÍCIOS DA RELAÇÃO SEXUAL PARA A SAÚDE FÍSICA E EMOCIONAL ......... 40

O que fazer para a cura da disfunção .................................................................................. 43

Ejaculação precoce ............................................................................................................. 44

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 ACONSELHAMENTO PASTORAL
INTRODUÇÃO
O aconselhamento cristão é um dos
ofícios mais importantes do ministério pastoral. E
essa não é tarefa nova; Ela existe desde os
primórdios da igreja, muito antes das
descobertas freudianas.
Aliás, paralelamente à sua missão
evangelizante, a igreja sempre teve uma vocação
terapêutica e sempre desempenhou também
essa missão — A missão de clínica de almas. Ao
longo de sua história e da história do Cristianismo
através dos séculos, observa-se que sempre
coube aos pastores o trabalho de aconselhar e
de apoiar os crentes de suas igrejas ou
congregações locais, por ser esta uma tarefa
inerente do ministério Pastoral. Por isso os
pastores sempre ocuparam um lugar um lugar
importantíssimo na vida das famílias de suas
igrejas e de suas comunidades.
E até hoje tem sido assim. Os
verdadeiros pastores sempre acompanham de
perto as suas ovelhas, quer pessoalmente,
dependendo do tamanho de suas igrejas, ou por
meio de uma equipe de conselheiros pastorais
por ele orientados, compartilhando, assim, todos
os momentos especiais da vida do seu povo,
sejam esses de solene alegria e regozijo ou de
profunda tristeza.
Estou seguro que o próprio Deus
idealizou o aconselhamento para ser uma das
atitudes de ajuda e de apoio mais abençoadoras
do trabalho pastoral. E nestes tempos, em que os
homens vivem mergulhados em tantas crises e
conflitos, o Senhor espera que sua igreja saiba
desempenhar bem de modo eficaz o seu papel
terapêutico na sociedade humana.
Em nossos dias o que mais os homens
estão precisando é de conselheiros, mas de
conselheiros que sejam fieis porta — vozes do
coração de Deus.
Havemos de convir que as cidades e as
nações estão cheias de conselheiros. Há
conselheiros e conselheiros. Há conselheiros em
programas de televisão e nas rádios, nos
consultórios, nos clubes, nas esquinas e praças.
Mas, a maioria deles são pseudoconselheiros
perdidos nos seus próprios sofismas e silogismos
críticos, ignorantes acerca do legítimo processo
terapêutico de cura das feridas interiores ou das
feridas da alma humana.
O que as pessoas precisam é de
conselheiros, que antes se aconselham a sim
mesmo com a
Palavra e com o Espírito Santo de Deus.
Estes, sim, são conselheiros capazes, confiáveis
e dignos!
PROPOSTAS BÁSICAS DO
ACONSELHAMENTO CRISTÃO
Na qualidade de Conselheiros Pastorais
ou Conselheiros Cristãos, de posse do
conhecimento bíblico acerca da criação e
formação do homem, não podemos deixar de ver
o homem como um ser integral. Portanto, a
nossa análise do homem deve ser como uma
visão integral, isto é, devemos analisar u homem
como um ser biológico, emocional ou psíquico,
como ser social e espiritual.
De modo podemos analisar o homem
apenas como um ser psicofisiológico, mas na sua
interação.
O Aconselhamento Pastoral apresenta
quatro propostas básicas:
l. Auxiliar a pessoa aconselhada a
alcançar o conhecimento e a aceitação de si
mesma.
2. Auxiliar a pessoa aconselhada a
buscar ramos de ação alternativos.
3. Oferecer ao aconselhado uma
situação na qual possa tomar iniciativa e aceitar
a responsabilidades sobre elas.
4. Oferecer oportunidade ao
aconselhado para escolher um modo de proceder
ou um estilo de vida viável.
A função natural do aconselhamento
Pastoral, portanto, fundamenta-se nos princípios
básicos da psicologia interpessoal, pois ele trata
do comportamento humano em interação. Por
isso jugo sábia, a afirmação de Paul Johnson,
que define o aconselhamento como " uma
relação responsiva emergindo da necessidade
expressa de vencer trabalhosamente as
dificuldades, por exemplo de compreensão
emocional e crescente responsabilidade". Na
interação do aconselhamento o conselheiro deve
estar aberto para o seu verdadeiro ego e pronto
para assumir sua carga na terapia pessoal.
TÉCNICAS GERAIS DE
ACONSELHAMENTO
O aconselhamento é uma atividade que
consiste na predisposição de uma pessoa no
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 ACONSELHAMENTO PASTORAL
sentido de assistir e ajudar outra a resolver os
seus problemas e conflitos. Essa relação de
ajuda é muito diferente das discussões ou das
abordagens entre amigos ou familiares, pois ela
tem um propósito claro: ajudar a pessoa
aconselhada a se ajudar.
Para que haja êxito no trabalho do
conselheiro cristão, ele deve remover ou superar
os seus próprios conflitos e deve estar habilitado
para tomar consciência precisa e clara dos
problemas e necessidades da pessoa que
procura a terapia do aconselhamento, como
também deve estar capacitado para comunicar-
lhe sua empatia ou compreensão durante o
processo de ajuda.
Este trabalho exige do conselheiro o uso
de técnicas eficazes nas relações de ajuda ou
nas sessões de aconselhamento. Dentre outras.
Vamos analisar algumas das que são
consideradas as mais importantes.
 Atenção - E fator de suma
importância que o conselheiro pastoral dê
atenção integral à pessoa que está
aconselhando. Essa atenção integral é
operacionalizada mediante:
o Contato - olhar a pessoa
aconselhada, firmemente, sem arregalar os olhos
em nenhum momento, mas sempre a olhando
firme nos olhos, revelando Interesse e
compreensão; Postura relaxada - em
momento algum o conselheiro deve demonstrar
expressão ou postura tensa;
 Gestos naturais - os gestos e
movimentos de expressão corporal do
conselheiro devem ser perfeitamente naturais,
porém não excessivos, a ponto de causar
distração;
 Amabilidade - o conselheiro
pastoral deve ser amável, bondoso e fortemente
motivado para a compreensão;
 Vigilância - ajudar às pessoas
não é tarefa fácil, pois exige do conselheiro,
paciência, sensibilidade, expressões de
cuidados verdadeiros e disposição para estar
sempre vigilante, pronto para ministrar a terapia
do aconselhamento a todos que dela necessitem.
 Ouvir - Ouvir de maneira
terapêutica e eficaz exige habilidade e técnica.
De acordo com estudos do psiquiatra Armand
Nicholi o ato de ouvir eficazmente. envolve•
 Evitar expressões verbais ou
não-verbais que possam causar dúvidas e
inseguranças na pessoa aconselhada;
 Aguardar pacientemente durante
o momento de silencio ou de lágrimas, até que a
pessoa aconselhada encontre coragem para
recompor os seus pensamentos;
 Ouvir não apenas o que a pessoa
aconselhada diz, mas aquilo que ela ou ele está
tentando dizer ou deixou de dizer;
 Usar os dois olhos e o par de
ouvidos para captar as mensagens transmitidas
pelo tom de voz, pela postura e por outras pistas
não verbais
o Compreender que é possível
aceitar plenamente a pessoa aconselhada sem
aprovar suas atitudes e comportamentos
negativos.
Todos esses princípios podem ser
ignorados e iniciar-se logo uma falação, partindo
rapidamente para a oferta de conselhos. Mas
isso impede que a pessoa aconselhada expresse
suas verdadeiras mágoas e ressentimentos,
partilhe todos os detalhes das angústias e das
ansiedades de sua alma e encontre o alívio de
que necessita.
 Responder especificamente —
Talvez alguém pense que o conselheiro pastoral
não precisa fazer nada além de ouvir a pessoa
aconselhada. Não é assim. O conselheiro ouve,
mas deve responder especificamente quando lhe
perguntam algo. Temos um exemplo disso em
Jesus Cristo. Lembrase do seu encontro com os
dois discípulos confusos na estrada de Emaús?
Pois bem. A sua ajuda como conselheiro se
caracteriza pela ação e pelas respostas verbais
específicas. E ele é o modelo de conselheiro para
nós.
 Orientar o rumo da conversa —
E uma habilidade por meio da qual o conselheiro
pastoral orienta a direção dos pensamentos da
pessoa aconselhada, de modo a redirecionar a
conversação. Exemplo: "Você pode dar mais
detalhes. "O que você está querendo dizer
com..?" "O que aconteceu então...?" Estas são
perguntas breves que ser feitas sempre que o
conselheiro perceber que o aconselhando está
divagando ou quando o aconselhando não
estiver sabendo direcionar a sua conversação de
forma produtiva.
 Confrontar — E uma técnica
que consiste em colocar uma ideia para a pessoa
aconselhada, de modo que ela seja levada a ver
o seu problema de acordo com a ótica ou o
ângulo dessa ideia.
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 ACONSELHAMENTO PASTORAL
O confronto é uma parte relevante no
processo de aconselhamento, e às vezes muito
difícil, mas não é a única habilidade plausível de
êxito nesse processo de ajudar as pessoas.
A técnica do confronto deve ser utilizada
de maneira suave, com amor, sem atitude de
censura ou de julgamento. Assim ela é mais bem
aceita. A pessoa aconselhada deve ser
confrontada em situações como:
 Pecados em sua vida, ainda não
confessados;
 Sentimento de culpa;
 Sentimentos ou comportamentos
auto derrotistas ou pessimistas;
 Baixa estima;
 Complexos medos e temores ou
fobias;
 Autoconceito ou autoimagem
negativos, etc.
O confronto muitas vezes leva à
confissão e, consequentemente, a experiências
significativas de perdão, possibilitando, a partir
daí a cura para muitos males, tanto do emocional
como do espiritual.
 Interpretar — Isso envolve a
habilidade de explicar à pessoa aconselhada o
significado dos seus sintomas, comportamentos
e outras evidencias ou situações que a afligem. E
uma habilidade altamente técnica, que possibilita
a pessoa aconselhada ver a si mesma e suas
circunstancias de modo mais claro e racional ou
lógico.
 Apoiar e encorajar São
elementos preponderantes no processo de
aconselhamento, principalmente no seu início.
Uma pessoa sobrecarregada de necessidades e
conflitos tem premente urgência de sentir
estabilidade emocional, semelhantemente como
um náufrago necessita de uma tábua de salvação
e de um solo firme. Ela deseja ardentemente em
sua alma encontrar uma pessoa empática que
lhe mostre aceitação e lhe forneça uma sensação
de segurança. O conselheiro pastoral precisa
estar predisposto e habilitado para isto.
O aconselhamento pastoral não consiste
apenas em assistir os oprimidos, mas em orientá-
los e encorajá-los a uma ação.
OBJETIVOS DO ACONSELHAMENTO
CRISTÃO
Os objetivos do aconselhamento variam
de acordo com as necessidades da pessoa que
busca ajuda, isto é, o aconselhando. Muitos
objetivos, porém, não são alcançados
completamente, pois dependem em grande parte
da natureza e da complexidade do problema ou
dos problemas, do grau de motivação do
aconselhado e da habilidade, preparação e
experiência do conselheiro (a).
Eis a seguir, dez dos principais objetivos
do aconselhamento pastoral.
 Diminuir as emoções destrutivas
- As emoções destrutivas são: ira, raiva,
ansiedade tristeza e angústia. As pessoas
excitadas ou acometidas de tensão emocional
não podem pensar com lucidez nem têm
condições de ver a sua situação real e muito
menos encontrarem por si só meios de enfrentar
e resolver os seus problemas. O aconselhamento
pastoral é a sua alternativa.
 Fazer o aconselhado ver com
objetividade - Ajudar o aconselhado no sentido
de que ele possa ver de forma objetiva o seu
problema e saiba utilizar as suas forças
psíquicas, assim como os seus recursos
espirituais, para enfrentar os problemas.
 Auto compreensão — A
compreensão de si mesmo constitui fator
fundamental para a cura. E esse é um dos mais
importantes objetivos do aconselhamento
pastoral: ajudar o aconselhado a entender a si
mesmo e a se autovalorizar. Só a partir daí é, que
o aconselhando poderá descobrir os seus
motivos, os seus pontos fracos e também os seus
pontos fortes. Esse conhecimento de si mesmo o
levará a aceitar a si mesmo, e aí começará o
caminho para a cura de suas feridas e dos seus
conflitos.
 Relacionamento interpessoal —
Ensinar a enfrentar sua culpa, dominar sua
hostilidade, perdoar aos outros e a si mesmo,
como também a aceitar as falhas dos outros.
Ensinar o aconselhado a amar a si mesmo e aos
outros, para que também possa ser amado. Isso
é imprescindível para a construção de novos
relacionamentos interpessoais saudáveis.
 Mudança de comportamento —
A tarefa do conselheiro não é mudar ninguém,
mas ajudar e encorajar o aconselhando a mudar
a si mesmo. Como isso é possível? Mediante a
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 ACONSELHAMENTO PASTORAL
mudança de conceitos e, consecutivamente, de
atitudes, de conduta e de normas de valores.
Quase todos os nossos comportamentos são
aprendidos. O aconselhamento pastoral pode
ajudar o aconselhando a melhorar a sua
personalidade e a mudar o seu comportamento,
desaprendendo os comportamentos negativos
aprendidos anteriormente.
 Proporcionar apoio - Ensinar a
dividir os fardos é também tarefa do
aconselhamento pastoral, apoiando o estabeleçam objetivos definidos para o
aconselhando nos seus momentos de crise, de
conflitos e de angústia. Por exemplo, quando na
família está ocorrendo uma situação de fracasso,
de enfermidade grave, de perda de bens ou de
um ente querido, etc., o apoio do pastor ou do
conselheiro pastoral pode beneficiar os familiares
grandemente, encorajando-os a encontrar forças
dentro de si mesmos para enfrentar
eficientemente a crise e vencê-la.
 Confiança — Desenvolver no
aconselhando uma crescente confiança em Deus
e em si mesmo.
 Desenvolver a maturidade —
Ajudar o aconselhando a desenvolver a
personalidade e sua maturidade é um importante
objetivo do aconselhamento pastoral, pois,
principalmente em situação de crise, qualquer
indivíduo precisa ter maturidade emocional ou a
personalidade amadurecida. Mas o que isso
significa? O que é maturidade emocional ou o
que é um indivíduo amadurecido
emocionalmente?
Segundo Maslow, um indivíduo
amadurecido é aquele que tem uma percepção
realista de vida e a capacidade para tomar
decisões sensatas e equilibradas. E uma pessoa
criativa, que possui um inconformismo sadio e
uma autodeterminação não hostil, que sabe
aceitar a si mesmo e aos outros. E uma pessoa
que não confunde meios com fins, possui
desprendimento pessoal, autonomia e clínica de almas, poderá prestar um relevante
independência, coração cordato e espírito
democrático, bom humor e capacidade para
estabelecer relacionamentos profundos.
Proporcionar essa experiência de
maturidade ao aconselhando é um dos mais
elevados objetivos da terapia do aconselhamento
pastoral.
 Perspectiva realista de vida —
Desenvolver no aconselhando uma perspectiva
realista de vida, para que ele possa perceber que
todas as pessoas têm problemas, ansiedade e
desilusões.
 Ajudar o aconselhando nos seus
problemas espirituais - Ensinar o aconselhando
acerca de como Deus opera a sua graça e sua
misericórdia em nossa Vida e encorajá-lo a viver
na dependência do Senhor.
Em qualquer tipo de aconselhamento é
imprescindível que conselheiro e aconselhando
aconselhamento. Esses objetivos devem ser
específicos e organizados em alguma sequência
lógica que identifique os problemas que serão
tratados durante o processo terapêutico.
O aconselhamento pastoral é uma tarefa
intransferível, e cada pastor ou cada conselheiro
pastoral deve ter uma sólida consciência disso.
Uma vez investidos desse ministério, tanto o
pastor como o conselheiro pastoral tem uma
única alternativa: ou eles aconselham bem ou
aconselham mal. O que eles têm de fazer é
aconselhar.
Há, porém, outro fato de que nenhum
conselheiro pode se esquecer: sem inteira
dependência do Espírito Santo, é impossível a
qualquer ministério se tornar bem-sucedido, e o
ministério de aconselhamento pastoral também
passa por essa via, pois o verdadeiro conselheiro
é o Espírito Santo.
Havemos de reconhecer que a tarefa do
aconselhamento, principalmente a tarefa
pastoral, é muito árdua, já que necessariamente
temos de buscar o nosso próprio preparo e a
maturação da nossa própria personalidade como
homens de Deus, para que assim estejamos
habilitados a ajudar todos aqueles que nos
procuram em situação de crise.
Nestes dias atuais, o ministério do
conselheiro pastoral se reveste de grande
importância nesta sociedade transtornada pela
violência e pela insegurança. E a Igreja, como
serviço à sociedade e ao ser humano em geral,
por intermédio do trabalho terapêutico dos seus
conselheiros pastorais.
AS NECESSIDADES DO INDIVÍDUO
E muito importante que o pastor e os
conselheiros pastorais tenham conhecimento
acerca das necessidades dos indivíduos ou da
pessoa humana e dos motivos que as causam.
6
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
Com o objetivo de ajudá-los nesse
conhecimento, vamos estudar algumas delas.
Todas as pessoas têm necessidades
sociais, físicas e psicológicas que devem ser
satisfeitas, para que possam desfrutar boa saúde
mental.
Entre as principais necessidades sociais
de uma pessoa, encontram-se:
 necessidade de segurança;
 necessidade de aprovação;
 necessidade de ter amigos;
 necessidade de obter êxito ou de
conseguir algo útil;
 necessidade de estar livre do
menosprezo social.
A pessoa também necessita sentir-se
segura quanto às necessidades materiais
básicos, tais como:
 meio de ganhar a vida;
 um lugar onde possa morar e
projetar algo para o futuro.
Outras necessidades sociais que as
pessoas têm são as seguintes:
 necessidade de serem
respeitadas na sua individualidade;
 necessidade de aceitação de
como são na verdade necessidade de pertencer
ao grupo;
 necessidade de reconhecimento;
 necessidade de receber atenção
como uma pessoa digna.
As principais necessidades físicas de
uma pessoa são:
 necessidade de alimentação;
 necessidade de bem-estar
corporal;
 necessidade de satisfação
sexual.
As principais necessidades psicológicas
de uma pessoa são:
 necessidade de divertir-se;
 necessidade de ter Uberdade de
ação;
 necessidade de poder lutar pela
conquista de seus objetivos pessoais, aspirações
e ideais.
Em sua busca de satisfação dessas
necessidades, o homem normalmente cai em
estado de tensão ou desequilíbrio. Esse estado
exige dele uma quantidade determinada de
soluções necessárias à realização de seus
desejos, para que ele mantenha a integridade de
sua personalidade. Se a pessoa não se adapta à
tarefa de satisfazer tais necessidades, poderá vir
a sofrer problemas psicológicos.
É importante observar que uma
necessidade não satisfeita tende a aumentar o
desejo e chega a ocupar o pensamento e a
bloquear a atividade da pessoa de forma
constante. Também pode resultar no
desenvolvimento de atividades exageradas em
outras esferas. Por exemplo, uma pessoa que
não recebe o amor de que necessita de seus
familiares e amigos possivelmente comerá
demasiadamente e se tornará obesa.
Os estudos acerca das necessidades
humanas e da personalidade dos indivíduos
revelam características e comportamentos
interessantes que não podem ser ignorados
pêlos pastores e conselheiros pastorais.
Relacionamos aqui as principais dessas
características:
— Cada pessoa é um ser único — A
maioria dos seres humanos sempre tem alguma
coisa em comum, porém cada pessoa é diferente
nos traços principais do perfil de sua
personalidade. Por isso, para entender a pessoa
humana na totalidade de sua personalidade é
preciso conhecer suas habilidades e
capacidades especiais, como também as suas
experiências de vida.
— Todo procedimento ou conduta
humana tem um propósito ou meta — Os
procedimentos da pessoa humana têm razões ou
motivos múltiplos, porém relacionados uns com
os outros. Há condutas que são motivadas
inconscientemente, há condutas que são
motivadas por experiências do passado e há
condutas que são motivadas por experiências do
futuro, isto é, que ainda vão ser vivenciadas.
— Os sentimentos nos dão pistas quanto
aos problemas humanos e a natureza e
intensidade das necessidades — Nem todas as
pessoas sentem a mesma coisa ao viverem a
mesma experiência. Algumas se conformam,
7
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
outras reagem negativamente. Só poderemos
entender uma pessoa na sua unicidade de
caráter quando compreendermos como ela se
sente em uma situação em particular.
— A. vida e a personalidade de uma
pessoa são formadas de vários componentes.
Não é possível separar nem isolar uma
experiência ou uma parte da vida das outras
áreas de experiência de uma pessoa. Tudo que
ela experimenta psicologicamente exerce
influência física sobre ela. Por exemplo, quando
os conflitos emocionais se interiorizam, podem se
expressar por meio de sintomas físicos, tais
como cólicas, úlceras, asma, pressão alta,
fadigas, alergias, dores musculares e lombares,
etc. O que acontece em casa pode influenciar no
trabalho ou na vida profissional da pessoa. Por
isso, o conselheiro pastoral precisa levar em
consideração todos os aspectos da vida do
aconselhado.
— Cada pessoa é parte de seu meio
ambiente — A condição econômica e cultural, os
costumes e as normas de cultura de uma pessoa,
assim como seus companheiros, afeiam o seu
procedimento.
— A. vida da pessoa é composta de
progressivas etapas de desenvolvimento —
Todas as etapas da vida, desde a infância, têm
suas características específicas de
desenvolvimento. Por exemplo, a infância é uma
etapa em que a pessoa cresce fisicamente,
aprende a ler e a relacionar-se socialmente. O
menino necessita identificar-se com pessoas do
sexo masculino e a menina, com pessoas do
sexo feminino. Isso é fator importante para a
afirmação da sua personalidade e de sua
sexualidade. Se a pessoa se desenvolve bem
nessa etapa da vida, estará preparada para a
etapa seguinte. Mas se ela não se desenvolve
normalmente, poderá ficar frustrada e limitada.
— O conceito que uma pessoa faz de si
mesma é importantíssimo para que ela se adapte
à sua situação ou realidade e para preservar a
sua saúde mental — Se o conceito que a pessoa
tem de si mesma é sadio e realista, isso a ajudará
grandemente a livrar-se de tensões e de
frustrações. Mas se ela tem um conceito
deficiente e negativo de si mesma, isso a fará
sentir-se inadequada, inútil e, provavelmente, a
fará sofrer complexos e sentimentos de culpa.
— Em virtude de a maior parte da
conduta e das atitudes serem aprendidas,
também podem ser "desaprendidas", ou seja, é
possível a reaprendizagem de novas condutas e
atitudes.
— O verdadeiro amor tem poder
transformador — A maior necessidade do ser
humano é de amar e ser amado, ou seja, sentir
que o.
O que o conselheiro pastoral pode fazer
Á assistência ou o trabalho do conselheiro
pastoral deve alicerçar-se em metas, as quais
devem variar de acordo com as necessidades da
pessoa que busca ajuda. E importante entender
que a meta apropriada a um caso talvez não
possa ser aplicada a outro caso. Também se
deve entender que nem sempre todas as metas
serão alcançadas 10Žalmente.
Eis algumas das principais metas com as
quais o conselheiro pastoral trabalhará para
ajudar a pessoa humana a superar as suas
necessidades sociais, físicas e psicológicas:
Diminuir as emoções destrutivas —
Essas emoções são a ansiedade, a hostilidade, a
ira e a angústia. As pessoas excitadas e com os
nervos tensos não conseguem pensar com
lucidez nem têm condições de ver a sua situação
real, e a partir daí buscar maneira para enfrentar
e resolver os seus problemas.
Fazer com que a pessoa aconselhada
enfrente com objetividade o seu problema O
conselheiro ajudará a pessoa aconselhada a
utilizar suas próprias forças juntamente com os
recursos espirituais que Deus lhe dá, para
enfrentar e resolver o seu problema.
— Ajudar a pessoa no sentido de que ela
entenda a si mesma de maneira crescente e
passe a se autovalorizar O conselheiro ajudará a
pessoa aconselhada a perceber os seus pontos
fracos e os seus pontos fortes, para em seguida
aceitar sua situação de forma realística e sem
autopiedade,
Desenvolver na pessoa aconselhada a
disposição de aceitar as suas responsabilidades,
sem desculpas nem queixas.
— Melhorar os relacionamentos
interpessoais da pessoa aconselhada,
ensinando-a a enfrentar sua culpa, a dominar sua
hostilidade, a perdoar os outros e a aceitar as
faltas deles.
— Orientar e ajudar a pessoa
aconselhada a mudar sua atitude e suas normas
de valores e, em seguida, mudar sua conduta —
Essa mudança, porém, não pode ser tentada
radicalmente.
— Apoiar a pessoa aconselhada nos
seus momentos de crise ou de angústia —
8
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
Quando a família estiver passando por um
problema sério de tensão interpessoal, de crise
existencial, de problemas sérios de saúde ou
mesmo de pesar ou de luto, certamente será
indispensável esse apoio tanto do pastor como
dos conselheiros pastorais.
— Instruir a pessoa aconselhada a usar
seus recursos interiores e a lançar mão dos
recursos de Deus, especialmente nos momentos
de crise — A pessoa aconselhada deve ser
orientada pelo conselheiro pastoral no sentido de
que não se acostume a depender, isto é, a tornar-
se dependente, do pastor ou do conselheiro. Ela
deve aprender a viver sua própria vida.
Desenvolver na pessoa aconselhada
uma perspectiva realista de vida — Ela deve
entender que todas as pessoas têm os seus
próprios problemas, ansiedades e desilusões,
contudo, elas devem se esforçar para não se
deixarem abater pêlos problemas.
Desenvolver na pessoa aconselhada
uma crescente confiança em Deus e em si
mesma, para que assim possa enfrentar o futuro
com ousadia e coragem.
Ajudar a pessoa aconselhada quanto aos
seus problemas espirituais, tais como dúvidas
com relação à prontidão divina em nos abençoar
ou em relação à eficácia da oração, e a entender
a maneira como Deus age ou opera o seu poder
e a sua graça — No caso de tratamento com
pessoas não convertidas ou não cristãs, o pastor
ou o conselheiro pastoral deve leva-la a uma
experiência pessoal de conversão e de salvação.
Ajudar a pessoa aconselhada a
crescer no conhecimento de Deus, na
maturidade de sua personalidade e no serviço
cristão ou serviço divino.
PREMISSAS DO ACONSELHAMENTO
PASTORAL
Qualquer proposição ou teoria baseia -
se ou fundamentam-se sobre uma premissa, ou
sobre um conjunto de premissas, que constitui os
princípios básicos da proposição ou da teoria.
O aconselhamento pastoral é uma
técnica que se fundamenta sobre os princípios
básicos da psicologia interpessoal, uma vez que
se trata do comportamento humano em
interação.
Vamos considerar, a seguir, algumas das
premissas fundamentais que norteiam o
aconselhamento pastoral.
 A pessoa é central — Quando
uma pessoa vem ao consultório ou ao encontro
do conselheiro pastoral trazendo os seus
problemas e em busca de ajuda, ela está se
apresentando a si mesma como é na realidade.
O seu problema, ou os seus problemas
representa a sua própria carência e sua
necessidade pessoal.
Ela é um ser humano, e como tal está
profundamente preocupada com sua qualidade
de vida. A sua maior necessidade nesse
momento é ser explicada a si mesma, a fim de
que possa se compreender, e assim possa se
sentir apta para se realizar. O seu desejo mais
premente é superar os seus temores,
frustrações, dúvidas e as ansiedades, e saber
como lhe é possível crescer como indivíduo, isto
é, como chegar à estatura de pessoa plenamente
desenvolvida e amadurecida, como entende que
deve ser. Diante de tal expectação, ela espera
obter do conselheiro pastoral a ajuda de que
necessita, seja qual for o método que utiliza no
seu processo de ajuda.
O aconselhamento eficaz tem como
princípio fundamental considerar a pessoa do
aconselhado como objeto central do interesse do
conselheiro, e não os problemas dessa pessoa.
Em primeiro lugar, é a sua personalidade, a sua
auto-estima e as suas emoções que devem
merecer atenção e tratamento; depois disso
serão tratados os seus problemas.
A concentração do conselheiro deve
estar sobre a pessoa, e não sobre os seus
problemas. A pessoa é central. Portanto, é
imprescindível e muito importante que o
conselheiro veja a pessoa como ela é na
realidade e não como ele gostaria que ela fosse.
As relações interpessoais — As relações
que as pessoas cultivam umas com as outra, isto
é, as relações interpessoais ou relação de
pessoa para pessoa, segundo os estudos de Carl
Rogers, caracterizam-se por quatro atitudes
fundamentais:
Empatia ou compreensão — Um
relacionamento, sobretudo o relacionamento do
conselheiro pastoral com a pessoa aconselhada
para produzir resultados terapêuticos, precisa
estar apoiado na prática do exercício da empatia.
Mas o que é empatia? Vamos ver
algumas das definições mais célebres:
Segundo Rollo May, "empatia é o
sentimento ou o pensamento de uma
personalidade dentro de um processo de
9
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
identificação". Isto quer dizer que empatia
constitui uma experiência inter-relacional em que
o conselheiro e o aconselhado são tirados de si
mesmos e se confundem em uma só entidade
psíquica... O problema do aconselhando é
lançado sobre a 'nova pessoa"
Adler define a empatia como um
"sentimento social Inato-
A empatia ocorre no momento em que
um ser humano fala com outro ser humano. E
Impossível compreender-se um outro Indivíduo
se. ao mesmo tempo- é Impossível identificar-se
com ele
Jung define empatia como "uma
influência que produz transformações em ambas
as pessoas- da mesma maneira que dois
produtos químicos. reagindo um com o outro
ambos são transformados"
Sempre que o conselheiro pastoral vê
com isto é- analisa juntamente com a pessoa
aconselhada está ajudando-a a alcançar a sua
maturidade- por melo do recurso da empatia. Por
esse recurso- o aconselhado percebe que o
conselheiro tem sentimentos semelhantes aos
seus, e mediante esta percepção, chamada de
percepção de congruência, as forças positivas do
psiquismo começam a agir sobre as forças
negativas até a sua total superação
A compreensão empática do conselheiro
constitui uma extensão de sua personalidade
aliada à personalidade do aconselhado. James
Mannoia diz que, "por natureza, todos nós somos
tanto agentes como reagente no drama das
relações humanas. Tudo quanto fazemos é tanto
uma influência como o resultado de alguma
Influência recebida. Quando compreendemos a
força desse processo dinâmico- então podemos
ver quão imprescindíveis ele é no relacionamento
do processo de aconselhamento'
- Atitude permissiva - A atitude
permissiva tem por objetivo permitir ao
aconselhado expressar os seus reais
sentimentos e suas emoções durante todo o
processo do aconselhamento. E muito importante
que a pessoa aconselhada possa se sentir livre
para dizer o que ele mesmo pensa- da forma
como pensa e como sente.
Se a pessoa aconselhada não tiver essa
total liberdade, poderá sentir-se frustrada e.
assim, permanecer com os seus sentimentos
reprimidos- o que poderá contribuir para aflorar
um quadro de neurose ou intensificá-lo se tal
quadro já existir. Concomitantemente, se a
pessoa aconselhada se sentir de alguma maneira
restringida quanto ao modo pelo qual está
apresentando seu problema ou o seu conteúdo,
isso
Impedirá que haja uma verdadeira
terapia.
Carroll Wise afirma que a tarefa do
conselheiro não é fazer o aconselhado entrar no
seu destino mediante qualquer fórmula
preconcebida. Antes- a sua tarefa é tornar a
pessoa capaz de realizar o seu próprio destino".
— Respeito - Uma das razões por que
muitas pessoas não procuram um analista ou um
conselheiro é o medo de perderem o respeito
tanto do próprio analista ou conselheiro como das
outras pessoas que sabem que o
aconselhamento está sendo realizado.
O conselheiro ou o analista não pode
controlar as atitudes dos outros em relação à
pessoa que está aconselhando mas pode ser
positivo no controle de si mesmo. Respeito
verdadeiro não se comunica com gestos, mas por
meio de atitudes.
E a atitude de respeitar a pessoa
aconselhada sugere o cuidado para não a
melindrar durante o processo do
aconselhamento. Por exemplo- antes que o
aconselhando abra a porta das suas emoções e
dos seus sentimentos o conselheiro não deverá
tentar transpô-la. Também não deve falar
arrogantemente com o aconselhado como se
este fosse menos inteligente. E mais- também
não deve ir de pronto sugerindo soluções sem
antes analisar o caso detidamente. O segredo da
terapia ou do aconselhamento eficaz não está em
metodologias, mas em atitudes.
— Aceitação — O conselheiro precisa
aceitar o que houve como válido no quadro
subjetivo das referências do aconselhando. Se o
conselheiro evidenciar qualquer sinal de dúvida
ou de rejeição- provavelmente isso resultará num
retardamento do processo de cura ou do
processo terapêutico.
A pessoa aconselhada poderá dizer algo
agora que contradiz o que disse numa entrevista
ou sessão anterior. Mas o que ela diz agora tem
de ser aceito como referência do presente- do
agora. O conselheiro não deve esperar com o
aconselhando seja consistente no que diz
principalmente no caso de problemas
profundamente emocionais e no início do
tratamento.
O conselheiro precisa entender que
enquanto está acertando que o aconselhando
diz- inclusive suas contradições e
10
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
inconsistências, está na verdade apressando o
seu processo de superação ou de cura Interior. O
conselheiro pastoral precisa ser sábio quando
tiver de estabelecer uma situação de confronto
das ideias ou dos sentimentos e pensamentos do
aconselhando. sem questioná-lo
sistematicamente quanto ao seu conteúdo- pois
o questionamento puramente sistemático pode
criar um Impasse no processo do
aconselhamento, pelo fato de imprimir na mente
do aconselhando uma Imagem de que o
conselheiro POSSUI personalidade de perfil
radical ou autoritário. Aceitar o que está sendo
dito no aqui e agora é o mais curto caminho para
a reestruturação da personalidade.
ÁREAS DE ATUAÇÃO DO
ACONSELHAMENTO PASTORAL
O aconselhamento pastoral não se limita
apenas a uma área específica da vida humana.
O seu campo é bastante vasto e abrangente,
assim como os tipos de problemas que as
pessoas vivenciam no seu dia-a-dia. Entretanto,
não devemos esperar que o pastor ou o
conselheiro pastoral resolva todos os casos que
lhe sejam trazidos para tratamento bem porque
muitos desses casos necessitarão ser
encaminhados para profissionais da área da
psicanálise- da psicologia ou da psiquiatria.
A bem da verdade para um grande
número de casos o pastor ou o conselheiro
pastoral estará equipado e habilitado para iniciar
e desenvolver a terapia ou o trabalho terapêutico.
Para outros casos mais graves do psiquismo
humano, ele dependerá de recursos e técnicas
somente disponíveis nas outras áreas aqui
citadas. São quatro as áreas da vida humana que
podem ser trabalhadas pelo conselheiro pastoral:
Área religiosa ou espiritual - Os
problemas mais comumente trazidos ao gabinete
pastoral ou ao consultório do conselheiro pastoral
são de nature2a religiosa ou espiritual. Ora são
questões de fé ora são questões de doutrinadora
são questões puramente eclesiásticas ou
ministeriais. etc.
Área social — O ministério pastoral,
principalmente- reveste-se de natureza universal.
Os seus compromissos abrangem todas as
esferas da vida humana- desde o começo da vida
com o nascimento até o seu término- isto é. até a
morte.
Nos momentos de tristeza de angústia ou
de pesar- nas crises de família ou em crises
existenciais nos momentos solenes de alegria de
bênçãos ou de vitórias do seu povo, lá está o
pastor no exercício pleno do seu ministério.
No curso desse exercício- o pastor tem
sempre de estar preparado para aconselhamento
e ajudar pessoas com problemas de relações
Interpessoais- como também com problemas de
ordem social. Por isso ele necessita de reciclar
ou de ampliar os seus conhecimentos para que
esteja sempre habilitado para responder com
dinamismo e eficácia as necessidades sociais
dos Indivíduos e da comunidade.
O pastor- como conselheiro. e sua
equipe de conselheiros pastorais não apenas
relacionam-se. mas tratam dia após dia com a
pessoa humana. E tratar da pessoa humana e
com a pessoa humana como ser social não
constitui apenas um trabalho de grande
significação. mas também uma excelente
oportunidade para trata-la como um ser espiritual
 Área emocional-Diz-se que- em
essência- todo problema constitui um problema
emocional Contudo- os problemas de ordem
emocional envolvem algum grau de ansiedade-
de angústia- de insegurança de medos ou fobias-
de baixa auto-estima- etc. Tais problemas podem
ter como causa fatores ligados à experiência
religiosas como Incerteza acerca da salvação
acerca do perdão de pecados ou à consciência
de pecados não confessados. Podem ainda ser
causados por falso senso de culpa, por
sentimentos de refeição de fracasso de
inferioridade como também por ressentimentos e
emoções doentias de ira de raiva da amargura e
outras.
Esta é uma área em que tanto o pastor
como os conselheiros pastorais necessitam estar
preparados para o exercício terapêutico da
comunicação e da empatia.
Área da saúde mental - As enfermidades
mentais estão em geral relacionadas a distúrbios
ou desorganização da personalidade dentre as
quais destacam-se as psicoses- as neuroses- as
ansiedades- as obsessões- as compulsões- as
depressões- as personalidades psicopáticas os
surtos psicóticos e outras. Nesses casos- tanto o
pastor como os conselheiros pastorais devem
estar devidamente treinados ou habilitados para
identificar tais patologias- para assim encaminhar
os seus portadores aos profissionais da área de
saúde mental
11
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
A pronta agilização do pastor ou do
conselheiro pastoral no encaminhamento do
paciente bem como o diagnóstico do profissional
em tempo hábil constituirá fator muito importante
para a probabilidade de cura e recuperação do
paciente.
MÉTODOS DE ACONSELHAMENTO
É fundamentalmente Importante que o
pastor conselheiro e os conselheiros pastorais
conheçam e aprendam os diferentes métodos de
aconselhamento e saibam escolher aquele- ou
aqueles- que entendam ser mais eficazes. Dentre
os métodos existentes vamos considerar os cinco
mais apropriados ao trabalho pastoral.
ACONSELHAMENTO DE APOIO
Em momentos de crise toda pessoa
necessita se sentir apoiada e fortalecida. Uma
crise pode ser causada por fatores os mais
diversos como a perda de um bem ou de bens
preciosos- de um ente querido do emprego do
concurso ou do vestibular- problemas
econômicos ou financeiros desilusões
românticas. separação conjugal- etc
O objetivo do aconselhamento de apoio
consiste essencialmente em prestar-lhe
temporariamente uma assistência de apoio de
consolo e conforto- de estimulo e força para que
possa superar a crise.
O conselheiro pastoral por sua vez tem o
compromisso de ajudar o aconselhado a se
ajudar a fortalecer-se. a desenvolver novas
perspectivas e a descobrir e empregar novos
recursos psicológicos próprios para enfrentar e
vencer a crise. Os recursos espirituais- como a
leitura de textos bíblicos- as promessas de Deus
e a oração- são fatores que o conselheiro
pastoral pode utilizar para ajudar o aconselhado
a alcançar a superação da crise.
O conselheiro pastoral também colocará
à disposição do aconselhado o seu par de
ouvidos atento e compreensivo- para que ele
possa desabafar. O conselheiro deverá mudar o
seu aconselhado a encarar sua situação ou sua
crise com realismo.
ACONSELHAMENTO POR
CONFRONTAÇÃO
No melo científico já há alguns
psicólogos e psiquiatras modernos de renome
que afirmam que a terapia puramente psicológica
não há resultados positivos em muitos casos.
Kari Menninger (um famoso psicólogo norte-
americano)- escreveu sobre o tema em seu livro
Whatever Became ofSin (O Que aconteceu com
o Conceito de Pecado?) e lamenta que a
sociedade tente Ignorar a responsabilidade moral
do homem. Como resultado surgiu e está
crescendo, um novo movimento que enfatiza a
responsabilidade do Indivíduo. O postulado
principal desse movimento ensina que cada
pessoa deve enfrentar suas realidades, por mais
desagradáveis que elas sejam
Os defensores desse movimento
defendem a tese de que ninguém pode ajudar
uma pessoa que não esteja disposta a enfrentar
sua situação- a confessar o seu pecado e a fazer
o que for necessário para se livrar dos seus
problemas.
Muitos psicólogos hoje concordam com o
que as Escrituras ensinam. ao afirmarem que a
pessoa que tenta encobrir o seu mal sofrerá cedo
ou tarde de sentimento de culpa- de frustração e
de ansiedade neurótica. Porém, é preciso que se
tenha cuidado com isto, pois não se pode atribuir
a causa de todos os problemas de uma pessoa
ao pecado. De fato- ele é um dos fatores
causadores de muitos problemas, mas não se
pode ignorar que há muitos outros fatores que
também geram problemas.
E notável observar que o próprio Jesus
nem sempre se referiu ao assunto pecado com
as pessoas das quais ele estava tratando. Veja-
se- por exemplo, que ele nada falou contra os
pecados de Zaqueu. Levou-o a confessa-los
apenas tratando-o com empáfia e consideração.
A exemplo de Jesus tanto o pastor como
os conselheiros pastorais precisam empregar
com sabedoria o seu método escolhido de
aconselhamento de modo que as pessoas
aconselhadas se sintam encorajadas a
reconhecer as suas responsabilidades e a
enfrentar os seus problemas. ao Invés de fugir
deles
Por outro lado, a Bíblia ensina que o
homem é escravo dos seus pecados (Romanos
7.14-23). Portanto, não basta reconhecer sua
responsabilidade. E necessário a atuação do
Espírito.
Princípios:
O conselheiro pastoral recolhe
informação acerca do problema e averigua os
antecedentes dele. Formula- muitas perguntas
para ter um conceito claro da situação e para
12
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
ajudar o aconselhado a reconhecer sua
responsabilidade no problema. Dá oportunidade
à pessoa para que ela descubra e reconheça por
si própria-sua responsabilidade e sua culpa. Se a
pessoa aconselhada fechar os olhos para sua
responsabilidade- lançando a culpa sobre os
outros e dando desculpas_ o conselheiro pastoral
deve tomar uma atitude mais objetiva e enérgica.
Confrontar a pessoa aconselhada com
as provas de seu erro ou mau comportamento.
Ou seja. levá-la a reconhecer os seus pecados
ou erros e que tem de enfrentar a sua realidade.
O conselheiro pastoral deve sempre lembrar à
pessoa aconselhada que o propósito
fundamental do aconselhamento é restaurá-la a
comunhão com Deus e com seus semelhantes
(Gaiatas 6.1).
Continuar aceitando a pessoa
aconselhada- mesmo nos casos em que essa
não queira reconhecer suas faltas. O conselheiro
pastoral sabe que Deus rejeita o pecado mas
ama o pecador. O conselheiro, entretanto- não
discutirá com a pessoa aconselhada tentando
convencê-la de que é responsável por sua
própria situação. Em alguns casos a pessoa
aconselhada pode rejeitar durante o diálogo as
evidências de sua culpa, mas em seguida
geralmente ela as reconhece. As palavras do
conselheiro ou do pastor podem servir como
semente- mas necessitam de tempo para
germinar.
Levar a pessoa aconselhada a
confessar o seu pecado ou sua culpa a Deus e
confiar no seu amor perdoador (I João 1.9). Nos
casos de aconselhamento de uma pessoa
descrente pode ser que o conselheiro seja a
única pessoa a quem a aconselhada confesse
sua culpa, pois ela talvez nem saiba como
recorrer a Deus.
Ajudar a pessoa aconselhada a
acertar-se com as pessoas às quais prejudicou
com sua má conduta. Em seguida- o conselheiro
pastoral deve ajudá-la a viver uma vida digna
ACONSELHAMENTO DIRETIVO
Esse método de aconselhamento
fundamenta-se nos estudos da psicanálise que
procuram interpretar a estrutura e a dinâmica da
personalidade humana. A sua premissa básica
ensina que o entrelaçamento do indivíduo com o
seu ambiente determina a conduta emocional.
Pois isso o indivíduo está quase sempre cm
frustração contínua. O desenvolvimento da
personalidade obedece a uma lei de causa e
efeito de ordem psíquica, e isso constitui a razão
por que toda experiência mental tem uma causa
no consciente ou no Inconsciente.
Nesse tipo de aconselhamento- o
conselheiro assume o controle da entrevista ou
da sessão desde o seu Início e o mantém até o
fim. Durante todo o processo, a pessoa
aconselhada se mantém passiva e deve
submeter-se à interpretação dada ao seu caso
pelo conselheiro, o que pode não resultar em
crescimento da personalidade, mas em um
estado de dependência. O seu passado é trazido
à luz da situação presente, passa por uma
reconstituição, e assim são dadas ao
aconselhado as explicações do seu problema e
também as conclusões. Ao conselheiro cabe a
responsabilidade de apontar ao aconselhado a
solução dos seus problemas, e isto acaba
transformando o conselheiro na figura de um pai
ou de qualquer pessoa importante na vida do
aconselhado.
Sigmund Freud, pai da psicanálise- foi
um dos grandes Incentivadores do
desenvolvimento desse tipo de aconselhamento.
ACONSELHAMENTO NÂO-DIRETIVO
O aconselhamento não-diretivo toma
como base mais a exploração do sentimento do
que do conteúdo. Carl Rogers foi o pai e a figura
proeminente desse método, que desenvolveu por
meio de registros fonográficos das entrevistas ou
das sessões de aconselhamento (representação
gráfica dos sons e das vibrações das palavras -
gravação), que eram analisados posteriormente
para o diagnóstico da direção e o alcance de
progresso, de acordo com a relação medida de
sentimento. Essa técnica chamada
fenomenológica tornou-se o padrão sobre o qual
todo o aconselhamento não-diretivo se baseia.
A guisa de conhecermos o contraste
existente entre o método diretivo e o não-diretivo
saibamos o seguinte: o aconselhamento diretivo
é orientado pela emoção e pelo fato: enquanto o
aconselhamento não diretivo é orientado por
emoção e vontade.
Nesse método de aconselhamento. o
papel do conselheiro consiste em facilitar a
criação de condição e situações adequadas para
o aconselhado. O conselheiro permanece neutro
não dirige o curso da entrevista ou da sessão e
nem a avalia. Não faz esforços para decifrar
sintomas nem para analisar o pensamento do
13
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
aconselhado. Pouca informação ele dá, já que o
processo do aconselhamento é orientado pela
emoção- e não pelo conteúdo_ e a explicação
que surgir será da parte do próprio aconselhado
como resultado de sua própria
Introspecção e conclusão.
Este método de aconselhamento é falho
em duas situações
d) quando o aconselhado não fornece um
detalhamento adequado do seu problema, por
causa de fragilidades emocionais inerentes
sobretudo quando ele espera que o processo do
aconselhamento na área do emocional também
trate dos problemas não emocionais:
b) o grupo de pessoas com as quais ele
pode ser utilizado é muito pequeno uma vez que
ele pressupõe a necessidade de um nível alto de
reflexão e de compreensão pessoal.
ACONSELHAMENTO DIMENSIONAL
O aconselhamento dimensional
fundamenta-se na relação do homem para com
Deus. Sobre essa base repousa a sua realização
bem-sucedida, em função da sua linha de
definição qual seja.
a) o conselheiro não assume a postura
de autoridade como ocorre no aconselhamento
diretivo nem assume a posição de ouvinte
desinteressado, como ocorre no aconselhamento
não-diretivo. Ele responde pela palavra, pelo
gesto ou pelo sentimento ao conteúdo
apresentado pelo aconselhado:
b) A resposta do conselheiro é
dirigida a um problema Integrado que por sua
vez, liberta uma resposta Integrada da
personalidade em estado carente de ajuda.
Forças espirituais positivas, comunicadas pelo
conselheiro- libertam forças espirituais também
positivas dentro do ser do aconselhado
resultando num movimento unificante produzido
pelo espirito transcendente do homem, que é a
chave do aconselhamento dimensional:
c) o processo de aconselhamento
dimensional firma-se no fator espiritual. No
aconselhamento diretivo o conselheiro é o fator
significativo. No aconselhamento não-diretivo, o
aconselhado é o fator significativo. No
aconselhamento dimensional, a ênfase e o fator
significativo constituem a obra do Espírito Santo.
Essa obra se realiza, principalmente, por meio do
amor. Amor horizontal entre o conselheiro e a
pessoa aconselhada, que resulta em ação
criativa e curativa.
O aconselhamento dimensional
interpreta o homem como uma personalidade
humana- porém separa o sagrado do humano
teologicamente, isto se estende além do conceito
de "valor" e de "dignidade" atribuídos pêlos
permissivistas, como também contradiz a
deprimente contribuição biológica freudiana. O
conselheiro dimensional concebe o homem
revestido de um valor que transcende o próprio
ego em si. Para ele o homem tem um valor
determinado por um padrão da vontade divina.
Existem valores transcendentes relacionados
com o curso normal desta vida cuja finalidade é
contribuir profundamente para a expressão total
da personalidade humana
O aconselhamento dimensional analisa o
homem integralmente ou por inteiro, isto é,
analisa o homem como ser psíquico e emocional
enquanto ser orgânico ou fisiológico, enquanto
ser social e como ser espiritual, pois somente
assim pode-se chegar a um diagnóstico correto e
preciso dos problemas da personalidade
humana.
Nesse método de aconselhamento- o
conselheiro não segue um padrão fixo de
respostas nem tem uma fórmula prescrita para o
processo de comunicação entre ele e o
aconselhado. Ao contrário disso- ele se envolve
na relação de ouvir e de falar de modo que o
processo toma a forma de uma conversação
empática. mútua e natural
E notável ainda observar os seguintes
aspectos: um conselheiro diretivo reveste a si
mesmo de autoridade. O conselheiro não-diretivo
reveste de autoridade a pessoa do aconselhado.
O conselheiro dimensional é revestido da
autoridade do Espírito Santo, que não só pode
operar a cura por intermédio dele, mas opera a
cura ou a superação do problema porque
estabelece uma relação trina entre eles - o
conselheiro, o aconselhado e o Espírito Santo.
ACONSELHAMENTO PASTORAL
AOS ENLUTADOS
O luto é uma experiência universal e
acompanha a humanidade desde que o homem
existe. Embora seja uma experiência tão comum
à vida humana. Já era para ser há séculos aceito
com natural compreensão. Porém ainda hoje não
é assim. A morte e o luto continuam sendo
realidades difíceis de se enfrentar. Sobre isto
vamos tecer considerações nas páginas a seguir
pois como conselheiros pastorais precisamos
14
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
estar preparados não só para enfrentar essa
amarga realidade- mas sobretudo- para enfrentar
o desafio de ajudar as pessoas a tratar com a
morte e com as tristezas e sofrimentos do luto.
O QUE DIZ A PALAVRA DE DEUS SOBRE
O LUTO
Tanto no Velho Testamento como no
Novo Testamento a Bíblia descreve a morte e o
sofrimento dela decorrente- de forma muito
realista. O Velho Testamento, por exemplo, nos
mostra:
a presença e o consolo de Deus
quando andamos pelo vale da sombra da morte"
(Salmos 6.5-7: II Samuel 12.15-25)
O Messias como "o homem de dores",
que tomou sobre SI as nossas enfermidades e as
nossas dores (Isaias 53.3,4),
Desde a longínqua pré-história, o homem
sempre fez questão de honrar os seus mortos e
de lembrá10s. O Velho Testamento- uma vez
mais. mostra os elementos essenciais das
experiências e dos cenmonia1S religiosos do
luto. Vejamos alguns desses elementos:
 gestos de luto que traduzem a
dor dos familiares e dos amigos (II Samuel 3.31-
39)
 a Importância do sepultamento e
dos túmulos e o sentimento familiar (Gênesis 23:
49.29-33: 50.1-14, 50.22-26)
 somente as pessoas
amaldiçoadas não podiam receber sepultura nem
manifestações de pesar ou de luto
(Deuteronômio 21.22.23: Jeremias 161-7).
O Novo Testamento trata a morte- e
principalmente o sentimento de pesar dos
familiares- a partir não apenas do que Jesus
ensinou e pregou sobre o assunto- mas da
maneira como ele próprio encarou o luto
Vejamos, pois, os conceitos de Jesus
sobre isto:
Jesus dá um novo significado ao luto
Para a maioria dos Incrédulos a morte é
o fim de toda relação. Por isso o seu sofrimento
é maior. à medida que não há nenhuma
esperança de futuro eterno relacionado com a
pessoa falecida
Já o cristão pensa e age diferente. O
cristão sabe que se cremos que Jesus morreu e
ressuscitou assim também Deus mediante Jesus
trará juntamente em sua companhia os que
dormem" (l Tes. 4.14).
Os cristãos também têm a convicção
bíblica de que um dia Jesus voltará e os mortos
ressuscitarão
Incompatíveis- e nós seremos
transformados e quando este corpo corruptível se
revestir de Incorruptibilidade- e o que é mortal se
revestir de Imortalidade- então se cumprirá a
palavra que está escrita, tragada foi a morte pela
vitória" (I Coríntios 1 5.54)
Para o cristão- a morte não significa o fim
da existência, mas o ingresso na vida eterna
propriamente.
Embora este seja um conhecimento
consolador, contudo não elimina a dor do luto
nem as suas reações psicológicas, como
também as necessidades de conforto das
pessoas enlutadas. Entretanto, os cristãos se
mantêm firmes e inabaláveis na sua fé e na
realização da obra do Senhor porque têm
convicção e segurança acerca da ressurreição
que nos foi garantida por Jesus na cruz do
Calvário.
Jesus valorizou a experiência do luto
No Início do seu ministério- Jesus
pregou o célebre Sermão do Monte. E já neste
seu primeiro sermão ele incluiu o sofrimento e fez
uma promessa de consolo. Ele disse: "Bem-
aventurados os que choram, porque serão
consolados" (Mateus 5.4)
Dizendo isso- Jesus estava admitindo o
choro como uma experiência certa na vida dos
seus discípulos. Aliás. esse texto fala das bem-
aventuranças e agrupa uma série de qualidades
positivas e desejáveis- como a mansidão, a
humildade, a misericórdia- a pureza de coração e
a pacificação. E o choro está incluído entre estas
qualidades.
Isso nos leva a concluir que sem choro é
impossível haver consolo.
Incluir o choro no seu sermão não foi
apenas uma mera questão de retórica- pois
Jesus estava falando de algo que expressava os
seus próprios sentimentos e emoções. Veja-se.
por exemplo:
15
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
 quando Lázaro morreu- Jesus
manifestou sua profunda comoção (João
11.3183")
 Jesus não censurou a aparente
ira de Maria e chorou com os parentes e amigos
da família enlutada mesmo. Sabendo que Lázaro
ressuscitaria dali a poucos Instantes (João 11.33-
35):
 Jesus também se sentiu
profundamente triste e comovido quando soube
que João Batista havia sido executado a mando
de Herodes {Mateus 14.1-(12).
Diante disso, podemos concluir que
chorar e expressar as tristezas do luto são
experiências que devem ser justas e vivenciadas
pêlos cristãos como perfeitamente normais,
diante de uma realidade tão dura- qual seja a
realidade da morte.
Para algumas pessoas- entretanto a
tristeza do luto pode ultrapassar os limites da
expressão normal desse sentimento e tornar-se
patológica. Portanto- os pastores e os
conselheiros pastorais precisam conhecer as
diferenças entre a tristeza normal e a patológica,
para que possam eficazmente os enlutados a
vencer esse doloroso processo.
A TRISTEZA E AS MANIFESTAÇÕES
DO LUTO NORMAL
Esse tipo de tristeza já foi classificado
pela medicina psicossomática como uma
"tristeza não complicada". Ela se desenvolve
num processo que obedece a um curso
razoavelmente esperado e conduz
eventualmente a pessoa enlutada à restauração
do bem-estar mental e físico. Esse processo,
porém- que é um processo de transição e de
adaptação- pode durar por um período de cerca
de até três anos.
 A tristeza do luto normal
geralmente se caracteriza pelas seguintes
manifestações psíquicas•
 Angústia Intensa:
 Ansiedade e sentimento de vazio
Interior.
 Astenia ou tensão emocional,
 Estresse, depressão, ira E
solidão,
 Sentimento de que a vida não
tem mais significado
 Irritabilidade ou labilidade
emocional (mudança constante de humor):
 Retraimento- esquecimento e
memória fraca:
 Negação- sonhos, fantasias.
Inquietação- desorganização e sentimento de
Ineficiências
 Desejo insistente de falar ou de
tecer considerações sobre a pessoa falecida;
 adoção Inconsciente das
atitudes e maneirismos da pessoa falecida
Durante este processo também podem
surgir- até com certa regularidade- sintomas
físicos. tais como.
 Exaustão, fraqueza enxaquecas
e falta de ar
 Indigestão, perda de apetite ou
algumas vezes aumento do apetite:
 Angústia física e indisposição
para voltar às atividades comuns:
 entorpecimento e dormência de
membros do corpo, braços- mãos, etc
 indisposição e declínio de
interesse por sexo;
e outros..
Temos observado que os sofrimentos do
luto constituem uma experiência própria ou
peculiar de cada pessoa. Isso significa dizer que
nem todos os enlutados apresentam todos estes
sintomas ou manifestações Ele quase sempre
depende muito do perfil da personalidade de
cada pessoa- do ambiente, do tipo de crença
religiosa- da natureza do relacionamento que era
mantido com a pessoa falecida e da formação
cultural.
Não é muito fácil definir quando a tristeza
normal está se tornando patológica. Contudo a
maioria dos pesquisadores sobre esse assunto
concorda que quando o período mais Intenso do
luto normal ultrapassa o limite dos três anos-
provavelmente esse luto esteja se transformando
num estado patológico.
A TRISTEZA E AS MANIFESTAÇÕES DO
LUTO PATOLÓGICO
A tristeza patológica ou o luto patológico,
por sua vez- caracteriza-se por apresentar uma
intensidade maior e uma duração mais
prolongada dos seus sintomas.
16
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
O luto patológico ocorre na maioria das
vezes quando a morte aconteceu em
circunstâncias especiais, isto é. quando teve
como causa um acidente de trânsito ou de
trabalho um infarto fulminante. ou foi provocado
por algum ato de violência de terrorismo de
assalto assassinato- suicídio. ou ainda quando foi
causado por uma cirurgia de urgência ou por uma
enfermidade que levou o paciente a uma morte
repentina ou inesperada.
Também segundo alguns autores a
tristeza ou o luto patológico podem ocorrer nos
seguintes casos:
quando o enlutado dependia
inteiramente do falecido.
— Quando havia assuntos não
resolvidos entre o enlutado e o falecido como
irmãos ou filhos e pais que tinham problemas de
relacionamento Interpessoal ou conflitos
familiares não terminados confissão que não
chegaram ser feitas ou sentimento de amor que
não chegou a ser declarado:
quando o falecimento do familiar
deixou o enlutado em dificuldades práticas- tais
como a educação dos filhos- decisões sobre
negócios- falta de casa própria ou falta de
recursos financeiros que possam garantir uma
sobrevivência digna
Entre as manifestações ou os sintomas
mais frequentes da tristeza ou do luto patológico-
podemos relacionar os seguintes:
 Manifestação de comportamento
antissocial;
 Manifestação de hostilidade- de
estresse e tristeza vespertina:
 depressão Intensa com Inibição
das funções motoras e psicomotoras:
 Abuso de bebida ou de drogas,
 Retraimento completo e recusa
de Interação com outras pessoas;
 Inquietude impulsividade e leva a uma espécie de resistência de
ansiedade.
 Doenças psicossomáticas
persistentes:
 Veneração por coisas e objetos
que lembram a pessoa falecida:
 Excessivo sentimento de culpa:
 Preocupação com a condição ou
o destino da pessoa falecida:
 Desequilibro ou manifestações
emocionais extremas:
 Ocupação intensa e
hiperatividade Incomum;
 recusa em mudar o quarto da
pessoa falecida ou dispor de suas roupas e
objetos
 E outros...
Obviamente, todas essas manifestações
não acometem o enlutado ao mesmo tempo
exemplo da tristeza do luto normal, isto depende
também do perfil de personalidade e da estrutura
emocional do enlutado bem como do tipo de
relacionamento que ele mantinha com a pessoa
falecida.
Durante o processo do luto patológico. há
três atitudes que os conselheiros pastorais
podem treinar os enlutados a praticar:
 desligar-se dos laços que os
prendiam à pessoa falecida;
 reajustar-se a um ambiente onde
a pessoa falecida não tem mais participação ou
não faz mais parte:
 construir novos relacionamentos.
Essas três atitudes são fundamentais
para que os familiares do falecido se ajudem e
sejam ajudadas a superar as suas tristezas
patológicas num tempo mais breve, cuja tristeza
pode se estender por um período de três a cinco
anos.
As pesquisas e Investigações têm
mostrado que os enlutados patológicos têm um
sofrimento mais prolongado exatamente por
apresentarem dificuldade de se desligarem do
seu falecido. Falam- agem e se comportam como
se ainda não tivessem enterrado o seu morto.
Vivem como se ainda dependessem do seu
morto para viver.
Esse aliás, é o maior obstáculo para o
processo de adaptação à nova realidade pois os
desesperança e de desanimo para enfrentar a
vida. Leva-os também a permitir que se forme no
seu interior ou no seu subconsciente forte
sentimento de culpa- acompanhado de constante
autocondenação.
COMO OS CONSELHEIROS PASTORAIS
PODERÃO AJUDAR OS ENLUTADOS
Muitos pastores e conselheiros pastorais
se perguntam sobre o que fazer para ajudar as
pessoas enlutadas a atravessar o processo do
17
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
luto ou o seu "vale da sombra da morte"- de forma
a evitar as complicações patológicas ou
psicossomáticas do pesar e se adaptarem- num
tempo relativamente normal à nova realidade
sem a presença da pessoa falecida.
De uma década para cá_ surgiram
muitas publicações que nos dão muitas ideias e
sugestões de como ajudar as pessoas em
processo de luto. Durante esta mesma década.
também se desenvolveu um novo campo de
estudos e de literatura que se tornou conhecido
como tanatologia, que é o "ramo de
conhecimento que se ocupa dos que estão
morrendo e dos que sofrem pela perda de
alguém"
Eis aqui relacionados alguns dos
princípios da tanatologia que podem ser úteis ao
trabalho dos conselheiros:
 Encoraje discussões sobre a
morte antes que aconteça (no caso dos enfermos
terminais). Isto resultará na antecipação do
sofrimento. mas também num preparo
psicológico que poderá tornar a experiência do
luto mais normal.
 Logo após os funerais_ coloque-
se disponível para a família enlutada. Telefone
periodicamente. para mostrar dessa forma que
está "em contato"- e fique alerta para dar-lhe
apoio ou expressar Interesse nos feriados e
datas especiais:
 Mostre que a expressão de
sentimento é boa e aceitável, todavia não
pressione as pessoas enlutadas para que
manifestem os seus sentimentos e emoções:
 Espere explosões de choro- de
Ira ou de retraimento- porém mesmo assim
continue sempre demonstrando que está à
disposição:
 Seja um ouvinte receptivo-
atencioso. Reconheça que os enlutados
precisam, na hora certa, falar sobre questões tais
como sentimentos e sintomas experimentados-
detalhes da morte e do funeral, detalhes dos
últimos momentos passados com a pessoa
falecida, pensamentos sobre o futuro, sentimento
de culpa- de ira. Confusão e desespero serão
expressos ocasionalmente e precisam ser
ouvidos empaticamente em vez de condenados
e censurados.
 Ajude o enlutado ou a família
enlutada a tomar decisões:
 Em sessões de aconselhamento,
aponte com empada e gentileza as conclusões
patológicas e irracionais, dando à enlutada
oportunidade para responder ou discutir as
questões:
 Ofereça ajuda prática tal como
preparo de refeições- cuidar das crianças ou ir ao
supermercado para ajudar a fazer as compras.
etc. Isso libera a pessoa para a busca de
alternativas que a ajude a superar a sua tristeza
sobretudo no Início desta nova realidade:
 Não desencoraje o confronto
com situações de sofrimento. A participação num
velório, num funeral ou culto em memória pode
ajudar muito a estimular o processo do luto;
 Ore pelo enlutado ou pêlos
enlutados a cada encontro e console-o com a
palavra da Bíblia. sem pregar ou usar clichês
religiosos como meio de sufocar a expressão do
sentimento
E importante que os conselheiros
pastorais tenham o entendimento de que o
processo do luto é um processo de cura das
fendas Interiores e. paralelamente. é também um
processo educacional e terapêutico de
readaptação ao curso normal da vida
AÇÖES ASSISTENCIAIS PRÁTICAS
A dinâmica do trabalho assistencial-
tanto do pastor como dos conselheiros pastorais
com as pessoas em processo de luto- constitui-
se de ações práticas que começam com as
providências que antecedem o sepultamento.
Vejamos algumas dessas ações
O velório — O local do velório deve ser
escolhido pela família enlutada- porém pode
realizar-se na casa da pessoa falecida. na sua
residência- na capela do cemitério ou na própria
igreja. E muito Importante que as Igrejas se
preocupem com essa situação e- ao construírem
seus templos ou ampliarem seus espaços
físicos- Incluam a construção de um salão próprio
para velórios ou de uma capela. pois assim
poderão atender não apenas às famílias da
igreja- mas prestar um relevante serviço religioso
e de natureza social à comunidade em geral.
Auxílio funeral — O pastor conhece as
suas ovelhas. Conhece, portanto- a condição
econômica de cada uma delas. Assim- ao falecer
alguém de poucos recursos financeiros- o pastor
pessoalmente ou por Intermédio de sua equipe
de conselheiros pastorais- deve logo acionar a
igreja no sentido de que esta assuma as
18
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
despesas do funeral, pois- assim como os
membros têm deveres para com a igreja a igreja
também tem deveres para os seus membros e
um desses deveres consiste em assisti-los nas
suas carências e necessidades materiais. Isso
não constitui apenas um dever- mas um privilégio
pois faz parte da sua responsabilidade social ou
do seu ministério social. Para o cumprimento
desta sua responsabilidade, a igreja pode
inclusive criar mecanismos específicos para esse
fim- como o Fundo de Auxílio Funeral (FAF), e
depositar mensalmente um percentual de sua
receita em conta poupança. Cada vez que falecer
alguém, comprovadamente carente- a igreja
poderá assumir as despesas do funeral por
intermédio desse fundo.
O culto fúnebre -Esse culto é
indispensável pelo grande significado de que se
reveste não somente nos seus aspectos
consolativos, mas porque constitui uma rica
oportunidade para os familiares e os amigos da
pessoa falecida compreenderem o verdadeiro
sentido da vida e da morte. Para facilitar essa
Reflexão o culto deve ser elaborado e realizado
de forma bem dinâmica- no que tange aos
cânticos e musicais- ás orações ás leituras
bíblicas e ao sermão do pastor ou do pregador.
Paradoxalmente o culto fúnebre oferece aos
familiares enlutados e a todos os participantes a
oportunidade para diante do fato da morte,
celebrar a vida e reafirmar os seus valores,
reforçando a fé fortalecendo a esperança e
estreitando os laços de comunhão com o Senhor
da vida, Deus.
O culto em memória — Esse culto
poderá ser ministrado de dois em dois ou de três
em três meses. Não é um culto de intercessão
pêlo morto. Sabemos que morto não precisa de
intercessão ou de oração. Aliás, isso não faz
parte da nossa doutrina nem da nossa teologia,
por não ter respaldo bíblico. A importância do
culto em memória está no fato de poder reunir ao
mesmo tempo todas as famílias enlutadas tanto
da igreja como da comunidade em que a igreja
está inserida bem como todos os amigos dessas
famílias- para a celebração de um culto de louvor
e adoração ao Criador e Senhor da vida- para
interceder pela vida deles e bem verdade que
nessas ocasiões as pessoas falecidas serão
lembradas no momento em que estiver sendo
feito o registro de apresentação das famílias pelo
pastor ou pelo diretor do cerimonial. Em
memória- do latim in memoriam, quer dizer em
lembrança de... No devido momento o celebrante
poderá dizer: Hoje estamos aqui reunidos para
celebrar a Deus um culto em memória ou em
lembrança de... (e passa a citar a relação nominal
das pessoas falecidas). Em seguida- poderá
dizer: Vamos agora fazer a chamada e
apresentar os seus familiares e amigos aqui
reunidos... E passa a citá-las- relacionando-os
com a pessoa falecida-por exemplo: familiares e
amigos do Sr. Nabucodonosor: familiares e
amigos da Sra. Beth Seba: e assim por diante-
até apresentar todos. Depois disso- dar-se-á
seguimento ao programa ou à processualística
do culto que deve ter uma liturgia elaborada de
forma Inteligente e dinâmica, com cânticos e
mensagens bem Imperativos- edificantes e
evangelizantes. As igrejas que realizam esse
culto têm abençoado multas Vidas, e centenas de
pessoas têm se convertido por intermédio dele
Terapias de apoio — O pastor e os
conselheiros pastorais poderão periodicamente
realizar terapias de grupo tendo como
participantes os recém-enlutados e outras
pessoas que já estejam há mais tempo passando
pela experiência do luto, para juntos
compartilharem histórias emoções sentimentos e
lágrimas. Objetivando dessa forma. o
fortalecimento mútuo emocional e psicológico do
grupo- principalmente dos enlutados mais
recentes- ainda na fase inicial de adaptação a
essa nova realidade. O compartilhamento das
experiências do pesar é fundamental para
encorajar os enlutados a vencer as etapas do luto
e a levantar sua auto-estima
Visitas regulares — O ideal é que o
pastor ou os conselheiros pastorais possa visitar
as famílias enlutadas pelo menos uma vez por
semana durante os' dois primeiros meses.
Depois disso- as visitas podem ser feitas uma vez
por mês. Contudo- isso não constitui
necessariamente uma regra para a realização
desse programa de visitação o pastor poderá
montar uma equipe de conselheiros pastorais ou
na falta destes uma equipe de pessoas por ele
tremadas para a realização desse trabalho de
apoio emocional e espiritual. Ainda mediante a
orientação do pastor, programas especiais de
apoio fraternal poderão ser realizados com e para
os enlutados, principalmente em datas
Importantes para eles- como a de aniversário,
Páscoa- Natal. Ano Novo. etc., de cujos
19
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
programas poderão constar almoços ou jantares,
em locais como sítios acampamentos ou em
outro local apropriado ao lazer e à sociabilidade.
ACONSELHANDO FAMÍLIAS
Ao estabelecer o seu projeto de criação,
Deus fez tudo perfeito e numa cadeia sequencial.
Por último criou o homem e a mulher como ponto
final de toda a criação. Os textos de Génesis 1.27
e 2.24 apresentam as narrativas da criação do
homem e da mulher. O fato importante que deve
ser observado é que Deus entendeu que o ser
humano precisava de convivência humana em
parceria.
Ao criar o primeiro casal. Deus deu-lhe o
potencial e o privilégio da reprodução. Ao fazer
assim. é como se Deus estivesse dizendo: "Dou-
lhes condições de gerar outros seres humanos
para que não estejam sós'
Deus é um ser comunicativo- e, como o
ser humano é a sua imagem e semelhança,
herdamos dele essa qualidade
A palavra família, de origem latinas é
usada para definir um conjunto de pessoas que
mantêm um vínculo doméstico- íntimo. Pode ser
utilizada também para denominar um grupo de
pessoas de certas Instituições, como no caso da
igreja que muitas vezes é denominada de a
família de Deus.
Porém a definição mais precisa ou mais
completa é: "Família é uma comunidade
constituída por um homem e uma mulher, unida
pêlos laços do matrimônio- e pêlos filhos-
nascidos dessa união”. A família foi à única
instituição criada por Deus antes da queda do
homem- o que comprova que sua Importância é
fundamental no desenvolvimento da sociedade
humana.
FAMÍLIA PERFEITA
Um dos graves problemas que temos
nessa área de família é o conceito de que como
cristãos- nossa família tem de ser perfeita. Os
defensores dessa ideia se esquecem de que a
família é formada de seres humanos pessoas
sujeitas a limitações e imperfeições, que
carregam traumas emocionais. frustrações, que
tiveram problemas de orientação na infância, e
que tudo Isso influencia a vida comunitária Intima
da família
A ideia de que a família tem de ser
perfeita leva muitas pessoas a frustrações;
quando percebem que esse é um alvo Impossível
de ser alcançado. Muitos, por não conseguirem
isto camuflam os seus problemas escondendo-os
atrás de uma capa de aparência de que "tudo vai
bem" quando na realidade não vai. Sem querer
ou sem perceber- estão levando a família a uma
vida farisaica (são uma coisa- mas aparenta
outra), o que pode constituir um dos motivos por
que muitos filhos de crentes abandonam a fé e a
igreja.
Devemos partir do princípio de que não
existe família perfeita- nem dentro nem fora da
igreja_ uma vez que é formada de pessoas
humanas- com suas imperfeições. Logo, todas as
famílias têm os seus problemas suas tristezas-
suas- alegrias e seus desafios.
O que existe- entretanto são famílias
mais equilibradas e saudáveis emocionalmente
nas quais as pessoas não buscam a competição
o poder de comando ou o Individualismo. Essas
famílias adotam o lema "um por todos e todos por
um". Essa ideia implica a compreensão de que se
qualquer membro da família — seja pai- mãe ou
filho — ganha alguma coisa- a vitória é de todos:
se perde ou fracassa em alguma coisa- a perda
ou o fracasso é assumido por todos. Desse modo
a família não é uma propriedade exclusiva de um
membro em particular, mas é o resultado do
esforço de todos. Cada pessoa colabora para o
bem comum de todos.
FAMÍLIA PATRIARCAL E FAMÍLIA
NUCLEAR
A família de nossos dias não é
exatamente como as famílias de tempos atrás.
Há pessoas na TV e na mídia em geral,
principalmente nos programas de debate e nas
novelas, sobretudo da Rede Globo de Televisão,
defendendo a tese de que "a família já era" ou "a
família está falida".
Mas isso não representa a verdade.
Intencional e maldosamente omitem a verdade e
mentem.
O que está acontecendo
verdadeiramente é que a família está passando
por uma mudança em consequência de fatores
econômicos e sociais. Antes, uma família era
numerosa, morava-se em casas com grandes
quintais- onde a natureza é companheira
inseparável de todos, desde o bebê até o vovô.
Além disso todos tinham oportunidade de se
sentarem juntos após o jantar, para conversas
animadas e bate-papos- antes que o sono
20
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
chegasse. Hoje- a corrida desenfreada e
sacrificial pela sobrevivência não mais permite
isso. A família diminuiu de tamanho:
Um dois ou três filhos, no máximo. As
moradias já não oferecem mais grandes espaços
físicos. São geralmente apartamentos
minúsculos que parecem mais gaiolas do que
moradia para humanos: casas bem próximas
umas das outras- na sua maioria sem quintais e
sem muito conforto. As conversas animadas e
bate-papos em família terminaram, pois a
televisão- com suas novelas místicas
tendenciosas e imorais tomou o seu lugar.
A família continua existindo só que com
realidades e desafios novos. Ela está passando
por uma fase de transição. Está transitando da
fase patriarcal onde os filhos se casavam e
continuavam morando próximo dos pais, para a
fase nuclear, onde os filhos demonstram
tendências- bem cedo. de buscar outros lugares
para morar, quer por opção pessoal- quer por
necessidade de estudos- de trabalho-
casamento. etc Essa transição tem males e
benefícios. Na família patriarcal- a convivência de
duas ou três gerações no dia-a-dia era um fato
comum - e isso era um dado importante para a
formação da mentalidade de família — mas não
se gozava do acesso à tecnologia avançada que
veio facilitar hoje o trabalho doméstico desta
nova família- como um simples fogão a gás um
forno micro-ondas um freezer- por exemplo-
Não estou enfatizando que antigamente
era melhor ou hoje é melhor. A diferença está nas
realidades de cada tempo. A nossa realidade
hoje é esta — a família nuclear. As pessoas
trabalham e estudam durante a semana e voltam
para casa apenas para tomar banho, para se
alimentarem e para descansar. No sábado e no
domingo, muitas delas não sabem o que fazer
dentro de casa. Estão tão acostumadas com o
mundo fora do lar que- ao se encontrarem no
ninho não se sentem muito à vontade ou não se
sentem em casa. Por isso, muitas delas
procuram estar em rodas de amigos como uma
forma de não se sentirem sós.
O IDEAL DE DEUS PARA O CASAL NA
FAMÍLIA (Gen. 2.18-24)
Toda família começa com o casal. E na
escolha do parceiro que se inicia a construção
das bases para a família futura. O
relacionamento conjugal é, portanto- o ponto de
equilíbrio para os filhos e demais descendentes
que chegam ao lar. Se o casal está bem- mesmo
com os problemas naturais da vida, as demais
pessoas também encontrarão espaço para a
convivência. Se o casal não está bem- tanto sofre
ele como todos que o cercam.
Vida conjugal é uma parceria em que não
pode haver competição. Embora com
personalidade temperamentos ou emoções
diferentes os dois estão juntos para compartilhar
os mesmos ideais.
Deus é muito claro quando nos ensina o
modelo dessa parceria conjugal. Antes de criar a
primeira mulher, Deus planejou tudo nos
mínimos detalhes. Diz o versículo 18 de Génesis:
"Não é bom que o homem esteja só".
Nesse planejamento, Deus viu o lado masculino
e preparou uma contrapartida agradável,
adaptável e adaptada O fundamental nesse texto
é a expressão ajudadora idónea. A palavra no
hebraico usada para essa expressão é ezer; que
significa igual_ não servil- nem subordinada. Já a
palavra idónea é traduzida da preposição neged,
que significa apropriado para. Juntas as duas as
duas palavras — ezer +neged — significam ao
lado de... Para ajudar. Deus não criou a mulher
para ser inferior ou superior- mas igual, para estar
junto, para ajudar. Isso significa que o modelo de
Deus Inclui o companheirismo
— O estar um ao lado do outro —
participando ou compartilhando das mesmas
situações, alegres ou tristes. O grande problema
está no fato de que muitos casais partilham na
alegria- mas nas tristezas ou fracassos dão lugar
a um clima de acusações, de censuras um
culpando ao outro- e isto acaba gerando sérias
tensões interpessoais na vida matrimonial.
Outra lição Importante está no verso 24
desse mesmo texto onde Deus numa síntese
singular, ensina os três passos para uma parceria
conjugal plena- vitoriosa e saudável:
Deixará o homem a seu pai e sua
mãe... — Vários casais enfrentam dificuldades de
adaptação porque, ao se casarem se esquecem
de um dado Importante — casaram-se com "um
pacote inteiro". isto é. com a pessoa, com sua
família e sua formação por meio de hábitos e
costumes. O relacionamento com os pais se
reflete no casamento. O deixar pai e mãe é uma
atitude física e emocional de desvinculação, de
busca pela Independência. A flexibilidade e a
abertura no relacionamento com os pais facilitará
o jovem casal no processo de adaptação à nova
vida. O deixar pai e mãe não significam que o
casal tenha de cofiar relações com suas famílias
21
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
de origem, mas a Interferência dos pais na Vida
dos filhos casados (a não ser em casos
extremos) prejudica o crescimento emocional e
afetivo do jovem casal. Assumir
responsabilidade na Vida de casado é importante
e fundamental para o sucesso da parceria
conjugal. Portanto tanto o esposo como a esposa
devem buscar essa Independência a todo custo-
a fim de que possam construir o bem comum que
lhes pertence.
-...e unir-se-á à sua mulher. O termo ou o
verbo unir no hebraico tem o sentido de aderir
afeiçoar- atar- moldar adaptar e agarrar. Unir
significa tornar-se um só- conciliar harmonizar.
ligarassociar.
Há casais que parecem mais água e
azeite- estão juntos- mas não unidos. Cada um
na sua. Outros embora respeitando a
Individualidade de cada um são unidos sela qual
for a circunstância. Essa união é um processo no
casamento. A formação do vínculo matrimonial
exige que cada parceiro transfira sua ligação
emocional primária com os pais para o cônjuge.
Contudo. essa transferência varia de casal para
casal Enquanto uns o fazem rapidamente outros
demoram um pouco mais. Toda a significação e
o vínculo com o pai e a mãe durante o longo
período de vida antes do casamento segue agora
uma nova direção o cônjuge.
Se uma pessoa casada continua
direcionando toda a sua atenção- afetividade-
carinho- etc. para os pais e não para o cônjuge
então algo está errado. E preciso fazer uma
parada para avaliação!
-...e serão uma só carne — A intimidade
sexual do casal é um presente dado por Deus
para ser usufruído em toda a sua plenitude dentro
do casamento. O preconceito sobre o sexo- que
tem sido passado para nós ao longo das
gerações. tem •prejudicado inúmeros casais que
não conseguem ver e sentir a beleza da vida
Intima do casal. O ser uma só carne na mais
sublime manifestação do sexo torna-se para
muitos um peso uma arma que lhes fornece
mecanismo de culpa
Quando Deus planejou esse terceiro
passo para uma parceria conjugal, ele sabia
muito bem o que estava colocando à nossa
disposição como seres humanos Concluindo-
Deus criou a família porque é Importante para o
ser humano esse convívio. No entanto ele não
ignora que há problemas dentro dela, pois deixou
registrado em sua palavra exemplos onde nem
sempre tudo foi tão fácil mesmo assim- a sua
bênção sempre foi e é presente na família. O
Importante é sabermos que a nossa família é
única e é dentro dela que Deus espera que
a façamos alguma coisa para mudar o quadro para
melhor. E por melhor que sejamos e que seja a
nossa família sempre há algumas coisas que
precisam ser melhoradas.
A COMUNICAÇÃO NA FAMÍLIA
A comunicação é um processo de
compartilhar informações e emoções com outras
pessoas de tal forma que o que você está
dizendo seja compreendido pêlos outros. A
comunicação pode ser enriquecedora quando
feita por melo de palavras de vida ou desastrosa
quando feita por meio de palavras que causam a
morte e a destruição dos relacionamentos
Interpessoais.
A comunicação não acontece apenas por
meio de palavras. O bebê chora avisando que
está com fome ou quando está sentindo dor ou
ainda quando está se sentindo desconfortável.
Um piscar de olhos- um polegar levantado.
Um dar de ombros- uma virada brusca,
uma careta- dentre outros, são formas de
expressar alegria ou tristeza aprovação ou
reprovação sem- Contudo utilizar palavras. Essa
forma de comunicação é chamada comunicação
não-verbal
Na arte da comunicação aprendemos
que, na convivência, nem sempre as palavras
dizem tudo. Muitas vezes um simples gesto de
carinho ou de repulsa fala mais alto e expressa
melhor o que se sente e o que se quer passar do
que mela dúzia de frases. O tom de voz também
tem muita importância, positiva ou negativa. O
tom de voz e a forma como as coisas são ditas é
fundamental na comunicação. Na comunicação
em família. um dos pontos essencialmente
importantes para o sucesso da mensagem é
saber ouvir. E ouvir é também uma arte que exige
algumas técnicas. Vejamos algumas delas
Não interrompa o outro — Nada é mais
desagradável do que uma pessoa que está
tentando transformar em palavras o que está
sentindo ou pensando do que ser interrompida
pela outra_ que já começar a emitir opiniões- e
na maioria das vezes opiniões preconcebidas.
Essa atitude bloqueia o outro- e- como a emoção
é mais fone do que as palavras. fica difícil
22
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
expressar com equilíbrio qualquer outra coisa
mais.
Não desvie o olhar - Este simples gesto
pode significar- para quem fala que o outro não
está nem um pouco interessado em suas
palavras. E muito-doloroso para alguém que
deseja expressar seus sentimentos sentir frieza e
pouco interesse por parte do seu Interlocutor. E
preciso estar atento nas conversas em família
para que não ocorra esse tipo de falha na
comunicação.
Valorize os sentimentos do outro —
Na arte de ouvir. é importante reconhecer e
valorizar os sentimentos uns dos outros. Em
geral- dentro da família há uma tendência em
subestimar qualquer manifestação emocional do
outro. De acordo com John Powell- a "a pior
nudez é a psicológica, porque o parceiro vê
nossas fraquezas mais profundas", mas a família
é o melhor lugar para se aprender a conviver com
esse tipo de nudez e a valorizar os sentimentos
do outro.
Evite criticar o outro — Nossa
tendência é logo criticar o outro pelo que fez de
errado. Mas na comunicação em família, a
preocupação de evitar críticas deve imperar, para
que os espaços continuem abertos. Muitas
vezes- as críticas não necessárias para ajudar a
ver o assunto de outro ângulo. O problema é
como se diz as coisas e em que momento se diz.
Na hora das emoções acaloradas- nem sempre a
pessoa está preparada para refletir .
TRATANDO DOS CONFLITOS NA
COMUNICAÇÃO EM FAMÍLIA
Já disse anteriormente que uma das
causas dos conflitos é a maneira como as coisas
são ditas. O apóstolo Paulo recomenda falando a
verdade com espírito de amor... " (Efésios 4.15).
Os conflitos da comunicação em família
podem tratados utilizando as seguintes condutas.
Ataque o fato, não a pessoa - Nossa
tendência é acusar os defeitos do outro e não o
que ele fez. Por exemplo: Quando o marido deixa
os sapatos ou roupas fora do lugar- a esposa em
vez de dizer "Você é mesmo um relaxado- não
aprende nunca", poderá expressar-se do
seguinte modo: “Antônio- suas roupas e sapatos
fora do lugar sempre me deixam irritada. Por
favor, ajude-me a não me irritar" {Provérbios 15;
25.15: (Efésios 5.26.31).
Saiba perdoar - E no convívio familiar
que se aprende a perdoar o outro. Perdoar é um
aprendizado longo, mas necessário para o
crescimento emocional e espiritual de qualquer
ser humano {Colossenses 3.1): Provérbios
17.9)}.
Esqueça os erros do passado - Há
pessoas que têm uma facilidade mórbida de
guardar erros do outro e os atirar como uma
granada destruidora nas horas e locais mais
impróprios. Guardar irritação faz mal à saúde.
Evite adoecer e gastar tempo e dinheiro com
remédios e médicos só porque gosta de guardar
motivos de irritação (l Pedro 4.8: Colossenses
3.13).
Separe tempo e local para discutir o problema
Nem sempre a casa é o melhor lugar para discutir
os problemas. Um passeio num local aprazível
poderá agudar a ordenar as ideias e manter uma
conversa com mais tranquilidade sobre os pontos
de vista diferentes. Quando as emoções estão à
flor da pele, esta não é a melhor hora. E bom
esfriar os ânimos- para depois conversar. No
calor das emoções pode-se dizer muitas coisas
das quais tenhamos de nos arrepender depois
Trate o assunto com quem deve
ser tratado - Descontar nos filhos um problema
conjugal é covardia (I Pedro 3.10)
Não discuta sobre coisas
insignificantes - Multas vezes- as discussões
não são por questões que valem a pena, mas
simplesmente para saber com quem está o poder
(Provérbios 19.13)
Aceite o fato de que ninguém está
sempre certo - A maturidade se manifesta com
a capacidade de se respeitar a opinião alheia-
quando é bem diferente da nossa. Nem sempre
a verdade está com você (Filemon 2. 1-4).
Se os filhos presenciarem uma discussão
entre os pais, também devem saber da
reconciliação deles
Isso ensina a criança que as pessoas
podem ter opiniões diferentes. mas quando se
amam sempre chegam a um acordo
23
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E opiniões. Quando os filhos têm espaço para
FILHOS
O relacionamento entre pais e filhos na
família cristã deve seguir o modelo de Efésios
6.1-4. Se. por um lado. há o dever dos filhos de
honrar os pais- por outro lado há o dever dos pais
de não provocar a ira dos seus filhos. Este
também é um relacionamento de parceria. E nele
se inclui o respeito pelo direito e pelo espaço do
outro tanto dos pais como dos filhos. E um
modelo de relacionamento saudável onde todos
crescem como pessoas. Mas o que um filho pode
fazer para honrar os pais de acordo com este
modelo? Na prática este modelo de
relacionamento funciona assim:
Relação filho-pai
Diálogo — Manter o canal de
comunicação aberto na família é importante.
Conversar sobre o que acontece nem sempre é
tão fácil, mas ajuda. Há filhos que são multo
individualistas- e por isso acham que o que lhes
acontece não interessa aos pais. E preciso
entender que família é um por todos e todos por
um
Plano de vida — É importante que os
pais sintam que os filhos têm um plano de vida e
estão lutando para conseguir alcançar a sua
meta
Compromisso com Deus — Numa
família cristã- o maior desejo dos pais é que seus
filhos tenham como prioridade na vida o
compromisso com Deus. Isso não significa
necessariamente que eles tenham de atuar
profissionalmente na área religiosa, mas que, em
qualquer área profissional que abracem. sejam
fiéis ao Senhor
Introjeção de conceitos adquiridos —
Tudo o que for ensinado durante a infância e
adolescência espera-se que os filhos coloquem
cm prática. Especialmente os valores morais e
espirituais.
Relação pai-filho
Como os pais podem irritar os filhos?
Vamos ver algumas ideias
Falta de diálogo — Os pais irritam os
filhos quando não dão espaço para conversas ou
para o diálogo, para que eles expressem suas
argumentar e expressar seus pontos de vista
(mesmo que os pais discordem), eles estão
crescendo, e isso os ajudará mais tarde na vida
profissional. Há famílias em que o diálogo é
monólogo. Só os pais falam- os filhos não têm
permissão para isso. Numa família cristã- esse
espaço para compartilhar ideias deve ser
cultivado porque os filhos perceberão a visão dos
pais sobre determinado problema e os pais têm a
mesma oportunidade em relação aos filhos.
Comparações — Um dos grandes
erros dos pais é tomar alguém como modelo e
querer que o filho siga o exemplo. Fazer
comparações entre irmãos é outra tática comum,
mas grandemente destrutiva e perigosa. Cada
filho é individual é único. Não existem dois iguais.
Isso pode ser prejudicial no sentido de provocar
senso de desvalorização e de baixa auto-estima.
Falta de incentivo - Um Incentivo mais
do que uma reprovação. A falta de incentivo pode
ser uma forma de irritar os nossos filhos. Há filhos
que necessitam mais de incentivos do que
outros. A função dos pais é suprir essas
carências de seus filhos
A FAMÍLIA NO CONCEITO DE JESUS
Jesus valorizou grandemente a família.
Não foi sem propósito que ele mesmo veio ao
mundo por intermédio da família. Teve pais
humanos- irmãos e irmãs (Mateus 13.55-57)
Teve uma infância e experimentou um
crescimento físico- intelectual, social e espiritual
como qualquer outra criança de seus dias com a
diferença de que ele não foi biologicamente
gerado como as crianças humanas — ele era o
filho de Deus (Lucas 2.52).
Quando já adulto- embora fosse um
rabino itinerante- Isto é. sem lar fixo (Lucas 9.58)
não deixou de valorizar e de desfrutar da
hospitalidade de um lar (Mateus 8.14: Lucas
10.38-42). O milagre que marcou Início do seu
ministério público foi realizado numa festa de
casamento (João 2.12). B não fez apenas esse.
fez muitos outros que deixaram muito clara a
maneira como ele se preocupava e valorizava a
família (Mateus 8.14,15)
24
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
Lucas 7.12-16: João 11.5-44
Por melo de sua palavra- Ele nos ensina
a chamar Deus de "Pai Nosso" (Mt. 6.9) e-
narrando a parábola do filho pródigo Lucas
15.11-32. ilustrou o comportamento de Deus que,
como um pai que com expectação de coração
aguarda a volta dos filhos para o lar- aguarda
igualmente que os pecadores retornem para a
casa do pai celestial
Já na cruz do Calváno_ mesmo assim,
revelou sua preocupação com o amparo de sua
mãe. e por isso entregou-a aos cuidados do
discípulo João (João 19.26)
A maior parte do tempo do seu ministério-
foi voltado para a família- tendo sido enfático no
ensino de que o quarto mandamento honrar pai e
mãe permanece perfeitamente válido- a despeito
das mudanças de conceitos e de padrões morais
sociais e culturais da sociedade (Mateus 15.3-6:
Marcos 7.1-13).
Mediante os seus ensinos e suas
atitudes restabeleceu claramente a igualdade de
direitos entre o homem e a mulher no casamento-
ao contestar e negar o direito de repúdio e de
poligamia reivindicado pêlos fariseus (Mateus
19.3-8; Marcos 10.2-9). Ainda no trato com as
mulheres e as crianças, que eram consideradas
pessoas de segunda classe pêlos padrões
culturais da sociedade de então ele não
desprezou esses padrões como também
enalteceu as mulheres e as crianças, e afirmou
inclusive, que as crianças desfrutam elevado
conceito e valor por já terem o direito de posse no
reino dos céus. no seu reino (Marcos 10.13-16).
Evidentemente o conceito de Jesus
sobre a família era profundamente positivo. Era e
continua sendo em nossos dias. E não poderia
ser diferente uma vez que a família é uma
instituição divina. Uma instituição que foi
projetada na mente de Deus com o fim de
proporcionar ao ser humano uma experiência de
vida gratificante e de complementação- mediante
um estilo de vida baseado no companheirismo e
na parceria capaz de desenvolver relações mais
íntimas- justas e harmoniosas, possibilitando-
como resultado dessa realidade um sentido mais
rico e pleno de realização e de solidariedade
humana para o casal e sua família, isto é- os
filhos dele nascidos. Não temos dúvida de que as
famílias cristãs de nossos dias têm em potencial
todas as condições Imprescindíveis para tornar
possível o sentido de igualdade harmoniosa entre
os seus integrantes bem como a vivência de uma
pareceria solidária gratificante e vitoriosa, pois
este é o objetivo e a vocação que lhe são
atribuídos no plano de Deus- razão por que a
família mereceu e contínua merecendo de Jesus
um elevado conceito.
ACONSELHAMENTO PRÉ-
CONJUGAL E CONJUGAL
Tanto o pastor da igreja como os
conselheiros pastorais podem dar excelente
contribuição para ajudar os casais a viver a
parceria matrimonial de forma mais vitoriosa e
plena de satisfação em todos os sentidos para
que obtenham a solução das suas crises e
conflitos matrimoniais. Eles também podem
trabalhar o aconselhamento pré-matrimonial com
os casais de noivos- orientando-os e preparando-
os para o casamento.
Hoje tem se tornado uma tendência
comum entre os pastores evangélicos
recomendar o aconselhamento pré-conjugal para
os casais de noivos que estão planejando o seu
casamento- e isso se justifica pelo fato de que "o
momento oportuno de começar a solucionar
problemas conjugais é antes que eles surjam ou
seja. no período anterior ao casamento"
A meta principal do aconselhamento pré-
conjugal é contribuir para que os casais se
preparem bem para o casamento no sentido de
que possam edificar lares estáveis e felizes.
Cada pastor ou cada conselheiro deve
ter a sua forma própria de abordagem e de
formulação das sessões de aconselhamento,
apresentamos a seguir, porém- a título de
sugestão. um modelo de abordagem e de projeto
de sessões de aconselhamento
DINÂMICA DAS SESSÕES DE
ACONSELHAMENTO AOS NOIVOS
 Primeira sessão — O
conselheiro deve encorajar mando e mulher a
falar sobre si mesmos sobre o ambiente em que
vivem e sobre os seus Interesses. Deve ouvi-los
atentamente sem começar a tratar das áreas em
que apresentam problemas. Uma pergunta que o
conselheiro deve fazer é: Por que querem se
casar? Mediante a resposta deles, o conselheiro
deve observar as suas expectativas quanto ao
casamento. O conselheiro deve falar com os dois
acerca da Importância do aconselhamento pré-
conjugal- sobre os seus propósitos e objetivos,
seus benefícios- duração e procedimentos. Deve
informar-lhes sobre as tarefas que lhes dará
25
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
como "dever de casa" e sobre a importância de
serem feitas. Se forem crentes, procure saber
sobre o seu relacionamento com Jesus e o seu
crescimento espiritual. Que lugar tem Jesus na
Vida de cada um? O que estão fazendo juntos no
sentido de edificar um lar cristão? Oram juntos?...
Todas essas questões devem ser trabalhadas
nesta primeira sessão.
 Segunda sessão — Discuta
com eles o conceito bíblico do casamento. Suas
origens (Génesis 2.1824): seus propósitos, tais
como companheirismo, parceria relacionamento
sexual, criação de filhos- etc. Forneça-lhes as
principais passagens bíblicas que falam acerca
do casamento- e faça um comentário breve sobre
como essas passagens se aplicam a eles.
Seja prático e específico e não
transforme a sessão em palestra. Dê-lhe o
caráter de diálogo permitindo-lhes fazer
perguntas e emitir opiniões. Preste atenção aos
conceitos expressos por eles nessas opiniões e
os anote, para trabalhá-los posteriormente.
 Terceira e quarta sessões -
Nessas duas sessões- trabalhe questões
práticas da vida diária, tais como:
 O que esperam obter do
casamento- que a vida de solteiro não lhes poder
dar?
 Em que pontos os dois diferem.
em que pontos são iguais e como esperam fazer
para conviver com as diferenças ?
 Que tratamento os dois pensam
dar aos sogros depois do casamento?
 O que os dois pensam acerca de
suas amizades depois do casamento?
 Quais as preferências dos dois
quanto a lazer ou recreação passatempo e
férias?
 Onde pretendem morar e que
decisões pensam tomar quanto a casa e seu
mobiliário'?
 Já pensaram em planejar um
orçamento financeiro para nortear os seus custos
e gasto doméstico?
 O que têm pensado com relação
a ter filhos')
O trabalho dessas questões pode durar
mais de duas sessões principalmente se você
estiver trabalhando com um grupo de noivos- em
vez de um casal apenas- uma vez que cada um
deve ter oportunidade de expressar os seus
sentimentos e suas ideias. Cuide para que a arte
da comunicação seja praticada com objetividade.
evitando que alguém sela prolixo ou gaste o
tempo "jogando conversa fora"
 Quinta sessão -Comece a
sessão lendo com eles I Coríntios 13.4-8 e
comentem sobre o significado do amor e sua
relação com o sexo. Leia também com eles o
texto de Coríntios 7.2-5. A partir dessa leitura,
pergunte-lhes sobre as suas expectativas e
preocupações as suas dúvidas e suas
Inseguranças com relação à prática do
relacionamento sexual e provoque suas
respostas. Diante das respostas- ou mesmo que
não tenha havido respostas pelo fato de serem
talvez inibidos. você poderá trabalhar com eles
as seguintes questões.
 os processo de estimulação e de
excitação para a relação sexual
 o que o mando deve fazer para
garantir à esposa um orgasmo satisfatório
 a localização das zonas
erógenas no corpo da esposa e no corpo do
esposo e o que ambos devem fazer para
estimulá-las:
 o tempo do homem e o tempo da
mulher necessário para chegarem ao orgasmo:
 a variedade de posições para o
ato sexual:
 a natureza do clitóris e a
Importância do Ponto G;
 a responsabilidade do esposo e
da esposa em satisfazerem as necessidades
sexuais um do outro,
 o que é normal e o que não é no
trabalho de estimulação e de busca do prazer
erótico ou sexual:
 o sentido espiritual do
relacionamento sexual no casamento:
 eliminação de conceitos
repressores, de temores e tabus relacionados
com a sexualidade.
Para o trabalho desta sessão, faz-se
necessário que o conselheiro seja muito bem
informado acerca da sexualidade humana e seja
bem resolvido ou satisfeito sexualmente. Seja
profundamente técnico e possa sentir-se à
vontade no fazer a abordagem desse conteúdo
ou desses assuntos.
Se o conselheiro não se encaixa nessa
condição, recomenda-se que ele convide um
26
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
profissional da psicanálise ou da psicologia,
necessariamente cristão com especialização em
sexologia, para assessorá-lo.
 Sexta sessão — Nesta sessão-
que encerra o processo do aconselhamento pré-
conjugal- devem ser discutidos os cerimoniais
religiosos do casamento. os requisitos legais, a
recepção e seus custos- e os planos para a lua-
de-mel. No encerramento desta sessão- lembre
ao casal que após a lua-de-mel você continuará
disponível para eles, para continuar orientando-
os agora na fase de adaptação à sua nova
realidade de vida
 a realidade da vida conjugal. E
até aconselhável que já fique marcada uma
sessão para daí a sessenta dias. para uma
análise de como tem sido as suas experiências.
ACONSELHAMENTO CONJUGAL
As tensões no casamento ou os conflitos
no lar ocorrem universalmente. Antes do
casamento. as pessoas motivadas pelas
emoções ou pelo sentimento de amor têm uma
tendência natural de dar ênfase as suas
semelhanças e de negligenciarem ou
camuflarem as suas diferenças e os seus
defeitos de temperamento ou de perfil de
personalidade.
Muitos costumam afirmar este chavão:
"O nosso amor será diferente". Todavia, mais
tarde, quando os cônjuge já estão vivendo a mais
Intima das relações humanas as tensões
começam a aparecer, POIS- como pessoas
humanas- temos personalidade e emoções
distintas como também estamos sujeitos a falhas
e limitações.
Geralmente- quando as tensões afloram
os casais que se amam buscam mutuamente
esforços para o ajustamento ou o reajustamento.
Buscam juntamente aprender a transigir para
assim obterem a superação do conflito ou das
tensões. Mas, para muito. Isto nem sempre é fácil
e os atritos acabam gerando mais tensão
Interpessoal. A partir dessa realidade passam a
necessitar de ajuda externa de pessoas
habilitadas e sabias para aconselhá-las e orientá-
las. E na busca dessa ajuda muitos vêm ao
pastor ou aos conselheiros pastorais trazendo os
seus problemas e dificuldades.
Diversas pesquisas feitas pela psicologia
e pela sociologia com casais em crise têm
mostrado que as atitudes egocêntricas
defensivas, a comunicação defeituosa ou a falta
de comunicação, conceitos equivocados de
valores, o individualismo e o desajuste no
relacionamento sexual, dentre outros, são os
fatores que mais têm causado conflitos e crises
no casamento, e que, inclusive, têm levado
muitos cônjuges à separação e ao divórcio.
Alvos do aconselhamento
No processo do aconselhamento
pastoral, tanto o mando como a esposa, assim
como o conselheiro pastoral alimenta
expectativas quanto a esse processo terapêutico
e têm alvos que desejam alcançar.
Os alvos do marido e os da esposa
podem ser vagos ou podem ser definidos. Podem
ser realistas ou podem não ser. Quando esses
alvos ou objetivos são claros realistas ou bem
definidos o aconselhamento tem grande chance
de ser bem-sucedido. Quando os alvos são
vagos ou conflitantes como o marido está
pensando numa separação amigável e a esposa
quer uma reconciliação- ou vice-versa — isso
sem dúvida dificultará muito o aconselhamento.
A postura do conselheiro pastoral, nesse
caso, não deve ser de neutralidade. Ele também
deve ter objetivos ou alvos específicos para a
orientação do aconselhamento. Dentre os seus
alvos. ele deve trabalhar especialmente os
seguintes.
 identificar e procurar
compreender a questão específica que Instalou a
crise conjugal;
 ensinar o casal a comunicar-se
construtivamente
 manter juntos marido e mulher e
ensinar-lhes técnicas para a solução de conflitos-
 ajudá-los a expressar ou a
externar suas frustrações ressentimentos iras
desapontamentos ou mágoas.
 ensinar o casal a construir uma
união matrimonial alicerçada nos princípios
bíblicos e no plano de Deus para a vida conjugal.
Cada conselheiro pastoral deve se sentir
livre para adotar uma dinâmica de trabalho. Ele
pode escolher, por exemplo- ouvir as razões de
cada separadamente- e numa terceira sessão
ouvi-los ambos juntos e trabalhar com os dois
utilizando a técnica do confronto das ideias
27
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
presentes no conteúdo das razões que cada um
deles apresentar.
Também poderá escolher trabalhar
durante todo o processo usando o sistema de
revezamento- ouvindo um cônjuge em cada
sessão, isto é- na sessão de hoje ouve o esposo,
na do dia seguinte ouve a esposa_ e assim
consecutivamente- até que chegue um momento
em que a sessão ocorra com a presença do
casal- para reconciliação ou para aconselhar a
separação. Cada caso- entretanto- é um caso- e
assim deve ser trabalhado. e qualquer que seja a
metodologia a ser aplicada- deve esta ser
discutida com o casal.
O processo do aconselhamento
O aconselhamento deve obedecer a uma
processualística ou a uma diretriz de orientação
e deve ser dividido em estágios. Oferecemos
aqui um esboço- em nível de sugestão:
Estágio I
Início do processo - O conselheiro deve
estabelecer uma comunicação embasada em
atitudes cordiais de aceitação e empatia-
revelando confiança e evitando qualquer crítica,
buscando dessa forma- ajudar os aconselhados
a superar seus temores primeiro.
Os aconselhados devem revelar as
razões iniciais que os levaram a procurar ajuda
do conselheiro e esforçar-se para superar seus
medos e dúvidas com relação a essa iniciativa.
Estágio II
Manifestação de problemas básicos - O
conselheiro deve encorajar discussões
detalhadas a respeito das situações ou dos
conflitos- como também das expressões de
sentimentos ou dos ressentimentos. Deve pedir
ao aconselhado que esclareça as suas questões
e os seus sentimentos sempre o encorajando e
manifestando-lhe apoio e empatia.
Por sua vez- o aconselhado deve dar
maiores detalhes do seu conflito. expressar suas
frustrações e Inseguranças
Estágio III
Desenvolvimento e aplicação de
soluções O conselheiro deve encorajar e orientar
soluções. tais como mudança de atitudes
modificação de comportamentos, motivar
confissão o sentimento de perdão e trabalhar a
avaliação das percepções.
O aconselhado aprende a formular, a agir
com relação à avaliação das soluções. a
expressar frustrações e temores caso surjam.
Estágio IV
Final do processo — O conselheiro deve
encorajar os aconselhados a recapitular todo o
processo e o progresso do aconselhamento e
procurar motivar neles os recursos espirituais e
pessoais de que dispõem agora para superação
da tensão ou do conflito.
Os aconselhados devem assumir
compromissos um com o outro e se predisporem
a tomar decisões mais saudáveis para a vivência
do matrimônio.
O conselheiro deve se colocar disponível
para continuar ajudando os aconselhados- mas
estimulá-los a uver de modo que não dependam
do seu trabalho.
SINAIS DE ALARME PARA OS
PROBLEMAS CONJUGAIS
Primeiros sinais de alarme
Negativa Tendência de Ignorar ou passar
por alto evidencias de tensão
Evitar — Decisão de evitar ou adiar
indefinidamente qualquer discussão de questões
que suscitem tensão ou preocupações sobre o
relacionamento-
Repetir m Discussões- inclusive
argumentos- que trazem as questões
repetidamente à tona, mas jamais resolvem os
problemas. Esta é uma atitude denominada "Aqui
vamos nós outra vez
Indiferença — Atitude auto defensiva que
diz em palavras ou atos: "Na verdade não me
importo com o problema
Sinais mais graves
Quebra completa de comunicação —
Não obstante um ou ambos os cônjuges tentarem
fazer coisas como melhorar a si mesmo- comprar
presentes- e assim por diante- que possam
melhorar a situação.
 Ataques sobre a integridade um
do outro — Isto envolve ataques Insidiosos elou
diretos- particulares elou públicos- verbais e não-
verbais sobre a sexualidade, aparência.
realizações- Intenções ou esforços do outro
28
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
 Afastamento — Expressa-se
pela atitude: "Eu cuido dos meus negócios e faço
o que quero".
 Autodesvalorizaçâo — Uma
atitude de auto-avaliação desanimada: "O que há
de errado comigo? O que fiz para chegar a esse
ponto?'
 Busca de consolo - Procurar
alguém da família ou fora dela para pedir apoio
ajuda amor ou afirmação.
 Desistência — Atitude do tipo
"para mim chega. As coisas jamais vão melhorar'
Ambivalência — Um padrão confuso em que
a pessoa não sabe o que quer.
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO
DENTRO DO CASAMENTO
Nestes tempos modernos- a luta pela
sobrevivência e o dinamismo que essas lutas
exigem de cada um de nós circunstancialmente-
obrigam-nos a ter os nossos próprios horários e
programações muito pessoais a cumprir no
nosso dia-a-dia, no desempenho das nossas
atividades- eventos e compromissos
profissionais e isso acaba influenciando
negativamente nas nossas relações conjugais.
Em função dos desencontros de horários e
eventos, principalmente quando o esposo e a
esposa trabalham em atividades e locais
diferentes em muitos casos raramente eles têm
oportunidade para conversar à vontade e
compartilhar os seus problemas ou suas alegrias,
suas frustrações ou suas satisfações os seus
planos e projetos, de forma que isto resulte numa
melhor compreensão um do outro e-
consequentemente na solidificação do
relacionamento conjugal mediante o outro com toda atenção e interesse e de
fortalecimento da união da cumplicidade ou da
parceria e do apoio mútuos.
Hoje em dia, um dos maiores problemas
— talvez até possamos dizer o maior problema
— dos cônjuges é a falta de comunicação
adequada. E isto que tem resultado nos conflitos
e crises de muitos casamentos
Uma boa e adequada comunicação entre
o esposo e a esposa fortalece o relacionamento
interpessoal e enriquece o estilo ou o padrão da
vida familiar
Como pastores ou como conselheiros
pastorais- sempre que estivermos aconselhando
um casal uma das primeiras cosas que devemos
fazer é investigar como é o processo de
comunicação ou a qualidade da comunicação
entre eles.
Na verdade, poucos são aqueles que
entendem de comunicação na relação do
casamento, ou pelo menos poucos são aqueles
que a praticam eficazmente.
Mas como se pratica uma comunicação
eficaz no casamento') Havemos de convir que
não existe comunicação eficaz no casamento
quando só um dos cônjuges tem liberdade para
expressar sua opinião e ao outro apenas cabe
escutar e obedecer. Também não existe
comunicação quando cada um mora dentro de
uma concha do seu mundo particular e se
comunica apenas acerca do que é estritamente
necessário à sobrevivência da relação.
O QUE PRECISAMOS SABER SOBRE
COMUNICAÇÃO NO CASAMENTO
A comunicação é uma maneira
Inteligente de expressar intimidade. Ela envolve
uma troca de percepções pessoais. A esposa
tenta comunicar ao marido suas experiências e
ele faz o mesmo em relação a ela. Mas antes de
se comunicarem é necessário que cada cônjuge
tenha uma percepção clara e ampla de suas
experiências. Para isso cada um precisa ter
consciência de suas realidades. Isto é dos seus
eventos e acontecimentos dos seus
pensamentos dos seus sentimentos emoções e
desejos.
Uma troca implica não somente
comunicar sua própria experiência- mas também
consiste na tentativa de perceber com a maior
exatidão possível a experiência do outro. E esta
tentativa inclui um esforço Ingente de escutar o
compreender o que está ouvindo.
A comunicação é a tentativa de
compartilhar- na sua totalidade- e com a maior
exatidão possível- a sua experiência com o outro.
Em outras palavras, a comunicação
requer uma expressão acurada e completa sobre
o que está acontecendo dentro do indivíduo no
núcleo mais profundo do seu ego- de forma que
a outra pessoa possa receber com exatidão a
mensagem que a primeira pessoa quer
expressar.
Muitos cônjuges não estão conscientes
de que possuem algumas coisas Importantes
sobre si mesmos que precisam ser transmitidas-
para que o outro entenda claramente as suas
mensagens.
29
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
Há elementos muito importantes para o
conteúdo de uma mensagem- aos quais alguns
cônjuges não dão a atenção devida- dificultando
desse modo a comunicação no relacionamento
conjugal.
Aqui vão relacionados alguns desses
elementos:
Sensações — Os dados sensoriais são
recebidos por Intermédio da visão da audição- do
olfato e do tato. Uma informação puramente
sensorial descreve um fato sem interpretá-lo. A
informação sensorial é objetiva e fornece a
comunicação básica.
Interpretações — Interpretação é o processo
que consiste em dar significado aos dados
sensoriais recebidos. É importante observar que
a Interpretação é subjetiva. E alimentada por
experiências singulares, passadas e presentes, e
pode não representar a realidade.
Sentimentos - Os sentimentos expressam as
reações emocionais e espontâneas às situações
reais (contentamento- calma, solidão, hesitação,
nervosismo- admiração, medo. etc.). Um dos
problemas que dificultam o entendimento dos
sentimentos consiste no fato de que eles sempre
vêm em combinação. Por exemplo, a raiva nunca
é a primeira emoção: ela vem em combinação
com, pelo menos, mais outra emoção. E próprio
do ser humano ter sentimentos e por isso ele
precisa reconhecer os sentimentos e expressá-
los- entretanto é imprescindível saber quando e
como expressá-los.
Intenções — A intenção expressa o que você
quer ou como planeja agir. Elas se baseiam nos
sentimentos gerados pelas interpretações dos
acontecimentos. As intenções podem ser de
curto ou de longo prazo e podem conter grandes
alvos ou objetivos inexpressivos. Podem ser
agradáveis ou desagradáveis. Elas também vêm
em combinação e variam de intensidade.
Expressões- são palavras elou ações que
expressam sensações, sentimentos e emoções.
Você fala, age, 122. Sorri, franze as
sobrancelhas, chora, pula, grita — essas são
ações resultantes de expressões.
Temos- portanto. relacionados aqui-
cinco elementos que constituem o conteúdo da
comunicação e que são muito comuns na
dinâmica das discussões no relacionamento de
qualquer casal. Sempre que o casal tem um bom
controle da dinâmica de suas discussões. ISSO
lhe assegura uma comunicação adequada.
Quando a comunicação é inadequada, o
relacionamento 'conjugal torna-se sofrível e
doloroso. Um cônjuge muitas vezes agride ou
ataca o outro por causa do sentimento criado pela
Interpretação da sensação recebida. O ataque.
porém- ocorre porque ele está Interpretando os
dados sensoriais- sem verificá-los
Outro aspecto que não podemos deixar
de considerar na comunicação do casal é a
linguagem- pois ela é muito importante. A
linguagem do casal deve ser clara e sem rodeios
ou subterfúgios de retórica. como também devem
ser evitadas palavras que provocam o espírito
defensivo_ por exemplo- "porque"- 'sempre"
"nunca". A expressão "sinto que" é semelhante à
"acho que" e demonstra o pensamento- e não o
sentimento .
O PAPEL DO MARIDO E O DA ESPOSA
Vivemos tempos de mudanças e de
constantes transições. Em nossos dias há uma
incessante busca de novos comportamentos
sociais e de novas condutas éticas nos diversos
segmentos da sociedade. razão por que muitos
conceitos têm Sido repensados e outros
reformulados
A família também tem sido objeto dessas
avaliações e desse repensar de conceitos. Em
contraste com o modelo de casamento
tradicional, em que o mando é o chefe que
domina tudo e todos que toma unilateralmente as
decisões do lar que requer de todos o respeito e
a obediência têm surgido um novo modelo de
casamento mais flexível quanto ao
relacionamento conjugal e mais prático e
funcional quanto às obrigações e aos deveres
domésticos. Especialmente nesse aspecto-
esposo e esposa desempenham um perfeito
papel de parceria sobretudo quando a esposa
também tem uma profissão e trabalha fora de
casa.
Um novo conceito de convivência
conjugal. Isso dá ao casamento um caráter de
parceria e torna mais leve e mais fácil carregar o
fardo das obrigações. E o casamento precisa ser
de fato uma parceria em que marido e mulher se
ajudam mutuamente em todos os sentidos.
Diante dessas diferentes posturas,
pastores e conselheiros pastorais devem ter
30
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
"mentes abertas" e se habilitarem para ajudar os
casais e, principalmente os casais jovens. a
enfrentar as novas ideias ou conceitos e os
novos valores éticos sem que tenham de
abandonar os nossos parâmetros éticos. quais
sejam- os nossos padrões e princípios cristãos
extraídos diretamente da Palavra de Deus
Como conselheiros pastorais devemos
estar habilitados para orientar os casais e
famílias sob a nossa ministração terapêutica que
nem todos os padrões de conduta e de ética
ditados por esta sociedade servem de parâmetro
para os filhos de Deus. pois estes possuem um
conceito de valores éticos e um código de
conduta infinitamente superior aos desta
sociedade mundana- escravizada e refém da
transgressão e da cultura do pecado .
Entretanto não é sábio que queiramos
manter os nossos jovens presos às tradições. E
uma questão de adequação. A própria Bíblia
recomenda que devemos renovar a nossa mente.
Isso significa que o próprio Deus reconhece que
o novo constitui uma das necessidades básicas
da alma humana. Daí ser de suma importância
que cada pastor e cada conselheiro pastoral
estejam sempre reestudando o relacionamento
humano e o relacionamento interpessoal dentro
do casamento- fundamentando tal estudo nos
ensinos neotestamentários.
A guisa de ajuda aos conselheiros
pastorais- cito aqui algumas ideias para a
realização desse estudo:
 O evangelho oferece igualdade
entre os sexos diante de Deus. Portanto, a
consequência lógica disso deve ser a igualdade
no lar e na sociedade. Mas nós_ homens- no
nosso egoísmo, custa-nos entender a temor de Cristo" (Efésios 5.20-21 : Mateus 2a 26-
necessidade de deixar o evangelho alcançar
suas consequências lógicas. E mais conveniente
que interpretemos passagens do Novo
Testamento de forma a manter a nossa
presumível posição de dominância.
 Muitas vezes Insistimos em
seguir rigorosamente as instruções sobre o
relacionamento marido mulher, especialmente
aquelas que se referem à submissão da mulher
ao mando (Interpretando isso como uma forma
de licença do marido para dominar a sua esposa)
- e nos esquecemos das Instruções dadas ao
mando para amar sua esposa. E a palavra amor
usada no texto vem de ágape. Quer dizer- amar
é agir com boa vontade em favor do bem do
outro. O marido que ama assim sempre vai
procurar o bem-estar de sua esposa seu
desenvolvimento espiritual- emocional e mental
enfim- vai procurar fazer tudo que contribui para
o bem-estar geral dela. Portanto não se pode
amar com amor ágape e dominar ao mesmo
tempo. Efésios 5.22-33 não inspira nenhum
conceito de dominância. Nos versículos 22 a 24
diz-se que a esposa deve ser submissa ao
marido como a igreja o é a Cristo. Muitos maridos
se esquecem do versículo 25- que diz: "Vós,
mandos, amai a vossas mulheres, como também
Cristo amou a sua igreja e a si mesmo se
entregou por ela". O texto diz que Cristo amou
tanto a sua igreja que se entregou por ela! Veja
bem.
 Enquanto o texto diz que a
esposa deve ser submissa ao seu marido, diz ao
mesmo tempo em que o marido deve amar tanto
a sua esposa- a ponto de entregar-se por ela - e
a ela.
Pessoalmente, penso que é possível
procurar entre os ensinos neotestamentános
aqueles que podem contribuir com subsídios
para fortalecer e consolidar o relacionamento
conjugal. Vejamos alguns dos ensinos que
podem proporcionar essa consolidação.
 Há igualdade entre homens e
mulheres em Cristo- diante de Deus "Não há
judeu nem grego: não há escravo nem livre: não
há homem nem mulher: porque todos vós SOIS
um em Cristo Jesus' {Gaiatas 3.28).
 Existe o princípio de submissão
mútua em Cristo — "Sempre dando graças pôr
tudo a Deus o Pai. em nome de nosso Senhor
Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no
28)
 Existe o princípio do amor
(ágape) — 't o amor é sofredor- é benigno: o amor
não é invejoso: o amor não se vangloria- não se
ensoberbece, não se porta Inconvenientemente
não busca os seus Interesses, não se irrita não
suspeita mal: não se regozija com a injustiça,
mas se regozija com a verdade: tudo sofre- tudo
crê, tudo esperas tudo suporta. O amor jamais
acaba" (J Coríntios 13.4-8: cf., também João
15.12: Romanos 13.8-10)
 Existe o princípio de aceitação
sem julgamento, "Portanto recebei-vos uns aos
outros como Cristo nos recebeu para a glória de
31
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
Deus" (Romanos IS 7: cf.- também. Romanos 14.
l, 7,8).
 Existe o princípio de edificação
mútua - "Assim. pois- sigamos as coisas que
servem para a paz- e as que contribuem para a
edificação" (Romanos 14.19 e 15.1-7.).
 Finalmente- existe o princípio do
perdão — Devemos perdoar como Cristo nos
perdoou. "Porque se perdoardes aos homens as
suas ofensas também vosso Pai celestial vos
perdoará a vós: se, porém. não perdoardes aos
homens- tampouco vosso Pai perdoara as
vossas ofensas" (Mateus 6.14-15)
Estes são os seis princípios que devem
ser aplicados no relacionamento interpessoal
entre os filhos de Deus entre os crentes e que
devem ser aplicados principalmente no
relacionamento dos cônjuges- no relacionamento
da família e o melhor lugar para se começar a
aplicação desses princípios é no lar. A medida
que as famílias praticam tais princípios- será
muito mais fácil continuar a sua aplicação na
igreja.
ACONSELHANDO CÔNJUGE COM
PROBLEMAS
Na qualidade de conselheiros pastorais
como pastores ou não estamos envolvidos num
ministério de aconselhamento- e aconselhar
cônjuge com problemas faz parte desse
ministério.
Quando um casal está vivendo uma crise
conjugal ou uma situação de tensão interpessoal
e procura o pastor ou um conselheiro pastoral
não a procura para ser julgado- mas para ser
ajudado.
Mas o que fazer precisamente nesse
momento') na prática- que técnica o conselheiro
deve usar no processo de ajuda?
E importante que ele tenha a consciência
de que ministrar aconselhamento pastoral não
significa apenas dar conselhos. Isso qualquer um
pode fazer. Até papagaio de circo faz isso
Como já vimos fartamente em capítulos
anteriores o aconselhamento pastoral tem
técnicas e métodos. E é baseado nessas
técnicas e nesses métodos que cito a seguir sete
sugestões aos conselheiros pastorais. que
chamo de conselhos aos conselheiros pastorais.
• No caso de tomar conhecimento de que
um casal de sua igreja está vivendo uma crise
conjugal delicadamente procure um dos cônjuges
ou ambos os cônjuges e marque uma entrevista
com eles. Diga-lhes que tem observado uma
mudança no comportamento deles e coloque-se
disponível para eles- afirmando que eles podem
contar com você para ajudá-los. Muitas vezes- os
casais em crise não procuram o pastor ou o
conselheiro pastoral por algumas razões- dentre
as quais o constrangimento. Quando você toma
essa Iniciativa- na sua maioria eles entenderão
que você os ama o suficiente a ponto de
preocupar-se com eles.
• Após ter ouvido cada cônjuge
separadamente- fato este que deve ocorrer nas
duas primeiras sessões determine o processo do
aconselhamento, o qual deve acontecer com a
participação de ambos os cônjuges. Não é justo
nem sábio. durante esse processo, deixar que
um dos cônjuge acuse o outro sem que o outro
esteja presente para se defender. Também
durante o aconselhamento interpretar as razões
ou os pontos de vista de um cônjuge para o outro
cônjuge. Baseando-se na técnica da
confrontação das ideias- oriente cada um deles a
falar sobre si e sobre -a sua responsabilidade na
crise- e não sobre o outro ou sobre a
responsabilidade do outro
• Procure entender empaticamente ambos
os lados da situação ou da crise. Nunca se
esqueça de que em situação de crise conjugal ou
de tensão Interpessoal no casamento- nunca
existe um totalmente inocente e o outro
totalmente culpado a não ser quando se trata de
infidelidade ou de adultério.
• Escute bem cada cônjuge até entender
claramente a situação antes de iniciar o processo
do aconselhamento propriamente. Lembre-se
sempre de que é o casal que tem o problema e
que depende deles a solução desse problema. A
sua função é ajudá-los a se ajudarem na
superação dos fatores causadores da crise.
Contudo se você tiver de ser envolvido junto com
eles na busca da solução, não se omita a essa
responsabilidade. Como conselheiro matrimonial
você tem um compromisso muito sério: o de
ajudá-los a salvar o casamento.
32
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
• Lembre-se da premissa de que cada
pessoa é central. Na realidade matrimonial,
porém, cada pessoa possui também uma
personalidade familiar. Procure entender o
Intercambio de personalidade que acontece entre
os cônjuges para que possa entender melhor a
dinâmica da tensão ou do conflito que está
acontecendo entre eles. Não se esqueça de que
muitas vezes as atitudes defensivas o desdém- a
censura e a rispidez são formas Inconscientes de
amar- mas que na maioria das vezes- nesse
intercâmbio de personalidade isso é recebido
pelo outro como atitude ofensiva. O que cabe
fazer nesses casos, portanto, é ensinar os
cônjuges a fazer uma leitura correra desses
sentimentos.
• Se. durante o processo de
aconselhamento, você percebe que a situação ou
a crise é insolúvel ou Irrecuperável- não
abandone as pessoas envolvidas, pois elas
poderão precisar de você lá adiante- e você deve
estar pronto para ajuda-los nessa ocasião.
• No processo do aconselhamento-
procure dar ênfase à Importância do perdão,
pois. além de ser puramente cristão perdoar,
essa atitude constitui o fator de superação de
qualquer conflito no relacionamento e de
restauração da harmonia e da unidade conjugal
ACONSELHAMENTO A CÔNJUGE
SEPARADOS OU DIVORCIADOS
Como aconselhar cônjuge separados ou
já divorciados? Esta é uma situação multo
especial e requer muita empada. maturidade e
inteligência do conselheiro
O fracasso do casamento resulta em
problemas multo graves para os indivíduos, e a
separação ou o divórcio pode causar- inclusive
traumas profundos no ego das pessoas.
O divórcio- principalmente é multo
penoso porque envolve efeitos comportamentais,
sociais, emocionais e espirituais. E esses fatores
tornam muito difícil o trabalho de
aconselhamento com as pessoas divorciadas-
sobretudo porque dificultam a formulação de
alvos para o desempenho do processo do próprio
aconselhamento, porém os conselheiros
precisam necessariamente trabalhar baseados
em alvos ou metas.
Quais são esses alvos ou metas? Para
facilitar o trabalho de pesquisa dos conselheiros-
vão aqui relacionadas oito metas ou alvos que
devem orientar esse tipo de aconselhamento.
Discuta os ensinamentos bíblicos
sobre o divórcio e novo casamento e ajude a
pessoa aconselhada a fazer aplicação desses
ensinamentos à sua própria situação.
— Discuta as expectativas e desejos da
pessoa aconselhada quanto ao futuro delas.
Ajude as pessoas aconselhadas a
chegar a acordos mutuamente aceitáveis com
respeito à divisão de bens, pensão alimentícia-
custódia dos filhos e amparo deles
Encoraje os casais a deixar de lado
atitudes de vingança ou atitudes egoístas e a
atravessar a fase mais crítica do divórcio de
maneira racional
Ajude os aconselhados a formular um
meio de explicar a situação aos filhos.
— Ajude os aconselhados a
compreender os efeitos do divórcio sobre os
filhos e oriente-os a evitar qualquer ripo de
manipulação dos filhos, por exemplo, forçando-
os a tomar partido.
— Ajude-os, juntos ou separados- a se
ajustarem às dificuldades da vida a sós- depois
do divórcio.
— Encoraje os aconselhados a buscar o
crescimento espiritual e o envolvimento com
outras pessoas — inclusive na igreja — que
possam lhes dar apoio.
Há pessoas que consideram o divórcio
uma fuga lógica das dificuldades ou das tensões
e conflitos Interpessoais do casamento: todavia
esse é um ledo engano.
Os conselheiros pastorais sustentados
pelas orações da igreja- podem dar excelente
contribuição as famílias tanto de sua igreja como
da comunidade em geral, para evitar a ocorrência
de divórcios.
As pessoas separadas ou divorciadas
necessitam de um tratamento de cura. e não de
disciplina Sempre encontramos em nossa
Igreja alguém que pergunte: "As pessoas que se
divorciam devem ser disciplinadas- desligadas da
comunhão da igreja?" Ou- "Qual deve ser a
nossa posição sobre um novo casamento depois
do divorci09"
Caminhar nessa direção, alimentar tais
discussões é perda de tempo. E o tempo da igreja
é muito precioso para ser perdido com essas
discussões infrutíferas. Somente os decrépitos e
33
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
castrados mentais é que se prestam a perder
tempo com tais discussões.
Não devemos também ficar preocupados
com essa ou com aquela posição- ou com o que
os "donos da convenção". Pensam. Devemos
alimentar pensamentos muito mais Inteligentes e
elevados do que os que motivam essas
discussões. Devemos nos preocupar, por
exemplo com a realização de um ministério de
restauração e de apoio das pessoas divorciadas
ou separadas- em vez de estarmos preocupados
em puni-las ou penalizá-las de alguma forma.
Essas pessoas necessitam de cura não de
penalização!
A igreja precisa exercer a sua função
terapêutica. e não um papel próprio da "santa
inquisição"
Assim como as Igrejas possuem um
ministério com os enviuvados- é importante e
necessário que tenham um ministério dedicado
aos divorciados. O divórcio pode causar traumas
tão grandes quanto a morte, principalmente
quando os cônjuges são casados há muitos anos
têm filhos e têm coisas e bens em comum. O
divorciado. Portanto, necessita do nosso amor e
da nossa compreensão.
Antes de censurar a pessoa divorciada
de prolatar sentenças contra ela de expelir contra
ela miasmas Intoxicantes é preciso entender que
todo casamento começa com diferenças entre os
dois cônjuges.
Geralmente- sempre que participamos
da celebração de casamentos. pensamos nas
semelhanças que os noivos possam ter em
comum. Entretanto todos os noivos trazem
consigo ao altar e levam para a vida matrimonial,
diferenças marcantes que tanto podem se
consolidar como comprometer o relacionamento
do casal. São diferenças cultura, diferenças de
sentimentos e de estrutura emocional. além do
fato de que cada personalidade é uma
personalidade
Diante dessa realidade- no processo de
se adaptar à convivência matrimonial- o casal
tem três opções. quais selam
 Aprender as diferenças um do
outro e incorporá-las à sua própria Vida- como
atributos naturais da pessoa amada, isto é.
aceitando um ao outro como são na verdade e
isto resultará na consolidação do relacionamento
conjugal:
 Não Incorporar as diferenças do
outro, mas respeitarem-se mutuamente- cada um
permitindo que o outro seja um indivíduo
autônomo:
 Rejeitar a personalidade do outro
cônjuge- não apreender nada dele- nem respeitar
as suas diferenças, o que resultará
indubitavelmente numa convivência sofrível
fadada a durar muito pouco,
Essa última opção ou alternativa leva
fatalmente à cristalização das diferenças entre os
cônjuges, pois a falta de aceitação constitui fator
de tensão no relacionamento. causado pêlos
sentimento de rejeição e de Isolamento. Dina que
essa relação que já começa com cara de divórcio.
A opção na qual os cônjuges se dispõem
a aceitar um ao outro como na verdade são- é a
opção ideal pois além de abrir espaço para a
mudança de condutas. contribui para o
amadurecimento da personalidade do casal e
para o equilíbrio e adequação do relacionamento
A segunda opção embora não seja ideal,
é suportável- porque é menos sofrível que a
terceira. Esta pelo fato da rejeição das diferenças
do outro, desenvolve no casal um processo
gradativo de Incompatibilidades de
ressentimentos, de desentendimentos e
desarmonia, de ansiedade e de aflição o que
torna o relacionamento Insuportável, cujo
desfecho é quase sempre a separação e o
divórcio.
A SEPARAÇÃO E OS SEUS ESTÁGIOS
Assim como os enlutados passam por
estágios durante o processo do luto e da
adaptação à nova realidade- a maioria das
pessoas que se separam- sobretudo, aquelas
que vêm de um casamento de mais de dez anos,
passa por estágios muito parecidos com os dos
enlutados e enviuvados, até chegar finalmente ao
desenlace. Muitos estudos já foram feitos sobre
essa realidade
Por isso- é de grande Importância que os
conselheiros pastorais tenham conhecimento
34
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
acerca do que ocorre com as pessoas separadas
durante esses estágios. São seis os estágios.
 Decisões unilaterais — Qualquer
decisão que depende ou requer um
entendimento mútuo é tomada sem um consultar
o outro. e isso geralmente acaba causando
Insegurança e conflitos.
 Decepção mútua sabemos que
do ponto de vista religioso os relacionamentos
humanos e. principalmente o casamento
fundamenta-se em pactos abertos firmados
chante da sociedade. e a sua conservação
depende dos fatores fidelidade e confiança-
ingredientes importantíssimos do amor e
elementos de consistência do casamento.
Quando a deslealdade e a mentira passam a
ocupar espaço no relacionamento do casal-
surgem as frustrações a decepção- a
desconfiança e os enfrentamentos mútuos que
geram as situações de tensão e de estresse.
 Fuga para o desespero —
Quando o marido e a esposa "entregam os
pontos" ou se rendem ao fracasso no
relacionamento conjugal os dois passam a
experimentar sentimentos de desânimo e de
desespero. Perdem o senso de liberdade um com
o outro e se evitam. A comunicação entre o casal
fica limitada e ganha tom agressivo e neurótico-
e suas atitudes sempre provocam reações de
contrapartida.
Os momentos de nervosismo entre o
casal-geralmente duram mais tempo do que os
de calmaria ou de tranquilidade. O estresse que
resulta desse estado constante de tensão
Interpessoal pode se expressar por meio de
vícios diversos- como trabalhar. comer ou beber
compulsivamente- fumar em demasia e fazer uso
de drogas (os que têm essa tendência). Também
pode manifestar doenças psicossomáticas.
sendo as mais comuns os distúrbios
gastrointestinais problemas do sistema gênito -
urinário o, problemas respiratórios e disfunções
sexuais, como Impotência ou ejaculação precoce
e frigidez ou perda da capacidade orgásmica.
Quando a relação chega a esse ponto os
cônjuges passam a apresentar alguns sinais (e
isso ocorre até inconscientemente), que podem
ser observados por um pastor ou por um
conselheiro pastoral mais atento. As atitudes que
antes manifestavam amor e carinhos dão lugar
agora a atitudes como.
— Não saber onde o outro esta;
— criticar o outro ou reprová-lo na
presença de outras pessoas; subestimar ou
agredir o outro verbalmente e em público:
— Revelar falta de confiança no outro em
conversas com outras pessoas:
— Evitar encontrar-se com o outro.
— Revelar indiferença ou raiva do outro:
— Evitar contatos físicos com o outro.
como abraçar ou sair de mãos dadas
Sempre que o pastor ou um conselheiro
pastoral observar tais condutas, deve considerá-
las como mais de tensão ou de crise na relação
do casal. Imediatamente- deve procurá-lo para
saber o que fato está acontecendo e oferecer
ajuda
 Envolvimento social —
Finalmente- se a crise continua se
desenvolvendo- a relação do casal chega a um
momento em que o Incomodo e o "estresse’
torna-se tão difíceis e tão pesados que o casal
começa a envolver outras pessoas do seu
convívio social na situação. E esse é um
momento melindroso da crise, pois as pessoas
que geralmente se aproximam têm moral não
recomendável Algumas são mal-amadas,
infelizes no casamento ou vivenciando uma
separação ou um divórcio traumático e por isso
se pensam habilitadas para dar "conselhos"
àquele esposo ou àquela esposa em crise.
Outras estão vivendo relacionamentos
extraconJuga1s e acham que, mesmo assim
seus "conselhos" valem alguma coisa. E
seguindo essa ordem vêm os parentes e, por
último- os conselheiros profissionais
Quando se trata de cônjuge cristãos, os
personagens desse roteiro têm caráter mais
digno é claro e os conselheiros procurados ou
são profissionais cristãos- ou um pastor ou um
conselheiro pastoral.
Quando o pastor ou o conselheiro
pastoral entra na situação do casal nesse
estágio, a sua primeira iniciativa na entrevista
Inicial deve ser:
 Procurar informar-se com os
cônjuges acerca de quem ou com quem eles têm
conversado sobre sua crise conjugal:
 Procurar saber com os cônjuges
sobre as recomendações e conselhos que têm
35
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
recebido e sobre que tipo de compromisso foi
assumido com as pessoas a quem procuraram
antes.
Separação emocional e física
Separação física e separação emocional são
diferentes entre si. A separação física acontece
em consequência da separação emocional. e
esta começa a acontecer a partir do momento em
que o casal começa a evitar as atitudes e
comportamentos que expressam o -amor de um
cônjuge pelo outro
Entretanto- a separação de verdade se
torna evidente quando os cônjuges deixam de
compartilhar o mesmo espaço na mesma casa ou
domicilio- e pode ocorrer basicamente em
consequência de duas situações.
— Como resultado de uma forte
discussão ou briga. São as chamadas
separações Impulsivas. Esse tipo de separação
ocorre com maior frequência, porém se o
processo de aconselhamento for bem
trabalhado- há grandes chances de reconciliação
dos cônjuges e de restauração do casamento.
—Separação planejada, em que o casal
está tentando conseguir uma perspectiva nova e,
talvez corrigir os problemas e falhas do
casamento. Essa separação é conhecida como
"dar um tempo". O próprio pastor ou o
conselheiro pastoral dependendo do caso- pode
sugerir esse tipo de separação com o objetivo de,
no intervalo trabalhar construtivamente o
processo de aconselhamento.
 A efetivação do divórcio -
Durante o processo da legalização do divórcio
em ]LIIZO ou na vara de família- quando se trata
de cônjuge membros da igreja, o pastor ou o
conselheiro pastoral deve continuar dando
assistência ao casal- porém deve resistir a
qualquer apelo do casal para orientar quanto à
divisão de bens ou da guarda e amparo dos
filhos. Essa responsabilidade é dos advogados e
do juiz
Depois de efetivado o divórcio em geral
um dos cônjuges permanece na Igreja,
principalmente aquele que ficou com a
responsabilidade dos filhos. Esse que
permanece (ou se dois permanecem) precisa do
apoio da empatia e da dos membros da igreja
multo mais do que antes.
Mas de que forma ajudar? O pastor ou o
ministério de aconselhamento pastoral pode
ajudar os divorciados- por exemplo. a formar o
Grupo de Apoio aos Divorciados e Separados
(GADS) e, por Intermédio desse grupo, promover
reuniões de compartilhamento nas quais os seus
participantes possam compartilhar os seus
sentimentos emoções e experiências e receber
apoio terapêutico. Os divorciados também
poderão receber ajuda e apoio do GADS por
meio de atividades ou eventos sociais e de lazer-
e de muitas outras alternativas que poderão ser
promovidas pelo GADS.
AS AFLIÇÕES DO DIVÓRCIO E O PAPEL
DO CONSELHEIRO
PASTORAL
As aflições e as ansiedades do período
inicial da separação tendem a se intensificar
agora com a efetivação do divórcio tanto em
função de fatores emocionais e psicológicos
como principalmente. dos preconceitos sociais.
Daí a importância do acompanhamento do
ministério de aconselhamento pastoral.
De forma sucinta- apresento a seguir
alguns dos fatores que podem gerar grande
ansiedade e aflição a vida das pessoas
divorciadas:
— Preconceito social - O casal que
residia numa comunidade um tanto mais
conservadora- de repente percebe na atitude dos
demais moradores que, em consequência do
divórcio desceram na escala de valores sociais-
em que antes eram classificados. O Ingresso em
algumas Instituições está fechado para os
divorciados. A atitude negativa de algumas
pessoas na igreja isola os divorciados. Em razão
dessa realidade. muitos divorciados sentem a
necessidade de mudar de residência- de igreja
ou de círculo social- na tentativa de obter um
novo começo. E isso é por demais estressante
para os divorciados.
— Novo casamento — Casar-se cedo
demais depois do divórcio pode bloquear e
confundir o processo de aflição- que necessita
ser concluído para não instalar um estado de
tensão psicológica no novo casamento.
Negação da realidade — Quando o
divórcio é inesperado por parte de um dos
cônjuges, o resultado é um estado de choque ou
um impacto emocional muito grande- à
semelhança do que é causado por uma morte
inesperada. Um dos efeitos danosos desse
36
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
estado de choque é a negação da realidade da
vida- que esse cônjuge passa a vivenciar no seu
dia-a-dia
O papel principal do pastor ou do
conselheiro pastoral- nesse caso consiste em
tentar persuadir a casa! e. sobretudo. o cônjuge
que deseja o divórcio- a adiar qualquer decisão
até que possa receber orientação e assistência
do ministério de aconselhamento pastoral ou de
outros profissionais da saúde mental. se for o
caso
A tarefa do conselheiro pastoral não
passa por uma tomada de posição doutrinária
quanto a se o divorciado tem ou não o direito de
se casar de novo ou discutir se o divorciado tem
ou não o direito de reconstituir a sua vida. O papel
do conselheiro pastoral consiste basicamente em
ajudar a pessoa divorciada a curar fendas
Interiores- mágoas ressentimentos e frustrações.
Geralmente, muitas pessoas que
passam por tal experiência. alimentam
sentimento de culpa por se sentirem
responsáveis pelo fracasso na Vida matrimonial-
de não terem sido capazes de garantir o sucesso
do casamento, apesar ser esse o desejo maior
quando foram ao altar
Elas se sentem culpadas por muitas
coisas que fizeram e se acusam por coisas que
poderiam ter feito e deixaram de fazer. Muitas
pessoas divorciadas culpam-se por ter causado
as condutas que as levaram ao conflito com seus
cônjuges e que resultaram, consequentemente,
na dissolução do casamento. E às vezes esse
sentimento de culpa estende-se ao passado
desde os tempos do namoro quando ocorreu
algum tipo de hostilidade com os pais, que afinal
não foi bem resolvido.
Além do sentimento de culpa. a pessoa
divorciada experimenta um segundo tipo de
sentimento: o sentimento de perda. Depois de ter
vivido uma relação intima por alguns anos ou por
tanto tempo. a pessoa divorciada teve rompida
essa relação
As tensões ou confusões emocionais
experimentadas pelo divorciado incluem também
o sentimento de hostilidade. As frustrações
causadas pelo processo doloroso da separação
e do divórcio geram ressentimentos mágoas, ira
e raiva. e essas emoções geram as ações de
hostilidade
Dentre os muitos conflitos psicológicos
vividos pêlos divorciados manifesta-se também a
perda da auto-estima. Começaram um projeto de
vida juntos com planos de construir um bonito lar-
ter e criar filhos enfim, viverem por toda a vida. A
ocorrência do divórcio não só interrompe esse
projeto- mas mata os sonhos. Agora, a vivência
com essa nova realidade provoca evidentemente
a baixa auto-estima.
A ansiedade é outro estado emocional
que muito aflige o divorciado, e nesse estado
muitos são tentados a satisfazer desejos e
vontades que estão reprimidos no Inconsciente.
Uma dessas vontades é satisfazer desejos
sexuais normais- que por tanto tempo
constituíram uma experiência comum e natural
da vida conjugal. Agora, a falta dessa experiência
considerada uma das fomes básicas do ser
humano, provoca um estado de tensão que
clama por satisfação. Porém, o divorciado
precisa ser ajudado primeiro, a reconhecer as
forças dessa tensão e em seguida encontrar
formas dignas e criativas de superá-la. e isto faz
parte das tarefas do aconselhamento pastoral
O trabalho do conselheiro pastoral tem
uma amplitude enorme. e nessa área de família
a sua atuação é imprescindível. Se exercido de
forma inteligente, alcança resultados mais
positivos do que o trabalho de outros
profissionais da terapia do aconselhamento. A
igreja, investida também de função terapêutica,
na qualidade de clínica de almas, precisa Investir
mais nesse ministério. E o ideal é que cada igreja
local possa Implantar um Consultório de
Aconselhamento Pastoral ou uma Clínica de
Aconselhamento Pastoral (CAP) na comunidade
onde está inserida certamente um relevante
serviço será prestado à sociedade e à família
brasileira por Intermédio dos CAPs e dos
conselheiros pastorais.
ENTENDENDO A NOSSA SEXUALIDADE
O assunto sexo ou sexualidade embora
esteja presente no contexto do dia-a-dia da vida
humana ainda é visto por muitas pessoas com
multa reserva. cm decorrência dos tabus e
repressões que elas têm retido no Inconsciente.
Por Isso- nem todas as pessoas são preparadas
convenientemente para uma funcionalidade
sexual sadia e satisfatória. por falta de uma
educação ou orientação adequada nessa área
37
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
Em geral esse assunto é pouco
compartilhado em casa pêlos pais. ou por causa
do seu próprio despreparo para isto ou por causa
de uma educação sexual repressora que
receberam na sua juventude sobre a e masculinas de forma anatomicamente perfeitas
sexualidade- e assim os filhos acabam obtendo
informações na rua com colegas ou por meio de
livros e revistas de pornografia- cujos conteúdos
deformam mais do que informam corretamente.
Os filhos pequenos, por sua vez- quando
fazem alguma pergunta sobre sexo aos pais-
recebem respostas evasivas- ou então eles
desconversam. Desse modo. uma geração após
outra vem tratando de maneira superficial, e até
irresponsável, esse assunto de tão vital
importância. Enquanto isso, esse estado de
desinformação ou de má formação gera nos
nossos adolescentes e jovens uma ansiedade
especulativa quanto à funcionalidade da
sexualidade- que. por consequência-
consubstancia-se numa excelente fonte de
sustentação para a indústria pornográfica
Nestes últimos anos a discussão sobre
sexo tem ocupado espaço nas escolas. mas em
multas delas as pessoas que orientam sobre
tema nem sempre são dignas e moralmente
qualificadas para isso. Portanto- cabe à Igreja
fazer a sua parte e assumir a sua
responsabilidade quanto a ministrar aos seus
membros. solteiros e casados, jovens e
adolescentes- a orientação e a educação sexual
segura e correta- de forma a quebrar tabus e
mitos e prepará-los para a vivência da
sexualidade de forma saudável e bem-sucedida.
Nesse sentido. os conselheiros pastorais podem
desempenhar um excelente papel
O SEXO É UM PRESENTE DE DEUS
Quando em Génesis 1.27 e 224 relata-se
a criação do primeiro casal por Deus, os textos
deixam bem claro que ambos eram adultos e
estavam prontos para o casamento física- social,
psicológica e espiritualmente. Deus fez o homem
e a mulher com todas as características físicas e
emocionais para o desenvolvimento da
experiência sexual.
Quando Deus apresenta Eva a Adão-
abençoa a ambos e ordena que frutifiquem e
multipliquem-se {Génesis 1.2S). Ao dar essa
ordem- Deus deu ao casal a liberdade de iniciar
sua atividade sexual. O texto sagrado usa a
palavra conhecer para designar o ato sexual. E.
na realidade há um dinamismo contínuo
descobrir e conhecer no ato de dar e receber
prazer. Deus fez as estruturas sexuais femininas
e apropriadas para o ato sexual. A vagina, com
sua forma geométrica côncava, e o pênis- com
sua forma geométrica convexa- foram
Inteligentemente idealizados por Deus.
As predisposições psicológicas e
emocionais. o comportamento afetivo e o modo
como a mulher e o homem se relacionam
sexualmente- também foram cuidadosamente
idealizados por Deus. E uma atividade prazerosa
que Deus oferece ao homem e à mulher e que
deve ser desfrutada de acordo com os princípios-
os padrões e os limites estabelecidos por Deus
— no casamento e com muito amor e afetividade
O livro de Cântico dos Cânticos-
principalmente os três últimos capítulos- é uma
exaltação ao amor conjugal. O carinho e a ternura
do casal são vivenciados pêlos dois personagens
do livro- no dar e receber o amor e a expressão
dele no casamento
Quando uma criança ganha um presente
caro e logo o quebra ela perde a oportunidade
não apenas de ter. mas de desfrutar do prazer
desse bem por muito tempo. Da mesma forma
acontece com o sexo. E um presente caro que
Deus dá ao ser humano. Se ele não souber
utilizá-lo ou se o fizer de acordo com os
princípios divinos- as consequências são
Inevitáveis.
Para muitos casais o sexo tem sido um
peso difícil de ser carregado. sobretudo para
aqueles que veem o sexo como uma obrigação
da vida conjugal e claro que quando se pratica a
relação sexual por obrigação o prazer fica de
lado. Além da finalidade da procriação. Deus nos
deu o sexo para o prazer individual na
experiência da parceria conjugal.
SEXO E CÉREBRO
O comportamento sexual que adotamos
está intimamente vinculado às nossas
manifestações psíquicas, um dos fatores
determinantes da nossa sexualidade é a relação
existente entre libido que é um componente
sexual identificado como energia vital instintiva,
38
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
também explicada pela psicanálise como uma
força quantitativamente variável- que serve como
medida do processo e das transformações que
ocorre m no campo da excitação sexual"; e
censura, que se processa no superego e resulta
num estado de tensão que se estabelece entre o
universo do desejo e a realidade consciente.
Libido e censura formam duas forças
antagônicas. O conflito entre elas determina-
muitas vezes condicionamentos inibidores.
Para que o casal tenha plena satisfação
numa relação sexual- é necessário que gaste um
tempo num renuncio de carícias eróticas ou
Jogos amorosos para a excitação um do outro.
Por que isso é necessário? Porque os
fenômenos da excitação dependem de uma
complexa rede de filamentos nervosos. Alguns
desses filamentos conduzem até o córtex
cerebral os estímulos responsáveis pela
excitação fisiológica das zonas genitais
específicas e das erógenas extragenitais. Outros
filamentos enviam mensagens do sistema
nervoso central para as periferias dessas zonas,
por meio de estímulos olfativos, acústicos,
visuais e psicológicos.
Todas as manifestações orgânicas são
desencadeadas por estímulos de diversos tipos,
que agem sobre o corpo como unidade psíquica
e somática. A excitação pode ser provocada por
estímulos diretos os quais se dão pela
manipulação, isto é. pelo toque ou pelas carícias
leves e macias sobre os órgãos genitais e sobre
as zonas conhecidas como cofias erógenas. que
desempenham o papel de receptoras dos
estímulos- os quais, por sua vez, passam através
de circuitos nervosos específicos.
As sensações derivam também da
estimulação das vias nervosas que transportam
sensibilidades olfativas. Em outras palavras- há
determinados odores ou cheiros característicos
dos órgãos genitais que despertam a atração
sexual. Esse tipo de sensação parte dos
receptores nasais e chega às zonas chamadas
ypnas límbicas do cérebro- resultando na
excitação sexual.
Há ainda outros filamentos ou vias
nervosas que partem dos receptores acústicos e
têm por fim tornar a música- os sons- às palavras
sussurradas ao ouvido a respiração ou os
suspiros motivos de excitação. Estas são,
portanto- as funções e a Importância do cérebro
para a relação sexual. Esta é uma perfeita obra
da engenharia de Deus. Por isso, é que o próprio
Deus recomenda: deleita-se com a mulher da tua
mocidade..." (Provérbios 5.18)
REALIZAÇÃO EM PARCERIA
Afirmam os pesquisadores e sexólogos
que o homem se excita pelo visual e a mulher
pelo ouvir e pelo toque. Enquanto a um agrada
ver uma bela figura. bem preparada e bem
produzida para o ato sexual- a outra quer ouvir
palavras de carinho e manifestações de agrado.
O homem e a mulher não são iguais- e
daí a beleza do relacionamento. Deus os fez
diferentes exatamente para que haja
oportunidade de conhecimento mútuo
Cabe à mulher, portanto, um cuidado
com a aparência com a sensualidade,
despertando no marido o desejo. Como um
mando poderá sentir-se atraído por uma mulher
com os cabelos enrolados (cheio de rolinhos)
creme no rosto- roupa de cama e de dormir
usadas há muitos dias e ainda sem banho'?
Especialmente se o marido trabalha
entre mulheres bem - vestidas perfumadas e
penteadas- é preciso que a esposa também
procure se cuidar- o mesmo cuidado que tinha no
tempo do namoro e do noivado deve continuar
acontecendo agora no casamento. A vida a dois
deve ser uma constante renovação para não cair
da rotina e no tédio. Por mais simples que seja o
casal, por menos recursos financeiros que tenha.
esse cuidado pessoal é fundamental
A mulher gosta de ouvir expressões
calorosas de amor. Cabe ao marido, portanto,
satisfazê-la- dizendo frases e palavras que a
realizem como mulher. Para muitos maridos
parece ser difícil expressar sentimentos-porque
foram educados ouvindo que "o homem que é
homem não manifesta emoções". Mas isso é algo
que se aprende ao longo do tempo em que
compartilhamos de uma gostosa parceria
conjugal
A relação sexual conjugal é uma
aprendizagem constante. O esposo e a esposa
39
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
devem dizer um ao outro como gostam de ser
tocados- devem conversar um com outro sobre o
que lhes proporciona mais prazer. Quando o
casal não tem espaço um com o outro para
conversar sobre esse assunto, cada vez mais irá
construindo uma barreira entre ambos. Depois de
algum tempo a atividade sexual torna-se
simplesmente mecânica e sem beleza. Ou então
como acontece com alguns casais a esposa
nunca tem prazer orgásmico mas aceita essa
situação para evitar problemas maiores.
ATITUDES SAUDÁVEIS NA PARCERIA
SEXUAL
Diversos autores afirmam que a atividade
sexual do casal começa quando se toma o café
da manhã continua durante o dia e termina à
noite ao deitar-se.
A ideia é de que a relação sexual não é
apenas um ato em si. E todo um clima de
harmonia cumplicidade e paz entre o casal.
Toques- palavras, olhares gestos, palavras-
código (que todo casal tem entre si) são
manifestações de sexo entre duas pessoas que
se amam e que compartilham a parceria íntima.
Zig Ziglar afirma: "Se sua relação sexual
com seu cônjuge não é tudo o que você espera
que seja, o problema na maioria dos casos, pode
não ser a relação sexual, mas o relacionamento.
Você deve entender bem que afeição.
intimidade, gentileza e consideração são
componentes importantes de seu
relacionamento"
Uma pessoa grosseira sem
consideração, mal-humorada- que não manifesta
afeição e carinho dia após dia não estão
cultivando atitudes saudáveis para uma parceria
sexual satisfatória. A procura de um pelo outro —
e no casamento ambos têm esse direito, embora
a mulher geralmente seja educada no sentido de
não tomar a Iniciativa é saudável e concede a
ambos satisfação prazerosa.
Já é tempo de se refazerem os conceitos
e entender o plano de Deus para a parceria
conjugal. Cultivar atitudes saudáveis um para
com o outro é fundamental no relacionamento.
Mas não espere o outro começar. Comece você
primeiro a manifestar as atitudes- a tomar as
iniciativas. O outro muda quando você muda
primeiro.
OS BENEFÍCIOS DA RELAÇÃO SEXUAL
PARA A SAÚDE FÍSICA E EMOCIONAL
Está mais do que cientificamente
provado que "fazer amor" faz bem à saúde- tanto
no aspecto psíquico como no somático ou no
orgânico. Segundo estudos do Instituto
Internacional de Análise Bioenergética de Nova
York o ser humano já nasce com um potencial
médio de cinco mil orgasmos. Esta descoberta da
ciência nos ajuda a entender que esta foi também
uma das razões por que Deus disse que não era
bom que o homem estivesse só (Génesis 2.1 S).
Deus criou o homem com todo este potencial. e
Adão precisava desfruta-lo
Vejamos- segundo as pesquisas
científicas em que aspecto da nossa saúde a
relação sexual traz benefícios.
Combate à insônia — Durante o ato
sexual o nosso cérebro produz e libera uma
quantidade maior de endorfinas uma substância
química semelhante à morfina cujo efeito
consiste em provocar um estado de relaxamento
favorável ao sono. No homem o sono pode vir
imediatamente após a relação na mulher vem um
pouco mais lentamente, mas vem. Esse sono
chamado de "sono do amor" tem efeito
restaurador.
Reduz o estresse e estimula as
funções Imunológicas -Além de ser um
antídoto contra a insônia o ato sexual também
pode reduzir o estresse e estimular as funções
Imunológicas. O estresse diminui a produção de
endorfinas e das células T de defesa do
organismo- e o ato sexual, por sua vez- tem o
poder de aumentar as defesas do sistema
Imunológico. Pesquisas do Centro Médico da
New York University concluíram que durante a
relação sexual os sistemas endócrino e muscular
se aliam predispondo-se para as experiências
prazerosas que aliviam as tensões e agem como
um antídoto para a resposta de adrenalina do
estresse melhorando tanto a saúde física como a
psíquica e emocional.
E um excelente exercício para o
músculo cardíaco — Estimulado pêlos
movimentos da relação sexual- o coração que
normalmente pulsa em média- de 70 a 80 vezes
por minuto sob para mais de 100 pulsações. O
40
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
músculo cardíaco tem necessidade de trabalhar
para ser saudável. Nesse caso a relação sexual
é um excelente exercício para os músculos
cardíacos.
Melhora a circulação sanguínea —
Sob o efeito do prazer orgásmico- as artérias se
dilatam criando uma sensação de bem-estar
geral, consequente da regeneração do sangue
que ocorre nesse instante. A respiração pouco a
pouco se acelera e se torna mais profunda. Como
resultado o sangue é mais oxigenado. Esse efeito
é comparável ao obtido com a prática de
esportes.
Intensifica o humor — A excitação da
relação sexual vem seguida de uma euforia e,
principalmente do momento do orgasmo. Essa
euforia vem da ação de duas substâncias
químicas produzidas no cérebro conhecidas
como serotonina e dopamina, que constituem
espécies de hormônios do prazer. Essas duas
substancias dopam o organismo Inteiro
provocando um enorme sentimento de leveza.
Isso contribui efetivamente para melhorar e
intensificar o humor- pois essas substâncias-
associadas as endorfinas, minimizam a ação da
adrenalina do dia-a-dia.
Exercita o abdômen — A relação
sexual é um excelente exercício abdominal, pois
são justamente os músculos abdominais que
mais se contraem e são exigidos. Essa contração
provoca uma massagem do aparelho
gastrointestinal verdadeiro reméd10 contra a
constipação. O ato sexual é também um
exercício para os músculos das coxas, das
nádegas e das costas.
Queima calorias — Uma relação
sexual intensa, que dure mais de 50 minutos,
possibilita a queima de cerca de 300 calorias
tanto quanto uma sessão de ginástica,
Rejuvenesce a pele e melhora a
estética - Geralmente as mulheres apaixonadas
têm um brilho especial e parecem mais jovens.
Esse fenômeno resulta de uma ação do sistema
hormonal. O orgasmo feminino aumenta na
mulher a produção de estrógenos, hormônios
sexuais femininos, secretados pêlos ovários, que
agem na irrigação da pele e proporcionam a
produção de colágeno natural. O resultado disso
é que a pele se torna mais elástica e mais suave.
Durante a relação sexual a temperatura corporal
sobe aumentando uma forte liberação de suor e
um fluxo de sangue para a superfície da pele e
assim- mais bem irrigada e estimulada- a pele
resiste melhor ao envelhecimento. Como já
dissemos- a sexualidade é um presente de Deus.
E a ciência, por meio de suas pesquisas e
Investigações, tem provado que o sexo no
casamento é uma das bênçãos mais magníficas
que Deus nos deu
A IMPOTÊNCIA OU DISFUNÇÃO SEXUAL
MASCULINA
A impotência ou disfunção sexual
masculina consiste na Incapacidade do homem
de conseguir ou manter ereção- ficando assim
impossibilitado de experimentar a ejaculação e o
orgasmo.
A medicina e os estudos da sexologia
afirmam haver dois tipos de impotência:
A Impotência primária: resulta de
causas psicológicas:
— a impotência secundária: resulta de causas
orgânicas ou fisiológicas
A impotência primária ou de causas
psicológicas é muito mais frequente do que a
secundaria. Por que ela acontece? Há diversos
fatores que podem explicar isso. A ausência do
desejo sexual é um desses fatores Vivemos hoje
numa sociedade em que dia após dia a Vida se
torna cada vez mais estereotipada- mecânica
como consequência da corrida estressante pela
sobrevivência. Em função disso muitos
Indivíduos passam por períodos de insegurança
de ansiedade e de frustrações o que acaba
levando-os a um bloqueio da vontade e da
disposição para o sexo. Muitas vezes- o indivíduo
tenta uma reação mas sofre a Interferência de
pensamentos relacionados com problemas que
precisa resolver de preocupações as mais
diversas. e aí tudo acaba no prelúdio
Uma neurose específica também pode
tornar-se fator causador de disfunção sexual. O
cansaço, o abatimento e o desânimo derivam
muitas vezes- de um quadro de neurose. Há
homens que.ao sofrerem tal situação- atribuem o
problema aos sintomas — eles dizem para a
esposa: "Estou cansado hoje" ou "Estou
desanimado"- ou ainda. "Estou indisposto deixe-
41
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
me dormir um pouco". A realidade não é bem
essa. O cansaço a indisposição ou o desanimo
são apenas efeitos de uma causa.
A Impotência ou a disfunção sexual
masculina também pode ter como causa
transtornos emocionais, provocados por traumas
da infância e da adolescência sentimento de
culpa- educação sexual repressores erros de
uma formação religiosa equivocada e extremista-
frustrações e sentimento de perda. Esses fatores
instalam inibições no inconsciente as quais
afloram na mente consciente. bloqueando a
libido- que é o órgão responsável por todas as
manifestações da nossa sexualidade
O tratamento recomendado e Indicado
para esse tipo de disfunção é a terapia. O homem
que manifesta esse problema deve se submeter
a um tratamento psicoterapêutico específico.
Quanto à impotência secundária, esta
tem causas de natureza orgânica ou fisiológica.
Segundo os especialistas, os principais fatores
podem ser: aterosclerose (endurecimento das
artérias) - disfunção venooclusiva (o pênis não
consegue reter o sangue que entra pelas
artérias), diabetes. deformações anatômicas dos
genitais- deficiências metabólicas do sistema
endócrino e afecções da tireoide. O uso de
drogas ou entorpecentes- o alcoolismo e até
mesmo o uso de alguns medicamentos
contínuos_ sem orientação médica podem
resultar nesse tipo de disfunção sexual ou de
Impotência.
Para o tratamento desse tipo de
disfunção sexual, os urologistas usam
medicamentos vasodilatadores. terapia
hormonal, Injeções dadas diretamente no pênis
e, quando esses meios clínicos não resolvem o
problema recomendam o implante de prótese
peniana.
Os especialistas afirmam que não há
fórmulas mágicas para a cura da impotência.
Lembram que o pênis_ assim como outros
órgãos também envelhece. Afirmam também que
existem algumas medidas para diminuir as
chances de o homem ter Impotência- como
controlar a pressão arterial e o colesterol: não
fumar não usar drogas- diminuir ao máximo o
consumo de álcool e de café e evitar alimentos
gordurosos a obesidade e o estresse.
FRIGIDEZ OU DISFUNÇÃO ORGÁSMICA
FEMININA
A frigidez ou disfunção orgásmica
feminina é a incapacidade que muitas mulheres
têm de experimentar o prazer do ato sexual.
Há três formas de disfunção.
Disfunção primária absoluta — E a
ausência total de orgasmo. Há mulheres que
jamais experimentaram qualquer tipo de
orgasmo- nem mesmo por meio da estimulação
do clitóris.
Inadequação orgásmica — E um
tipo específico de prazer que algumas mulheres
gozam apenas por meio do auto estimulação- da
estimulação manual ou oral do clitóris e da vagina
pois elas nunca alcançam o orgasmo por meio da
penetração peniana.
Disfunção secundária - E a perda da
capacidade orgásmica- depois de anos de
atividade sexual satisfatória.
Segundo estudos de sexologia tais
disfunções principalmente a inadequação
orgásmica, podem ter como causa fatores
orgânicos fatores fisiológicos e bloqueios
psicológicos como temores censura_ sentimento
de culpa. circunstancias sociais e econômicas e
a cultura dos mitos e tabus
Os fatores fisiológicos causadores de
disfunção orgásmica são basicamente dois.
Dispareunia — E a reação dolorosa da
vagina durante o ato sexual. Isso ocorre quando
o canal da vagina apresenta um forte
estreitamento provocado por uma anomalia
conhecida como estenose, que causa a perda da
elasticidade dos tecidos das paredes vaginais. A
vagina assim contraída não só bloqueia a
expressão orgásmica- mas dificulta a penetração
peniana.
Vaginismo — E a contração violenta
dos músculos da vagina por ocasião do ato
sexual impedindo a penetração do pênis. O
vaginismo pode ocorrer em consequência de
[atores psicológicos, como também por
complicações fisiológicas, como tumores no reto-
afecções nos ovários ou na região pelviana. Com
a introdução do pênis- a vagina vai se dilatando
e comprime a região dolorosas o que causa a
42
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
contração muscular e a consequente rejeição do
pênis.
Os fatores orgânicos causadores de
disfunção orgásmica também são basicamente
dois:
• Anormalidade do prepúcio do
clitóris — Consiste numa anomalia congênita em
que o clitóris fica encoberto ou escondido- o que
impede de ser suficientemente estimulado
eroticamente- afastando a possibilidade do
prazer orgásmico.
• Ausência dos terminais
sensoriais — Embora a vagina e o clitóris tenham
fisiologia normalmente podem não conter esses
terminais- que são responsáveis pela excitação
erógena. E considerado um caso raro porem
existe.
Os fatores psicológicos causadores do
bloqueio da frigidez- na maioria dos casos- estão
relacionados diretamente a uma educação
sexual equivocada e radical. Temos aprendido
que a repressão é Incorporada à vida dentro da
família desde a infância e nos acompanha
através dos anos, gerando insegurança dúvida e
temores ao verdadeiro sentido de Independência
e de liberdade. o que resulta, consequentemente-
na inibição das nossas fomes de energia vital,
causando-nos assim danos sociais, psicológicos
e orgânicos.
Segundo registros históricos, a convertidas são consideradas como as que têm
repressão se reflete de forma mais evidente nas
mulheres, embora os seus efeitos também
possam ser observados nos homens. Em função
disso- a maioria das mulheres inclusive as que
têm orgasmo. não consegue descarregar de
maneira satisfatória toda a sua energia biológica
no momento do ato sexual. Por isso- enquanto o
marido e a esposa não viverem o desejo e a
satisfação, as relações afetivas e a afinidade
sexual estarão sujeitas aos danos provocados
pela ânsia neurótica de prazer.
O que fazer para a cura da disfunção
A maioria dos casos de disfunção
orgásmica feminina ou frigidez tem cura por meio
de terapias ou tratamentos específicos, devendo,
portanto, tais mulheres serem encaminhadas de
Início aos profissionais da medicina ginecológica,
para a obtenção de um diagnóstico preciso- a fim
de que a partir daí se possa determinar que tipo
de tratamento o caso requer.
Quando o caso é de natureza
psicológica, as terapias para o seu tratamento
consistem de dois momentos: em Identificar e
eliminar os bloqueios psicológicos armazenados
no inconsciente: recorrer às técnicas de
relaxamento e estimulação. além de técnicas de
variação de posição para o ato sexual e de
exercícios- chamados sewremos que visam à
localização e ao estímulo dos núcleos de
sensibilidade ou do prazer erógeno que
constituem as zonas erógenas extragenitais.
A participação do mando nos exercícios
é fundamental e indispensável- como também
nesse primeiro momento da terapia. quando são
analisados o modo de vida do casal e o seu
comportamento efetivo e sexual Muitos cônjuge
apresentam resistência Inconsciente quanto à
liberação total do desejo ou dos impulsos
eróticos- por causa de um processo de repressão
interior que os Impede de viver e dar livre
expansão à funcionalidade de sua sexualidade.
Nos casos das disfunções causadas por
fatores orgânicos ou fisiológicos- o seu
tratamento deve ser confiado aos especialistas
médicos da área ginecológica
O que o conselheiro pastoral pode fazer
para ajudar
As mulheres cristãs verdadeiramente
maiores chances de obter satisfação orgásmica,
segundo estudos já realizados nos Estados
Unidos com cerca de 100 mil mulheres e
divulgado pela revista RedbookTim e Beverlv
LaHave- autores do livro O Ato Conjugal,
confirmam o resultado dessa pesquisa. Eles
mesmos realizaram uma pesquisa sobre a
capacidade orgásmica da mulher cristã. que
apresentou os seguintes resultados
 das mulheres entre 20 e 29 anos
de idade- 81% experimentam o orgasmo na
malona das vezes que praticam o ato sexual.
 Das mulheres nessa faixa de
idade 1 1 0/0. Isso significa que 92
Em cada 100 mulheres cristãs nessa
faixa etária, gozam o orgasmo "frequentemente"
 Das mulheres entre 30 e 39
anos. 89%:
43
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
 Das mulheres entre 40 e 49
anos. 86%: e
 Das mulheres entre 50 e 59
anos. 84%.
Esses resultados refutam a ideia de que
as mulheres cristãs ou evangélicas não apreciam
ou não valorizam tanto a relação sexual. Ao
contrário dessa ideia- os resultados mostram que
as mulheres verdadeiramente convertidas ao
evangelho sentem-me multo bem e muito mais
livres para a prática do sexo pois elas o veem
como um dom de Deus- e isso as leva a valorizar
a Importância do sexo no casamento.
A resposta orgásmica da mulher, porém,
está intimamente relacionada também à sua
auto-estima e sua autoimagem. E precoce
ressentimentos, mágoas, rancores tensões
Interpessoais, pensamentos sombrios- etc.- não
só prejudicam a auto-estima e a autoimagem,
mas constituem barreiras que dificultam e até
tornam impossível uma resposta orgásmica
satisfatória.
Quando a mulher está consciente de que
tais atitudes bloqueiam a sua realização sexual,
pode ajudar-se a si mesma procurando
sabiamente superar essas atitudes. A leitura de
livros especializados que ofereçam informações
e orientação sexual digna de confiança poderá
ajudá-las a obter não apenas uma compreensão
ampla das suas dificuldades, mas torná-la
realizada satisfeita e vitoriosa na sua atividade
sexual na relação conjugal.
E os conselheiros pastorais poderão
colaborar para essa realização sexual dos casais
de suas igrejas não só lhes informando acerca da
realidade mostrada- pêlos resultados dessas
pesquisas- mas, sobretudo. ensinando-lhes as
técnicas de comunicação que podem assegurar
o equilíbrio das emoções e a harmonia conjugal,
e, ao mesmo tempo- fornecer-lhes orientações
que os ajudem a repensar conceitos e a obter
aprendizados novos na parceria sexual- frutos de
uma consciência firme e segura de que o prazer
orgásmico é não só um privilégio da mulher e do
marido mas também um presente precioso de
Deus para o casal. um presente que deve ser
desfrutado igual e Intensamente pêlos dois.
Ejaculação precoce
Define-se como ejaculação precoce o ato
de o homem chegar ao orgasmo e ejacular
(lançar o esperma no interior da vagina) num
momento não desejado_ muito rapidamente ou
fora de tempo.
Segundo pesquisa sobre urodinâmica
feita pelo Veterans Medicai Center de
Minneapolis (USA) a ejaculação precoce é
classificada como uma forma de impotência-
entretanto os autores da pesquisa afirmam não
ter sido ainda possível determinar pêlos exames
laboratoriais radiográficos. de ultra-sonografia e
por outros métodos modernos- qualquer doença
física que possa ser causadora da ejaculação
Na opinião dos pesquisadores é muito
importante diferenciar a ejaculação precoce que
ocorre com os jovens e a que ocorre com os
adultos. No jovem. "cerca de 90% dos casos a
ejaculação precoce está relacionada com as
suas ansiedades e receio em razão da falta de
maior experiência sexual". Este problema pode
ter solução na psicoterapia. POIS esse tipo de
paciente responde bem a essa forma de
tratamento
De acordo com a refenda pesquisa esse
"problema deve ser analisado e tratado de outra
maneira quando o paciente tem idade acima de
45 anos. Quando se analisa bem a história
desses pacientes- observa-se que a sua queixa
está relacionada com a incapacidade para
manter uma ereção por tempo suficiente para
completar o ato sexual. Nesse caso. o paciente
ejacula rapidamente na tentativa de atingir o
orgasmo antes de perder a ereção- o que
significa que nesses pacientes a ejaculação
precoce é consequência e não causa"
Como se pode ver. o medo de perder a
ereção antes da ejaculação aumenta o nível de
ansiedade o que provoca- segundo conclusão da
pesquisa- um tipo específico de Impotência.
E recomendável- portanto- que o
portador desse tipo de distúrbio sexual procure
uma analista/sexólogo para um tratamento
terapêutico especializado.
44
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
O Ponto G e sua importância para o
orgasmo feminino
Hoje se ouve falar multo acerca da
existência do Ponto G, um local na região vaginal
que, quando estimulado- pode proporcionar
intenso prazer às mulheres. Alguns médicos
ainda dizem que ele não existe, mas está
provado cientificamente que ele existe.
Há muito tempo algumas mulheres
percebiam que sentiam opôs diferentes
orgasmos. Um orgasmo vulvar provocado pelo
clitóris: um orgasmo uterino_ desencadeado pela
consumação do coito ou ato sexual: e um
orgasmo que é a combinação dos dois
Para muitas mulheres o orgasmo obtido
a partir da estimulação do Ponto G é
qualitativamente superior ao orgasmo clitoriano.
O clitóris- por ser um órgão erétil localizado na
parte externa- na junção dos pequenos lábios da
vulva na entrada da vagina. é muito mais fácil de
ser encontrado e tocado.
Localização e tamanho do Ponto G
O Ponto G se situa atrás do osso púbico-
na parede anterior da vagina- mais ou menos a 5
centímetros da entrada do canal vaginal. O
tamanho e a localização exata variam de mulher
para mulher.
Como encontrar o ponto G? Imagine um
pequeno relógio dentro da vagina. com as 12
horas apontadas para cima- na direção do
umbigo. A maioria das mulheres encontrará o
Ponto G situado na região entre 11 e 12 horas.
Essa região, ao ser estimulada. faz com as
mulheres geralmente experimentem uma
sensação semelhante a uma necessidade
urgente de urinar
Ao ser tocado o Ponto G se apresenta
como um pequeno grão de feijão- mas, quando
estimulado. começa a inchar e aumenta de
tamanho a ponto de poder ser sentido pelo toque
do dedo.
Em estado de repouso ou relaxamento o
Ponto G é quase imperceptível, mas ao receber
a pressão do pênis ou do dedo se
adequadamente estimulado, pode provocar
vários orgasmos vaginais consecutivos- bem
diferentes em qualidade do orgasmo alcançado
pela excitação do clitóris.
As mulheres também ejaculam
No momento do orgasmo- muitas
mulheres ejaculam pela uretra um líquido
quimicamente semelhante ao sêmen masculino,
mas sem conter espermatozoides. Algumas- por
acharem que estão urinando_ se embaraçam
com a sua ejaculação. Alguns maridos ou
parceiros por também acharem a mesma coisa
muitas vezes as menosprezam ou tecem críticas
negativas, e por isso multas mulheres
aprenderam a reprimir o orgasmo e.
consecutivamente_ a ejaculação.
Ainda hoje- muitas pessoas- e até alguns
ginecologistas ignoram tanto a existência do
Ponto G como da ejaculação feminina. Há até
alguns autores que afirmam- que a mulher só
pode experimentar orgasmo mediante a
estimulação do clitóris. Por ocasião do
Congresso Nacional da Sociedade para o Estudo
Cientifico do Sexo, realizado nos Estados
Unidos. em 1980- a analista bioenergética Alice
Ladas e os médicos Beverh Whippie e Jonh
Perrv examinaram 400 mulheres que se
ofereceram para a efetuação de um estudo
acerca desse ponto de excitação feminina e em
todas elas não só foi encontrado o Ponto G. como
os efeitos orgásmico de sua estimulação.
O nome Ponto G é uma homenagem ao
ginecologista alemão Ernest Grafenberg- que foi
o descobridor dessa região erógena e quem a
descreveu pela primeira vez- numa de suas
obras publicadas em 1953.
A importância do ângulo de penetração
A estimulação adequada do Ponto G
depende, principalmente- da posição em que se
pratica o ato sexual isto é- depende muito do
ângulo de penetração do pênis na vagina
Grafenberg afirma: "O ângulo que o pênis forma
com o corpo da vagina tem um significado
importante e tem de ser levado em conta. Talvez
a fama do 'amante perfeito' se baseie nessa
característica fisiológica'
Estudos acerca desse ponto constatam
ainda que o ato sexual praticado na posição
posterior- isto é- por trás oferece um resultado
multo mais gratificante do que na posição
tradicional- especialmente para a mulher. Ao
penetrar a vagina por trás o pênis faz a fricção
para o alto pressionando assim essa região mais
45
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
sensível em que se encontra o Ponto G. Nessa
posição segundo os estudos- e também segundo
multas mulheres objeto de pesquisas desse autor
a mulher pode até experimentar orgasmos
múltiplos mediante um bem compassado
movimentação dos quadris. de modo a acentuar
a estimulação desejada
Sabemos da existência de mulheres
casadas que reclamam de nunca terem atingido
o orgasmo- e vários fatores concorrem para isso
como já abordamos anteriormente. Mas a
ausência do orgasmo feminino pode também
ocorrer quando o marido tem ejaculação precoce
ou não sabe controlar a excitação e os Impulsos
de forma que possa esperar para gozar junto com
sua mulher ou depois que ela já tenha gozado.
Aliás. esta constitui uma atitude inteligente do
homem, além de ser um ato profundamente
humano da relação sexual
O esposo deve trabalhar a excitação da
esposa acariciando-a e manipulando as suas
zonas erógenas, enquanto controla o seu próprio
estado de excitação para poder proporcionar à
esposa um orgasmo Intenso e arrebatador. O
orgasmo é um direito da esposa; portanto- é
dever do esposo conceder-lhe a satisfação de
gozá-lo. Esposos lembremo-nos sempre de uma
coisa: quem ama bem acaricia bem!
Ponhamos cm prática, portanto o
comportamento sexual do esposo mostrado em
Cantares. capítulo 7 Aliás, esse é um dos
compromissos conjugais de sentido mútuo, isto
é, que se exige tanto do mando como da esposa,
conforme nos é ensinado pela própria Bíblia (I
Coríntios 7.3-5).
Capítulo 11
ACONSELHAMENTO ÀS VÍTIMAS DE
ABUSO SEXUAL
Apresentamos a seguir algumas
sugestões e técnicas para o aconselhamento
pastoral que deve ser ministrado a pessoas
vítimas de abuso sexual, com o objetivo de
fornecer subsídios aos conselheiros
especialmente para o seu trabalho com três
casos distintos - gravidez ilegítima ou gravidez de
mãe solteira estupro e abuso de crianças.
O QUE ACONSELHAR À MÃE SOLTEIRA
A mídia tem mostrado que a gravidez
ilegítima e principalmente a gravidez de
adolescentes tem aumentado de maneira
alarmante nestes últimos tempos. constituindo
um grave problema para elas próprias e para
suas famílias.
Quase sempre a tendência natural das
mães solteiras é esconder a gravidez durante
todo o tempo possível- por medo da reação dos
pais e familiares e por causa das críticas do seu
melo social. Por outro lado, a ansiedade o
sentimento de culpa- e a autocondenação fazem
com elas se esquivem de buscar ajuda e até
mesmo os cuidados pré-natais.
Também quase sempre que essa
gravidez é descoberta pêlos familiares- surge um
clima de tensão de censuras- de condenação e
de outras emoções desequilibradas- as quais
acabam desembocando no gabinete do pastor ou
no consultório do conselheiro pastoral.
A relação do conselheiro com a
aconselhada deve ser de empatia e completo
apoio e deve constituir-se de alvos específicos-
como.
Trabalhar a auto-estima — Os temores
da jovem mãe devem ser afastados e a ela deve
ser assegurada a liberdade para expressar os
seus sentimentos de ira, de medo- de
condenação de culpa e mágoa enquanto o
conselheiro deve continuar demostrando
aceitação- compreensão e confiança. A princípio-
a aconselhada pode apresentar resistência ao
aconselhamento- sobretudo se foi levada a este
Involuntariamente- ou por não estar conseguindo
confiar nas pessoas- durante o processo do
aconselhamento. Por essa razão apresente-lhe
um Deus pleno de amor, que é compassivo que
compreende e que é perdoador. Nesta primeira
sessão- dê a aconselhada a certeza de que irá
ajudá-la. Procure evitar que ela ou seus
familiares tomem decisões precipitadas- tais
como aborto ou casamento imediato, até que as
emoções retomem o seu equilíbrio natural. Ore
com a aconselhada. Isso terá efeito consolador e
restaurador.
Ajudar a aconselhada a tomar decisões
práticas — Nesta, que deve ser a segunda
sessão do aconselhamento. as principais
46
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
questões a serem abordadas são o destino do
bebê- o casamento e a paternidade Estes dois
últimos assuntos devem ser abordados se antes
da gravidez o casal tinha um bom relacionamento
Se não havia essa condição, tal decisão deve ser
descartada. Permanecer solteira ter e criar a
criança ir viver numa casa de amparo às mães
solteiras ou permanecer na casa dos pais ou
ainda- arranjar quem queira adotar a criança são
abordagens que devem ser consideradas no
processo do aconselhamento. Ao estudar essa
última alternativa o conselheiro deve ouvir outras
pessoas da comunidade como médicos-
assistentes sociais. agencias de adoção e um
bom advogado
Continuidade do aconselhamento — A
mãe solteira necessitará de alguém a quem
possa externar os seus sentimentos sobre a
gravidez e suas emoções as quais necessitam
ser manifestados e resolvidos principalmente se
a criança foi entregue para adoção- Uma
gravidez indesejada ou ilegítima muitas vezes
constitui uma experiência traumática. Por isso, os
conselheiros devem se colocar à disposição da
Jovem mãe para ajudá-la a atravessar todos os
seus momentos de tristeza e de Inseguranças,
para discutir os seus sentimentos e emoções e
para o planejamento do seu futuro.
Se a jovem é membro da igreja ou filha
de membros da igreja, os conselheiros pastorais
devem trabalhar com a Igreja no sentido de que
os crentes se sintam estimulados a demonstrar-
lhe a sua aceitação e o perdão ao Invés de falar
mal dela de reprová-la de rejeitá-la. O tratamento
de todos para com ela deve ser igual ao
tratamento empático e terapêutico de Jesus para
com aquela mulher pecadora (João 8.1-11).
COMO OS CONSELHEIROS DEVEM
PROCEDER NOS CASOS DE ESTUPRO
Dependendo do modo como reagem à
experiência do estupro as vítimas deste tipo de
abuso sexual são consideradas sob três
aspectos ou manifestações
Síndrome traumática do estupro —
Esta síndrome tem início imediatamente após a
ocorrência do estupro e pode manifestar por meio
de sentimentos de ira- medo ansiedade- choque
autocondenação- choro soluços e Inquietude.
Este é um momento em que a vítima está tomada
de um sentimento de terror de culpa por não ter
lutado mais para se libertar das mãos do
estuprador- e apresenta preocupação com a sua
segurança. Há algumas mulheres que se veem
acometidas de um sentimento de "contaminação"
e de "Impureza". E esse é um momento em que
a aconselhada está muito fragilizada e sensível
precisa ser ouvida e aceita precisa de liberdade
para expressar suas mágoas sua ira_ seus
sentimentos feridos e de alguém que a considere
uma pessoa normal e que possa lhe dar
orientação para tomar suas decisões. E, pois,
importante que o conselheiro pastoral não fique à
espera que essa mulher tome a Iniciativa de
procurar aconselhamento. mas vá ao seu
encontro oferecer-lhe a QJL1da terapêutica c
colocar-se disponível para proporcionar-lhe a
assistência de que ela necessita.
Reação composta — Esta é a
segunda resposta ao estupro apresentada por
algumas vítimas
Geralmente são mulheres que têm
dificuldades orgânicas- psiquiátricas e sociais.
Essas mulheres desenvolvem ocasionalmente
sintomas tais como depressão comportamento
psicótico, distúrbios psicossomáticos- o uso de
drogas e de bebidas e comportamento sexual
exibicionista. Nesses casos- a ajuda mais eficaz
do conselheiro consiste em convencer a vítima a
aceitar um tratamento terapêutico profissional e
encaminha-la para esse tratamento _
Reação silenciosa — Este tipo de
reação ocorre com algumas mulheres que foram
molestadas quando crianças ou adolescentes e
nunca revelaram o fato a ninguém e por isso
carregam um fardo psicológico e uma dívida
emocional muito grande. Geralmente- esse tipo
de reação pode provocar nelas ansiedade medo
de homens_ rejeição ao ato sexual normal-
pesadelos, perda da auto-estima- temores
Inexplicáveis de ficar sozinhas em casa ou de sair
sozinhas. Quando acontece de tais mulheres
serem estupradas novamente. em geral- durante
um processo de aconselhamento gastam mais
tempo expondo suas emoções recalcadas
decorrentes do primeiro estupro do que sobre as
experiências do estupro mais recente. Nesse
caso o conselheiro pastoral- usando toda a sua
empatia e utilizando as premissas básicas do
aconselhamento deve ajudá-las a se ajudarem
na reorganização de sua vida e trabalhar a auto-
estima delas- orientando-as. Inclusive a buscar a
ajuda profissional psicanalítica para a cura dos
recalques e psicalgias.
47
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
O ACONSELHAMENTO NOS CASOS DE
ABUSO DE CRIANÇAS
O problema do abuso de crianças em
nossos dias tem se intensificado. conforme
podemos observar quase todos os dias pêlos
noticiários da imprensa, e os abusadores se
encontram relacionados nos segmentos mais
diversos da sociedade, incluindo pais- médicos,
professores e até sacerdotes
Em decorrência dessa realidade-
vão aqui relacionados alguns aspectos
importantes de natureza preventiva, que todo
conselheiro precisa saber para que possa
desempenhar um excelente trabalho de
aconselhamento pastoral nessa área.
Toda criança, tanto do sexo
masculino como feminino: corre o risco de
ser abusada sexualmente.
Os indivíduos que abusam
sexualmente de crianças classificados como
pedófilos, quase sempre foram também- quando
crianças- vítimas de abuso sexual
Não é pequeno- segundo pesquisas, o
número de pessoas que consideram uma coisa
normal o contato sexual entre adultos e crianças.
Qualquer tipo de contato estranho de um
adulto com os genitais de uma criança seja essa
criança do sexo masculino ou feminino, como
carícias e manipulações- ainda que não resulte
no coito- constitui abuso sexual c deve ser
repelido. como também a criança deve ser
protegida
O conselheiro pastoral também deve
estar capacitado para orientar às crianças que:
 Toda criança tem o direito de
exercer controle sobre tudo o que ocorre com o
seu corpo e. assim- não permitir que ninguém
toque nos seus genitais a não ser por ocasião de
exames médicos e mesmo assim na companhia
de seus pais.
 Toda criança tem o direito de
resistir a quem quer que manifeste intenção de
abusar dela, e avisar a um adulto de sua
confiança.
 Toda criança está livre de
guardar segredo sobre abusos consumados ou
Intenção de abuso ainda que o abusador seja seu
pai. sua mãe ou qualquer outro parente ou
pessoa amiga da família
 Nenhuma criança é culpada nem
pode ser considerada responsável pelo abuso
sexual cometido ou tentado contra ela.
Características comportamentais que
podem denotar se uma criança foi ou está sendo
vítima de abuso sexual e que os conselheiros
pastorais precisam conhecer
 Adota um comportamento de
falsa maturidade. como se vestir como se fosse
um adulto- usar maquiagens e vestes
insinuantes durante alguma conversa
inesperadamente. apresenta um conhecimento
sexual avançado para sua idade.
 Vez por outra, apresenta-se
deprimida ou com sentimentos suicida.
 Apresentam desinteresse pêlos
estudos e ausenta-se regularmente da escola.
 E
Incapaz de concentrar-se e apresenta baixo
rendimento escolar.
 Demonstra
agressividade ou passividade excessiva.
 São encontradas manchas de
sangue nas peças de roupas íntimas e manchas
rochas na região glútea ou nos genitais- etc
Algumas atitudes que devem ser
tomadas pêlos conselheiros pastorais no seu
trabalho de assistência às crianças vítimas de
abuso sexual.
 Estabelecer um vínculo de
confiança e de apoio com as crianças abusadas
e colocar-se disponível para elas, para ajudá-las
a ter restaurada a sua dignidade
 Trabalhar a auto-estima da
criança abusada e exaltar os seus valores
pessoais. para que- assim- ela volte a sentir-se
como gente e não continue a sentir-se como
objeto
 Tratar o
assunto abuso sexual com delicadeza e respeito.
 Capacitar a criança para
entender que o fato de ter sido vítima de abuso
sexual. apesar de ter sido algo horrível- não tira
dela o seu valor Inestimável como criatura de
Deus
48
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
A IMPORTÂNCIA DO ESPÍRITO SANTO
NO ACONSELHAMENTO
A ação principal do Espirito Santo
durante o processo de aconselhamento pastoral
é a de convencer. E Importante- contudo, que
saibamos fazer distinção entre a convicção da
consciência e a convicção do Espírito Santo.
A consciência convence do erro
praticado. O Espírito Santo convence do erro do
próprio ser. O Espírito Santo nos convence- ao
mesmo tempo em que faz surgir um raio de luz
revelando as alternativas de vitória.
O CONFORTO DO ESPÍRITO SANTO
Uma das ações pessoais do Espírito
Santo é classificada pelo termo conforto em Atos
9.31. passagem em que é usada a mesma
palavra empregada por Jesus no capítulo 14 do
Evangelho de leão onde é traduzida como
consolador ou confortador:
Sem dúvida isso se refere ao auxílio da
amizade e da direção do Espirito Santo e está
relacionado não apenas à vida do cristão. de
modo geral mas à vida da igreja- pois esta foi
estabelecida como resultado do amor infinito e
perfeito de Deus para com os homens
Deus moveu seu coração no sentido de
reorganizar a Vida do homem a partir do seu ser
espiritual- isto é- a partir da sua restauração
espiritual e- por conseguinte- reestruturar a vida
integral do homem- e esta ação de Deus, é
operada pelo Espirito Santo que é o agente
comunicante da graça de Deus.
O ESPÍRITO SANTO SUPRE AS CARÊNCIAS
DA ALMA HUMANA (ROM 15.13; 11 7.4;
(71.5.22)
Na alma tem lugar a sede do nosso ego
com os seus Estados de Ego. que são sistemas
coerentes de pensamentos e sentimentos
manifestados por padrões de comportamentos
correspondentes
E da alma a faculdade dos sentimentos e
das emoções. Ela tanto sente como se ressente.
Olhando por essa ótica vemos que a alma tem
carências. E essas carências- enquanto não são
supridas geram comportamentos estranhos à
personalidade do homem, causando
circunstâncias multo Incómodas como a
ansiedade, a angústia, a depressão, as diversas
manifestações de neurose e outros quadros de
tensão emocional, que por sua vez acabam
dando origem a situações de bloqueios tanto no
nível emocional como no espiritual.
Uma alma carente é uma alma faminta. E
a maior carência da alma humana se expressa
pela ausência total ou parcial da comunhão com
o Espirito Santo e com Jesus Cristo (Efésios
2.1,2: I João 1.3, 4).
As Escrituras Sagradas nos dão uma
visão clara acerca das carências da alma do
homem. Elas nos mostram que alma sente.
• Sede ou anseio (Salmos 42.1. 2: 63.1:
143.6) — Buscando definir com exatidão a
Intensidade da sede de sua alma, o salmista
procura ilustrar esse fato usando a figura de uma
tímida corsa a suspirar e a correr por causa da
sede que a angustiava. Essa figura serve para
ilustrar o senso de Intensidade da requeimante
necessidade que a alma humana experimenta da
presença do Ser Divino no seu ser.
A IMPORTÂNCIA DO ESPÍRITO SANTO
NO ACONSELHAMENTO
Vivemos hoje no contexto de uma
sociedade composta de homens e de mulheres
tristes. De homens e mulheres cheios de fobias-
de inseguranças, de frustrações e de traumas
emocionais. São pessoas que embora tenham
uma vida funcional ativa e se relacionem no seu
meio com centenas de outras pessoas vivem
reclamando de baixa auto-estima.
O que ocorre com essas pessoas? E que
elas vivem um tipo específico de senso de
isolamento ou de solidão. O psicólogo cristão C.
W. Eilison defende a ideia de que há três tipos de
solidão:
Solidão emocional — Decorre da falta
ou da perda de um relacionamento
psicologicamente íntimo com outra pessoa ou
com outras pessoas. O indivíduo
emocionalmente solitário pode, todavia,
recuperar-se à medida que restabelecer novos
relacionamentos em profundidade.
Solidão social — Caracteriza-se pêlos
sentimento de falta de propósito, de sentido
49
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
também por ansiedade e vazio interior. O
indivíduo sente-se como se estivesse fora do
contexto da sociedade ou à margem da vida.
Para superar sua solidão- ele necessita de um
grupo de apoio que o aceite e que também o
ajude a construir um relacionamento de
associação.
Solidão espiritual — Alguns
classificam também este tipo de solidão como
solidão existencial. Ela é causada pelo
sentimento de isolamento que acomete a pessoa
que vive afastada de Deus. A consciência disso
provoca uma inquietude interior e isto resulta na
impressão de que a vida perdeu o seu sentido.
Isso leva o Indivíduo a urna busca desesperada
desse sentido em situações que proporcionem
fortes emoções como bebida sexo e drogas.
Alguns buscam esse sentido na filantropia- na
participação de reuniões e atividades sociais no
trabalho excessivo e estafante- em viagens em
atividades esportivas, etc., mas todos acabam
fracassando, pois quando se encontram a sós
consigo mesmos percebem que todo esforço tem
sido inútil e que não estão curados da solidão.
Para poder curar-se de sua solidão espiritual ou
existencial o Indivíduo necessita vivenciar uma
experiência íntima e continuada com o Espirito
Santo para- assim restaurar o seu referencial de
Deus por meio de um relacionamento pessoal de
comunicação e de comunhão com Jesus Cristo
Esse tipo de solidão é causado por pecados não
reconhecidos ou não confessado culpas não
perdoadas e atitudes de rebelião contra Deus.
Enquanto essa situação não for resolvida e bem
resolvida nada satisfará as carências do
indivíduo, pois a sua alma está com sede de
Deus- está carente de Deus- está
tremendamente carente da água viva (João
7.38), e só o Espírito Santo poderá levá-lo à fonte
da água viva (João 4.14).
Abatimento ou depressão- o estado
de abatimento depressivo pode ser identificado
multo claramente quando lemos os Salmos 38.
42. 43. 69. 88 e 102.
Além desses, há vários outros textos
bíblicos que sugerem um estado depressivo da
alma. Podemos citar, por exemplo. Laias 57.15,
66.2: Provérbios 17.22 e II Coríntios 4.8, 9.
Todos estes textos provam que não
existe apenas a depressão de origem emocional
ou somática. A depressão também pode ter
origem espiritual.
Segundo a psiquiatria a depressão pode
acontecer em qualquer idade, até mesmo na
infância.
A depressão do salmista ou o abatimento
de sua alma (ref. Nos textos citados) manifestava
um processo muito doloroso. O pecado não
confessado e Incubado na alma constitui uma
das situações que pode levar a pessoa a
tamanhos sofrimentos. E assim ocorre porque o
pecado é um agente infeccioso que afeta
primeiro a mente e depois o corpo, por meio de
manifestações sintomáticas que se caracterizam
tanto por Intermédio de quadros patológicos
acidentais- como também por afecções nervosas
e psicossomáticas,
Esse era o caso de Davi. No Salmo 32,
nos seus versos 3 e 4 ele descreve o seu estado
crítico de depressão, de angústia e de aflição da
alma e do corpo. Ele mesmo fala de sua
experiência- ao afirmar. "Enquanto calei os meus
pecados. envelheceram-se os meus ossos pêlos
meus gemidos todo o dia"
Com essas palavras Davi mostra o
quanto são terríveis os efeitos psicossomáticos
do pecado. Tão terríveis a ponto de sentir que os
ossos de todo o seu corpo estivam envelhecidos
e enfraquecidos- tomados de nevralgias
reumáticas que o forçavam a gemer e a carpir
dores intensas todos os dias.
Na realidade. Davi não estava sofrendo
nenhum ripo de patologia relacionada com suas
articulações ou com sua estrutura óssea, mas
estava ocorrendo no seu corpo um fenômeno
biológico acidental. Aparentemente ele estava
acometido de um tipo específico de artralgia ou
de artrite no entanto- esse não era o seu quadro
clínico real. A sensação dolorosa nos seus ossos
era apenas um mal sintomático. Todo o seu
sofrimento era apenas efeito psicossomático do
pecado não confessado e incubado na sua alma
A sua psique estava sob a ação infecciosa da
enfermidade do pecado em sua alma, e isso se
refletia em todo o seu sistema estrutural. A
exemplo de Davi. Existem milhares de homens e
mulheres vivendo a mesma situação, buscando
desesperadamente paz. Para a sua alma, cura
para os males interiores e sentido ou expressão
50
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
para a vida, porém isto só lhes será possível
mediante uma comunhão sincera com Jesus
Cristo e uma entrega Incondicional ao Espírito
Santo, permitindo-lhe que assuma o controle total
de todo o seu ser.
Na qualidade de conselheiros pastorais
ou conselheiros cristãos, portanto, não podemos
abrir mão do concurso do Espírito Santo em todo
o nosso trabalho terapêutico, e dele devemos
depender para ministrar a todos quantos
busquem a nossa ajuda e os nossos conselhos,
principalmente porque é ó Espírito Santo quem
nos vocaciona e capacita para toda a obra.
UM ESBOÇO DA ÉTICA NO
ACONSELHAMENTO
Ética- do grego ethiké é a ciência da
moral- relativa aos costumes. Divide-se em ética
profissional ética situacional e ética social. A
teologia moral é também chamada de ética
teológica. Cada uma dessas divisões tem sua
própria definição. A ética é também conhecida
como filosofia moral e tem por objetivo o exame
filosófico e a explicação dos chamados fatos
morais. Incluem-se entre os fatos morais as
normas as atitudes e as manifestações da
consciência.
Interessa-nos diretamente a ética
profissional, à qual compete a observância das
normas que devem ser obedecidas tanto
individualmente como reciprocamente pêlos
profissionais de qualquer área. quanto ao
guardar sigilo das informações recebidas por
cada um deles
O SIGILO NO ACONSELHAMENTO
No aconselhamento pastoral isso não é
diferente. Aliás os pastores os conselheiros
pastorais os médicos e os advogados estão
incluídos num grupo de pessoas que não podem
ser obrigadas. sob nenhuma hipótese- a declarar
ou fornecer Informações ou dados sigilosos que
lhe foram confiados durante o exercício de sua
atividade profissional pois têm para isso amparo
legal e constitucional. Quando alguém nos
procura em busca de ajuda, traz consigo na
maioria das vezes a premente necessidade de
abrir o seu coração para declarar ou confessar
segredos que em muitos casos- durante muito
tempo- jamais tiveram coragem de confessá-los
a ninguém, por mais digno que lhe parecesse.
Portanto. o conselheiro pastoral precisa
estar consciente de que tudo quanto lhe for dito
pelo aconselhando deve merecer
necessariamente um tratamento confidencial-
pois ele conta com a simpatia com a empada ou
a compreensão a serenidade e o sigilo ético do
conselheiro
Quanto a esse sigilo ético- apresentamos
adiante dez princípios ou condutas que devem
ser obedecidas pêlos conselheiros pastorais:
 Não envolver outras pessoas no
processo de aconselhamento sem a autorização
expressa do aconselhando- ainda que seja para
orar por ele. Aliás- até mesmo com a permissão
deles isso não é seguro para a preservação do
sigilo.
 Preservar a todo custo a
Inviolabilidade das confidências reveladas pelo
aconselhado. Não as contar a ninguém sob
nenhuma hipótese- e muito menos lhes fazer
referência em sermões ou palestras, à guisa de
ilustração ou do que quer que seja.
 Evitar qualquer espécie de
relacionamento pessoal mais íntimo com a
pessoa aconselhada ou tocá-la
desnecessariamente especialmente a de sexo
oposto além dos abraços e apertos de mãos dos
cumprimentos normais buscando assim impedir
que aflore qualquer emoção Imprópria, qualquer
laço do diabo ou qualquer suspeita dos
fofoqueiros.
 Arquivar em lugar seguro o
material escrito ou os registros das sessões de
aconselhamento, às quais pessoas
desautorizadas não tenham acesso. Melhor será
se esses registros puderem ser guardados em
arquivo do computador. Fichas em pastas ou em
arquivos abertos não devem ficai sobre a mesa
do consultório ou do gabinete pastoral- para que
pessoas estranhas não tenham acesso às
informações nelas contidas.
 Não julgue- não critique nem
censure outros conselheiros- outros pastores ou
os profissionais de saúde mental com os quais a
pessoa aconselhada já tenha porventura feito
algum tipo de tratamento anteriormente. Ainda
que a pessoa aconselhada, por alguma razão,
frustração, raiva ou desilusão- fale mal ou se
queixe do tratamento que receberam de outros
conselheiros ou de algum profissional, não
compartilhe com ela esse procedimento. Isso
pode ser uma armadilha. Ela pode estar
51
 ACONSELHAMENTO PASTORAL
desabafando, mas também pode está testando
você- testando o seu senso de ética.
 De modo algum- fale ou revele a
um aconselhando detalhes de casos de outras
pessoas a quem você está tratando. Tal
procedimento poderá levar a pessoa a imaginar
que você é faltoso para com o sigilo ético e que
poderá também falar dela para outros em outras
sessões. Se isso ocorrer, fatalmente instalará no
aconselhando resistência ao tratamento.
 Um conselheiro deve ter local
fixo e horários agendados para as sessões de
aconselhamento. Isso é Indispensável e
Importante para a privacidade e o sigilo do
aconselhamento- como também para evitar a
invasão de limites de tempo da consulta. O
aconselhamento pastoral não deve ser feito na
porta da igreja ou na saída do culto. Quando
procurado por alguém em tal situação o
conselheiro poderá ouvir a pessoa acerca do que
se trata- e então marcar um horário para atendê-
la no seu consultório. O fato de o conselheiro ter
seu consultório fixo em local certo e conhecido é
multo importante sobretudo quando a pessoa a
quem ele está tratando tem cônjuge inseguro e
ciumento. Assim se evita que esse cônjuge
interprete as sessões de aconselhamento como
encontros de possível natureza passional ou de
envolvimento amoroso.
Quando durante õ processo de
aconselhamento o conselheiro perceber que a
pessoa aconselhada s/ está desenvolvendo
sentimentos ou lhe transferindo sentimentos
passionais o conselheiro deve aguardar que a
pessoa lhe declare esses sentimentos. Feito isto,
o conselheiro deve deixar claro para a pessoa
aconselhada que os seus sentimentos
extrapolam a relação terapêutica de ajuda e não
podem ser correspondidos. Em seguida- deve
afirmar que o tratamento de uma pessoa
apaixonada pelo conselheiro perde totalmente o
objetivo, porque bloqueia o processo de
superação ou de cura dos sintomas ou dos
problemas trazidos no início da terapia- e que por
isso terá de ser Interrompido e encaminhado a
outro conselheiro, para o bem da pessoa
aconselhada. Se porventura a pessoa não
declarar seus sentimentos- mas o conselheiro
perceber a sua evidente persistência, deve abrir
o assunto com a pessoa e dizer-lhe que tem
percebido a evidência desses sentimentos. Por
conseguinte, deve fazer-lhe os mesmos
esclarecimentos e. em seguida tomar a mesma
Iniciativa- isto é- encaminhá-la a outro
profissional. Mesmo que a pessoa fique
magoada, é preferível que este seja o
procedimento. Os seus prejuízos serão
infinitamente menores do que os que poderiam
resultar de um envolvimento passional entre o
conselheiro e a pessoa aconselhada.
 Quando em qualquer fase do
processo de aconselhamento- o conselheiro
perceber em si mesmo qualquer emoção que
ultrapasse o sentimento de empáfia e de carinho
pela pessoa aconselhada de sexo oposto, isto é.
qualquer tendência de desenvolvimento de
sentimentos passionais o próprio conselheiro
deve tomar a iniciativa de Interromper o
tratamento e. em seguida o encaminhamento da
pessoa evitando, assim, possíveis falácias e
estragos para o seu ministério.
 Um conselheiro pastoral deve
reconhecer as suas próprias limitações. Nem
todos os casos podem ser resolvidos pelo
conselheiro pastoral. Existem casos muito
difíceis, que fogem à alçada do aconselhamento
pastoral e ainda que o conselheiro dê todo o
possível de si poderá não obter qualquer
resultado positivo. Dentre esses se enquadra à
situação das pessoas mentalmente enfermas.
Por isso- é Importante que o conselheiro saiba
identificar as características comportamentais
das pessoas portadoras de distúrbios mentais ou
saiba distinguir as manifestações normais das
patologias neuróticas de ansiedade e angústia,
para que possa definir o que pode ser tratado
mediante ajuda terapêutica do aconselhamento
pastoral e o que necessita de tratamento
psiquiátrico. Há alguns sintomas que podem
ajudar o conselheiro nessa definição. Por
exemplo, diálogos ou conversação irracional
manifestação de fobias como temores mórbidos
e injustificados, manias de perseguição- atitudes
compulsivas. como lavar as mãos a todo o
momento comportamento antissocial de
isolamento, escutar vozes e ver seres ou coisas
que não existem na realidade- tendências auto
suicidas- etc. Pacientes com tais características
geralmente não reagem positivamente ao
tratamento do aconselhamento pastoral. Nesses
casos, após a avaliação de praxe- a pessoa deve
ser encaminhada imediatamente a um psicólogo
ou a um psiquiatra cristão. de preferência.
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