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ESCOLA TEOLÓGICA DA ASSEMBLÉIA DE DEUS – PARNAMIRIM /RN – ACONSELHAMENTO CRISTÃO

ACONSELHAMENTO CRISTÃO - PLANO DE CURSO

ESCOLA TEOLÓGICA DA ASSEMBLÉIA DE DEUS EM PARNAMIRIM


DISCIPLINA: ACONSELHAMENTO CRISTÃO
PROFESSORA: RÉGIA CARVALHO

EMENTA:

Perfil e campo de atuação do Conselheiro Cristão; suporte teórico básico para a compreensão
dos processos que envolvem as pessoas sob o efeito de problemas de ordem psíquica,
emocional e espiritual.

OBJETIVOS:
1. Conhecer o objeto de estudo, campo de atuação, fundamentos teóricos, princípios gerais e
ética no Aconselhamento Cristão;
2. Conhecer a origem e consequências dos principais problemas e dificuldades do
Aconselhamento;
3. Entender os mecanismos de superação das dificuldades a fim de tornar eficiente o
Aconselhamento;
4. Compreender de forma inequívoca os princípios bíblicos a respeito do Aconselhamento
Cristão.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
1. Panorama histórico
2. Conceitos e definições
3. Abordagens e perspectivas teóricas
4. Métodos de aconselhamento
5. Propósitos do aconselhamento cristão
6. Técnicas de aconselhamento cristão
7. Desafios e oportunidades no aconselhamento cristão
8. Especificidades do aconselhamento cristão
9. Embasamento bíblico para o aconselhamento cristão

AVALIAÇÃO:
A avaliação será feita através de exercício individual.

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................

I – CONCEITOS E DEFINIÇÕES IMPORTANTES .......................................................

II – MÉTODOS DE ACONSELHAMENTO ....................................................................

III – PROPÓSITOS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO ............................................

IV – PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO .............................

V – RECOMENDAÇÕES E TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO CRISTÃO ...........

VI – ALGUNS PROBLEMAS: INTERVENÇÕES ..........................................................

VII – ACONSELHAMENTO DE ADOLESCENTES ......................................................

VIII – ACONSELHAMENTO DA TERCEIRA IDADE ....................................................

IX – EMBASAMENTO BÍBLICO PARA O ACONSELHAMENTO CRISTÃO ..............

X – CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................

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INTRODUÇÃO

“Eu, a Sabedoria, habito com a prudência e acho a


ciência dos conselhos”. (Pv 8.12)

Esta apostila não trata de Aconselhamento Psicológico, mas de


ACONSELHAMENTO CRISTÃO, cujo objetivo primeiro é ajudar pessoas sob as luzes
restauradoras da Bíblia Sagrada. Toda a Bíblia está repleta de exemplos de homens e mulheres
que, sob a direção do Espírito Santo, ajudaram, encorajaram, estimularam, apoiaram,
orientaram, aconselharam pessoas em situações de necessidade. Jesus é o “Maravilhoso
Conselheiro” e nós, Seus discípulos, fomos por Ele capacitados para pregar e ajudar pessoas
com necessidades espirituais e psicológicas.

As Epístolas do Novo Testamento constituem-se num verdadeiro manual de


técnicas de Aconselhamento Cristão no que tange à cura, ao apoio, à orientação e reconciliação.

Num certo período da história, o aconselhamento era de responsabilidade de


teólogos. Depois, tornou-se disciplina especializada (principalmente na fase de efervescência da
Psicanálise), sob a responsabilidade exclusiva de médicos, absolutamente fora do alcance da
capacidade de pastores e, principalmente, dos leigos sem treinamento especial. É bom que se
diga que, para Freud, criador da Psicanálise, as pessoas religiosas invariavelmente tinham
complexos neuróticos que poderiam interferir na eficácia do aconselhamento.

No ano de 1920 um grupo de pastores e médicos começou a mudar o quadro.


Um escritor ministro do evangelho, Anton T. Boisen, que durante os primeiros sessenta anos da
sua longa vida passou por vários colapsos psicóticos, chegou à conclusão que a igreja estava
negligenciando o campo da saúde mental e iniciou um programa de treinamento no Hospital
Estadual de Worcester, em Massachussets para alunos dos seminários para trabalhar com
doentes mentais. A partir deste começo simples, surgiu a Educação Clínica Pastoral e o
Aconselhamento tornou-se uma disciplina altamente organizada.

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À parte essas poucas informações históricas, vale salientar que o


Aconselhamento Cristão tem como objetivo primeiro ajudar a pessoa a compreender as causas e
consequências de seus problemas e dificuldades, sinalizando para Cristo, Autor e Consumador
da Fé, provedor Único e Absoluto da Paz perfeita, da Alegria verdadeira.

Segundo a Bíblia, todo cristão deve ter uma solicitude prática e sacrificial com as
necessidades dos seus semelhantes. Tiago nos relembra repetidas vezes que nossa fé está
morta se não se demonstra na solicitude prática para com os outros (Tg 2.14-20). Devemos estar
preocupados com os interesses do próximo (Fp 2.4). A orientação bíblica é para nos alegrarmos
com os que se alegram e chorar com os que choram (Rm 12.15). É o comportamento
genuinamente cristão.

Nos dias atuais, muitas pessoas apresentam perturbações psíquicas; têm


doenças emocionais; apresentam condutas inadequadas provenientes, muitas vezes, da
educação, dos meios de comunicação de massa que invertem e pervertem valores e princípios;
reagem com manifestações psicossomáticas; vivem em relacionamentos conflituosos e infelizes.

Para que o Conselheiro aja com eficácia, é necessário conhecer a causa e


possibilidades de solução dos problemas, conhecer as técnicas de aconselhamento,
compreender noções básicas do psiquismo humano. É preciso pautar a ação na Palavra de
Deus, agir com compaixão, humildade, sensibilidade, compreensão, discrição, amor.

O aconselhamento psicológico tem uma característica marcante no que tange à


orientação. Em geral a abordagem utilizada no aconselhamento psicológico é a humanista-
secular. Humanista porque é humanocêntrica e secular porque é temporal, transitória. Essa
abordagem não leva Deus em conta. Fundamenta-se em teorias que visualizam apenas o
psiquismo humano com suas origens e prováveis conseqüências. Consiste na Psicoterapia, que
está voltada exclusivamente para o ser humano, numa posição claramente antropocêntrica.
Embora queira construir uma pseudoautoridade embasada em conhecimentos ditos científicos,
não responde a todas as perguntas, não satisfaz aos mais profundos anseios da alma humana,
reconhecidamente carente de Deus, seu Criador e Mantenedor.

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O aconselhamento cristão fundamenta-se na existência de um Deus eterno que


tem para a humanidade propósitos especiais. Sua preocupação é que o homem tenha paz com
Deus e se saiba pertencente a Ele. No aconselhamento Cristão, Deus entra num relacionamento
e usa o conselheiro como Seu instrumento para levar a efeito mudanças na vida do
aconselhando. Espera-se que estas mudanças venham a restaurar a harmonia entre o
aconselhando e Deus, melhorar seus relacionamentos com os outros, reduzir seus conflitos
interiores, e derramar a Paz que ultrapassa qualquer entendimento humano. O discípulo de
Cristo esforça-se para praticar essa abordagem através da intervenção do Espírito Santo.

Ajudar as pessoas através do Aconselhamento Cristão é um desafio difícil e


exigente. Não é uma tarefa que possa ser assumida levianamente. É a dedicação de ser o
instrumento de Deus na transformação da vida de outra pessoa. O bom conselheiro faz
discípulos saudáveis de Cristo. O discípulo de Cristo espera que, afinal, seus ajudados cresçam
na dedicação a Jesus Cristo e no conhecimento dEle. Não se quer dizer com isto que a
evangelização e a maturação espiritual sejam os únicos alvos do aconselhamento, mas
certamente estes são objetivos primordiais.

I – CONCEITOS E DEFINIÇÕES IMPORTANTES:

1.1. Aconselhamento: O dicionário Aurélio define como ato ou efeito de aconselhar; etapa
de orientação educativa em que o orientador auxilia o outro nas escolhas; forma de
assistência psicológica para solução de leves desajustamentos de conduta. Quanto ao
significado de “aconselhar”, Aurélio define como: “indicar a vantagem de; recomendar”.

1.2. Humanismo: Filosofia moral que coloca o homem como primordial numa escala de
importância. Trata-se de uma perspectiva de caráter ético e moral que atribui maior
importância à dignidade, aspirações e capacidades humanas, em especial, a
racionalidade. Opõe-se ao apelo sobrenatural ou a uma autoridade superior ao homem,
principalmente com relação a Deus. Os humanistas seculares são mais racionalistas e
empiristas e, por conseguinte, recusam explicações espirituais e/ou transcendentais. Os

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humanistas religiosos costumam ser deístas ou liberais. O humanismo positivista


comtiano (de Comte) rejeita frontalmente a teologia.

1.3. Psiquismo: Conjunto de características psicológicas de um indivíduo, incluindo os


fenômenos psíquicos e processos mentais.

II – MÉTODOS DE ACONSELHAMENTO:

2.1. MÉTODO AUTORITÁRIO: (Impõe!). Implica em ordenar, proibir, repreender, ameaçar


e reprimir. É comum em relações hierárquicas (pai/filho; chefe/subordinado). Esse
método costuma ter um efeito negativo mesmo quando redunda em aparente sucesso, já
que a pessoa não tem oportunidade de refletir e decidir por seu raciocínio e juízo,
voluntariamente.

2.2. MÉTODO EXORTATIVO: (Propõe). O orientador se empenha em fazer com que o


orientando aja de acordo com aquilo que acha que é melhor para o aconselhado. De uma
certa maneira, o conselheiro persuade, convence o aconselhado a seguir o rumo que
julga conveniente para a determinada situação.

2.3. MÉTODO SUGESTIVO: (Sugere). Utiliza técnicas sugestivas de encorajamento e


suporte, geralmente reprimindo a problemática. É muito comum em situações em que a
pessoa não se encontra em condições de tomar decisões por algum motivo relevante
(ex.: início de tratamento de esquizofrenia ou outro transtorno psicótico; em tratamento
de dependência de drogas na fase da crise de abstinência).

2.4. MÉTODO NÃO-DIRETIVO: (Coopera). Foi criado por Carl Rogers, psicólogo
humanista que criou a abordagem centrada na pessoa (ACP). Implica numa maior
responsabilidade do orientando. A pessoa é mais importante que o problema. A situação
oferece uma oportunidade de amadurecimento pessoal. O conteúdo emocional é mais
importante do que o conteúdo factual ou intelectual. Este método é muito útil porque
considera a responsabilidade individual e intransferível da pessoa na tomada de

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decisões. O orientador é capaz de manter seu próprio senso de individualidade e de


conservar a perspectiva emocional sobre as dificuldades do orientando.

III – PROPÓSITOS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO:

O conselheiro não deve decidir pelo outro, mas ajudá-lo a decifrar seus
problemas. Aconselhar não significa convencer uma pessoa que precisa de ajuda ou levá-la a
aceitar “receitas para a vida”, porque cada indivíduo é singular em suas características.
Aconselhar não significa persuadir, impor autoridade, podar e limitar a capacidade decisória do
aconselhado. Deus nos deu o livre-arbítrio. Temos direito e dever moral diante de Deus de fazer
escolhas pelas quais responderemos um dia (Rm 14.12; Mt 12.36; 1 Pe 4.5). Uma pessoa
carente de aconselhamento experimenta na conversa com o conselheiro quem ele é, que
escolha ele próprio tem a fazer entre muitas possibilidades; e esta decisão lhe é facilitada.

Algumas vezes o aconselhado pode estar buscando confirmação para suas


“razões”; um apoio pessoal contra outra pessoa ou contra uma situação específica; um mediador
imparcial em conflitos e desavenças insolúveis; uma pessoa que possa falar por ela; um “bode
expiatório” para conseguir alívio pessoal. O conselheiro precisa estar atento para detectar quais
são as motivações do aconselhado e dimensionar com clareza suas próprias motivações.

Se o aconselhamento é algo como uma ajuda para tomar decisões, ele serve ao
mesmo tempo para educar e para assumir responsabilidade. Neste sentido o aconselhamento
tem um aspecto educativo que implica o conselheiro na responsabilidade.

O sentido do aconselhamento cristão reside em alguns pontos que não estão aqui
postos em escala de prioridade porquanto se constituem num conjunto. Por exemplo, o
aconselhamento consiste em ajudar uma pessoa a:

 Conhecer-se mais a fundo (Pv 4.23-27; 14.8; 20.27; 1 Co 4.1-5; Sl 19.12; 44.21; 69.5;
139.23,24);

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 Reconhecer-se e aceitar-se de forma mais honesta, para ser mais autêntica (Pv 11.9,11;
28.13; Sl 119.67);

 Ser menos dependente (Pv 13.20; 25.17);

 Ser menos arrogante (Pv 1.5; 3.5,7; 8.13; 13.10; 16.5,18; 21.24; 26.12; Sl 75.5);

 Portar-se de modo mais descontraído (Fp 4.4,12; 1 Ts 5.16; Sl 68.3);

 Irritar-se com menos facilidade (Pv 14.17; 15.1,18; 29.22; Cl 3.8);

 Lidar de modo mais harmonioso com as pessoas próximas (Pv 3.3,4; 16.7; Fp 2.3; Ef 4.2;
Rm 15.2; 12.18);

 Ser e portar-se de modo mais tolerante (Cl 3.12-17; Tg 3.13-18; 2 Co 13.11);

 Compreender melhor o sentido da sua vida Cl 1.10; 2 Co 5.15; Ef 2.10; Cl 1.10; 3.17;
4.5,6; 2 Tm 3.17; Hb 6.9);

 Importar-se mais com o bem-estar do outro, respeitar seus direitos, anseios e


necessidades (Pv 11.25; Hb 12.12-15);

 Atingir maior maturidade pessoal e espiritual (Pv 4.18; Hb 13.20,21; Ef 4.12,13);

 Reconhecer suas próprias intenções e objetivos inconscientes e corrigi-los, se necessário


(Pv 14.30; 18.16; 19.6; Sl 66.18);

 Adquirir a capacidade de levar uma vida responsável (Pv 12.10,11; 20.11);

 Reconhecer a necessidade de um relacionamento mais pessoal com Jesus Cristo e


buscar isto (1 Ts 5.16-23; 1 Co 5.17).

IV – PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO:

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4.1. O parâmetro: A Bíblia Sagrada é a única regra de fé e prática na vida do cristão. Isto
não impede que nenhum conhecimento científico seja examinado (1 Tm 6.3-5; 1 Ts
5.21). Porém, nenhuma teoria ou princípio que contrarie as Santas Escrituras é digno
de consideração.

4.2. Autoconhecimento: O Conselheiro precisa considerar sua própria personalidade,


valores, crenças e atitudes. As palavras de Paulo aos Gálatas (5.22-25; 6.1-10) são
bastante esclarecedoras. Não há espelho mais fiel para que conheçamos o perfil do
Conselheiro que Jesus quer que você seja. Os padrões são altos, mas podem ser
atingidos, com a ajuda do Espírito Santo.

4.3. Intenções e motivações: É preciso identificar com clareza as verdadeiras


motivações do trabalho do Conselheiro: seria curiosidade? Necessidade de poder?
Desejo de ampliar relações? Transferência, identificação? Vontade de socorrer, ser
útil? Paixão pelas almas, desejo de ajudar? Uma vez reconhecidas as motivações,
trabalhar sobre elas.

4.4. Interrelação: O Conselheiro precisa estabelecer empatia, cordialidade, sinceridade,


confiança, cooperação, compreensão, compaixão, solidariedade, perseverança,
generosidade, autenticidade.

4.5. Cooperação: É preciso que haja colaboração mútua no Aconselhamento Cristão.


Aconselhador e aconselhando devem estar imbuídos dos mesmos propósitos. Muitas
vezes, o primeiro trabalho do Conselheiro é estabelecer a sintonia dos alvos.

4.6. Sigilo: Cuidado com o vazamento de confidências. Se você não for capaz de guardar
segredos, nem tente ser conselheiro, pois vai criar mais problemas do que ajudar.

4.7. Isenção: O conselheiro não deve aliar-se com o aconselhado contra terceiros.
Nunca! A imparcialidade e isenção são essenciais, além da prudência e discrição.

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4.8. Precauções: Não é bom ignorar a questão da sexualidade do conselheiro e do


aconselhado, pois a camaradagem, a empatia podem gerar outros sentimentos entre
ambos. Outras precauções devem ser tomadas para evitar problemas no
aconselhamento: evitar proximidade exagerada, contatos excessivos, vínculos
codependentes.

V – RECOMENDAÇOES E TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO CRISTÃO:

5.1. Observação atenta: focalize sua atenção nas emoções, no comportamento, nas
atitudes, nas palavras, nos gestos do aconselhando. Observe muito atentamente. Muitas
vezes as pessoas falam coisas e demonstram outras. Sensibilidade é a palavra para uma
atitude eficaz do Conselheiro.

5.2. Escuta empática: se você não for capaz de OUVIR com toda a sua atenção a outra
pessoa, jamais será um bom conselheiro. Jesus, apesar de ter conhecimento perfeito da
personalidade íntima das pessoas e dos problemas delas (Jo 2.25), escutava com
paciência (Lc 24.13-24). Existe um valor terapêutico em colocar em palavras as
dificuldades, compartilhá-las com outras pessoas, todavia, não existe nada mais terrível
do que falar com alguém que não presta atenção ao que estamos falando. Por outro
lado, é preciso colocar-se no lugar do outro, sentir-se “na pele do outro”, a fim de
compreender o que ele está realmente passando. Para OUVIR BEM E COM EMPATIA,
eis algumas sugestões:

 Ponha toda a sua atenção na pessoa que está falando, resista às distrações;

 Avalie o conteúdo bem como o modo como está sendo exposto. Pelo fato de você
estar só ouvindo, sua mente pode trabalhar mais rápido (com menos ruídos) e analisar
com clareza tudo o que está sendo falado pelo outro;

 Controle suas emoções, evite julgamentos pessoais. Fuja da tentação de se sentir


“uma autoridade” sobre qualquer assunto que seja. Seja simples, humilde, prudente e
sábio;
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 Não faça perguntas em demasia, mas não fique num silêncio sepulcral. Com
sensibilidade observe quais são os momentos adequados para interferir com
perguntas ou pequenos comentários, para que o aconselhando sinta sua participação
e interesse. Use as palavras dele para fazer as colocações. Tente não interromper um
fluxo de pensamentos;

 Vá devagar com os conselhos. O ideal é conduzir a conversa de forma que o


aconselhando tire as conclusões necessárias para a condução do aconselhamento.
Evite a arrogância. Não presuma que você tem respostas prontas porque cada
indivíduo e cada situação são singulares, únicas. Só Deus sabe todas as respostas.
Ore em espírito enquanto ouve.

 Cuidado com a curiosidade. Não queira saber além do que o aconselhando deseja
falar. Seja delicado (a), discreto (a), compreensivo (a).

5.3. Orientação: podemos utilizar um comentário ou uma pergunta para propiciar uma
reflexão por parte do aconselhando (“Parece que a atitude dele te deixou muito
chateada...”, ou: “a impressão que tenho é que você não está muito confortável nesta
situação... como acha que poderia mudar isto?”). Este tipo de ação fornece uma
resposta orientadora que favorece a compreensão dos sentimentos e propósitos do
aconselhando, tanto por parte de quem ajuda como daquele que está sendo ajudado.
Jesus utilizou esta técnica em várias situações, como por exemplo, em Lc 24.17-19.
Leia 1 Sm 24.4-6.

5.4. Apoio: reconhecemos que é difícil para alguém abrir seu coração, falar de seus
fracassos, pensamentos ou ações pecaminosas. O medo de ser ridicularizado,
criticado, estigmatizado, o temor de rejeição dificulta o trabalho de aconselhamento.
Apoiar é escutar tais confissões sem ficar chocado, sem rejeitar, o que não significa
tornar-se conivente com o comportamento pecaminoso ou fingir que não tem
importância. Damos apoio emocional e espiritual na medida em que colaboramos para
que o aconselhando caminhe na direção da maturidade e crescimento espirituais.
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5.5. Confronto: às vezes é preciso fazer com que o aconselhando seja colocado frente a
frente com seu pecado. São situações em que o problema está enraizado em atitudes,
comportamentos ou pensamentos que precisam ser mudados. O conselheiro vai
precisar de sabedoria, graça, discernimento para falar com propriedade, pertinência,
mas com firmeza e autoridade bíblica. Jesus usou esta técnica com os fariseus. Paulo
confrontou os judaizantes (Gl 2.1-21). A confrontação é uma tarefa difícil e deve ser
feita com cautela, sem julgamentos (Gl 6.1; Mt 7.1), com base na Palavra de Deus e
não em conjecturas pessoais. Leia 2 Sm 12. Humildade é virtude essencial nesse
território. Lutzer (2005, p. 40) diz que há muitos que estão dispostos a julgar. São
pessoas que gostam de afiar as setas, identificar o alvo e fazer com que todos saibam
o que Deus realmente pensa. Infelizmente, diz o autor, “estes são os críticos que
julgam os outros não só com a atitude errada, mas também pelas razões erradas”. A
base de julgamento do cristão é a Bíblia, mas a misericórdia e o amor permeiam a
justiça perfeita de Deus.

5.6. Ensino: Jesus é o grande Mestre. Ele mandou que orássemos sem cessar e OROU o
tempo inteiro. Orientou sobre a paciência, o amor, a compaixão, a tolerância, e
praticou estas e outras virtudes diante dos olhos de todo o povo. O exemplo é a
melhor forma de ensinar. Não pode o conselheiro falar de alegria e paz e viver
murmurando e em desarmonia com os outros. Este tipo de ensino funcionará pelo
avesso, destruindo. Não ensina quem muito fala, mas quem vive abundantemente em
Jesus. Leia o livro do pastor Elinaldo Renovato, Aprendendo diariamente com Cristo.

VI – ALGUNS PROBLEMAS QUE O CONSELHEIRO PODE ENCONTRAR E SUGESTÕES DE


INTERVENÇÃO:

6.1. Ansiedade: pode ser definida como um sentimento íntimo de apreensão, mal-estar,
preocupação, angústia e/ou medo, acompanhado de um despertar físico intenso. Ela pode

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surgir como uma reação a um perigo específico identificável, ou em resposta a um perigo


imaginário. A pessoa sente que uma coisa terrível vai acontecer, mas não sabe o que é nem
a causa.

6.1.1. Quanto à duração:

a) Ansiedade aguda surge repentinamente, sua intensidade é grande e pequena a sua


duração. Quando as pessoas são inesperada e subitamente envolvidas pela ansiedade,
a condição, no geral, é aguda.

b) Ansiedade crônica é persistente e duradoura, mas tem menor intensidade. Os indivíduos


cuja ansiedade é crônica podem preocupar-se o tempo todo em responder a diversas
situações.

6.1.2. Quanto à causa:

a) Ansiedade normal (compatível com a situação), sem causa patológica, se manifesta


quando existe uma ameaça real ou situação de perigo. Esta é proporcional ao perigo.
Pode ser reconhecida, controlada e reduzida, especialmente quando as circunstâncias
exteriores se modificam.

b) Ansiedade neurótica envolve sentimentos intensamente exagerados de desespero e


medo, mesmo quando o perigo é pequeno ou inexistente. Ela não pode ser enfrentada
nem tratada racionalmente, talvez por ser um resultado de conflitos íntimos
inconscientes.

6.1.3. Quanto à intensidade:

a) Ansiedade moderada, proporcional às circunstâncias, talvez seja desejável e sadia. Ela


com freqüência motiva e ajuda as pessoas a evitarem situações perigosas, levando a um
aumento na eficiência.

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b) Ansiedade intensa pode diminuir nosso período de atenção, dificultar a concentração,


afetar a memória de môo negativo, prejudicar a capacidade de realização, interferir com
a solução de problemas, bloquear a comunicação eficaz, despertar o sentimento de
pânico, e algumas vezes causar sintomas físicos indesejáveis, tais como paralisia ou
terrível dor de cabeça.

Examinando a Bíblia podemos dizer que não há nada errado em reconhecer com
realismo os problemas identificáveis em nossa vida e tentar resolvê-los. Somos frágeis como
criaturas finitas, perecíveis. Grande e tremendo é o nosso Deus! Ignorar os perigos é insensato e
errado, assim como é errado deixar-se imobilizar pela excessiva aflição. Tal angústia deve ser
entregue a Deus através da oração, para que Deus nos dê o bálsamo da tranqüilidade e paz. O
salmista diz: “Multiplicando-se dentro de mim os meus cuidados, as tuas consolações recrearam
a minha alma” (Sl 94.19).

É preciso reconhecer que nem sempre é fácil deixar de preocupar-se, descansar


no Senhor, esperar com paciência é a atitude do povo de Deus. As pessoas ansiosas são
geralmente impacientes, angustiadas e, às vezes, murmuradoras.

6.1.4. O que o conselheiro pode fazer diante do ansioso:

O conselheiro pode ajudar a pessoa a ver as promessas de Deus, reconhecer o


Seu poder e influência em nossa vida diária e agir quando necessário. Comunhão estreita com
Deus costuma acalmar a alma, mesmo em situações extremas da vida humana. O salmista Davi
é um bom exemplo. Leia os Salmos 34 e 37 e observe o servo de Deus. Muitas pessoas que
confessam a Jesus como Salvador têm uma visão equivocada de Deus, de Sua Justiça perfeita
e Misericórdia maravilhosa. Será também útil se o conselheiro conseguir entender as causas e
efeitos da ansiedade que esteja persistindo ou alterando padrões de comportamento.

Não subestime os problemas dos outros. É cruel e insensato. Tem um dito popular
adequado: “cada um sabe onde o seu calo aperta”. Tente se colocar no lugar do outro, analisar

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sob sua perspectiva, com cuidado ao envolver-se emocionalmente, para que não seja
contagiado pela inquietação do aconselhando.

Algumas causas comuns à ansiedade são ameaças diversas, perigos reais ou


imaginários, problemas de autoestima, separação, conflitos, medo, necessidades insatisfeitas
(sobrevivência, segurança, sexo, autorrealização etc), diferenças individuais.

6.1.5. Alguns efeitos da ansiedade:

Alguns efeitos da ansiedade (se ela for moderada, normal) podem ser positivos,
nos dando uma certa motivação, nos impulsionando. Se for excessiva, no entanto, pode
acarretar em:

c) Reações físicas: males do estômago, falta de fôlego, insônia ou hipersonia, fadiga


crescente, perda de apetite e um desejo freqüente de urinar durante períodos de
ansiedade. É possível também mudanças na pressão sangüínea, tensão, má-digestão e
mudanças químicas no sangue;

d) Reações psicológicas: pesquisas mostraram que a ansiedade reduz o nível de


produtividade, produz alteração na libido, pode provocar agressividade, impulsividade ,
sufoca a criatividade e originalidade, prejudica a capacidade de um bom relacionamento
com os outros, e interfere na habilidade de pensar ou lembrar. As reações psicológicas são
a causa das doenças somatoformes;

e) Reações defensivas: quando a ansiedade cresce, a maior parte dos indivíduos se apóia
inconscientemente em atitudes e pensamentos que amortecem a dor da ansiedade. Essas
reações incluem negativa da ansiedade, culpar os outros, racionalizar mediante a
explicação lógica dos sintomas e suas causas, volta às reações infantis. Alguns se
refugiam nos vícios, no álcool, nas drogas. Diversas queixas hipocondríacas ou até mesmo
a fuga mediante comportamento bizarro e desenvolvimento de transtornos mentais;

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f) Reações espirituais: a ansiedade pode motivar-nos a buscar ajuda divina, mas pode
afastar-nos de Deus. Pode ocorrer uma diminuição na capacidade de ler a Bíblia e orar;
pode provocar a perda de interesse nos cultos de adoração da igreja; é possível tornar-se
impaciente e amargo.

Não é fácil aconselhar pessoas ansiosas. Principalmente porque ansiedade é


uma “doença contagiosa”. Cuidado! As pessoas ansiosas freqüentemente tornam os outros
ansiosos. Portanto, reconheça a sua própria ansiedade. Demonstre amor, compreensão.
Juntamente com o aconselhando, identifique as causas, analise as circunstâncias e os efeitos;
encoraje-o a agir (nisto, pense sempre em você no lugar do outro, portanto, não proponha algo
que você mesmo não seria capaz de fazer); dê apoio, encoraje um encaminhamento cristão;
trabalhe em função da alegria, da paz, da paciência previstas na Palavra de Deus; tolere com
bondade os recuos, o medo do aconselhando; sugira técnicas de descontração; ajude na
construção da auto-estima (faça o outro ver suas próprias virtudes, suas qualidades. Evite
comparações); ORE! Ore sempre! Vigie, VIGIE E ORE sem cessar!

6.2. Solidão: sentir-se solitário é tomar consciência de que nos falta um contato significativo com
outros. A solidão envolve um sentimento íntimo de vazio que pode ser acompanhado de
tristeza, desânimo, sensação de isolamento, inquietação, ansiedade e um desejo intenso
de ser amado e necessário a alguém. As pessoas solitárias, em geral, se sentem
“deixadas de lado”, indesejadas ou rejeitadas, mesmo quando cercadas por outros. Existe
por vezes uma sensação de desespero e um desejo intenso de manter qualquer tipo de
relação que possa aliviar a terrível dor da solidão involuntária. Podem sentir-se inúteis,
sem valor. Muitos negam a sua solidão e correm para os bares, grupos de encontros (ou
até reuniões da igreja) numa vã tentativa de escapar da solidão.

6.2.1. Como podemos classificar a solidão:

a) A solidão emocional envolve a falta ou a perda de uma relação psicologicamente


íntima com outra (s) pessoa (s). Para isto não é preciso ser solteiro, viúvo, basta não

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se sentir próximo psicologicamente de ninguém (não se sentir compreendido, não ser


aceito) para se sentir só.

b) A solidão social é o sentimento de falta de propósito, ansiedade e vazio. O indivíduo


se sente como se estivesse “fora de tudo” e à margem da vida.

c) A solidão existencial refere-se ao sentido de isolamento que vem quando a pessoa


está afastada de Deus e sente que a vida não tem significado ou propósito.

6.2.2. Causas mais comuns:

A Bíblia inteira se concentra na nossa necessidade de comunhão com Deus e


com nossos semelhantes, especialmente cristãos, necessidade de amar, ajudar, encorajar,
perdoar e cuidar uns dos outros. A solidão pode ter diversas causas:

a) Causas sociais: são as influências do meio social que estão distanciando os homens
uns dos outros e até afastando-os de Deus;

b) Causas de desenvolvimento: necessidade de afeição, de aceitação, e aquisição de


habilidades sociais;

c) Causas psicológicas: baixa autoestima, incapacidade de comunicação, atitudes


derrotistas, hostilidade, medo;

d) Causas situacionais: viuvez, solteirismo involuntário, velhice, necessidades especiais,


doenças crônicas;

e) Causas espirituais: Deus criou os homens para Si mesmo, mas respeitou-nos tanto que
permitiu que nos rebelássemos. O ser humano pode escolher ficar distante de Seu
Criador amoroso. Esse distanciamento cria uma solidão dolorosa na alma, uma
sensação de incompletude impossível de ser preenchida com outras coisas.

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6.2.3. Efeitos da solidão:

Alguns efeitos da solidão são bem visíveis: isolamento, desânimo, egoísmo,


autopiedade, desesperança, alcoolismo, depressão, atitudes destrutivas, etc.

6.2.4. Como o conselheiro pode ajudar em casos de solidão:

O conselheiro pode ajudar o solitário levando-o a admitir o problema. É


importante que não haja negação. Juntos, aconselhado e conselheiro devem considerar as
causas, refletindo sobre o que pode ser mudado e o que não pode. Primeiro, as pessoas devem
ser encorajadas a desenvolver uma “vida interior” de interesses positivos, apreciando aquilo que
é bom e exercendo o seu senso de humor. Não se trata de “poder do pensamento positivo”, mas
é um meio de mudança social a partir do interior. É preciso desenvolver a autoestima. Às vezes,
pessoas solitárias precisam de ajuda para reconhecer em si mesmas valores, habilidades, dons
espirituais. É importante reconhecer a presença real, concreta de Deus.

O novo convertido, por exemplo, às vezes enfrenta crises de solidão. Na


mudança radical de vida, muitas vezes o homem perde amigos e até a companhia de parentes
próximos. A verdade é que os valores mudam, os princípios também, a vida toma outro rumo. O
problema é que pode acontecer de a pessoa não se sentir tão à vontade no seio da igreja, ter
dificuldades com as novas amizades. O conselheiro precisa estar atento às necessidades do
aconselhando. Nestes casos, sugerimos que o aconselhado seja delicadamente infiltrado nos
grupos de trabalho da sua igreja local. É preciso evitar ao máximo que a nova vida traga consigo
a dor da solidão.

O conselheiro deve ajudar o solitário a edificar relacionamentos sólidos e


satisfatórios com Deus e com os outros. Tome cuidado para que o aconselhado não use você
como único apoio moral e psicológico, senão você se transforma numa “muleta”, um suporte
imprescindível. Se você precisar se afastar um pouco, além da dor da solidão, vai surgir a
decepção e sentimento de perda, abandono.

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O conselheiro deve ajudar a ampliar a rede relacional do aconselhando,


ajudando-a a encontrar ou reencontrar amigos, pessoas com quem a pessoa tenha afinidade,
companheiros potenciais.

6.3. Inferioridade/autoestima baixa: Algumas das armas mais fortes do arsenal do inimigo das
nossas almas são de natureza psicológica. A maior parte dos seres humanos gosta de
parecer bom e agir com competência. Quando surge qualquer coisa que ameace nossa
imagem ou implique, diante de outros ou de nós mesmos, que não somos competentes,
sentimo-nos ameaçados. Isto depende da opinião que temos de nós mesmos. Se ela é
baixa, subestimamos nosso valor e nos tornamos introvertidos e, se for excessivamente alta,
exageramos nosso valor a ponto de nos mostrarmos presunçosos. Ambas as reações são
prejudiciais no nosso relacionamento com os outros. Quando temos pouca autoconfiança, é
difícil construir amizades. A pessoa com baixa autoestima é incapaz de dar amor sem pedir
desculpas e nem pode receber amor sem sentir-se inferiorizada.

A autoestima é constituída, basicamente, da autoimagem e do autoconceito. A


autoimagem refere-se à forma como o indivíduo se percebe no mundo, como se vê. O
autoconceito tem a ver com o que a pessoa pensa sobre si mesma, sua competência, suas
qualidades. Em função disto, a autoestima inclui uma lista de traços de caráter, pontos fortes e
fracos, aparência física, senso de competência. São pensamentos e sentimentos que
influenciam nossas ações e atitudes. A autoestima significa a avaliação que um indivíduo faz de
seu valor, sua competência e significado. Enquanto a autoimagem e autoconceito envolvem uma
autodescrição, a autoestima resulta numa rigorosa autoavaliação. Muitas vezes essa
autoavaliação se mantém de maneira absurda, disfuncional a despeito de evidências contrárias
e, quase sempre, influenciam fortemente nosso modo de agir, pensar e sentir.

6.3.1. Efeitos da autoestima baixa no comportamento humano:

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 Isolamento ou retraimento social, sentimento de pouca desejabilidade social (típico


em pessoas que não se sentem amadas);

 Sensação de impotência para superar problemas (carecem de energia e são


incapazes de defender-se, de lutar);

 Sentimentos de raiva, alteração significativa de humor;

 Dificuldades de convivência;

 Submissão irrefletida, por vezes falsa submissão, causa por co-dependência;

 Redução da criatividade;

 Falta de paz interior e segurança;

 Baixa autoconfiança, necessidade constante de aprovação social;

 Manifestações de ciúmes, às vezes inveja, críticas exageradas e/ou maldosas;

 Conflitos interpessoais, sérias dificuldades relacionais;

 Tendência a queixas, discussões desnecessárias, intolerância, hipersensibilidade e


dificuldade para perdoar;

 Dificuldade para aceitar expressões de amor (dirigidas a si ou aos outros);

 Inconstância e inconsistência, podendo tornar-se sugestionáveis.

6.3.2. O que o conselheiro pode fazer:

O conselheiro deve levar o aconselhado a um novo exame das expectativas, uma


reavaliação de conceitos sobre si mesmo e sobre os outros. Evite demorar-se no que é negativo.
É importante dar encorajamento freqüente, fazer elogios e ajudar o aconselhado a fazer o

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mesmo com os outros. Não faça elogios incompatíveis com a realidade, não exagere. O ideal é
fazer o sujeito pensar, reavaliar suas perspectivas.

6.4. Depressão: os Salmos 69, 88 e 102 não falam explicitamente de depressão, mas é inegável
que são canções de desespero que, todavia, podemos incluir num contexto de esperança. No
Salmo 43, o rei Davi expõe depressão e júbilo. Examinando os estudos científicos sobre
depressão e examinando a Bíblia Sagrada, podemos dizer que Jó, Moisés, Jonas, Pedro e toda
a nação de Israel experimentaram depressão. Elias viu o imenso poder de Deus em operação no
Monte Carmelo, mas quando Jezabel ameaçou matá-lo, fugiu para o deserto onde se deixou
abater pelo desespero. Ele pediu para morrer. Em todos esses exemplos, no entanto, a ênfase
bíblica está na fé em Deus e na certeza de vitória com Deus, além de uma vida abundante no
céu, caso não seja possível nesta terra.

Muitas vezes podemos reconhecer o deprimido pela expressão de seu rosto:


infelicidade, desânimo, expressão de perturbação, preocupação, como se a vida estivesse
colocando o peso do mundo em seus ombros. Todavia, não é regra obrigatória.

Um episódio depressivo pode estar relacionado com um evento específico ou


uma condição momentânea do organismo e não ser considerado patológico ou preocupante. Um
episódio depressivo que intercala momentos de euforia e/ou compulsão, impulsividade,
irritabilidade desmedida ou agressividade, deve ser analisado por um profissional para descartar
um transtorno de humor ou qualquer outra disfunção mental.

a) Informações importantes sobre a depressão

 É VERDADE que o cristão pode ficar deprimido! Não julgue a pessoa deprimida
precipitadamente. Davi, Elias, Moisés e outros servos de Deus se sentiram
deprimidos e até pediram a Deus para morrer. Jó desejou nem ter nascido. Nem você
nem eu somos melhores que estes grandes homens de Deus. Qualquer um pode
enfrentar uma crise depressiva.

 Estar deprimido não é necessariamente sinal de falha espiritual.


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b) Algumas causas de depressão:

 Causas fisiológicas: freqüentemente a depressão tem origem fisiológica. A falta de


sono e uma alimentação imprópria estão entre as causas físicas mais simples. Outros
fatores como o efeito de entorpecentes, contagem baixa de açúcar no sangue e
outros elementos químicos desequilibrados, tumores cerebrais ou desordens
glandulares, são mais complicados. Alguns transtornos de personalidade e algumas
doenças mentais como esquizofrenia e transtornos de humor provocam episódios
depressivos.

 Causas ambientais: experiências ruins (perdas, separações, tragédias) podem levar à


depressão. Exigências e expectativas sociais podem também levar à depressão.

 Incapacidade aprendida: uma teoria mais recente afirma que a depressão vem
quando encontramos situações sobre as quais não temos controle. Ela surge quando
nos sentimos incapazes e desistimos de tentar. Isto pode explicar a predominância
de depressão nas pessoas que perdem um ente querido, no aluno que não consegue
relacionar-se com seus colegas, com mulheres que são maltratadas pelos maridos,
em pessoas mais velhas que se sentem incapazes de deter o relógio do tempo.
Culpa, ira contida podem provocar depressão.

A depressão pode levar à infelicidade, sentimento de ineficiência, hipocondria,


comportamento impulsivo, inclusive jogatina, bebedeira, violência, impulso de destruição, sexo
compulsivo, mau gênio, isolamento e até suicídio.

As pessoas depressivas geralmente são passivas, não-verbais, pouco motivadas,


pessimistas e caracterizadas por uma atitude resignada. O conselheiro deve procurar contato
verbal. Fazer declarações otimistas de conforto (sem exagero), delicadamente apresentar
informações sobre a depressão, encorajar pacientemente, fazer perguntas, fazer elogios (sem
exageros ou hipocrisia). O confronto deve ser evitado, especialmente no início. Quando o
depressivo começar a falar, o conselheiro não deve interrompê-lo, mas deixá-lo à vontade para

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expor o que sente e pensa. Encoraje-o a falar sobre as coisas que o afligem. Evite “tomar
partido”, mas tente ser compreensivo e aceitar os sentimentos dele. Procure perceber
insinuações sobre perdas, fracassos, rejeição e outros incidentes que possam ter estimulado a
presente depressão.

Às vezes o deprimido pode precisar de ajuda médica ou psiquiátrica. O


conselheiro deve estar atento a todos os sintomas que se apresentam. O conselheiro leigo não
tem competência para decidir sobre intervenções de qualquer ordem, ou mesmo compreender
os sintomas, mas com sensibilidade pode se perceber até onde ir ou a partir de que ponto é
necessário pedir outras ajudas.

c) Algumas sugestões:

Não existe uma receita pronta única porque cada situação envolve muitas questões que
precisam ser avaliadas em suas singularidades, mas propomos sete sugestões:

 Evite ficar sozinho – geralmente o deprimido deseja afastar-se das pessoas, mas
essa retração implica em isolamento e pode levar à alienação. Exige esforço, decisão
firme, mas é um ponto crucial para vencer a depressão;

 Faça caminhadas ao ar livre – de preferência pela manhã. A luz do sol ativa alguns
neurotransmissores. A serotonina é um neurotransmissor envolvido na comunicação
entre as células do cérebro (neurônios). Esta comunicação é fundamental para a
percepção e avaliação do meio que rodeia o ser humano, e para a capacidade de
resposta aos estímulos ambientais. Apesar de serem poucos os neurônios no nosso
cérebro com capacidade para produzir e libertar serotonina, existe um grande número
de células que detectam esse neurotransmissor. Desse modo, a serotonina
desempenha um importante papel no funcionamento do nosso sistema nervoso e
existem numerosas patologias relacionadas com a alteração desse neurotransmissor.
A serotonina parece ter funções diversas, como o controle da liberação de alguns
hormônios e a regulação do ritmo circadiano, do sono e do apetite, entre outras.

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Diversos fármacos que controlam a ação da serotonina como neurotransmissor são


atualmente utilizados, ou estão sendo testados, em patologias como a ansiedade,
depressão, obesidade, enxaqueca e esquizofrenia, entre outras.

 Peça ajuda a outras pessoas – no período de depressão a percepção das coisas se


modifica. Às vezes, uma coisinha de nada parece uma montanha, mas um amigo leal
pode ajudar a ver a medida exata das coisas;

 Cante ou toque alguma coisa – a música tem efeito terapêutico, já atestado inclusive
pela ciência. Outra atividade que lhe traga prazer pode ser de grande utilidade.

 Dar graças e louvor a Deus – dê graças a Deus pelas coisas simples. “Em tudo dai
graças” (1 Ts 5.18). Alegre-se no Senhor.

 Apóie-se no poder da Palavra de Deus – Deus pode usar qualquer trecho de Sua
Palavra para nos trazer uma bênção em momentos de depressão. Alguns Salmos
são especiais nestes momentos: 48, 6, 13, 18, 23, 25, 27, 31, 32, 34, 37, 38, 39, 40,
42, 43, 46, 51, 55, 62, 63, 69, 71, 73, 77, 84, 86, 90, 91, 94, 95, 103, 104, 107, 110,
118, 121, 123, 124, 130, 138, 139, 141, 142, 143, 146, 147.

 Espere confiantemente na presença do Espírito de Deus – várias vezes o salmista dá


o segredo para nos libertarmos de um estado depressivo. Ele diz a si mesmo:
“Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a Ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 42.5).

É importante considerar o seguinte: SE A DEPRESSÃO OU EPISÓDIO


DEPRESSIVO TEM CAUSA ORGÂNICA, vai ser necessária a intervenção de um médico para
modificar o quadro com medicamentos que vão tirar da crise. Todas as outras ações serão
benéficas, mas o medicamento propiciará a homeostase 1 do organismo.

1Homeostase, do grego homeo similar ou igual, stasis estático. O termo foi criado em 1932 por Walter Bradford
Cannon e fala da capacidade dos seres vivos de regular o seu ambiente interno para manter uma condição estável,
mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico controlados por mecanismos de regulação interrelacionados.

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6.5. IRA: é um estado emocional que pode ocorrer em vários graus de intensidade – desde o
aborrecimento leve até a raiva violenta. Pode ser oculta e mantida no íntimo ou expressa
abertamente. Sua duração pode ser curta ou permanecer por longo tempo na forma de
amargura, ressentimento e ódio. A ira pode ser destrutiva, mas tem possibilidade de ser
construtiva quando nos motiva a corrigir a injustiça ou pensar criticamente. A ira, juntamente com
a hostilidade tem sido chamada “principal sabotador da mente”, “um fator importante na
formação de doenças graves”, e “a principal causa da miséria, depressão, ineficiência, doença,
acidentes, perda de horas de trabalho e perdas financeiras”.

MÁGOA IRA VINGANÇA AÇÃO DESTRUTIVA


A primeira A segunda A terceira ou SINTOMAS
emoção a ser emoção a ser emoção a ser PSICOSSOMÁTICOS
sentida sentida. sentida. Ela A quarta emoção a ser
Esconde a oculta a mágoa sentida. Ela oculta a
mágoa e a ira mágoa, a ira e o
sentimento de vingança.

a) Normalidade ou patologia?

A ira humana é normal, não sendo necessariamente pecaminosa. Os seres


humanos, criados à imagem de Deus, possuem emoções, inclusive a ira. Essa ira é uma reação
necessária e útil. Lembremos de Jesus no Templo quando os homens mercadejavam.
Lembremos da atitude de Moisés com as tábuas da Lei. Não são atitudes pecaminosas.

A ira humana pode ser prejudicial. Da mesma forma que outras emoções, a ira
pode ser destrutiva caso não seja manifestada de acordo com as diretrizes bíblicas.

A ira pode tornar-se injusta e destrutiva quando internalizada ou manifesta.


Explodir e fechar-se podem trazer problemas diversos.

A ira humana geralmente resulta de uma percepção distorcida. Às vezes um


descontentamento, uma frustração pequena pode provocar uma reação de ira exagerada.
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b) Como lidar com a ira?

A ira humana freqüentemente leva ao pecado: vingança, amargura, ódio,


represália, atitude crítica, abuso verbal, desonestidade, hipocrisia.

A ira humana pode ser controlada. Isto não quer dizer guardar os sentimentos na
mente, no coração, provocando uma “implosão” muito danosa à saúde física e mental. Trata-se
de identificar as causas reais, dimensionar com clareza e racionalidade a fonte da ira e trabalhar
as questões que a envolvem. Aprender a perdoar, tolerar e conviver da melhor maneira possível
consigo e com os outros.

O conselheiro deve ajudar os aconselhados a admitirem a ira, pois se a negar,


jamais poderá eliminá-la. É preciso entender as motivações e frustrações. O aconselhando pode
“estar certo” (ou pensar que está) em seus motivos e negar isto só vai enfurecê-lo mais. O
conselheiro deve promover uma reflexão sobre os efeitos das reações. Vale a pena permanecer
irado? Ao que a ira irá conduzir? Quais são os resultados finais do processo? O aconselhando
deve ser levado à reflexão. Provavelmente, com esta condução, poderá haver um retorno à
racionalidade, ao fluxo normal dos pensamentos. O autocontrole do conselheiro vai contar muito,
porque em alguns momentos ele mesmo pode ser levado à ira.

6.6. CULPA: pode ser dividida em duas categorias: culpa objetiva e culpa subjetiva. A culpa
objetiva ocorre em separado de nossos sentimentos. Ela ocorre quando uma lei é violada e
alguém é declarado culpado, embora este nem se sinta culpado. A culpa subjetiva está
associada a sentimentos íntimos de remorso e autocondenação resultantes de nossos atos.

a) Subtipos da culpa objetiva:

 Culpa legal, referente à violação das leis sociais;


 Culpa social, quando se quebra uma lei não escrita, mas socialmente esperada;
 Culpa pessoal, quando o indivíduo viola os seus próprios padrões pessoais;

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 Culpa teológica, que envolve a violação das leis de Deus. A Bíblia chama isto de pecado
e como todos somos pecadores, somos também todos culpados diante de Deus.

b) Subtipos de culpa subjetiva:

A culpa subjetiva é o sentimento desconfortável de pesar, remorso, vergonha e


autocondenação que surge com freqüência quando fazemos ou pensamos algo que sentimos
estar errado, ou deixamos de fazer algo que deveria ter sido feito. Tais complexos de culpa
podem ser produtivos, pois às vezes nos estimulam a mudar o comportamento e buscar o
perdão de Deus e dos outros. Mas os sentimentos de culpa podem ser altamente destrutivos,
tornando a vida do homem em algo infeliz e miserável.

Alguns efeitos da culpa são: reações de defesa (às vezes projetamos no outro a
nossa culpa, outras vezes introvertemo-nos); reações de autocondenação; reações sociais;
reações físicas; arrependimento e perdão.

Ao tratar da culpa, o conselheiro cristão tem uma vantagem sobre os incrédulos.


A culpa é uma questão moral e os complexos de culpa surgem através de fracassos morais. O
mundo não se preocupa em tratar questões como valores, perdão, questões teológicas. As
abordagens psicológicas se concentraram em volta da ajuda a pessoas a fim de expressarem
sua ira, fazerem restituição, baixarem seus padrões ou expectativas, melhorarem suas
realizações e tomarem consciência de seu comportamento. São esforços paliativos que não
chegam a produzir efeitos permanentes.

O conselheiro cristão deve levar o aconselhado a reexaminar os seus padrões de


certo e errado. As pessoas às vezes se sentem culpadas por coisas que a Bíblia não diz serem
pecado. Em segundo lugar, é preciso haver arrependimento e perdão. A Bíblia ensina que a
confissão e o arrependimento são tudo o que o homem necessita para obter o perdão de Deus.
É graça. É favor imerecido. É bondade e misericórdia de Deus. O indivíduo genuinamente
arrependido é perdoado pela misericórdia de Deus. Alimentar sentimento de culpa é esquecer as
palavras bíblicas: “dos teus pecados não me lembrarei mais”.

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É importante considerar que, ao tratar questões que envolvem culpa, precisamos


estar muito cônscios de nossos parâmetros de julgamento. O ser humano costuma ser
tendencioso em suas opiniões que partem, quase sempre, de idéias pré-concebidas e, nem
sempre, legítimas. Portanto, diante da culpa do outro, analise suas idéias pré-concebidas e não
acredite na sua própria isenção e imparcialidade (irrefletidas/automáticas). Apresente a Deus seu
próprio coração humildemente.

6.7. DROGAS E ÁLCOOL:

Heroína
MAIS ALTO POTENCIAL Morfina
DE DEPENDÊNCIA Demerol
Cocaína
Barbitúricos
Anfetaminas
Álcool
Tranquilizantes-menores
“Pílulas para dormir”
codeína
brometos
nicotina
MAIS BAIXO POTENCIAL maconha
DE DEPENDÊNCIA cafeína

É importante lembrar que:

 Não devemos nos deixar dominar por coisa alguma;


 Nenhuma droga resolve problemas ou reduzem tensão;
 É preciso manter o corpo puro.

A dependência pode imobilizar o viciado, arruinar a sua família e criar imensos


problemas sociais. Sempre que uma substância química entra no corpo há uma reação
fisiológica. A natureza desta reação depende das condições físicas da pessoa, do tipo de droga
tomada, da quantidade e da frequência com que é usada.

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O álcool, por exemplo, é uma toxina (veneno) que afeta a maioria das células do
corpo. Há várias alterações físicas importantes, inclusive destruição das células cerebrais com
mudança subseqüente do funcionamento mental, disfunções do fígado e/ou pâncreas,
amortecimento dos membros e diversas moléstias gastrintestinais. A tolerância do indivíduo ao
álcool vai ser alterada à medida que este consome. A abstinência demonstrará o grau de
dependência e escravidão. É bom salientar que alcoolismo é doença e como tal precisa ser
tratada. O indivíduo dependente não tem forças em si para empreender sequer a desintoxicação.

Existem os efeitos psicossociais sérios que incluem violência e até morte.

O conselheiro precisa conhecer o efeito de cada droga (ler a respeito, informar-se


o máximo possível) a fim de agir com propriedade e adequação. O aconselhado precisa de apoio
e assistência constante até o processo final de libertação. Esteja preparado para uma recaída (o
que, infelizmente, é comum). Seja paciente, persistente, perseverante. A oração é de
importância vital.

O vício é tanto um pecado como uma doença. O viciado tomou a decisão primeira
de submeter seu corpo a um veneno, mas o veneno tomou o controle e a pessoa tornou-se
incapaz de interromper o processo de destruição do próprio corpo. Os viciados e suas famílias
devem ser ajudados profissionalmente (isto quer dizer que quase sempre é necessária a
intervenção de um profissional mais especializado, não bastando a ação do conselheiro) e
ensinados espiritualmente a viver o resto da vida em obediência e submissão a Jesus Cristo. Só
então o difícil problema será verdadeiramente resolvido.

6.8. GRAVIDEZ ILEGÍTIMA: a Bíblia condena fortemente o intercurso sexual fora do


casamento e a gravidez ilegítima continua sendo reprovada socialmente. Os homens podem
ocultar o seu envolvimento, deixando a mulher enfrentar a dificuldade sozinha. As mães solteiras
geralmente enfrentam ansiedade, medo da reação dos pais, preocupação com as críticas da
sociedade, a culpa, autocondenação e até mesmo ira. Este não é um momento para exortação
moral, discussões teológicas ou debates intelectuais sobre as razões pelas quais a mocinha
ficou grávida. Em lugar disso, o aconselhamento deve envolver alvos sobrepostos.

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Primeiro, afaste os temores iniciais. Não impeça expressões de ira, mágoa, culpa
e medo, mas continue mostrando aceitação, compreensão, apoio. Algumas vezes acontecerá
considerável resistência ao aconselhamento, principalmente se a moça foi levada ao
aconselhamento pelos parentes, sem que ela mesma desejasse. Ela talvez demonstre falta de
confiança, medo de recriminações (agindo e falando com atitudes defensivas).

Durante a primeira conversa procure transmitir a certeza de que irá ajudar, mas
evite clichês piedosos. Tente determinar qual o auxílio necessário. Embora você deva
recomendar exames médicos iniciais, tente desencorajar decisões precipitadas tais como aborto
ou casamento imediato, este último, pelo menos por alguns dias, até que as emoções tenham
sido acalmadas. A oração nesses casos pode ter um efeito especialmente calmante, proveitoso,
consolador, além de propiciar um direcionamento mais correto.

Segundo, ajude os aconselhados a considerarem os passos práticos a serem


dados. Haverá casamento? Como lidarão com o bebê? Como será a vida nova dos envolvidos?
Certamente muitas perguntas vão surgir de acordo com cada situação.

Terceiro, pode haver aconselhamento contínuo. Os aconselhados poderão


necessitar de acompanhamento durante um período maior, após o nascimento do bebê, pois as
mudanças que irão ocorrer serão muitas e algumas delas podem trazer mais medo, insegurança,
decepções, frustrações, dúvidas, mágoas. Uma gravidez ilegítima é geralmente uma experiência
traumática. É importante enfatizar o perdão e amor de Deus, mas os aconselhados deverão ser
ajudados a chegar a novas conclusões sobre a responsabilidade e escolha moral. Na igreja, os
crentes devem ser encorajados a mostrar perdão e aceitação, em lugar de reprovar, falar mal e
rejeitar. Desse modo, a dor de uma gravidez fora do casamento pode ser transformada numa
experiência de crescimento que ajude os indivíduos e os casais a viverem dando mais honra a
Cristo em suas vidas futuras.

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6.9. ESTUPRO: existem muitos mitos sobre o estupro, inclusive a idéia de que as mulheres
poderiam ter evitado se assim o desejassem. Isso tem levado muitas mulheres a manter segredo
sobre esse tipo de violência. As vítimas podem apresentar reações diversas ao estupro. A
maioria manifesta a síndrome traumática de estupro. Esta se inicia com tensão aguda
imediatamente após o estupro. Pode haver ira, medo, ansiedade, choque, autocondenação e
incredulidade, no geral expressos através de choro, soluços, tensão, náusea ou inquietude, mas
algumas vezes ocultos por trás de um exterior calmo e composto. Neste ponto a vítima pode
estar mergulhada em sentimentos de terror, preocupação com a segurança, e culpa por não ter
lutado mais. Algumas mulheres acham que foram contaminadas e tornadas “impuras” e muitas
vezes ficam se perguntando se é verdadeiro o mito que as mulheres atraem secretamente os
estupradores.

A esta altura, a aconselhanda é sensível a alguém que a ouça, aceite e creia


nela, especialmente se enfrentou a incredulidade e rejeição sutil de amigos e parentes. O
conselheiro pode encorajar a manifestação dos sentimentos, ajudar a mulher a encontrar auxílio
médico e legal competente, apoiá-la quando for criticada.

Duas ou três semanas após o estupro, muitas mulheres começam a ter


pesadelos, temores irracionais e atividade quase frenética. Surge quase sempre uma decisão de
mudar-se, de trocar o número do telefone, ou passar mais tempo com amigos íntimos. Algumas
mulheres apresentam diversas fobias, diversas formas de medo. O conselheiro precisa às vezes
trabalhar com as famílias também.

Se o estupro foi provocado por alguém conhecido (ou até um parente próximo), a
questão fica mais complexa ainda. Numa situação como essa todos os cuidados devem ser
redobrados, mas nunca o conselheiro deve ser omisso.

6.10. HOMOSSEXUALISMO: na Bíblia está claro que o homossexualismo é condenado por


Deus, pois todas as vezes que a Bíblia o menciona, a referência é negativa.

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O ponto onde o aconselhamento começa é a partir das atitudes do próprio


conselheiro. Se você sente repulsa pelos homossexuais, se zombar deles, se não estiver
familiarizado com a complexidade do assunto e suas causas, a sua ajuda será ineficaz.

Um mito comum que precisa ser mudado é a idéia de que o homossexualismo é


uma doença incurável. Ela não é uma doença, mas uma inclinação que algumas vezes, mas não
sempre, leva a atos habituais de comportamento homossexual.

a) Só é possível haver resultados positivos se:

Se o conselheiro encontra no orientando:

 Franqueza em admitir a sua homossexualidade;


 Desejo sincero de mudar, disposição para romper com os companheiros homossexuais;
 Vontade de evitar drogas e álcool;
 Desejo de evitar o pecado e entregar sua vida à soberana vontade do Senhor Jesus
Cristo.

b) O que fazer:

 Clarifique objetivos:

O conselheiro pode auxiliar o aconselhado determinando alvos, metas. Não suponha o


que o outro quer. O que ele ou ela deseja realmente? Eliminação das tendências homossexuais?
Conhecimento bíblico sobre a questão? Ajuda para interromper o comportamento homossexual?
Aprovação? É preciso definir com clareza.

 Dimensione a situação com o outro e estabeleça metas:

O conselheiro deve instilar uma esperança real. É preciso ser suficientemente honesto
para reconhecer que, embora os atos homossexuais possam ser sustados e perdoados
incondicionalmente por Deus, as tendências (trejeitos, hábitos, etc) são muito mais difíceis de

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erradicar. Existe, todavia, razão para uma esperança, especialmente quando a pessoa quer
mudar.

 Construa novas rotinas exequíveis:

Transmita conhecimento. Tenha cuidado com os “conhecimentos deste mundo” que,


revestidos de uma aura de pseudo-cientificidade, costumam banalizar atos pecaminosos e dar-
lhe uma feição “naturalmente humana” (portanto, aceitável). O aconselhado pode crer em muitos
mitos. É importante saber que o homossexualismo é aprendido, portanto, pode ser
desaprendido. Desde que o comportamento homossexual é pecado, ele pode ser perdoado e
dominado. Encoraje a mudança de comportamento. Proponha a mudança de hábitos,
substituição do círculo de amizades. A vitória completa pode ser conquistada através de oração
e leitura da Palavra de Deus.

6.11. DECEPÇÃO: perdoar não é uma tarefa das mais fáceis para o ser humano (embora
possível!) e é ainda mais difícil quando se trata de perdoar alguém a quem amamos, em q uem
confiamos e que nos decepcionou, traiu nossa confiança. A Bíblia diz que é muito difícil
conquistar um irmão ofendido (Pv 18.19).

Uma das situações bem difíceis de lidar é com os novos convertidos


decepcionados, ofendidos ou machucados por outros irmãos. O conselheiro precisa ter muita
habilidade, espírito pacificador, prudência, discrição, oração, conhecimento da Palavra de Deus
e muito amor no coração para conseguir bons resultados no aconselhamento.

Quando uma pessoa é enganada, acredita estar certa, mesmo quando não está.
Alguém que foi ofendido tem feridas que obscurecem o seu entendimento, a sua compreensão.
Julgam, muitas vezes, por aparência, rumor, dedução.

Andamos num amor egoísta que facilmente nos desaponta quando nossas
expectativas não são preenchidas. Se mantiver altas expectativas com relação às pessoas,
facilmente irá se decepcionar. O crente ofendido se concentra em seu interior e se torna
introspectivo, às vezes, ou pode se tornar um murmurador falastrão.
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Existem aqueles que se decepcionam porque foram escandalizados realmente. A


palavra “escandalizar” de Lc 17.1, vem do grego skandalon, que originalmente se referia à parte
da armadilha onde se colocava a isca. Dessa forma, a palavra significa montar uma armadilha no
caminho de alguém. No Novo Testamento, ela geralmente descreve um engodo do inimigo. O
escândalo e a ofensa são ferramentas do inimigo para levar as pessoas cativas. O novo
convertido que percebe contradição entre o modo de viver e a pregação de um outro crente,
principalmente se este for um líder, pode ter sua fé abalada. Mas há aqueles que se
decepcionam porque projetam nos outros suas expectativas, ou suas próprias falhas. É como se
estabelecessem para os outros um padrão bem elevado enquanto ficam de prontidão para ver se
o alvo é atingido.

Em primeiro lugar, evite “justificar” de imediato as atitudes de quem quer que seja.
Permita que o aconselhado fale, exteriorize sua mágoa, sua raiva, suas queixas. Deixe-o
extravasar sem muita interferência. Depois, discretamente, observando o momento certo de
intervenção, vá levando-o a avaliar seus próprios conceitos e atitudes, assim como suas
expectativas. Mostre que todos temos defeitos e virtudes e que nenhum de nós está imune a
cometer erros nos relacionamentos.

Em segundo lugar (não em escala de prioridade), guarde segredo sobre o que


ouvir. Geralmente as questões se resolvem sem a necessidade de que outras fiquem sabendo.
Se o problema já é de conhecimento público, as pessoas envolvidas deverão ser trabalhadas em
separado e depois conjuntamente. Sua discrição e prudência imprimirão no aconselhado
conceitos, valores e princípios que falam mais que mil palavras.

Outras decepções existem e a dinâmica de ação do conselheiro é basicamente a


mesma. Paciência para ouvir, permitir que o aconselhado “desabafe”; discrição; isenção,
imparcialidade, evitando julgamentos preconcebidos ou tendenciosos; perseverança e amor.

6.12. SENTIMENTOS DE REJEIÇÃO: a rejeição é uma das feridas emocionais mais comuns.
Sentir-se rejeitado, “jogado na lata de lixo” da vida, é algo que machuca e deixa marcas, como
tristeza, revolta, medo, dificuldades de relacionamento. Não há quem não tenha passado na vida

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por alguma experiência de rejeição. Contudo, para determinadas pessoas, isso se constitui em
algo fortemente traumático, que passa a representar um sério problema para a sua autoestima.
Em geral, quem sofre algum tipo de rejeição acaba por rejeitar-se, e também aos outros. Vamos
ler a história de Jefté? (Jz 11.1-11). Jefté era um homem valoroso, filho de um cidadão influente,
porém sua mãe era prostituta. Isto significa que, provavelmente, ele foi rejeitado antes de seu
nascimento. Estudiosos defendem que o feto já recebe essa informação no ventre materno e já
sofre, pois a mente armazena o conteúdo negativo da informação “emocional”, acarretando em
reações ao longo da vida.

Jean-Paul Sartre disse certa vez: “Não importa o que os outros fizeram de você,
importa o que você fez com o que os outros fizeram de você.” Só quando assumimos a
responsabilidade por nossa vida podemos passar de vítimas a agentes. Deus possui respostas
para os rejeitados. Umas delas é o fato de que estávamos nos planos dEle. A resposta de Jesus
à rejeição dos homens é o fato de que Ele mesmo também conheceu a rejeição (Is 53.3).

O conselheiro precisa incutir na mente do aconselhado uma coisa muito


importante: a rejeição nada tem a ver com o nosso verdadeiro valor! As origens e as razões dela
não estão em quem é rejeitado, mas naquele que rejeita.

5.13. ESTRESSE: do inglês stress. O dicionário diz: “Estresse é qualquer força exercida sobre
um corpo que tende a comprimir ou alterar a sua forma.” O estresse pode ter causas interiores
ou exteriores. Pode ser físico, químico, emocional resultando em tensão física ou mental. O
estresse pode contribuir com certos problemas emocionais ou doenças, porém esses problemas
ou doenças também podem causar estresse. Pode acabar sendo um círculo vicioso sugando a
energia emocional e física da pessoa, levando-a à depressão, ou se já estiver deprimida,
aprofundando-a.

Podemos dizer que estresse é nossa resposta às pressões que desequilibram


nossas vidas. O coração bate mais rápido, a pressão sobe, começamos a suar, a tensão
muscular aumenta, a adrenalina dá um salto e mais gordura e açúcar são liberados no sangue
como combustível preparando para uma ação imediata. Mas nem todo estresse tem efeitos tão

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óbvios. O estresse de uma autoimagem negativa, um emprego onde não nos sentimos
realizados, carências não atendidas, e trabalho que não conseguimos completar provoca tanto
estresse e tanto dano quanto qualquer uma outra situação aguda e momentânea.

O estresse em si não é danoso. De fato, estamos sempre sob alguma tensão e


isto inicialmente nos impulsiona, nos motiva, nos estimula a produzir. Todavia, quando o
estresse ultrapassa nossa habilidade de responder bem, nossa produtividade começa a cair e se
transforma em aflição. Se não atendemos aos sinais de estresse, corremos perigo de doença e
outros problemas emocionais. Muitas vezes, basta diminuir o ritmo, baixar um pouco as
expectativas, reavaliar os alvos. Outras vezes é preciso ajuda profissional. Sempre, a
intervenção do Espírito Santo através de nossas orações e leitura da Palavra de Deus são um
excelente remédio!

O conselheiro precisa obter informações detalhadas sobre o assunto e ajudar o


aconselhado a identificar todas as possíveis causas do seu desequilíbrio emocional ou físico.
Alguns pontos são importantes para considerarmos:

a) Uma lei física e psicológica é que tudo sempre está procurando chegar ao
equilíbrio ou manter o equilíbrio, chama-se “Princípio da Homeostase”. Quando
nosso corpo se sente desequilibrado quanto à alimentação, ao exercício, ao
descanso ou outras necessidades físicas, manda um recado à nossa mente.

b) Esta mesma experiência acontece na área das necessidades emocionais e


espirituais. Quando alguma coisa está desequilibrada em nossos relacionamentos,
em nossas emoções ou em nossa vida espiritual, nossa alma ou espírito manda um
recado à nossa mente. Perdemos o sentido da harmonia e paz que indica equilíbrio.

c) Não sentir estresse com relação ao mundo indica que, ou nos equilibramos ou
nos ajustamos, dentro do seu sistema desequilibrado, portanto, estressar-se
diante da inversão de valores deste mundo, do mal que anda assolando, é normal e

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até produtivo, porque nos força a crescer, nos leva a depender de Deus, a firmarmo-
nos em Sua Palavra, alicerçarmo-nos na sã doutrina.

PORÉM, muita gente se sente estressada por falta de visão clara de Jesus e Seu Reino.

6.14. COMPORTAMENTOS OCASIONADOS POR TRAUMAS EMOCIONAIS DIVERSOS:

a. Perfeicionismo – trata-se de um sentimento interior de insatisfação, como se estivesse


sempre perseguindo um alvo que está cada vez mais inatingível. A sensação de fracasso,
derrota constante; algo minando a raiz da perseverança. É um sentimento terrível e muito
danoso. David Seamands em Cura para os traumas emocionais diz que este tipo de pessoa
tem dentro de si “verdugos interiores” que estão sempre cobrando algo, exigindo,
penalizando. Os perfeicionistas foram programados de uma forma que se encheram de
ideais irreais, realizações impossíveis, amor condicionado a certas coisas, e de uma situação
teologia de palavras. É uma constante sensação de que nunca se consegue atingir o padrão
desejado. Tende a sentir-se sempre culpado; quando não for culpado de nada, sentir-se-á
culpado por não se sentir culpado de nada. O conselheiro precisa encarar o perfeicionista
como alguém que sofre com as exigências que impõe a si mesmo. É preciso agir no sentido
de fazer o aconselhado à descoberta de sua própria condição.

b. Suscetibilidade - diz-se da pessoa que é super sensível. Geralmente já foi muito magoada;
desejou amor, admiração e afeição e só recebeu o contrário e assim carrega cicatrizes
emocionais. Muitas vezes essas pessoas vêem as coisas de um modo totalmente diferente
dos outros. Quase sempre exige que lhe dêem muita atenção, muito agrado, numa medida
que nunca se satisfaz. Por outro lado, não reagem de uma forma positiva ao amor. Não é
fácil trabalhar com as pessoas muito suscetíveis. Elas exigem tanto que o conselheiro corre o

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risco de exagerar e “alimentar os sintomas”. Por outro lado, se o conselheiro não der
atenção, o suscetível vai impossibilitar a relação de confiança.

c. Propensão à infidelidade e à mentira - para falar desta questão, tomamos livremente


alguns trechos do livro do escritor Pr. Elinaldo Renovato de Lima (A Família Cristã nos dias
atuais), acrescentando outros comentários pertinentes ao assunto abordado. Os dias atuais
estão impregnados de permissividade, de inversão e/ou perversão de valores e princípios
como fidelidade, honestidade, estão sofrendo agravos. Filhos criados em ambiente onde há
infidelidade costumam guardar cicatrizes em seus relacionamentos. Embora a infidelidade
não seja um mal exclusivo dos dias modernos, tem se tornado muito comum nos lares sem
Cristo, e também tem atingido lares cristãos. O infiel precisa mentir para esconder sua
infidelidade. Depois da primeira mentira, muitas outras precisam ser criadas para sustentá-la.
O problema é que isto termina num círculo vicioso difícil de ser rompido. Alguns terminam em
dolorosas crises de culpa, remorso, mas têm dificuldade de romper o processo. Muitos
tendem a trair compulsivamente, amigos, sócios, companheiros e até, ou principalmente, a
Deus. Na verdade, tem a ver com a famigerada projeção de que a Psicologia fala. É bom
lembrar que o mentiroso, o infiel sofre. O conselheiro precisa confrontá-lo. Vale salientar que
os mitômanos e os mentirosos compulsivos podem acreditar piamente no que diz, no que
faz.

d. Murmuradores crônicos – são aquelas pessoas que têm sempre algo a criticar, para
reclamar. São essencialmente insatisfeitas. Estão tão carregadas de ressentimentos e
tristezas que não conseguem alegrar-se inteiramente com nada por muito tempo. Alguns são
só resmungões, outros são intrigantes, fofoqueiros, criadores de inimizades, maledicentes.
De qualquer forma, o murmurador afasta as pessoas de si e desagrada frontalmente a Deus.
É preciso tratar o murmurador com a confrontação bíblica, sempre com amor e paciência. O
conselheiro precisa orar muito para não se deixar contaminar. Este tipo de pessoa fala mal
de tudo e de todos e, provavelmente, falará mal do conselheiro também. Aprenda a
“controlar a própria língua”, refrear os próprios impulsos. Prudência, paciência, discrição são

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essenciais no processo de cura. Veja o murmurador como alguém infeliz e sinta compaixão,
mesmo que as setas inflamadas dele terminem por atingi-lo também.

e. Errantes espirituais - são aqueles que perambulam de um lugar para outro, de igreja em
igreja. Estão sempre justificando as causas de suas peregrinações. Atribuem incontáveis
falhas às pessoas, aos líderes e às igrejas por onde passou. Vão de igreja em igreja, de
ministério em ministério, na tentativa de se aperfeiçoarem. Se não concordam com o modo
como as coisas são feitas, sentem-se ofendidos e vão embora. Quando saem, culpam a
liderança ou as pessoas em volta. Não enxergam suas próprias falhas de caráter. É evidente
que não quer dizer que qualquer um que porventura mude de uma igreja para outra seja um
“errante espiritual”, mas estamos falando somente daqueles que não conseguem
permanecer num lugar por muito tempo, que está sempre identificando problemas e defeitos,
que acusam, apontam falhas e, na verdade, têm sérias dificuldades de relacionamento. O
conselheiro não deve incentivar o comportamento deste tipo de pessoa. A confrontação é
necessária. É preciso que o aconselhado se veja diante do melhor espelho espiritual: a Bíblia
Sagrada, e entenda que só Jesus Cristo é o Pastor perfeito.

VII – O ACONSELHAMENTO DE ADOLESCENTES:

Em nossa cultura a adolescência abrange um período inevitável de transição que


exige definições. Capaz de abalar de diferentes maneiras e graus não só a pessoa em questão,
mas também aos que a rodeiam, pondo à prova os recursos de adaptabilidade, estabilidade,
criatividade.

No meio cristão, observamos que geralmente a maioria dos nossos adolescentes


se comporta sem problemas espetaculares, embora também apresentem desencontros entre
gerações, anseios e inquietações comuns à fase, crises evolutivas e/ou acidentais. O defrontar
das situações difíceis e os esforços por encontrar-lhes soluções se fazem acompanhar de
ansiedade, temores, susceptibilidade, agressividade, culpa e outros sentimentos desagradáveis
de impotência ou inadequação.

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A adolescência é superada com o afiançamento da identidade pessoal e da


situação na sociedade em função dos êxitos nos terrenos sexual, familiar, vocacional e
ideológico, sempre inter-relacionados. Na adolescência algumas cicatrizes se instalam na
personalidade do indivíduo. No final da adolescência e início da idade adulta emergem os
transtornos de personalidade. É preciso que o adolescente encontre compreensão, apoio,
segurança, incentivo, para que possa superar suas angústias. O conselheiro deve oferecer uma
presença atenta, mas não ansiosa; contínua, mas não insistente ou intrusa; segura e firme, mas
nunca arrogante. Os adolescentes esperam das pessoas incumbidas de seu aconselhamento
simpatia, coerência, flexibilidade, humor e conhecimento. Quanto à autoridade, é importante
ressaltar que ela surge naturalmente a partir da coerência entre as ações e as palavras do
conselheiro. Com a autoridade ocorre o mesmo que com nossos órgãos e funções corporais:
quanto menos se fazem notar, melhor sinal de seu bom funcionamento. Lembrando apenas que
autoridade legítima e saudável não se impõe à força, mas se conquista com testemunho digno
de vida cristã.

Muitas vezes o adolescente enfrenta problemas existenciais em função de


desajustes no lar, incoerências flagradas nos adultos que os cercam, insatisfações provocadas
pelas frustrações em projetos e sonhos.

Uma boa estratégia de aconselhamento é a técnica grupal. Entre os pares o


adolescente reage muito positivamente. Sempre, invariavelmente, o conselheiro precisa ter
conhecimentos sobre a adolescência, ser flexível, paciente, tolerante, inspirar confiança nos
aconselhados, firme, perseverante, hábil no trato com as palavras, compreensivo, discreto.
Nunca poderá agir como um “verdugo” disposto a acusar, criticar, julgar, condenar, punir,
ameaçar. Não funciona com os adolescentes, só estimula a rebeldia e distancia conselheiro e
aconselhado. É imprescindível estabelecer-se uma relação de parceria baseada na confiança
mútua. Depois de um tempo, o adolescente suporta bem a confrontação, desde que ele mesmo
chegue aos porquês. Nenhuma medida proibitiva irrefletida tem chance de êxito permanente.

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VIII – O ACONSELHAMENTO DA TERCEIRA IDADE (ou meia-idade):

Trata-se da maturidade, especialmente no sentido biológico do termo. É o período


da vida que inicia, aproximadamente, na casa dos cinqüenta/sessenta anos de idade. Nesta fase
da vida, o indivíduo geralmente muda sua atitude para com o valor que atribui ao tempo. Ao
invés de encarar a vida em termos do tempo em que nasceu, a pessoa começa a pensar em
termos do tempo que lhe resta para viver. Ordinariamente, o indivíduo tem nítida consciência da
finitude do tempo. A maturidade de que falamos significa também a capacidade de lidar
eficientemente com as complexidades e demandas típicas da fase. A pessoa em situação
normal, saudável, possui um senso de competência e autoconfiança e não se preocupa em
demasia com aquilo que outros pensam a seu respeito. Essas características são visivelmente
alteradas em função de patologias, distúrbios emocionais, traumas e outras questões de ordem
social e psicológica.

A meia-idade é um período apavorante para muitas pessoas. Muitos a temem por


causa dos estereótipos criados sobre ela. Existe, por exemplo, a crença tradicional a respeito da
deterioração física e mental que acompanha a cessação da fase reprodutiva. Acrescentando-se
a isso a ênfase que se dá à juventude. Isto muitas vezes provoca stress somático. É uma fase
muito suscetível à solidão. Mesmo as pessoas que vivem cercadas de amigos e parentes
tendem a se sentirem sozinhas nesta fase da vida, e isto sem falar naqueles que são
ostensivamente segregados.

As mulheres, nesta fase enfrentam a menopausa, que pode vir com


desconfortos: dores de cabeça, fadiga, nervosismo, irritação, palpitações, inquietações e frigidez;
algumas ficam deprimidas, hostis, impiedosas, resmungonas (sendo que nenhum destes
sintomas é obrigatório nesta fase a todas as mulheres – são apenas possíveis, e também
perfeitamente controláveis). Os homens, por sua vez, enfrentam o climatério, um pouco mais
tarde com relação às mulheres, mas com alguma sintomatologia similar. Lembrando sempre que
o aparecimento ou não destes sintomas dependem de muitos fatores e variam de pessoa para
pessoa. É importante mencionar a possibilidade de tais sintomas para que se compreenda um

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pouco a atitude de um aconselhado ou aconselhada da terceira idade, visivelmente mal


humorado, hostil, resmungão. O conselheiro precisa estar preparado para lidar com tal situação
sem julgamentos preconceituosos.

Numa fase mais avançada da vida, ultrapassando os setenta, a pessoa pode


começar a incorporar uma imagem negativa de si mesmo, resultante de um conjunto de idéias e
atitudes a que alguns autores chamam de “mística da velhice”. Algumas mudanças fisiológicas
alimentam a sintomatologia num círculo vicioso. Louvamos a Deus porque as pessoas em idade
avançada dentro do meio evangélico costumam sentirem-se úteis, valiosas. São as irmãs de
mais idade as responsáveis pelos Círculos de Oração, Comissão de Visitas. São os homens
diáconos, presbíteros, professores de Escola Dominical (também as mulheres são professoras
de Escola Dominical). Louvado seja Deus por isto. Todavia, mesmo neste ambiente que em
muito difere da situação comum no universo secular, os mais velhos também enfrentam crises,
dificuldades diversas.

O conselheiro precisa prover-se de todo o conhecimento possível sobre a


fisiologia e psicologia do indivíduo na terceira idade. O aconselhado nesta fase é muito mais
exigente porque possui uma considerável capacidade de julgamento de palavras e ações à luz
de princípios e valores que estão há muito sedimentados. O conselheiro deve ter muito cuidado
ao expor posicionamentos pessoais. Carinho, atenção, equilíbrio, ponderação, confiança,
paciência e coerência são imprescindíveis na relação conselheiro/aconselhado.

IX – EMBASAMENTO BÍBLICO PARA O ACONSELHAMENTO CRISTÃO:

a) Benefícios dos bons conselhos:


 Ex 18.13-27;
 2 Rs 5.1-6;
 Pv 1.5; 8.12; 9.9; 12.15; 15.22; 19.20,21; 20.18; 24.6.

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b) Prejuízos causados por maus conselhos ou pela falta de bons conselhos:

 2 Sm 16.1-14; 19.18-20;
 1 Rs 12.1-15;
 2 Rs 5.20-27;
 Pv 11.14.

X – CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O aconselhamento cristão tem como ponto central o amor, que faz parte do fruto
do Espírito Santo. Todas as ações, palavras e motivações do conselheiro têm que estar
impregnadas do fruto do Espírito, com as nove virtudes nomeadas em Gl 5.22. A palavra fruto,
do grego karpós, significa maturação, e junto à palavra Espírito, significa conjunto de virtudes
amadurecidas como resultado da comunhão constante com o Senhor Jesus.

Todas as virtudes vêm de Deus e são implantadas na vida do crente objetivando


sua transformação segundo a natureza divina (Ef 3.19; 2 Co 3.18). E, assim, o crente passa a ter
de Deus o sentimento (Fp 2.5), a natureza (2 Pe 1.3,4).

O amor é um sentimento que nos leva a uma entrega incondicional sem esperar
pela retribuição, é doação, é generosidade. A benignidade nos faz amáveis, agradáveis, faz com
os outros gostem de nossa companhia. A bondade é uma virtude que permeia todas as outras
virtudes. O Espírito Santo é a matriz da nossa bondade. Só podemos sentir e agir com bondade
se reconhecemos, compreendemos e experimentamos intensa e vividamente a bondade de
Deus, que é perfeição absoluta, generosidade completa.

Uma evidência inequívoca de que a pessoa está vivendo em comunhão com


Deus, cheia do Espírito Santo de Deus, sob o senhorio de Cristo, é a demonstração de uma vida
impregnada de justiça, paz e alegria no Espírito Santo, como diz o apóstolo Paulo. A verdadeira
liberdade do homem manifesta-se em amor a Deus e aos outros. Para se ter essa conduta, é
necessária a intervenção do Espírito Santo, que produz na vida humana uma piedade
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sobrenatural que excede as exigências da lei. Essa vida de amor exige que o homem esteja
permanentemente ligado ao Espírito Santo, sem entristecê-Lo, sem contrariá-Lo, sem
desobedecê-Lo, para que sejamos também induzidos a ajudar outros, o que faz essencialmente
o Conselheiro Cristão.

Quando o Espírito Santo veio em plenitude no Pentecostes, houve o início da


igreja. Com a vinda do Espírito Santo foi criada uma qualidade de vida nos indivíduos e na igreja
que vai além de suas capacidades naturais. O Espírito veio unir os cristãos de um modo muito
singular. O Espírito dá ao cristão uma nova maneira de pensar e, conseqüentemente, uma nova
maneira de agir, porque lhe fornece novos valores, novos princípios. O Espírito trabalha na
razão, na mente, no centro das vontades, dos desejos, das emoções, daí o entendimento do
fruto composto de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, temperança.

A manifestação do fruto do Espírito na vida do Conselheiro cristão é de


importância vital, para que, através de uma vida de santificação, conselheiro e aconselhado
sejam conduzidos a grandes realizações e vitórias, exercendo grande influência em outros, num
efeito multiplicador que glorifica a Deus

Por último, podemos afirmar que todo e qualquer aspecto da vida cristã precisa
ser influenciado pela ação do Espírito Santo para ser plena, livre, feliz. O Espírito Santo é o
companheiro amigo que foi enviado por Deus. Um verdadeiro amigo que conhece nossas
fraquezas, nos auxilia para fazer de nós, vencedores, tornando-nos semelhantes a Cristo,
conseqüentemente, agradáveis a Deus. Ele produz no interior do homem justiça, poder e
salvação. Para nós, cristãos, o Espírito Santo é o Deus verdadeiro que habita em nossas vidas
produzindo perfeita comunhão com o nosso Criador. O Conselheiro Cristão precisa ter essa
convicção e permitir que o Espírito Santo guie todas as suas ações, palavras e pensamentos a
fim de que haja êxito no trabalho de aconselhamento e a honra e glória sejam dadas ao nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Filho do Deus Altíssimo. Amém.

Régia Maria Carvalho de Castro Varela – 84 98893-5011 Página 44


ESCOLA TEOLÓGICA DA ASSEMBLÉIA DE DEUS – PARNAMIRIM /RN – ACONSELHAMENTO CRISTÃO

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Régia Maria Carvalho de Castro Varela – 84 98893-5011 Página 45

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