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Sem dúvida alguma, o Movimento Pentecostal tem sua origem nos primórdios
da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando do cumprimento da promessa feita
através do profeta Joel, de que derramaria seu Espírito sobre toda a carne. E isso
começou a ocorrer de modo extraordinário, quando da descida do Espírito Santo, em
Jerusalém, após a ascensão de Cristo aos Céus (At 2. 1-21, 16-18, 37-38; e continuou
a se cumprir de modo eloqüente (At 8.17; 9.17; 10.44-48; 19.1-6 e refs.), com a
promessa de que haveria de alcançar
O fenômeno espiritual do batismo com o Espírito Santo não poderia ter cessado
em Atos 2. Após seu extenso discurso esclarecedor sobre o que ocorrera no Cenáculo,
Pedro diz aos judeus atônitos que indagavam o que fazer: “E disse-lhes Pedro:
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para
perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;
Porque a promessa vos diz respeito a vós (os que estavam ouvindo), a vossos filhos
(descendentes dos judeus) , e a todos os que estão longe (judeus dispersos) , a tantos
quantos Deus nosso Senhor chamar” (gente de todas as nações do mundo). (At 2.38-
39 – parênteses esclarecedores acrescidos). .
1. NA EUROPA
1) Avivamentos preparatórios
Na Inglaterra, com João e Carlos Wesley, entre 1703 e 1791, com grande fervor
missionário, busca do poder de Deus, e unção do Espírito Santo; no avivamento com
George Whitefield, entre 1714 a 1770; “somente com o surgimento desses três
3
grandes líderes”... “O Reavivamento Evangélico cresceu como poderosa maré”
(Walker, p 205).
No ano de 1900, Charles Fox Parham. obreiro leigo, e pregador itinerante, cheio
de amor pelo Reino de Deus, resolveu fundar o que foi chamado de “Movimento de Fé
Apostólica”. Ele sentia-se incomodado com a frieza espiritual das igrejas
estabelecidas. E fundou o movimento “com o objetivo de restaurar a fé da igreja
primitiva”. 2 Com o propósito de preparar obreiros leigos para evangelizar, fundou o
Instituto Bíblico Bethel College, na cidade de Topeka, no Kansas, EUA.
De Topeka, Kansas, Charles Parham 4 ficou conhecido por seu fervor na busca
pelo poder de Deus. E foi convidado para pregar na cidade de Galena, após a cura
milagrosa de uma senhora, de nome Mary Arthur. Ali, ele pregou durante vários
1
José de OLIVEIRA. Breve História do Movimento Pentecostal, p. 38.
2
Ibid., p. 43.
3
José de OLIVEIRA. Breve história do movimento pentecostal, p. 45.
4
NOTA: Charles Parham entendia que o fenômeno de falar em outras línguas seria mais que GLOSSOLALIA. Deveria
ser visto como XENOLALIA, a capacidade de falar em outros idiomas sem nunca ter aprendido, com finalidade
missionária. Ou seja: quem falasse um idioma de um país era sinal de que Deus o estava chamando para ir pregar àquele
povo. Ele ensinava que Jesus só voltaria quando todos os povos ouvissem o evangelho em sua própria língua. (Do livro
Metamorphosis e Necrosis, de João Bosto de Sousa).
5
meses, e houve muitas conversões. Alugou um salão para 2.000 pessoas sentadas.
Ele criou a “Banda da Fé Apostólica”, formada por jovens entusiastas, que viajavam,
tocando, desfilando pelas ruas, fazendo evangelização de casa em casa e cultos ao
ar-livre.
As reuniões, na Bonnie Brae Street atraíram tantas pessoas, que o prédio não
comportava mais os que para lá se dirigiam, na busca de um avivamento para suas
vidas. Procurando um novo prédio, Seymour descobriu um salão retangular, onde
havia funcionado uma igreja metodista, mas estava abandonado. Na Rua Azuza, 312.
em Los Angeles, Califórnia. O local, mais amplo, tornou-se mais adequado para as
reuniões. Ali, Seymour fundou a The Apostolic Faith Gospel Mission (Missão
Evangélica da Fé Apóstólica).
5
José de OLIVEIRA. Breve história do movimento pentecostal, p. 58.
6
“Reuniões estão sendo efetuadas numa cabana da Rua Azusa, perto da
ria São Pedro. Os devotos da estranha doutrina praticam os ritos mais
fanáticos, pregam as mais loucas teologias e esforçam-se até à excitação
em seu zelo peculiar. Negros e um minguado número de brancos
perturbam a vizinhança devido aos uivos dos adoradores. Eles passam
horas balançando o corpo para a frente e para trás, numa atitude nervosa
de orações e súplicas. Eles afirmam que possuem o dom de línguas, e
dizem ser capazes de compreender semelhante Babel”. 6
Homens caiam por toda a casa. Parecia um cenário de árvores caindo , numa
floresta. Ninguém chamava alguém para pregar. Deus tocava em alguém para ir à
frente e falar. E cada um sabia a hora de parar de falar.... A glória de Deus estava ali,
diz Frank. Em seu livro, relata o caso de um pregador batista, de nome irmão Ansel
Post. Numa tarde, ele estava sentado no meio do salão. De repente, o Espírito Santo
veio sobre ele, que pulou da cadeira, e começou a glorificar a Deus em línguas
estranhas. Tempos depois, foi enviado para o Egito, como missionário. Foi nesse clima
de manifestações sobrenaturais, que o Avivamento da Rua Azuza espalhou-se pelo
mundo. Dos Estados Unidos, migrou para a Europa, para a Ásia, para a África e
América Latina, em poucos anos, como um fogo que queima uma seara de folhas
secas.
6
Ibid., p. 59.
7
Frank BBARTLEMAN. Azusa Street, p. 57.
7
1. Antecedentes
Quando jovem, Gunnar Vingren teve o chamado de Deus para sua Obra. Viajou
para os Estados Unidos, em 1903. Trabalhou como foguista, porteiro e jardineiro. Ali,
fez curso num seminário teológico sueco da Igreja Batista, concluindo seus estudos
em 1909. O movimento pentecostal, no Brasil, é fruto do Avivamento da Rua Azuza,
em 1906, em Los Angeles. Chicago foi uma cidade, onde o “fogo” do Pentecostes
incendiou muitas vidas. Em 1909, Gunnar Vingren, um ex-aluno do Seminário
Teológico Batista Sueco, tornou-se pastor da Igreja Batista Sueca, em Menomenee,
Michigan. A igreja decidiu que ele seria enviado como missionário para Assam, na
índia. Mas ele não sentiu paz no coração.
E comunicou que não poderia aceitar o chamado pois não sentia ser a vontade
de Deus. Por esse motivo sua noiva rompeu o noivado, e ele disse “Seja feita a
vontade do Senhor”. Indo a Chicago, numa conferência da Primeira Igreja Batista
Sueca, recebeu o batismo com o Espírito Santo com línguas estranhas. Em
conseqüência, foi rejeitado pela igreja onde servia. Em 1910, foi aceito pela Igreja
Batista de South Bend, Indiana, que se transformou numa igreja pentecostal. Ali, Deus
lhe falou que iria para um lugar de povo muito simples, chamado Pará. Fato
interessante é que, nesse meio tempo, Deus lhe falou que iria casar com uma jovem
chamada Sttrandberg. Anos depois, ele se casou com Frida Strandberg. Prova de
Deus dirige os passos de “um homem bom” (Sl 37.23).
Daniel Berg era um jovem cristão. Aos 18 anos, 1902, emigrou da sua terra, a
Suécia, para os Estados Unidos, por causa da crise econômica que assolou sua terra.
Sua viagem o fez passar pela Inglaterra, onde tomou o navio em Liverpool, em 11 de
março de 1902. Foram 14 dias de viagem, chegando aos EUA em 25 de março do
mesmo ano. Seu primeiro emprego foi numa fazenda, onde cuidava de animais e
carroças. Depois, foi para a Pensylvania, onde fez curso de fundidor e trabalhou numa
fundição. Durante oito anos, trabalho como fundidor para sua manutenção. As
saudades do lar o fizeram voltar à Suécia por algum tempo. Ali, encontrou um amigo
crente, com quem ouviu sobre o batismo com o Espirito Santo. Ambos conversaram
sobre isso, oraram, mas Berg estava decidido a voltar aos Estados Unidos. 8“No ano
de 1909, ao aproximar-se dos Estados Unidos, suas orações foram respondidas:
Recebeu o batismo com o Espírito Santo”. Sua vida mudou completamente. Cheio do
Espírito Santo, passou a pregar com mais entusiasmo acerca da salvação em Cristo
Jesus.
8
Daniel BERG. Enviado por Deus, p. 2227.
8
um lugar chamado Pará. 9Mas não sabiam em que lugar se encontrava. Foram a uma
biblioteca pública e pesquisaram, constatando que o Pará era um estado, que ficava
no Brasil, na América do Sul. Em oração, sentiram que essa era a vontade de Deus
para suas vidas. Ao comunicarem sua decisão à igreja, não foram bem acolhidos.
2. Morando no porão
Enquanto aguardavam , na Praça, uma resposta de Deus, passava por ali uma
família que viera no navio e falava inglês. Perguntaram se eles já tinham encontrado
hotel, e disseram que não. E os convidaram para ir ao hotel onde estavam. Ali,
encontraram outra pessoa que falava inglês e perguntaram se conheciam algum
protestante na Cidade. Indicaram o endereço de um pastor metodista, americano e
foram ao seu encontro. Era o irmão Justus Nelson. Este os apresentou ao pastor da
Igreja Batista Brasileira. Esse pastor permitiu que os missionários morassem no porão
da igreja. Era um ambiente úmido, sem janelas, infestado de mosquitos, no intenso
calor tropical. 11Nesse ínterim, conheceram o irmão Adriano Nobre, que era membro
da Igreja Presbiteriana no Pará, e comandante do Navio Port Of Pará, que navegava
9
Ivar VINGREN. Diário de um pioneiro, p. 20.
10
Gustavo KESSLER e outros. História das assembleias de Deus no Brasil, p. 13-18.
11
Daniel BERG. Encviado por Deus, p. 42.
9
pelo Rio Amazonas. Como falava inglês, Adriano começou a conversar com os
missionários e soube que vieram dos Estados Unidos.
3. No interior do Pará
3) Desconfiança e expulsão
Como não podia deixar de acontecer, o assunto tomou conta de todos, na igreja
Batista, e causou preocupação à liderança. Dois grupos se formaram. Um, que
10
aceitava a “nova doutrina”, trazida pelos missionários. Outro, que não aceitava de
forma alguma aquele tipo de ensino e de prática, considerando heresia que não se
harmonizava com os ensinos da igreja Batista. Como resultado, houve reunião em que
o evangelista, auxiliar do pastor, muito jovem e sem experiência, propôs que os que
estavam de acordo com os missionários se manifestassem. Diz o Diário do Pioneiro:
“Ele somente disse: todos os que estão de acordo com a nova seita, levantem-se”.
Dezenove deles afirmaram que aceitavam aquele ensino. Num culto cheio de agitação,
o dirigente, um jovem seminarista, declarou a expulsão dos 19 membros que
aceitavam aquela inovação considerada herética.
Como ficaram sem local para cultura a Deus, os 19 irmãos resolveram criar uma
igreja local para poderem reunir-se. No dia 18 de junho de 1911, na residência do
irmão Henrique Albuquerque, sita à Rua Siqueira Mendes, 79, fundaram a nova igreja,
que recebeu a denominação de Missão de Fé Apostólica. Ficou acertado que a igreja
funcionaria na casa da irmã Celina de Albuquerque, até que encontrassem um local
apropriado para seu endereço próprio.
Depois, estabeleceram a igreja num prédio que adquiriram, situado à Av. São
Jerônimo, 224. Inaugurado no dia 11 de maio de 1918, data considerada oficial da
fundação da Assembleia de Deus no Brasil, quando a mesma foi registrada como
pessoa jurídica. Dali, O Espírito Santo irradiou o movimento pentecostal para todo o
Brasil. Inicialmente, pelo Estado do Pará. Depois, pelos Estados do Nordeste; pelo
Sudeste, pelo Norte, Sul, e alcançou a todos os rincões brasileiros. O combustível para
que o fogo pentecostal se espalhasse não foram os estudos de Teologia de Vingren,
nem a rudeza do fundidor e quitandeiro, Daniel Berg; mas os efeitos visíveis da
doutrina pentecostal nos corações dos convertidos à fé cristã.
2. Crescimento e perseguição
12
Gustavo KESSLER et al. História das assembleias de Deus no Brasil, p. 26, 27.
13
Ivar VINGREN. Diário do pioneiro, p. 34.
11
e quiseram impedir o ato batismal. Um deles sacou de um punhal e investiu contra
Vingren. A irmã Celina jogou-se na frente e impediu o crime. O batismo foi realizado
sob ameaças, e, ao término, todos molhados, saíram às pressas sem trocar de roupa.
Foram muitos os inimigos. Em Mosqueiro, no interior, a casa onde pregavam foi
apedrejada. Teve que fugir, acossado por cães de caça. Mas Deus o livrou.
3. Curas divinas
Conta Ivar Vingren: “Um irmão foi curado de enfermidade muito grave na perna.
Uma irmã foi curada de uma enfermidade incurável no lábio. Um outro, que tivera dor
de cabeça durante dez anos foi curado. Um homem paralítico que estava moribundo, e
não podia mais falar, foi curado e veio depois para nossos cultos. Uma criança, que
estava moribunda com febre, foi curada. Um homem de idade, que sofrera com hérnia
por nove anos, foi curado. Um outro homem, que havia estado enfermo muitos meses
com febre e tinha todo o seu corpo inchado, foi tanto curado , como batizado com o
Espirito Santo. Ele também recebeu o dom de profecia”. O relato conta que uma irmã
que era cega foi curada. “Um homem que viu seu filho morrer, tomou-o imediatamente
nos braços e começou a invocar o nome do Senhor. Imediatamente a criança voltou à
vida. A esposa, quando viu o que aconteceu, se entregou ao Senhor”. 14
O batismo com o Espírito Santo, com línguas estranhas; a ênfase nos dons
espirituais; as curas divinas incontáveis, os prodígios e maravilhas operados por Deus,
através de homens e mulheres humildes; a ênfase na vida de santidade, que era bem
clara e indiscutível, na separação do mundo, não só em termos de doutrina , mas,
também, em termos de usos e costumes, os quais caracterizavam aos olhos dos
estranhos, que os pentecostais eram um povo diferente “por dentro e por fora”. Com
tais características, os crentes eram tachados de “bíblias”, de “bodes”, de “capa
verdes”, de “fanáticos”, não só por parte dos romanistas, como pelos crentes de outras
denominações.
14
Ibid. p. 39.
12
Em 1980, o censo do IBGE dava conta de que, no Brasil, havia 7.885.846 evangélicos.
Os pentecostais participavam com cerca de 48%. Segundo os últimos dados do IBGE
(dados ente 1991 e 2001), os evangélicos são 26 milhões de adeptos, e as
Assembléias de Deus se constituem na maior denominação evangélica do Brasil,
passando de 2,4 para 4,5 milhões de fiéis; com 22.000 templos e 21.000 pastores. O
Jornal Mensageiro da Paz (Jun 2002), dá conta de que ao assembleianos contam com
mais de 8 milhões (dados atualizados), somando 32% dos evangélicos, ou 5% da
população brasileira. Tudo isso, não se deve esquecer, fruto das raízes pentecostais,
fincadas pelos pioneiros do Movimento Pentecostal no Brasil.
Sem querer nos deter em outros fatos históricos, ressaltamos que, depois que
as Assembléias de Deus se tornaram a maior denominação no Brasil, outras igrejas
surgiram, adotando as doutrinas básicas, e as idéias do pentecostalismo. Dos 26
milhões de evangélicos, segundo o IBGE, os pentecostais somam 18 milhões (67,6%),
o que demonstra a pujança desse movimento. De modo mais recente, nos últimos 20
anos, apareceram tantas denominações, ditas pentecostais, que o Movimento tornou-
15
A Assembleia de Deus no Brasil é a Maior do Mundo.
Disponível,em:https://fronteirafinal.wordpress.com/2011/07/02/assembleia-de-deus-brasil-maior-do-mundo/. Acesso em
05.05.2016.
13
se difuso e confuso, perdendo as características do movimento original, tanto bíblica,
quando historicamente. Esse é um grave perigo, pois o crescimento desordenado de
um corpo ou de um organismo pode resultar em sérias enfermidades incuráveis. Não
há dúvida quanto ao crescimento das igrejas evangélicas, que surgem às dezenas ou
centenas, diariamente. Mas carece de avaliação a qualidade desse crescimento,
quando confrontado à luz dos princípios bíblicos neotestamentários.
A Igreja Católica nunca quis saber do uso dos dons. Recentemente, porém, no
seio do Catolicismo, surgiram muitos que passaram a buscar experiências
pentecostais, incluindo o Batismo com o Espírito Santo e os dons (carismas)
espirituais. Por isso, são chamados carismáticos.
Nestes últimos anos, certos fenômenos têm acontecido no seio de muitas igrejas
locais, , notadamente entre as neopentecostais, que intrigam, causam polêmica e até
divisões. Ultimamente, em igrejas pentecostais históricas, e até, em igrejas
tradicionais, esse e outros fenômenos têm sido experimentados. Tais fenômenos têm
afetado de modo marcante o movimento pentecostal, pois, via de regra, seus adeptos
fazem parte de igrejas que se abrigam sob o manto do pentecostalismo.
Há mais de 20 (vinte) anos que, nos EUA, e em outros países da outra América,
o fenômeno de “cair no Espírito” (“slain in the Spirit”) tem-se verificado, em muitas
igrejas, principalmente pentecostais. No Brasil, já faz alguns anos, o fenômeno se
repete, só causando maior polêmica mais recentemente, quando tem-se espalhado
num âmbito maior.
a) DANIEL. Teve uma visão, diante de si apareceu o anjo Gabriel, e ele caiu “com o
rosto em terra” (Dn 8.18); outra vez, “um homem vestido de linho...cujo rosto parecia
um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo...” (Dn 10.5,6) falou-lhe e ele caiu
“com o...rosto em terra, profundamente adormecido” (v.9).
15
c) JOÃO EVANGELISTA. Viu “um semelhante ao Filho do Homem...e o seu rosto era
como o sol, quando na sua força resplandece”. E diz: “E eu, quando o vi, caí a seus
pés como morto...” (Ap 1.13,16,17).
Nos casos em que ocorre o “cair no espírito”, que conhecemos, ou de que temos
informação, não há semelhança direta com os casos apresentados na Bíblia. Por
que?
b) Todos eles caíram com o rosto em terra, e não para trás, prostrados diante dos
mensageiros celestes. Normalmente, quando as pessoas caem para trás, observa-
se que elas estão possuídas por demônios, ou são acometidas de algum tipo de
síncope, ou outro tipo de problema em sua estrutura psicossomática.
4) O QUE CONCLUÍMOS? Que não vemos uma base bíblica consistente para afirmar-
se que tal fenômeno seja genuinamente espiritual; também não julgamos que seja de
ordem diabólica; ao que tudo indica, parece haver uma espécie de sugestão, pois todo
“um clima” emocional é criado em torno do pregador e da reunião.
Sinceramente, não vemos nenhuma base nas escrituras para tal fenômeno. O
maior sopro do Espírito a que se refere a palavra de Deus foi dado por Jesus, quando,
de modo sobrenatural, após ressuscitar, apareceu aos 11 discípulos, “assoprou sobre
16
eles e disse-lhes: “RECEBEI O ESPÍRITO SANTO” (Jo 20.22). Foi um sopro
espetacular! No entanto, nenhum discípulo caiu!
1) O QUE SIGNIFICA? A Seara (Fev 98), trouxe um artigo que nos informa sobre a
chamada “Bênção de Toronto”. Trata-se de um movimento neopentecostal, que
começou em 1994, na igreja “Toronto Airport Vineyard Fellowship” (Igreja Comunhão
da Videira do Aeroporto de Toronto), no Canadá.
2) O QUE OCORRE. Ali, desde aquele ano, as pessoas começaram a cair nos cultos,
aos risos e gargalhadas, tremendo, em êxtase. Em 1995, outros fenômenos estranhos
começaram a ocorrer. Um pregador passou a urrar como leão, engatinhando de
quatro, e gritando: “Deixem o meu povo ir!”. Indagado a respeito, disse que era o “leão
da Tribo de Judá”, que falava ao seu povo. Se isso não bastasse, há pessoas que
cantam como galo, mugem como boi, cantam como pássaros e emitem sons de outros
animais, dizendo-se cheias do Espírito Santo. Esses acontecimentos causaram a
divisão da igreja. A igreja do aeroporto passou a chamar-se “Comunhão Cristã do
Aeroporto”, desligada da “Comunhão da Videira”.
3) QUAL A BASE BÍBLICA? Não conseguimos encontrar, nas escrituras, algum apoio
para esse tipo de comportamento.
3) HÁ BASE BÍBLICA PARA ESSE TIPO DE DANÇA? Os que defendem esse tipo
de “celebração” afirmam que Davi dançou; Miriam dançou; que o povo de Israel
dançou. Porém, um exame mais acurado da Palavra de Deus não nos dá base
doutrinária para que se dance nos templos, e muito menos, durante a celebração do
culto a Deus, que, hoje, deve fundamentar-se nos princípios neotestamentários. Os
pastores, nas igrejas locais, têm o dever de zelar pela pureza dos princípios bíblicos,
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deixados por Cristo, e bem ordenados nos Atos e nas epístolas. Se quisermos justificar
o uso de comportamentos do AT, teremos que incluir, tam´bem, os sacrifícios, a
guarda do sábado, etc. Vejamos:
NO ANTIGO TESTAMENTO
a) A dança de Miriã. Diz o texto: “Então, Miriã, a profetisa, irmã de Arão, tomou o
tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com
danças” (Ex 15.20). Miriã e as mulheres dançaram num momento especial, único, de
significado extraordinário, que foi a passagem pelo Mar Vermelho. Era costume, no
Oriente, o povo dançar, em grande ocasiões nacionais. Não vemos base, aí, para as
danças, os “trenzinhos” e as coreografias que se fazem em muitas “celebrações”.
Danças (mwchôwlâh = forma feminina de mâchowl; girar alegremente numa roda –
Menezes Silva, p. 1-3); não há base neotestamentária para as danças desse tipo, no
culto cristão.
b) A dança das filhas de Silo: “E olhai, e eis aí, saindo as filhas de Siló a dançar em
ranchos, saí vós das vinhas, e arrebatai cada um sua mulher das filhas de Siló, e ide-
vos à terra de Benjamim” (Jz 21.21). Os filhos de Israel ficaram proibidos de dar
esposas aos filhos de Benjamim. Para evitar a eliminação da tribo, foram
aconselhados a seqüestrar (raptar) moças que dançavam em Siló. Essa dança (chîyl
= dançar em roda circulante, ibidem), de caráter folclórico, no campo, não serve de
base doutrinária, no Novo Testamento, para que se dance nos cultos, hoje, nas igrejas
locais.
c) A dança das mulheres. “Sucedeu, porém, que, vindo eles, quando Davi voltava de
ferir os filisteus, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei
Saul, cantando e em danças, com adufes, com alegria e com instrumentos de música.
E as mulheres, tangendo, respondiam umas às outras de diziam: Saul feriu os seus
milhares, porém Davi, os seus dez milhares” (1 Sm 18.6,7). Com essa dança
(Mechowlah) , e os cânticos improvisados, não vemos que as mulheres adorassem a
Deus. Portavam-se como de costume, no Oriente, ao ar-livre. Não estavam no templo.
Aliás, foi uma dança, acompanhada de uma cantiga que causou sérios problemas,
enciumando o carnal Rei Saul.
d) A dança de Davi. “E Davi saltava com todas as suas forças diante do SENHOR; e
estava Davi cingido de um éfode de linho. Assim subindo, levavam Davi e todo o
Israel a arca do SENHOR, com júbilo e ao som das trombetas. E sucedeu que,
entrando a arca do SENHOR na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, estava olhando
pela janela e, vendo o rei Davi, que ia bailando e saltando diante do SENHOR, o
desprezou no seu coração” (2 Sm 6.14-16).. Esse é um texto muito utilizado pelos que
defendem as danças nas igrejas locais, buscando nele a base bíblica para os
folguedos das “celebrações”. Mais uma vez, vemos o povo, tendo à frente o rei,
cantando e dançando, num momento especial, de júbilo nacional. Não era no culto
propriamente dito, nem dentro do santuário. (“Saltava”, do verbo karar = torcer, voltear,
dançar – Menezes Silva, p.3-5).
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NOVO TESTAMENTO
c) As danças na casa do filho pródigo. ““E o seu filho mais velho estava no campo;
e, quando veio e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças” (Lc 15:25). O
texto refere-se a um costume oriental, que não concede base para o uso das danças
na igreja local.
Com o passar dos anos, e de modo marcante, na última década, uma avalanche
de movimentos neopentecostais tomou conta do Brasil, trazendo um novo estilo de
liturgia, centrada em palmas e danças, incluindo no louvor os ritmos populares, tais
como forró, reggae, música axé (inspirada no terreiro de macumba), além do rock e
outros ritmos estrangeiros. Nessa liturgia, as palmas não servem apenas para
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acompanhar os hinos, mas, de modo muito forte, para expressar o que o auditório
sente, durante a exposição da mensagem.
Não queremos afirmar que bater “palmas para Jesus” seja pecado. Mas que as
palmas não substituem o louvor com expressões de júbilo, com maior significado
espiritual, não substituem. Palmas, no culto, ante a pregação, muito parece como
ovação ao pregador; palmas, após a apresentação de um cantor, ou de um grupo
musical, muito parece aplauso para o cantor ou para o grupo. É uma inovação, que
invadiu as igrejas pentecostais, que não trouxe mais espiritualidade à liturgia.
Não existe base bíblica, no Novo Testamento, para que se batam palmas nos
cultos cristãos. Não há qualquer referência, direta ou indireta, clara ou por inferência,
que dê base à inclusão de palmas na liturgia cristã. Nem nos evangelhos, nem nos
Atos, nem nas epístolas, encontra-se o mínimo apoio para esse tipo de
acompanhamento, seja dos hinos, seja da pregação.
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Nota-se que, quando, nas igrejas locais, nos cultos, não há mais poder de Deus
evidente, as palmas e as danças ocupam o espaço vazio do mover do Espírito. É
inovação que não tem trazido qualquer benefício real para as igrejas pentecostais.
Nesta análise, não temos a intenção de julgar que crentes ou igrejas, que fazem
uso das palmas, nos cultos, estão em pecado, ou desviados. De modo algum. Há
coisas muito mais graves a se condenar. Tão somente estamos incluindo o assunto no
meio das inovações que descaracterizam o movimento pentecostal, quando
comparado com suas origens.
2) AS EXPERIÊNCIAS PESSOAIS
Com base na análise ora apresentada, não queremos ser dogmáticos, nem
temos o interesse em julgar pessoas ou igrejas. Entretanto, atendendo ao escopo do
estudo, cremos que algumas orientações ou sugestões são relevantes, se desejamos
depurar o que descaracterizou o movimento pentecostal, pelo menos em termos das
Assembléias de Deus no Brasil.
Reconhecemos que tais propostas, hoje, no início do Século 21, podem parecer
utopia, ante o avanço avassalador de ensinos, desvios, e práticas litúrgicas, que se
observam em meio ao grande (e desordenado) crescimento dos evangélicos, em
nosso País.
Ainda assim, cremos que Deus, e somente Ele, pode fazer um milagre de
levantar uma Reforma do Movimento Pentecostal, reconduzindo-o aos princípios
bíblicos que lhe deram origem. “O vento sopra aonde quer...”. As convenções não têm
poder para fazer tamanha mudança. Os seminários e congressos, muito menos. Mas
Deus só faz milagres, quando damos lugar à operação do Espírito Santo.
22
c) A busca, na prática, do Batismo com o Espírito Santo, nas reuniões de oração,
nas igrejas pentecostais;
f) A busca dos dons espirituais, como manda a Palavra de Deus (cf. 1 Co 14);
CONCLUSÃO
Com este trabalho, que pode equivaler a um ensaio, desejamos contribuir para a
discussão, necessária e oportuna, sobre a situação atual, e os rumos do movimento
pentecostal, de que as Assembléias de Deus no Brasil são pioneiras, e têm a
23
responsabilidade, diante de Deus, de zelar pela sua pureza e autenticidade, com base
na Palavra de Deus. Talvez seja o desafio do Século!
BIBLIOGRAFIA
CONDE, Emílio. História das Assembléias de Deus no Brasil. Rio, CPAD, 2000.
HULBURT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. Miami, Ed. Vida, 1979.
KESSLER e outros. História das Assembléias de Deus no Brasil. Rio, CPAD, 1982.
SOMOS Mais de Vinte e Seis Milhões. Jornal Mensageiro da Paz, Rio de Janeiro,
junho de 2002.
i
Cessassionistas: corrente de intérpretes de igrejas históricas que ensina que o “falar línguas” ou “glossolalia” foi apenas
para aquela época dos apóstolos.
24