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Especialização em

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PRIMEIRO
MÓDULO TEOLOGIA
PENTECOSTAL

História do
PENTECOSTALISMO
FACULDADE
CRISTÃ DECURITIBA
Wagner Tadeu
dos Santos Gaby

- Presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Curitiba


- Presidente do Conselho Deliberativo da Associação Educacional da
Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Curitiba
- Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Betânia de Ação
Social
- Advogado;
- Major Capelão Reformado do Exército Brasileiro
- Pós-Graduado em Docência Superior
- Mestre em Teologia
- Mestre em Educação
- Membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil
- Membro Fundador da Casa de Letras Emílio Conde
- Cidadão Honorário de Curitiba
- Cidadão Honorário do Estado do Paraná

- Escritor:
“Manual Cívico-Jurídico do Cristão” (CELUZ)
“Relações Públicas e Humanas para Líderes Cristãos” (CPAD)
“Teologia Sistemática Pentecostal” - Tema: Angelologia (CPAD)
“As Doenças do Século” (CPAD)
“Planejamento e Gestão Eclesiástica” (CPAD)
"As parábolas de Jesus" (CPAD)

- Comentarista das Lições Bíblicas de Adultos (CPAD).

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História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
1. A DINÂMICA PENTECOSTAL NA HISTÓRIA

Aproximadamente 800 anos antes do nascimento de Cristo, uma praga de


gafanhotos arrasou Judá. A fome e a seca devastaram a nação por inteiro.
Neste cenário de desespero, o profeta Joel, usado por Deus, profetizou a
promessa do derramamento do Espírito Santo: “E há de ser que, depois,
derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E
também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu
Espírito. E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue, e fogo, e colunas
de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que
venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que
invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém
haverá livramento, assim como o Senhor tem dito, e nos restantes que o
Senhor chamar”. (Joel 2.28-32)

Pedro, nos Atos dos Apóstolos, citou essa mesma passagem, no capítulo 2,
versículos 16 a 21. No comentário de Joel 2.28-32, a Bíblia de Aplicação
Pessoal, observa que “o derramamento do Espírito Santo, profetizado por
Joel, ocorreu por ocasião do Pentecostes. Enquanto no passado o Espírito
de Deus parecia estar disponível a reis, sacerdotes e profetas, Joel
predisse um tempo em que este poder estaria disponível a todos os
crentes. Ezequiel também falou sobre o derramamento do Espírito (Ez
39.28,29). Atualmente o Espírito Santo é derramado, de forma efusiva,
sobre qualquer pessoa que venha a Deus em busca de sua salvação” .

Em Lucas 24.49, após sua ressurreição, Jesus orientou seus discípulos para
permanecerem em Jerusalém, até serem revestidos de poder: “E eis que
sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de
Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder”. Ainda nas
instruções aos seus discípulos, registradas em Marcos 16.17-18, Jesus
afirmou que em seu nome, expulsariam demônios e falariam em novas
línguas: “E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão
demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem
alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre
os enfermos e os curarão”.

No livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo um, versículo oito, Jesus
prometeu aos seus discípulos que eles receberiam poder para testemunhar,
depois de receberem o Espírito Santo: “Mas recebereis a virtude do Espírito
Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”.
Atos 2 relata que cerca de 120 pessoas estavam reunidas no mesmo lugar,
quando de repente, o Espírito Santo foi derramado. A palavra “derramar” 1. BÍBLIA. Português. Bíblia
significa literalmente “jorrar” ou “transbordar”. Diz o texto de Atos 2.1-4 o de Estudo Aplicação Pessoal.
seguinte: “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no Versão Almeida Revista e
Corrigida. Rio de Janeiro:
mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento CPAD, 2008. p.1133.
veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais

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História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
1. A DINÂMICA PENTECOSTAL NA HISTÓRIA

pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e


começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem”.

Em Atos o apóstolo Pedro proferiu um discurso na casa de Cornélio, e no


início de suas palavras, o Espírito Santo foi derramado entre os presentes.
Atos 10.44-46 diz: “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito
Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da
circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de
que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios.
Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus”. Em Atos 11.15-16 a
igreja primitiva creu no derramamento do Espírito Santo: “E, quando
comecei a falar [disse Pedro], caiu sobre eles o Espírito Santo, como
também sobre nós ao princípio. E lembrei-me do dito do Senhor, quando
disse: João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o
Espírito Santo”.

Ainda nos Atos dos Apóstolos, capítulo dezenove, a Bíblia relata que Paulo
chegou na cidade de Éfeso e encontrou ali um grupo de crentes que haviam
experimentado apenas o batismo de João: “Certamente João batizou com
o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele
havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em
nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o
Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” (Atos 19.4-6).

O período pós-apostólico foi marcado pelo desprezo do estudo do Espírito


Santo, uma vez que os pensadores da igreja se ocuparam em discutir outros
assuntos, impedindo assim que uma reflexão mais profunda sobre a ação do
Espírito Santo pudesse ter sido realizada. No contexto do surgimento do
cristianismo à defesa da divindade de Cristo ocupou de forma significativa
o tempo da reflexão teológica sobre o mesmo, assim, assuntos
relacionados à pessoa do Espírito Santo, foram tratados em intensidade
bem menor. Elienai Cabral, na reflexão sobre o movimento pentecostal,
destacou que “devido à destruição do Templo em 70 d.C, os judeus ficaram
impossibilitados de praticar muitos de seus rituais e liturgias, mas para os
cristãos, o Pentecostes, em virtude do derramamento do Espírito Santo,
adquiriu um novo sentido, tornando-se sinônimo do ministério, operações,
atos poderosos e manifestações sobrenaturais do Espírito Santo na Igreja e
através da Igreja” .

Em matéria intitulada “Pentecostalismo”, de autoria de Antônio Gilberto,


2.CABRAL, Elienai. publicada no Jornal Mensageiro da Paz de setembro de 2007 pela CPAD –
Movimento Pentecostal – As Casa Publicadora das Assembleias de Deus, o autor apresentou o
doutrinas da nossa fé. Lições testemunho da ação do Espírito Santo nas diversas eras da igreja, antes do
Bíblicas – Jovens e Adultos.
Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
reavivamento ocorrido nos Estados Unidos da América, que marcou
p.64. oficialmente o pentecostalismo clássico, com a intenção de apontar que,
embora a reflexão sobre o Espírito Santo se apresentasse escassa na

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História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
1. A DINÂMICA PENTECOSTAL NA HISTÓRIA

na história, sua atuação sempre foi uma realidade na vida cristã.

Irineu (130-200 d.C.): Declarou que no seu tempo muitos


cristãos falavam línguas estranhas pelo Espírito e tinham
dons, inclusive o de profecia. Justino Mártir (100-165 d.C.):
Nos seus escritos, mencionou os dons espirituais em
evidência nos seus dias, inclusive o dom de línguas estranhas
pelo Espírito Santo. Orígenes (185-254 d.C.): Afirmou que os
dons espirituais, inclusive o de línguas, eram um fato
notório nos seus dias. Crisóstomo (347-407 d.C.): relatou um
caso em que três membros da sua igreja falaram pelo
Espírito Santo em persa, latim e hindu. Agostinho (354-430
d.C.): Deu testemunho de que as línguas estranhas estavam
em evidência no seu tempo. Waldenses e Albigenses (1140-
1280 d.C.): entre eles havia manifestações espirituais em
línguas estranhas, segundo o Novo Testamento. Lutero
(1483-1546): Falava em línguas e profetizava, conforme
depoimento histórico do Dr. Jack Deer, eminente professor e
historiador batista, do Seminário Teológico de Dallas. Essa
informação também é encontrada nas obras História da
Igreja Alemã, de Souer (volume 3, pág. 406) e Pentecostes
para Todos, de Emílio Conde, p. 88. Anabatistas da
Alemanha (1521-1550): Havia entre eles manifestações do
Espírito, inclusive dons espirituais e línguas estranhas, como
registra a história. Huguenotes (1560-1650): O historiador A.
A. Boddy assim escreveu: “Durante a perseguição dos
huguenotes, a partir de 1685, havia entre eles os que
falavam em línguas, transbordantes de fervor espiritual”.
Quakers (1647-1650) e os SHAKERS (1771-1774): A obra
História da Igreja, de Philip Schaff, edição de 1882, afirma
que entre esses grupos havia manifestação de dons
espirituais, inclusive línguas estranhas. Metodistas
primitivos (1703-1791): O historiador Philip Schaff, na sua
História da Igreja, edição de 1882, relata que esses
metodistas pugnavam por uma vida santa e muitos tinham
dons espirituais e falavam línguas.
Em todas as eras da história do cristianismo, homens e mulheres foram
revestidos por Deus, através do batismo com o Espírito Santo, e
mantiveram acesa a chama do pentecostalismo, mesmo em meio aos
muitos desafios de seu tempo, permitindo assim que essa gloriosa doutrina

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PRIMEIRO
História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
1. A DINÂMICA PENTECOSTAL NA HISTÓRIA

continuasse viva até os dias de hoje. Diversos movimentos na história do


cristianismo influenciaram o pentecostalismo que na Rua Azusa teve o seu
ponto inicial clássico, entre eles, o montanismo, os irmãos morávios,
Jonathan Edwards, Charles Finney, Edward Irving, Dwight Lyman Moody,
entre outros. O pietismo alemão e o metodismo wesleyano são alguns
desses muitos exemplos de movimentos na história do cristianismo que
contribuíram para o reavivamento pentecostal no século 20. Johann Arndt
(1555-1621) foi um dos grandes personagens do pietismo alemão, em
especial pela sua contribuição na produção de um conteúdo onde
“defendeu que o compromisso cristão era resultado de uma piedade ativa
na vida congruente com o modelo oferecido por Cristo” . Philipp Jakob
Spener (1635 1705), auxiliado por August Hermann Francke (1663-1727),
Johann Albrecht Bengel (1687-1752) e Gottfried Arnold (1660-1714),
formularam as bases do pietismo⁴. A ênfase do pietismo indicava:

A necessidade de experiências religiosas pessoais; o valor do


misticismo; a necessidade de uma conversão que realmente
mudasse a vida do indivíduo, e uma santificação que
continuasse esse processo; um desprezo relativo aos credos;
a retidão pessoal; a necessidade de renunciar ao mundo e
suas atrações; a fraternidade universal dos crentes; o calor
emocional na religião cristã⁵.
Philipp Jakob Spener “cria que a ênfase original da Reforma Protestante,
sobre a conversão pessoal, a santificação e a experiência religiosa tinha-se
perdido essencialmente”⁶, por isso mobilizou-se em busca de um
movimento que resgatasse os valores que haviam se perdido na vida da
igreja protestante. John Wesley foi um dos personagens da história do
cristianismo que foi impactado pelo conteúdo da mensagem pietista.

Spener e Francke inspiraram outras variedades de pietismo


alemão. O conde Nikolas von Zinzendorf, líder da Igreja
3. ARAÚJO, Isael de. Morávia renovada, era afilhado de Spener e aluno de
Dicionário do Movimento
Pentecostal. Rio de Janeiro: Francke. Zinzendorf organizava refugiados da Morávia num
CPAD, 2016. p.586. tipo de collegia pietatis dentro do luteranismo alemão, e
4. Ibidem.
mais tarde levou esse grupo a reavivar a União Boêmia dos
Irmãos. Esses morávios, como vieram a ser chamados,
5. CHAMPLIN, Russell levaram a preocupação pietista pela espiritualidade pessoal
Norman. Enciclopédia de
Bíblia, Teologia e Filosofia. quase que literalmente para todo o mundo. Isso foi de
Volume 5. 11.ed. São Paulo: momentosa relevância para a história da cristandade de fala
Hagnos, 2013. p.271.
inglesa, quando João Wesley se viu junto com um grupo dos
6. Ibidem. morávios durante a sua viagem para a Geórgia em 1735. O
que ele viu do comportamento deles naquela ocasião, e

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História do
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MÓDULO
1. A DINÂMICA PENTECOSTAL NA HISTÓRIA

aquilo que ouviu dizer a respeito da fé que eles tinham,


depois de voltar à Inglaterra, levou-o para seu próprio
despertamento evangélico⁷.
O pietismo representou um esforço relevante para reformar a tradição
protestante e foi uma fonte de renovação poderosa na igreja, pois apontou
para a indispensabilidade das Escrituras para a vida cristã, o
encorajamento dos leigos na obra do ministério cristão e a urgência da obra
missionária⁸. Neste cenário de busca por transformações significativas na
vida da igreja, John Wesley, tornou-se um dos principais personagens do
reavivamento evangélico do século 18. “Qualquer estudo do
Pentecostalismo tem de se ater aos eventos desse período, especialmente
à doutrina da perfeição cristã ensinada por João Wesley, o pai do
Metodismo, e pelo seu assistente, João Fletcher”⁹.

Ele salientava a absoluta necessidade da regeneração e da


santificação. Repelia o sacramentalismo, a dependência a
credos, e os ritos e cerimônias eclesiásticos como meios de
salvar. Antes, ensinava que a salvação é um presente
gratuito da graça de Deus ao indivíduo arrependido. Ele
frisava fortemente o fervor evangélico, insistindo em que
não há verdadeira religião exceto a religião experimentada
na prática. Aqueles que o conheceram, afirmaram que ele 7. NOLL, Mark A. in:
ELWELL, Walter A. Org.
falava em frases breves, econômicas, incisivas. [...] Suas Tradução Gordon Chown.
palavras eram quais espinhos nas mentes dos ouvintes, e seu Enciclopédia Histórico-
olhar perscrutador fazia cada pecador presente sentir a sua Teológica da Igreja Cristã.
Volume 3. São Paulo: Vida
necessidade pessoal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Wesley Nova, 2009. p.151.
não tinha paciência com coisas secundárias, como a
8. Ibidem. p.153.
mediação sacerdotal e os mágicos efeitos dos sacramentos.
Antes, exortava os homens a terem experiência pessoal com 9. HORTON, Stanley. Teologia
Sistemática – Uma
Jesus Cristo ⁰. perspectiva pentecostal.
23.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
O pentecostalismo clássico que marcou o reavivamento pentecostal nos 1997. p.4-5.
Estados Unidos da América, à semelhança do que ensinava John Wesley,
10. CHAMPLIN, Russell
defendia que o homem deveria depois da conversão à Cristo dedicar-se à Norman. Enciclopédia de
santificação. Contribuiu também para o reavivamento pentecostal norte Bíblia, Teologia e Filosofia.
americano o Movimento de Santidade (Holiness Movement), organizado Volume 4. 11.ed. São Paulo:
pelos metodistas que vieram para os Estados Unidos da América no século Hagnos, 2013. p.254.
18 com o objetivo de reformar as instituições metodistas, adequando estas
11. ARAÚJO, Isael de.
às práticas dos evangelistas dos acampamentos avivalistas . Essa Dicionário do Movimento
iniciativa não foi aceita unanimemente e, por isso, no ano de 1867 foi Pentecostal. Rio de Janeiro:
fundada a Associação Nacional de Acampamentos Avivalistas para a CPAD, 2016. p.587.
Divulgação da Santidade.

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História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
1. A DINÂMICA PENTECOSTAL NA HISTÓRIA

Foi deste grupo, preocupado com curas, escatologia e


eclesiologia (temas proscritos entre os líderes nacionais),
que saiu a maioria dos antigos pentecostais norte-
americanos. Considerados radicais dos radicais, os futuros
glossolalistas ficaram ausentes da liderança do insurgente
grupo independente. Nenhum futuro líder pentecostal, por
exemplo, foi registrado ou identificado na General Holiness
Assembly de 1901, em Chicago, a última e mais expressiva
movimentação para a fundação de uma denominação
nacional da Santidade. Foram os temas considerados
controversos ou heréticos que colocaram muitos dos futuros
pentecostais à margem do perfeccionismo cristão.
Stanley Horton na clássica obra “Teologia Sistemática – uma perspectiva
pentecostal” destacou que, além do metodismo, outros movimentos
influenciaram o reavivamento pentecostal nos Estados Unidos da América:

A crença numa segunda obra da graça não ficou confinada ao


círculo metodista. Charles G. Finney, por exemplo,
acreditava que o batismo no Espírito Santo provesse o
revestimento do poder divino para se obter a perfeição
cristã. Sua teologia, porém, não se encaixava nem na
categoria wesleyana, nem na reformada. Embora a teologia
da Reforma haja identificado o batismo no Espírito com a
conversão, alguns reavivalistas, dentro dessa tradição,
aceitavam o conceito de uma segunda obra da graça para
revestir os cristãos do poder do alto. Entre eles se
encontravam Dwight L. Moody e R, A. Torrey. Apesar desse
revestimento de poder, acreditavam, a santificação
mantinha-se em sua obra progressiva. Outro personagem-
chave, um ex-presbiteriano, A. B. Simpson, fundador da
Aliança Cristã e Missionária, cuja forma de pensar teve
grande impacto na formação doutrinária das Assembleias de
Deus, enfatizava nitidamente o batismo no Espírito Santo.
[...] Quando, porém, o pregador wesleyano radical da
Santidade, Benjamin Hardin Irwin, começou, em 1895, a
ensinar sobre as três obras da graça, os problemas
começaram a surgir. Segundo Irwin, a segunda bênção
iniciava a santificação, e a terceira trazia o “batismo do
12. Ibidem.
amor ardente” (o batismo no Espírito Santo). A maior parte

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MÓDULO
1. A DINÂMICA PENTECOSTAL NA HISTÓRIA

do movimento da Santidade condenava essa “terceira


bênção”, classificando-a como heresia (a qual, entre outras
coisas, criava o problema das evidências distintivas entre a
segunda e a terceira bênçãos). Não obstante, a noção que
Irwin possuía de uma terceira obra da graça - o revestimento
do poder no serviço cristão - firmou-se como alicerce do
Movimento Pentecostal .
De acordo com Brunelli “os avivalistas dos séculos 17 e 18 deixaram marcas
significativas na história pela abertura que deram às manifestações mais
efusivas do Espírito Santo, abrindo caminho para um avivamento mais
pujante que eclodiria no início do século 20, cujos reflexos alcançariam o
mundo como raios de sol ao meio-dia ⁴”. Consolidou-se nesse momento
que o revestimento de poder através do Batismo com o Espírito Santo
capacitaria homens e mulheres para o exercício da atividade missionária,
em especial, pelo entendimento e ênfase que se depositava na xenolalia.

Charles Fox Parham, um dos muitos pregadores do Movimento de


Santidade, convicto da coerência da mensagem pentecostal, iniciou com
um grupo de seguidores, estudos sistemáticos no livro dos Atos dos
Apóstolos, afastando-se em definitivo do movimento metodista. Na Escola
Bíblica Bethel, na cidade de Topeka, estado do Kansas, nos Estados Unidos
da América, iniciou um movimento que marcou o reavivamento
pentecostal do século 20. “A distintiva contribuição teológica de Parham
ao movimento acha-se na sua insistência de que o falar noutras línguas
representa a 'evidência bíblica' vital da terceira obra da graça: o batismo
no Espírito Santo, claramente ilustrado nos capítulos 2, 10 e 19 de Atos dos
Apóstolos” ⁵.

13. HORTON, Stanley.


Teologia Sistemática – Uma
perspectiva pentecostal.
23.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
1997. p.5-6.

14. BRUNELLI, Walter.


Teologia para pentecostais:
uma teologia sistemática
expandida. Volume 4. Rio de
Janeiro: Central Gospel,
2016. p.325.

15. Ibidem.

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História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
2. PENTECOSTALISMO

O pentecostalismo é uma crença baseada em atributos espirituais referidos


no Novo Testamento. É o nome da doutrina que baseia sua crença no poder
do Espírito Santo evidenciado na manifestação dos “dons espirituais” e sua
contemporaneidade. Assim, crê na manifestação do Espírito Santo da
mesma maneira, e na mesma intensidade, descrita no capítulo 2 de Atos,
ou seja, é continuísta em sua interpretação. O pentecostalismo é um
movimento religioso pautado na firme convicção de que os dons dados por
Deus aos apóstolos estão disponíveis aos cristãos de hoje. O continuísmo é
uma contraposição à ideia “cessacionista” que em linhas gerais, entende
que a manifestação dos dons espirituais cessou com a morte do último
apóstolo, ou que a utilização desses dons estava circunscrita somente ao
período do Novo Testamento. O entendimento cessacionista foi formado
historicamente na interpretação que Agostinho fez sobre a atuação do
Espírito Santo.

O termo “pentecostes”, procede originalmente da festa


judaica chamada de “festa das semanas” ou hag shabu'ôt,
como descreve o Antigo Testamento (Lv 23.15-25; Dt 16.9
12). Essa festa era comemorada sete semanas depois da
Páscoa. Literalmente, o termo significa “festa dos períodos
de sete”, em razão de a festa ser comemorada a partir do
dia seguinte ao sétimo sábado, após o dia das primícias (Lv
23.15,16). Outra expressão da qual se deriva o vocábulo
“pentecostes” é hamishim yôn, que significa “festa dos
cinquenta dias" (Lv 23.16), termo traduzido pela versão
grega do Antigo Testamento, por pentēkonta hēmeras, ou
“quinquagésimo dia”. A solene festa de Pentecostes é
chamada no Antigo Testamento de “Festa das Semanas”,
“Festa das Primícias da sega do trigo”, “Festa da Colheita” e
o “dia das primícias” - ocasião em que se apresentavam os
primeiros frutos dos campos previamente plantados (Ex
23.16; 34.22; Nm 28.26-31; Dt 16.9-12). Quanto ao passado,
a Festa de Pentecostes era uma santa celebração em que o
adorador oferecia ao Senhor uma oferta voluntária
proporcional às bênçãos recebidas do Senhor (Dt 16.10).
Mas, no contexto profético, ela é uma referência à efusão
do Espírito sobre toda a carne (Jl 2.28; At 2.1-13) ⁶.
16. GILBERTO, Antonio.
Lições Bíblicas – Jovens e
Adultos – 3° Trimestre de A Doutrina Pentecostal é conhecida como “Pentecostalismo” devido ao
2006. As doutrinas bíblicas fato do Espírito Santo ter descido sobre os discípulos no Dia de Pentecostes.
pentecostais. Rio de Janeiro: Neste dia celebrava-se uma festa do calendário hebreu que havia sido
CPAD, 2006. p.4-5. instituído como parte do concerto do Sinai, conforme Êxodo 23.14-19. “Os
propósitos destas festas eram de “refletir sobre a bondade de Deus, e,

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História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
2. PENTECOSTALISMO

recordar que os israelitas eram o povo escolhido por Deus” ⁷. O


pentecostalismo acredita na contemporaneidade dos dons espirituais,
exatamente como estão descritos em Atos e 1Coríntios, para os dias de
hoje.

O Pentecostes Judaico (At 2.1-41). Atos 2 faz uma narrativa


do primeiro Dia de Pentecostes depois da ressurreição de
Cristo. O Dia de Pentecostes (hēmeras tēs pentēkostes – “o
qüinquagésimo dia”) se dava cinquenta dias depois de 16 de
Nisã, o dia seguinte à Páscoa. Também era chamado “Festa
das Semanas”, porque ocorria sete semanas depois da
Páscoa. Por causa da colheita de trigo que acontecia naquele
período, era uma celebração da colheita de grãos (Ex 23.16:
34.22; Lv 23.15-21). O Pentecostes Cristão. A festividade
judaica do Dia de Pentecostes assume novo significado em
Atos 2, pois é o dia no qual o Espírito prometido desce em
poder e torna possível o avanço do evangelho até aos confins
da terra. O batismo dos apóstolos com o Espírito Santo no
Dia de Pentecostes serve de fundação da missão da Igreja
aos gentios. Essa experiência corresponde à unção de Jesus
com o Espírito no rio Jordão (Lc 3.21,22). Semelhanças entre
a Unção de Jesus e o Pentecostes. O Espírito desceu sobre
Jesus depois que ele orou (Lc 3.22); no Dia de Pentecostes,
os discípulos também são cheios com o Espírito Santo depois
que oram (At 2.14). Manifestações físicas acompanharam
ambos os eventos. No rio Jordão, o Espírito Santo desceu em
forma corpórea de pomba, e no Dia de Pentecostes a
presença do Espírito está evidente na divisão de línguas de
fogo e no fato de os discípulos falarem em outras línguas. A
experiência de Jesus enfatizava uma unção messiânica para
seu ministério público pelo qual Ele pregou o Evangelho,
curou os doentes e expulsou demônios; os apóstolos agora
17. BÍBLIA. Português. Bíblia
recebem o mesmo poder do Espírito. Derramamentos de Estudo Pentecostal.
subsequentes do Espírito em Atos são semelhantes à Versão Almeida Revista e
experiência dos discípulos em Jerusalém. Da mesma maneira Corrigida. Rio de Janeiro:
CPAD, 1995. p.221.
que a unção de Jesus (Lc 3.22; 4.18) é um paradigma para o
subsequente batismo dos discípulos com o Espírito (At 1.5; 18. ARRINGTON, F.L.;
STRONTAD, R. Comentário
2.4), assim, o dom do Espírito aos discípulos é um paradigma bíblico pentecostal: Novo
para o povo de Deus em todos os 'últimos dias' de uma Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003. p. 631.
comunidade pentecostal do Espírito e da condição de profeta
de todos os crentes (At 2.16-21) ⁸.

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MÓDULO
2. PENTECOSTALISMO

De acordo com McGrath, o pentecostalismo “não foi consequência de uma


'nova Reforma', mas o resultado legítimo do programa contínuo que
caracteriza e define o protestantismo desde seu início” ⁹. É um processo de
reflexão porque permite ao crente a prática do sacerdócio universal. É um
processo de reconsideração porque resgata valores bíblicos desprezados
no tempo. É um processo de regeneração pois possibilita a transformação
plena do indivíduo que passa a ser controlado pelo Espírito Santo. Para
McGrath “o pentecostalismo, como a maioria dos outros movimentos do
protestantismo, fundamenta-se no que aconteceu antes. Seu igualitarismo
espiritual é claramente a redescoberta e a reafirmação da doutrina
protestante clássica do sacerdócio de todos os crentes” ⁰. Não se trata de
uma nova teologia, pelo contrário, trata de um retorno aos princípios
experimentados pela igreja primitiva e continuados até os dias de hoje.

Isael de Araújo conceitua o pentecostalismo como uma “crença segundo a


qual o falar em línguas estranhas (glossolalia) ocorrido com os discípulos no
dia de Pentecostes, em Jerusalém, pode ser experimentado por crentes
hodiernos, por meio do batismo no Espírito Santo, os quais podem buscar e
praticar os dons espirituais” . Diz ele também:

[...] os pentecostais, diferentemente dos protestantes


históricos, acreditam que Deus, por intermédio do Espírito
Santo, em nome de Cristo, continua a agir hoje da mesma
forma que no cristianismo primitivo, curando enfermos,
expulsando demônios, distribuindo bênçãos e dons
espirituais, realizando milagres, dialogando com seus servos,
concedendo infinitas e concretas amostras de seu supremo
poder e inigualável bondade. [...] enfatizam uma
experiência pós-conversão conhecida como “batismo no
Espírito Santo”. [...] O ensino da “evidência inicial” é o
ponto central da teologia da maioria das igrejas
pentecostais clássicas em todo o mundo. Este ensino
enfatiza que o falar em línguas (glossolalia) desconhecidas
19. McGRATH, Alister. A do falante é o primeiro sinal necessário para se saber que
Revolução Protestante. 1.
ed. Brasília: Editora Palavra, alguém recebeu a experiência pentecostal .
2012. p.428.
De acordo com o teólogo pentecostal Elienai Cabral, a crença pentecostal
20. Ibidem.
deve ser caracterizada à partir da observação das seguintes
21. ARAÚJO, Isael de. características: a) seus adeptos devem aceitar a soberania da Bíblia
Dicionário do Movimento Sagrada conforme o relato de 2Timóteo 3.16; b) devem manter a pureza da
Pentecostal. Rio de Janeiro: sã doutrina conforme o relato de Atos 2.42 e 1Timóteo 4.16; c) devem crer
CPAD, 2016. p. 367. na atualidade do batismo com o Espírito Santo e na contemporaneidade
22. Ibidem. dos dons espirituais conforme o relato de Atos 2.39; d) devem cumprir de
forma integral a Grande Comissão conforme o relato de Marcos 16.15-20;

12
História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
2. PENTECOSTALISMO

e) devem ter compromisso com uma vida de santidade através da leitura da


Bíblia, da oração e do exercício da piedade na consolação do Espírito Santo
conforme o relato de Gálatas 5.22, 1Tessalonicenses 5.17-23 e 1Timóteo
4.8 . Claudionor de Andrade, também teólogo pentecostal, destaca que o
movimento pentecostal está fundamentado nas Sagradas Escrituras e
possui as seguintes características que o legitimam:

1.O verdadeiro avivamento tem a Bíblia Sagrada como a


inspirada, infalível, inerrante e completa Palavra de Deus.
2. O verdadeiro avivamento não admite qualquer revelação
outra que venha contrariar as Sagradas Escrituras, pois estas
são soberanas e irrecorríveis. 3. O verdadeiro avivamento
prima pela ortodoxia bíblica e pela sã doutrina. 4. O
verdadeiro avivamento é espiritual, mas não admite o
misticismo herético e apóstata que, sob a capa da
humildade, busca desviar os fiéis das recomendações dos
profetas do Antigo Testamento e dos apóstolos do Novo
Testamento. 5. O verdadeiro avivamento prega o Evangelho
completo de Nosso Senhor, anunciando que Jesus salva,
batiza no Espírito Santo, cura os enfermos, opera maravilhas
e que, em breve, haverá de nos buscar, a fim de que
estejamos para sempre ao seu lado. 6. O verdadeiro
avivamento enfatiza a salvação pela graça através do
sacrifício vicário do Filho de Deus. 7. O verdadeiro
23. CABRAL, Elienai. Lições
avivamento é pentecostal; realça a atualidade do batismo no Bíblicas de Jovens e Adultos:
Espírito Santo e dos dons espirituais. 8. O verdadeiro Movimento Pentecostal – As
doutrinas da nossa fé. Rio de
avivamento tem um firme compromisso com o imperioso ide Janeiro: CPAD, 2011. p.65-
de Nosso Senhor Jesus Cristo, por isto não poupa recursos 66.
humanos e financeiros na evangelização local, nacional e
24. ANDRADE, Claudionor
transcultural. 9. O verdadeiro avivamento acredita na Corrêa de. Fundamentos
necessidade e possibilidade de todos os crentes viverem uma bíblicos de um autêntico
avivamento. Rio de Janeiro:
vida de santidade e inteira consagração a Deus. 10. O CPAD, 2004. p.187-188.
verdadeiro avivamento é intercessor. Leva os crentes a rogar
25. MATOS, Alderi Souza de.
ao Pai Celeste por aqueles que ainda não foram alcançados O movimento pentecostal:
pelo Evangelho . reflexões a propósito do seu
primeiro centenário.
Disponível em:
Alderi de Matos destaca que “o pentecostalismo foi entendido pelos seus http://www.mackenzie.br/6
primeiros simpatizantes como o derramamento final do Espírito de Deus 982.html. Acesso: 02.03.21.
que iria preparar a igreja para o derradeiro esforço pela evangelização do
mundo antes da volta do Senhor” ⁵. Matos destaca também que 26. Ibidem.
“rigorosamente falando, o pentecostalismo como fenômeno distinto surgiu
nos últimos anos do século 19” ⁶. Com o advento dos reavivamentos dos

13
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PRIMEIRO
História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
2. PENTECOSTALISMO

séculos XIX e XX, a ênfase na obra do Espírito Santo voltou a arder, gerando
assim, um novo momento de reflexão e entrega em busca de um
relacionamento profundo com Deus.

Robert Menzies destaca que o cristão pentecostal: “crê que o livro de Atos
fornece um modelo para a igreja contemporânea e, nesta base, incentiva
todos os crentes a experimentar o batismo no Espírito (At 2.4), entendido
como capacitação para a missão, distinto da regeneração, que é marcado
por falar em línguas, e afirma que “sinais e maravilhas”, inclusive todos os
dons mencionados em 1 Coríntios 12.8-10, devem caracterizar a vida da
igreja hoje ⁷”. Menzies destaca também que o termo “carismático” está
relacionado com o cristão pentecostal uma vez que ele “crê que todos os
dons listados em 1 Coríntios12.8-10, incluindo profecia, línguas e curas,
estão disponíveis para a igreja hoje; mas rejeita a afirmação de que o
batismo no Espírito (At 2.4) é capacitação para a missão distinta da
regeneração ⁸”.

Antes do movimento da Reforma Protestante, surgiram as primeiras


discussões da necessidade de uma mudança na vida religiosa cristã, dando
início assim ao lançamento dos fundamentos ideológicos da reforma. A
origem destas discussões foi verificada pelos valdenses ⁹, seguidores de
Pedro Valdo, que se tornou notável por traduzir a Bíblia para uma
linguagem popular. Este movimento recebeu o nome de Pré-Reforma.
Neste período, diversos nomes se destacaram na defesa desses ideais,
entre eles, John Wycliffe, Jerônimo Savonarola e John Huss. Com o
advento da Reforma Protestante no século XVI, Lutero e Calvino
despontaram como os grandes pensadores da teologia, dando a partir de
então, as “coordenadas” para um novo tempo na interpretação das
Escrituras. John Wesley influenciou, através da pregação da doutrina da
perfeição cristã, juntamente com os pregadores da piedade cristã, no fim
do século XVII, o movimento que seria denominado pentecostal.

Com o avanço do pentecostalismo na história, em especial no início do


século XVIII, e com a chegada de um reavivamento na Europa e na América
27. MENZIES, Robert P. do Norte, houve uma ênfase na pregação sobre a necessidade do
Pentecostes – essa história é arrependimento e da observância de uma vida cristã piedosa. Esta
a nossa história. 1.ed. Rio de mensagem influenciou pregadores calvinistas, luteranos e arminianos.
Janeiro: CPAD, 2016. p.12.

28. Ibidem. p.13. Qualquer estudo do Pentecostalismo tem de se ater


especialmente à doutrina da perfeição cristã ensinada por
29. ABARCA, Rodrigo. A parte
da história da igreja que não João Wesley e pelo seu assistente João Fletcher [...]. Essa
foi devidamente contada. Os doutrina chegou na América do Norte e inspirou o movimento
Valdenses - O Israel dos
Alpes. Revista Águas Vivas. de Santidade influenciando os cristãos a viver uma vida
Ano 8, no. 45, maio-junho de santificada, mas sem mencionar o falar em outras línguas.
2007.
[...] Embora a teologia reformada haja identificado o

14
História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
2. PENTECOSTALISMO

o batismo no Espírito com a conversão, alguns reavivalistas,


dentro dessa tradição, aceitavam o conceito de uma segunda
obra da graça para revestimento de poder. [...] Desta
doutrina apropriaram-se evangelistas e teólogos que faziam
parte do movimento de santificação (holiness) surgido nos
EUA, em meados do século XIX. [...] Este movimento
separou-se dos metodistas carismáticos, distinguindo
conversão e santificação, denominando esta última de
“batismo no Espírito Santo ⁰”.
Os avivamentos experimentados pela igreja, em especial a partir do século
XVI, não foram denominados de “pentecostais”, uma vez que este termo
está relacionado com o contexto norte americano no início do século XX.
Em linhas gerais, na perspectiva histórica, há um desafio para determinar
qual o evento que, de fato, marcou a história da igreja no que diz respeito
ao reavivamento espiritual moderno. O reavivamento pentecostal, até
mesmo por sua característica descentralizadora, proporcionou o
surgimento de diversos grupos pentecostais espalhados pelo mundo,
porém foi Charles Fox Parham, “evangelista metodista dos movimentos de
santidade quem realmente aprofundou a discussão em torno do batismo do
Espírito Santo ”. Para ele o batismo com o Espírito Santo capacitava o
crente, em especial, para o exercício da atividade missionária.

30. HORTON, Stanley.


Teologia Sistemática – Uma
perspectiva pentecostal.
23.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
1997. p.5.

31. ROMEIRO, Paulo. A


origem pentecostal.
Disponível em:
http://www.teologiapenteco
stal.com/2011/04/origem-
pentecostal-por-paulo-
romeiro.html. Acesso:
09.03.21.

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1
PRIMEIRO
História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
3. PENTECOSTALISMO CLÁSSICO

Os acontecimentos que marcaram a história pentecostal do século XX,


tiveram o seu início em 1896 na União Cristã, nas Unicol Mountains, no
estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos da América. Outros
movimentos históricos surgiram, e o mais conhecido teve seu início em
setembro de 1900 na Stone Mansion (Mansão de Pedra) na cidade de
Topeka, estado do Kansas, também nos Estados Unidos da América. A
maioria desses grupos foram formados a partir do estabelecimento de
reuniões de oração nos lares, e a liderança surgia de forma natural,
geralmente exercida por alguém que já havia experimentado o batismo
com o Espírito Santo. O movimento pentecostal dava ênfase a cura divina e
a profecia.

Entre 1880 à 1923 surgiram diversos grupos de orações nos


Estados Unidos da América. Um deles, Ricgard G. Sperling,
pastor batista licenciado, promoveu reuniões na Carolina do
Norte, marcada por intensa glossolalia (falar em línguas
estranhas). Mas foi Charles Fox Parham, evangelista
metodista dos movimentos de santidade quem realmente
aprofundou a discussão em torno do batismo do Espírito
Santo. Convencido pelos estudos dos Atos dos Apóstolos e
influenciado por Irwin Sandford, testemunhou Parham, um
reavivamento notável na escola Bethel Bible School, cidade
de Topeka, estado do Kansas, nos Estados Unidos da América,
em janeiro de 1901 .

Charles Fox Parham nasceu na cidade de Muscatine, estado de Iowa, nos


Estados Unidos da América em 4 de junho de 1873. Com 13 anos de idade
converteu-se na Igreja Congregacional. No ano de 1893, convencido de sua
chamada ao ministério, e fortemente influenciado pela doutrina de
Santidade, Parham deixou os estudos e assumiu o pastorado de uma igreja
metodista, porém, dois anos mais tarde, em 1895, decidiu iniciar um
ministério independente. Em 1898, juntamente com sua esposa, Sarah
Thistlethwaite, fundou a Bethel Healing Home (Casa de Cura Betel) na
32. HORTON, Stanley.
cidade de Topeka, estado do Kansas, nos Estados Unidos da América . “A
Teologia Sistemática – Uma Casa tinha alojamento e oferecia ensino sobre a fé para pessoas que
perspectiva pentecostal. buscavam a cura divina ⁴”. Parham cria fortemente na doutrina do
23.ed. Rio de Janeiro: CPAD, derramamento do Espírito Santo, e que ele estava relacionado
1997. p.5-6. diretamente com o envio de missionários para as diversas nações do
33. ARAÚJO, Isael de. mundo, uma vez que a xenolalia (capacidade de falar um idioma
Dicionário do Movimento desconhecido sem tê-lo estudado), era uma das marcas distintivas do
Pentecostal. Rio de Janeiro: movimento pentecostal. Em 1900, após adquirir uma antiga mansão na
CPAD, 2016. p.542. cidade de Topeka, ele iniciou uma Escola Bíblica cuja finalidade era ensinar
34. Ibidem.
os seus alunos sobre os fundamentos da doutrina de santidade, e a busca
pelo batismo com o Espírito Santo.

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História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
3. PENTECOSTALISMO CLÁSSICO

Os alunos não pagavam mensalidade. Eles tinham tudo em


comum, vivendo pela fé. Não havia um currículo formal. Os
alunos eram desafiados a estipular um assunto, pesquisar
nas Escrituras tudo o que podiam sobre o tema escolhido, e,
depois, apresentá-lo em classe, respondendo às perguntas
que eram feitas sobre o tema. Vários temas como
arrependimento, conversão, consagração, santificação, cura
divina e a iminente vinda de Jesus já haviam sido estudados
ao longo do último ano do século 19. No Natal de 1900,
Parham iria ausentar-se por alguns dias, mas deixou aos
alunos a incumbência de descobrir nas Escrituras evidências
sobre o batismo com o Espírito Santo. Três dias depois, todos
os alunos haviam chegado à mesma conclusão de que o
batismo com o Espírito Santo era evidenciado com línguas
estranhas. No dia primeiro de janeiro de 1901, os alunos
estavam reunidos em um culto de oração, quando a jovem
Agnes N. Ozmam pediu a Parham que impusesse as mãos
sobre ela para que recebesse o Espírito Santo. De repente,
ela começou a falar o Chinês e durante três dias não
conseguia falar a sua própria língua. Quando tentava
escrever algo, os escritos também vinham em chinês. Agnes
Ozmam foi a primeira pessoa a ser batizada com o Espírito
Santo no século 20 ⁵.
Parham deu início ao Apostolic Faith Movement que reuniu algumas igrejas
que buscavam a doutrina pentecostal na cidade de Houston, estado do
Texas, nos Estados Unidos da América. Ainda em Houston ele organizou uma
Escola Bíblica com o objetivo de capacitar seus alunos na atividade
missionária. As aulas duravam aproximadamente 10 semanas, e tiveram
como ilustre aluno William Joseph Seymour que já estava nesta ocasião
ligado ao Movimento de Santidade.

As contribuições de Parham para o pentecostalismo incluem


a definição fundamental sobre as línguas como a evidência
inicial, e o particular e intenso grau de milenianismo do
“latter rain” (chuva serôdia). As línguas como evidência
forneceram aos pentecostais uma identidade 35. BRUNELLI, Walter.
Teologia para pentecostais:
significativamente diferente daquela própria do movimento uma teologia sistemática
da Santidade ao tornar o batismo no Espírito Santo uma expandida. Volume 4. Rio de
Janeiro: Central Gospel,
experiência demonstrável. A ênfase missionária engendrada 2016. p.348.
pela concepção da função milenianista das línguas

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PRIMEIRO
História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
3. PENTECOSTALISMO CLÁSSICO

xenolálicas, apesar do desvanecimento daquele sonho depois


de 1908, exercendo um papel fundamental no crescimento
do pentecostalismo por todo o mundo. Em resumo, os temas
da iminência escatológica e do poder evangelístico, que
traçaram o caminho seguido pelos pentecostais brancos nos
seus esforços agressivos para pregar o evangelho "até aos
confins da terra" (At 1.8), formam o legado de Parham ⁶.

Tradicionalmente, reconhece-se o início do movimento pentecostal no ano


de 1906, na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos da América, na Rua
Azusa (312 Azusa Street), onde houve um grande avivamento. Em 1906,
William Joseph Seymour, fundou na cidade de Los Angeles, estado da
Califórnia, nos Estados Unidos da América, um local de reuniões, situado na
Rua Azusa -312, com a finalidade de abrigar os diversos crentes
pentecostais que estavam se reunindo em diversos lares. O primeiro culto
foi realizado no dia 14 de abril de 1906. O trabalho ficou conhecido como o
“Reavivamento da Rua Azusa”. O grande desafio enfrentado por Seymour,
foi reunir todos aqueles que queriam o Espírito Santo. Embora William
Seymour seja o personagem mais conhecido neste contexto, foi uma
mulher, membro da Igreja Metodista, a responsável em trazer à cidade de
Los Angeles a fé pentecostal, logo após retornar de uma viagem à cidade de
Houston, nos Estados Unidos da América, por ocasião de uma visita aos seus
familiares. Antes de 1906 outros grandes movimentos de avivamento foram
verificados, por exemplo, na Inglaterra em 1740, na Suécia em 1858, e em
diversas cidades nos Estados Unidos da América.

William Seymour nasceu na cidade de Centerville, estado da Louisiana, nos


Estados Unidos da América, em 2 de maio de 1870. “Filho dos ex-escravos
Simon e Phyllis Seymour, foi criado como um batista, e aos 25 anos, mudou-
36. ARAÚJO, Isael de.
se para Indianápolis, onde trabalhou como carregador de ferrovia e depois
Dicionário do Movimento atendeu mesas em um restaurante da moda. Nessa época, ele contraiu
Pentecostal. Rio de Janeiro: varíola e ficou cego do olho esquerdo ⁷”.
CPAD, 2016. p.543.

37. Christian History


Em 1900, ele se mudou para Cincinnati, onde se juntou à
Magazine – Issue 65: The 10 Igreja de Deus (com sede em Anderson, Indiana), também
most influential christians of
the twentieth century.
conhecida como “os Santos da Luz Vespertina”. Aqui ele se
Pentecostalism: William tornou imerso na teologia radical da santidade, que ensinava
Seymour. Christian History a segunda bênção, santificação (isto é, a santificação é uma
Magazine, 2000. Disponível
em experiência pós-conversão que resulta em santidade
https://www.christianitytod completa), cura divina, pré-milenismo e a promessa de um
ay.com/history/issues/issue-
65/pentecostalism-william- avivamento mundial do Espírito Santo antes do
seymour.html. Acesso: arrebatamento. Em 1903, Seymour mudou-se para Houston,
03.05.21.
Texas, em busca de sua família. Lá ele se juntou a uma

18
História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
3. PENTECOSTALISMO CLÁSSICO

pequena igreja de Santidade pastoreada por uma mulher


negra, Lucy Farrow, que logo o colocou em contato com
Charles Fox Parham ⁸.
Lucy Farrow incentivou William Seymour a estudar com Charles Fox
Parham, que nesta época ensinava sobre o batismo com o Espírito Santo na
escola fundada por ele no estado do Texas, Estados Unidos da América.
Uma lei impedia neste período que alunos negros compartilhassem o
mesmo espaço com os brancos, por isso “Parham arranjou um lugar para
Seymour, supostamente colocando seus alunos brancos sentados dentro da
sala de aula e permitindo Seymour ouvir no lado de fora, na entrada” ⁹. No
ano de 1906 William Seymour assumiu o pastorado de uma pequena igreja
na cidade de Los Angeles, porém foi rejeitado por pregar a mensagem
pentecostal. Edward Lee, membro desta igreja, acolheu Seymour em sua
residência e o apresentou a um grupo de estudo bíblico que se reunia na
residência de Richard e Ruth Asberry, localizada na 214 North Bonnie Brae
Street, para ministrar a Palavra de Deus⁴⁰.

Com o aumento dos participantes nos estudos bíblicos a residência tornou-


se pequena, fato que obrigou o grupo buscar um local mais amplo, assim,
“alugaram e mudaram seus cultos para um prédio vazio, o antigo santuário
da Stevens African Methodist Episcopal Church, na 312 Azusa Street no mês
de abril de 1906”⁴ .

O prédio era feito de madeira rústica, pintado de branco, e


foi construído em dois pavimentos. No pavimento superior
havia um salão com cadeiras e três pranchas de madeira que
serviam de assentos. Na parte de baixo, um espaço de 32
metros x 22 metros com uma mistura de cadeiras, bancos e
banquetas. Tudo era muito rústico e sem conforto. Ali,
naquele lugar precário, denominado pelos crentes como o 38. Ibidem.

seu cenáculo, reuniram-se pessoas de diversas denominações 39. ARAÚJO, Isael de.
para receberem o poder do Espírito Santo, em cultos diários Dicionário do Movimento
Pentecostal. Rio de Janeiro:
que começavam às 10 horas da manhã e se estendiam até à CPAD, 2016. p.780.
noite, perfazendo um total de nove reuniões diárias. As
40. Ibidem.
reuniões eram impactantes e chamativas.
41. Ibidem.
William Seymour defendeu que a doutrina pentecostal estava diretamente
42. BRUNELLI, Walter.
relacionada com a prática da santificação:
Teologia para pentecostais:
uma teologia sistemática
Lendo a Bíblia cuidadosamente, vemos que os discípulos expandida. Volume 4. Rio de
Janeiro: Central Gospel,
eram pessoas salvas e santificadas e haviam recebido a 2016. p.350-351.
unção do Espírito antes do dia de Pentecostes. Em João

19
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PRIMEIRO
História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
3. PENTECOSTALISMO CLÁSSICO

17.15-17, Jesus ora: “Santifica-os na verdade; a tua palavra


é a verdade”. Jesus é a Palavra e a verdade, por isso os
discípulos foram santificados pela verdade na mesma noite
em que ele orou por eles (Jo 20.21-23). Os discípulos,
portanto, já estavam cheios da unção do Espírito Santo antes
do dia de Pentecostes, e isso os sustentou até que foram
dotados com poder do alto. No primeiro capítulo de Atos,
Jesus orienta os discípulos a esperarem pela promessa do
Pai, Não era para esperar pela santificação. O sangue de
Cristo já havia sido derramado na cruz do Calvário. Ele não ia
enviar o seu sangue para limpá-los da carnalidade, mas o seu
Espírito, para dotá-los com poder. Não há nada mais doce,
mais sublime ou mais santo neste mundo do que a
santificação. O batismo com o Espírito Santo é o dom de
poder na alma santificada, capacitando-a para pregar o
Evangelho de Cristo ou para morrer na fogueira. O batismo
reveste o crente até o dia da redenção, de modo que ele
esteja pronto para encontrar-se com o Senhor Jesus à meia-
noite ou a qualquer momento, porque tem óleo em sua
vasilha, junto com a sua lâmpada.⁴

Charles Fox Parham discordou de vários aspectos do movimento liderado


por William Seymour, e por isso, abriu na mesma cidade, uma igreja
denominada de Azusa Street Mission. Um dos principais instrumentos de
divulgação da igreja liderada por William Seymour foi o Jornal “The
Apostolic Faith” (A Fé Apostólica), e na sua primeira edição, destacou a
chegada de um grande avivamento:

O poder de Deus agora tem esta cidade agitada com nunca.


O Pentecostes já chegou e com ele seguem-se as provas da
Bíblia. Muitos estão a ser convertidos, santificados e cheios
do Espírito Santo, falando em línguas como no dia de
Pentecostes. [...] O reavivamento verdadeiro só começou
43. SEYMOUR, William.
Santificados antes do porque Deus estava trabalhando principalmente com seus
Pentecostes. In KEEFAUVER, filhos, para leva-los até ao Pentecostes, e a preparar a
Larry (ed.). O avivamento da
Rua Azusa-Seymour. Rio de fundação para uma grande onda de salvação entre os que
Janeiro: CPAD, 2001. p.80- não estão convertidos.
83.

44. The Apostolic Faith. Ainda na edição de setembro de 1906, o jornal The Apostolic Faith,
Setembro de 1906. descreveu algumas características das dinâmicas dos cultos:

20
História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
3. PENTECOSTALISMO CLÁSSICO

As reuniões começam por volta das 10 horas da manhã, e


mal conseguem terminar antes das 20 ou 22 horas, e às
vezes vão até às 2 ou 3 horas da madrugada, porque muitos
estão buscando e outros estão caídos no poder de Deus. As
pessoas estão buscando no altar três vezes por dia, e fileiras
e mais fileiras de cadeiras precisam ser esvaziadas e
ocupadas com os que estão buscando. Não podemos dizer
quantas pessoas têm sido salvas, e santificadas, e batizadas
com o Espírito Santo, e curadas de todos os tipos de
enfermidade. Muitos estão falando em novas línguas e
alguns estão indo para campos missionários com o dom de
línguas. Estamos buscando mais do poder de Deus. ⁵
Uma das grandes contribuições do movimento pentecostal liderado por
William Seymour está relacionada, além dos aspectos espirituais
propriamente ditos, com uma questão incômoda na sociedade norte-
americana que se encontrava dividida por questões raciais.

O avivamento na Rua Azusa, sob a liderança de Seymour,


também se opôs ao racismo e segregação da época, com
negros e brancos adorando juntos, sendo liderados por um
pastor negro. Frank Bartleman, um participante branco dos
cultos na Rua Azusa, expressou o espírito daquelas reuniões
históricas, afirmando que a linha racial havia sido lavada no
sangue de Jesus. Houve uma grande efusão do Espírito
Santo, e Seymour foi o líder escolhido por Deus neste
momento crucial em que os afro-americanos não eram
considerados por suas competências. Todavia, Seymour
dissiparia esses mitos racistas liderando um dos maiores
reavivamentos da história da igreja americana. ⁶

Vinson Synan e Charles Fox destacaram também que:

Não era raro que os membros de ambos os grupos étnicos


comparecessem às mesmas reuniões de avivamento nas
tendas, o que atraía a ira dos moradores locais por 45. Ibidem.
transgredir tabus raciais como assentos mistos. Em alguns
46. SYNAN, Vinson; FOX,
casos, os brancos serviam como ministros para encontros Charles. William Seymour: a
multirraciais; em outros casos, os ministros negros Biografia. Natal/RN:
Carisma, 2017. p.27.
assumiram a liderança. O padrão de unidade racial nas
primeiras décadas do movimento foi impulsionado por uma

21
1
PRIMEIRO
História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
3. PENTECOSTALISMO CLÁSSICO

leitura literal de Gálatas 3.28 como status normativo da


verdadeira igreja do Novo Testamento: Em Cristo não há
judeu nem grego; nem escravo nem livre, nem homem nem
mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.⁴⁷

O movimento pentecostal na Rua Azusa incendiou o coração de muitos


homens e mulheres, que após serem revestidos pelo poder do Espírito
Santo, através do Batismo com o Espírito Santo, foram transformados e
iniciaram uma nova trajetória em sua caminhada de fé, e, muitos foram
enviados ao campo missionário para pregar o evangelho. Sobre a relação do
pentecostalismo com o compromisso missionário John York afirmou o
seguinte:

Para os pentecostais, o derramamento do Espírito Santo por


todo mundo é um sinal do fim de uma era de colheita. As
missões estão longe de se tornar anacrônicas. De fato, as
missões estão ganhando terreno entre muitas das igrejas
mais novas nessa era final, a era do Espírito. Embora os
pentecostais tenham muitas coisas em comum com outros
evangélicos, o movimento pentecostal tem o seu próprio
paradigma de missões. [...] Os pentecostais acreditam que o
Espírito Santo tem sido derramado sobre a Igreja como um
revestimento de poder para o discipulado de Cristo e dos
apóstolos. Como vemos, por exemplo, em Atos 1.8, onde
Cristo declara que o enchimento com o Espírito Santo
aconteceria para que houvesse testemunho dEle até aos
confins da terra. Os pentecostais encorajam os crentes a
serem cheios com o Espírito Santo para que a igreja possa
evangelizar o mundo antes do retorno de Cristo. [...] A
47. Ibidem. p.33. orientação do movimento pentecostal em essência é
cristológica. Para os pentecostais, o poder do Espírito Santo
48. YORK, John V. Missões na
era do Espírito Santo. Rio de é dado para pregar a Cristo. ⁸
Janeiro: CPAD, 2002. p.154-
155. “O avivamento da Rua Azusa durou apenas três anos, mas foi instrumental
49. CULL, Paul David. na criação do movimento Pentecostal”⁴⁹. William Howard Durham recebeu
William Seymour e a Rua o batismo no Espírito Santo neste movimento, e foi responsável pela
Azusa. Disponível em: formação de diversos missionários na igreja que pastoreava em Chicago,
http://www.avivamentoja.c como Eudoros Neander Bell (fundador da Assembleia de Deus dos Estados
om/pmwiki.php?n=Passado.A
zusa. Acesso em 17.05.21.
Unidos da América), Daniel Berg (fundador da Assembleia de Deus no Brasil)
e Luigi Francescon (fundador da Congregação Cristã no Brasil).⁵⁰
50. Ibidem.

22
História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
4. EXPANSÃO DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
DA RUA AZUSA PARA O MUNDO
Diversos movimentos de reavivamento pentecostal estavam em curso não
só nos Estados Unidos da América, mas, em diversas regiões do mundo, no
final do século 19 e início do século 20, assim, cada um desses movimentos
contribuiu para o dinamismo do evangelho de maneira especial. Na Rua
Azusa, considerada o marco do pentecostalismo clássico, o movimento
pentecostal contribuiu pelo envio de missionários cheios do Espírito Santo
para diversas nações, e estimulou os campos missionários a buscarem o
revestimento da parte de Deus em suas vidas. José de Oliveira destacou
que “o reavivamento se espalhou e cresceu o número daqueles que
sentiam uma chamada para os campos no exterior, assim, muitas histórias
emocionantes de orientação e providência divina marcaram estes
primeiros capítulos nas missões pentecostais”⁵ . A Índia e a Suécia são
alguns desses exemplos:

Notícias chegaram da Índia que o batismo com o Espírito


Santo (com o dom de línguas) estava sendo recebido pelos
nativos que eram ensinados sobre as coisas de Deus, como
efeito dos relatos da missão da rua Azusa. Comunidades
foram comovidas e transformadas pela maravilhosa graça de
Deus. Curas, o dom de línguas, visões, sonhos, discernimento
de espíritos, o poder para profetizar e orar, etc. Assim
acontecia um grande avivamento na Índia. No momento era
multiplicado o número dos evangelistas itinerantes nos EUA.
O reavivamento se espalhou e crescia o número daqueles
que sentiam uma chamada para os campos no Exterior.
Muitas histórias emocionantes de orientação e providência
divina marcaram estes primeiros capítulos nas missões
pentecostais. Em 1907 Lewi Pethrus, pastor da Igreja Batista
Sueca, vai à Cristiania, para ouvir o pastor Thomas B. Barrat
pregar no “Tabernáculo”. Após esse dramático encontro,
Lewi Pethrus foi transformado: primeiro, pela mensagem;
segundo, pelo batismo com o Espírito Santo. Em
consequência disso, ao voltar para Estocolmo, sua igreja não
mais aceitou seu ministério. Juntamente com outras igrejas
batistas que haviam recebido a mensagem pentecostal,
abandonaram a organização, e desta tomada de posição
surgiu a Igreja Filadelfia Pentecostal, em Estocolmo, Suécia,
51. OLIVEIRA, José. Breve
no ano de 1911. É desta igreja pentecostal da Suécia que a História do Movimento
obra no Brasil mais tarde passou a receber apoio e Pentecostal - dos Atos dos
Apóstolos aos dias de hoje.
assistência missionária. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2020. p.61-62.
Despontaram da Rua Azusa diversos nomes, entre eles: Gaston B. Cashwell,

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História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
4. EXPANSÃO DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
DA RUA AZUSA PARA O MUNDO
Frank Bartleman, Elizabeth Wheaton, Elmer Fisher, William Pendleton,
William Howard Durham, Joseph Smale, Samuel e Ardelle Mead entre
outros. “A maior parte, não todos, parece ter ido a Azusa por curiosidade,
embora muitos tenham ido com a esperança de que eles receberiam algo
que pudessem levar para outras partes - um novo ensino, um novo
compromisso, uma nova experiência, ou acrescentar poder aos seus
ministérios já existentes”⁵ . A Rua Azusa influenciou a criação de igrejas
locais, como:

Upper Room Mission (Missão Cenáculo), de Elmer Fisher,


Eighth e Maple Mission (Missão da Rua Eigth e Maple), de
Bartleman e Pendleton, Seventh Street Mission (Missão da
Rua Sete), de William Durham, Florence Avenue Pentecostal
Mission (Missão Pentecostal da Avenida Florence), de W. L.
Sargent, Full Gospel Assembly (Assembleia do Evangelho
Pleno), de A. G. Osterberg, Italian Pentecostal Mission
(Missão Pentecostal Italiana), de John Perron, Apostolic Faith
Mission (Missão da Fé Apostólica), na 51st Street (Alexander
fora um dos primeiros administradores de Seymour), bem
como uma outra Apostolic Faith Mission (Missão de Fé
Apostólica), na Seventh e Sentous, Pentecostal Assembly
(Assembleia Pentecostal), de W. F. Manley, Spanish Apostolic
Faith Mission (Missão da Fé Apostólica Hispânica), de G.
Valenzuella, Carr Street Pentecostal Mission (Missão
Pentecostal da Rua Carr), e uma Apostolic Faith Reseue
Mission (Missão de Libertação da Fé Apostólica), na First
Street.⁵
Nos Estados Unidos da América, o movimento pentecostal da Rua Azusa
influenciou na criação e na transformação de algumas igrejas já existentes,
como:

A Stone Church (Igreja da Pedra), de William Hamner, em


Chicago, uniu-se à Full Gospel Assembly (Assembleia do
Evangelho Pleno), ou North Avenue Mission (Missão da Nona
52. ARAÚJO, Isael de. Avenida), iniciada por William Durham, tornando-se uma
Dicionário do Movimento
Pentecostal. Rio de Janeiro: nova e significativa voz pentecostal, somando-se com o seu
CPAD, 2016. p.606. principal periódico (Latter Rain Evangel) e uma casa
53. Ibidem. p.607.
publicadora (Evangel Press). Em Nova Iorque, o Glad Tidings
Tabernacle (Tabernáculo Boas Novas), pastoreado por Marie
54. Ibidem. Burgess Brown e seu esposo, Robert Brown, uniu-se às fileiras
pentecostais. Por todo o Sul e Meio-Oeste dos EUA, muitas
missões e igrejas foram estabelecidas.⁵⁴
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História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
4. EXPANSÃO DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
DA RUA AZUSA PARA O MUNDO
Na cidade de Chicago, estado de Illinois, nos Estados Unidos da América, o
movimento pentecostal foi amplamente acolhido pelas igrejas locais, e foi
nessa cidade que William Howard Durham, pastor da North Avenue Mission,
impactou a vida de homens e mulheres que futuramente tornaram-se
líderes do movimento pentecostal nos Estados Unidos da América (Eudoros
N. Bell e Howard Goss), no Canadá (Andrew Harvey Argue) e na América do
Sul (Luigi Frnacescon, Gunnar Vingren e Daniel Berg). Ele foi batizado com
o Espírito Santo em 1907, ocasião em que Willian Seymour profetizou que
“onde quer que ele pregasse, o Espírito Santo seria derramado sobre as
pessoas”⁵⁵.

Quando o reavivamento pentecostal rompeu na área de


Chicago, em 1906, ele voltou sua atenção para as evidências
bíblicas do batismo com o Espírito Santo. Cinquenta de seus
membros, que falavam em línguas em outra missão de
Chicago, insistiram com ele para que buscasse o batismo
pentecostal. Durham não duvidou tanto da sinceridade como
da própria experiência, mas se opôs fortemente ao ensino de
essas línguas serem evidência uniforme inicial. Somente
após cuidadoso e longo estudo da Bíblia, ele reconheceu a
validade da afirmação pentecostal. Uma vez que Durham
estava agora certo e convicto da verdadeira manifestação do
Espírito Santo e seus dons, foi para Los Angeles, na rua
Azusa 312, onde ficou várias semanas e então recebeu o
batismo com o Espírito Santo⁵⁶.
Fora dos Estados Unidos da América, o movimento pentecostal da Rua
Azusa impulsionou Lucy Leatherman e Frank Bartleman em viagens
evangelísticas por diversas nações. Outros grandes movimentos surgiram,
como:

Thomas Junk, bem como Bernt e Magna Bernsten, partiram


de Azusa para a China. M. L. Ryan liderou um grupo de
jovens às Filipinas, Japão e Hong Kong. George E. Bergs e A.
G. Garr foram à Índia, enquanto Tom Hezmalhalch e John G. 55. Ibidem. p.278.

Lake foram para a África do Sul. Pastor A. H. Post tornou-se 56. OLIVEIRA, José. Breve
missionário permanente no Egito, e uma multidão de História do Movimento
Pentecostal - dos Atos dos
pessoas, a maioria negros, incluindo Edward e Mollie Apóstolos aos dias de hoje.
McCauley, G. W. e Daisy Batman, e Julia W. Hutchins, 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2020. p.62.
levaram a mensagem pentecostal à Libéria. Em Toronto,
Canadá, foi estabelecida a Missão Hebden⁵⁷. 57. Ibidem.

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PRIMEIRO
História do
PENTECOSTALISMO

MÓDULO
4. EXPANSÃO DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
DA RUA AZUSA PARA O MUNDO
O avivamento pentecostal chegou na Europa, nos países nórdicos
(Noruega, Suécia e Finlândia) e na Rússia. Na Suécia, em 1907, o pastor
Lewi Pethrus, líder de uma pequena igreja Batista, visitou na Noruega o
pastor metodista Thomas Ball Barat, e lá foi batizado com o Espírito Santo,
e ao retornar para sua igreja, foi rejeitado por abraçar a doutrina
pentecostal, assim, iniciou a Igreja Filadélfia de Estocolmo, na capital da
Suécia, que se tornou um referencial pentecostal no seu tempo.
Posteriormente tornou-se um grande colaborador do movimento
pentecostal no Brasil, uma vez que a igreja liderada por ele, apoiou os
pioneiros das Assembleias de Deus (Gunnar Vingren e Daniel Berg) e enviou
um número significativo de missionários para esta obra.

Na América do Sul a mensagem pentecostal chegou inicialmente no Chile


em 1909 e posteriormente na Argentina, com a chegada de Luigi
Francescon, no ano de 1909, que havia sido instruído teologicamente pelo
pastor William Howard Durham na cidade de Chicago, nos Estados Unidos
da América. Sua vinda tinha como objetivo pregar à comunidade italiana
que vivia na Argentina e no ano seguinte, em 1910, veio para o Brasil,
inicialmente para a cidade de São Paulo e posteriormente para a cidade de
Santo Antônio da Platina, no estado do Paraná, onde iniciou a Congregação
Cristã do Brasil. Logo após Francescon, Gunnar Vingren e Daniel Berg,
também instruídos teologicamente por Durham, chegaram na cidade de
Belém, estado do Pará, onde iniciaram a Missão da Fé Apostólica, em 18 de
junho de 1911, que posteriormente foi denominada de Assembleia de Deus.

Os historiadores do movimento pentecostal brasileiro são unânimes em


reconhecer que antes do marco inicial clássico diversas experiências
pentecostais já eram vivenciadas no Brasil. Essas ocorrências do século 19
“apresentaram características espirituais autônomas e manifestações de
dons, como o falar em línguas e a profecia”⁵⁸. Esse fenômeno foi
denominado de Proto-pentecostalismo pelo sociólogo Paul Charles
Freston. Estes movimentos iniciaram com desejos de transformações na
vida da igreja católica e da igreja reformada no Brasil e estavam
relacionados com a pregação da ação direta do Espírito Santo na vida dos
membros dessas comunidades. Posteriormente, outras iniciativas pela
busca do batismo com o Espírito Santo foram sendo observadas, em
especial, na região sul do Brasil.

Friedric Matschulat (1879-1976), natural da Prússia Oriental


58. ARAÚJO, Isael de. (Alemanha) é uma das mais antigas referências do batismo
História do Movimento no Espírito Santo com a evidência das línguas estranhas no
Pentecostal no Brasil – o
caminho do pentecostalismo Brasil. Chegou com seus pais em 1893 na cidade de
brasileiro até os dias de Formosa/RS. Seu pai organizou a Primeira Igreja Batista
hoje. Rio de Janeiro: CPAD,
2016. p.11-12.
Alemã no Brasil e posteriormente ele pastoreou a igreja em
Porto Alegre e Panambi, também no Rio Grande do Sul. Ele

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História do
PENTECOSTALISMO 1
PRIMEIRO
MÓDULO
4. EXPANSÃO DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
DA RUA AZUSA PARA O MUNDO
orava, não em alemão, nem tampouco em português, mas
em línguas estranhas. Paulo Malaquias (1878-1946), natural
de Santo Ângelo/RS, após dedicar-se na atividade
evangelística e missionária tornou-se pastor da Igreja Batista
em Ijuí/RS e no ano de 1908 foi batizado com o Espírito
Santo. Posteriormente, juntamente com 11 igrejas que eram
por ele pastoreadas, uniu-se às Assembleias de Deus. Karlis
Andermanis (final do século 19 e início do século 20),
original da Letônia era batista e entusiasta do
reavivamento. Traduzia para o português notícias, folhetos e
outras matérias sobre o Movimento Pentecostal nos Estados
Unidos da América. Foi enviado pela Sociedade Missionária
Batista da Letônia e fundou em 1892 no estado de Santa
Catarina a Primeira Igreja Batista Leta do Brasil. Foi
batizado com o Espírito Santo entre 1909 e 1910 e precisou
deixar a Igreja Batista por abraçar a fé pentecostal. Pedro
Graudin (1875-1935) original da Letônia, chegou no Brasil
em 1900, no estado de Santa Catarina, juntamente com 300
famílias, e formaram ali uma Igreja Leto-Batista,
pastoreada por ele até 1909, quando 25 crentes receberam o
batismo no Espírito Santo, entre eles o próprio pastor
Graudin, que, além da evidência do falar em línguas
estranhas, também recebeu o dom de profecia. Devido à
experiência pentecostal precisou se ausentar da igreja e
assistia os cultos do lado de fora da mesma. Serviu ao
Senhor por alguns anos em sua residência e após esse tempo
integrou a Assembleia de Deus.⁵⁹

59. Ibidem. p.17-23.

27
1 História do
PENTECOSTALISMO
PRIMEIRO
MÓDULO
REFERÊNCIAS

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PRIMEIRO
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2002.

29
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Pós-Graduação
e Extensão
100% online

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