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CURSO DE TEOLOGIA

MONOGRAFIA SOBRE O MÓDULO:


ACONSELHAMENTO BÍBLICO

TEMA: ACONSELHAMENTO BÍBLICO

Professor: Dr. José Daniel Este


Aluna: Lídia Aparecida da Silva dos Anjos
SUMÁRIO

1- O que é Aconselhamento Bíblico…………………………………………………….....03

2- Para que serve o aconselhamento bíblico?……………………………………..…....05

3- A partir de que idade a pessoa pode ser aconselhada……………………………...17

4- Aconselhamento bíblico para os jovens e adolescentes…………………………...38

5- Aconselhamento bíblico para casais………………………………………………...…48

6- Aconselhamento bíblico para os idosos……………………………………………....58

Conclusão……………………………………………………………………………..……..60

Referências…………………..……………………………………………………….………62
1- O que é Aconselhamento Bíblico

Em uma matéria publicada no site:


https://ministerioler.com.br/aconselhamento-biblico-o-que-e/ , no dia 31 de janeiro de 2019
por Fernando Muniz, vejamos abaixo o que ele nos diz sobre o que é Aconselhamento
Bíblico:
Aconselhar é uma prática natural a seres humanos. Aconselhamos o tempo todo,
quer estejamos conscientes ou não. Um pai aconselha o filho quando perguntado sobre o
time de futebol. As amigas aconselham enquanto discutem que tipo de roupa ou maquiagem
devem usar. Numa conversa entre amigos podemos sugerir um ou dois lugares para visitar e
comer que sejam do nosso agrado. Além de outros conselhos ligados à política, à educação,
à economia, aos investimentos, à compra de um carro ou uma casa; enfim, dar conselhos é
uma prática diária na qual todos os seres humanos estão envolvidos, em maior ou menor
escala, em um nível diferente e sobre temas diferentes.
Sendo assim, temos a seguinte pergunta: se todos os homens aconselham, qual a
relevância do aconselhamento na igreja? A resposta é simples: apenas a Igreja tem respostas
adequadas e verdadeiras aos dilemas da vida humana, pois detém a revelação de Deus em
Sua toda suficiente Palavra – a Bíblia.
Com isso em vista, quero oferecer uma definição de aconselhamento bíblico e
sugerir brevemente alguns dos seus benefícios para a igreja local.

Primeiro, analisaremos o que não é o aconselhamento bíblico:

a) Aconselhamento bíblico não é um ministério autônomo, independente de uma igreja


local, pelo contrário, ele acontece entre os crentes inseridos em uma igreja (At 20.31; Rm
15.14);
b) Aconselhamento bíblico não é um ministério constituído por “profissionais” ou
“especialistas”, mas, acontece entre crentes que estão amadurecendo (Cl 3.16), líderes
(At 20.20, 31; Cl 1.24-25, 28-29) e “leigos” (Rm 15.14; Gl 6.1,2; Cl 3.16; 1Ts 5.14);
c) Aconselhamento bíblico não é um ministério que garante a solução para os problemas,
sofrimentos e anseios do homem. Embora o aconselhamento proponha mudança
permanente e significativa para aqueles que se encontram em dificuldades, sofrimentos e
angústias, ele tem um alvo maior – a glória de Deus;
d) Aconselhamento bíblico não acontece à parte do discipulado, porém está integrado a
este ministério.
De modo positivo, porém, o aconselhamento bíblico está baseado na
suficiência da Escritura como revelação de Deus. O seu foco está na pessoa de Deus
e em Sua glória. Seu objetivo é conformar o homem à imagem de Cristo, conferindo-
lhe esperança e poder através do Espírito Santo e da Escritura para efetuar mudança
no nível do coração, e satisfação plena em Deus em todas as circunstâncias da vida,
vivendo exclusivamente para Sua vontade enquanto lida com seus problemas e ajuda
outros da mesma forma (cf. 2Co 1.3-11; 3.18). Resumindo, aconselhamento bíblico é
colocar na mente do aconselhado a toda suficiente Palavra de Deus, para que haja
mudança de mente e comportamento visando à glória de Deus e o bem do
aconselhado.

Dessa forma, podemos perceber que o aconselhamento bíblico não é mais


um ministério dentro de uma rede ministerial. Pelo contrário, é o ministério da Palavra
fluindo de corações transformados por Cristo nos ministérios, nos relacionamentos, na
pregação, no evangelismo, na disciplina eclesiástica. Enfim, é a Palavra de Cristo
governando homens e mulheres na igreja local.

2- Para que serve o aconselhamento bíblico?


Em um documento no site:
https://www.abcb.org.br/documentos/OqueFazOAconselhamentoSerBiblico.pdf, vejamos
para que serve o aconselhamento bíblico:

A maioria das pessoas concorda com a declaração de Jó 5:7: “o homem nasce


para o enfado como as faíscas das brasas voam para cima”. Durante séculos, a
humanidade tem buscado explicações e soluções para os problemas complexos
provenientes de vivermos num mundo caído. O homem, procurando encontrar meios para
explicar os seus problemas e “resolvê-los”, criou várias teorias interessantes e,
frequentemente, conflitantes: o homem é basicamente bom e capaz de viver de acordo
com o seu potencial; o homem é vítima da consciência, que o torna inseguro e
necessitado de passar por um processo que o prepare para viver em sociedade; o homem
nada mais é que um animal de alto nível que foi condicionado pelo meio ambiente e
necessita ser reprogramado; o problema básico do homem é a falta de autoestima e
habilidade para amar a si mesmo.
Estas são apenas algumas entre as muitas teorias populares que estão
atualmente em uso na área do aconselhamento. Todas elas são claramente contrárias à
Palavra de Deus, pois foram descobertas por homens que atuam fora da revelação de
Deus (I Coríntios 2:14).
DEPENDENDO DA BÍBLIA

É mesmo necessário voltarmo-nos para as teorias e técnicas humanas de


aconselhamento a fim de solucionarmos os problemas da vida? Não seria possível
alcançarmos entendimento e vitória pela aplicação das verdades bíblicas? A Bíblia afirma
que as verdades nela contidas são plenamente suficientes no que diz respeito a capacitar
alguém para viver de modo agradável a Deus (II Pedro 1:3-4). Ela provê orientação e
todos os princípios necessários para entendermos os nossos processos mentais,
analisarmos as nossas respostas emocionais e exercermos controle sobre o nosso
comportamento. Leis, testemunhos, preceitos, mandamentos, julgamentos e princípios do
Antigo e Novo Testamentos são a única autoridade para orientar os pensamentos,
palavras e ações do homem (Salmo 19:7-14; Hebreus 4:12). As promessas e a autoridade
de Deus encerradas na Sua Palavra são base para uma vida abundante. As Escrituras
contêm as soluções para todos os problemas de atitude, relacionamento, comunicação,
conduta e comportamento (II Timóteo 3:16-17).
Os princípios bíblicos fornecem o fundamento essencial para que qualquer pessoa
mude o seu estilo de vida não-bíblico e estabeleça novos hábitos bíblicos de
comportamento. No aconselhamento fiel à Palavra de Deus, o conselheiro bíblico colhe
informações suficientes que lhe permitem identificar e entender o problema para, depois,
formular a solução bíblica. Os aconselhados são incentivados a confrontarem os próprios
erros e fracassos de um ponto de vista bíblico (Mateus 7:1-5), de modo que sejam
despertados para a necessidade de não mais focalizarem os desejos pessoais (II Coríntios
5:14-15; Gálatas 5:17,19-21; Tiago 4:1-3), mas decidirem viver de maneira agradável a
Deus (II Coríntios 5:9; Efésios 4:1-3; Colossenses 1:10-12). Para que o aconselhamento
bíblico seja bem sucedido, tanto o conselheiro como o aconselhado devem manter um
compromisso profundo e constante com o senhorio de Jesus Cristo e a autoridade da
Palavra de Deus, no sentido de viverem “de modo digno do Senhor, para o seu inteiro
agrado, frutificando em toda boa obra, e crescendo no pleno conhecimento de Deus”
(Colossenses 1:10).

Tal compromisso mudará a ênfase de vida, conduzindo-a de um amor dirigido ao


eu para um amor dirigido a Deus e aos outros em resposta ao amor gracioso de Deus
demonstrado em Jesus Cristo (Mateus 18:21-35; Romanos 5:8; Efésios 4:32; I João 4:11).
APLICAÇÃO CONSTANTE DOS PRINCÍPIOS BÍBLICOS

O aconselhamento bíblico pode ser extremamente proveitoso ainda que o


aconselhado tenha pouco ou nenhum conhecimento sobre o relacionamento com Deus
em moldes bíblicos e o compromisso pessoal com Cristo. À medida que o conselheiro
bíblico leva o aconselhado a focalizar a sua atenção de modo contínuo na autoridade e
suficiência das Escrituras, e explora os problemas do aconselhado de um ponto de vista
bíblico, a necessidade de um compromisso sincero com Cristo é apresentada
repetidamente. Assim que o aconselhado passa a ver os seus problemas sob uma
perspectiva bíblica, ele começa a entender que a paz e a alegria prometidas por Deus não
dependem de sua situação financeira, do ambiente de trabalho, do comportamento do
cônjuge ou de outra circunstância externa qualquer.

Um aconselhado desanimado ou abatido pode adquirir grande esperança


aprendendo nas Escrituras que ele pode gozar da paz e da alegria que vêm de Deus pela
confiança exclusiva no relacionamento com Deus em Jesus Cristo (João 14:27, 16:33).
PRESSUPOSIÇÕES DO ACONSELHAMENTO BÍBLICO

Deus nos deu em Sua Palavra tudo quanto necessitamos para viver de maneira
agradável a Ele (II Pedro 1:3-4). Não precisamos integrar as teorias do homem com a
verdade bíblica para lidar com os nossos problemas e experimentar uma vida vitoriosa. De
fato, as Escrituras nos advertem quanto às sérias consequências decorrentes de
igualarmos em nível a Palavra de Deus e o pensamento do homem (Provérbios 1:22-32,
14:12, 30:5-6; Isaías 5:20-21; Romanos 8:6-8; I Coríntios 3:19-20). O aconselhamento
bíblico baseia-se no ensino bíblico de que cada um de nós prestará contas de si mesmo a
Deus (Romanos 14:12; II Coríntios 5:10). Embora os crentes em Cristo não estejam
destinados à condenação eterna pelos seus pecados (Romanos 8:1; Hebreus 9:27-
28,10:10-18), os pecados têm consequências (Ezequiel 18:20; Colossenses 3:25).
O aconselhado deve saber que ele é responsável perante Deus unicamente
pelos seus pensamentos, palavras e ações, e não por mudar a vida de outras pessoas.
Aprendendo a assumir responsabilidade pelo seu comportamento, o aconselhado precisa
entender o conflito entre a velha natureza e a sua nova natureza em Cristo (Romanos 6; II
Coríntios 5:17; Gálatas 5:16). Por um ato de vontade, ele precisa abandonar o antigo
modo de viver em cobiça e engano, e começar a agir de modo que reflita a nova natureza
que Deus lhe deu à semelhança de Cristo (Efésios 4:22-24; Colossenses 3:5-17).
O aconselhado também precisa desenvolver um estilo piedoso de pensar, falar e
agir (II Coríntios 10:5; Filipenses 4:8), provando a renovação da sua mente e alcançando
sucesso em viver uma vida que corresponda à nova natureza criada por Deus em
santidade procedente da verdade (Romanos 12:2; Efésios 4:23-24). Qualquer mudança
levada a efeito pelo aconselhado deve ter o propósito de agradar a Deus (II Coríntios 5:9,
15; Colossenses 1:10; I Tessalonicenses 2:4,6). Isso requer um compromisso de
obediência à Palavra de Deus e não depende de sentimentos, nem é por eles governado,
a despeito de quão fortes e persuasivos os sentimentos possam ser (II Coríntios 5:14-15;
Gálatas 5:16-17). O aconselhamento bíblico baseia-se em pressuposições básicas que
foram provadas em anos de aplicação, observação e testemunho. Tais princípios não são
apenas verificáveis, mas também efetivos ao redor do mundo inteiro, em todas as
culturas, faixas etárias e níveis sociais.

Os princípios bíblicos baseiam-se na Palavra de Deus que é inerrante e


transcende qualquer distinção estabelecida pelo homem.
ELEMENTOS ESSENCIAIS DO ACONSELHAMENTO BÍBLICO

Quatro elementos são enfatizados em todas as sessões de aconselhamento:

1. ENTENDIMENTO DO PROBLEMA. Para aqueles que estão envolvidos em lidar com


problemas biblicamente, é importante adquirir a perspectiva de Deus em qualquer
dificuldade (Provérbios 3:5-6; Isaías 55:8-9; Romanos 5:3-5, 8:28-29; Tiago 1:2-4). Você
precisa estabelecer o hábito de olhar honestamente para si mesmo à luz da Palavra de
Deus (Mateus 7:1-5; Lucas 6:42-49; I Coríntios 11:31). Entender um problema requer
uma investigação bíblica (Provérbio 18:13, 17; II Timóteo 3:16-17; Tiago 1:19) e repostas
honestas (Efésios 4:15, 25) para que se revele a abrangência total da questão (Marcos
7:20-23; Tiago 1:22-25; 4:17)

2. ESPERANÇA. Deus prometeu na Sua Palavra que Ele não permitirá que você seja
tentado ou provado, sofra estresse ou ansiedade, e enfrente problemas além daquilo
que você possa suportar. Pelo contrário, Ele providenciará socorro e orientação em
todas as situações se você lidar com os problemas biblicamente (I Coríntios 10:13;
Hebreus 4:15-16).
3. MUDANÇA. Você precisa aprender a se desfazer (ou se “despojar”) dos velhos hábitos
egocêntricos e pensamento destrutivo (tais como ansiedade, amargura e ressentimento)
para se “revestir” de hábitos bíblicos no pensar, falar e agir (Romanos 6:6-7, 12-13;
Efésios 4:22-32; Filipenses 4:6-9; Colossenses 3:5-17).

4. PRÁTICA. Você precisa tomar iniciativas para colocar em prática as soluções de Deus
na sua vida diária. Se você apenas ouvir a Palavra e não a praticar, você estará
enganando a si mesmo e os seus problemas vão piorar. Mas se você se tornar um
praticante da Palavra, Deus prometeu abençoá-lo e permitir que você experimente a paz e
a alegria que vêm dEle, a despeito das circunstâncias que o cercam (Salmo 85:8-10;
Isaías 32:17; João 15:10-12, 16:33; Hebreus 5:14; Tiago 1:22-25,3:14-18; I Pedro 3:8-12).

ANÁLISE BÍBLICA DE UM PROBLEMA

O conselheiro bíblico identifica três diferentes níveis de expressão ao analisar os


problemas de um ponto de vista bíblico.
1. NÍVEL DOS SENTIMENTOS OU PERCEPÇÃO. As pessoas, em geral, costumam procurar
aconselhamento quando provam alguma perturbação ou sentimento desconfortável e, mais
especificamente, na ausência de paz e alegria. Seguindo o modelo bíblico, os conselheiros
bíblicos exploram cuidadosamente o nível dos sentimentos para poderem definir a natureza
do problema apresentado (o que, quando, onde e como que caracterizam o problema,
conforme descrito em Gênesis 3:8-13, 4:6; I Reis 19:9-14; Provérbios 18:13, 17; Lucas 24:13-
35; João 20:11-18).

2. NÍVEL DA AÇÃO. Os conselheiros bíblicos procuram ajudar os aconselhados na


identificação de pensamentos, palavras e ações específicos que transgridem mandamentos
bíblicos. Uma pessoa concentrada em si mesma tende a permitir que os sentimentos
determinem o seu comportamento, independentemente do efeito resultante que atingirá
outros. Viver orientado pelos próprios sentimentos conduz inevitavelmente à prática do erro
que, por sua vez, resulta em maiores problemas e transgressões de princípios bíblicos. Para
o nosso ensino (Romanos 15:4), vários exemplos de comportamento egocêntrico estão
registrados nas Escrituras (Gênesis 3:6-13, 4:5-8, 37:11-33; II Samuel 11:1-27, 13:1-33; II
Crônicas 26:16-21). Todavia, a Palavra de Deus diz que todos os nossos pensamentos,
palavras e ações devem resultar do compromisso de agradar a Deus pela obediência a Ele
(João 14:15; II Coríntios 5:9-15; Colossenses 1:10).
Quando o aconselhado começa a obedecer a Deus, independentemente de
sentimentos (Romanos 6:12-13; II Coríntios 5:15; Gálatas 5:17), ele tem à sua disposição
as bênçãos prometidas por Deus (Gênesis 4:7; Tiago 1:25), incluindo paz permanente,
alegria e justiça (Romanos 14:17).

3. NÍVEL DO CORAÇÃO. As Escrituras dizem que a ira, a amargura, os ressentimentos


e tudo quanto contamina o homem provêm do coração (Mateus 15:18-20). A reação
pessoal diante de um problema reflete a condição do coração daquela pessoa (Marcos
7:21-23). Nenhum ser humano (nem mesmo um conselheiro bíblico) pode entender
plenamente o coração de outra pessoa (Jeremias 17:9), mas Deus examina
profundamente cada coração (I Samuel 16:7; Jeremias 17:10). O conselheiro bíblico
apresenta ao aconselhado as verdades contidas na Palavra de Deus, sabendo que é
obra do Espírito Santo convencer a pessoa do seu pecado e ensinar-lhe como viver uma
vida agradável a Deus (João 16:8-13; Gálatas 5:16-17; Hebreus 4:12-13). O conselheiro
bíblico não incentiva o aconselhado a olhar para conselheiros como autoridade final, mas
ensina que esta é a Palavra de Deus (II Timóteo 3:16-17) e o verdadeiro Conselheiro é o
Espírito Santo (I Coríntios 2:10-13).
No processo de aconselhamento bíblico, o conselheiro ajuda o aconselhado a
examinar a si mesmo (Mateus 7:5; I Coríntios 11:31; II Coríntios 13:5) para que guarde um
coração puro diante do Senhor (I Samuel 16:7; Salmos 51:10, 17; 139:23-24; I
Tessalonicenses 2:3-4; Hebreus 10:19-22), tudo lhe vá bem (Deuteronômio 5:29) e ele possa
ser abençoado (Mateus 5:8).

OS PROBLEMAS PODEM SER VENCIDOS Embora provações e tribulações façam parte da


vida, Deus tem um propósito em permiti-las (Romanos 5:3-5, 8:28; Tiago 1:2-4).
Apesar das dificuldades que possam surgir, Deus prometeu que um crente em Cristo
pode ser vencedor em todas as situações (Romanos 8:35-37; I Coríntios 10:13; I João 5:4-5)
respondendo em obediência à Palavra de Deus (Tiago 1:25). Obedecer a Deus pode não ser
fácil (Romanos 7:18-19), mas é algo possível quando praticado em resposta amorosa àquilo
que Jesus Cristo fez pelo crente (João 14:15; Romanos 6; I João 5:3; II João 1:6). Seguindo o
exemplo do nosso Senhor Jesus Cristo, um filho de Deus deve ser obediente mesmo em
tempos de sofrimento (Hebreus 5:8; I Pedro 2:20-21), olhando para além das circunstâncias
do momento e atentando para a glória que será revelada (Romanos 8:18; II Coríntios 4:16-
18). Em nossos dias, há uma necessidade urgente de que o Corpo de Cristo volte ao uso
exclusivo da Palavra de Deus para solucionar os problemas pessoais e aconselhar outros a
agirem semelhantemente nas suas dificuldades (II Coríntios 1:3-5).
3- A partir de que idade a pessoa pode ser aconselhada

Vejamos abaixo em uma matéria publica por Alexander de Mello Lima, em 2012,
no site: https://abcb.org.br/documentos/ProjetoAconselhandoCriancas.pdf, o que ele nos
diz sobre a partir de que idade a pessoa pode ser aconselhada:

A família tem sofrido bastante com o moderno estilo de vida adotado pela
sociedade contemporânea. A presente geração de pais cresceu num vácuo de autoridade,
resultado da filosofia de vida dos nascidos no pós-guerra que criaram seus filhos com
pouca ou nenhuma disciplina, resultando em pais que não sabem ou não querem exercer
autoridade no lar.

As escolas e as igrejas locais não têm cooperado com os pais na tarefa de


“ensinar o menino no caminho que deve andar” (Pv 22.6). Nesse contexto, esses pais não
têm lidado biblicamente com os problemas enfrentados por seus filhos. Tornou-se comum
encontrar pais desorientados recorrendo a profissionais, muitas vezes, sem compromisso
com Cristo e outras vezes com uma visão não bíblica do homem, que oferecem
orientação e auxílio à parte da Palavra de Deus.
As situações, problemas apresentadas pelas crianças, têm deixado os pais,
muitas vezes cristãos, perplexos e sem rumo, tendo que recorrer ao auxílio profissional
para saber como tratar das dificuldades apresentadas por seus filhos, assim, vivemos um
tempo em que o modelo de criação de filhos é fortemente influenciado pela psicologia. A
questão é: Como crentes que acreditam na Bíblia como Regra de Fé e Prática, podemos
recorrer exclusivamente a ela para nos direcionar no trato destes óbices? Quais são os
principais problemas que as crianças do ensino fundamental 1 apresentam? Uma vez que
cada faixa etária tem desafios próprios, quais os problemas enfrentados por crianças de 6
a 10 anos. Há um padrão nos problemas destas crianças? Outras questões pertinentes
que foram trabalhadas são: Como os problemas mais frequentes das crianças do ensino
fundamental devem ser tratados biblicamente? Uma vez que a psicologia, a psicanálise e
a psicoterapia têm se tornado cada vez mais populares, é comum os pais, educadores e
até crianças usarem uma terminologia humanista para descreverem os comportamentos.

Qual a terminologia bíblica para os principais problemas infantis? Está é uma


pergunta que deve ser respondida para que fiquem claros os mandamentos bíblicos
relativos a cada comportamento observável.
O fato que crianças de 6 a 10 anos de idade têm características diferentes dos
adolescentes, jovens e adultos, se deve a seguinte pergunta: Quais as peculiaridades na
prática do aconselhamento de crianças desta faixa etária, a fim de ajudá-las a vencerem
biblicamente seus problemas? Perguntas derivadas desta foram: Quanto tempo deve
durar uma sessão de aconselhamento infantil? Os pais devem participar de todas as
sessões? O "set" de aconselhamento precisa sofrer alguma adaptação para receber as
crianças? Que linguagem deve ser usada durante a sessão? Qual o papel dos pais no
aconselhamento bíblico de crianças?

Supondo que o conselheiro bíblico seja realmente útil no auxílio às crianças que
passam por dificuldades, até que ponto este ministério pode ser exercido sem interferir na
responsabilidade bíblica dos pais? Como o mandamento bíblico de instrução e disciplina
dos filhos foi dado exclusivamente aos pais, qual a responsabilidade destes no processo
de aconselhamento?

“As Escrituras são suficientes para solucionar os principais problemas infantis?”.


A resposta a esta pergunta passa por outra, “Elas são suficientes para tratar todos os
problemas do homem?”
Como não poderia deixar de ser, as respostas a estas perguntas serão buscadas
na própria Palavra de Deus, amparada na crença de que ela é a verdade objetiva e a
única regra de fé e prática para os cristãos genuínos. Paulo em sua segunda carta a
Timóteo afirma que este desde criança foi exposto ao conhecimento bíblico.

Ele afirma que o conhecimento a que Timóteo foi exposto por sua mãe e sua avó
era suficiente para levá-lo a salvação (1Pe 1.23), através do ensino, da repreensão, da
correção e da educação na justiça, tornando-o perfeitamente habilitado para toda boa
obra. O texto de 2 Tm 3.15, afirma que as sagradas letras podem tornar o homem sábio
para a salvação pela fé em Cristo. A afirmação acima está baseada na afirmação do verso
dezesseis, de que toda a Escritura é inspirada por Deus.

A utilidade Bíblica aplica-se ainda a repreensão, com o sentido em que a Palavra


de Deus possui autoridade para censurar ou reprovar atos que os homens praticam,
sendo útil para a confrontação dos comportamentos humanos. A utilidade Bíblica não se
limita a repreensão, mas também a correção do erro, trazendo a ideia de que a Palavra de
Deus aplica-se a retificar ou reformar o comportamento humano antes pecaminoso.
No início do século vinte, quando ganhou força a disciplina chamada psicologia, os
cristãos mantiveram uma postura de desconfiança com a nova pseudo ciência, sendo todo
aconselhamento pastoral ainda realizado a partir da Bíblia. As abordagens feitas pelas
diversas teorias da psicologia eram consideradas pela maioria dos evangélicos como
contrárias aos ensinos da Palavra de Deus. Este quadro mudou nas duas últimas décadas
do século vinte.

Atualmente, a maioria dos evangélicos entende que a psicologia é útil para o trato
de problemas da alma e existe uma área de suas vidas em que a Bíblia se silencia, sendo
necessário o acompanhamento psicoterápico para a solução de problemas nesta área. É
comum a ideia, baseada numa antropologia tricotomista, de que o médico trata as questões
do corpo, o pastor as questões do espírito e o psicoterapeuta as questões da alma.

Por esta posição, muitos pastores, atualmente, expressam uma simpatia muito
maior pelos psicólogos seculares do que por outros cristãos que compelidos por sua
teologia, rejeitam a disciplina da psicologia secular. Também muitos pais têm baseado a
criação de seus filhos em revistas e livros de psicologia barata, autoajuda ou em conselhos,
não médicos, dados pelos pediatras. O problema é que conceitos da psicologia secular e
não da Palavra de Deus são à base de todos estes conselhos, mesmo em material cristão.
Ao buscar integrar a psicologia e a teologia, alguns conselheiros cristãos partem de
uma epistemologia baseada na busca da Verdade tanto na revelação geral como na
revelação especial. Segundo eles, toda verdade é verdade de Deus, assim a observação dos
fenômenos pode levar o homem, mesmo o não regenerado, a encontrar a verdade de Deus
na observação do comportamento humano, por exemplo. O Salmo dezenove apresenta a
revelação de Deus em seu aspecto geral, através da natureza, versos de 1 a 6, e especial,
através da Palavra de Deus, versos de 7 a 14.
A revelação geral apresentada na criação é uma evidência do Criador e conforme
exposto pelo apóstolo Paulo na epístola aos Romanos (1.19-21, 32; 2.4, 14-15) é capaz de
incutir-lhe um conhecimento básico das exigências morais de Deus, tornando os homens
pecadores indesculpáveis. Nada se diz na Bíblia sobre a revelação geral possibilitar ao
homem o desenvolvimento de uma doutrina ou teoria que o capacite a viver uma vida que
agrade a Deus. Além disso, tal consideração, de que ao observarem os fenômenos criados e
o comportamento humano os homens podem descobrir a verdade, desconsidera o efeito
noético, o efeito do pecado na mente e coração dos homens, levando-os fatalmente a uma
interpretação distorcida da verdade, e consequentemente a uma inverdade. O fenômeno
observado pode ser verdadeiro, mas a interpretação humana, principalmente realizada por
homens pecadores com uma cosmovisão materialista, leva na maioria das vezes a uma teoria
que explica de forma falsa a verdade observada.
Em contrapartida na segunda parte do Salmo dezenove, que trata da revelação
especial de Deus através de sua Palavra, lemos que a Lei do Senhor é perfeita. A perfeição
da Palavra de Deus é o que se deve esperar quando se crê na inspiração divina da Bíblia.

O fato de a Bíblia ser perfeita leva-nos a conclusão de que esta é completa, não
necessitando de nada para que atinja seu propósito já declarado em 2Tm 3.17, tornar o
homem perfeito e perfeitamente habilitado, assim no verso treze do salmo dezenove pode-
se ler que o homem confrontado com a Palavra de Deus pode tornar-se irrepreensível, livre
de falhas aparentes.

Outros conselheiros cristãos buscam ser “mais bíblicos” e não admitem uma
igualdade entre a revelação geral e a revelação especial. Para estes cristãos a Bíblia é a
referência e todas as formulações da psicologia devem ser analisadas à luz das Escrituras.
Nesse caso entendem que a Bíblia é toda verdadeira, creem nas doutrinas bíblicas da
inerrância e da inspiração divina, mas insistem que existe verdade que não está expressa
na Palavra de Deus. Embora muitas vezes bem intencionada esta abordagem ainda
apresenta falhas e é por isso perigosa.
A questão que permanece é, se uma suposta verdade não está expressa na
Palavra de Deus, quem garante que ela é verdade. Neste caso somos levados a um
relativismo da verdade, pois os homens por convenção ou pela razão definirão o que é
verdade. Em Jo 17.17, Jesus ao orar por seus discípulos pede: “Santifica-os na Verdade,
a tua Palavra é a Verdade.” Sendo o alvo do aconselhamento a santificação progressiva,
como veremos a frente, a Palavra de Deus é suficiente para tanto, não precisando de
verdade adicional.

A Igreja sempre foi um ambiente onde os cristãos se relacionaram uns com os


outros com o objetivo de juntos lidarem com seus problemas cotidianos à luz da Palavra
de Deus, ou seja, praticaram aconselhamento bíblico. Na epístola aos Colossenses,
capítulo três, verso dezesseis, o apóstolo Paulo nos exorta, ou aconselha biblicamente, a
que habite em nós a Palavra e que nos ensinemos e aconselhemo-nos uns aos outros. O
aconselhamento bíblico é portanto este mandamento em ação. O aconselhamento bíblico
é o exercício ministerial em que o Corpo de Cristo, capacitado pelo Espírito Santo, aplica
a Palavra de Deus corretamente interpretada, às situações problemas, visando ser
usados por Deus no propósito de conformar cada cristão à imagem de Cristo.
A Bíblia evidência que as crianças são predispostas a serem naturalmente
más. "Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe". A afirmação de
Davi no Sl 53.5 e ainda no Sl 58.3: "Desviam-se os ímpios desde a sua concepção;
nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras" esclarece o assunto. O ensino
bíblico é que desde a mais tenra idade o mal moral já está presente nos homens,
conforme exposto em Gn 8.21.

As crianças devem manifestar qualquer reação justa que seja possível para
sua idade. Conforme forem crescendo em idade, sua responsabilidade irá
aumentando, pois a capacidade de responder de forma justa também aumentará. Uma
criança de três meses e outra de três anos tem capacidade de entender a vida de
formas distintas. Assim, em qualquer ponto de sua vida uma criança é responsável por
fazer qualquer coisa que tenha o dever moral de fazer naquela idade.

Não é possível entender as pessoas sem entender o coração. A Bíblia usa a


palavra "coração" para abranger todas as funções do homem interior ( espírito, alma,
mente, vontade, intelecto etc.).
Há mais de 750 referências bíblicas em que aparece a palavra coração, dando
a ele a função de guardar o conhecimento, discernir, instruir, meditar, refletir, perceber,
planejar e ponderar entre outras. Também os adjetivos que a Bíblia relaciona ao coração
são reveladores, pois ele é chamado de: arrogante, adúltero, desviado, amargurado,
irrepreensível, alegre, aflito, quebrantado, insensível, contrito, oprimido, obscurecido,
fiel, temeroso, orgulhoso, rebelde, justo, honesto, perseverante, doente, sincero e
outros.

Os propósitos pelos quais as crianças cometem determinados hábitos estão


escondidos no seu coração, mas o pai sábio e dedicado, com treinamento bíblico,
saberá descobri-los e tratá-los. (Pv 20.5, Hb 4.12).

Os pais não devem direcionar apenas o comportamento dos filhos, mas


também as atitudes do coração. Não devem mostrar apenas o “que”, mas também o
“porque” fizeram. O conselheiro deve ajudar os pais a perceberem que o alvo da criação
de filhos não é ter crianças bem comportadas, o alvo é a glória de Deus através de
mudanças que ocorram no nível do coração, de dentro para fora.
Os aspectos cognitivos do homem, seu intelecto, que inclui seus pensamentos,
crenças, memórias, consciência e discernimento referem-se biblicamente ao coração. O
homem executa as funções descritas abaixo com o coração:
Entende (Mt 13.15);
Pensa (Rm 1.21, Jr 17.10);
Pensa o mal (Mt 15.19);
Raciocina (Mc 2.6);
Dúvida (Lc 24.38);
Tem sabedoria e inteligência (1Re 3.12);
Engana. (Jr 17.9).

Os aspectos afetivos do homem, com seus desejos, sentimentos, anseios,


emoções e imaginações também se encontram no coração, de acordo com a
terminologia bíblica. Assim biblicamente podemos dizer que o coração:
Deseja. (Sl 20.4);
Se alegra e é bondoso. (Dt 28.47);
Fica triste. (1Sm 1.8);
Fica com medo. (Js 14.8);
Sente. (Js 14.7);
Inveja e ambiciona. (Tg 3.14);
Se recreia, diverte. (Ec 11.9);
Fantasia (imaginação). (Sl 73.7);
Possui maldade e loucura. (Ec 9.3).

Outro aspecto que a Bíblia liga ao coração do homem é a vontade, sendo este o
aspecto do homem interior que determina a sua ação, de acordo com suas afeições e seu
intelecto. Desta forma o coração do homem possui:

Desígnios. (1Cr 28.9);


Intenções. (Hb 4.12).

Crianças revelam o conteúdo do seu coração e estes muitas vezes se constituem


ídolos para elas. O tratamento para essa situação pecaminosa é a graça de Deus.

Esses ídolos que acabam por escravizar as crianças podem ser:


a) O poder e a influência, quando a criança deseja sempre dominar o grupo;
b) O orgulho e o desempenho, quando a criança só se sente feliz se puder sobressair, ser
"a melhor" e o problema aumenta porque muitos pais também alimentam estes ídolos em
seus filhos;
c) As posses, quando as crianças desejam cada vez mais objetos e presentes e invejam
as coisas que outros têm;
d) O temor aos homens, representado muitas vezes pelo desejo exagerado de aprovação
dos adultos ou uma timidez muito grande;
e) Estar bem informado, ocasião em que a criança fica dependente de sempre saber de
tudo e se sente infeliz se surge no grupo algum assunto que não conheça.

Quando os pais pensam nos ídolos do coração de seus filhos, não devem pensar
em pecados escandalosos, deveriam antes pensar nos passatempos e atividades em que
eles costumam gastar muitas horas. Um cuidado especial que o conselheiro infantil deve
ter é não usar a Bíblia como um manual terapêutico. Só Jesus pode realizar a mudança
permanente. Olhando as crianças como pecadoras, assim como todo homem, a
mensagem do conselheiro tem que ser as boas novas do evangelho. O conselheiro não
oferece as pessoas um sistema comportamental, o conselheiro os leva ao Redentor.
Outro cuidado a ser tomado é não usar as Escrituras como ferramenta de
ameaças, destacando mais o juízo e a lei do que a graça e a misericórdia. O foco do ensino
bíblico deve ser o evangelho gracioso de Jesus. O alvo do aconselhamento bíblico infantil,
assim como da criação de filhos, não deve ser a mudança de comportamento, embora esta
seja esperada. O alvo do aconselhamento é comunicar todo o designo de Deus que trata de
ser uma nova criatura e não simplesmente de fazer coisas novas.

É uma mudança de dentro para fora, operada pelo Espírito Santo a partir do
coração. Esta perspectiva bíblica deve nortear toda abordagem que os pais, conselheiros e
educadores cristãos, tenham no trato dos problemas infantis.

O conselheiro deve trabalhar neste caso, com os pais independente da criança,


pois os pais da criança passam por sofrimentos que não devem ser ignorados.

Crianças que manifestam explosões de ira, assim como aquelas que se mantêm
remoendo a ira interiormente, lutam com questões do coração. Eles apresentam algumas
características comuns a estas crianças:
Dificuldade com a memória de curta duração.
Menor habilidade em planejar e organizar.
Dificuldade em tarefas múltiplas.
Postura rígida na solução de problemas.
Dificuldade na expressão verbal.
Pouca habilidade social, por exemplo dificuldade para entender intenções de outras
pessoas ou perceber expressões faciais.

Estas características não são pecaminosas em si, mas podem criar situações
diversas em que a criança responderá de maneira pecaminosa. O conselheiro deverá
ajudar a criança e seus pais a criarem um plano para responderem de modo agradável a
Deus, sabendo que a criança possui estes pontos fracos. Por exemplo, os pais de uma
criança com dificuldade em tarefas múltiplas, podem em vez de dar a ordem complexa de
arrumar seu quarto, dar várias ordens específicas por vez como guarde as roupas, arrume
a cama e recolha os brinquedos.
Outro grande grupo de problemas enfrentados pelas crianças são aqueles
relacionados à autoestima, ao egoísmo ou ao amor-próprio. De modo geral, muito da atual
arte de criar filhos está embasada na ideia da psicologia moderna de que a autoestima é a
chave do sucesso. Influenciados principalmente pelo livro The psychology of Self-esteem,
de 1969, do psicoterapeuta canadense Nathaniel Branden, a atual geração de pais faz
todo o esforço possível para que seus filhos tenham a melhor imagem de si mesmos. Fato
é que, segundo pesquisadores da atualidade, como o professor Roy Baumeister, da
Universidade Estadual da Flórida, existem poucas e fracas evidências científicas que
mostram que a alta autoestima gera sucesso profissional ou escolar.

Crianças centradas em seus próprios desejos e que veem seus pais como meros
instrumentos para atingirem seus objetivos egoístas certamente apresentarão frutos
pecaminosos. O estímulo a autoestima gera dois tipos de adultos: Ou arrogantes e
amantes de si mesmos, se conseguirem satisfazer seu “eu” ou frustrados, cheios de baixa
autoestima e autocomiseração, se não tiverem seus desejos atendidos. Tanto pessoas
arrogantes, amantes de si mesmo e orgulhosas, como seu oposto, pessoas que se auto
consideram e possuem uma baixa autoestima, sofrem do mesmo mal, o egoísmo. Amam
mais a si do que a Deus e ao próximo.
A criança nos seus primeiros dias de vida ainda não tem uma ideia do mundo em
que vive. Esta criança é naturalmente egocêntrica, pensa que o mundo gira em torno dela.
Quando vai crescendo e começa a ter noção da dimensão do mundo a criança começa a
manifestar a idolatria do seu eu, que é seu centro natural devido ao pecado original. O
egoísmo desta criança faz com que ela tenha prazer em estar no centro, se não do
mundo, pelo menos da família. Infelizmente em nosso tempo podemos observar pais que
permitem e até conduzem seus filhos a ocuparem uma posição central na família. Estes
pais permitem que a agenda familiar seja estabelecida pelos filhos e não pelo
relacionamento prioritário de esposo e esposa.

Neste lar os pais permitem que os filhos cometam os seguintes atos:


Interromper os adultos quando estão conversando;
Manipular e usar de rebeldia para conseguir o que querem;
Ditar o horário da família (incluindo as refeições e hora de ir para cama);
Ter prioridade sobre o cônjuge;
Ter voto igual ou superior nas decisões familiares;
Exigir tempo e atenção excessivo dos pais;
Escapar das consequências de seu comportamento pecaminoso;
Falar de igual para igual com os pais;
Ser afagado quando estiver de mau humor.

Colocar a criança no centro é um pecado que os pais cometem esquecendo-se de


que seus filhos, que também são pecadores, usarão este fato para desenvolver padrões
pecaminosos. Alguns dos sofrimentos infantis podem não ser resultado de um pecado direto
da criança e sim resultado da ofensa de outrem, nestes casos o conselheiro deverá auxiliar
a criança a lidar biblicamente com a situação. É fato notório que muitas crianças são vítimas
de abuso e maus tratos, muitas vezes por parte de adultos. O conselheiro deve estar atento
a indícios destes abusos.

A Constituição Federal do Brasil, de 1988, no artigo. 227, diz que: “É dever de


todos salvaguardar a criança e o adolescente contra todas as formas de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” e ainda na Lei 8.069, de 13 de
julho de 1990, conhecida como Estatuto da Criança e Adolescentes, em seus artigos 70 e
245 afirma que é dever de todos prevenir a ocorrência de violação dos direitos das crianças
e comunicar qualquer forma de negligência, violência ou crueldade contra a criança e o
adolescente.
Embora a lei garanta o direito a inviolabilidade de segredo obtido em confissão a
padres e pastores, isso não se aplica aos casos de denúncia de atos ilícitos às autoridades,
sobretudo em casos de violência cometida contra crianças. O abuso infantil pode ser:

Físico: Comportamento que resulta em lesão não acidental de uma criança;


Por Negligência: Falha em prover as necessidades básicas da vida de uma criança, ao
ponto dela ficar com seu bem estar ameaçado;
Sexual: Uso da criança com o propósito de gratificação sexual para o adulto ou a criança;
Emocional: Comportamento opressor à criança, podendo inclusive ser verbal.

Conferência da ABCB em 2012, traz alguns dados sobre abuso infantil no Brasil.

A cada 5 dias morre uma criança vítima de abuso, sendo 75% menores de 4 anos de idade;
25% das crianças abusadas ficarão grávidas na adolescência;
1 menina em 3 e 1 menino em 5 são abusados antes dos 18 anos;
A maioria dos pais que abusaram dos filhos foram abusados na infância;
90% das crianças abusadas conheciam seu agressor;
68% foram abusadas por pais ou parentes;
A cada seis minutos um caso de abuso é registrado.
Alguns sinais de abusos e maus tratos são:
Físico: Manchas pelo corpo, fraturas, medo de adultos, a criança evita ficar sozinha em
casa, baixo desempenho escolar e explicações incoerentes dos pais quando a estes
sinais;
Emocional e Verbal: Ansiedade, mudança na fala, irritação e raiva, baixo desempenho
escolar, mudança radical de comportamento, falta de afeição pelos pais, comportamento
antissocial e tentativa de suicídio;
Negligência: Criança constantemente com fome, sempre com a roupa suja, ansiedade,
falta de higiene pessoal e constante pensamento negativo;
Sexual: Dificuldade de andar e correr, afastamento social, recusa em trocar de uniforme
na hora da educação física, interesse exagerado em sexo, atitudes sensuais com outras
crianças, comportamento sedutor, medo de contato físico como abraços ou um toque no
ombro, masturbação, uso de bonecos ou brinquedos para imitar o ato sexual.

Em se tratando de aconselhamento a crianças que foram vítimas, um primeiro


ponto é o conselheiro entender que tem o dever bíblico de proteger a vítima. O Salmo
82.3-4 e Provérbios 31.8-9 trazem mandamentos claros para abrir a boca em favor dos
necessitados e fazer a justiça aos desamparados, como já apresentado isto também é
uma obrigação legal.
Embora pese o dever de denúncia, o conselheiro não deve se precipitar frente aos
primeiros sinais de abuso. Todas as evidências e denúncias por parte do aconselhado devem
ser levadas a sério, mas devemos ouvir os dois lados, conforme Provérbios 18.17 e ainda
considerarmos o padrão bíblico de duas testemunhas para que a verdade se estabeleça. (Dt
19.15)

Antes de realizar qualquer denúncia no sentido de abuso, o conselheiro deve


proceder a uma extensiva coleta de dados. Não é incomum o uso de falsa acusação como
instrumento de vingança ou ainda falsas memórias de abuso por parte de crianças. Quando
for adequado, o conselheiro deve ajudar a criança a confrontar o seu abusador, conforme Mt
18.15 e Lc 17.3 e em casos que envolvam membros de igreja, a autoridade eclesiástica deve
ser envolvida. Tais ações, no entanto, não excluem a possível necessidade de denúncia as
autoridades, conforme Rm 13.1-7.

As vítimas de abuso devem confiar em Deus e na sua graça. O conselheiro deve


ajudar a criança a responder de forma agradável, mesmo quando for vítima. (Rm 12.21)
Desde o primeiro momento que este problema for tratado, conforto e esperança bíblica
devem ser oferecidos à criança. Para tanto os textos de Rm 15.4; 2Co 1.3; 4.7-10; Ap 7.17;
21.4 e Hb 4.15 podem ser de grande ajuda.
O conselheiro deve ainda trabalhar a visão bíblica do sofrimento a luz de 2Co
4.16-17 e levá-la a reconhecer a soberania de Deus no sofrimento, conforme Rm 8.28-29;
Ef 1.11 e Tg 1.2-4. O perdão é outra área importante a ser trabalhada com crianças
vitimadas. Elas devem aprender os princípios do perdão bíblico e saber que o perdão de
Deus por nós é a base de nosso perdão ao ofensor. (Ef 4.32; Mt 6.12; e 18.21-35)

Como visto anteriormente muitas vítimas de abuso, tornam-se também


abusadores. O conselheiro deve ensinar, baseado em Rm 12.17-21, o aconselhado a não
retribuir o mal feito a ele com uma ação pecaminosa contra outros. Também não deve
viver uma vida de amargura, medo ou preocupação, conforme Hb 12.15; Mt 6.25 e Fp 4.6-
9. Uma ação prática de grande valor é manter-se disponível a criança entre as sessões de
aconselhamento. O conselheiro pode deixar o número de seu telefone celular e pedir que
a criança ligue quando estiver em perigo.

4- Aconselhamento bíblico para os jovens e adolescentes


Vejamos também uma matéria publica no site:
https://conselhobiblico.com/2016/08/22/conselhos-de-deus-para-o-aconselhamento-dos-m
ais-jovens/
, qual a melhor forma e como abordar os jovens em um aconselhamento:
Provérbios fala a respeito de sexo e dinheiro fácil, boas e más amizades, beleza,
medo do que os outros pensam de mim, empréstimos descuidados, preguiça e trabalho,
prazeres e dor, reações de ira impetuosa, desatenção com conversas insensatas, uma boa
ou má reputação. Esta lista poderia seguir por muitas linhas. Declarações incisivas sobre
centenas de aspectos da vida de interesse para os jovens e a sabedoria de Deus para lidar
com todos eles: é assim que definimos o livro de Provérbios.

Provérbios: um livro para adultos jovens

Provérbios é um livro para adultos jovens. Provérbios 1.4 diz enfaticamente que o
livro é para dar aos jovens “conhecimento e bom senso”. A palavra hebraica para
jovem, na’ar, é usada centenas de vezes no Antigo Testamento e, na grande maioria das
vezes, refere-se a pessoas jovens desde a puberdade até a completa maioridade por volta
dos 30 anos de idade. (As cerimônias do Bar Mitzvá para os meninos e Bat Mitzvá para as
meninas, aos 13 e 12 anos de idade respectivamente, continuam a marcar na atual cultura
judaica a entrada na comunidade como jovens responsáveis).
Na’ar tem a plena competência de um adulto, todas as responsabilidades, mas
não toda a liberdade de um adulto maduro. Este é o motivo pelo qual são chamados de
adultos “jovens”. Eles ainda estão debaixo da autoridade de seus pais. Provérbios é
adequado para jovens, e também para crianças mais novas quando os pais e professores
expõem os conceitos de modo a facilitar a compreensão. A brevidade, a natureza poética,
a conexão com a vida real e os interesses dos jovens, e o consequente foco em praticar
ou não praticar a sabedoria, são trabalhados artisticamente e adaptados habilidosamente
para a etapa em que a vida dos jovens é moldada.

A sabedoria de Deus para os jovens

Os líderes e os pais de jovens devem prestar atenção à abordagem de Deus e


devem seguidas para poder oferecer conselhos úteis aos jovens.

1- Dar conselhos aos jovens é sempre um ministério.


“O temor do SENHOR é o princípio” tanto do “conhecimento” (Pv 1.7) quanto da
“sabedoria” (Pv 9.10). Quem trabalha com jovens precisa estar ciente de que cada palavra
que for dita no aconselhamento conduzirá os jovens para perto ou para longe da vontade
sábia de Deus para sua vida.
As palavras hebraicas usadas nesses versículos e traduzidas como “princípio”
são diferentes. Ambas colocam os adolescentes no universo redentor de Deus. SENHOR,
YHWH, é o nome do Deus do pacto, o Redentor. “Do SENHOR é a terra” (Sl 24.1). Tudo
pertence a Ele e é para Ele (Cl 1.16). Isso inclui os adolescentes e os anos da
adolescência.

Em Provérbios 1.7, “princípio” significa que o temor a Deus é a característica


mais importante do conhecimento. Ele é como o oxigênio, necessário para o seu corpo
sobreviver. Você pode ter muitas outras coisas, mas você fica sufocado e morre se não
tiver o oxigênio. Todo o conhecimento no mundo, em muitos bytes de dados, não se
mostrará útil em longo prazo (e, muitas vezes, nem em curto prazo) sem o temor do
Senhor atuando como a força interna de coesão para configurar os dados de modo
preciso e sadio. Isso é verdade em todas as áreas da vida e Provérbios identifica
centenas delas. “Para que devo viver, Senhor?” Este é o começo de pensamento
produtivo em todas as esferas da vida. Jesus é o Alfa e o Ômega.
Em Provérbios 9.10, a palavra hebraica para “princípio” tem a ver com a ordem
das coisas. É como abotoar uma camisa ou lançar um foguete – o ponto de partida afeta
o resultado final. O temor a Deus é o ponto mais crítico para começar a ter uma
perspectiva sobre como colocar a vida em ordem, ou seja, viver com sabedoria.
“Como devo viver, Senhor?” Este é o ponto inicial do comportamento proveitoso em
qualquer área. Como devo usar o que estou aprendendo sobre este mundo e a vida,
para que eu não seja como alguém que fugindo de um leão, encontra um urso, ou como
alguém que refugiando-se em sua casa e, encostando a mão na parede, é picado por
uma serpente (Am 5.19)?

2- Todo o conselho dado aos jovens aponta para uma consequência

Não precisamos avançar muito na leitura do livro de Provérbios para perceber


que os sábios que o escreveram abordaram tanto as consequências temporais positivas
quanto as negativas para motivar os jovens a fazer boas escolhas. Já a partir do
primeiro capítulo somos atingidos por um tsunami de consequências. Com certeza, há
implicações eternas para cada decisão. No entanto, o “aqui e agora” da vida está na
linha de frente para os adolescentes e precisa estar na linha de frente para o
aconselhamento dos adolescentes em Provérbios.
Em Provérbios, existem 368 consequências temporais negativas e 324 positivas
direcionadas aos jovens para que as considerem ao tomar decisões na vida: o benefício do
trabalho duro, a pobreza que resulta da preguiça, a armadilha de fazer promessas tolas, sua
vulnerabilidade para ser sexualmente seduzido mesmo dentro do ambiente cristão, as
consequências das amizades sábias ou tolas, e outras centenas mais. Os sábios de
Provérbios acenam continuamente diante dos jovens, expondo os resultados agradáveis ou
dolorosos das suas escolhas.Os conselhos de Provérbios não são neutros a respeito do
que constitui uma vida sábia. Eles também não tomam as decisões em lugar dos jovens,
mas são claros em dizer o que é prudente e o que é insensato em suas escolhas e em
explicar a razão de ser assim.

3- O mundo exterior é uma “porta de entrada” para o coração dos adolescentes


Os resultados habituais das escolhas que eles fazem é uma “porta de entrada”
para chegar à motivação do coração dos adolescentes. Conforme já destacamos, nossa
conversa é um ministério. No entanto, as quase 700 consequências traçadas em Provérbios
parecem apontar que a nossa ajuda dirigida aos adolescentes deve começar com
conselhos que alertam para tais consequências. Muitas vezes, aquilo que faz mais sentido
para os adolescentes são justamente os resultados e consequências que eles conseguem
visualizar como prováveis de ocorrer em sua vida.
É pelos frutos colhidos que Deus parece começar Sua conversa com jovens
diante das centenas de decisões que eles têm para tomar. Isso não contradiz aquilo que
dissemos anteriormente, mas o que temos em mente agora é que o ponto ao qual nós
queremos chegar com nossos conselhos não é necessariamente aquele pelo qual os
adolescentes querem começar uma conversa. O exterior está vinculado ao interior, com
certeza. Mais adiante, poderemos estabelecer essa conexão. À medida que os jovens
praticam ativamente a sabedoria de Deus e veem seus frutos (e eles normalmente os
veem – Provérbios 9.10), cultivamos com eles um relacionamento de confiança que pode
se tornar forte o suficiente para aguentar a nossa sondagem e conduzi-los a uma auto
confrontação mais profunda, que atinge o coração.

4- Os adolescentes são motivados por “vontades” boas

Pela graça comum, ou seja, a bondade de Deus para com todos, os


adolescentes costumam querer coisas que são boas para eles. Evidentemente, o pecado
deturpa de várias maneiras esses desejos bons, mas por trás do livro de Provérbios como
um todo está um currículo de desejos estabelecidos por Deus para o qual os sábios
querem atrair os jovens com seus conselhos.
“O alongar-se da vida está na sua mão direita…” (Pv 3.16a);
“Riquezas e honra estão comigo…” (Pv 8.18a);
“O filho sábio alegra a seu pai…” (Pv 10.1a);
“A boa inteligência consegue favor…” (Pv 13.15a);

Pense nas conjeturas que o conselheiro de Provérbios apresenta aos jovens


para cada um dos casos acima. Os jovens querem essas coisas boas. Eles querem uma
vida longa, riqueza, honra, pais satisfeitos e uma boa reputação. É por esse motivo que
Provérbios faz sentido para os eles. Deus concede esses benefícios como fruto de uma
vida sábia.

Ao ouvir os jovens, é possível discernir essas “vontades”. No entanto,


frequentemente, o pecado deturpa sua maneira de definir ou até mesmo buscar a
concretização de vontades que podem ter sido inicialmente boas. Os conselheiros podem
lhes mostrar que aquilo que, de fato, eles estão pensando, querendo ou fazendo acaba
sendo como um tiro no pé.
Eles estão, provavelmente, destruindo a si mesmos. Com esta perspectiva, a
porta se abre para o caminho da sabedoria de Deus. Quando os adolescentes entendem
a mensagem de Provérbios, eles costumam buscar mudanças significativas tendo em
vista alcançar os resultados esperados. Se eles chegaram a se dispor a tais mudanças, e
se você está envolvido na vida desses jovens, você provavelmente construiu com eles um
relacionamento forte a ponto de poder aprofundar o aconselhamento rumo ao nível
seguinte, o nível do coração.

5- Você pode encorajar cuidadosamente os jovens com base em algumas boas escolhas
que eles já fizeram

Visto que a vida é constituída de incontáveis escolhas, os adolescentes com


quem você trabalha já fizeram, sem dúvida, algumas boas escolhas. Os escritores de
Provérbios reconhecem que algumas dessas boas decisões aconteceram porque ainda há
chances para eles. Eles não estão completamente autodestruídos. Existe a esperança de
que eles venham a tomar boas decisões no futuro, assim como já tomaram algumas boas
decisões no passado.
Às vezes, os adolescentes com quem conversamos estão desanimados: “Nada
do que faço está certo! Tudo o que faço está errado!”.

Na verdade, é bem provável que eles já tenham feito algumas escolhas ruins,
que podem ter resultado em consequências dolorosas. No entanto, como cristãos, tais
escolhas não definem a identidade de cada um deles. O fato, porém, é que os
adolescentes costumam ser míopes e enxergar apenas o que está perto. Eles não veem o
quadro maior, mas você pode ajudá-los a ter uma visão mais ampla da vida, mostrando-
lhes que eles já tomaram algumas boas decisões no passado e são capazes de fazê-lo
novamente. Isto pode lhes dar um senso de que “as coisas ainda podem ser diferentes”.
As mudanças são possíveis com Cristo.

Há muito mais a dizer e aprender sobre o processo e o conteúdo do


aconselhamento de jovens. Considerar o modelo que nosso Pai providencia na literatura
de sabedoria para a orientação desses jovens preciosos é o melhor lugar para começar –
e para terminar: “Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e
guarde os seus mandamentos, pois isso é o essencial para o homem. ” (Ec 12.13). Para
todos os adolescentes (e adultos também), a essência é “tema a Deus”.
5- Aconselhamento bíblico para casais

Em uma matéria publicada no site:


https://www.gotquestions.org/Portugues/aconselhamento-conjugal-cristao.html, vejamos o
que deve ser levado em consideração ao aconselhamento bíblico para casais e como
abordar:

Qualquer casal passando por dificuldades em seu casamento deve buscar


aconselhamento mais cedo ou mais tarde. Todo casamento passa por colisões e
reviravoltas que, se não forem tratadas corretamente, podem criar abismos muito largos
para uma ponte. Muitas vezes, seja por orgulho ou vergonha, um casal não procura ajuda
com problemas cedo o suficiente para salvar o casamento.

Eles esperam até que tanto dano tenha sido infligido que o casamento já está
morto e o conselheiro tem pouco com o qual trabalhar. Provérbios 11:14 diz: "Não havendo
sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança." Quando nos
deparamos com batalhas muito grandes para travarmos sozinhos, as pessoas sábias
buscam conselhos sábios. Problemas recorrentes em um casamento são como sinais de
trânsito alertando para o perigo que está por vir. Alguns destes sinais de trânsito são:
1. Incapacidade de resolver conflitos de uma maneira saudável;
2. Um parceiro dominando o relacionamento de tal forma que as necessidades do outro
não sejam atendidas;
3. Incapacidade de abrir mão;
4. Um dos parceiros buscando intimidade fora do casamento para "consertar" os
problemas.
5. Quebra na comunicação;
6. Confusão sobre os papéis de cada cônjuge no casamento;
7.Pornografia;
8.Engano;
9. Desacordo sobre estilos parentais;
10.Vícios.

Quando um casal reconhece algum desses sinais de aviso, é sábio procurar


conselho piedoso. No entanto, nem todos os conselhos que se apresentam como
"cristãos" são baseados na verdade da Palavra de Deus.
Amigos e família podem ter boas intenções, mas ao mesmo tempo oferecer
soluções antibíblicas que apenas confundem e agravam o problema. Um conselheiro
deve ser escolhido com base em sua filosofia e adesão às Escrituras como fundamento
para a saúde emocional. Muitas histórias de horror têm vindo de pessoas que
procuraram conselhos daqueles em que confiavam, apenas para encontrar neles "lobos
roubadores" (Mateus 7:15) que haviam desculpado o pecado e instruído a vítima a
"deixar pra lá".

Algumas perguntas na entrevista inicial podem eliminar alguns desses "lobos"


antes que tempo e dinheiro sejam desperdiçados neles. Casais que investigam
conselheiros devem considerar o seguinte:

1. Onde o conselheiro recebeu treinamento ou licenciamento? A probabilidade é maior


de você receber terapia baseada na Bíblia se o conselheiro tiver sido treinado por meio
de um programa de aconselhamento cristão, em vez de uma organização ou
universidade secular. Uma licença estadual não garante que você receberá melhores
conselhos.
Aconselhamento bíblico excelente pode ser encontrado através de pastores
locais, conselheiros leigos e grupos de apoio.

2. Este conselheiro tem experiência em lidar com as questões específicas envolvidas?


Algumas perguntas importantes, tais como "Qual é a sua abordagem sobre a dependência
da pornografia?", irão ajudá-lo a decidir se concorda ou não com a perspectiva deste
conselheiro.
3. Você concorda com a filosofia e/ou afiliação religiosa deste conselheiro? Existem seitas
e denominações que carregam a bandeira de "cristão", mas podem estar muito longe do
sistema de crenças de um casal para que se beneficiem do aconselhamento. Escolher um
conselheiro de dentro do próprio quadro religioso do casal pode tornar o aconselhamento
mais eficaz.

Não há nada que possa prometer um resultado perfeito, mas considerar essas
questões pode ajudar a estreitar o campo. Deus é pelo casamento; Ele odeia o divórcio
(Malaquias 2:16). O primeiro passo que um casal deve dar é pedir a Deus para guiá-los ao
conselheiro certo. Pode levar um pouco de investigação, mas encontrar um conselheiro
que possa trazer sabedoria divina para um casamento conturbado vale qualquer esforço.
6- Aconselhamento bíblico para os idosos

Em um texto do artigo: 37303-Texto do artigo-125022-2-10-20190711.pdf, que


fala sobre: DISCIPULADO NA TERCEIRA IDADE E O IDOSO COMO DISCIPULADOR,
por Jeverson Nascimento Mestre em Teologia pelas Faculdades Batista do Paraná.
Professor visitante do Centro de Teologia de Santa Catarina, vejamos o que ele nos diz
sobre a Terceira Idade no Brasil:

O envelhecimento no Brasil já é uma realidade, assim como discussões entorno


do que é terceira idade. O Idoso ou a “melhor idade” têm sido debatidas por
pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento. Ainda assim, há muito o que se
discutir sobre o que é ser idoso no Brasil. Qual a importância dos idosos para a sociedade
brasileira? Qual papel da sociedade para com o Idoso? Quantos idosos existem no Brasil?

Tendo ciência da dimensão deste trabalho, já se sabe que não se dará conta de
responder a todos os questionamentos levantados, mas, a partir desses questionamentos,
percebeu-se que a teologia precisa desenvolver um diálogo com as igrejas evangélicas e
com os seus Idosos. É necessário um parecer teológico sobre o assunto em ambiente
nacional, bem como se posicionar perante a sociedade sobre o tema em questão.
Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, o crescimento de idosos no território
nacional vem aumentando significativamente. Sobre o assunto, o Ministério da Saúde
lançou uma nota afirmando que: O Brasil tinha 21.736 idosos com 60 anos ou mais em
2009, no período de1999 a 2009, o peso relativo dos idosos no conjunto da população
passou de 9,1% para 11,3%, sendo que dos mais de 21 milhões de idosos existentes no
Brasil, 44,2% são homens e 55, 8% são mulheres.

Ainda nesse sentido a OMS em World Health Organization (OMS/WHO) afirma


que uma pessoa só pode ser idosa se ela se enquadrar no estatuto do idoso: Lei nº
10.741, de 1 de outubro de 2003, o qual afirma: é considerada idosa a pessoa com idade
igual ou superior a 60 anos.

Alguns fatores contribuem para que a taxa de idosos aumente no Brasil.


Segundo a OMS, a contínua queda da taxa de nascimentos e o aumento da expectativa
de vida são os principais fatores do aumento do número de idosos no Brasil. Portanto,
tem-se ampliado o peso dos adultos na população, criando um fenômeno demográfico de
envelhecimento de pessoas, que poderá ser muito favorável à economia do país no
futuro. Ainda sobre o idoso, a OMS calcula que o Brasil, até o ano de 2025, será o sexto
país mais envelhecido do mundo.
Até o ano de 2020, 1 em cada 13 brasileiros será idoso. Portanto, é possível
afirmar que a sociedade, de um modo em geral, precisa pensar no idoso, em seu modo de
viver, na sua saúde, em seu bem-estar e em sua autonomia perante a sociedade. Com o
número de idosos crescendo em todo o país, destaca-se o crescimento dos principais
problemas enfrentados pelos idosos, quais sejam:


Falta de autonomia;

Independência;

Qualidade de vida;

Expectativas de se construir uma vida saudável.

Segundo a OMS, a autonomia que falta em muitos idosos é a habilidade de


controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente, de
acordo com suas próprias regras e preferências.

Nesse mesmo sentido, a OMS afirma que a independência que todo idoso
deveria ter é, em geral, entendida como a habilidade de executar funções relacionadas à
vida diária, isto é, a capacidade de viver independentemente na comunidade, com alguma
ou nenhuma ajuda de outros.
Sendo assim, pode-se dizer que o idoso merece o direito de ser autônomo, de
executar suas tarefas diárias a seu modo e à sua maneira de viver, ver a vida e ser. Existe
um outro problema enfrentado pelos idosos que está relacionado a qualidade de vida.
Qualidade de vida é, segundo a OMS, “a percepção que o indivíduo tem de sua posição
na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em
relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

Todo idoso deveria ter não só autonomia para poder tomar suas próprias
decisões, mas o direito a uma qualidade de vida digna. Nesse sentido, pode-se dizer que
qualidade de vida é definida nesses termos: à medida que um indivíduo envelhece, sua
qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e
independência. Porém, para a OMS, isso é um conceito muito amplo, que incorpora, de
uma maneira complexa, a saúde física de uma pessoa, seu estado psicológico, seu nível
de dependência, suas relações sociais, suas crenças e sua relação com características
proeminentes no ambiente”.

Para a OMS, quando o assunto é idoso, precisa-se levar em consideração as


principais doenças crônicas que afetam os idosos. Em todo o mundo, são elas:

Doenças cardiovasculares (tais como doença coronariana);

Hipertensão;

Derrame;

Diabete;

Câncer;

Doença pulmonar obstrutiva crônica;

Doenças musculoesqueléticas (como artrite e osteoporose);

Doenças mentais (principalmente demência e depressão);

Cegueira e diminuição da visão.

Levando em consideração os principais problemas elencados acima, os quais


poderão surgir na vida de um idoso, é possível afirmar que é necessário dar Independência
para os idosos, mas também proporcionar os meios para tal; oferecendo a todo idoso um
ambiente que lhe forneça uma melhor qualidade de vida e segurança. Dessa forma,
quaisquer organizações ou pessoas que queiram trabalhar com idosos devem levam em
consideração suas limitações em casos de doenças. Portando, deverão estar preparados
com todos os meios de amparo, seguindo à risca o estatuto do Idoso.
Um olhar para as escrituras e para história para ver o Discipulado Cristão
presente nos idosos. Quando o apóstolo Paulo foi executado pelas mãos de Nero por
volta de 67 e 68 d.C. (cf. 2Tm 4,6-18), tinha entre 60 a 62 anos e já tinha feito muitos
Discípulos.

Entre eles, é possível destacar os principais, são eles: Jasão; Sosípatro;


Epafrodito que eram da família, mas seus discípulos; Tito; Lúcio, Barnabé; Gaio e
Aristarco da Macedónia. Existe, em especial, o caso de Filêmom: em que recomenda
Onésimo Discípulo da prisão. Paulo deixa a saudação da paz na carta a Filémon –
chamando-o de “amado e cooperador de Paulo” –, à irmã Áfia e a Arquipo, “nossos co-
soldados (sustratiôtai) de lutas, e à igreja que está em tua casa”. Áfia e Arquipo são
soldados da fé junto de Paulo, combatem pelo evangelho. Em Cl 4,7, Tíquico é um
Discipulador incontestável, um “diácono” fiel e um co-servo no Senhor.

Outra Discípula é Febe, a diaconisa da Igreja de Kêncreas e, com ela, as suas


discípulas em Cristo Evódia e Síntique (cf. Ro 16,1). Paulo solicita ajuda delas e de
Clemente para concluir o trabalho de Cristo (Fl 4,3). Pouco antes de morrer, aconselha
seu discípulo amado, a quem chama de filho na fé, “Timóteo”.
Os conselhos são concernentes ao ministério pastoral e reconhece que seu
tempo está findando: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde
agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele
dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda. (2 Timóteo
4,7-8).

Sobre sua morte honrosa, a tradição conta que ocorreu junto da estrada de
Óstia, fora da cidade de Roma, por decapitação. Morreu Discipulando, lutando o bom
combate, como tantos outros apóstolos, como é o caso de João na Ilha de Patmos, mas
foram verdadeiros discipuladores, gerando discípulos que geraram outros discípulos.
Pode-se mencionar também alguns pais da Igreja que, mesmo na idade avançada,
produziram frutos: no século IV, a idade de ouro da literatura cristã, nos é oferecido, em
seus umbrais, a figura gigantesca de “Atanásio de Alexandria, o homem cujo gênio
contribuiu para o Discipulado, de muitos e para o engrandecimento da Igreja, muito mais
que a benevolência imperial de Constantino” Seu nome está indissoluvelmente unido ao
triunfo do Símbolo de Nicéia, que, ainda hoje, é mencionado por muitos. Partiu aos 77
anos, deixando um legado enorme e muitos Discípulos que não se pode enumerar.
A partir desses levantamentos, pode-se questionar aqueles que afirmam que os
idosos não são importantes, que seus trabalhos são irrelevantes ou que não deveriam
exercer lideranças na igreja, por já estarem em idade avançada. Tais pensamentos são
discriminatórios e mesquinhos, pois o idoso tem, sim, seu valor como Líder, como
Discípulo e como Discipulador.

Percebe-se que, são poucas as análises dos assuntos que relacionam os idosos
com discipulado cristão na atualidade. Na história e nas escrituras, foram encontrados
idosos que se envolveram com o Reino de Deus, tornando-se, assim, verdadeiros
Discípulos e Discipuladores de Cristo.

Os objetivos foram atingidos de forma significativa. Porém, na hipótese em que o


idoso pode ser um discipulador, constatou-se que é necessário continuar a discussão. O
tema em questão tem muito a contribuir para o crescimento da autonomia do idoso. As
dificuldades encontradas para ligar os idosos ao discipulado cristão foram muitas, pois
falta bibliografias a respeito do assunto, as quais são extremamente escassas.
A impressão que se tem é que os idosos são descartados pela sociedade e pela
igreja evangélica brasileira. É preciso continuar os debates sobre o tema. O idoso precisa
de valorização. A teologia tem a capacidade de dialogar com a sociedade e com a igreja
evangélica brasileira no sentido de valorizar o idoso e lhe dar autonomia.

Conclusão

Percebemos nos assuntos acima que o aconselhamento em si não precisa ser


exercido somente entre os adultos, mas deve ser iniciado ainda com as crianças pois
nesta fase elas tem muitas dúvidas e precisam de cuidados para que cresçam e se
tornem adultos conscientes.

Também pouco valor se tem dado em muitas igrejas com relação aos nossos
idosos, eles são pouco assistidos, mas são pessoas cheias de experiências da vida. E
não podemos nos esquecer que há muitos idosos em nosso país que precisam ser
alcançados pelo Evangelho de Cristo.
Há muito o que melhorar nas igrejas com relação ao Aconselhamento Bíblico. A
igreja de Cristo tem que se manter atualizada para alcançar todas as idades através do
Evangelho mas também tratando as pessoas psicologicamente. A dor psicológica existe,
vejamos alguns versículos bíblicos:

“Tem misericórdia de mim, ó Senhor, porque estou angustiado; consumidos estão de


tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu corpo. Porque a minha vida está gasta de
tristeza, e os meus anos, de suspiros; a minha força descai por causa da minha
iniquidade, e os meus ossos se consomem”.- Salmo 31: 9-10.

“A minha vista desmaia por causa da aflição. Senhor, tenho clamado a ti todo o dia,
tenho estendido para ti as minhas mãos”.- Salmo 88:9.

“Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de
espírito”.- Salmo 34:18.

Jesus tem a cura para as nossas dores, mas não podemos deixar de levar em
consideração que elas não saram sozinhas, antes, precisam ser tratadas.
Referências

https://ministerioler.com.br/aconselhamento-biblico-o-que-e/

https://www.abcb.org.br/documentos/OQueFazOAconselhamentoSerBiblico.pdf

https://abcb.org.br/documentos/ProjetoAconselhandoCriancas.pdf

https://conselhobiblico.com/2016/08/22/conselhos-de-deus-para-o-aconselhamento-dos-
mais-jovens/

https://www.gotquestions.org/Portugues/aconselhamento-conjugal-cristao.html

37303-Texto do artigo-125022-2-10-20190711.pdf,

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