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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................4
4. DIVISÃO DA BÍBLIA...............................................................................................11
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7.2. Dados sobre a Bíblia.....................................................................................................23
8. OS LIVROS APÓCRIFOS............................................................................................24
BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................28
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1. INTRODUÇÃO
A Bíblia é o livro de todos os tempos, o mais maravilhoso; tão comum e ao mesmo tempo tão
fantástico por conter inúmeras bênçãos para a raça humana.
Durante dois mil e quinhentos anos o mundo ficou sem uma revelação de Deus de maneira
escrita e organizada, sendo que suas revelações concernentes ao homem eram pessoais e
diretas, e de modo ocasional.
Partindo de seu princípio, Deus nos concedeu, através da inspiração de homens tementes e
piedosos, esse livro maravilhoso cujo conteúdo não é provar a existência de Deus, mas revelar
ao homem Sua Existência, Vontade, Glória, Propósito, Poder e Amor.
É um livro de vida que preserva um pouco do espírito daquele que o produziu. Ao lê-la,
sentimos o notável Espírito do Autor tocar o nosso espírito e mudar nossa vida fazendo-a
semelhante à d’Ele.
Ela traz uma história maravilhosa que mostra e exata relação de causa e efeito e o ponto de
vista da religião divina.
É uma história que causa grande admiração. Difere de todas as outras histórias, pois é
subordinada a um propósito: revelar Deus e Sua vontade à humanidade.
À luz de tais evidências, vemos quão fantástico e maravilhoso é esse Livro, que comparado a
outros livros, esses não passam de meros fragmentos. É a única grande voz de comando que
faz de todas as outras vozes simples sussurros inaudíveis, sendo que o estudo apresentado é
introdutório e auxiliar da Bíblia, para uma familiarização por parte do estudante. A matéria
estudada é conhecida também por “Isagoge” nos Cursos de Teologia, assim, sua linguagem é
puramente humana. Temos na Bíblia uma roupagem humana mas seu conteúdo partiu da
mente do próprio Deus.
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O estudo das Escrituras tem sido negligenciado por muitos cristãos por não entenderem a
importância de se conhecer com mais profundidade a Palavra revelada. A maturidade
espiritual depende da leitura bíblica; o devocional se aprende em seu conteúdo; as diretrizes
para uma oração eficaz ou uma vida de comunhão plena com Deus estão em suas páginas. As
revelações do mundo metafísico, da criação, das ordenanças sociais, da teologia universal e da
complexidade da formação material cosmológica são mencionadas em seu texto nos diversos
livros. Na leitura bíblica o homem se encontra consigo mesmo, entende o meio em que se vive
e conhece o seu Criador.
Em 2 Timóteo 3:16-17, Paulo diz que toda escritura é útil. Ele menciona quatro coisas:
primeira, doutrina ou ensino. Isto é, ela estrutura o pensamento. Aquilo em que o homem
acredita determina seu comportamento. Segunda, é útil para a repreensão. Isto é, ela indica
quando se está fora dos limites. É como um árbitro que grita. Ela mostra o que é pecado.
Mostra o que Deus quer para a vida humana. Por ela, Ele determina padrões. Terceira, é útil
para correção. Ela ensina o homem a entender que precisa “se limpar do pecado” e aprender a
se conformar à vontade de Deus. Quarta, é útil no treinamento para uma vida de justiça. Deus
mostra como se deve viver. Nas Escrituras, Deus corrige o homem dos aspectos negativos, e
lhe dá orientações positivas a serem seguidas na vida.
Assim, o propósito global da Bíblia é equiparar-nos para toda boa obra. Através dela, Deus se
comunica com o ser humano, revelando três razões das Escrituras: é essencial para o
crescimento, à maturidade, e para treiná-lo; a fim de que possa ser um instrumento disponível,
limpo e precioso nas mãos d’Ele, para cumprir os seus propósitos.
a. Ela é o Livro Texto do Cristão (2 Tm. 2:15) – Sendo assim, é importante que o cristão
maneje bem a Palavra de Deus, pois, fazendo isso, cumprirá com sucesso sua missão na obra
do Senhor. Quando alguém toma a iniciativa de se ocupar no estudo da Palavra de Deus, seu
resultado será de uma forma gloriosa, pois essa atitude trará edificação e engrandecimento ao
reino de Deus (2 Tm. 3:14-17). Apesar de muitos colocarem em dúvida os escritos bíblicos, não
há livro que possa trazer alento para o discípulo de Cristo. O ministério de edificação da Igreja
depende de quem maneja bem a Palavra; igualmente, sendo as Escrituras o manual de
conduta cristã, guiará, através de seus textos, a boa e agradável vontade de Deus. Ela é o
instrumento primário que o homem tem da parte de Deus para seu desenvolvimento como
indivíduo.
b. É Alimento para a Alma (Jr. 15:16; Mt. 4:4; 1 Pe. 2:2) – A única forma de nutrir para o
crescimento espiritual é através da leitura da Palavra de Deus. Assim como o corpo precisa de
pão cotidiano, a alma necessita da meditação e do estudo da Palavra de Deus. O cristão que
tem apetite pelo estudo das Escrituras, demonstra uma saúde espiritual estável (1 Pe. 2:2). A
leitura da Palavra inspira o devocional diário do crente, impulsionando-o a revitalizar sua fé
através da boa leitura. Um corpo bem nutrido é um corpo sadio e preparado para as labutas
diárias; da mesma forma acontece com a alma: a partir da meditação e estruturação,
juntamente com a oração, o cristão se sente capaz de enfrentar as batalhas do cotidiano,
alimentado pela comida sólida encontrada na Palavra de Deus. Não há crescimento espiritual
fora da Palavra de Deus.
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c. É uma Ferramenta do Espírito – O cristão precisa estar convicto de que há a necessidade de
se conhecer a Palavra para ser usado pelo Espírito Santo, pois o mesmo terá, assim, uma
ferramenta na vida do homem com que operar em favor tanto da Igreja como dos demais
homens. Daí a necessidade de se meditar na Palavra (Js. 1:8; Sl. 1:2), se encher da Palavra (Jo.
15:7) e conhecer a Palavra para ser usado por Deus (Jo. 14:26). Ter o Espírito e não conhecer a
Palavra, conduz ao fanatismo e conhecer a Palavra e não conhecer o Espírito, conduz ao
formalismo, daí a necessidade de se ter o equilíbrio (2 Pe. 3:18).
d. A Vida Espiritual é Enriquecida (Sl. 119:72) – O estudante que procurar entender a Palavra
de Deus apenas através das faculdades mentais pode com facilidade desistir, pois só o Espírito
Santo conhece as coisas ocultas de Deus (1 Co. 2:10). A Bíblia guarda, para serem distribuídas
pelo Espírito de Deus, grandes riquezas espirituais aos que buscam esses tesouros através do
estudo da Palavra e da meditação nela (Ef. 1:17-18). A Bíblia recomenda que se busque ao
Senhor e, assim fazendo, o cristão fortalece sua vida espiritual com o conhecimento adquirido
pela leitura, meditação e aplicação em sua vida.
Sabemos ler a Bíblia? Será que cada vez que a tomamos para uma leitura seleta, temos em
mente que a Bíblia, além de ser a Palavra de Deus, também é uma obra literária? Como o
estudo realizado trata apenas de uma introdução bibliológica dentro da própria Teologia
Bíblica, não estaremos abordando métodos de estudos e níveis de leitura utilizados em um
sistema de estudo mais avançado, portanto, nos deteremos a um nível de introdução à leitura
Bíblica. Não se pode negar que o profundo interesse e dedicação são pontos fundamentais
para se “aventurar” nas páginas das Sagradas Escrituras. Mas a questão é: como se deve
estudar a Bíblia?
a. Tendo Conhecimento do Autor (Os. 4:6, 6:3; Jo. 14:9) - Não é suficiente ler a Bíblia, é
preciso conhecer o seu Autor e ter comunhão com Ele, pois, assim, torna-se bem mais fácil
entender os relatos narrados; quando se conhece a maneira de agir de uma pessoa é bem mais
fácil compreender e assimilar suas ações. Ter conhecimento teórico, filosófico e até religioso
são meios de “saber” que Deus existe. Saber que alguém existe, e até aceitar essa realidade,
não é a mesma coisa que conhecer esse alguém, portanto, mesmo que o homem acredite na
realidade de Deus é necessário que o conheça. Isso se faz necessário na leitura das Escrituras,
a partir da importância da revelação encontrada nos textos que a compõem. Ler a Bíblia sem
conhecer o autor é como compartilhar das experiências de um desconhecido ou visitar um
lugar estranho, sem prévio conhecimento ou informação.
b. Fazer de sua Leitura um Hábito Diário (Dt. 17:19) – Segundo estatísticas de estudiosos, 90%
dos cristãos nas igrejas não leem a Bíblia de uma maneira diária. Certamente as consequências
podem ser vistas pelo fundamento e estrutura de muitos que se dizem cristãos e demonstram
tão pouco conhecimento de narrativas bíblicas e personagens do Livro Sagrado. O cristão que
perde o apetite pela Palavra de Deus e “esbanja-se” com outro tipo de “comida”, torna-se
fraco, raquítico e anão espiritual. Logicamente que o homem deve buscar informação e estar a
par dos acontecimentos hodiernos, mas é imprescindível a leitura da Palavra de Deus para o
cristão, pois quando a deixa de lado, perde revelações profundas das verdades de Deus (Mc.
4:33; Jo. 16:12; Hb. 5:12).
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c. Ler as Escrituras com Oração e Meditação (Sl. 119:12,18; Dn. 9:21-23) – Na oração, as
coisas ocultas são esclarecidas (Sl. 73:16,17; Jr. 33:3). Já a meditação aprofunda a sua
compreensão (1 Tm. 4:15). A oração e a meditação são componentes para uma devocional
comprometida com a adoração; em oração o cristão conversa com Deus e recebe d’Ele
esclarecimentos acerca de sua Palavra; a meditação fortalece o homem em suas convicções
acerca do Altíssimo e, assim, não titubeia ante o ataque dos que meneiam a cabeça contra a
veracidade da Palavra; para tal cristão, a Bíblia é como uma espada que foi forjada pelo
Espírito Santo e lhe entregue para a guerra.
d. Fazer uma Leitura Completa da Bíblia (Is. 34:16) – Isso não quer dizer que ler a Bíblia toda
trará uma completa compreensão dos assuntos nela tratados, pois a revelação de Deus é
progressiva. Então, a leitura completa não esgotará suas revelações (Dt. 29:29; Rm. 11:33-34; 1
Co. 13:12), mas trará uma compreensão mais acurada do seu conteúdo. Além disso, a
compreensão da historicidade que envolve os personagens bíblicos, lugares, profecias, etc., se
tornam mais compreensíveis, pois os textos encontrados em livros diferentes servem como
pontes, ligando os assuntos (temas). Para melhor compreensão dos fatos nela narrados,
inclusive no que concerne ao passado, seu cumprimento em tempo oportuno e profecias
escatológicas ou mesmo compreensão de acontecimentos sociais / globais (como a constante
crise diplomática na Palestina), faz-se necessário uma completa leitura desse Livro.
Além dos passos para a leitura bíblica é preciso estar atento aos vários níveis de leitura, para
possíveis interpretações de um texto. Faz-se necessário esclarecer que a leitura das Escrituras
não é a mesma para todos, ou seja, não é encarada no mesmo nível. Há quem busque em seus
textos conforto, resposta ou, até mesmo, contradição em seu conteúdo para lhe atribuir
descrédito. Entre os diversificados níveis de leitura destacamos os seguintes:
a. Oração – É chamado de leitura básico. Busca-se em um trecho bíblico a resposta para suas
ansiedades e um caminho a seguir em suas decisões. É a partir daí, ao orar, utiliza-se deles
como argumentos para alcançar o favor divino. Esse nível de leitura aplica-se à oração, à
meditação e à contemplação. É utilizado de forma singela e humilde; é o que a Escritura afirma
de si mesma.
b. Litúrgico – É o nível de leitura utilizado para celebração dos cultos. São textos especiais que,
em seu conteúdo, leva o adorador aos acontecimentos nele descritos. Em sua maioria não são
temáticos, mas sim, dissertativos. Exemplo: a vida, a libertação do pecado, o perdão, etc. É nos
acontecimentos que vemos a revelação da presença divina, e nos exemplos sugeridos, é
verdade essa afirmação. Requer um conhecimento maior das Escrituras. Deve conhecer ao
menos a história da Salvação, a fim de que saiba identificar os acontecimentos a que as leituras
de celebração se referem (ex: Ceia do Senhor e Páscoa). É desse ponto de leitura que começa a
apresentar respostas às suas próprias dúvidas acerca de sua situação presente e dos primitivos
cristãos ou povos bíblicos.
c. Discipulado – Esse nível requer além do conhecimento das doutrinas básicas (ex. Salvação),
um conhecimento dos Dogmas da Igreja e da Ética (Moral). O conhecimento dos Dogmas nos
ajuda a reconhecer como os conceitos da fé foram amadurecidos, pois se vê isso nas raízes e
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na experiência bíblica. O conhecimento da Ética e da Moral impede que o discipulado se
configure somente em “Dogmatismo Denominacional” ou ainda, leitura tendenciosa ao que
achamos e interpretamos. Esse nível de leitura nos leva a ter fundamentos sólidos para
podermos atualizar a experiência de fé dos personagens bíblicos e usá-la como elemento
formador do intelecto e da verdade.
d. Teológico – O objetivo deste nível não busca formar a fé, mas procura tecer uma reflexão
mais racional acerca do texto estudado. Requer um conhecimento acerca da filosofia, história,
semântica, teologia dos autores bíblicos, teologia contemporânea, etc. Esse nível forma o
monitor da edificação eclesial; faz tornar sólido até mesmo os mais remotos rudimentos que
formam a confissão cristã, como as promessas de um redentor, os sacrifícios, etc.
e. Exegético – Esse nível estuda o texto bíblico em si mesmo (ideias, forma literária, etc.).
Adentra-se a um nível que tange às Ciências Bíblicas. Requer uma leitura baseada em
metodologias, pressupostos e critérios altamente elaborados ao longo dos tempos. Trabalha
com a análise e não com a síntese (como nos níveis anteriores). Essa leitura tange a ser
especulativa e dispensa a fé para a compreensão; não se busca revelação ou resposta para o
cotidiano: sua ênfase está contida na análise científica do texto.
A utilidade das Escrituras é desenvolvida em pelo menos quatro dimensões. Paulo afirma que
Toda Escritura é inspirada por Deus. A utilidade das Escrituras está ligada ao conceito da
inerrância. Se você crê de fato que a Bíblia é a palavra infalível de Deus está apto então a
desfrutar ou submeter-se ao crivo da utilidade das Escrituras em sua vida. Ela não é apenas
didática, mas dissertativa em seus textos; sua utilidade não é conceber ao homem “mais uma
forma” de entender o mundo em que vive. A Bíblia se condiciona como Palavra de Deus
inspirada e portadora da revelação de Deus aos homens.
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contrária à vontade divina é pecado. O pecado, segundo a Bíblia, não pode ser julgado e
apagado por esforços humanos; portanto, sendo o homem incapaz de se justificar diante de si
e de Deus por seus próprios méritos, a Bíblia insiste que, sem derramamento de sangue
(justo), não há remissão de pecados e, que, esse sangue (derramado) foi o de Jesus Cristo.
Portanto, ser indiferente à manifestação da Graça de Deus (ignorar a morte de Cristo em favor
do homem) é pecado.
A Bíblia não é o livro mais antigo como afirmam alguns. Vários outros livros foram escritos em
meio às nações existentes pós-dilúvio. Escritos antigos foram encontrados em tijolos e pedras
que remontam há mais de três mil anos a.C. Nações como o antigo Egito, a Mesopotâmia,
cidades como Ugarit, etc., já tinham um gênero literário bastante desenvolvido em sua época.
Traziam, em sua essência, escritas voltadas a epopeias ou narrativas biográficas ou contos
heroicos de deuses ou governantes.
Mas a Bíblia, com certeza, é um livro bastante antigo. Remonta há quase 3.500 anos. Os
escritos antigos eram em forma de rolos e o material usado era o papiro e o pergaminho.
a. O Papiro – é uma planta aquática que cresce junto a rios, lagos e banhados, no Oriente, e a
entrecasca servia para escrever. As tiras de papiro eram colocadas umas às outras até
formarem um rolo de extensão qualquer. A Bíblia menciona-o em Ex. 2:3; Jó 8:11; Is. 18:2.
Também pode ser traduzido por junco. De papiro vem a nossa palavra papel. Como o papiro
tinha uma vida útil curta, houve a necessidade de um material mais resistente para a
conservação dos livros escritos, daí começou o uso do pergaminho.
b. O Pergaminho - é a pele de animais curtida e polida. É um material para escrita melhor que
o papiro. Embora fosse conhecido antes, sua utilização para a escrita é dos primórdios da era
cristã. A Bíblia menciona-o em 2 Tm. 4:13. A Bíblia originalmente era em forma de rolo, sendo
cada livro um rolo, não estando assim os livros dispostos como os temos hoje em forma
conjunta. A disposição da Bíblia como temos atualmente vem depois da invenção do papel e
da imprensa. Antigamente todos os registros eram feitos de forma manuscrita, ou seja,
manual.
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3.1. Atitudes Ante as Escrituras
b. Romanismo – A Bíblia é um produto da igreja; por isso a Bíblia não é a autoridade única ou
final. Afirma ainda que as doutrinas bíblicas estejam imperfeitamente reveladas; que há outras
que são apenas mencionadas e outras totalmente ocultas. Assim, os leigos (povo comum), não
podem compreender as Escrituras sem necessitarem de um intérprete junto a eles,
considerado infalível pra lhes revelar os Escritos Santos. Com relação ao texto canônico, lhes
acrescentaram livros e apêndices a várias perícopes.
e. Seitas – A Bíblia e os escritos do líder ou fundador de cada seita possuem igual autoridade.
Comumente tais líderes formulam seus credos inseridos em livros que são considerados iguais
em autoridade, superiores ou simplesmente um acréscimo à palavra de Deus. No entanto,
essas obras são portadoras de conteúdos falaciosos e, comumente, resultado do pensamento
humano, ou seja, não é detentora da teopneustia (inspiração divina).
A palavra Bíblia é de origem grega. Os gregos chamavam as folhas de papiro preparadas para a
escrita de “biblos”. Um rolo de papiro pequeno era chamado “biblion” e vários destes era uma
“bíblia” (Bíblia é plural de biblos que é o equivalente a “livro”, portanto, a palavra Bíblia quer
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dizer: coleção ou conjunto de livros pequenos). Quando o papel foi inventado, os rolos
praticamente desapareceram e os mesmos começaram a chamar-se “livro”. Quando a Bíblia,
portanto, é um livro composto de vários outros livros pequenos.
Quem começou a chamar a Bíblia por esse nome foi um dos patriarcas de Constantinopla
chamado João Crisóstomo, no século IV; anteriormente a Bíblia era designada mais por
Sagradas Escrituras. Por formar uma unidade perfeita, a palavra Bíblia passou do plural para o
singular significando “O Livro dos livros”. Dentro da narrativa Bíblica encontramos nomes que a
Bíblia dá a si mesmo como:
4. DIVISÃO DA BÍBLIA
A Bíblia contém 66 livros (39 o AT e 27 o NT) que foram escritos em um período que abrange
16 séculos e que tiveram cerca de 40 escritores.
Orígenes e Tertuliano foram os primeiros a chamar essa primeira parte da Bíblia de “Antigo
Testamento”. Essa parte da Bíblia foi escrita originalmente em hebraico, salvo alguns trechos
escritos em aramaico.
b. História - São 12 livros. De Josué a Ester. Ocupa-se com a história de Israel em seus vários
períodos.
O NT foi escrito no grego koiné (língua do povo comum, diferente do grego clássico, falado
pelos eruditos). Também está dividido em 4 grupos:
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a. Biografia – São os 4 Evangelhos. De Mateus a João. São praticamente os livros mais
importantes da Bíblia, pois registram a vida de Cristo. Os anteriores a eles registram a
preparação para a vinda do Messias, os que são depois deles tratam de explicações
doutrinárias, mas eles tratam da vinda e da vida do Messias: Jesus.
b. História – É o livro dos Atos dos Apóstolos. Trata da história da Igreja em seus primeiros
dias.
c. Epístolas – São 21 cartas. Vão de Romanos a Judas (esse Judas não é o que traiu Jesus).
Nessas cartas está contida a explanação da doutrina da Igreja. Estão assim endereçadas:
Passagens como Lc. 24:44 e Jo. 5:39, nos demonstram que Jesus é o tema central da Bíblia. Há
uma diversificação abundante na narrativa bíblica em tipos, figuras, símbolos, e profecias
acerca de Cristo. Do Gênesis ao Apocalipse. Ele é apontado como aquele que redime o homem
e reina desde a eternidade. Desta forma, tomando Jesus como o tema central da Bíblia,
podemos resumir os 66 livros em 5 palavras:
c. Propagação – O livro dos Atos dos Apóstolos, que trata da propagação do evangelho entre
os judeus e entre os gentios. Narra o crescimento da Igreja, das viagens missionárias de Paulo
e outros eventos ligados aos primeiros passos do cristianismo.
d. Explanação – As epístolas ou cartas. É um método ético de vida; demonstra como deve ser o
andar dos cristãos, além de explanar doutrinas da igreja cristã.
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Levítico – sacrifício perfeito (4:13-21);
Números – aquele que foi levantado para nossa cura e redenção e rocha ferida (21:9; 20:7-13);
Deuteronômio – é o grande profeta (18:18-22);
Josué – é o capitão de nossa salvação e príncipe dos exércitos do Senhor (5:13-15);
Juízes – é o nosso libertador (3:9);
Rute – é o parente resgatador (3:8-18 e Tt. 2:14);
Samuel – é o Rei esperado da Nação (1 Sm. 8:5);
Reis – é o Rei prometido (1 Rs. 4:34);
Crônicas – é o descendente de Davi (1 Cr. 3:10);
Esdras – é o ensinador divino (7:10);
Neemias – é o reconstrutor (2:18-20);
Ester – é a providência divina (4:14);
Jó – é o nosso redentor que vive (19:25);
Salmos – é o nosso socorro e alegria (46:1);
Provérbios – é a sabedoria de Deus (8:22-36);
Eclesiastes – é o pregador perfeito (12:10);
Cantares – é o nosso Amado (2:8);
Isaías - é o servo do Senhor (42:1);
Jeremias – é o Senhor dos Exércitos (31:18);
Lamentações – é o Consolador de Israel (1:2);
Ezequiel – é o Senhor que reinará (20:33);
Daniel e Joel – é o Juiz das nações (Jl. 3:12);
Amós – Senhor, Deus dos Exércitos (5:15-16);
Obadias – é o Salvador (21);
Jonas – é a salvação do Senhor (2:9);
Miquéias – é o Ajuntador de Israel (2:13);
Naum – Deus zeloso (1:2);
Habacuque – é o puro de olhos (1:13);
Sofonias – é o pastor de Israel (3:13);
Ageu – Desejado das nações (2:7);
Zacarias – é o renovo (6:12);
Malaquias – O sol da Justiça (4:2);
Mateus – é o Rei e o Messias (1:1);
Marcos – é o servo de Deus (10:45);
Lucas – é o Filho do Homem (12:8);
João – Verbo Divino (1:1);
Atos – é o Cristo Ressurreto (2:24);
Romanos – é o Justificador (4:25);
I Coríntios – é o Cristo crucificado (1:23);
II Coríntios – é a Imagem de Deus (4:4);
Gálatas – é o Cristo que liberta (5:1);
Efésios – é o cabeça da Igreja (4:15);
Filipenses – é o Cristo exaltado (2:9);
Colossenses – é o reconciliador (1:20);
I e II Tessalonicenses – é o Senhor que virá (1 Ts. 4:16; 2 Ts. 2:1);
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I Timóteo – é a Nossa Esperança (1:1);
II Timóteo – é o Juiz de todos (4:1);
Tito – é o nosso Salvador (3:6);
Filemom – é o que dá confiança (8);
Hebreus – é o Sacerdote Eterno (7:3);
Tiago – é o Legislador (4:12);
I Pedro – é a Pedra viva (2:4);
II Pedro – é o nosso Senhor (1:2);
I João – é o Justo (2:1);
II João – é o Filho do Pai (3);
III João – é a Verdade (4);
Judas – é o único dominador e Senhor (4);
Apocalipse – é o Alfa e o Ômega (1:8).
O estudo da Bíblia tem por finalidade principal o conhecimento de Deus. Se estudarmos o Livro
e não chegamos ao conhecimento de Deus falhamos em nosso objetivo. A pessoa que crê que
a Bíblia é a Palavra de Deus deposita nela sua confiança sem exigir provas nem argumentos.
O que diferencia a Bíblia dos demais livros é a sua inspiração divina (Jó 32:8; 2 Tm. 3:16; 2 Pe.
1:21). Por causa da inspiração ela é chamada “A Palavra de Deus”. Inspiração é o ato de trazer
ar para dentro dos pulmões. Quando o ar sai diz-se que houve expiração. Sendo assim, no ato
de inspiração das Escrituras, Deus inspirou nos escritores o seu Espírito. Portanto, inspiração é
a influência sobrenatural do Espírito Santo como um sopro sobre os escritores da Bíblia,
capacitando-os a receber e transmitir a mensagem divina sem mistura de erro.
Existem diversas teorias acerca da inspiração da Bíblia que devem ser conhecidas pelo
estudante bíblico. Dentre muitas citaremos as que mais se destacam por seu alcance e
ensinamento, sendo:
a. Teoria da Inspiração Natural ou Inspiração Humana – Os tais negam que exista alguma ação
sobrenatural do Espírito sobre os escritores sacros e afirmam que a sua inspiração deve ser
comparada com aquela que Sócrates, Shakespeare, Camões e outros gênios da literatura
mundial tiveram. Dizem que Deus habita em todos os homens estando esses habilitados a
receber inspiração em graus diferentes, medidos pela capacidade mental ou espiritual de cada
um. A Bíblia porém declara que Deus falava através dos escritores (2 Sm. 23:2; At. 1:16; Jr. 1:9;
Ed. 1:1; Ez. 3:16-17; At. 28:25). Considerada falaciosa.
b. Teoria da Inspiração Divina Comum – Dizem que a inspiração dos escritores era igual a que
hoje nos vem quando cantamos, oramos, ensinamos, etc. Tal teoria, portanto, deixa a
possibilidade de, no tempo de hoje, haver a produção de uma nova Bíblia por alguns dos
homens. Uma ideia que nosso próprio senso de insuficiência nega. Tal teoria não procede, pois
Ademais, a inspiração comum pode ser permanente (1 Jo. 2:27) ao passo que a dos escritores
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da Bíblia era temporária. Deve-se prestar atenção na expressão “E veio a mim a palavra do
Senhor...” indicando temporalidade. Considerada falaciosa.
c. Teoria da Inspiração Parcial – Essa teoria afirma que uma parte das Escrituras é inspirada e
outra não. Que a Bíblia apenas contém a palavra de Deus mas que não é a Palavra de Deus. Se
tal afirmação fosse verdadeira, a questão seguinte seria descobrir quais as partes inspiradas e
as não inspiradas. Porém, a própria Bíblia reivindica para si a inspiração para sua totalidade (2
Tm. 3:16; Ap. 22:18-19). Considerada falaciosa.
d. Teoria do Ditado Verbal – Segundo essa teoria, Deus inspirou apenas as palavras aos
escritores, não deixando lugar para gênero literário ou estilo do escritor. Seguindo a ideia
dessa teoria, fazemos dos escritores seres maquinários destituídos de ação e emoções, sem
atividades e raciocínio. Essa teoria é absurda, pois nas Escrituras vemos diferenças de estilo,
particularidades dos autores em suas terminologias, tais como o uso de estilos de uma cultura
ou outra, etc. Com essas evidências internas na narrativa Bíblica, é impossível harmonizar essa
teoria com as Escrituras. Considerada falaciosa.
e. Teoria da Inspiração das Ideias – Tal teoria ensina que Deus inspirou apenas as ideias da
Bíblia, mas não suas palavras, as mesmas ficaram por conta dos escritores. Ora, na lógica, uma
ideia ou pensamento inspirado só pode ser expresso por palavras inspiradas. A inspiração da
Bíblia, além de ser pensada, foi falada, isto é, Deus inspirou os homens a escreverem pela
inspiração do Espírito Santo sua ideia pensada através de suas faculdades mentais, que
registraram por estilo próprio os desígnios de Deus. Considerada falaciosa.
f. Teoria da Inspiração Plenária – Também chamada Inspiração Verbal. Ensina que todas as
partes da Bíblia são igualmente inspiradas. Mostra os homens em concordância com o Espírito
num trabalho mútuo; que os escritores tiveram liberdade de expressão ao usarem estilo
próprio em suas narrativas. A inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do NT. É
considerada a mais correta.
a. Argumentos Bíblicos
b. Argumentos Lógicos
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Sua Exatidão – Não se encontram nas Escrituras os absurdos apresentados em
outros livros religiosos. Nela não se encontram extravagâncias mitológicas, etc.
Além disso, mesmo não sendo um livro de Ciências, é cientificamente correto. Os
erros científicos muito comuns nos livros religiosos de maneira nenhuma são
apresentados na Bíblia.
Sua Unidade – Contendo 66 livros, escritos por aproximadamente 40 diferentes
escritores e num período de aproximadamente 1600 anos, abrangendo,
praticamente, todos os assuntos da humanidade e de Deus, é, no entanto, uma só
unidade. Possui uma diversidade de temas, autores e tempo como não ocorre com
nenhum outro livro conhecido. As formas literárias também são diversas, como
por exemplo: poesia, prosa, história, biografia, canto, drama, argumento, sátira,
parábola, etc. Seus escritores pertenciam às mais diversas classes e atividades:
reis, sacerdotes, profetas, príncipes, agricultores, pastores, estadistas, doutores,
pescadores, coletores, mestres, etc. Mesmo com toda esta heterogeneidade há
uma homogeneidade doutrinária, ética e espiritual, demonstrando que tinha
alguém dirigindo tudo. Sua mensagem central é Cristo. Todos os temas giram em
torno d’Ele.
Sua Profundidade – Nenhum livro da terra demonstra tanta profundidade moral e
espiritual como a Bíblia. Até mesmo os mais céticos e sinceros são forçados a
admitirem esta verdade. Sua mensagem é sempre renovada, atual e atrativa.
Nenhum outro livro, após ser lido dezenas de vezes, como ocorre com os leitores
da Bíblia, consegue cativar e atrair como as Escrituras. O seu poder, encanto e
frescor são perenes. Ninguém esgota a sua mensagem e ensino. Os maiores
estudantes da Bíblia são os mais encantados com ela. Sua mensagem é viva e
eficaz e não empalidece com o seu manuseio.
Sua Fidelidade – Além de sua fidelidade doutrinária, a Bíblia é, historicamente,
fiel. Não é um livro de história, mas suas afirmações, neste campo, são
fidelíssimas. Suas profecias foram e estão sendo cumpridas fielmente. Algumas
tiveram cumprimento literal nos mais simples detalhes, como: nome de pessoas,
lugares, horas, meses, etc. Suas descrições geográficas foram cientificamente
comprovadas pela arqueologia, inclusive têm servido como instrumento de
orientação para cientistas e arqueólogos.
Sua Preservação – Não obstante as muitas traduções e versões, as Escrituras
preservam a sua mensagem e formas originais. E nenhum livro humano tem
suportado essa prova de fogo. A preservação da própria Bíblia como um livro é um
mistério, pois as mais ferrenhas perseguições já foram movidas contra ela.
Milhares de volumes já foram destruídos, proibida sua circulação, etc. Porém,
ninguém e nada conseguiu destruí-la.
Sua Perpetuidade – Como já foi dito anteriormente, 1600 anos foram necessários
para a formação das Escrituras e mail 2000 anos já se passaram, no entanto, a
Bíblia é tão atual hoje como nos seus primeiros anos de existência. O tempo não
afetou em nada. Ao mesmo tempo, o livro mais antigo e o mais moderno. As
próprias Escrituras afirmam que a Palavra de Deus permanece para sempre, Sl.
19:9; renovando-se a cada dia.
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Sua Exatidão – Mesmo tratando de todos os assuntos da humanidade, como
dissemos anteriormente, tais como: a origem da humanidade, o pecado, a vida, a
morte, a salvação, a moral, a natureza, etc., e, também, os assuntos relacionados a
Deus, tais como: natureza, nomes, atributos, etc.; apresenta uma exatidão
perfeita. O plano de salvação do homem é tão completo que até mesmo uma
criança poderá entendê-lo, pois todo o plano é descrito de forma absolutamente
concisa.
Os Movimentos da Terra (Is. 24:19-20; Lc. 17:34-37) – Ao falar de Sua segunda vinda,
Jesus indicou que seria noite numa parte e dia em outra, implicando assim a rotação
da terra sobre o seu eixo.
A Expansão Vazia do Norte do Universo (Jó 26:7) – Na metade do século passado, o
Observatório de Washington descobriu que dentro dos céus, ao norte, há uma
expansão vazia na qual não há uma só estrela visível. Três mil anos antes a Bíblia já
informava aos homens que Deus estendeu o norte sobre o espaço vazio.
A Lua Não Tem Luz Própria (Jó 25:5) – Durante muitos séculos os homens creram e a
ciência afirmou que a lua era um corpo iluminado e não luminoso. Na religião cristã
havia uma incorreta interpretação de Gn. 1:14-16, razão porque o erro era, também,
confirmado. Com as descobertas científicas modernas e uma exegese correta chegou-
se à conclusão verdadeira de que a lua é um corpo opaco, o que a Bíblia afirmava há
séculos.
As Órbitas da Terra (Jó 38:5) – Este assunto está relacionado também ao suporte
gravitacional da terra. As pesquisas espaciais modernas corrigiram a ideia errada do
homem antigo, acerca dos caminhos dos astros e planetas no espaço, e sem se
chocarem. A Bíblia, antes mesmo que o homem pudesse imaginar, já afirmava que
Deus estendeu sobre a terra o cordel.
O Número das Estrelas (Gn. 22:17) – Ninguém imaginaria que por trás destas singelas
palavras e promessas de Deus a Abraão, estaria escondida uma tremenda verdade
científica. Durante muito tempo, pensava-se no número limitado de estrelas. A ideia
mais avançada foi a de Hiparco que enumerou as estrelas em 1002 unidades. Hoje
sabemos que o Universo se constitui de milhões de estrelas e sóis.
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A História do Cativeiro Babilônico – Foi igualmente relatada na história universal por
Josefo e outros.
Há um Período Vago – Computadores comprovaram que há aproximadamente 48
horas na história do universo de um período vago. Os cientistas voltaram-se para as
Escrituras e lá encontraram a explicação: são dois dias; o primeiro, é o de Josué,
quando ele pede ao Senhor que faça parar o sol, na batalha contra a cidade de Ai (Js.
10:12-15). O segundo sãos as horas tiradas do relógio de Ezequias (Is. 38:7-8) e o dia
em que Jó pede a Deus para riscar dos anais da História (Jó 3:1-6).
O Nascimento e Reinado de Ciro (Is. 44:28) – Nesta profecia detalhes como o nome
de Ciro e sua missão de ajuntar Israel são mencionados.
Profecia Acerca do Nascimento de Josias – 300 anos antes (1 Rs. 14:2; 2 Rs. 23:15-18)
e sua missão de restaurador da religião judaica em Israel.
O Cativeiro Babilônico – Seu início, duração e término (Jr. 25:11).
O cânon, lista dos volumes pertencentes a um livro autorizado, surgiu como um reforço à
garantia centralizada no bispo e à fé expressa num credo. As pessoas, equivocadamente,
supõem que o cânon é uma lista de livros sagrados vindos diretamente dos céus ou imaginam
que o cânon foi estabelecido pelos concílios eclesiásticos. Não foi assim, pois os vários
concílios que se pronunciaram a respeito do problema do cânon do Novo Testamento apenas
o tornavam públicos, porque já tinham sido aceitos amplamente pela consciência da igreja. A
história do cânon estava concluída no Ocidente no começo do século quinto, cem anos mais
cedo que no Oriente.
Definição – A palavra traduzida cânon vem de uma palavra grega que significa “uma vara reta
de medir” ou “um padrão de medida”. Mais tarde passou a chamar-se lista ou catálogo. Logo
veio a ser utilizada significando padrão de conduta ou de opinião, sendo finalmente aplicada
aos livros da Bíblia. Sendo assim, Cânon ou Escrituras Canônicas é a coleção dos livros
divinamente inspirados, que constituem a Bíblia. No sentido religioso, cânon não significa
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aquilo que mede, mas aquilo que serve de norma, regra (Gl. 6:6). Chamam-se canônicos os
livros da Bíblia para diferenciá-los dos apócrifos (não genuínos). O emprego do termo Cânon
foi empregado aos livros da Bíblia por Orígenes (185-254 d.C.).
Existiram três causas que cooperaram para tornar necessária a formação do Cânon da Bíblia:
a. Para Preservar os Escritos da Corrupção – Enquanto a voz dos profetas e apóstolos ainda
era ouvida, não se fazia necessária a existência de um Cânon, pois sabiam o que era e o que
não era inspirado. Após a morte desses, e cessando a inspiração, fez-se necessária a criação do
Cânon para preservar a mensagem inspirada.
b. Para Evitar a Adição de Outros Livros - Estavam aparecendo diversos livros que requeriam a
qualidade de livros inspirados. O alcance da inspiração foi questionado e se fez necessário
decidir quais eram os livros inspirados.
O Cânon do AT como o temos hoje ficou pronto desde o tempo de Esdras (445 a.C.). Foi
formado em espaço de mais ou menos 1046 anos, indo de Moisés a Esdras. Embora tenha sido
no tampo de Esdras a formação do Cânon, no entanto, ele não foi o último a escrever o livro
do AT; os últimos escritores foram Neemias e Malaquias. Porém, de acordo com a história, foi
Esdras que, na qualidade de escriba e sacerdote, reuniu os rolos canônicos, ficando também o
Cânon encerrado em seu tempo.
Os escritos judaicos mais antigos declaram que Esdras convocou a grande Sinagoga composta
por ele mesmo, Neemias, Ageu, Zacarias e Malaquias e assim decidiram que os livros
apreciados tinham a inspiração divina e foram aceitos pela comunidade desde então. Sua
formação não foi um ato arbitrário, mas foi submetida pelo povo a um concílio oficial para
apreciação, sendo que a última ocorreu em cerca de 90 d.C. pelo concílio de Jâmnia.
Esses livros foram inspirados por Deus e cremos que o mesmo Deus iluminou o seu povo para
reconhecimento dos livros inspirados entre outros livros religiosos antigos (Jo. 7:17; 1 Co. 2:12-
13). Portanto, se reconhece o papel da providência de Deus quanto à origem, seleção e
coleção destes escritos. É por essa razão que os livros do AT existem em número de 39, como
temos, nem mais nem menos. Esta tem sido a convicção dos crentes protestantes de modo
geral, embora tivesse havido dúvidas levantadas a respeito de alguns livros, como, por
exemplo, Cantares de Salomão e Eclesiastes. A providência de Deus operante na vida da igreja,
entretanto, tem feito com que todos os 39 fossem aceitos.
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Os doze apóstolos eram o cânon e o foram enquanto viveram, já que a comunidade cristã dos
primórdios preferia a mensagem proferida oralmente por aquelas pessoas que testificaram,
estando presentes e participantes do ministério de Jesus. Bem cedo na história da comunidade
cristã, quem sabe ainda dentro da quarta década do primeiro século, surgiram os primeiros
escritos que seriam a semente de onde o NT procede. Eram documentos rudimentares,
escritos provavelmente em aramaico, sendo que os testemunhos teriam de ser em hebraico.
Esses testemunhos eram textos do AT catalogados pelos primitivos missionários com a
finalidade de provar o caráter messiânico da encarnação, ministério, morte e ressurreição de
Cristo. Muito destas listas de textos-provas serviram à composição dos evangelhos.
O discurso de Estevão em Atos revela a influência destas listas organizadas. O cânon para a
escolha desses textos eram naturalmente os apóstolos.
Sua formação levou apenas quase 100 anos para ser completada. O que realmente demorou
foi o reconhecimento canônico; isso foi motivado pelo zelo e pelo escrúpulo das igrejas de
então, que exigiam provas concludentes da inspiração divina de cada um desses livros. Embora
a fixação do Cânon do NT tenha ocorrido no III Concílio de Cartago em 397 d.C., até o século
XVI ainda existiam dúvidas sobre quais livros deveriam ser aceitos com sólida autoridade. O
princípio que orientou a formação do Cânon do NT, foi o mesmo que motivou a criação do
Cânon do AT. Era necessário preservar os escritos apostólicos. Na época da perseguição muitos
escritos apareceram querendo reconhecimento de “livros inspirados” e assim serem
canonizados. Concílios foram realizados, questões foram discutidas, até chegar-se a um
consenso, houve muitos debates, dúvidas e por fim chegaram a uma conclusão. Hoje essas
dúvidas já foram desfeitas.
É evidente que nem todos os livros do atual NT eram reconhecidos ou aceitos por todas as
igrejas do Oriente e do Ocidente durante os primeiros quatro séculos da era cristã. As
variações do cânon eram devidas a condições e interesses locais. O cânon existente surgiu de
um vasto corpo de tradição oral e escrita e de especulação, e impôs-se às igrejas devido a sua
autenticidade e poder dinâmico inerente. Sendo, portanto, um fruto do emprego de vários
escritos que provavam o seu mérito e a sua unidade pelo seu dinamismo interno. Alguns foram
reconhecidos mais lentamente do que os outros devido ao seu pouco tamanho ou devido ao
caráter remoto ou particular do seu destino ou até mesmo ao anonimato no tocante à autoria,
ou falta de aplicabilidade às necessidades da igreja naquele período. Porém, nenhum desses
fatores trabalha contra a inspiração divina destes livros ou contra o seu direito de possuir um
lugar na palavra autorizada do Deus Todo-Poderoso.
Quando se fala do espaço total de tempo, que vai da escrita do Pentateuco ao Apocalipse, é
preciso intercalar os 400 anos do chamado Período Inter bíblico ocorrido entre os dois
Testamentos, o que dará um total de 1542 anos (1046 do AT + 400 do período Inter bíblico + 96
do NT); daí dizer-se que a Bíblia foi escrita em um período de 16 séculos. O Cânon abrange na
história um total de 1542 anos, porém foi escrito em 1142 anos, aproximadamente (1046 + 96
– 400).
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7. LÍNGUAS ORIGINAIS DA BÍBLIA
O hebraico e o aramaico para o AT, e o grego para o NT, são as línguas originais da Bíblia. Todo
o AT foi escrito em hebraico, com exceção de algumas passagens de Esdras, Jeremias e Daniel,
que foram escritas em aramaico. A mais extensa é a que está em Daniel que vai de 2:4 a 7:28.
O aramaico é um idioma semítico falado desde 2000 a.C., em Arã ou Síria, que é a mesma
região. A influência do aramaico sobre o hebraico foi profunda, começou no cativeiro do reino
do norte (722 a.C.) e foi até 587 a.C. no cativeiro do reino do sul ou cativeiro babilônico.
Quando os judeus voltaram do exílio, falavam o aramaico como língua vernácula (língua
nacional). No tempo de Esdras, quando as Escrituras eram lidas em público na língua hebraica,
era preciso interpretá-las, para compreenderem o seu significado (Ne. 8:5,8). O aramaico foi a
língua de Jesus (Mc. 14:36) e seus discípulos e também da igreja primitiva, em Jerusalém.
O NT foi escrito em grego (a única dúvida é sobre o livro de Mateus, que se acredita ter sido
escrito em aramaico). Não o grego clássico, mas o grego Koiné, ou seja, o grego popular. É uma
língua de expressão muito precisa, e, das línguas bíblicas, é a que mais se conhece, devido ser
a mais próxima da nossa.
Veremos apenas algumas versões, aquelas consideradas as mais famosas ou conhecidas. São
elas:
a. Versões Semíticas
b. Versões Gregas
c. Versões Siríacas
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A Peshito – Começou a ser feita quando os apóstolos ainda viviam e foi feita
diretamente do hebraico. Foi concluída por volta do ano 200 d.C., e inclui o NT
(incompleto). Deu origem a outras versões como a árabe, a pérsica, e a armênia. Essa
versão serviu às igrejas do Oriente.
A Versão Filoxênia – Feita por Filôxeno de Mabuque, em 508 d.C. ele era bispo na Ásia
Menor. Essa versão compreende só o NT.
d. Versões Latinas
Antiga Versão Latina – Também chamada Versão Africana do norte. É composta por
ambos os Testamentos.
Ítala – É uma revisão da Antiga Versão Latina.
A Vulgata – Foi feita por Jerônimo. É uma tradução do hebraico para o latim. É a
chamada “Vulgata” (Versão do povo). Foi por mais de mil anos, a Bíblia da Europa.
e. Versão Inglesa
Versão do Rei Tiago – Publicada em 1611, até hoje é a Bíblia favorita dos povos de
língua inglesa. Há 3 séculos mantém o primeiro lugar entre as demais versões inglesas.
f. Versão Alemã
Versão Luterana – Produzida por Lutero. Foi de grande valor para o movimento da
Reforma Protestante. Foi tão bem feita que serviu como base para o alemão literário.
A Bíblia na Alemanha é vista como começo da literatura alemã.
g. Versões em Português
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VRE – João Ferreira de Almeida, Versão Revisada (A primeira edição foi chamada de
“versão da Imprensa Bíblica Brasileira”);
JER – A Bíblia de Jerusalém;
VOZ – A Bíblia Sagrada Vozes;
NVI – Nova Versão Internacional;
BLH – A Bíblia na Linguagem de Hoje;
VIV – A Bíblia Viva;
CH – Cartas para hoje, traduzidas por Phillips.
Todas as versões são úteis tendo em vista que servem como fonte de estudo facilitando a
interpretação do estudante, ou mesmo daquele que se debruça no afã de uma pesquisa
intrinsecamente sistemática para reter um conteúdo mais amplo. As que seguem mais de
perto a forma do grego e do hebraico são especialmente úteis para o estudo cuidadoso. Por
outro lado, para o povo em geral, é muito mais fácil entender as versões que usam uma forma
mais natural de expressão em português, em vez da forma das línguas originais.
Fica a ressalva de não se alterar a palavra original, senão acabamos tirando a credibilidade da
tradução.
Hebreus 4:12 diz que a palavra de Deus é mais penetrante do que a espada afiada. Mas a
palavra de Deus numa língua desconhecida é como espada embainhada – não corta, nem
penetra. Não alcança nossas almas e nossos pensamentos. Se não entendemos o que diz, não
nos é proveitosa. Somente é penetrante se estiver numa língua que conheçamos. O autor de
Salmo 119 escreveu no versículo 105 que as escrituras eram luz para seu caminho. Mas, nas
línguas originais, hebraico e grego, não são luz para nós porque não as entendemos.
Se as Escrituras nunca tivessem sido traduzidas, será que algum de nós teria salvação por meio
de Jesus Cristo? Agradeçamos a Deus as traduções já feitas e oremos pelos povos que ainda
não têm as Escrituras em sua língua.
A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo. Isso se deu por ocasião da invenção da
imprensa por Gutemberg. A edição da Bíblia impressa deu-se em 1452, em Mogúncia, na
Alemanha.
A Bíblia foi dividida em capítulos no ano 1250, pelo cardeal Hugo de Saint Cher, um abade
dominicano. A divisão em versículos foi feita em duas vezes. A do AT foi feita no ano de 1445,
pelo Rabi Nathan. O NT foi dividido em 1551, por um impressor de Paris chamado Robert
Stevens. O próprio Stevens publicou a primeira Bíblia dividida em capítulos e versículos no ano
de 1555.
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O Antigo Testamento tem 929 capítulos e 23.214 versículos. O Novo Testamento tem 260
capítulos e 7959 versículos. Toda a Bíblia tem 1189 capítulos e 31173 versículos.
O maior capítulo é o Salmo 119 e o menor é o Salmo 117 (embora o livro dos Salmos não
tenha capítulos, por ser um livro de cânticos, considera-se os mesmos como capítulo para tal
estatística). O maior versículo está no livro de Ester 8:9; e o menor em Êxodo 20:13. Na versão
“Tradução Brasileira”, o menor é Lucas 20:30; em algumas línguas o menor é João 11:35.
Os livros de Cantares e Ester não contêm a palavra de Deus (porém isso não oculta a presença
de Deus nos livros).
A Bíblia registra 8000 menções de Deus sob seus vários nomes divinos. O Diabo é mencionado
sob seus vários nomes 177 vezes.
A volta de Jesus é mencionada de uma forma direta e indireta 1845 vezes, sendo 1527 no AT e
318 no NT. A frase “não temas” é descrita 365 vezes em toda a Bíblia, o que dá uma vez para
cada dia do ano.
8. OS LIVROS APÓCRIFOS
O significado etimológico da palavra Apócrifo é “oculto”, “não canônico”. Outra palavra que é
comumente utilizada para referir-se a esses livros é Pseudoepígrafo que significa literalmente
“escritos falsos”. Os apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim, não
canônicos, ou seja, não inspirados por Deus, visto conter vários ensinos errados ou hereges.
Muitos desses autores escreveram anonimamente, mas alguns apresentaram seus escritos ao
público sob o nome de alguém bem conhecido do AT ou de algum membro famoso da Igreja
cristã. Tais composições formaram uma pequena, mas importante parte do grande corpo da
literatura judaica, a qual emergiu durante o período entre o Antigo e o Novo Testamento.
Grande parte disso era consequência da agitação religiosa e política em que os judeus viviam,
pois sentiam a fé e até a própria existência ameaçada, primeiramente pelas influências pagãs
da cultura grega helenística e depois pela opressão das forças invasoras de Roma.
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a. Bíblia Hebraica – (a Bíblia dos Judeus)
Os judeus rejeitaram de modo uniforme os livros apócrifos, por isso não se encontram
na Bíblia Hebraica.
Os apócrifos foram escritos depois do livro de Malaquias, ou seja, depois do Antigo
Testamento estar concluído.
O período é de 300 a.C. e 100 d.C. Esse é o período da Helenização, quando os gregos
tentaram impor a cultura pagã grega no mundo todo.
Nessa época a Bíblia hebraica foi traduzida em Alexandria, para o grego, e nesta versão
chamada LXX ou Septuaginta, foram incluídos alguns livros apócrifos.
No segundo século depois de Cristo, as primeiras Bíblias em latim foram traduzidas
não da Bíblia Hebraica, mas da Septuaginta, a versão grega, que tinha incluído os
apócrifos no Antigo Testamento.
A Vulgata, a versão oficial da igreja católica, feita por Jerônimo, distinguia entre: livros
canônicos e livros apócrifos.
No Concílio de Cartago (397), onde a igreja Romana já estava bem solidificada, foi
resolvido aceitar os livros apócrifos como próprios para leitura religiosa, embora não
fossem canônicos.
Foi somente em 1548, como mais um dogma herético, que Roma reconheceu os livros
apócrifos como de igual valor aos 66 livros canônicos. Com exceção de 3 e 4 Esdras e
da Oração de Manasses.
Os reformadores rejeitaram completamente os apócrifos como canônicos.
Os livros apócrifos não estão de acordo com os critérios usados para aceitação dos livros
canônicos.
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O Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia) serve de critério na aceitação de
todos os outros livros da Bíblia. Se os livros apócrifos não concordam com o
Pentateuco eles não são inspirados (Is. 8:20; Mt. 5:18-19).
Se João, o evangelista, tivesse escrito algo que contradissesse o que Moisés escreveu,
o evangelho de João deveria ser rejeitado como não inspirado, pois Deus não se
contradiz.
Os livros apócrifos contradizem Moisés e os outros profetas, várias vezes.
Nem Cristo nem os apóstolos citaram os apócrifos.
Jerônimo os rejeitou porque não foram escritos em hebraico (com exceção de
Eclesiástico, Tobias, e I Macabeus).
Foi a igreja católica, no Concílio de Trento, em 1548 d.C., que colocou os 12 livros
apócrifos como inspirados.
O verdadeiro teste de canonicidade é o testemunho que Deus, o Espírito Santo, dá à
autoridade de Sua própria Palavra.
Seus ensinos são baseados em histórias fictícias, lendárias e absurdas; e ensinam erros
doutrinários, tais como:
Este ensino diz que o coração e um peixe tem o poder para expulsar toda espécie de
demônios e contradiz tudo o que a Bíblia diz sobre como enfrentar o demônio.
Deus jamais iria mandar um anjo seu ensinar a um servo seu como usar os métodos da
macumba e da bruxaria para expulsar demônios.
Satanás não pode ser expelido pelos métodos enganosos da feitiçaria e bruxaria e, de
fato, ele não tem interesse nenhum em expelir demônios (Mt. 12:26).
Um dos sinais apostólicos era a expulsão de demônios, e a única coisa que tiveram de
usar foi o nome de Jesus (Mc. 16:17; At. 16:18).
c. Ensinam o Perdão dos Pecados Através das Orações – O perdão dos pecados não está
baseado na oração que se faz pedindo o perdão, não é fé na oração, e sim fé naquele que
perdoa o pecado. A oração, por si só, é uma boa obra que a ninguém pode salvar. Somente a
oração de confissão e arrependimento baseados na fé no sacrifício vicário de Cristo traz o
perdão (Pv. 28:13; 1 Jo. 1:9; 1 Jo 2:1-2).
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h. Ensinam atitudes anticristãs, como: vingança, crueldade e egoísmo.
Além dos sete livros apócrifos reconhecidos pela Igreja Católica, existe uma lista de vários
outros, entre eles:
a. Antigo Testamento
b. Novo Testamento
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Evangelho Árabe de Infância Evangelho da Verdade
Evangelho de Bartolomeu Evangelho de Filipe
Evangelho de Marcião Evangelho de Pedro
Evangelho de Tomé o Dídimo Evangelho do Pseudo-Mateus
Evangelho do Pseudo-Tomé Evangelho dos Egípcios
Evangelho dos Hebreus Evangelho Secreto de Marcos
Exegese Sobre a Alma Exposições Valentinianas
História de José o Carpinteiro Vingança do Salvador
Correspondência entre Paulo e Sêneca Visão de Paulo
Epístola de Herodes a Pôncio Pilatos Ep. de Jesus ao rei Abgaro (2 versões)
Epístola de Pôncio Pilatos ao Imperador Epístola de Tibério a Pôncio Pilatos
Evangelho de Maria Madalena (ou Betânia) Ev. Armênio de Infância (fragmentos)
Evangelho de Matias (ou Tradições de Matias) Ev. de Nicodemus (ou Atos de Pilatos)
Evangelho dos Ebionitas (ou Evangelho dos Doze Apóstolos)
(Fragmentos Evangélicos Conservados em Papiros)
(Fragmentos Evangélicos de Textos Coptas).
BIBLIOGRAFIA
TIDWELL, J. B. Visão Panorâmica da Bíblia, Um Estudo Livro por Livro. Vida Nova.
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