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Luiz Fernando

ADVEC Sede, Rio de Janeiro

Tipo de documento: Textual.

Autor: Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca.

A melhor forma de se viver a Palavra.

Biografia do autor: O Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca é Doutor em


Teologia, pela PUC-Rio; Mestre e Bacharel em Teologia, pelo Seminário do
Sul; licenciado em Letras (português/grego), pela UFF; graduado em Liderança
Avançada, pelo Instituto Haggai; e um dos autores da Revista Palavra & Vida,
da Convenção Batista Fluminense.

Data de publicação: 26/10/2022


Data de inclusão: 26/10/2022

Na lição anterior, vimos que a Bíblia é o livro mais importante para nós.
Também fomos lembrados de que o ideal da vida cristã não é se relacionar
com a Bíblia apenas teoricamente; é preciso ler e praticar. Por isso, a Bíblia é
regra de fé e prática (conduta). Tiago nos ensina que a melhor forma de se
viver a Palavra é ouvir e praticar.
Ao lermos Tiago, nos deparamos com um texto que fala da “religião
pura” (1.27), como algo prático, aplicável ao cotidiano. Tiago nos alerta para o
perigo de nos tornarmos religiosos frios e ritualistas, no pior sentido da palavra.
É angustiante quando nos percebemos bons no discurso e ruins na prática.
Noutras palavras, quando nos tornamos exemplares na teoria, nas convicções
abstratas e conjecturais, mas somos vergonhosos nas atitudes.
Tiago, como um professor, nos leva a imaginar uma pessoa que vai ao
culto no templo, ouve tudo o que ali é dito, e pensa que por ter ouvido a leitura
bíblica, a pregação e as músicas já se tornou um bom cristão, julgando ser

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suficiente. Uma pessoa assim ignorou a verdade de que o que sê lê e se diz no
templo precisa ser praticado na vida.
É possível confundir o “ir ao templo” e o “ouvir e ler a Bíblia” com a vida
cristã. Entretanto, essa confusão nos impede de viver verdadeiramente a
Palavra, porque é essencial que se transforme, em ação, o que ouvimos e
aprendemos na Bíblia.
Quando não aplicamos à vida o que aprendemos, na Palavra, somos
como uma pessoa que vai ao culto, no templo, assimila o ideal do que deve ser
e, ao sair, logo se esquece.
Tiago fala sobre alguém que contempla o próprio rosto no
espelho, mas que se esquece rapidamente de quem é, quando não está diante
dele (v.23-24).
Não devemos viver a Palavra de Deus teoricamente, somente como
ouvintes iludidos (v.22). Pelo contrário, devemos atentar bem para as
Escrituras, com perseverança e prática zelosa (v.25).
Ouvintes esquecidos, via de regra, são bons cristãos, no domingo, e
lamentáveis maus exemplos, nos outros dias da semana, fora das paredes do
templo. Praticantes zelosos também são bons cristãos, no templo, porque já
são em todos os outros lugares.
Nessa linha de raciocínio, afirmava o Pr. Tércio Gomes Cunha: “Se você
não trouxe Deus de casa, não vai encontrá-lo na igreja”. Ele não estava
dizendo que Deus não está no templo. Sua preocupação era mostrar quão
pobre vida cristã possui aquele que dela se lembra apenas quando está
presente, nos cultos coletivos da Igreja.

O ouvinte que se limita a ouvir.


Voltemos ao quadro apresentado por Tiago: aquele que se limita a ouvir
a Palavra é como uma pessoa que contempla o próprio rosto no espelho (v.23).
Minha saudosa avó dizia que a gente não deve falar que a nossa foto
está feia, porque é exatamente o nosso rosto. O espelho é assim também.
Nele, vemos a nossa imagem realmente como ela é.

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Para Tiago, ler a Palavra é como se colocar diante de um espelho. A
Bíblia mostra quem somos, com precisão. Como bem disse o Pr. Billy Graham,
“o homem é precisamente o que a Bíblia diz que ele é”.
Embora o espelho reflita a imagem de quem somos e como estamos, ele
não muda a nossa fisionomia. A simples leitura da Bíblia não será um ato
mágico que mudará nossas vidas. Por isso que o ouvinte que se limita a ouvir
torna-se um ouvinte esquecido. Ele até consegue ver as suas falhas, mas não
age para mudar.
Na Palavra, tomamos conhecimento de quem Deus é e da sua
santidade. Esse conhecimento adquirido deve nos levar à santidade. É isso
que Deus espera de nós, que sejamos santos.
A. W. Tozer disse que “santos não santos são a tragédia do
cristianismo”. Esse é o retrato do ouvinte que se limita a ouvir.

O ouvinte praticante zeloso.


Tiago fala do praticante zeloso como alguém que “atenta bem” para a
Palavra (v.25). Esse tipo de leitor é dedicado ao exame das Escrituras. O leitor
desinteressado deixa transparecer que para ele a Bíblia é um livro banal. Já o
zeloso, verifica cuidadosamente os ensinos das Escrituras, porque tem
consciência do seu valor.
Não há dúvidas de que a melhor forma de se viver a Palavra é
praticando-a. A Bíblia tem qualidades que se constituem em pilares
inabaláveis para a sustentação de uma vida obediente ao que ela diz. Vejamos
algumas dessas características essenciais da Palavra:
1. A Bíblia é inerrante. A Palavra de Deus é perfeita. A afirmação do
salmista se constitui num testemunho da própria Bíblia a seu respeito: “A lei do
Senhor é perfeita” (Sl 19.7). Também Provérbios 30.5 diz: “Toda a palavra de
Deus é pura”. Em 2Timóteo 3.16 lemos que “toda a Escritura é divinamente
inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir
em justiça”. Em 2Pedro 1.21 aprendemos que “a profecia nunca foi produzida
por vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, conduzidos pelo
Espírito Santo”.

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A inspiração divina assegura a inerrância da Bíblia. Quando falamos em
inspiração das Escrituras, estamos dizendo que os escritores foram
capacitados e dominados pelo Espírito Santo na produção do texto
sagrado. Embora escrita por mãos humanas, com suas características
peculiares, a Bíblia nasceu sob a influência do Espírito Santo, por isso é a
expressão da mente e da vontade de Deus para conosco. Mesmo que o
Espírito Santo não tenha escolhido as palavras para os escritores, é evidente
que Ele as escolheu por intermédio dos escritores.
2. A Bíblia é infalível. A Palavra de Deus nunca falhou e jamais falhará.
Tudo o que a Bíblia diz é certo como o ar que respiramos. Como o testemunho
do próprio Cristo: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (Jo
17.17).
Realmente a Bíblia é infalível em tudo o que diz. Há muitas evidências,
dentre elas: a) as promessas são rigorosamente observadas; b) as profecias
são cumpridas; c) o plano de salvação se desenvolve, mesmo com o trabalho
contrário das trevas.
É emocionante afirmar que a nossa própria vida é prova da infalibilidade
da Bíblia. O propósito de Deus, revelado na Bíblia, é restaurar o ser humano
perdido no pecado, “para nos remir de toda a maldade e purificar para si um
povo todo seu, consagrado às boas obras” (Tt 2.14). Cada vida transformada é
um testemunho de que a Bíblia é infalível.
3. A Bíblia é atual. Sabemos que a Bíblia é um livro histórico, antigo,
mas, incrivelmente, suas palavras são para hoje, assim como foram para
ontem e serão para as gerações futuras, enquanto a humanidade caminhar
nesta terra. A Bíblia não fica ultrapassada. Nenhum outro livro consegue a
mesma proeza.
A própria verdade bíblica nos esclarece: “Fostes regenerados não de
semente perecível, mas imperecível, pela palavra de Deus, que vive e
permanece. Porque toda pessoa é como a relva, e toda sua glória, como a flor
da relva. Seca-se a relva, e cai a sua flor, mas a palavra do Senhor permanece
para sempre. E essa é a palavra que vos foi evangelizada” (1Pe 1.23-25).
É natural um livro perder a sua atualidade e importância, caindo em
desuso. A Bíblia é sobrenatural, porque não é apenas uma fonte de consulta

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histórica, mas uma obra que tem respostas para hoje, porque trata de
problemas que são pertinentes a todas as gerações. Ao ler a Palavra
encontramos alento e consolo para nossas dores; alívio e motivação para
suportar e vencer os desafios; ânimo e exortação para continuarmos fiéis.

Para pensar e agir:


A experiência de Jeremias com a Palavra de Deus é um estímulo para
todos nós: “Quando as tuas palavras foram encontradas, eu as comi; e elas
eram para mim o regozijo e a alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó
Senhor Deus dos Exércitos” (Jr 15.16).
Ezequiel também nos influencia positivamente: “E disse-me: Filho do
homem, come e enche o estômago com este rolo que te dou. Então o comi, e
minha boca ficou doce como o mel” (Ez 3.3).
Hipócrates, o “pai da medicina”, afirmou que “somos o que comemos”.
Isso é uma verdade proclamada por muitos profissionais da área da saúde. Se
somos o que comemos, podemos imaginar a saúde espiritual de Jeremias e
Ezequiel. Eles comeram a Palavra!
Façamos da Bíblia um alimento diário, pois só ela é capaz de nutrir a
nossa vida para uma conduta aprovada por Deus.

Referências
Fonseca, Elildes Junio Macharete. A melhor forma de se viver a Palavra. Artigo
em formato digital. Palavra & Vida.
https://onedrive.live.com/?authkey=%21ABj59FZAnzC2zZo&cid=9482A7AE897B5
4A9&id=9482A7AE897B54A9%2111973&parId=9482A7AE897B54A9%214037&o
=OneUp Data de acesso: 25 de setembro de 2022.

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