Você está na página 1de 14

Como Estudar a Bíblia e

Interpretá-la Corretamente?

 Daniel Conegero

Para estudar a Bíblia é necessária a combinação de oração e estudo. Quando


falamos em como estudar a Bíblia, primeiramente precisamos lembrar que ela é um
livro inspirado por Deus. Portanto, é impossível interpretá-la corretamente sem o
auxílio do Espírito Santo.

Todavia, ela também é um livro humano, no sentido de que foi escrita por homens.
Por isto ela possui particularidades gramaticais e estilos literários que exigem um
estudo cuidadoso. Neste texto, separamos algumas dicas importantes sobre como
estudar a Bíblia e interpretá-la corretamente. Certamente essas dicas lhe ajudarão
em seu estudo bíblico.

Por que devemos estudar a Bíblia?


Com base no que foi exposto acima acerca das naturezas da Bíblia, podemos
claramente entender por que devemos estudá-la. Visto que a Bíblia é a Palavra de
Deus, devemos estudá-la com o intuito de entender a mensagem do Senhor para
nós. Sob esse aspecto, nenhum outro livro pode ser comparado à Bíblia. Nunca
devemos ler e estudar a Bíblia como lemos e estudamos um livro qualquer.

Por outro lado, visto que ela foi escrita por homens, devemos estudar a Bíblia a fim
de interpretá-la da maneira mais coerente possível. Precisamos estar atentos às
suas características textuais. Então sob esse aspecto, devemos estudar a Bíblia
assim como estudamos qualquer outro livro que exige interpretação.

As barreiras no estudo da Bíblia


Por ser um livro divino e ao mesmo tempo humano, ao estudarmos a Bíblia nos
deparamos com algumas dificuldades que devem ser superadas. O estudo
teológico geralmente chama essas dificuldades de “distanciamentos”.

Esse distanciamento podem ser divididos em duas categorias, pois eles ocorrem
tanto no aspecto humano quanto divino. Então estamos sobre distanciamento
humano e distanciamento divino. Vamos entender melhor isto a seguir.

O distanciamento humano no estudo da Bíblia


O primeiro distanciamento humano que podemos citar no estudo da Bíblia é
aquele ocasionado pelo tempo. O primeiro livro da Bíblia foi escrito há pelo menos
3.500 anos. Já o último foi escrito há 2.000 anos. Claramente isso representa um
distanciamento temporal.

Se por um lado as verdades bíblicas devem ser interpretadas como atemporais, isto
é, não ficam desatualizadas jamais, por outro lado, ao estudarmos a Bíblia, não
podemos negar que estamos diante de um documento muito antigo.
Consequentemente, sua interpretação correta precisa considerar essa característica.

Em seguida temos também o distanciamento contextual e cultural. Isso significa


que o contexto histórico e a cultura em que a Bíblia foi escrita não existem mais.
Portanto, é muito importante conhecer um pouco do mundo e da cultura em que
os escritores bíblicos estavam inseridos.
Aqui vale lembrar que muitos textos bíblicos foram escritos para atender e
responder questões desse período. No entanto, mais uma vez é importante dizer
que apesar de ter sido escrita milênios atrás, a mensagem bíblica é tão relevante
para nós hoje quanto foi para um judeu que viveu há dois mil anos. A Palavra de
Deus definitivamente não muda! A prova disto é a forma com que os autores
neotestamentários aplicaram textos das Escrituras que haviam sido escritos há
séculos antes deles. No tempo do Novo Testamento já havia esse tipo de
distanciamento em vários aspectos, mas ainda assim a mensagem principal
permaneceu a mesma.

Consequentemente, também podemos falar no distanciamento linguístico. Os


textos bíblicos foram escritos em três idiomas que não são mais falados. O Antigo
Testamento foi escrito em hebraico e alguns trechos em aramaico. Mas até mesmo
esse hebraico do tempo bíblico é diferente do hebraico falado atualmente. O Novo
Testamento foi escrito em grego, mas esse grego também é de um tipo que não se
fala mais na atualidade.

Por último, temos o distanciamento autoral. Nós não temos acesso a nenhum autor
bíblico, simplesmente porque todos estão mortos. Assim, diferentemente de um
livro atual onde o escritor pode dar uma coletiva de imprensa para explicar alguns
pontos difíceis de sua obra, não podemos tirar dúvidas com qualquer um dos
escritores bíblicos sobre possíveis dificuldades de interpretação em seus escritos.

O distanciamento divino no estudo da Bíblia


Aqui podemos citar o distanciamento divino sob dois aspectos principais.
Primeiramente há um distanciamento natural. Esse distanciamento é o resultado da
distância que existe entre nós, humanos limitados em todos os sentidos, e o Deus
onisciente. Sem dúvida isto afeta o nosso estudo e interpretação da Bíblia, porque
não somos capazes de entender tudo acerca de Deus.

Há também o distanciamento espiritual e moral. Além de sermos criaturas limitadas


diante de um Deus Todo-Poderoso, ainda possuímos uma natureza corrompida
pelo pecado. Isso significa que muitas vezes a corrupção do homem o leva a
distorcer as Escrituras na tentativa de buscar aprovação aos seus sentimentos e
comportamentos egoístas e pecaminosos. É por isso que muitas pessoas, ao longo
da História, utilizaram a Bíblia para justificar suas atrocidades.

Diante de tudo isso, surge uma pergunta: Como resolver tais dificuldades para
estudar a Bíblia e interpretá-la corretamente? Como resposta para esta pergunta,
podemos citar o conhecido lema de João Calvino. O reformador dizia: “Orare et
labutare!”, isto é, orar e se empenhar no estudo dos textos bíblicos.
Através da oração, pedimos para que o Espírito Santo ilumine o nosso
entendimento para que possamos compreender as verdades tão sublimes da
Palavra de Deus. Dessa forma podemos superar o distanciamento divino.

Através do estudo, nos dedicamos a alcançar a interpretação correta dos textos


bíblicos, considerando suas particularidades textuais. Com isso somos capazes de
conseguir superar o distanciamento humano. Portanto, uma interpretação correta
das Escrituras sempre irá refletir o equilíbrio entre oração e estudo.

Dicas básicas e práticas sobre como estudar


a Bíblia
Montar um roteiro para auxiliar no estudo da Bíblia é um ótimo recurso. A ideia é
submeter um determinado texto bíblico a esse roteiro que servirá como um tipo de
matriz. Vejamos um exemplo de roteiro básico para nos auxiliar a estudar a Bíblia.

1. Ao estudar um texto bíblico, primeiramente procure saber quem foi seu autor.

2. Após descobrir quem escreveu o texto que em estudo, descubra quem foi seu
destinatário original.

3. Identifique em qual gênero o texto estudado se enquadra. Por exemplo: ele é


um texto histórico, poético, profético ou uma parábola? Nunca tente interpretar
um texto histórico como sendo uma parábola, e assim por diante.

4. Procure entender qual o sentido principal da mensagem desse texto.

5. Selecione as palavras que precisam de análise mais cuidadosa com a ajuda de


um dicionário.

6. Leia e entenda o contexto imediato dessa passagem. O contexto imediato é a


porção do texto bíblico em que a passagem em questão está inserida, por
exemplo, seus versículos precedentes e subsequentes.

7. Exponha o texto à luz de seu contexto mais amplo, isto é, o capítulo inteiro onde
ele está inserido. Inclusive, considere em sua interpretação o contexto do
próprio livro como um todo.

8. Procure identificar as passagens correlatas ao texto que está sendo estudado.


Isto significa que você deve considerar outros versículos bíblicos que estão
relacionados ao mesmo tema estudado. Certamente essas passagens
relacionadas irão lançar luz ao texto estudado e contribuíram positivamente para
sua interpretação.

9. Pesquise sobre o pano de fundo histórico e cultural em que o texto foi escrito.
Esse é um dos itens mais difíceis dessa lista, já que exigem um pouco mais de
paciência e trabalho de pesquisa. Os comentários, dicionários e enciclopédias
bíblicas podem ajudar muito nesta questão.
10. Identifique qual a conclusão que pode ser tirada do texto estudado

11. Se houver possibilidade, procure pesquisar se a conclusão que você chegou


sobre o texto é a mesma que outras pessoas, comprometidas com o estudo
bíblico, também chegaram antes de você.

12. Mais importante que o item anterior, identifique se tal conclusão está de acordo
com o restante das Escrituras. Se houver algum tipo de contradição, certamente
sua interpretação está errada e precisará ser refeita.

13. Após fazer a análise completa do texto estudado, procure responder qual a lição
que você pode aplicar à sua vida, transmitida com a interpretação desse texto.

O que é preciso para estudar a Bíblia e


interpretá-la corretamente?
Quando falamos sobre como estudar a Bíblia, é importante que se conheça alguns
pressupostos que norteiam a nossa interpretação. Esses pressupostos garantem
que estudemos a Bíblia de maneira correta, entendendo o que realmente ela é.

1. Ao estudar a Bíblia, saiba o que ela realmente é


Alguns críticos alegam que a Bíblia apenas contém a Palavra de Deus. Isto está
errado! A verdade é que a Bíblia é a Palavra de Deus. Isso significa que ela é
plenamente inspirada, e não possui erros e contradições. A Bíblia é inspirada,
inerrante, infalível e autoritativa.
Todavia, quando dizemos que Bíblia é inerrante e infalível, não estamos nos
referindo às diversas traduções disponíveis, mas aos autógrafos. Os autógrafos são
os textos originais escritos pelos homens que foram inspirados por Deus.

Assim, não negamos que houve possíveis erros de copistas ao longo dos séculos.
No entanto, a Bíblia é o livro mais bem documentado que existe. Ela conta com
uma variedade de cópias confiáveis muito grande, e no geral, apenas
aproximadamente 3% de todo seu conteúdo possui algum tipo de debate com
relação à originalidade do que foi copiado. Além disso, essa pequena porção não
afeta, de forma alguma, as doutrinas bíblicas centrais da fé cristã.

2. Ao estudar a Bíblia, saiba que sua revelação é


progressiva
A revelação de Deus registrada na Bíblia não foi dada de uma só vez. Deus se
revelou progressivamente! Isto implica na verdade de que, apesar de existir uma
unidade básica nas Escrituras, também existe um desenvolvimento.

É por isso que podemos dizer que o Antigo Testamento deve ser interpretado à luz
do Novo Testamento. Por exemplo: no Antigo Testamento lemos sobre a
importância do sacerdócio levítico. Mas no Novo Testamento descobrimos que
esse sacerdócio era temporário, e servia para apontar para o sacerdócio perfeito e
definitivo de Cristo, nosso Sumo Sacerdote. O escritor da carta aos Hebreus foi o
que mais falou sobre isso.
3. Ao estudar a Bíblia, saiba que ela conta a história
da redenção
A Bíblia é um livro teológico, ou seja, do começo ao fim ela relata os atos de Deus
no decorrer da história, a fim de redimir o seu povo. Logo, não devemos procurar
na Bíblia fábulas, contos, ou mesmo um livro que tem objetivos históricos,
arqueológicos e científicos. Certamente a Bíblia é uma fonte de registro de eventos
históricos, mas sua grande mensagem é a história da redenção.

Aqui também vale notar que a Bíblia utiliza a linguagem do observador, e não uma
linguagem cientifica. Alguns dos supostos erros apontados pelos críticos acerca do
texto bíblico, estão fundamentados justamente na falha em perceber essa verdade.

Por exemplo: alguns alegam que é um erro a narrativa do livro de Josué que diz
que o sol parou, pois na verdade a Terra é quem gira em torno do sol. A questão é
que esse texto bíblico não se propõe a explicar a dinâmica de nossa galaxia. Ele
apenas demonstra, pelo ponto de vista do observador, a providência divina.

Mesmo depois de tantos anos, e da ciência ter provado que é a Terra quem se
move, ainda assim utilizamos esse tipo de percepção ao dizer que o sol nasce de
um lado e se põe de outro.

4. Ao estudar a Bíblia, saiba que Cristo é o centro


dela
De Gênesis a Apocalipse Cristo é o foco principal das Escrituras. Definitivamente a
Bíblia é cristocêntrica! Isso significa que a História que é registrada e contada na
Bíblia, aponta, em todos os seus ângulos, para a pessoa de Cristo.

O Antigo Testamento revela claramente a promessa acerca do Messias prometido,


o Filho de Deus enviado ao mundo para resgatar o seu povo. Já no Novo
Testamento registra em detalhe o cumprimento dessa promessa.

5. Ao estudar a Bíblia, saiba que ela está completa


O cânon bíblico está fechado, ou seja, nada mais pode ser adicionado a ele. Apenas
esse cânon, que significa a coleção de livros que compõe as Sagradas Escrituras, foi
reconhecido pela Igreja como inspirado. Ele não necessita de qualquer
complemento!

Como fonte de consulta histórica, até podemos utilizar algum texto extra-bíblico
para nos ajudar a estudar a Bíblia. Porém nunca esse tipo de texto pode ser
equiparado ao texto bíblico e tido como inspirado.

6. Ao estudar a Bíblia, devemos pedir que nosso


entendimento seja iluminado
Aqui é importante saber que existe uma grande diferença entre três conceitos que
são muito utilizados de forma equivocada: revelação, inspiração e iluminação.

Esses três conceitos se referem à ação do Espírito Santo na comunicação da Palavra


de Deus. Os dois primeiros estão estritamente relacionados aos autores que foram
escolhidos por Deus para escreverem as Escrituras. Já o terceiro está relacionado a
nós.

Primeiramente, o Espírito revelou a verdade de Deus a esses homens, e os inspirou


a escrever essa revelação de Deus. Por ser inspirado, o registro feito por essas
pessoas é infalível. Portanto, os escritores bíblicos receberam a iluminação e a
inspiração.
Quanto a nós, resta-nos orar para que o Espírito Santo ilumine nosso entendimento
para que possamos compreender as verdades reveladas nas Escrituras. Portanto,
não devemos pedir pela revelação da Palavra, pois ela já está revelada. Também
não devemos pedir por inspiração, pois os autores bíblicos já foram inspirados a
escrevê-la.

Devemos orar unicamente pela iluminação do Espírito de Deus, para que possamos
ler e compreender aquilo que já foi revelado e registrado de forma inspirada, isto é,
as Escrituras. Portanto, o Espírito Santo é o nosso melhor professor quando
estudamos a Bíblia.

7. Estude a Bíblia sabendo que ela é a sua melhor


intérprete
Realmente existem passagens difíceis na Bíblia. Porém, normalmente uma aplicação
correta de outros textos bíblicos lançará luz sobre um determinado texto que
apresenta alguma dificuldade de interpretação.

Apesar de comentários bíblicos, dicionários e materiais de apoio serem muito


importantes no estudo da Bíblia, todos eles são passíveis de erro. Então se
porventura, em algum ponto, eles contradizerem as Escrituras, eles devem ser
rejeitados.

No entanto, aqui vale uma observação de que os materiais teológicos que já foram
produzidos até agora são muito ricos, e certamente devem ser apreciados. Algumas
pessoas tem adotado um radicalismo descabido para rejeitar qualquer material de
apoio à interpretação bíblica.

Precisamos saber que antes de nós, muitos homens de Deus, cristãos piedosos,
dedicaram suas vidas inteiras a estudar as Escrituras. Eles se empenharam em
documentar seus estudos para auxiliar outras pessoas. Como foi dito, tudo precisa
ser submetido a uma análise à luz da Palavra de Deus, e obviamente ser retido
aquilo que há de bom.

8. Ao estudar a Bíblia, saiba que nela não há


códigos e mensagens ocultas
Desde muito tempo pessoas tem se esforçado para tentar defender que a Bíblia
possui mensagens criptografas, e sentidos ocultos. Mas todo bom estudante da
Bíblia precisa saber que ela é a Palavra de Deus revelada, e não escondida.

O objetivo de Deus foi se revelar de forma especial através das Escrituras, e não
produzir um livro de enigmas que somente algumas poucas pessoas poderão
entender. Claro que existem passagens difíceis, mas não são códigos ou mensagens
ocultas.

9. Estude a Bíblia sabendo que um texto diz o que


ele diz
Essa questão está diretamente relacionada ao tópico anterior, e implica na verdade
de que um texto possui apenas um único significado. Algumas pessoas estudam a
Bíblia de forma errada simplesmente porque tentam ficar procurando sentidos e
significados que não existem no texto. O resultado disso é geralmente uma
interpretação fantasiosa, carregada de alegorias e super-espiritualizada.

Esse tipo de interpretação é profundamente equivocado. A interpretação mais


simples possível é geralmente a melhor. Aqui devemos nos lembrar de que a Bíblia
não foi escrita tendo como alvos apenas eruditos e estudiosos. A Bíblia foi escrita
para que pessoas comuns pudessem abri-la e de forma bastante clara entender sua
mensagem principal.

Vale também dizer que, apesar de haver um único sentido e significado num
determinado texto, sua aplicação pode ser bastante ampla. Logo, é possível
interpretar o texto da única forma correta possível e aplicá-lo de formas diferentes.

10. Ao estudar a Bíblia, avalie sua interpretação


É comum algumas pessoas tentarem extrapolar o que o texto Bíblico está dizendo.
Esse tipo de comportamento é um dos mais prejudiciais, pois adiciona ideias que
não estão na Bíblia. Outras pessoas ainda procuram alegar que tiveram uma
suposta revelação acerca de uma determinada interpretação de um texto bíblico
que ninguém mais a teve.
Já ouvi muitas pessoas dizendo que Deus revelou a eles a verdadeira interpretação
de um texto, uma interpretação nunca antes revelada. Claro que se isso fosse
verdade, então o que tal pessoa diz deveria ser incluído no cânon bíblico, pois ela
recebeu uma revelação igualmente aos escritores bíblicos.

A verdade é que devemos nos calar onde a Bíblia se cala, ao invés de tentar se
orgulhar de novas descobertas acerca das doutrinas bíblicas. O que precisava ser
revelado já foi revelado e está na Bíblia! Agora cabe a nós submeter a nossa
interpretação bíblica às próprias verdades reveladas nela. O que for além do que
está escrito, então deve ser rejeitado.

11. Ao estudar a Bíblia, não seja superficial


Algumas pessoas se preocupam muito com prazos. Elas querem cumprir um
programa de estudo num determinado período de tempo.

Apesar de ser importante manter um cronograma com algumas metas a serem


cumpridas, tal programação não pode jamais pressionar o ritmo de nossos estudos.
Caso isso ocorra, nosso estudo da Bíblia serpa raso e superficial. Não procure pular
as etapas de uma interpretação bíblica sadia, pois certamente o resultado será um
estudo pobre, confuso e, em muitos casos, completamente problemático.

Portanto, busque se aprofundar no texto bíblico. Se empenhe em analisar cada um


de seus detalhes. Naturalmente você será levado a uma interpretação sólida, e com
uma aplicação marcante por toda sua vida.

Materiais de auxílio no estudo da Bíblia


Certamente existem muitos recursos que podem ser utilizados para nos auxiliar a
estudar a Bíblia Sagrada. Vejamos alguns deles.

1. Diferentes traduções da Bíblia


Ao estudar a Bíblia, é essencial dispor de uma boa tradução. Existem muitas
traduções disponíveis em português, que no geral são muito boas e estão
comprometidas com o idioma original.
É interessante que o estudante da Bíblia tenha acesso a diferentes traduções a fim
de compará-las. Isso facilita o entendimento acerca de determinado texto. O preço
das traduções é bastante acessível, além de que existem diversos sites e aplicativos
que oferecem gratuitamente esse recurso. Portanto, não há desculpas para não
utilizar essa dica. Em outro texto também falei um pouco mais sobre qual a melhor
tradução da Bíblia em português, e quais as diferenças entre elas. Vale a pena ler.
2. Dicionário de português
Um bom dicionário de português é bastante útil na interpretação da Bíblia. Apesar
de seu texto original não ser o português, a tradução que utilizamos está em
português. Logo, sempre pode surgir alguma dúvida em determinados termos
utilizados.

Aqui também vale a mesma facilidade mencionada no tópico anterior. Existem bons
dicionários oferecidos por websites e aplicativos para dispositivos móveis.

3. Dicionário e concordância dos idiomas originais


Existem dicionários que se propõe a lançar luz sobre os idiomas originais em que
os textos bíblicos foram escritos. Um dos mais conhecidos é a Concordância de
Strong.
Apesar de esse tipo de ferramenta ser bastante útil, é preciso que seja utilizado
com certo cuidado. Não basta apenas conhecer o significado de um termo
específico, mas é preciso interpretá-lo corretamente à luz de seu contexto.

4. Bíblias de estudo
Atualmente encontramos uma variedade muito grande de Bíblias comentadas, ou
seja, as famosas Bíblias de Estudo. Esse tipo de material também precisa ser
utilizado com atenção, pois as notas de estudo obviamente irão transmitir os
conceitos de seu autor ou de uma comissão específica que ficou responsável por
elaborá-la.

Em alguns casos essas notas mais podem atrapalhar do que ajudar. Também vale
saber que muitas vezes uma Bíblia de Estudo é desenvolvida a fim de transmitir a
linha teológica de uma determinada denominação ou segmento dentro do
cristianismo. Isto também contribui para uma interpretação tendenciosa em
determinadas situações.

No demais, quando bem escolhida, uma Bíblia de Estudo pode ser muito
interessante para ajudar o estudante da Bíblia. Como exemplo de Bíblia que possui
de forma geral boas notas de rodapé, podemos citar a Bíblia de Estudo NVI.

Através de Bíblia de Estudo, também é possível ter uma noção básica das diferentes
linhas teológicas, e até compará-las. Por exemplo: a Bíblia de Estudo de Genebra
possui ótimos comentários e se baseia no aliancismo, transmitindo muito bem a
doutrina reformada clássica. Já a Bíblia de Estudo Pentecostal tem seus comentários
baseados no sistema dispensacionalista, e apresenta de forma geral o pensamento
do movimento pentecostal.

5. Comentários bíblicos
Os comentários bíblicos também são importantes para nos auxiliar a estudar a
Bíblia e interpretá-la corretamente. Assim como acontece com as Bíblias de estudo,
os comentários bíblicos também precisam ser escolhidos e utilizados com atenção
e cautela.

Existem bons comentários do Antigo e do Novo Testamento. Alguns desses


comentários são bem antigos, outros são mais modernos. Da época dos
reformadores, por exemplo, temos excelentes comentários de Lutero e João
Calvino.

Um comentário incrível do Novo Testamento, é a coleção escrita pelo


pastor William Hendriksen, e que foram concluídos por Simon Kirstemaker.
Particularmente penso que Hendriksen foi um dos maiores expositores do Novo
Testamento na história da Igreja, e seu comentário é o melhor já disponível em
português.
Outra série de comentários que vale ser destacada é aquela produzida por John R.
W. Stott. Mais recentemente, o Reverendo Hernandes dias Lopes também lançou
uma coleção de comentários expositivos que é ótima.

4. Livros diversos
Bons livros de abordagens variadas também podem nos ajudar muito a estudar a
Bíblia. Quando se há possibilidade, é altamente recomendada a leitura de livros que
se propõe a fazer uma introdução ao Antigo e o Novo Testamento. Existem
também bons livros de hermenêutica e de conhecimentos específicos da teologia
sistemática. Esses livros abortam diretamente a escatologia bíblica, a teontologia, a
soteriologia etc.

Falando em hermenêutica, muitos leitores me perguntam sobre uma indicação de


um bom livro nessa área. Sem dúvida um ótimo material, bastante acessível e que
possui uma leitura muito fácil, é o livro A Bíblia e seus Intérpretes, do Rev. Augustus
Nicodemus Lopes.

Atualmente há também muitos e-books e cursos online que nos auxiliam na tarefa
de estudar a Bíblia. A vantagem é que o custo desse tipo de material é bem menor.
Quem tiver interesse, aqui indicamos também alguns cursos bíblicos digitais.
5. Recursos digitais
Estamos na era da informação, e a internet possibilitou que muita gente tivesse
acesso a muita informação que antes estava bem reservada. Hoje existem bons
sites, aplicativos para celulares e canais de vídeos que oferecem ótimos estudos
bíblicos produzidos por homens de Deus comprometidos com as Escrituras.

Além disso, muitos desses sites, aplicativos e canais, possibilitam o envio de


dúvidas de seus leitores, que serão respondidas por pessoas que geralmente
dedicam suas vidas ao estudo das Escrituras. Vale a pena pesquisar, selecionar
aqueles que se adequam as doutrinas bíblicas, e acompanhar os estudos bíblicos
disponibilizados por eles. Claro que aqui não poderíamos deixar de indicar o nosso
próprio aplicativo de estudo bíblico.

Conclusão sobre como estudar a Bíblia


Por mais que estudar a Bíblia pareça ser uma tarefa árdua e difícil, certamente ela é
muito gratificante e representa um privilégio enorme do qual desfrutamos.

Além disso, tantas especificações não significam que apenas teólogos e estudiosos
conseguem estudar a Bíblia e interpretá-la corretamente. Ao contrário disto, a
mensagem do Evangelho de que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna”, é bastante clara a qualquer pessoa (João 3:16)

Você também pode gostar