Interpretá-la Corretamente?
Daniel Conegero
Todavia, ela também é um livro humano, no sentido de que foi escrita por homens.
Por isto ela possui particularidades gramaticais e estilos literários que exigem um
estudo cuidadoso. Neste texto, separamos algumas dicas importantes sobre como
estudar a Bíblia e interpretá-la corretamente. Certamente essas dicas lhe ajudarão
em seu estudo bíblico.
Por outro lado, visto que ela foi escrita por homens, devemos estudar a Bíblia a fim
de interpretá-la da maneira mais coerente possível. Precisamos estar atentos às
suas características textuais. Então sob esse aspecto, devemos estudar a Bíblia
assim como estudamos qualquer outro livro que exige interpretação.
Esse distanciamento podem ser divididos em duas categorias, pois eles ocorrem
tanto no aspecto humano quanto divino. Então estamos sobre distanciamento
humano e distanciamento divino. Vamos entender melhor isto a seguir.
Se por um lado as verdades bíblicas devem ser interpretadas como atemporais, isto
é, não ficam desatualizadas jamais, por outro lado, ao estudarmos a Bíblia, não
podemos negar que estamos diante de um documento muito antigo.
Consequentemente, sua interpretação correta precisa considerar essa característica.
Por último, temos o distanciamento autoral. Nós não temos acesso a nenhum autor
bíblico, simplesmente porque todos estão mortos. Assim, diferentemente de um
livro atual onde o escritor pode dar uma coletiva de imprensa para explicar alguns
pontos difíceis de sua obra, não podemos tirar dúvidas com qualquer um dos
escritores bíblicos sobre possíveis dificuldades de interpretação em seus escritos.
Diante de tudo isso, surge uma pergunta: Como resolver tais dificuldades para
estudar a Bíblia e interpretá-la corretamente? Como resposta para esta pergunta,
podemos citar o conhecido lema de João Calvino. O reformador dizia: “Orare et
labutare!”, isto é, orar e se empenhar no estudo dos textos bíblicos.
Através da oração, pedimos para que o Espírito Santo ilumine o nosso
entendimento para que possamos compreender as verdades tão sublimes da
Palavra de Deus. Dessa forma podemos superar o distanciamento divino.
1. Ao estudar um texto bíblico, primeiramente procure saber quem foi seu autor.
2. Após descobrir quem escreveu o texto que em estudo, descubra quem foi seu
destinatário original.
7. Exponha o texto à luz de seu contexto mais amplo, isto é, o capítulo inteiro onde
ele está inserido. Inclusive, considere em sua interpretação o contexto do
próprio livro como um todo.
9. Pesquise sobre o pano de fundo histórico e cultural em que o texto foi escrito.
Esse é um dos itens mais difíceis dessa lista, já que exigem um pouco mais de
paciência e trabalho de pesquisa. Os comentários, dicionários e enciclopédias
bíblicas podem ajudar muito nesta questão.
10. Identifique qual a conclusão que pode ser tirada do texto estudado
12. Mais importante que o item anterior, identifique se tal conclusão está de acordo
com o restante das Escrituras. Se houver algum tipo de contradição, certamente
sua interpretação está errada e precisará ser refeita.
13. Após fazer a análise completa do texto estudado, procure responder qual a lição
que você pode aplicar à sua vida, transmitida com a interpretação desse texto.
Assim, não negamos que houve possíveis erros de copistas ao longo dos séculos.
No entanto, a Bíblia é o livro mais bem documentado que existe. Ela conta com
uma variedade de cópias confiáveis muito grande, e no geral, apenas
aproximadamente 3% de todo seu conteúdo possui algum tipo de debate com
relação à originalidade do que foi copiado. Além disso, essa pequena porção não
afeta, de forma alguma, as doutrinas bíblicas centrais da fé cristã.
É por isso que podemos dizer que o Antigo Testamento deve ser interpretado à luz
do Novo Testamento. Por exemplo: no Antigo Testamento lemos sobre a
importância do sacerdócio levítico. Mas no Novo Testamento descobrimos que
esse sacerdócio era temporário, e servia para apontar para o sacerdócio perfeito e
definitivo de Cristo, nosso Sumo Sacerdote. O escritor da carta aos Hebreus foi o
que mais falou sobre isso.
3. Ao estudar a Bíblia, saiba que ela conta a história
da redenção
A Bíblia é um livro teológico, ou seja, do começo ao fim ela relata os atos de Deus
no decorrer da história, a fim de redimir o seu povo. Logo, não devemos procurar
na Bíblia fábulas, contos, ou mesmo um livro que tem objetivos históricos,
arqueológicos e científicos. Certamente a Bíblia é uma fonte de registro de eventos
históricos, mas sua grande mensagem é a história da redenção.
Aqui também vale notar que a Bíblia utiliza a linguagem do observador, e não uma
linguagem cientifica. Alguns dos supostos erros apontados pelos críticos acerca do
texto bíblico, estão fundamentados justamente na falha em perceber essa verdade.
Por exemplo: alguns alegam que é um erro a narrativa do livro de Josué que diz
que o sol parou, pois na verdade a Terra é quem gira em torno do sol. A questão é
que esse texto bíblico não se propõe a explicar a dinâmica de nossa galaxia. Ele
apenas demonstra, pelo ponto de vista do observador, a providência divina.
Mesmo depois de tantos anos, e da ciência ter provado que é a Terra quem se
move, ainda assim utilizamos esse tipo de percepção ao dizer que o sol nasce de
um lado e se põe de outro.
Como fonte de consulta histórica, até podemos utilizar algum texto extra-bíblico
para nos ajudar a estudar a Bíblia. Porém nunca esse tipo de texto pode ser
equiparado ao texto bíblico e tido como inspirado.
Devemos orar unicamente pela iluminação do Espírito de Deus, para que possamos
ler e compreender aquilo que já foi revelado e registrado de forma inspirada, isto é,
as Escrituras. Portanto, o Espírito Santo é o nosso melhor professor quando
estudamos a Bíblia.
No entanto, aqui vale uma observação de que os materiais teológicos que já foram
produzidos até agora são muito ricos, e certamente devem ser apreciados. Algumas
pessoas tem adotado um radicalismo descabido para rejeitar qualquer material de
apoio à interpretação bíblica.
Precisamos saber que antes de nós, muitos homens de Deus, cristãos piedosos,
dedicaram suas vidas inteiras a estudar as Escrituras. Eles se empenharam em
documentar seus estudos para auxiliar outras pessoas. Como foi dito, tudo precisa
ser submetido a uma análise à luz da Palavra de Deus, e obviamente ser retido
aquilo que há de bom.
O objetivo de Deus foi se revelar de forma especial através das Escrituras, e não
produzir um livro de enigmas que somente algumas poucas pessoas poderão
entender. Claro que existem passagens difíceis, mas não são códigos ou mensagens
ocultas.
Vale também dizer que, apesar de haver um único sentido e significado num
determinado texto, sua aplicação pode ser bastante ampla. Logo, é possível
interpretar o texto da única forma correta possível e aplicá-lo de formas diferentes.
A verdade é que devemos nos calar onde a Bíblia se cala, ao invés de tentar se
orgulhar de novas descobertas acerca das doutrinas bíblicas. O que precisava ser
revelado já foi revelado e está na Bíblia! Agora cabe a nós submeter a nossa
interpretação bíblica às próprias verdades reveladas nela. O que for além do que
está escrito, então deve ser rejeitado.
Aqui também vale a mesma facilidade mencionada no tópico anterior. Existem bons
dicionários oferecidos por websites e aplicativos para dispositivos móveis.
4. Bíblias de estudo
Atualmente encontramos uma variedade muito grande de Bíblias comentadas, ou
seja, as famosas Bíblias de Estudo. Esse tipo de material também precisa ser
utilizado com atenção, pois as notas de estudo obviamente irão transmitir os
conceitos de seu autor ou de uma comissão específica que ficou responsável por
elaborá-la.
Em alguns casos essas notas mais podem atrapalhar do que ajudar. Também vale
saber que muitas vezes uma Bíblia de Estudo é desenvolvida a fim de transmitir a
linha teológica de uma determinada denominação ou segmento dentro do
cristianismo. Isto também contribui para uma interpretação tendenciosa em
determinadas situações.
No demais, quando bem escolhida, uma Bíblia de Estudo pode ser muito
interessante para ajudar o estudante da Bíblia. Como exemplo de Bíblia que possui
de forma geral boas notas de rodapé, podemos citar a Bíblia de Estudo NVI.
Através de Bíblia de Estudo, também é possível ter uma noção básica das diferentes
linhas teológicas, e até compará-las. Por exemplo: a Bíblia de Estudo de Genebra
possui ótimos comentários e se baseia no aliancismo, transmitindo muito bem a
doutrina reformada clássica. Já a Bíblia de Estudo Pentecostal tem seus comentários
baseados no sistema dispensacionalista, e apresenta de forma geral o pensamento
do movimento pentecostal.
5. Comentários bíblicos
Os comentários bíblicos também são importantes para nos auxiliar a estudar a
Bíblia e interpretá-la corretamente. Assim como acontece com as Bíblias de estudo,
os comentários bíblicos também precisam ser escolhidos e utilizados com atenção
e cautela.
4. Livros diversos
Bons livros de abordagens variadas também podem nos ajudar muito a estudar a
Bíblia. Quando se há possibilidade, é altamente recomendada a leitura de livros que
se propõe a fazer uma introdução ao Antigo e o Novo Testamento. Existem
também bons livros de hermenêutica e de conhecimentos específicos da teologia
sistemática. Esses livros abortam diretamente a escatologia bíblica, a teontologia, a
soteriologia etc.
Atualmente há também muitos e-books e cursos online que nos auxiliam na tarefa
de estudar a Bíblia. A vantagem é que o custo desse tipo de material é bem menor.
Quem tiver interesse, aqui indicamos também alguns cursos bíblicos digitais.
5. Recursos digitais
Estamos na era da informação, e a internet possibilitou que muita gente tivesse
acesso a muita informação que antes estava bem reservada. Hoje existem bons
sites, aplicativos para celulares e canais de vídeos que oferecem ótimos estudos
bíblicos produzidos por homens de Deus comprometidos com as Escrituras.
Além disso, tantas especificações não significam que apenas teólogos e estudiosos
conseguem estudar a Bíblia e interpretá-la corretamente. Ao contrário disto, a
mensagem do Evangelho de que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna”, é bastante clara a qualquer pessoa (João 3:16)