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Daniel – O destino do governo humano

Dong Yu Lan

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As citações bíblicas são da Versão Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida, 2ª Edição,
salvo quando indicado pelas abreviações:

BJ - Bíblia de Jerusalém
lit. - tradução literal do original grego ou hebraico
I BB-Rev. - Imprensa Bíblica Brasileira, versão Revisada
NVI - Nova Versão Internacional
TB - Tradução Brasileira
VRA - Versão Revista e Atualizada
VRC - Versão Revista e Corrigida de Almeida
SUMÁRIO

Prefácio
1 Introdução
2 Os antecedentes
3 A vitória sobre a comida sacrificada a ídolos
4 A revelação do governo humano ao longo das eras
5 A vitória sobre a perseguição da idolatria
6 A revelação do orgulho dos governantes humanos
7 A revelação da administração de Deus
8 A vitória sobre o interdito do rei terreno
9 A visão sobre os quatro animais
10 A visão sobre um carneiro e um bode
11 A visão das setenta semanas
12 A visão sobre o Cristo excelente
13 A visão sobre os reis do norte e do sul
14 A visão sobre a consumação do fim dos dias
15 Palavra adicional sobre as setenta semanas
16 Os vencedores (1)
17 Os vencedores (2)
PREFÁCIO

As mensagens que compõem este livro são consideradas


indispensáveis para todos os que se preocupam com o destino do
governo humano. Nosso Deus é o Criador, o Senhor do universo, e a
Sua vontade tem-se cumprido através dos tempos. Se a fé ainda é
pequena, eis aí a História comprovando o cumprimento das
profecias registradas na Bíblia.
Quando Dong Yu Lan ministrou a Conferência sobre o livro de
Daniel, em setembro de 1991, em Sumaré, SP, todos os presentes
foram impressionados com a revelação da determinação de Deus em
cumprir o Seu propósito eterno, e da limitada autonomia do governo
humano. Que a mesma revelação alcance cada leitor e fortaleça a fé
de todos.

Os Editores

Capítulo Um

INTRODUÇÃO

Leitura bíblica: Dn 2:31-35; 9:24-27; Ap 11:15-18


Entre os livros proféticos do Velho Testamento, há quatro que
tratam especificamente da economia de Deus: Isaías, Ezequiel,
Daniel e Zacarias.
O livro de Isaías fala da economia eterna de Deus em Cristo,
abrangendo o Velho e o Novo Testamento. O livro de Ezequiel fala
do mover de Deus em Sua economia. O livro de Daniel, que vamos
começar a estudar, tem por tema central a revelação do destino do
governo humano na economia de Deus. Desde Ninrode em Gênesis
até o anticristo em Apocalipse, a história da humanidade
relacionada com o povo de Israel está relatada em Daniel.
O CONTEÚDO
O livro de Daniel é constituído basicamente de dois itens
principais: a grande imagem humana em Daniel 2 e as setenta
semanas em Daniel 9.
1. A revelação da grande imagem
A grande imagem revelada em Daniel 2 se refere a todas as nações
em todas as eras. Essas nações tiveram origem em Babel. Em
Gênesis 10 lemos: “Cuxe gerou a Ninrode, o qual começou a ser
poderoso na terra”. “O princípio do seu reino foi Babel [...] na terra
de Sinear”. “Daquela terra saiu ele para a Assíria, e edificou Nínive”
(vs. 8, 10, 11). A terra de Sinear ficava na Mesopotâmia e Nínive era
uma das maiores cidades na antiguidade. Pelo fato de Ninrode ter
estabelecido cidades importantes, os povos o exaltavam. Então, em
Sinear, decidiram edificar uma cidade de tijolos, com uma torre cujo
topo chegasse até os céus, a fim de tornarem célebre o seu nome.
Essa cidade se chamou Babel (Gn 11:1-9), daí torre de Babel.
Babel foi uma obra concebida por Satanás. Deus sempre quis uma
edificação. Mas Satanás se antecipou com uma imitação. Deus edifica
com pedras, mas Satanás usou tijolos. O tijolo é feito de barro, um
elemento natural, acrescido do esforço humano. Deus, no entanto,
edifica com pedras vivas, pedras transformadas, que se consumarão
em pedras preciosas na Nova Jerusalém.
A edificação de Babel visava engrandecer o nome do homem, em
vez do nome de Deus. Isso indica que o homem havia caído ao ponto
de rejeitar o nome de Deus, vivendo de maneira totalmente
independente de Deus.
No final de Gênesis 4, vemos que o homem começou a invocar o
nome do Senhor (v. 26). O homem reconheceu sua fraqueza e
fragilidade, e sentiu a necessidade de depender do Senhor e confiar
Nele, tanto que o nome do filho de Sete, Enos, significa fraco, frágil.
Adão e Sete sentiam que, sem Deus, não podiam viver; sem Deus,
não tinham paz interior; sem Deus, não tinham alegria. Precisavam
de Deus. Daí começaram a invocar o nome do Senhor. Mas agora
surge Ninrode, valente herói da época, que estabeleceu muitos
reinos e edificou Babel para tornar célebre o próprio nome. O
homem, portanto, rejeitou o nome de Deus, e, com isso, o próprio
Deus. Isso ofendeu Deus ao extremo. Então veio o Senhor e
confundiu a língua dos homens para que um não entendesse a língua
do outro (Gn 11:7). Dispersaram-se, pois, os homens pela superfície
da terra e surgiram assim as nações (vs. 8-9).
Com origem em Babel, há três que se destacam pelo seu
envolvimento com o povo de Israel: Egito, Assíria e Babilônia.
Portanto, a grande imagem de Daniel 2 representa as nações.
A cabeça de ouro representa a Babilônia de Nabucodonosor. O
peito e os braços de prata representam o império medo-persa. O
ventre e os quadris de bronze representam o império greco-
macedônico. As pernas de ferro representam o império romano.
Hoje, estamos nos pés, perto dos dedos dos pés, que são em parte de
ferro, em parte de barro. O ferro é duro e simboliza um governo
autoritário, enquanto o barro é mole, representando um governo
fraco. Isso descreve a situação dos países de hoje que são em parte
de ferro e em parte de barro.
Por fim vem uma grande pedra, cortada sem auxílio de mãos, fere a
estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiúça, derrubando a
grande imagem. “Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o
bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras
no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas
a pedra, que feriu a estátua, se tornou em grande montanha que
encheu toda a terra” (Dn 2:35). O destino final das nações, com o seu
governo humano, é serem esmiuçadas pela autoridade do reino dos
céus (a grande montanha) e serem levadas pelo vento como palha.
2. As setenta semanas
Daniel 9 contém o mistério das setenta semanas que revelam as
coisas que haveriam de acontecer ao povo de Israel após a ordem da
reedificação de Jerusalém. A partir da ordem para restaurar e para
edificar Jerusalém, Deus determinou setenta semanas sobre o povo
de Israel. “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e
sobre a tua santa cidade para fazer cessar a transgressão, para dar
fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça
eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos
Santos. Sabe, e entende: desde a saída da ordem para restaurar e
para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e
sessenta duas semanas” (Dn 9:24-25). Isso refere-se à ordem que
Artaxerxes I daria no livro de Neemias para que se reedificasse a
cidade de Jerusalém. A partir dessa ordem haveria setenta semanas
de sete anos, isto é, quatrocentos e noventa anos, determinados
sobre Israel.
“As praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos
angustiosos” (v. 25b). A duração desde a ordem até o final da
edificação de Jerusalém seria de sete semanas, ou seja, quarenta e
nove anos.
“Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido, e já não
estará” (v. 26a). A morte do Ungido é a crucificação do Senhor Jesus.
Da conclusão da edificação de Jerusalém até a crucificação de Cristo
passaram-se sessenta e duas semanas de sete anos. Aí se interrompe
a história do povo de Israel. Portanto, das setenta semanas já se
cumpriram até aqui sessenta e nove. Entre a sexagésima nona e a
última semana, há um período de inserção que não diz respeito ao
povo de Israel. Esse período é a era da igreja, que já dura quase dois
mil anos. Essa “inserção” durará até um pouco antes da segunda
vinda do Senhor, quando então se iniciará a última semana, que
concluirá a história de Israel.
O PENSAMENTO CENTRAL
O pensamento central de Daniel é o Cristo excelente, revelado no
capítulo 10. Esse Cristo é o personagem central da economia de
Deus (Ef 3:11). Na segunda vinda de Cristo, Ele destruirá a grande
imagem e finalizará a história de Israel. Nesse livro Cristo é a
centralidade e a universalidade da economia de Deus.
O PROCESSO DO CUMPRIMENTO DA ECONOMIA DE DEUS POR
INTERMÉDIO DE CRISTO
Cristo, como centro da economia de Deus, cumpriu, está cumprindo
e cumprirá todas as etapas necessárias para que o propósito eterno
de Deus seja concluído. Essas quatro etapas principais são:
a. Pôr fim à velha criação
No final das sessenta e nove semanas o Ungido foi morto. Na Sua
morte na cruz Cristo pôs fim à velha criação (Rm 6:6).
b. Gerar a igreja
Mediante a Sua morte e ressurreição, Cristo gerou a igreja, fazendo
germinar a nova criação (2 Co 5:17). A era da igreja durará até o
começo da última semana, quando será a vinda do Senhor.
c. Destruir o governo terreno
Na Sua segunda vinda, Cristo virá como a pedra que esmiuçará a
grande imagem humana, a qual representa a totalidade de todo
governo humano. Essa pedra, no entanto, não será Cristo somente,
mas Cristo e os santos vencedores. Essa pedra se tornará em grande
montanha que encherá toda a terra, introduzindo assim o reino
eterno de Deus.
d. Estabelecer o reino eterno de Deus
Quando Cristo voltar, estabelecerá o reino eterno de Deus.
Apocalipse 11:15 diz: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor
e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos”.
OS ANTECEDENTES
Os antecedentes do livro de Daniel dizem respeito a dois reinos: o
reino de Judá e o reino de Babilônia.
O reino de Judá
Devido à idolatria de Salomão, Deus permitiu que no tempo de seu
filho Roboão, Israel se dividisse em dois reinos: o reino de Israel,
também chamado de o reino do Norte, e o reino de Judá, também
conhecido como o reino do Sul. O reino de Israel sofreu o cativeiro
por parte da Assíria e o reino de Judá foi levado cativo para a
Babilônia. O livro de Daniel, no entanto, fala apenas do reino de Judá.
Não há menção do reino de Israel.
Pelo fato de se desviar do caminho do Senhor e abandonar a base
da unidade em Jerusalém, indo após outros deuses, Israel foi
abandonado por Deus que o deixou à sua própria sorte. O reino de
Judá, contudo, permaneceu em Jerusalém. Embora tenham sido
castigados no cativeiro por causa de seus erros, os olhos de Deus
estavam constantemente zelando por eles. E Deus prometeu que
depois de setenta anos ainda levaria os cativos de Judá de volta a
Jerusalém.
Deus hoje quer restaurar o testemunho da unidade da igreja. Os
olhos de Deus estão sempre sobre os que O amam de coração puro,
sobre os que se preocupam com o Seu propósito e guardam o Seu
testemunho da unidade. Mas se nos desviarmos do caminho do
Senhor e formos contra Seu propósito, danificando a unidade do Seu
Corpo, Ele nos deixará de lado.
O reino de Babilônia
Esse reino não inclui apenas a Babilônia da época de
Nabucodonosor. A Babilônia representa e inclui todas as nações que
se opõem a Deus, desde a sua origem, Babel, em Gênesis até
Apocalipse, onde nos capítulos 16, 17 e 18, se descreve a destruição
da Grande Babilônia.
SINOPSE GERAL
Veremos agora o assunto do livro de Daniel, que se divide em duas
partes: os primeiros seis capítulos relatam as experiências
vitoriosas de Daniel e suas revelações; os últimos seis capítulos
relatam as visões de Daniel.
As experiências vitoriosas de Daniel
No capítulo 1, Daniel e seus companheiros recusaram contaminar-
se com as finas iguarias e com o vinho do rei. Dessa maneira eles
obtiveram vitória sobre a dieta do rei que por um lado representa as
coisas do mundo, e, por outro, a comida sacrificada a ídolos.
No capítulo 2, o mesmo Daniel que havia vencido a comida
sacrificada aos ídolos e em quem havia o Espírito de Deus, foi o
único capaz de declarar e interpretar o sonho de Nabucodonosor. A
grande imagem do sonho representa a totalidade do governo
humano em todas as eras.
O capítulo 3 fala da vitória dos companheiros de Daniel sobre a
perseguição da idolatria. Eles preferiram ser lançados na fornalha
ardente à curvar-se diante da imagem de Nabucodonosor, pois
tinham fé de que o Senhor estaria com eles e os livraria.
O capítulo 4 revela o orgulho dos governantes terrenos. Deus
julgou Nabucodonosor por causa do seu orgulho. O rei de Babilônia
tornou-se como animal do campo, comendo erva como os bois.
Passado o tempo do seu julgamento, foi restaurado por Deus. Daí
bendisse ao Deus Altíssimo, louvando-O e glorificando-O.
O capítulo 5 revela a administração de Deus. Ele é Aquele que
levanta e remove reinos. Neste capítulo a Babilônia é destruída
pelos medo-persas, pois violou a administração de Deus.
No capítulo 6 temos a vitória de Daniel sobre o mandado do rei.
Daniel se recusou a obedecer ao mandado do rei Dario, o medo, que
proibiu que se fizessem petições a qualquer deus ou a qualquer
homem, mas somente ao rei; quem desobedecesse morreria. Esse
mandado foi sugestão dos que tinham inveja de Daniel, pois este,
por distinguir-se entre os presidentes e sátrapas, era muito
requisitado pelo rei. Daniel, como era seu costume, continuou
orando todos os dias, voltado para Jerusalém. Não orava por si
mesmo, mas por Jerusalém, pelo lugar de habitação de Deus. Por
isso foi atirado na cova dos leões, mas Deus o livrou, porque ele
confiava em Deus e buscava Seu interesse.
As visões de Daniel
No capítulo sete há a visão dos quatro animais. No capítulo 8, a
visão do carneiro e do bode. A terceira visão, no capítulo 9, é a das
setenta semanas. A quarta visão, no capítulo 10, é a do Cristo
excelente, o pensamento central do livro. A quinta visão, no capítulo
11, fala das guerras entre os reis do Norte e do Sul. No capítulo 12
temos a conclusão, descrevendo os acontecimentos depois da última
semana, na consumação de todas as coisas.

Capítulo Dois

OS ANTECEDENTES

Leitura bíblica: Dn 1:1-2; 1 Rs 11:37-38; 12:28-30; 14:7-11; 2 Rs


21:10-15; 23:26-27; 24:2-4
Nesta mensagem veremos os antecedentes do livro de Daniel, que
dizem respeito ao reino de Judá e ao reino de Babilônia.
O REINO DE JUDÁ
O povo de Israel pede um rei
Em 1 Samuel 8, vemos que Samuel, tendo envelhecido, constituiu a
seus filhos por juízes sobre Israel. Porém eles não andaram pelos
caminhos do pai; inclinaram-se à avareza, aceitaram subornos e
perverteram o direito. Então os anciãos de Israel congregaram-se e
pediram a Samuel que lhes constituísse um rei para os governar.
Samuel orou ao Senhor que lhe disse: “Não te rejeitaram a ti, mas a
mim, para eu não reinar sobre eles. Agora, pois, atende à sua voz”
(7b, 9a).
Samuel errou por ter constituído seus dois filhos por juízes sobre
Israel. Mas isso era entre Samuel e Deus; Deus iria tratá-lo. O povo
de Israel deveria simplesmente submeter-se à administração de
Deus. Aqui devemos aprender uma lição. Devemos honrar e
respeitar as autoridades constituídas por Deus. Se essas autoridades
errarem, Deus irá tratá-las. Mas se formos contra a autoridade
constituída por Deus, sofreremos perda.
Saul ungido rei
Deus então enviou Samuel para ungir Saul como rei. Quando foi
encontrado por Samuel, Saul era uma pessoa muito humilde. Disse
ele: “Porventura não sou benjamita, da menor das tribos de Israel? E
a minha família a menor de todas as famílias da tribo de Benjamim?
Por que, pois, me falas com tais palavras?” (1 Sm 9:21). Mas depois
de se tornar rei, pouco a pouco, com as vitórias que Deus lhe
concedeu sobre os seus inimigos, os filisteus e os amalequitas, Saul
se ensoberbeceu. Na guerra contra Amaleque, desobedeceu
ostensivamente à palavra de Deus. Por isso Deus o rejeitou e
levantou Davi para reinar em seu lugar.
Davi
Davi era um homem segundo o coração de Deus. Era benquisto de
todo o povo e vitorioso em suas campanhas militares. As mulheres
então cantavam, dizendo: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi
os seus dez milhares” (1 Sm 18:5-7). Isso desagradou a Saul que a
partir de então teve inveja de Davi e procurou matá-lo.
Davi por duas vezes teve a oportunidade de matar Saul, mas não o
fez, pois honrava o ungido de Deus. Com a morte de Saul, na peleja
contra os filisteus, Davi assumiu o trono. Reinou quarenta anos
sobre Israel. Nesses quarenta anos, cometeu dois grandes erros. Um
foi o pecado de adultério com Bate-Seba, a esposa de Urias. Mas Davi
arrependeu-se, Deus perdoou-o, e de Bate-Seba nasceu Salomão.
Salomão foi o rei que edificou o templo. O segundo erro foi levantar
o censo, visando a sua própria glória. Isso ofendeu a Deus. Pela
misericórdia de Deus, o castigo se limitou à peste que veio sobre o
povo. Davi edificou um altar na eira de Ornã, apresentou
holocaustos e ofertas pacíficas ao Senhor, e a peste cessou (v. 25). A
eira de Ornã foi o lugar onde mais tarde se edificou o templo de
Deus.
Davi quis edificar a casa de Deus, mas Deus não permitiu, pois ele
derramara muito sangue. O templo deveria ser edificado em tempos
de paz por seu filho Salomão.
Salomão
Salomão tinha tesouros e sabedoria acima de todos os reis da terra.
O seu grande erro aconteceu na sua velhice: ele introduziu a
idolatria em Israel e edificou santuários aos ídolos sobre o monte
fronteiro a Jerusalém (1 Rs 11). Isso ofendeu a Deus que lhe disse
que lhe tiraria o reino. Mas por causa de Davi, deixaria duas tribos
para o reino de Davi.
Roboão
Roboão, filho de Salomão, reinou depois de seu pai. O povo, no
tempo de Salomão sofria muito e fazia muitos trabalhos pesados.
Quando Roboão se tornou rei, veio o povo a ele e disse: “Teu pai fez
pesado o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai
e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos” (1 Rs 12:4).
Roboão pediu tempo para pensar. Desprezou os conselhos dos
homens idosos, que eram experimentados, e tomou conselho com os
jovens que haviam crescido com ele (vs. 6-8). Seguindo o conselho
dos jovens, Roboão respondeu ao povo: “Meu dedo mínimo é mais
grosso do que os lombos de meu pai [...] Meu pai fez pesado o vosso
jugo, porém eu ainda o agravarei; meu pai vos castigou com açoites,
eu, porém, vos castigarei com escorpiões” (vs. 10b, 14). Dez tribos
então se rebelaram contra Roboão e fizeram Jeroboão rei sobre
Israel.
Jeroboão
Quando Jeroboão foi levantado, Deus lhe falou: “Tomar-te-ei, e
reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma; e serás rei sobre Israel.
Se ouvires tudo o que eu te ordenar, e andares nos meus caminhos, e
fizeres o que é reto perante mim, guardando os meus estatutos e os
meus mandamentos, como fez Davi, meu servo, eu serei contigo, e te
edificarei uma casa estável, como edifiquei a Davi, e te darei Israel”
(1 Rs 11:37-38).
Mas Jeroboão, já de início desobedeceu à palavra do Senhor,
fazendo dois bezerros de ouro para o povo de Israel. Isso ele fez
temendo que o povo, ao ir sacrificar em Jerusalém, voltasse o
coração para o reino de Judá. Fez então dois bezerros de ouro e
disse ao povo: “Basta de subirdes a Jerusalém; vês aqui teus deuses,
ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito!” (1 Rs 12:28). Pôs um
em Betel e outro em Dã para que o povo os adorasse. “E isso se
tornou em pecado: pois que o povo ia até Dã cada um para adorar o
bezerro” (v. 30). Jeroboão, portanto, cometeu o sério pecado de
levar o povo de Israel a pecar.
Por causa disso, severa foi a sentença de Deus sobre Jeroboão: “Vai,
dize a Jeroboão: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Porquanto te
levantei do meio do povo, e te fiz príncipe sobre o meu povo Israel, e
tirei o reino da casa de Davi, e to entreguei, e tu não foste como Davi,
meu servo, que guardou os meus mandamentos e andou após mim
de todo o seu coração para fazer somente o que parecia reto aos
meus olhos; antes fizeste o mal, pior do que todos os que foram
antes de ti, e fizeste outros deuses e imagens de fundição, para
provocar-me à ira, e me viraste as costas. Portanto, eis que trarei o
mal sobre a casa de Jeroboão, e eliminarei de Jeroboão todo e
qualquer do sexo masculino, assim o escravo como o livre, e lançarei
fora os descendentes da casa de Jeroboão, como se lança fora o
esterco, até que de todo ela se acabe” (1 Rs 14:7-10). Com exceção
do seu filho enfermo que morreu e foi sepultado, nenhum de seus
descendentes foi sepultado.
Por causa da idolatria de Salomão, Deus permitiu que o povo de
Israel se dividisse em dois reinos: o reino de Israel e o reino de Judá.
Por causa do pecado de Jeroboão, o Senhor colocou o reino de Israel
de lado. Por isso no reino de Israel vemos contínuas matanças de
reis e disputas pelo trono. Todos os seus reis faziam o que era mal
perante os olhos do Senhor. Mas por amor a Davi, os olhos de Deus
estavam postos sobre as duas tribos do reino de Judá.
Uzias, Jotão e Acaz
Após vários reis, veio Uzias, rei de Judá, que viveu nos tempos do
profeta Isaías. Fez ele o que era reto perante o Senhor. Tão somente
os altos não se tiraram; o povo ainda sacrificava e queimava incenso
nos altos. O Senhor feriu ao rei e este ficou leproso até o dia da sua
morte (2 Rs 15:3-5).
O segundo rei que Isaías serviu foi Jotão. Este também fez o que era
reto perante o Senhor. No seu tempo reinava Rezim, na Síria, ao qual
se aliou Peca, de Israel, para irem contra Judá.
Depois dele reinou Acaz, que andou no caminho dos reis de Israel.
Também sacrificou e queimou incenso nos altos, como também
debaixo de toda árvore frondosa. Vieram contra ele os reis da Síria e
de Israel. Sentindo-se incapaz de lhes resistir, pediu socorro a
Tiglate-Pileser, rei da Assíria. O rei da Assíria ajudou-o, subiu contra
Damasco, tomou-a, levou o povo para Quir e matou Rezim. Então o
rei Acaz foi a Damasco a fim de encontrar-se com Tiglate-Pileser, e
vendo ali um altar, enviou ao sacerdote Urias a planta e o modelo,
para que lhe edificasse um altar semelhante antes que voltasse a
Jerusalém. Voltando de Damasco, nele sacrificou (2 Rs 16).
Oseias, do reino de Israel
Durante o reinado de Acaz, rei de Judá, Oseias reinava em Israel.
Por fazer o que era mau perante o Senhor, subiu contra ele
Salmaneser, rei da Assíria, de quem ficou sendo servo e a quem
pagava tributo. Porém o rei da Assíria achou Oseias em conspiração
com o rei do Egito, pelo que o encerrou em grilhões num cárcere.
Depois sitiou Samaria por três anos. “No ano nono de Oseias, o rei da
Assíria tomou a Samaria, e transportou a Israel para a Assíria; e os
fez habitar em Hala, junto a Habor e ao rio Gozã, e nas cidades dos
medos. O rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava,
de Hamate e de Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria,
em lugar dos filhos de Israel; tomaram posse de Samaria e
habitaram nas suas cidades” (2 Rs 17:6, 24). Esses versículos
mostram que Deus havia abandonado o reino de Israel. O povo foi
levado para a região da Mesopotâmia e foi disperso. A cidade vazia
de Samaria foi habitada por gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de
Hamate e de Sefarvaim. O reino de Israel foi aniquilado. Por quê?
Porque se afastou do reino de Judá, onde estava a base da unidade.
Ezequias
Depois de Acaz, reinou Ezequias em Judá. Foi um bom rei. Deus
operou dois grandes sinais e maravilhas sobre ele, ambos no tempo
de Isaías.
O primeiro sinal foi a morte de cento e oitenta e cinco mil soldados
numa só noite, no acampamento dos assírios, durante o sítio de
Jerusalém. O segundo sinal foi sua cura milagrosa de uma
enfermidade mortal e Ezequias viveu mais quinze anos. Por ter
ouvido da cura de Ezequias, o rei de Babilônia enviou uma
embaixada a Jerusalém. Ezequias lhes mostrou todos os tesouros do
país. Por causa disso Deus lhe falou por meio de Isaías que tudo
seria um dia levado à Babilônia. A partir daí Babilônia procurou
conquistar Judá.
Manassés
Após a morte de Ezequias, reinou Manassés, seu filho. Fez o que era
mau perante o Senhor (2 Rs 21:2-9). “Então o Senhor falou por
intermédio dos profetas, seus servos, dizendo: Visto que Manassés,
rei de Judá, cometeu estas abominações, fazendo pior do que quanto
fizeram os amorreus antes dele, e também a Judá fez pecar com os
ídolos dele, assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que hei de trazer
tais males sobre Jerusalém e Judá, que todo o que os ouvir, lhe
tinirão ambos os ouvidos. Estenderei sobre Jerusalém o cordel de
Samaria e o prumo da casa de Acabe; eliminarei Jerusalém, como
quem elimina a sujeira de um prato, elimina-a e o emborca.
Abandonarei o resto da minha herança, entregá-lo-ei na mão de seus
inimigos; servirá de presa e despojo para todos os seus inimigos.
Porquanto fizeram o que era mau perante mim e me provocaram à
ira, desde o dia em que seus pais saíram do Egito até ao dia de hoje”
(2 Rs 21:10-15). Por que Jerusalém foi levada cativa para a
Babilônia? Por causa dos pecados de Manassés.
Josias
Josias, filho de Manassés, fez o que era reto perante o Senhor.
Reparou o templo do Senhor, achou o Livro da Lei, leu-o ao povo e
queimou todos os ídolos. Além disso reinstituiu a celebração da
Páscoa (2 Rs 23:21-23). Ainda assim, Deus não podia perdoar o que
Manassés fez: “Nada obstante, o Senhor não desistiu do furor da sua
grande ira, ira com que ardia contra Judá, por todas as provocações
com que Manassés o tinha irritado. Disse o Senhor: Também a Judá
removerei de diante de mim, como removi a Israel, e rejeitarei esta
cidade de Jerusalém que escolhi, e a casa da qual eu dissera: Estará
ali o meu nome” (vs. 26-27). No reinado de Jeoaquim, filho de Josias,
Jerusalém foi sitiada e tomada por Nabucodonosor.
O cativeiro para a Babilônia
Foi no reinado de Jeoaquim, rei de Judá, que Nabucodonosor tomou
Jerusalém pela primeira vez. Foi neste primeiro cativeiro que Daniel
e seus companheiros foram levados à Babilônia. Depois disso houve
mais dois cativeiros. No último, no reinado de Zedequias, o templo
foi totalmente destruído. As colunas de bronze e os utensílios foram
todos levados. Quase todo povo foi levado cativo, e somente os mais
pobres foram deixados. Então Jerusalém descansou por setenta
anos. Deus guardou aquele lugar até o dia em que Seu povo voltaria
para reedificar o templo e a cidade. Durante todo o cativeiro de Judá,
Deus cuidou do Seu povo. Os registros em Daniel são uma prova
desse cuidado.

Capítulo Três

A VITÓRIA SOBRE A COMIDA


SACRIFICADA A ÍDOLOS

Leitura bíblica: Dn 1:1-21


A ARTIMANHA DE SATANÁS
Daniel e seus companheiros eram de linhagem real e pertenciam à
nobreza de Judá. Foram levados no primeiro cativeiro para a
Babilônia. Eram jovens, sem nenhum defeito, de boa aparência,
instruídos em toda sabedoria, doutos em ciência e versados em
conhecimento. Eram jovens notáveis.
Esses jovens foram colocados no palácio real para aprender toda a
cultura e a língua dos caldeus. Estavam sendo treinados para assistir
na presença do rei. Essa era a artimanha de Satanás. Ele levou esses
jovens à Babilônia e procurou fazê-los esquecer das coisas de Judá. O
mesmo acontece hoje. O inimigo leva os filhos de Deus às divisões e
os faz esquecer do propósito original de Deus.
O ambiente babilônico
Daniel e seus três companheiros deveriam ser treinados por três
anos. Mas eles tinham a firme determinação de não se deixar
influenciar pelo ambiente de Babilônia. O ambiente era totalmente
diferente, tanto na maneira de viver como na dieta, mas o coração
deles permaneceu constante, imutável para com o Senhor, e
continuaram a viver segundo Deus havia determinado.
Do ponto de vista humano, o rei tratou-os bem. Ele queria tornar
esses jovens pessoas úteis que pudessem assistir na sua presença.
Entre os cativos não havia apenas Daniel e seus três companheiros.
Havia ainda muitos outros jovens. Mas esses quatro tinham o
coração totalmente voltado para Deus. O rei lhes deu a melhor
comida e bebida; deu-lhes a porção das suas finas iguarias e do seu
vinho. Ele queria mantê-los assim por três anos, depois dos quais
serviriam o rei. Essa era a maneira de o rei de Babilônia preparar
servos especiais.
Nomes caldeus
Na verdade vemos por trás dessa situação Satanás querendo
transformar esses jovens em caldeus. Não apenas tentou mudar-lhes
a maneira de viver e a alimentação, também mudou seus nomes
para nomes caldeus (v. 7). Agora o alimento era caldeu; a maneira
de viver, caldeia, a religião reinante era caldeia, e até seus nomes
eram caldeus. Tudo era caldeu. Estavam totalmente imersos no
ambiente caldeu. Satanás foi realmente ardiloso.
Os nomes hebraicos desses quatros jovens eram Daniel, Hananias,
Misael e Azarias, nomes relacionados com Deus. O significado de
Daniel é: Deus é o Juiz ou Deus é o meu Juiz. Hananias quer dizer:
Jeová é benigno ou o favorito de Jeová. Misael significa: quem é
como Deus? E Azarias quer dizer: Jeová é o meu socorro. Agora seus
nomes foram mudados para nomes caldeus, nomes ligados a ídolos
caldeus. Daniel foi mudado para Beltessazar, que quer dizer: o
príncipe de Bel ou o favorito de Bel. Bel era ídolo dos caldeus.
Hananias foi mudado para Sadraque, que quer dizer: iluminado pelo
deus-sol. Misael foi mudado para Mesaque, que significa: quem é
como a deusa Saque? E Azarias foi mudado para Abede-Nego, cujo
significado é: o servo fiel do deus-fogo Nego. A artimanha de Satanás
era unir esses jovens aos ídolos: no nome, na instrução, na dieta e na
maneira de viver.
A COMIDA SACRIFICADA A ÍDOLOS E A VITÓRIA DE DANIEL E
SEUS TRÊS COMPANHEIROS
O versículo 5 diz: “Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas
iguarias da mesa real, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem
mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiram diante do rei”.
As finas iguarias do rei e o seu vinho representam por um lado as
coisas do mundo, e, por outro, principalmente a comida sacrificada a
ídolos. “Resolveu Daniel firmemente não contaminar-se com as finas
iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então pediu ao chefe
dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se” (v. 8). Porém
Daniel e seus três companheiros não quiseram contaminar-se,
porque não queriam ter parte com os ídolos. Isso é o que está
descrito em 1 Coríntios 10:18-20: “Considerai o Israel segundo a
carne; não é certo que aqueles que se alimentam dos sacrifícios são
participantes do altar? Que digo, pois? que o sacrificado ao ídolo é
alguma cousa? ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes digo
que as cousas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam, e
não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos
demônios”.
A aplicação no Novo Testamento
Conhecendo esse princípio estabelecido por Deus de não comer
nada sacrificado a ídolo, qual então deve ser a nossa atitude com
relação à comida sacrificada a ídolos de acordo com o Novo
Testamento? Em 1 Coríntios 10:14-22, Paulo deixa claro alguns
princípios. Primeiro, devemos fugir da idolatria. Segundo, os que se
alimentam dos sacrifícios são participantes do altar. E, terceiro, não
devemos tornar-nos associados aos demônios; não podemos beber o
cálice dos demônios ou ser participantes da mesa dos demônios. O
contexto de tudo isso, no entanto, é com relação à mesa do Senhor
(vs. 16-17, 21).
Com relação à comida, Paulo fala: se tem paz na consciência, para
você o ídolo não é nada, tampouco a comida sacrificada a ídolos, pois
do Senhor é a terra e a sua plenitude. Mas por causa da consciência
dos mais fracos não deve comer (1 Co 10:25-31). Essa é a posição do
povo de Deus no Novo Testamento em relação às comidas
sacrificadas a ídolos. Mas Daniel e seus companheiros estavam no
Velho Testamento. Eram ainda o Israel segundo a carne. Portanto,
tinham somente uma opção: não comer para não se contaminar. Se
tivessem comido, teriam parte com os ídolos. Não lhes foi fácil
vencer.
A provisão e o cuidado de Deus
Deus é aquele que atenta para o coração que é correto para com
Ele. Seu cuidado proveu para Daniel e seus companheiros uma
pessoa compassiva para cuidar deles (Dn 1:9). Se o chefe dos
eunucos não lhes quisesse dar ouvidos, ficariam sem alimento. Mas
Deus lhes proveu tudo. Do mesmo modo não tenhamos medo da
perseguição das situações. O nosso coração deve estar sempre
voltado para Deus. Não importa em que situação ameaçadora nos
encontremos, se o nosso coração estiver correto, e estivermos
voltados para Deus, Ele levantará pessoas certas a fim de nos ajudar.
A princípio o chefe dos eunucos duvidou que a aparência de Daniel
e seus companheiros ficasse saudável se não comessem aquelas
comidas. Mas Daniel pediu que os observasse por dez dias, durante
os quais somente comeriam legumes e beberiam água. Assim o
eunuco veria a aparência deles e a dos jovens que comia das finas
iguarias do rei e perceberia a diferença (v. 13). Eles criam que Deus
cuidaria deles.
Se o Senhor nos colocar numa situação em que podemos comer
bem, então comamos bem. Não procuremos comer legumes e beber
água de propósito. Mas se o Senhor nos colocar numa situação em
que não haja carne, nem feijão, nem arroz, mas somente legumes e
água, que faremos? Não temamos. Experimentemos por dez dias e
vejamos se nossa saúde será pior que a de alguém que come carne
todos os dias. É certo que se o Senhor nos colocar nessa situação, Ele
cuidará de nós. Aceitemos a situação em que o Senhor nos colocar e
confiemos Nele.
JOVENS FORTES QUE VENCEM O MALIGNO E O MUNDO
Daniel e seus três companheiros eram fortes e devemos ser fortes
como eles. Não sejamos influenciados pelas situações externas. Não
vamos ceder diante das perseguições de Satanás. Antes sejamos
fortes e lutemos contra ele. A Primeira Epístola de João 2:12-13 nos
mostra três grupos de pessoas na igreja: “Filhinhos, eu vos escrevo,
porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome.
Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o
princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque tendes vencido o maligno”.
Os filhinhos são os recém-salvos. O problema básico deles, o pecado,
já foi resolvido. O pecado deles já foi perdoado e não mais são
acusados na consciência. O segundo grupo são os pais, os mais
velhos, os mais experientes, que conhecem Aquele que existe desde
o princípio. Os jovens, no entanto, são os que vencem o maligno, pois
são os mais tentados por ele.
O versículo 14 repete: “Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e
a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o maligno”.
Os jovens podem ser fortes, porque a palavra de Deus permanece
neles. Não importa quão difícil seja a situação exterior, se
permanece neles a palavra de Deus, vencem o maligno.
Os versículos 15 a 17 dizem: “Não ameis o mundo nem as coisas
que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está
nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai,
mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua
concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus
permanece eternamente”. O mundo é a coisa mais difícil para os
jovens vencerem, pois, são facilmente atraídos por ele. Que o Senhor
nos guarde hoje, especialmente os jovens, da atração do mundo.
O mundo de Satanás tem três itens: a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida. A concupiscência da
carne são as paixões da mocidade, das quais Paulo fala que devemos
fugir (2 Tm 2:22). A concupiscência dos olhos é a concupiscência
introduzida em nosso ser através dos olhos. E a soberba da vida é o
orgulho. Os jovens têm problemas com todos os três itens, mas o
mais sutil dos três é a soberba da vida. Os jovens têm a tendência de
se orgulhar, porque se julgam fortes e vitoriosos e desprezam os
mais velhos e os recém-salvos. Um jovem pode vencer a
concupiscência da carne e dos olhos, mas é muito difícil vencer a
soberba da vida. A soberba da vida se manifesta de várias maneiras:
Você pode julgar-se mais crescido do que os outros ou pensar que
compartilha melhor do que os outros; ou quando se torna irmão
responsável, você julga que tem a autoridade de Deus para dar
ordens aos irmãos. Isso é a soberba da vida e precisamos tratá-la. Na
igreja não pode haver isso. Alguns veem e rejeitam a concupiscência
da carne e dos olhos, mas não veem a sua soberba da vida. Deus
colocou a soberba da vida juntamente com a concupiscência da
carne e dos olhos. O versículo 17 diz: “Ora, o mundo passa, bem
como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de
Deus permanece eternamente”.
ESPÍRITO DE SABEDORIA E DE REVELAÇÃO
Daniel e seus companheiros venceram. Apesar de comerem
legumes e beberem água, Deus lhes deu melhor aparência do que os
que comeram das iguarias do rei e beberam do seu vinho. Além
disso, receberam de Deus o conhecimento e a inteligência em toda
cultura e sabedoria. Três anos depois, Daniel e seus três
companheiros foram levados à presença do rei. E quando o rei os
examinou, achou-os dez vezes mais doutos do que todos os magos e
encantadores que havia em todo o reino. Por isso passaram a
assistir diante do rei (Dn 1:18-20). Mas a Daniel, deu inteligência de
todas as visões e sonhos (v. 17). Deus lhe deu espírito de sabedoria e
de revelação. Em Daniel 4:8-9, 18 Nabucodonosor disse que Daniel
tinha o espírito dos deuses santos. O que ele tinha, na verdade, era o
espírito de sabedoria e de revelação da parte de Deus.
Hoje também somos “Daniéis”. Deus nos concedeu espírito de
sabedoria e de revelação para vermos Seus mistérios: O mistério de
Deus – Cristo; o mistério de Cristo – a igreja. A igreja é o lugar que
Deus escolheu. É o único lugar. Estamos aqui para dar o testemunho
da unidade. Por quê? Porque tivemos a revelação da igreja.
FIEL À VISÃO
Vejamos agora o último versículo: “Daniel continuou até ao
primeiro ano do rei Ciro” (v. 21). Por que este versículo está aqui?
Para mostrar que Daniel continuou até o final do cativeiro. Ele foi
levado cativo no ano 606 a.C. e continuou até o primeiro ano do rei
Ciro, 536 a.C. Provavelmente foi ele quem levou ao rei Ciro a visão
da reedificação do templo. Deve ter-lhe falado dos setenta anos de
cativeiro profetizados por Jeremias e de como Ciro já havia sido
escolhido por Deus e mencionado em Isaías capítulos 42 a 45
aproximadamente cem anos antes, e de como Deus já havia predito
que ele daria a ordem para a reedificação do templo, não por preço
nem por presentes (Is 45:13). Ciro, então, foi animado por ele e deu
ordem aos judeus que voltassem para reconstruir o templo.
Daniel foi um vencedor. Permaneceu fiel ao Senhor e ao Seu
propósito em todos os setenta anos de cativeiro, desde o começo até
a ordem para a restauração do templo. Que todos sejamos os
“Daniéis” de hoje.

Capítulo Quatro

A REVELAÇÃO DO GOVERNO HUMANO AO


LONGO DAS ERAS
Leitura bíblica: Dn 2:1-24, 31-35, 46-49
Daniel e seus três companheiros venceram na questão da comida
sacrificada aos ídolos e na questão do sustento. Isso não é algo fácil.
Hoje também devemos vencer esses dois itens. Todos precisamos
ganhar o nosso pão, mas que isso não nos usurpe de modo que não
tenhamos tempo para Deus. Queremos ser alguém que serve ao
Senhor. Queremos ser os que exercitam os dons na igreja, para que a
graça de Deus aumente em nós e a nossa vida cresça. Se todo o
nosso tempo estiver ocupado pelo trabalho, não poderemos servir
na igreja. Há irmãos muito envolvidos no serviço da igreja, contudo,
quando o mundo os atrai oferecendo-lhes uma posição mais elevada
e um salário melhor, isso se torna uma provação. Devem então fazer
uma escolha. É como se estivessem entre os montes Gerizim e Ebal,
os montes da bênção e da maldição (Dt 27:12-13). Não sejamos
enredados com a ansiedade pelo sustento. Essa é a artimanha de
Satanás. Ele deseja usurpar todo o nosso tempo, para que não
sirvamos a Deus. Há alguns irmãos que ao deparar com as ofertas de
promoção e salário, rejeitam-nas, preferindo ter mais tempo para
servir ao Senhor. Tais irmãos são em especial abençoados
espiritualmente. Não gosto de ouvir os irmãos dizerem que não têm
tempo de ir à reunião por estarem muito ocupados. Diante do
tribunal de Cristo não poderemos justificar-nos de que não pudemos
servi-Lo por estarmos ocupados. O Senhor ajustará contas conosco.
A primeira coisa que aprendemos do livro de Daniel é vencer a
questão do nosso sustento. Se não passarmos por essa prova, como
poderemos ser colocados numa fornalha de fogo ardente e não
morrer queimados? Como poderemos ter o poder de nos deixar
lançar na cova dos leões e não sermos devorados? A primeira coisa
que devemos vencer é a questão do sustento. Isso é uma grande
prova. Se não conseguimos vencer na questão básica do nosso
sustento, como podemos ser um vencedor? Ser um vencedor não é
uma questão de doutrina, e, sim, de vencer de maneira prática no
nosso viver. Reconheçamos a nossa fraqueza e digamos ao Senhor
que queremos servi-Lo, confiando unicamente na Sua rica provisão
para nosso sustento.
O SONHO DE NABUCODONOSOR
No capítulo dois temos outra experiência de Daniel.
Nabucodonosor teve um sonho, mas dele se esqueceu. Esse
esquecimento proporcionou a Deus a oportunidade de demonstrar a
Sua sabedoria por meio de Daniel (Dn 2:1-11).
O rei chamou sábios, adivinhos e feiticeiros caldeus para adivinhar
e interpretar o sonho. Se o fizessem receberiam muitas
recompensas; se não, seriam mortos. Entretanto, aqueles homens
tentaram, mas não conseguiram. A revelação e a interpretação do
sonho era algo impossível para o homem, mas não para Deus.
“Então o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a
todos os sábios de Babilônia” (v. 12), incluindo Daniel e seus três
companheiros. Isso era algo totalmente irracional, pois nenhum ser
humano poderia conhecer e interpretar o sonho. Então o chefe da
guarda, Arioque, saiu para matar os sábios de Babilônia. Daniel disse
a Arioque: “Por que é tão severo o mandado do rei? Então Arioque
explicou o caso a Daniel. Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu
designasse o tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação” (vs. 15-
16).
A ORAÇÃO DE DANIEL E SEUS COMPANHEIROS
Daniel sabia que ninguém poderia interpretar o sonho se este não
lhe fosse revelado. Então foi para casa, e, junto com seus
companheiros, fez algo muito precioso: intercederam a Deus. Daniel
não orou a Deus individualmente; orou junto com seus três
companheiros.
Esse princípio devemos aprender. Devemos orar junto com os que
servem conosco. Na reunião de serviço, a ênfase não é discutir em
como fazer certas coisas. O mais importante na reunião de serviço é
a oração unânime dos irmãos. Não é a sua oração individual, mas a
sua oração junto com a dos irmãos. Daniel não orou sozinho, porque
precisava dos seus companheiros. Quando servimos na igreja, não
nos julguemos capazes de todas as coisas. Talvez nos julguemos
mais capazes que Moisés e mais eloquentes que Arão. Achamos que
não precisamos de ninguém. Não! Nunca pensemos que os outros
não estão à nossa altura. Precisamos de irmãos para orar. Assim fez
Daniel. Ele estava acima dos seus companheiros, tinha mais
sabedoria e conhecimento do que eles, mas sentiu a necessidade de
orar com eles.
DEUS REVELA O MISTÉRIO
Os quatro companheiros pediram misericórdia ao Deus do céu,
para que lhes revelasse esse mistério, a fim de que não perecessem
com o resto dos sábios de Babilônia. “Então foi revelado o mistério a
Daniel numa visão de noite” (v. 19). Aleluia! Esse mistério foi
revelado a Daniel mediante oração. Aqui vemos um princípio
fundamental: a revelação de Deus vem mediante a oração. Paulo, em
Efésios 1, orou pelos santos, para que os olhos do coração deles
fossem iluminados. A oração de Paulo era pela revelação do mistério
da vontade de Deus aos santos, um mistério que estivera oculto dos
séculos e das gerações, e que agora foi revelado aos seus santos
apóstolos e profetas. Para a revelação de mistério há a necessidade
de oração.
DANIEL BENDIZ A DEUS
Daniel teve essa revelação, uma grande revelação sobre a economia
de Deus a respeito do destino das nações. Então Daniel bendisse o
Deus do céu. “Seja bendito o nome de Deus de eternidade a
eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder; é ele quem muda o
tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria
aos sábios e entendimento aos entendidos. Ele revela o profundo e o
escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz. A ti, ó
Deus de meus pais, eu te rendo graças e te louvo, porque me deste
sabedoria e poder; e agora me fizeste saber o que te pedimos,
porque nos fizeste saber este caso do rei” (vs. 20-23). Aqui temos
um bom exemplo de como devemos orar: primeiro intercedemos,
depois bendizemos, e por fim damos graças. Filipenses 4:6 diz: “Não
andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas
diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, com
ações de graça”. Devemos interceder, bendizer e agradecer.
DANIEL REVELA E INTERPRETA O SONHO
Daniel pediu para ser introduzido na presença do rei, para revelar-
lhe o sonho. “Respondeu o rei, e disse a Daniel cujo nome era
Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua
interpretação? Respondeu Daniel na presença do rei, e disse: O
mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem
astrólogos o podem revelar ao rei; mas há um Deus nos céus, o qual
revela os mistérios; pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de
ser nos últimos dias” (vs. 26-28).
A grande estátua
Afinal o sonho de Nabucodonosor foi revelado: “Tu, ó rei, estavas
vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta, que era imensa e de
extraordinário esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua
aparência era terrível. A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços
de prata, o ventre e os quadris de bronze; as pernas de ferro, os pés
em parte de ferro, em parte de barro. Quando estavas olhando, uma
pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de
ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o
ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a
palha das eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram
mais vestígios. Mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou em grande
montanha que encheu toda a terra” (vs. 31-35). O sonho foi
declarado ao rei, e em seguida veio a interpretação.
A interpretação
A estátua representa o governo humano e cada parte dela
representa os reinos mais fortes e destacados ao longo do tempo.
Daniel não sabia dizer quais seriam os outros reinos. Só sabia que a
cabeça de ouro era Nabucodonosor, rei de Babilônia. O resto se
referia aos reinos que ainda viriam. Setenta anos depois, o império
babilônico foi destruído pela Média-Pérsia. Este reino não era tão
opulento como o de Babilônia. Era formado de dois países,
representados pelos dois braços, a Média e a Pérsia, que se uniram.
Após isso vem Alexandre, o Grande, rei da Grécia. O Império da
Grécia é representado pelo ventre e pelos quadris de bronze.
Quando Alexandre saiu para guerrear tinha apenas vinte anos. Em
poucos anos conquistou todo o império persa, expandindo-o mais
ainda. Mas durou pouco tempo e morreu aos trinta e três anos. Após
sua morte o seu reino foi dividido em quatro. Depois, vem o império
romano, representado pelas duas pernas de ferro. Mais tarde o
Império Romano se dividiu em dois: o império romano do Oriente e
o do Ocidente, fato representado pelas duas pernas. Os pés são parte
de ferro e parte de barro, isto é, parte é forte e parte é fraca. É uma
continuação do império romano. Hoje estamos na era dos pés,
metade ferro e metade barro. O ferro representa um governo
autoritário e o barro, um governo fraco. Observando as nações hoje,
notamos que todas estão numa situação de parte ferro e parte barro.
Os dedos dos pés representam os dez reinos sob o domínio do
anticristo, que surgirão nos últimos anos desta era.
O reino eterno de Deus
Os reinos humanos foram descritos, mas além desses, também foi
revelado que um reino eterno apareceria: “Mas, nos dias destes reis,
o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído;
este reino não passará a outro povo: esmiuçará e consumirá todos
estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (v. 44). Este é o
reino eterno de Deus, o reino dos céus. “Como viste que do monte foi
cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o
bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o
que há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel a sua
interpretação” (v. 45). Essa pedra prefigura Cristo e a igreja que,
pouco a pouco tornam-se uma grande montanha, enchendo toda a
terra, e introduzindo o reino eterno de Deus.
DANIEL E SEUS COMPANHEIROS SÃO EXALTADOS
Após Daniel interpretar-lhe o sonho, Nabucodonosor se prostrou
em terra perante ele. E ordenou que lhe fizessem oferta de manjares
e suaves perfumes. “Disse o rei a Daniel: Certamente, o vosso Deus é
Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios,
pois pudeste revelar este mistério. Então o rei engrandeceu a Daniel,
e lhe deu muitos e grandes presentes, e o pôs por governador de
toda a província de Babilônia, como também o fez chefe supremo de
todos os sábios de Babilônia” (vs. 47-48). A pedido de Daniel,
constituiu o rei aos seus três companheiros, para que servissem
juntamente com ele sobre os negócios da província de Babilônia (v.
49). Daniel não quis servir sozinho. Lembrou-se de seus
companheiros, e pediu que o rei os pusesse com ele. Não podemos
fazer as coisas isoladamente. Todos precisamos dos nossos
companheiros. A igreja não é uma entidade individual. A igreja é
corporativa. Num corpo, nenhum membro pode faltar e um depende
do outro, mesmo o polegar precisa dos outros dedos para funcionar.
Por isso, para ser vencedores, precisamos dos companheiros para
servirmos juntos a Deus.
Daniel venceu mais uma vez: pôde revelar o mistério do governo
humano ao longo das eras. O homem terreno, por si só, jamais
poderia ter a visão. Foi o Deus do céu quem lhe deu a revelação.

Capítulo Cinco
A VITÓRIA SOBRE A PERSEGUIÇÃO DA
IDOLATRIA

Leitura bíblica: Dn 3:1-12, 16-30


A IMAGEM DE OURO DE NABUCODONOSOR VENCEDOR
COLETIVO
Neste capítulo veremos a vitória dos companheiros de Daniel sobre
a perseguição da idolatria. Daniel não é mencionado no capítulo
três; somente os seus companheiros são mencionados.
Como veremos, eles eram jovens fortes. Cremos que isso foi devido
à liderança de Daniel entre eles. O capítulo 1 nos mostra que foi
Daniel quem resolveu firmemente não se contaminar com as finas
iguarias nem com o vinho do rei. Mas ele não venceu sozinho;
também ajudou os companheiros a vencer.
Quando Satanás usou de aartimanha para matar todos os sábios,
não visava somente a Daniel, mas também a seus três companheiros.
Daniel não era uma pessoa individual, isolada. Era um homem
corporativo. No serviço da igreja, também, não devemos ser
individuais, e, sim, um homem corporativo. Satanás visava a Daniel e
seus companheiros como um todo. Quando Daniel orou a Deus,
sentiu a necessidade de que seus companheiros orassem com ele.
Devido a essa oração corporativa, Deus revelou o sonho de
Nabucodonosor a Daniel que, ao ser exaltado pelo rei, sendo
constituído governador da província e chefe supremo de todos os
sábios de Babilônia, não quis governar sozinho. Pediu ao rei que
também constituísse aos seus companheiros como seus ajudantes
sobre os negócios de Babilônia.
Sejamos vencedores, mas não vencedores sozinhos. Que também os
nossos companheiros, os irmãos com quem convivemos, sejam
ajudados por nós a ser vencedores. Os irmãos de serviço,
especialmente, precisam ser companheiros espirituais. A igreja não
pode ser servida por uma só pessoa. No mundo isso acontece; no
mundo há os autoritários, que fazem todas as coisas. Mas na igreja
não, na igreja precisamos da cooperação dos irmãos.
No capítulo três, Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que
tinha sessenta côvados de altura (aproximadamente trinta metros) e
seis de largura. Levantou-a no campo de Dura, na província de
Babilônia. Então mandou ajuntar todas as autoridades e oficiais das
províncias para que viessem à consagração da imagem. “Nisto o
arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós outros, ó povos,
nações e homens de todas as línguas: No momento em que ouvirdes
o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da
gaita de foles, e de toda sorte de música, vos prostrareis, e adorareis
a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor levantou. Qualquer que
se não prostrar e não a adorar, será no mesmo instante lançado na
fornalha de fogo ardente” (vs. 4-6). Isso foi obra de Satanás.
A imagem da besta em Apocalipse
Algo semelhante sucederá na segunda metade da última semana da
história de Israel, nos três anos e meio finais desta era. O anticristo
erigirá a sua imagem no templo em Jerusalém, e fará todos os povos
e nações adorarem-na. Isso é revelado em Apocalipse 13: “Vi ainda
outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo
cordeiro, mas falava como dragão. Exerce toda a autoridade da
primeira besta na sua presença. Faz com que a terra e os seus
habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada”
(vs. 11-12). Essa outra besta é o falso profeta. A primeira besta é o
anticristo. O falso profeta erigirá uma imagem do anticristo no
templo e fará com que todos os habitantes da terra adorarem-na. Os
versículos 14 e 15 dizem: “Seduz os que habitam sobre a terra por
causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da besta, dizendo
aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta,
àquela que, ferida à espada, sobreviveu, e lhe foi dado comunicar
fôlego à imagem da besta, para que, não só a imagem falasse, como
ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta”.
Nabucodonosor era como a outra besta, o falso profeta, fazendo
todos os povos e nações adorarem a imagem de ouro que havia
levantado. Quem não adorasse essa imagem seria morto.
Ao longo das eras, Satanás sempre perseguiu o povo de Deus com a
idolatria, procurando, por todos os meios, desviar o povo de Deus da
adoração ao único e verdadeiro Deus. Isso aconteceu no tempo de
Daniel, acontece hoje e acontecerá no final desta era, com o
aparecimento do anticristo.
A VITÓRIA DE HANANIAS, MISAEL E AZARIAS
Quando todos os povos ouviram a música, prostraram-se e
adoraram a imagem de ouro que o rei havia levantado (Dn 3:7). Os
companheiros de Daniel, no entanto, não se curvaram diante da
imagem. “Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens
caldeus, e acusaram os judeus; disseram ao rei Nabucodonosor: Ó
rei, vive eternamente! Tu, ó rei, baixaste um decreto, pelo qual todo
homem que ouvisse o som da [...] música, se prostraria e adoraria a
imagem de ouro; e, qualquer que não se prostrasse e não adorasse,
seria lançado na fornalha de fogo ardente. Há uns homens judeus,
que tu constituíste sobre os negócios da província de Babilônia:
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; estes homens, ó rei, não fizeram
caso de ti, a teus deuses não servem, nem adoram a imagem de ouro
que levantaste” (vs. 8-12).
Hananias, Misael e Azarias não obedeceram à ordem do rei. Então
alguns perguntarão: “Fazendo assim não desobedeceram eles às
autoridades superiores?”. A Bíblia nos ensina que devemos estar
sujeitos às autoridades superiores, porque não há autoridade que
não proceda de Deus e as autoridades que existem foram por Ele
instituídas (Rm 13:1). Eles não obedeceram à ordem do rei, porque
essa ordem foi contra o princípio de Deus. Aos que Deus constituiu,
sejam governantes, oficiais, policiais, devemos obedecer. Mas se é
para negarmos a Deus e adorarmos a ídolos, então precisamos ser
fortes. Podemos obedecer em tudo, menos nisso. Essa foi a posição
dos companheiros de Daniel. Eles serviam o único e verdadeiro Deus
do céu. Sabiam que imagem nenhuma poderia ser Deus. Em Êxodo
20:2-3 Deus falou, ao ordenar os dez mandamentos, para que Seu
povo não tivesse outros deuses nem fizesse imagens de escultura
para adorar, porque só o Senhor é Deus.
Então Nabucodonosor, irado e furioso, mandou chamar Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego, e lhes perguntou por que não adoravam a
imagem que ele havia levantado. E os ameaçou de lançar-lhes na
fornalha de fogo ardente (Dn 3:13-15). E concluiu dessa maneira: “E
quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?”. Que
situação difícil! Quem poderia livrá-los?
“Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó
Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder. Se
o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da
fornalha de fogo ardente, e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo,
ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem
de ouro que levantaste” (vs. 16-18). Foram tão ousados porque
sabiam que Deus poderia livrá-los. Mas, mesmo que Deus não os
livrasse, não se curvariam diante da imagem. Eles resistiram à
perseguição da idolatria.
E Daniel, onde estava? A Bíblia não registra esse fato. Cremos, no
entanto, que ele estava lá, mas os opositores não ousaram acusá-lo
devido à sua alta posição. O próprio rei se havia prostrado diante de
Daniel após ele interpretar seu sonho. E ainda falou na frente de
todos que o Deus de Daniel era o Deus dos deuses e o Senhor dos
reis. Portanto, os caldeus não ousaram fazer-lhe mal. Satanás, então,
procurou eliminar os companheiros de Daniel, lançando-os na
fornalha de fogo ardente. Apesar de a Bíblia não registrar o que
Daniel estava fazendo naquela ocasião, cremos, sem a menor dúvida,
que ele estava orando por seus companheiros.
Passeando na fornalha de fogo ardente
A resposta dos três companheiros de Daniel irritou Nabucodonosor
que se encheu de fúria e ordenou que se acendesse a fornalha sete
vezes mais do que se costumava e que os lançassem atados na
fornalha de fogo ardente.
A fornalha estava tão quente que os soldados que lançaram os três
dentro dela morreram queimados. Quando Nabucodonosor olhou
para dentro da fornalha, ficou espantado: os três não somente não
estavam mortos, como passeavam dentro do fogo; e havia uma
quarta pessoa com eles, semelhante a um filho dos deuses (vs. 24-
25). Quem era essa quarta pessoa? Era Jesus. Jesus estava passeando
com eles no meio do fogo. Quando nos sobrevém a perseguição, não
fujamos, antes confiemos em nosso Senhor, tendo a plena certeza de
que Ele está conosco e passeia conosco em meio às tribulações.
BEM-AVENTURADOS OS PERSEGUIDOS POR CAUSA DA JUSTIÇA
Ninguém gosta de perseguições. Mas a palavra de Deus diz que
todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos (2 Tm 3:12). Se quisermos viver piedosamente e servir
a Deus, devemos estar preparados para ser perseguidos.
Mateus 5:10 diz: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da
justiça, porque deles é o reino dos céus”. Daniel e seus três
companheiros não estavam sendo perseguidos por causa de seus
pecados ou erros, e, sim, por causa da justiça. Por isso eram bem-
aventurados. O versículo 11 diz: “Bem-aventurados sois quando, por
minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo,
disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é
grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos
profetas que viveram antes de vós”. Quando a perseguição nos
sobrevém, devemos saber que somos bem-aventurados. A
perseguição terrena não pode ultrapassar o galardão celestial.
Somos perseguidos na terra, mas grande é o nosso galardão nos
céus.
Paulo em 1 Coríntios 4:9, 11-13 fala das perseguições que os
apóstolos sofriam na terra: “Porque a mim me parece que Deus nos
pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos
condenados à morte [...] Até à presente hora sofremos fome, e sede,
e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos
afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando
somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos;
quando caluniados, procuramos conciliação: até agora temos
chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos”. Essa
era a situação na qual se encontravam os apóstolos: injúrias,
perseguições, calúnias, mas não conseguimos detectar neles
nenhum sentimento de vingança. Antes bendiziam os que os
injuriavam, suportavam os que os perseguiam, procuravam
conciliação com os que os caluniavam. Assim era a atitude do
apóstolo Paulo. Todos os filhos de Deus devem ter tal atitude.
Quando vem a perseguição, não tentemos escapar. A salvação é
confiar em nosso Senhor.
Em 2 Coríntios 4:7 Paulo diz mais: “Temos, porém, este tesouro em
vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de
nós. Em tudo somos atribulados, porém, não angustiados; perplexos,
porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados;
abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer
de Jesus para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo”.
Os companheiros de Daniel foram perseguidos, porém, não estavam
desamparados; foram abatidos, porém, não destruídos; quando
foram lançados na fornalha, estavam levando no corpo o morrer;
mas quando saíram, o poder da vida de Deus se manifestou no corpo
deles.
Falando a Timóteo Paulo narra seu procedimento: “Tu, porém, tens
seguido de perto o meu ensino, procedimento, propósito, fé,
longanimidade, amor, perseverança, as minhas perseguições e os
meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e
Listra, – que variadas perseguições tenho suportado! De todas,
entretanto, me livrou o Senhor” (2 Tm 3:10-11). Que variadas
perseguições Paulo suportou! Entretanto, o Senhor o livrou de todas
elas.
O apóstolo Pedro, por sua vez, fala: “Amados, não estranheis o fogo
ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se
alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo
contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos
sofrimentos de Cristo, para que também na revelação de sua glória
vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-
aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de
Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós, como assassino, ou ladrão,
ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócio de outrem” (1
Pe 4:12-15). Muitas vezes experimentamos o fogo ardente que surge
no meio de nós. É como a experiência dos três companheiros de
Daniel na fornalha ardente. Essa experiência, entretanto, é para nos
provar. Suportemos tal provação. Em 1 Pedro 1:7 é dito: “Para que o
valor da vossa fé, uma vez confirmado, muito mais precioso do que o
ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória
e honra na revelação de Jesus Cristo”. Quando somos colocados
numa situação de fogo, somos provados e purificados. As nossas
coisas naturais são queimadas e o que resta é algo mais precioso que
ouro perecível. E quando o Senhor voltar seremos louvados e
receberemos a glória, a honra e reinaremos juntamente com Cristo.
Tiago também fala das provações: “Meus irmãos, tende por motivo
de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a
provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.
Bem-aventurado o homem que suporta com perseverança a
provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da
vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1:2-3, 12).
Apesar de sofrermos com as provações, elas são experiências
preciosas para nós. Muitas vezes, é no meio das provações que
percebemos a preciosidade, a intimidade e o dulçor da presença do
Senhor. Cada vez que uma provação nos sobrevém, vemos o fogo
sete vezes mais forte. Como vamos suportar? Como não ser
queimados? A resposta é a presença do Senhor. Ele está conosco. E o
galardão para os que são aprovados é a coroa da vida.
O DEUS DO CÉU É EXALTADO PELO REI TERRENO
“Então se chegou Nabucodonosor à porta da fornalha
sobremaneira acesa, falou, e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Então Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo” (Dn 3:26). Todos se
admiraram que os três não haviam sofrido dano algum. Os seus
cabelos não se chamuscaram, as suas vestes não se queimaram, nem
mesmo havia cheiro de fumaça neles (v. 27). “Falou Nabucodonosor,
e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego,
que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram nele,
pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar os
seus corpos, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao
seu Deus. Portanto faço um decreto, pelo qual todo o povo, nação e
língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego, seja despedaçado [...] porque não há outro Deus que
possa livrar como este” (vs. 28-29).
O resultado dessa perseguição foi a exaltação do nosso Deus. Antes
Nabucodonosor havia dito: “Quem é o deus que vos poderá livrar
das minhas mãos?”. Mas agora diz: “Não há Deus que possa livrar
como este”. Os três companheiros de Daniel não somente venceram
a perseguição da idolatria, como também, por causa do seu
testemunho, o único e verdadeiro Deus do céu foi bendito e exaltado
pelo rei terreno.

Capítulo Seis

A REVELAÇÃO DO ORGULHO DOS


GOVERNANTES HUMANOS
Leitura bíblica: Dn 4:1-3, 8-18, 28-37
O TESTEMUNHO DE NABUCODONOSOR
No capítulo quatro de Daniel, Nabucodonosor dá um testemunho
de si mesmo: “Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e
maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. Quão
grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas maravilhas! O
seu reino é reino sempiterno, e o seu domínio de geração em
geração” (vs. 2-3). Nabucodonosor reinava sobre vários países.
Tinha extrema autoridade e total domínio sobre a terra habitada de
então. Tal pessoa, tão poderosa na terra, estava bendizendo ao
Senhor.
Neste capítulo o rei descreve a sua própria experiência, anunciando
os sinais e maravilhas que Deus havia operado nele. Ele reconheceu
que este Deus está acima de todos os outros deuses e que o reino de
Deus é sempiterno e superior ao reino de Babilônia.
O sonho de Nabucodonosor
A partir do versículo 4, Nabucodonosor dá um testemunho da sua
experiência: “Eu, Nabucodonosor, estava tranquilo em minha casa, e
feliz no meu palácio. Tive um sonho, que me espantou; e, quando
estava no meu leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça me
turbaram” (vs. 4-5). Muitas vezes, quando o homem está na sua
tranquilidade e felicidade, pensando que tudo está bem, Deus lhe
mostra algo que o tira delas. Nabucodonosor teve mais esse sonho
que o deixou muito perturbado. Desejava que alguém pudesse
interpretá-lo. Então convocou todos os sábios, magos, encantadores,
caldeus, feiticeiros e lhes contou o sonho; mas ninguém conseguiu
interpretá-lo. Dessa vez, porém, o rei não ficou furioso a ponto de
querer matá-los.
Por fim apresentou-se ao rei Daniel, “no qual há o espírito dos
deuses santos” e o rei contou-lhe o sonho. O rei sabia que para
Daniel não havia mistério que lhe fosse difícil; por isso disse-lhe o
que vira e pediu a Daniel que interpretasse (vs. 8-9). Quem seria
capaz de conhecer tal mistério? Não importa quanta inteligência
alguém tivesse; não seria capaz de revelar o mistério. Somente Deus
poderia revelá-lo. Daniel tinha espírito de sabedoria e revelação,
dado por Deus, que Nabucodonosor chamou de espírito dos deuses
santos.
O mesmo se aplica hoje. Sem espírito de sabedoria e revelação
concedido por Deus, nenhum de nós poderia ter a revelação da
igreja, nenhum de nós poderia conhecer o mistério oculto das eras e
das gerações. Sabemos que o mistério da vontade de Deus é a Sua
economia, na qual estamos todos nós. Hoje podemos ler a Bíblia no
espírito e receber revelação para interpretá-la.
Nabucodonosor então descreveu o sonho a Daniel: “Eram assim as
visões da minha cabeça quando eu estava no meu leito: eu estava
olhando, e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande;
crescia a árvore, e se tornava forte, de maneira que a sua altura
chegava até ao céu; e era vista até aos confins da terra. A sua
folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento
para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as
aves do céu faziam morada nos seus ramos, e todos os seres
viventes se mantinham dela” (vs. 10-12). Daniel interpretou-a
dizendo: “A árvore [...] és tu, ó rei, que cresceste, e vieste a ser forte;
a tua grandeza cresceu, e chega até ao céu, e o teu domínio até à
extremidade da terra” (vs. 20, 22). Essa visão prefigura o governo
humano, o governo do mundo, que ao se desenvolver fica cada vez
mais altivo. Deus concedeu tal governo a Nabucodonosor e permitiu
que se desenvolvesse dessa forma. Se Nabucodonosor não se
orgulhasse, tal prosperidade permaneceria, porque esses eram
sinais e maravilhas que Deus estava fazendo sobre ele.
Crescimento anormal
O crescimento do reino dos céus não é como o dos reinos do
mundo. Quando se fala da vida vegetal, relacionada com o reino dos
céus, a ênfase é o suprimento de vida aos homens. A árvore da vida,
por exemplo, não cresce para cima. Ela é baixa e se espalha para os
lados, assim como uma videira. Se fosse alta, seria muito difícil
apanhar seus frutos. Paulo nos fala em Romanos 10 de quão
acessível Cristo é para nós. Ninguém precisa subir ao céu, para
trazer Cristo lá do alto, nem descer ao abismo para levantar a Cristo
dentre os mortos. Cristo está em nossa boca e em nosso coração (vs.
6-8). Cristo não é como uma grande árvore. Cristo é acessível. Ele é a
videira verdadeira (Jo 15:1) e seus frutos são acessíveis. A videira
não é para se admirar e contemplar, mas para suprir vida.
Nas parábolas do reino dos céus, há um exemplo de um
crescimento anormal: a parábola do grão de mostarda. A mostarda é
uma hortaliça para alimento dos homens. Mas em Mateus 13, o grão
de mostarda se tornou em grande árvore, algo anormal, semelhante
à árvore de Daniel 4. Tanto aqui como em Mateus 13 as aves se
aninhavam nos seus ramos. Essas aves simbolizam os espíritos
malignos. Hoje os espíritos malignos encontram a sua morada no
meio do governo humano.
A advertência de Deus a Nabucodonosor
Os versículos 13-17 dizem que o rei em seu sonho viu um vigilante,
um santo que descia do céu clamando fortemente e dizendo:
“Derrubai a árvore, cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas,
espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as
aves dos seus ramos. Mas a cepa com as raízes deixai na terra, atada
com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ele
molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais, a
erva da terra. Mude-se-lhe o coração, para que não seja mais coração
de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele
sete tempos. Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta
ordem por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes
que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a
quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles”.
Essa foi uma palavra de advertência a Nabucodonosor, a fim de que
não se orgulhasse, para que reconhecesse a obra do Altíssimo e que
tudo que ele havia conseguido lhe havia sido dado pelo Deus do céu.
Ele não deveria orgulhar-se pelo fato de haver derrotado a Assíria e
o Egito. Esses foram sinais e maravilhas de Deus. Deus dá o reino a
quem Ele quer.
A interpretação de Daniel
Depois de relatado o sonho, o rei pediu a Daniel que lhe
interpretasse o sonho sem temor, mesmo que o sonho fosse
negativo. Daniel disse-lhe que a árvore era ele mesmo,
Nabucodonosor. O Altíssimo decretou que viria contra o rei. O rei
seria expulso de entre os homens, e a sua morada seria com os
animais do campo. Dar-lhe-iam para comer ervas como aos bois, e
seria molhado do orvalho do céu; e passar-se-iam sete tempos, até
que ele conhecesse que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos
homens, e o dá a quem quer. Quanto ao que foi dito, que se deixasse
a cepa da árvore com as suas raízes, indicava que ele seria restituído
depois que tivesse conhecido que o céu domina.
Por isso Daniel aconselhou o rei que aceitasse seu conselho e
pusesse fim em seus pecados pela justiça, e às suas iniquidades
usando de misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongasse
a sua tranquilidade. Se Nabucodonosor tivesse atentado a essas
palavras, nada lhe aconteceria. Mas ele não acatou o conselho de
Daniel, e todas essas coisas lhe sobrevieram.
A soberba de Nabucodonosor
Passados doze meses, desde a interpretação do sonho, o rei
admirava-se do seu reino dizendo: “Não é esta a grande Babilônia
que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e para
glória da minha majestade?” (v. 30). Deus já lhe falara por Daniel
que ele deveria humilhar-se e reconhecer que quem faz todas as
coisas, que dá o reino a quem quer e que se agrada dos humildes é
Deus. Mas Nabucodonosor viu o seu reino e ensoberbeceu-se.
Em Isaías 14 Deus, ao julgar as nações, profetizou contra a
Babilônia. Os versículos 12 a 15 são palavras proferidas contra o rei
da Babilônia representando Satanás: “Como caíste do céu, ó estrela
da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que
debilitavas as nações!”. Isso corresponde à árvore que chegou até os
céus e que agora foi cortada. Deus lhe havia entregado todas as
nações, mas agora cortou-o. “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao
céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da
congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei
acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”. O
princípio de Satanás é o de elevar-se cada vez mais para ser igual ao
Altíssimo. Isso é orgulho sobre orgulho. A árvore já havia chegado
até o céu e já podia ser vista dos confins da terra, mas queria chegar
ainda mais alto. Então chegou o vigilante com o mandado de cortar a
árvore. “Contudo serás precipitado para o reino dos mortos, no mais
profundo do abismo”. Esse é o fim de Satanás, o orgulhoso.
O problema do nosso orgulho
Que Deus fale diretamente conosco neste capítulo. Não devemos
sentir nenhuma grandeza pelo fato de termos algum êxito na nossa
obra. Se assim for, o Senhor não nos incumbirá mais nenhuma obra.
Devemos apenas nos prostrar diante Dele e fazer conhecidos os
sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para conosco.
Nada podemos por nós mesmos. Tudo foi feito por Ele.
Em nós há o problema do orgulho e temos de confessar isso. Alguns
irmãos dizem: “Fui eu que comecei essa igreja, eu que comecei essa
obra”. Temamos falar assim. Quando alguém se ensoberbece, Deus o
coloca de lado. Quando Israel pediu um rei, Deus constituiu a Saul,
que a princípio era muito humilde (1 Sm 9:21). Mas pouco a pouco
se orgulhou, por isso, Deus lhe tirou o reino e deu-o a Davi. O mesmo
aconteceu com Jeroboão. Deus o constituiu, mediante a palavra do
profeta. Estabeleceu-o rei de Israel, para governar as dez tribos. Ele
deveria humilhar-se e fazer o que era reto aos olhos do Senhor.
Contudo, ele orgulhou-se e desobedeceu ao Senhor, sendo trágico o
seu fim. Sim, talvez você tenha levantado algumas igrejas, mas se a
soberba subir ao seu coração, Deus irá colocá-lo de lado. Deus o
usou no passado, porque você era útil, mas agora que sua carne se
levantou cheia de orgulho, Deus não tem mais como usá-lo. Que isso
seja uma lição para nós.
Já nascemos com o orgulho. Precisamos tratar isso seriamente
dentro de nós. O orgulho vem da árvore do conhecimento do bem e
do mal. A sua origem é o próprio Satanás. Sempre que o orgulho se
levantar em nós, devemos tratá-lo. Às vezes alguém vem louvar-nos
e nos sentimos nas nuvens. Nesse momento devemos
imediatamente nos humilhar. Devemos dizer no nosso íntimo:
“Senhor, tudo foi feito por Ti. Quem sou eu? Se não fosse por Ti,
como eu poderia fazer isso?”.
Deus, neste capítulo, revelou o orgulho dos governantes terrenos.
Por quê? Para nosso benefício. Deus quer usar-nos. Se nos
orgulharmos perderemos a recompensa de Deus. Mas se não nos
orgulharmos, o Senhor nos dará mais e mais incumbências.
O cumprimento do sonho
Nabucodonosor não se humilhou e o cumprimento do sonho
aconteceu. Ele foi forçosamente humilhado tornando-se como um
boi no campo.“Serás expulso de entre os homens, e a tua morada
será com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os
bois, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que aprendas
que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a
quem quer” (Dn 4:32).
Após sete tempos o Senhor Deus teve misericórdia do rei, e
restaurou-lhe à condição normal: “Mas ao fim daqueles dias, eu,
Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o
entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao
que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de
geração em geração. Todos os moradores da terra são por ele
reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera com o
exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa
deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (vs. 34-35). O Senhor tem o
domínio. Todos os governos da terra estão debaixo da Sua
autoridade celestial.
“Tão logo me tornou a vir o entendimento, também para a
dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o meu
resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus grandes;
fui restabelecido no meu reino, e a mim se me ajuntou
extraordinária grandeza” (v. 36). Quando se humilhou e reconheceu
o domínio do Deus Altíssimo, Deus lhe restaurou o reino.
O rei então conclui com o versículo 37: “Agora, pois, eu,
Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei do céu; porque todas
as suas obras são verdadeiras, e os seus caminhos justos, e pode
humilhar aos que andam na soberba”.
O capítulo quatro, portanto, começa com louvor ao Senhor e
termina também com louvor ao Senhor. Nabucodonosor viu que a
grande Babilônia não foi edificada por suas mãos. Mas foram sinais e
maravilhas do Altíssimo para com ele. Pelo testemunho de
Nabucodonosor todos fomos ajudados. O Senhor nos guarde do
orgulho e que, mediante a nossa humildade, Deus possa acrescentar-
nos mais e mais incumbências, para o cumprimento do Seu
propósito e para Sua honra e glória.

Capítulo Sete

A REVELAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DE
DEUS

Leitura bíblica: Dn 5:1-4, 10-31


OS ANTECEDENTES DE DANIEL 5
Nesta mensagem veremos o fim do império babilônico. Após a
morte de Nabuconodosor em 562 a.C., seu filho Amel-Marduque
(Evil-Merodaque em 2 Reis 25:27) reinou em seu lugar e foi
assassinado numa conspirata em 560 a.C. por Neriglissar (Nergal-
Sarezer em Jeremias 39:3), genro de Nabucodonosor e um de seus
comandantes. Neriglissar, (560-556 a.C.), foi sucedido por seu filho
Labasi-Marduque, que reinou somente por nove meses. Então
Nabonido (556-539 a.C.), provavelmente, também genro de
Nabucodonosor, assumiu o trono. Fez campanhas militares na Síria
e no norte da Arábia, onde acabou ficando por dez anos, enquanto
seu filho Belsazar reinava em seu lugar como co-regente em
Babilônia. Belsazar, portanto, era o segundo no reino. Nos anais da
história de Babilônia, Nabonido consta como rei de Babilônia nesse
período. Esses são os antecedentes de Daniel capítulo 5, onde o rei
Belsazar é mencionado.
A LIBERTINAGEM DE BELSAZAR
Em Daniel 5:1-4 temos o registro de um grande banquete que
Belsazar ofereceu a mil dos seus grandes, presentes com suas
mulheres e concubinas. O ambiente era de total libertinagem, regado
a vinho e fornicação. Belsazar mandou então trazer os utensílios de
ouro e de prata, que Nabucodonosor havia tirado do templo em
Jerusalém, para que neles bebessem ele e os que com ele estavam.
Enquanto bebiam, davam louvores aos seus deuses de ouro, prata,
bronze, ferro, madeira e pedra.
Isso insultou a Deus ao extremo. Se apenas bebessem vinho e se
divertissem com as mulheres, seria somente uma questão moral. Ao
profanar os utensílios do templo, tocaram na administração de Deus,
pois tais utensílios deveriam ser usados apenas no serviço e na
adoração a Deus, contudo agora estavam sendo usados para o
louvor de ídolos imundos. Portanto, esse banquete foi uma afronta a
Deus.
O AMOR AOS PRAZERES E NÃO A DEUS
A situação descrita nos versículos acima ilustram o sistema
satânico do mundo. Satanás instiga a cobiça das pessoas e as conduz
para libertinagem, prazeres, “comes e bebes”, arrogância, tudo o que
pertence à luxúria.
Tiago fala em sua epístola: “Atendei agora, ricos, chorai
lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão.
As vossas riquezas estão corruptas e as vossas roupagens comidas
de traça, o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens e a
sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos, e há de
devorar, como fogo, as vossas carnes” (5:1-3). Quando o homem
enriquece muito, sua tendência é desperdiçar o dinheiro em
banquetes e libertinagem. Os que agem assim, deveriam chorar
lamentando.
Ele continua: “Tendes vivido regaladamente sobre a terra. Tendes
vivido nos prazeres. Tendes engordado os vossos corações, em dia
de matança. Tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos
faça resistência” (vs. 5-6). Esses versículos nos dizem que aqueles
que vivem regaladamente, que vivem nos prazeres, por fim, terão as
suas carnes devoradas; desventuras lhes sobrevirão. Portanto,
deveriam chorar lamentando em vez de se regalar. Esse foi o destino
de Belsazar e seus grandes: foram todos destruídos.
Em Lucas 17:26-27 vemos uma descrição semelhante: “Assim como
foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do homem:
Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em
que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos”. Isso era
o que Belsazar e os seus grandes estavam fazendo. Banqueteavam-
se, bebiam vinho regaladamente e divertiam-se com as mulheres. O
casar e dar-se em casamento descrito por Lucas não denota algo
positivo. Sabemos que o casamento é santo e determinado por Deus.
Mas o homem caído tornou-o anormal. Os homens casam,
divorciam-se, casam, divorciam-se e assim por diante. A fornicação e
o adultério têm prevalecido sobre o casamento normal. Tal era a
situação no tempo de Noé: permaneceram comendo, bebendo e
fornicando, até o dia em que Noé entrou na arca, e vindo o dilúvio
destruiu a todos. Tal ocorreu também com Belsazar e os seus
grandes. Mesmo depois da especial advertência de Deus, que
veremos adiante, eles continuaram na sua libertinagem.
Subitamente os medos atacaram na mesma noite e destruíram a
todos. Assim será nos últimos tempos.
Paulo diz em 2 Timóteo 3:1: “Nos últimos dias sobrevirão tempos
difíceis”. Essa é exatamente a situação de hoje. Vivemos tempos
difíceis. Isso é um indício de que o fim está chegando e a vinda do
Senhor está bastante próxima. Nos versículos 2 a 4 Paulo nos expõe
a situação dos homens nesses tempos difíceis: “Pois os homens
serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores,
desobedientes aos pais”. E ele finaliza assim: “antes amigos dos
prazeres que amigos de Deus”. A situação de Belsazar caracteriza os
dias finais. A sua libertinagem foi o prenúncio do seu fim e da queda
do seu reino. O mundo atual encontra-se em situação semelhante.
Hoje só se fala em prazeres em vez de se falar sobre Deus. Os jovens,
por exemplo, enchem as ruas nas noites do fim de semana.
Permanecem comendo e bebendo, buscando prazeres carnais. Se
lhes prega o evangelho, eles não dão ouvidos. Amam antes os
prazeres do que a Deus. Essa é a situação do mundo de hoje.
Lucas 16 nos fala de um homem rico que se vestia de púrpura e
linho finíssimo, e que todos os dias se regalava esplendidamente.
Será que é para isso que Deus nos concede dinheiro? Para vivermos
regaladamente? Deus nos considera como administradores dos Seus
bens. De acordo com Isaías 55:10, Ele dá semente ao que semeia e
pão ao que come. O pão é para o nosso sustento e a semente é para
ser semeada. Do dinheiro que Deus nos dá, separamos o que nos é
necessário para o sustento, para as necessidades da família:
alimento, roupas, escola, despesas, etc. Esse é o pão. O restante é
para semear. Semear significa usar o dinheiro para o propósito do
Senhor
(2 Co 9). Mas alguns usam a semente para viver regaladamente,
gastando tudo nos prazeres. Isso não está de acordo com a vontade
de Deus. A semente não se destina ao nosso prazer, mas para suprir
as necessidades da igreja. Quando o homem se envolve com os
prazeres, cai na libertinagem e fornicação. Portanto, se um dia
viermos a ganhar muito dinheiro, devemos perguntar ao Senhor o
porquê daquilo. Se já temos mais do que o necessário para o nosso
sustento e o Senhor nos dá algo além do que necessitamos, devemos
perguntar: “Para quê?”. O Senhor certamente nos dirá: “É semente
para semear”.
A ESCRITURA NA PAREDE E SUA INTERPRETAÇÃO
Enquanto Belsazar e os seus bebiam e louvavam seus deuses, eis
que apareceram uns dedos escrevendo na parede. Uma cena
assustadora! Imediatamente o rei ordenou que se trouxessem os
sábios à sua presença e prometeu recompensar a quem
interpretasse a escritura. Ninguém foi capaz de fazê-lo, o que deixou
Belsazar perturbado.
A rainha-mãe, entretanto, conhecia Daniel, do tempo de
Nabucodonosor, e o recomendou a Belsazar (vs. 10-12). Daniel foi
até o rei, que lhe perguntou se ele era dos cativos trazidos de Judá.
Disse-lhe também que ouvira dizer que nele, Daniel, estava o
espírito dos deuses e que nele se achava luz, inteligência e excelente
sabedoria. Por isso, pedia-lhe para ler a escritura e fazer conhecida
sua interpretação. Seria vestido de púrpura, teria cadeia de ouro ao
pescoço e seria o terceiro no reino. A promessa de que Daniel seria o
terceiro no reino, explica-se pelo fato de Nabonido, pai de Belsazar,
ser o primeiro, e Belsazar, o segundo.
“Respondeu Daniel, e disse na presença do rei: Os teus presentes
fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem; todavia lerei ao rei a
escritura, e lhe farei saber a interpretação” (v. 17). Daniel não quis
os presentes do rei pois sabia que a destruição era iminente. Não
obstante, fez saber ao rei a interpretação da escritura, advertindo-o
que Deus estava prestes a julgar a nação de Babilônia. Daniel relatou
a Belsazar a experiência de Nabucodonosor no capítulo 4, de como
se havia ensoberbecido, e de como foi humilhado por Deus,
reconhecendo depois que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o
reino dos homens e seus reis.
Terminado o relato, Daniel disse ao rei: “Tu, Belsazar, que és seu
filho [provavelmente neto], não humilhaste o teu coração, ainda que
sabias de tudo isto. E te levantaste contra o Senhor do céu, pois
foram trazidos os utensílios da casa dele perante ti, e tu, os teus
grandes, as tuas mulheres e as tuas concubinas, bebestes vinho
neles; além disto, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de
bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não veem, não ouvem,
nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, e todos os teus
caminhos, a ele não glorificaste” (vs. 22-23). Belsazar já sabia da
história de Nabucodonosor; conhecia a advertência de Deus, de que
se se orgulhasse, o trono lhe seria tirado. Mesmo assim, não quis
humilhar-se. Irmãos, devemos humilhar-nos diante de Deus, e saber
que nas mãos Dele está a nossa vida e todos os nossos caminhos.
Devemos dar-Lhe toda a glória. Belsazar se tornou soberbo e
arrogante: desprezou e insultou a Deus; por isso, Deus pronunciou a
Sua sentença sobre ele mediante dedos que escreviam na parede:
“MENE, MENE, TEQUEL E PARSIM” (v. 25).
“MENE” significa “contado, enumerado”; “TEQUEL” quer dizer “ser
pesado na balança”, e “PARSIM” significa “dividir”. A interpretação
de tal escritura por Daniel foi a seguinte: “MENE: Contou Deus o teu
reino e deu cabo dele. TEQUEL: Pesado foste na balança, e achado
em falta. PERES [singular de PARSIM]: Dividido foi o teu reino e
dado aos medos e aos persas” (vs. 26-28). Os setenta anos
profetizados por Jeremias estavam por cumprir-se. Deus, contou o
reino de Belsazar e deu cabo dele; foi pesado na balança e achado
em falta, isto é, não teve peso suficiente, estava muito abaixo do
padrão de Deus. Se tivesse peso, não se orgulharia; antes teria dado
ouvidos à advertência de Deus a Nabucodonosor. Na sua soberba e
arrogância, confiou nos muros de Babilônia e nos seus exércitos. Por
isso Deus deu cabo do seu reino, dividindo-o entre os medos e os
persas.
Essa foi a sentença para o rei Belsazar. Para nós, entretanto, esta
sentença deve ser uma advertência. Consideremos um pouco a
nossa situação. Temos alcançado o padrão de Deus? Temos
obedecido à Sua palavra? Temos agido segundo Sua revelação? Cada
um de nós deve pesar-se na balança para ver se temos peso
suficiente, segundo o padrão de Deus. Em Efésios 4, Paulo nos
ensina que na vida da igreja devemos ser humildes, mansos,
longânimos e suportar-nos uns aos outros em amor. Devemos pesar-
nos para ver se alcançamos esse padrão. Que o Senhor nos ilumine
para vermos quanto realmente pesamos.
A DESTRUIÇÃO DE BABILÔNIA
Belsazar cumpriu o que prometeu dar a Daniel e tornou-o o
terceiro do seu reino. Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei
dos caldeus e Dario, o medo, apoderou-se do reino. Dario era
contemporâneo de Ciro, rei da Pérsia. Nesse tempo a Média e a
Pérsia haviam sido unificadas como império medo-persa, sob o
reinado de Ciro. Babilônia era extremamente fortificada, rodeada
por um complexo sistema de muralhas duplas. A muralha externa se
estendia por vinte e sete quilômetros e era forte e larga o bastante
para permitir que carruagens trafegassem nela. Havia torres de
defesa espalhadas em toda a sua extensão, tornando a cidade
praticamente invencível. Além disso, o rio Eufrates, que a
atravessava, supria a cidade com água e alimentos. Caso a cidade
fosse sitiada, poderia resistir por muitos anos. Belsazar confiava na
fortaleza da cidade e, desprezou a advertência de Deus por
intermédio de Daniel, continuando na sua orgia e idolatria. A
história nos conta que, para entrar na cidade, Dario desviou o curso
do Eufrates e entrou em Babilônia pelo leito seco do rio,
encontrando o inimigo totalmente embriagado em sua orgia.
Apoderou-se, então, facilmente da cidade que não pôde oferecer
resistência. Esse foi o fim de Babilônia.
Tudo isso é lição para nós. Lembramo-nos da passagem de Hebreus
que diz: “Visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de
testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso, e do pecado que
tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que
nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador
da fé, Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta,
suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à
destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que
suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para
que não vos fatigueis, desmaiando em vossas almas” (Hb 12:1-3).
Corramos com perseverança a carreira que nos está proposta!
Alcancemos o padrão que Deus nos tem estabelecido. Sejamos
vencedores! Assim, quando Ele vier contar os nossos anos, eles não
terão sido em vão.

Capítulo Oito

A VITÓRIA SOBRE O INTERDITO DO REI


TERRENO

Leitura bíblica: Dn 6:1-28


A PROSPERIDADE DE DANIEL
O capítulo seis de Daniel começa assim: “Pareceu bem a Dario
constituir sobre o reino a cento e vinte sátrapas, que estivessem por
todo o reino; e sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um,
aos quais estes sátrapas dessem conta, para que o rei não sofresse
dano. Então o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e
sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava
em estabelecê-lo sobre todo o reino” (vs. 1-3).
Daniel ocupou uma posição de honra no governo de Dario assim
como ocupava no reinado de Nabucodonosor. Este deve tê-lo
conhecido no dia da destruição de Babilônia, como o terceiro no
reino babilônico. Por isso, colocou-o como um dos presidentes do
reino. Pelo fato de Daniel ter um espírito excelente, distinguiu-se
dentre os demais. O rei então pensava em estabelecê-lo sobre todo o
reino, o que veio a despertar a inveja dos demais presidentes e dos
sátrapas. Estes eram babilônios ou medos, ao passo que Daniel era
apenas um cativo de Judá, um exilado. Como poderia estar acima
deles?
A FIDELIDADE E A IRREPREENSIBILIDADE DE DANIEL
Movidos pela inveja, os presidentes e os sátrapas queriam tirar
Daniel do cargo, procurando algo de que o acusar. Mas Daniel era
fiel e não se achou nele erro nem culpa (v. 4).
Da mesma maneira, devemos servir a Deus com temor e tremor.
Devemos fazer o melhor possível para não errar. Para isso
precisamos servir em espírito. Quando vivemos em espírito, nossos
erros diminuem. Todos somos passíveis de erros, mas devemos
aprender lições quando erramos. Se continuarmos a cair sempre no
mesmo erro, tornamo-nos inúteis no serviço. Quando estivermos
fazendo algo, coloquemos a mente no espírito. Façamos todas as
atividades em espírito. Assim os erros serão evitados. Não que não
vamos mais errar, mas certamente diminuiremos muito nossos
erros. Para isso devemos cultivar o hábito de viver em espírito.
O Senhor Jesus é o exemplo máximo disso. Depois de ser preso em
Jerusalém, Ele foi examinado por religiosos e políticos. Assim como
o cordeiro pascal era examinado por quatro dias, antes da Páscoa,
Cristo também foi examinado pelo mesmo período. O cordeiro tinha
de ser examinado minuciosamente por quatro dias para se verificar
se tinha defeito (Êx 12:3, 5-6). Somente um cordeiro sem defeito
poderia ser imolado como cordeiro pascal. Após ter sido examinado
por Pilatos, este declarou: “Não vejo neste homem crime algum” (Lc
23:4). Embora não tenhamos chegado a esse ponto, esse deve ser,
todavia, o nosso alvo.
A QUESTÃO DA INVEJA
Os inimigos de Daniel não acharam nele nenhum erro nem culpa.
Porém, persistiram em procurar algo contra ele. Também no Novo
Testamento, na época de Paulo, havia muitos que o invejavam. Paulo
tinha um coração amplo! Alguns pregavam o evangelho por amor,
outros por inveja. Muitos ao ver Paulo fazendo uma grande obra, e
muitas pessoas serem salvas pelo seu evangelho, tiveram desejo de
fazer o mesmo. Paulo, então, disse que mesmo que fosse por inveja,
ainda se regozijaria, pois mais pessoas iriam ouvir o evangelho e ser
salvas (Fp 1:15-18).
Na Bíblia, a inveja, a porfia e as discórdias são colocadas na
categoria de pecados. Por isso, quando sentimos inveja de alguém
devemos voltar-nos imediatamente ao Senhor. Tiago 3:14-15 diz:
“Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e
sentimento faccioso [...] Esta não é a sabedoria que desce lá do alto;
antes, é terrena, animal e demoníaca”. Aqui não se fala
simplesmente de inveja, mas de inveja amargurada. Isso é algo
terreno, animal e demoníaco. “Pois onde há inveja e sentimento
faccioso, aí há confusão e toda espécie de cousas ruins. A sabedoria,
porém, lá do alto, é primeiramente pura; depois pacífica, indulgente,
tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem
fingimento” (vs. 16-17).
As divisões que ocorrem na igreja provêm de inveja e sentimento
faccioso. Quando um irmão é levantado pelo Senhor, a quem dá a
Sua incumbência, não devemos invejá-lo; pelo contrário, devemos
apoiá-lo. Devemos alegrar-nos sempre que vemos alguém, mesmo
que seja mais novo que nós, sendo usado pelo Senhor.
O INTERDITO DO REI E A ORAÇÃO DE DANIEL
Por fim, os inimigos de Daniel encontraram uma maneira de
prejudicá-lo. Aconselharam ao rei que estabelecesse um decreto e
fizesse firme o interdito que todo homem que, por espaço de trinta
dias, fizesse petição a qualquer deus ou a qualquer homem, e não ao
rei, fosse lançado na cova dos leões (Dn 6:7). Isso agradou a Dario,
pois o exaltou, e ele assinou o interdito, o qual passou a ser
irrevogável conforme a lei dos medos e dos persas (vs. 8-9). O ser
humano gosta de ser exaltado. Cuidado! Não se deixe exaltar.
Quando você se deixa exaltar, cai na cilada do diabo.
Daniel quando soube que a escritura estava assinada, continuou a
fazer o que era seu costume. Entrou em sua casa, e, em cima, no seu
quarto, onde havia janelas abertas da banda de Jerusalém, três vezes
no dia se punha de joelhos, orava e dava graças, diante do seu Deus
(v. 10). Ele sabia que Deus era o Deus Altíssimo. Estava disposto a
ser lançado na cova dos leões por causa da sua adoração a Deus.
Jamais poderia ir contra Ele. Daniel era um homem totalmente para
Deus, independentemente das circunstâncias.
Daniel orava a Deus três vezes ao dia e foi chamado justo (Ez 14:14,
20). Aqui aprendemos uma lição: devemos ter o hábito de orar
sempre. Paulo diz em 1 Tessalonicenses 5:17: “Orai sem cessar”.
Como orar sem cessar? Estando sempre no espírito. Às vezes você
pode orar de joelhos; outras, você ora invocando o nome do Senhor.
Temos um Cristo tão disponível, tão acessível! Filipenses 4:6-7 diz:
“Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam
conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela
súplica, com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em
Cristo Jesus”. Quando esquecemos de orar, ficamos ansiosos diante
das situações. Mas quando oramos, fazendo conhecidas diante de
Deus as nossas petições, com ações de graça, a Sua paz, que excede
todo o entendimento, guarda nosso coração e mente em Cristo Jesus.
O LIVRAMENTO DE DEUS
Aqueles homens foram até Daniel e o acharam orando a Deus.
Assim tiveram com que acusá-lo perante o rei (Dn 6:11-13). Dario
ficou muito triste, pois estimava Daniel, que, com a sua sabedoria,
era-lhe útil no reino. Empenhou-se então por salvá-lo, sem contudo
obter êxito, pois era lei dos medos e dos persas que nenhum
interdito que o rei sancionasse poderia ser mudado. Então o rei
ordenou que Daniel fosse lançado na cova dos leões. Disse o rei a
Daniel: “O teu Deus, a quem tu continuamente serves, que ele te
livre” (v. 16). Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova e
selada a entrada. Naquela noite o rei não comeu nem dormiu.
Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei e foi com pressa à
cova dos leões. Chegando-se ele à cova, chamou por Daniel com voz
triste: “Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu Deus, a
quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?”
(v. 20). Isso mostra que ele não tinha convicção de que Daniel
estivesse vivo. Então Daniel falou ao rei: “Ó rei, vive para sempre! O
meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca aos leões, para que não
me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele;
também contra ti, ó rei, não cometi delito algum”. Então o rei se
alegrou sobremaneira e mandou tirá-lo dali (vs. 21-23a).
Esse fato foi citado em Hebreus 11, capítulo que trata da fé. Os
versículos 33 e 34a dizem: “Os quais, por meio da fé, subjugaram
reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam bocas
de leões, extinguiram a violência do fogo”. Essas foram as
experiências de Daniel na cova dos leões e de seus três
companheiros na fornalha ardente.
Daniel foi salvo, não porque os leões não tinham fome, mas porque
Deus havia enviado Seu anjo para fechar-lhes a boca. Depois que
Daniel foi tirado da cova, o rei ordenou que nela fossem lançados os
acusadores com as suas mulheres e filhos. Ainda não tinham
chegado ao fundo da cova e já os leões se apoderaram deles e lhes
esmigalharam os ossos (Dn 6:24).
O Diabo, leão que ruge
O apóstolo Pedro nos faz lembrar que o diabo é como leão
devorador: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário,
anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para
devorar” (1 Pe 5:8). Daniel não foi devorado porque era justo. Seus
acusadores, no entanto, invejosos e difamadores, foram devorados
de uma só vez. Nos versículos 9 e 10 Pedro continua: “Resisti-lhe
firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se
cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo. Ora, o Deus
de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória,
depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de
aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar”. Embora estejamos em
meio a sofrimentos, não devemos pecar; antes devemos resistir ao
diabo, firmes na fé. Se pecarmos, seremos devorados por ele. Mas se
lhe resistirmos, o Deus de toda a graça nos fortalecerá. Quando nos
deparamos com sofrimentos e tribulações, não devemos dobrar-nos
diante deles. Devemos saber que são temporários. A palavra diz que
são por breve tempo. Os sofrimentos vêm para nos provar. E, depois
de termos sofrido por um pouco, Deus mesmo nos há de aperfeiçoar,
firmar, fortificar e fundamentar. CAMP001X092020
Satanás também tentou “devorar” o Senhor Jesus na cruz. O Salmo
22 descreve a experiência da crucificação do Senhor: “Muitos touros
me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam. Contra mim abrem as
bocas, como faz o leão que despedaça e ruge” (vs. 12-13). Quando
Ele estava na cruz, as pessoas ao Seu redor eram como leões que
rugem e despedaçam. O Senhor, então, orou ao Pai no versículo 21:
“Salva-me das fauces do leão e dos chifres dos búfalos; sim, tu me
respondes”. O Senhor foi vitorioso e venceu a morte porque era
justo. Não se encontrou Nele erro nem defeito algum. Da mesma
maneira, Daniel foi livrado da boca dos leões porque era justo e
inocente diante de Deus, e não havia cometido delito algum diante
dos homens (Dn 6:22).
O diabo anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém
para devorar (1 Pe 5:8). Assim como os leões se alimentam de carne,
o diabo (leão que ruge) procura aqueles que são carnais para
devorar. Satanás, porém, não consegue devorar aqueles que vivem e
andam em espírito. Daniel não foi comida para os leões porque não
era carnal; nele havia um espírito excelente.
Somos feitos de carne e osso, mas não devemos ser carnais, e, sim,
espirituais. Muitos leões andam em nosso derredor, mas se formos
espirituais, isto é, se andarmos em espírito, eles nada podem fazer
conosco. Porém, se vivermos na carne, tendo inveja dos outros,
usando de sagacidade para enganar as pessoas, então estaremos
cheios de carne e seremos alimento apetitoso para o diabo. Por isso,
devemos tratar a carne. Há pessoas que trazem suas coisas naturais
para a igreja e buscam seu próprio interesse e posição. Precisam ser
tratadas. Tudo pertence ao Deus Altíssimo: Ele dá o que quer a quem
quer. Não podemos argumentar com Ele; podemos somente dizer:
“Amém”. Ao que o Senhor nos dá e ao que o Senhor faz dizemos
“Amém”. Se, por exemplo, o Senhor usa um irmão mais novo do que
eu, digo “Amém”. Assim seremos espirituais na prática. Que todos
sejamos iluminados. Pesemo-nos um pouco na balança para ver se
estamos no padrão do Senhor; vejamos quanto do espírito e quanto
da carne há em nós.
O diabo também procura destruir o rebanho de Deus. Em 1 Samuel
17:34-35, Davi conta que certa vez, quando apascentava as ovelhas
de seu pai, se deparou com um leão que tomou um cordeiro do
rebanho. Ele, arriscando a própria vida, foi atrás do leão, matou-o e
livrou o cordeiro da sua boca. Da mesma forma, devemos proteger o
rebanho de Deus. Devemos lutar pelos nossos irmãos, livrando-os da
boca do leão. Não devemos olhar para os perigos nem nos preocupar
com a nossa vida. Se fizermos isso por amor ao rebanho, Deus
certamente nos livrará da “boca do leão”.
A vitória de Daniel redundou em louvor ao Senhor. Mais uma vez
Deus foi exaltado por um governante terreno: “Então o rei Dario
escreveu aos povos, nações e homens de todas as línguas, que
habitam em toda a terra: Paz vos seja multiplicada! Faço um decreto,
pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e
temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e que
permanece para sempre; o seu reino não será destruído, e o seu
domínio não terá fim. Ele livra e salva, e faz sinais e maravilhas no
céu e na terra. Foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões” (Dn
6:25-27).
A PROSPERIDADE DE DANIEL NOS REINADOS DE DARIO E DE
CIRO
A conclusão do capítulo é importante: “Daniel, pois, prosperou no
reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa”. Este versículo é
muito significativo. Mostra que Daniel não apenas prosperou no
reinado de Nabucodonosor, como também nos reinados de Dario e
de Ciro.
Cremos que o decreto de Ciro registrado em Esdras 1 tem muito a
ver com Daniel. Daniel viu no livro de Jeremias que o número de
anos em que haviam de durar as assolações de Jerusalém seria de
setenta anos (Dn 9:1-2), e que os setenta anos já estavam se
cumprindo. É muito provável que tenha falado isso a Ciro.
Certamente conhecia também as profecias a respeito dele contidas
em Isaías, capítulos 42, 44 e 45. Deve ter-lhe dito que cento e
sessenta anos antes as Escrituras já haviam profetizado a respeito
dele, citando-o por nome, e que ele iria conquistar as nações. Para
quê? Para libertar os exilados de Judá, a fim de que voltassem e
reconstruíssem o templo em Jerusalém. Ciro deve ter ficado muito
impressionado com isso. Por isso, baixou um decreto para que se
libertassem os judeus a fim de que voltassem a Jerusalém e
reedificassem o templo (Ed 1). Além disso, ajudou-os com prata,
ouro, bens, gados e muitos outros presentes para a casa do Senhor.
Também fez voltar os utensílios do templo, os quais Nabucodonosor
tinha trazido de Jerusalém e posto na casa de seus deuses.
Em Esdras capítulo 1, Ciro menciona que foi o Senhor Deus dos
céus que lhe deu todos os reinos da terra e o encarregou de Lhe
edificar uma casa em Jerusalém. Ele não era judeu. Como, então,
conhecia as Escrituras? Cremos que foi por causa de Daniel.
Portanto, Daniel tem muito a ver com a restauração do templo e de
Jerusalém. Esperamos que todos sejamos como Daniel. Obedeçamos
à palavra de Deus e sigamos adiante. Em nenhum momento nos
dobremos diante de Satanás. Não nos rendamos diante de qualquer
situação ou circunstância. Creiamos firmemente em nosso Deus. Ele
pode livrar-nos e salvar-nos de qualquer situação. Apesar de
vivermos aqui na terra, pertencemos, na verdade, ao reino dos céus,
um reino que jamais será destruído, e cujo domínio não terá fim.

Capítulo Nove

A VISÃO SOBRE OS QUATRO ANIMAIS

Leitura bíblica: Dn 7:1-14, 26-28


ONDE ESTAMOS?
E quanto a nós, será que temos vencido os seis itens anteriores? Se
a resposta é sim, então, essas visões nos serão de grande ajuda,
mostrando-nos os acontecimentos que introduzirão o reino eterno
de Deus. Mas se é não, ainda não chegamos ao padrão divino.
Devemos então voltar, avaliar a nossa situação, e arrepender-nos.
Ninguém gosta que os seus erros sejam apontados. Mas nós que
temos a vida de Deus devemos ser diferentes. Quando os outros
apontam nossos erros, levamos a questão diante do Senhor para
sermos iluminados. As pessoas que nunca admitem seus erros são
aquelas que estão na carne e nelas Satanás encontra muitas
oportunidades. Por isso, irmãos, não digamos somente que
precisamos do poder celestial para pregar o evangelho; na verdade,
precisamos de mais poder para nos arrepender.
Os últimos tempos profetizados no livro de Daniel estão se
aproximando. Não temos mais muito tempo. Ninguém se torna
espiritual da noite para o dia. Recebemos a vida divina no momento
em que invocamos o Senhor. Mas crescimento de vida não se obtém
em seis meses ou um ano. Precisamos aproveitar bem todo tempo
que nos resta. Se conseguirmos ser vencedores veremos os últimos
acontecimentos lá do alto, nos ares, com o Senhor Jesus. Mas, se não,
estaremos diretamente envolvidos com eles. As coisas descritas
nessas visões nos tocarão diretamente.
Esperamos que as seis experiências de vitória relatadas nos
primeiros seis capítulos sejam nossas experiências, para podermos
ver as seis visões relatadas nos capítulos seguintes.
OS QUATRO ANIMAIS SAÍDOS DO MAR MEDITERRÂNEO
Passaremos agora às visões do capítulo sete. Nele não temos muito
a falar com respeito à vida, mas vemos os eventos que já ocorreram
e os que estão por acontecer. Também veremos que essas visões nos
são advertências.
O versículo 1 diz: “No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia,
teve Daniel um sonho, e visões ante seus olhos, quando estava no
seu leito; escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as
cousas”. Daniel relatou somente o resumo do que viu, os itens
principais, não entrou em pormenores.
O versículo 2 diz: “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando, durante
a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o
Grande Mar”. O Grande Mar é o mar Mediterrâneo, ao redor do qual
estava concentrado o mundo inteiro daquela época. As nações a que
se refere a grande imagem humana do capítulo 2 estavam todas
localizadas ao redor desse mar.
“Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do
mar” (v. 3). Esses quatro animais representam quatro reinos, e
correspondem diretamente às quatro partes da grande imagem
humana no capítulo 2. Por um lado são reinos, mas, por outro, vistos
por um ângulo diferente, são animais. Todos os reinos
aparentemente são países, mas se olharmos cuidadosamente,
aparentam ser animais selvagens. Analisaremos cada um desses
animais.
O primeiro animal: leão com asas de águia
O primeiro animal que Daniel viu foi um leão com asas de águia (v.
4a). Esse era exatamente o símbolo usado no escudo de armas do
império babilônico. Portanto, esse animal se refere à Babilônia e ao
seu fundador e rei, Nabucodonosor que corresponde à cabeça de
ouro da grande imagem do capítulo 2.
“Enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas” (v. 4b). As asas
são para agilidade na locomoção. No começo, o império de Babilônia,
podia locomover-se para todos os lados com as asas, conquistando a
Assíria, o Egito e a Palestina. Mas no final, foram-lhe arrancadas as
asas, perdendo, portanto, a sua mobilidade. Isso ocorreu a
Nabucodonosor no capítulo 4, quando foi julgado por Deus por
causa do seu orgulho e tornou-se semelhante a animal do campo.
“Foi levantado da terra, e posto em dois pés como homem; e lhe foi
dada mente de homem” (v. 4c). Isso se refere a quando se cumpriu o
tempo de sua punição, e ele se humilhou e reconheceu o domínio do
Deus Altíssimo e foi-lhe restaurado novamente o reino.
O segundo animal: um urso
“Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um
urso, o qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os
dentes, trazia três costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora muita
carne” (v. 5). O urso é um animal cruel, que mata e despedaça. Ele
representa o império da Média-Pérsia, que corresponde ao peito e
aos braços de prata da grande imagem humana do capítulo 2. As três
costelas que o urso trazia na boca, entre os dentes, representam três
reinos: Assíria, Babilônia e Egito. Quando Nabucodonosor e seu pai
conquistaram a Assíria, contaram com a ajuda dos medos. Portanto,
podemos considerar que a Assíria também foi conquistada pela
Média. Se olharmos sob o ângulo da economia de Deus, podemos ver
que esses foram exatamente os países que se opuseram ao povo de
Israel. Os israelitas foram levados cativos primeiramente pelo Egito,
depois, o reino de Israel, formado pelas dez tribos, foi capturado
pela Assíria, e, por fim, o reino de Judá foi levado pela Babilônia.
Agora, tanto a Assíria, a Babilônia e o Egito estavam sob o domínio
do império medo-persa, que “devorou muita carne”, causando muita
morte e destruição para conquistá-los.
O terceiro animal: um leopardo
“Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um
leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este
animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio” (v. 6). O terceiro
animal era semelhante a um leopardo, animal feroz e cruel, muito
veloz e ágil. Representa o império grego de Alexandre, o Grande, e
corresponde ao ventre e aos quadris de bronze da grande imagem
humana do capítulo 2. Alexandre se movia velozmente como um
leopardo, conquistando em apenas três anos a Ásia Menor, a
Mesopotâmia, a Média-Pérsia, o Egito e a Índia. Essa velocidade era-
lhe conferida pelas suas “quatro asas”, que representam seus quatro
generais. Aos vinte anos já era um grande general. Morreu quando
estava no auge da sua glória, aos trinta e três anos. Os quatro
generais dividiram o império em quatro reinos, Macedônia, a Ásia
Menor, a Síria e o Egito, que são as quatro cabeças do terceiro
animal.
O quarto animal: a besta revelada em Apocalipse 13
Quanto ao quarto animal, os versículos 7 e 8 dizem: “Depois disto,
eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto
animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes
dentes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o
que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram
antes dele, e tinha dez chifres. Estando eu a observar os chifres, eis
que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos
primeiros chifres, foram arrancados; e eis que neste chifre havia
olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência”.
Este quarto animal corresponde à quarta parte da grande imagem,
formada pelas duas pernas de ferro e pelos pés em parte de ferro,
em parte de barro. É o império romano. Ele tinha grandes dentes de
ferro, e devorava e fazia em pedaços tudo o que encontrava pela
frente. Seus pés, que eram em parte de ferro e em parte de barro,
pisavam o que restava. Era diferente de todos os animais que
apareceram antes dele e tinha dez chifres, que representam os dez
países que formarão o império romano no tempo do anticristo. Esse
animal é a besta revelada em Apocalipse 13.
A VISÃO DE DEUS NO TRONO, SEU DOMÍNIO UNIVERSAL E A
VINDA DO FILHO DO HOMEM
Daniel continuou olhando e viu o Ancião de dias, Deus, assentado
no trono (v. 9); viu também os milhares de milhares que O serviam,
e as miríades de miríades que estavam diante Dele (v. 10a). Viu
ainda o tribunal de Deus e os quatro animais serem julgados: o
quarto animal é morto e queimado pelo fogo e o domínio é tirado
dos demais (vs. 10b-12). Por fim, viu a vinda do Filho do homem e o
estabelecimento do reino eterno de Deus (vs. 13-14).
A INTERPRETAÇÃO DA VISÃO
Daniel, ao ver essa visão, ficou bastante perturbado. Podia
entender os três primeiros animais, mas não sabia o que era o
quarto. Então pediu a interpretação do que havia visto: “Quanto a
mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado dentro em mim, e as visões
da minha cabeça me perturbaram. Cheguei-me a um dos que
estavam perto, e lhe pedi a verdade acerca de tudo isto. Assim ele
me disse, e me fez saber a interpretação das coisas. Estes grandes
animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra”
(vs. 15-17). Esses reis eram os imperadores da Babilônia, do império
medo-persa, do império grego e do império romano, que
correspondem a cada uma das partes da grande imagem humana de
Daniel 2: a cabeça de ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e os
quadris de bronze, as pernas de ferro e os pés, em parte de ferro, em
parte de barro. Esses reinos, no entanto, não subsistirão. Serão
esmiuçados pela grande pedra do capítulo 2 que virá rolando e se
tornará em grande montanha, a qual encherá toda a terra. “Mas os
santos do Altíssimo receberão o reino, e o possuirão para todo o
sempre, de eternidade em eternidade” (v. 18).
Daniel então teve o desejo de conhecer a verdade a respeito do
quarto animal, dos dez chifres que tinha na cabeça, e do pequeno
chifre que subiu entre eles (vs. 19-20). “Eu olhava e eis que este
chifre fazia guerra contra os santos, e prevalecia contra eles, até que
veio o Ancião de dias, e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o
tempo em que os santos possuíram o reino. Então ele disse: O quarto
animal será um quarto reino na terra, o qual será diferente de todos
os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés e a fará em
pedaços” (vs. 21-23). Esse quarto reino é o império romano. Ele não
apenas perseguiu o povo de Deus antes e durante o tempo do
Senhor Jesus, como também nos primeiros séculos da presente era.
Do primeiro ao terceiro século houve dez grandes perseguições nas
quais muitos santos foram mortos. O imperador notou, porém, que
se continuasse a matar os cristãos mais eles se multiplicariam. Então
tentou unir-se a eles.
A partir do terceiro século o império romano começou a decair,
mas a religião romana se levantou, continuando a perseguição aos
santos, até o século XV. Tudo isso faz parte da quarta besta. Não é
como o império babilônio, que durou somente setenta anos, ou
como o império medo-persa, que durou mais ou menos duzentos
anos, ou ainda como o império grego, que durou pouco tempo. O
império romano continua até os dias de hoje. Aparentemente o
império romano desapareceu, mas a vida romana ainda continua.
Praticamente todos os países hoje são regidos pela política e lei
romanas. Os países da Europa são a continuação desse império, e é
desses países que virão os dez chifres. Portanto, a influência de ferro
do império romano continua até os dias de hoje, e continuará até o
dia em que o Senhor voltar, nos últimos três anos e meio desta era,
quando a grande Babilônia, tanto a política como a religiosa, cairá.
Naquele dia esse império de ferro será totalmente extinto.
O versículo 24 diz: “Os dez chifres correspondem a dez reis que se
levantarão daquele mesmo reino; e depois deles se levantará outro,
o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis”. Entre os
dez chifres surgirá um pequeno chifre diante do qual serão
arrancados três chifres. Este pequeno chifre é o anticristo, o último
César do império romano. Os dez chifres representam dez reis de
dez países na Europa. Esse é um número representativo. De acordo
com a profecia, três chifres, isto é, três reis, serão derrubados pelo
pequeno chifre que crescerá. Não ouso dizer quem são estes três
chifres, mas serão três importantes países da Europa.
Esse pequeno chifre “proferirá palavras contra o Altíssimo,
magoará os santos do Altíssimo” (v. 25a). Isso ocorrerá na segunda
metade dos últimos sete anos desta era, nos três anos e meio da
grande tribulação. “E cuidará em mudar os tempos e a lei; e os
santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e
metade dum tempo” (v. 25b). “Um tempo, dois tempos e metade de
um tempo” são três anos e meio, exatamente a segunda metade dos
últimos sete anos desta era, a última semana da história de Israel.
Nessa época, o anticristo proferirá palavras contra o Altíssimo, e
cuidará de mudar os tempos e a lei. Ele estará sentado no templo em
Jerusalém e quererá que os homens o adorem. E os santos lhe serão
entregues nas mãos por um tempo, dois tempos e metade de um
tempo.
Amado irmão, você quer ser deixado aqui por um tempo, dois
tempos e metade de um tempo? Se a sua resposta é não, então terá
de ser um vencedor.
Por isso, reconsideremos o que temos feito no passado. Pesemo-
nos na balança para saber qual o nosso padrão. Vejamos quanto de
carne ou quanto de espírito temos. Se formos vencedores, esses
últimos três anos e meio nada terão a ver conosco, pois teremos sido
arrebatados.
O versículo 26 diz: “Mas depois se assentará o tribunal para lhe
tirar o domínio, para o destruir e o consumir até o fim”. Isso
ocorrerá depois dos três anos e meio. O Senhor Jesus virá para julgar
essa quarta besta: o domínio lhe será tirado, e ela será destruída e
consumida até o fim.
O versículo 27 conclui: “O reino e o domínio, e a majestade dos
reinos debaixo de todo o céu, serão dados ao povo dos santos do
Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o
servirão e lhe obedecerão”. Sobre isso lemos em Apocalipse 20:4: “Vi
também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada
autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do
testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus,
tantos quantos não adoraram a besta, nem tão pouco a sua imagem,
e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram
com Cristo durante mil anos”. Aleluia! Os vencedores serão reis com
o Senhor Jesus! O Seu reino será reino eterno, e todos os domínios O
servirão e Lhe obedecerão.
E Apocalipse 22:3 nos diz: “Nunca mais haverá qualquer maldição.
Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o
servirão”. Esse é o nosso destino: ser vencedores e reinar com o
Senhor Jesus; e, na Nova Jerusalém, no novo céu e nova terra, servir
o nosso Senhor por toda a eternidade!
Daniel então conclui no versículo 28: “Aqui terminou o assunto.
Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me perturbaram,
e o meu rosto se empalideceu; mas guardei estas cousas no coração”.
Que nós também guardemos essas coisas no coração, e que o Senhor
tenha misericórdia de nós e nos conceda que sejamos vencedores.

Capítulo Dez

A VISÃO SOBRE UM CARNEIRO E UM BODE


Leitura bíblica: Dn 8:1-27
No terceiro ano do reinado do rei Belsazar, Daniel teve uma visão
surpreendente: a visão sobre um carneiro e um bode. Isso ocorreu
dois anos depois da visão sobre os quatro animais, no capítulo 7. O
carneiro e o bode, como veremos a seguir, representam dois reinos.
Nesta visão Daniel não estava mais na cidade de Babilônia, mas
pareceu-lhe estar na cidadela de Susã, na província de Elão, no
sudoeste da Pérsia, junto ao rio Ulai, que fluía a leste de Susã.
O CARNEIRO: O IMPÉRIO MEDO-PERSA
“Então levantei os olhos, e vi, e eis que um carneiro estava diante
do rio, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um
mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último” (v. 3). Esse
carneiro representa o império medo-persa. Os dois chifres, um mais
alto do que o outro, simbolizam a Média e a Pérsia. O chifre mais alto
subiu por último e representa a Pérsia, que sob o reinado de Ciro,
tornou-se mais forte do que a Média. Por isso, mais tarde, a história
somente menciona a Pérsia, e não mais a Média. Tudo isso já havia
sido determinado pelo Deus Altíssimo. Ele é Aquele que dá o reino a
quem quer e o tira de quem quer. Todos os domínios estão sob a Sua
autoridade suprema e eterna.
“Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e
para o sul” (v. 4a). Isso significa que a Média-Pérsia conquistou a
Babilônia, que ficava ao ocidente, a Assíria, que ficava ao norte, e o
Egito, que ficava ao sul. “E nenhum dos animais lhe podia resistir,
nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia
segundo a sua vontade, e assim se engrandecia” (v. 4b). O fato de
nenhum animal conseguir resistir-lhe indica o grande poder
subjugador da Média-Pérsia. O carneiro fazia segundo a sua vontade
e se engrandecia, significando que a Média-Pérsia não tinha temor
de Deus e se tornou arrogante.
O BODE: O IMPÉRIO GREGO DE ALEXANDRE, O GRANDE
O versículo 5 diz: “Estando eu observando, eis que um bode vinha
do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode
tinha um chifre notável entre os olhos”. Este bode que vinha do
ocidente (Europa) representa o império da Grécia. O chifre notável
entre os olhos simboliza Alexandre, o Grande. O bode vinha sobre
toda a terra, mas sem tocar no chão, indicando o seu movimento
veloz. No capítulo 7 ele foi representado por um leopardo
denotando agilidade e velocidade. Alexandre, um general jovem, que
aos vinte anos já comandava tropas, era brilhante, ambicioso e
queria conquistar todo o oriente.
“Dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha
visto diante do rio; e correu contra ele com todo o seu furioso poder.
Vi-o chegar perto do carneiro, e, enfurecido contra ele, o feriu e lhe
quebrou os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe
resistir; mas o bode o lançou por terra e o pisou aos pés, e não houve
quem pudesse livrar o carneiro do poder dele” (vs. 6-7). Esses dois
versículos indicam a conquista e a destruição da Média-Pérsia por
Alexandre. Foi algo rápido. Em apenas três anos (334 a 331 a.C.),
partindo da Macedônia, Alexandre conquistou a Ásia Menor, a Síria,
o Egito e a Mesopotâmia.
Deus preserva Jerusalém da destruição
Josefo, famoso historiador judeu, nos conta com pormenores a
passagem de Alexandre por Israel. Alexandre entrou na Ásia Menor
pelo Helesponto. Derrotou os sátrapas de Dario III, o último rei da
Pérsia, na batalha de Granico, e avançou Ásia adentro. Queremos
observar que este Dario não é o Dario dos capítulos 5 e 6 de Daniel.
Aquele era Dario, o medo. Este é Dario III, o persa. Dario aguardava
Alexandre em Issus, na Cilícia, e todos na Ásia pensavam que ele
derrotaria facilmente os invasores. Assim também pensava Sambalá,
sátrapa de Samaria, que se empenhava em manter boas relações
com os judeus. Mas Dario sofreu grande derrota e fugiu para a
Pérsia. Alexandre então marchou para a Síria, conquistando
Damasco e Sidom, e em seguida sitiou Tiro. De lá enviou uma carta
ao sumo sacerdote dos judeus, pedindo-lhe suprimentos, e
solicitando que transferisse a sua lealdade e tributo de Dario a
Alexandre. O sumo sacerdote respondeu que havia prometido a
Dario que não iria empunhar armas contra ele, e que manteria seu
juramento enquanto Dario vivesse.
Alexandre ficou furioso, e prometeu marchar contra o sumo
sacerdote judeu logo que tomasse Tiro. Quando Sambalá ouviu que
Dario tinha sido derrotado, decidiu juntar-se a Alexandre com oito
mil samaritanos. A calorosa acolhida dada a Sambalá por Alexandre
encorajou-o a pedir permissão para dividir os judeus mediante a
edificação de um templo em Samaria, e a permissão lhe foi dada. O
novo templo foi edificado e Manassés, seu genro, foi feito sumo
sacerdote. Mas antes que o templo fosse concluído, Sambalá morreu.
Entrementes, Alexandre tinha acabado de conquistar Tiro, após um
cerco de sete meses. Dois meses depois, tomou também a cidade de
Gaza. Então apressou-se em ir a Jerusalém. Quando Jadua, o sumo
sacerdote, ouviu que Alexandre vinha, ficou aterrorizado, e ordenou
ao povo que se juntasse a ele em sacrifícios e oração a Deus, pois a
situação era grave. Eles já haviam sofrido muito nas mãos dos
babilônios, quando estes tomaram Jerusalém. Os babilônios
mataram homens, mulheres e crianças, sem piedade nenhuma.
Levaram todos os utensílios e os tesouros da casa do Senhor;
queimaram o templo e todos os palácios de Jerusalém; destruíram
todos os seus preciosos objetos e derrubaram os muros da cidade.
Os que escaparam da espada foram levados para a Babilônia, onde
se tornaram servos. Portanto, ante a ameaça de nova invasão, desta
vez por Alexandre, temeram muito e por isso, oraram ao Senhor. O
Senhor então apareceu ao sumo sacerdote em sonho, dizendo-lhe
que se animasse e ornamentasse a cidade com grinaldas. O povo
deveria vestir-se de branco e os sacerdotes de vestes sacerdotais.
Deveriam abrir os portões e sair da cidade marchando, para
encontrar-se com os macedônios, pois de modo algum sofreriam
dano.
O sumo sacerdote Jadua acordou regozijante e anunciou a
revelação a todos. Quando soube que Alexandre já não estava longe
da cidade, saiu em procissão com os sacerdotes e o povo. Alexandre
viu a procissão vindo em sua direção: os sacerdotes estavam
vestidos de linho e o sumo sacerdote de uma veste azul e dourado.
Este trazia na cabeça a mitra, com a lâmina de ouro na qual estava
gravada: “Santidade ao Senhor”.
Aproximando-se só, Alexandre prostrou-se diante do Nome do
Senhor e saudou o sumo sacerdote. Os judeus, então, deram as boas-
vindas a Alexandre e o cercaram. Seus oficiais se perguntavam se ele
tinha enlouquecido subitamente. Um deles, de nome Parmênio, se
aproximou de Alexandre e exigiu explicações. Alexandre respondeu:
“Quando estava em Dium, na Macedônia, considerando como
poderia tornar-me senhor da Ásia, vi esta mesma pessoa enquanto
eu dormia, vestida exatamente como ele está agora. Ele me instou a
não demorar-me, atravessar com confiança, e conquistar os persas”.
Alexandre foi acompanhado até Jerusalém pelo sumo sacerdote e
seus auxiliares. Foi até o templo, onde sacrificou a Deus segundo as
instruções do sumo sacerdote. E quando no livro de Daniel lhe foi
mostrado, como estamos vendo, que um grego destruiria o império
persa, Alexandre se considerou essa pessoa. Deve ter ficado muito
surpreso ao saber que duzentos anos antes já havia sido profetizado
a seu respeito, como sendo o chifre notável do bode. Então ofereceu
aos judeus o que quer que desejassem. O sumo sacerdote pediu que
fosse permitido aos judeus observar as suas leis e que se lhes
desobrigasse do tributo a cada sete anos, ao que atendeu Alexandre.
Pediram ainda que fosse permitido aos judeus em Babilônia e Média
que observassem as suas próprias leis, com o que também
concordou Alexandre. Finalmente, disse ao povo que se qualquer um
deles quisesse alistar-se no seu exército, ele lhes permitiria
continuar nos seus costumes, e muitos se juntaram ao seu exército.
Alexandre então foi embora de Jerusalém. Os samaritanos de
Siquém, que ficava ao lado do monte Gerizim e era habitada por
judeus apóstatas, viram como Alexandre havia honrado os judeus.
Então também se proclamaram judeus e convidaram Alexandre a
visitar o templo deles e pediram que também lhes concedesse a
isenção de tributo a cada sete anos. Alexandre prometeu considerar
o pedido no futuro e levou soldados samaritanos consigo para o
Egito.
Alexandre morreu nove anos depois, em 323 a.C., e o seu império
foi dividido entre os seus generais, como veremos nos versículos a
seguir.
Por causa da visão de Daniel neste capítulo, Jerusalém foi
preservada e não sofreu danos.
A MORTE DE ALEXANDRE E A DIVISÃO DO IMPÉRIO GREGO
“O bode se engrandeceu sobremaneira; e na sua força quebrou-se-
lhe o grande chifre, e em seu lugar surgiram quatro chifres notáveis,
para os quatro ventos do céu” (v. 8). Alexandre tornou-se
extremamente forte em poder, mas no auge da sua glória e força
morreu subitamente. Então os seus quatro generais (representados
pelos quatro chifres notáveis neste versículo, e pelas quatro asas e
quatro cabeças do leopardo em 7:6), Cassandro, Lisímaco, Seleuco e
Ptolomeu, se ergueram dos quatro cantos do seu império e
formaram, respectivamente, os reinos da Macedônia, da Ásia Menor,
da Síria e do Egito. É maravilhoso ver como todos os reinos da terra
estão sob as mãos de Deus, e que tudo já foi determinado por Ele.
UM PARÊNTESE: A IMPORTÂNCIA DA OBRA DE LITERATURA
Sob a luz do que acabamos de ver é importante abrir um parêntese
para enfatizar a obra de distribuição de literatura. De fato, todos os
reinos estão debaixo da soberana mão de Deus. Quem poderia
imaginar, por exemplo, que um dia o comunismo na Europa Oriental
e na União Soviética iria cair? Segundo estudos, um dos fatores
preponderantes dessa queda foi a propagação dos ideais
democráticos mediante a distribuição de literatura. Ultimamente o
Senhor nos tem dado um pesado encargo de difundir a literatura da
igreja.
Nosso encargo é suprir vida aos nossos irmãos também por meio
da literatura. A obra da restauração do Senhor aqui na América do
Sul começou há apenas dezesseis anos, em 1975. Nesses dezesseis
anos chegamos ao número aproximado de 400 igrejas na América
do Sul. Nessa taxa de crescimento, para se chegar a 4.000 cidades
com o testemunho da igreja, precisaríamos de 160 anos! E creio que
em toda a América do Sul haja entre 20 a 30 mil cidades. Que fazer
então? Será que o Senhor terá de esperar tanto tempo?
Nossa resposta é não. Todos os filhos de Deus, onde quer que
estejam, têm a vida de Deus. Todos os que receberam Jesus Cristo
receberam a vida eterna. O Senhor disse que veio para que os seus
tivessem vida, e vida em abundância. Somos como ovelhas, e como
tais precisamos de pasto. Sabemos que dentro de um aprisco o pasto
não é tão abundante e verde. Por isso o Senhor falou que Ele era a
porta das ovelhas para que elas pudessem sair e achar pastagem. O
Senhor deu-nos a incumbência de suprir vida aos Seus filhos. Na
União Soviética houve uma mudança tão repentina, porque a
semente da democracia já havia sido semeada entre o povo. Quando,
então, a trombeta soou, todos se levantaram a uma e derrubaram o
comunismo, exigindo a democracia.
Algo semelhante vai ocorrer na igreja. Se espalharmos hoje a
semente da visão da igreja, quando o Senhor der sinais da Sua vinda,
todos largarão as suas denominações e o testemunho da igreja
surgirá em cada cidade. Temos hoje esse encargo. Levemos a
literatura a todos os irmãos; espalhemos a semente da palavra.
Assim, um dia, Deus restaurará por completo a sua igreja.
O PEQUENO CHIFRE: ANTÍOCO EPIFÂNIO, REI DA SÍRIA
O versículo 9 diz: “De um dos chifres saiu um chifre pequeno, e se
tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa”.
Esse chifre pequeno representa Antíoco Epifânio que reinou na Síria
de 175 a 163 a.C. Tornou-se forte para o sul, para o oriente e para a
terra gloriosa, significando que expandiu muito em direção ao sul,
Egito, a leste, Síria e à terra gloriosa, Israel.
O versículo 10 continua: “Cresceu até atingir o exército dos céus; a
alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou”. Isso
significa que se tornou grande em poder, tão alto quanto o exército
do céu, e perseguiu os santos, representados pelo exército do céu e
pelas estrelas (12:3). Em todas essas coisas malignas que fez,
prefigura o anticristo vindouro (Ap 13:5-7; 2 Ts 2:3b-4).
“Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele tirou o
sacrifício costumado e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo. O
exército lhe foi entregue, com o sacrifício costumado, por causa das
transgressões; e deitou por terra a verdade; e o que fez prosperou”
(vs. 11-12). Em dezembro do ano 167 a.C., esses versículos se
cumpriram. Antíoco Epifânio entrou em Jerusalém e a saqueou,
destruindo as casas e as muralhas. Profanou o templo e o altar, e fez
cessar os sacrifícios e a observância da Lei. Erigiu um altar pagão
sobre o altar do holocausto e sacrificou porcos sobre ele. Tratou os
habitantes com grande crueldade, cometendo atrocidades contra
eles. E levou muitos cativos.
Os versículos 13 e 14 nos falam da duração da visão dessa
assolação, na qual o santuário e o povo de Deus seriam pisados. A
duração seria de duas mil e trezentas tardes e manhãs, até que o
santuário fosse purificado. Essa foi a duração das perseguições de
Antíoco Epifânio aos judeus, um total de seis anos, quatro meses e
vinte dias, até 25 de dezembro de 164 a.C., quando Judas Macabeu
derrotou os exércitos de Antíoco, purificou o templo e restaurou a
adoração a Deus. Esse dia é conhecido também como a festa da
dedicação, mencionada em João 10:22, pois nesse dia o templo foi
novamente dedicado. Todas essas profecias se cumpriram
rigorosamente.
GABRIEL INTERPRETA A VISÃO A DANIEL
Depois que Daniel teve a visão, procurou entendê-la (v. 15). Então
foi dito ao arcanjo Gabriel que desse a entender a visão a Daniel (v.
16). Da mesma forma, quando realmente queremos entender a visão
a respeito da economia de Deus, Ele no-la revela.
“Veio, pois, para perto donde eu estava; ao chegar ele, fiquei
amedrontado, e prostrei-me com o rosto em terra; mas ele me disse:
Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim”
(v. 17). A visão do pequeno chifre não se referia apenas a Antíoco
Epifânio e ao fato de ele ter profanado o templo. É também uma
visão dos tempos do fim.
“Falava ele comigo quando caí sem sentido, rosto em terra; ele,
porém, me tocou e me pôs em pé no lugar onde eu me achava; e
disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo
da ira; porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim”
(vs. 18-19). O último tempo da ira será o tempo em que Deus pisará
o lagar da Sua cólera. Será quando Deus julgará os adoradores da
besta, o anticristo.
Então Gabriel começou a interpretar a visão a Daniel: “Aquele
carneiro que viste com dois chifres são os reis da Média e da Pérsia;
mas o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande entre os olhos é
o primeiro rei” (vs. 20-21). Não é surpresa que Alexandre, o Grande,
tenha se admirado ao ler tal profecia. Ela é precisa até nos mínimos
detalhes.
O versículo 22 fala da morte de Alexandre e da divisão do seu reino
entre seus quatro sucessores. O rei de feroz catadura e entendido
em intrigas mencionado no versículo 23 é Antíoco Epifânio, da Síria,
que prefigura o anticristo. Os versículos 24 e 25 descrevem a sua
ascensão e destruição.
A MORTE DE ANTÍOCO EPIFÂNIO
O final do versículo 25 diz: “Levantar-se-á contra o Príncipe dos
príncipes, mas será quebrado sem esforço de mãos humanas”. A sua
morte não foi por mãos humanas, mas pela mão de Deus. Conta a
história que Antíoco estava na Pérsia tentando roubar as riquezas
do templo de Ártemis em Elão, quando foi rechaçado e obrigado a
retirar-se até Babilônia como fugitivo. Recebeu então notícias de que
as tropas que havia enviado contra a Judeia haviam sido
destroçadas, e que os judeus haviam-se fortalecido. Ao ouvir tais
notícias, ficou aturdido e fortemente agitado. Lançou-se ao leito e
caiu doente. Permaneceu ali muitos dias e, à medida que as suas
dores cresciam, percebeu que o seu fim estava próximo. Antes de
morrer, chamou seus amigos e lhes disse que a sua doença era
grave, e confessou que essa calamidade lhe sobreviera por causa das
atrocidades que havia cometido contra o povo judeu; ele havia
saqueado o templo e insultado o Senhor Deus. A sua morte foi
horrível, cumprindo-se a profecia de que, por ter-se levantado
contra o Príncipe dos príncipes, seria quebrado sem esforço de mãos
humanas.
“A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira; tu, porém,
preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes” (v.
26). Esse versículo se refere às duas mil e trezentas tardes e manhãs
mencionadas no versículo 14. Esse foi o tempo limitado por Deus
para Antíoco fazer coisas malignas na terra santa.
ANTÍOCO É A PREFIGURAÇÃO DO ANTICRISTO
Tudo o que Antíoco fez prefigura o que o anticristo fará no fim dos
tempos. No começo dos últimos sete anos desta era, o anticristo irá
fazer uma aliança com Israel, provavelmente um acordo de não-
agressão mútua. Os judeus então ficarão despreocupados com
guerras e começarão a edificar o templo. O versículo 25 diz que ele
virá e destruirá a muitos que vivem despreocupadamente. Na
metade dos sete anos, o anticristo se levantará e quebrará a aliança.
Nessa época o templo já estará edificado. Ele então entrará no
santuário e denominar-se-á deus. Exigirá que todo o povo santo o
adore. Quem não o adorar, não terá a marca na fronte e na mão
direita, sem a qual não terá como sobreviver, pois não poderá
comprar nem vender. Então muitos irão adorar a besta a fim de
sobreviver.
Mas haverá os vencedores, os que preferirão morrer a adorar a
besta, e serão martirizados. Tudo isso acontecerá no fim dos tempos.
SER POUPADOS DA GRANDE TRIBULAÇÃO
Por fim Daniel diz: “Eu, Daniel, enfraqueci, e estive enfermo alguns
dias; então me levantei e tratei dos negócios do rei. Espantava-me
com a visão, e não havia quem a entendesse” (v. 27). Daniel não
entendeu por completo a visão. Mas, graças ao Senhor, hoje temos o
quadro completo e podemos compreender o que acontecerá no
futuro.
Por que Deus revelou tais fatos a nós? Para nos encorajar, nos
estimular, a fim de que sejamos vencedores e sejamos poupados da
grande tribulação! Em Apocalipse 3:10-12 há uma palavra dita à
igreja em Filadélfia: “Porque guardaste a palavra da minha
perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há
de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam
sobre a terra. Venho sem demora. Conserva o que tens, para que
ninguém tome a tua coroa. Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário
do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome
do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que
desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome”.
Aleluia! Um mistério antes selado foi revelado a nós! Por quê?
Porque Deus nos ama! Ele deseja que cada um de nós seja um
vencedor e assim seremos guardados da hora da provação. Aleluia!

Capítulo Onze

A VISÃO DAS SETENTA SEMANAS

Leitura bíblica: Dn 9:1-7, 16-19, 24-27


O CUMPRIMENTO DOS SETENTA ANOS DO CATIVEIRO
Chegamos agora no capítulo 9 de Daniel: “No primeiro ano de
Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi
constituído rei sobre o reino dos caldeus, no primeiro ano do seu
reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de
que falara o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de durar as
assolações de Jerusalém, era de setenta anos” (vs. 1-2). O ano dessa
visão foi o primeiro ano de Dario, o medo, por volta de 538 a.C.
Daniel entendeu, pelos livros, que os anos das assolações de
Jerusalém estavam para cumprir-se. Para obter esse entendimento,
ele não se baseou em apenas um livro, mas em “livros”. Esses livros
são Jeremias e Isaías.
Os versículos de Jeremias nos quais se baseou são os seguintes:
“Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações
servirão ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que,
quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei
de Babilônia e a desta nação, diz o Senhor, como também a da terra
dos caldeus; farei deles ruínas perpétuas” (Jr 25:11-12). “Assim diz o
Senhor: Logo que se cumprirem para Babilônia setenta anos
atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa
palavra, tornando a trazer-vos para este lugar” (Jr 29:10).
Daniel teve esse entendimento dois anos antes de Ciro decretar o
retorno dos cativos para Jerusalém, a fim de reedificarem o templo
(536 a.C.). Ao buscar as Escrituras, e ao ler Isaías capítulos 41 a 45,
Daniel entendeu que Ciro, rei da Pérsia, era o servo do Senhor que
seria usado por Ele para libertar os cativos e reedificar o templo (Is
41:2, 25; 42:1a; 44:26-28; 45:1-7, 13-14). Como já dissemos, cremos
que Ciro deve ter tomado conhecimento dessas escrituras por meio
de Daniel, o que deve tê-lo impressionado muito, pois ele é chamado
pelo Senhor por nome, algo registrado cento e sessenta anos antes.
Isso deve tê-lo levado a decretar a libertação e o retorno dos judeus
a Jerusalém a fim de reedificarem o templo (Ed 1).
A ORAÇÃO DE DANIEL
Ao obter esse entendimento, Daniel, antes de qualquer coisa, orou
ao Senhor (9:3-19). Que pediu ele ao Senhor? Ele não orou assim: “Ó
Senhor, Tu prometeste que agora seria o tempo de voltarmos a
Jerusalém para edificar. Queremos voltar agora para reedificar a
cidade”. Muitas vezes oramos assim: “Ó Senhor, o número de irmãos
na igreja é pequeno. Aumenta o número de irmãos. Ó Senhor,
aumenta o encargo dos irmãos quanto à distribuição do jornal, pois
eles têm tido pouco encargo”. Normalmente oramos assim. Não é
que não devemos orar. Mas primeiramente devemos orar a Deus a
respeito de nossa condição. Quando a nossa condição é anormal,
Deus não atende o nosso pedido. Para que Deus atenda o nosso
pedido, devemos ser justos. Deus atende a oração dos justos (Tg
5:16). Daniel era um justo. Ele viu que os setenta anos estavam-se
cumprindo. Era tempo de os israelitas voltarem para reedificar o
templo. Mas ainda estavam em cativeiro; por isso Daniel precisava
orar de tal maneira que levasse Deus a agir em favor do povo.
Com jejum, pano de saco e cinza
O versículo 3 diz: “Voltei o meu rosto ao Senhor Deus, para o
buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza”.
Daniel jejuou com pano de saco e cinza. O jejum indica um encargo
muito pesado, e o pano de saco e cinzas denotam um
arrependimento cabal. Muitas vezes nos arrependemos, mas de
maneira leviana: “Ó Senhor, errei nisso. Perdoa-me. Se Tu achares
que eu errei nisso, lava-me com o Teu sangue precioso”. Se oramos
assim, é porque nem mesmo vimos o nosso pecado. Tal
arrependimento não tem valor algum. Temos de arrepender-nos
cabalmente, mostrando que estamos contristados com o peso de
nossas faltas.
Confessando os pecados
“Orei ao Senhor meu Deus, confessei, e disse (v. 4a)”. Ao orar,
Daniel confessou os pecados. Ao orarmos, primeiro devemos
esvaziar-nos de todas as coisas negativas e encher-nos do Espírito.
Então Deus atenderá as palavras que falarmos. Essa foi a atitude de
Daniel: “Ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e
a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus
mandamentos; temos pecado e cometido iniquidades, procedemos
perversamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus
mandamentos e dos teus juízos; e não demos ouvidos aos teus
servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, nossos
príncipes, e nossos pais, como também a todo o povo da terra” (vs.
4b-6). O povo cometeu pecados por não atentar às palavras dos
profetas. Daniel reconheceu isso, e em nome do povo pediu perdão a
Deus. “A ti, ó Senhor, pertence a justiça mas a nós o corar de
vergonha, como hoje se vê; a nós, os homens de Judá, os moradores
de Jerusalém, todo o Israel, quer os de perto, quer os de longe, em
todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas
transgressões que cometeram contra ti. Ó Senhor, a nós pertence o
corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos
pais, porque temos pecado contra ti” (vs. 7-8). Daniel orou pelo povo
e pelos líderes. Quando oramos, não devemos orar somente por nós,
mas também pelos irmãos e por aqueles que lideram a igreja.
“Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia, e o perdão; pois
nos temos rebelado contra ele, e não obedecemos à voz do Senhor,
nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por
intermédio de seus servos, os profetas. Sim, todo o Israel
transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz; por
isso a maldição e imprecações que estão escritas na lei de Moisés,
servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque temos pecado
contra ele” (vs. 10-11). Em Deuteronômio 27, Moisés ordenou ao
povo que após atravessar o Jordão, seis tribos deveriam estar sobre
o monte Gerizim para abençoar o povo, e seis tribos sobre o monte
Ebal para o amaldiçoar. Se desobedecessem às leis de Deus e aos
Seus mandamentos, as maldições proferidas viriam sobre eles. “Ele
confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e contra os nossos
juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós grande mal, porquanto
nunca debaixo de todo o céu aconteceu o que se deu em Jerusalém.
Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio;
apesar disso, não temos implorado o favor do Senhor nosso Deus,
para nos convertermos das nossas iniquidades, e nos aplicarmos à
tua verdade” (Dn 9:12-13). Por causa da desobediência do povo de
Israel, Deus permitiu que o exército de Babilônia viesse para castigá-
los.
Os versículos 16 a 19 dizem: “Ó Senhor, segundo todas as tuas
justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém,
do teu santo monte; porquanto por causa dos nossos pecados, e por
causa das iniquidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o teu
povo opróbrio para todos os que estão em redor de nós. Agora, pois,
ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas súplicas, e sobre
o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por amor do
Senhor. Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus
olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada
pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a
tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas
misericórdias. Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-
nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu;
porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome”.
Vejam que encargo pesado tinha ele. Antes de pedir que Deus fizesse
qualquer coisa, confessou primeiramente os pecados do povo. Para
que as nossas orações sejam atendidas e tenham eficácia,
precisamos primeiramente confessar os nossos pecados.
No versículo 20 vemos algo precioso que nos serve de exemplo e
orientação: “Falava eu ainda, e orava, e confessava o meu pecado e o
pecado do meu povo Israel, e lançava a minha súplica perante a face
do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus”. Daniel,
confessou primeiramente o seu pecado, e, depois, os pecados do seu
povo Israel; ele não orou pelos seus próprios interesses, mas orou
pelo monte santo de Deus. Esse é um bom modelo de oração.
Isaías também certa vez orou confessando que era homem de
lábios impuros, habitando no meio dum povo de impuros lábios (Is
6:5). Então veio um serafim trazendo uma brasa viva do altar, e com
ela tocou-lhe a boca, dizendo que a sua iniquidade havia sido tirada
e o seu pecado perdoado (vs. 6-7). Nós, que desejamos servir ao
Senhor, já nos purificamos? Já nos esvaziamos? Já pedimos ao
Senhor que nos purifique os lábios com brasas vivas, para que nossa
boca seja santificada? Nós que queremos participar do serviço na
igreja, primeiro precisamos resolver o problema da nossa pessoa.
Devemos ser justos e a nossa boca deve ser santa e pura.
A RESPOSTA DE DEUS
A oração de Daniel foi atendida por Deus: “Falava eu, digo, falava
ainda na oração, quando o homem Gabriel, que eu tinha presenciado
na minha visão ao princípio, veio rapidamente, voando, e me tocou à
hora do sacrifício da tarde. Ele queria instruir-me, falou comigo, e
disse: Daniel, agora saí para fazer-te entender o sentido” (Dn 9:21-
22). Depois de Daniel confessar seus pecados e ter se esvaziado
interiormente, vieram-lhe a sabedoria e o entendimento para
entender as visões que Deus lhe havia mostrado.
Disse-lhe Gabriel: “No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e
eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a
coisa, e entende a visão” (v. 23). Amados irmãos, quando a nossa
oração tem base correta, ela é eficaz. Nem ainda terminamos de orar
e Deus já começa a trabalhar, enviando Gabriel ao nosso meio,
concedendo-nos o entendimento e a sabedoria para entender as
visões.
Muitos filhos de Deus têm lido o livro de Daniel, mas quantos
realmente entendem as palavras faladas aqui? Se não tivermos uma
oração de esvaziamento interior, não teremos como receber o
espírito de sabedoria e de revelação. Todos queremos compreender
a visão que nos é mostrada aqui. Esperamos que todos nós
possamos esvaziar-nos diante do Senhor. Não apenas devemos ver o
significado das setenta semanas, compostas de sete semanas, mais
sessenta e duas, e mais a última semana. Isso não é suficiente.
Temos de entender o que Deus quer falar conosco na Sua palavra.
Precisamos de sabedoria e entendimento.
A VISÃO DAS SETENTA SEMANAS
Vejamos agora a profecia das setenta semanas: “Setenta semanas
estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade
para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para
expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e
a profecia, e para ungir o Santo dos Santos. Sabe, e entende: desde a
saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao
Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas: as
praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos
angustiosos” (vs. 24-25). Prestemos atenção: aqui não diz “desde a
saída da ordem para restaurar e edificar o templo”, mas “para
restaurar e edificar Jerusalém”. Essa não é a ordem decretada por
Ciro em 536 a.C., para que os judeus retornassem a Jerusalém para
reedificarem o templo. Essa foi a ordem para restaurar e edificar
Jerusalém, dada pelo rei Artaxerxes I, no vigésimo ano do seu
reinado, no ano 445 a.C. (Ne 2).
Os versículos 25 e 26 dizem que transcorreriam sete semanas, isto
é, quarenta e nove anos, desde a ordem para restaurar e edificar
Jerusalém até o término da reedificação, incluindo praças e
circunvalações; e sessenta e duas semanas, ou seja, quatrocentos e
trinta e quatro anos, desde o término da reedificação de Jerusalém
até o Messias (Cristo) ser morto.
Portanto, o intervalo desde a ordem para reedificar Jerusalém até a
crucificação de Cristo é de sessenta e nove semanas, que
correspondem a quatrocentos e oitenta e três anos.
A nossa ênfase não é dar muita atenção aos números. O que
queremos é ver o sentido espiritual de tudo isso. Depois que Cristo
foi morto na cruz, a história de Israel sofreu uma interrupção,
parando na sexagésima nona semana. Ainda falta a última semana,
de sete anos, para completar as setenta semanas. Essa última
semana ocorrerá nos últimos dias.
O intervalo entre a sexagésima nona e a última semana é a era em
que vivemos hoje, a era da igreja, a era da graça. Esta é a era para
Deus cumprir a Sua economia. Quanto tempo durará esta era? Não
sabemos. Já se passaram 1993 anos. Tudo indica que estamos perto
dos últimos dias. Por isso Deus nos está abrindo o livro de Daniel a
fim de encorajar-nos. Aleluia!
O versículo 26 continua: “Depois das sessenta e duas semanas será
morto o Ungido, e já não estará; e o povo de um príncipe, que há de
vir, destruirá a cidade e o santuário”. Isso se refere ao ano 70 d. C.,
quando o príncipe romano Tito destruiu a cidade de Jerusalém,
cumprindo a profecia do Senhor Jesus que não ficaria pedra sobre
pedra.
“E o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra;
desolações são determinadas. Ele fará firme aliança com muitos por
uma semana” (vs. 26b-27a). Este é o anticristo, tipificado pelo
príncipe romano Tito do versículo 26, pelo pequeno chifre do
capítulo 7, e por Antíoco Epifânio do capítulo 8.
No início da última semana ele fará firme aliança com muitos. No
começo não terá muito poder, porém, usará de artimanhas e fará
aliança com muitas nações, propondo que não haja mais guerras
para que o mundo viva em paz. Muitos lhe darão ouvidos e farão
aliança com ele. Ele também fará aliança com a nação de Israel, que,
creio eu, será uma potência naquela época. Israel, então, se dedicará
totalmente à edificação do templo. No meio dos sete anos, quando
tudo parecer tranquilo e firme, repentinamente, o anticristo violará
a aliança: “Na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador” (v. 27).
Tomará Israel, e destruirá tudo que é ligado à adoração judaica. Fará
cessar os sacrifícios e profanará o templo, ali assentando-se e
colocando nele a sua imagem, a abominação da desolação.
Mas graças ao Senhor, o seu domínio será tirado, e ele será
destruído e consumido até o fim (7:26). O Senhor virá com Seus
vencedores e derrotará o anticristo no final dos últimos três anos e
meio, após o que o anticristo será lançado no lago de fogo. “Até que a
destruição, que está determinada, se derrame sobre ele” (9:27b).
Isso foi o que Gabriel mostrou a Daniel. Creio que Daniel ficou
consolado com o que ouviu, pois entendeu que o sofrimento do seu
povo seria temporário, e que no fim receberia o reino (7:18, 22).
Amados irmãos, hoje, na vida da igreja, amemo-nos uns aos outros,
vivamos em harmonia e unanimidade. Se formos fiéis à Sua palavra,
e não negarmos o Seu nome, seremos guardados da hora da
provação (Ap 3:10). Se temos erros, arrependamo-nos cabalmente, e
nos esvaziemos a fim de nos enchermos do Espírito. Que o Senhor
nos faça vencedores.

Capítulo Doze

A VISÃO SOBRE O CRISTO EXCELENTE

Leitura bíblica: Dn 10:1-21


No capítulo 10, Daniel teve a visão sobre o Cristo excelente. Essa
visão ocorreu no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia: “No terceiro ano
de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome
se chama Beltessazar; a palavra era verdadeira, e envolvia grande
conflito; ele entendeu a palavra, e teve a inteligência da visão.
Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar
desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca,
nem me untei com óleo algum, até que passaram as três semanas
inteiras” (vs. 1-3). Daniel estava extremamente perturbado pelo que
viu. Naquelas três semanas ficou muito angustiado e triste ao saber
do grande conflito que ocorreria até o fim.
A VISÃO DO CRISTO EXCELENTE EM DANIEL 10
Estava ele à margem do grande rio Tigre (v. 4), ao norte, na região
da Assíria. “Levantei os olhos, e olhei, e eis um homem vestido de
linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz; o seu
corpo era como o berilo, o seu rosto como um relâmpago, os seus
olhos como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam
como bronze polido, e a voz das suas palavras como o estrondo de
muita gente. Só eu, Daniel, tive aquela visão; os homens que estavam
comigo nada viram, não obstante, caiu sobre eles grande temor, e
fugiram e se esconderam” (vs. 5-7). Essa visão se assemelha àquela
que Paulo teve a caminho de Damasco, quando subitamente uma luz
do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que
lhe falava. Os seus companheiros de viagem ouviram a voz, mas não
viram ninguém (At 9:3-4, 7).
O homem visto por Daniel é Cristo, como a centralidade e a
universalidade da economia de Deus. É o Cristo excelente. Ele não é
somente o Filho do homem, é também o próprio Deus. Esse Cristo
ainda se apresenta em outros lugares com diferentes aspectos.
O ANCIÃO DE DIAS
No capítulo 7, na visão dos quatro animais, Daniel viu tronos, e o
Ancião de dias assentado. A Sua veste era branca como a neve, e os
cabelos da cabeça como a pura lã; o Seu trono era chamas de fogo,
cujas rodas eram fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía diante
dele. Milhares de milhares O serviam, e miríade de miríade estavam
diante Dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros (vs. 9-10).
Este era o mesmo que Daniel viu no capítulo 10.
AQUELE SENTADO NO TRONO EM APOCALIPSE 4
Apocalipse 4:1-2a dizem: “Depois destas cousas olhei, e eis não
somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que
ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e
te mostrarei o que deve acontecer depois destas cousas.
Imediatamente eu me achei em espírito, e eis armado no céu um
trono, e no trono alguém sentado”. Para que João pudesse ver tal
visão, primeiramente ele precisava achar-se em espírito. Se não
estamos no espírito não podemos ver nenhuma visão. Não podemos
ver a visão na esfera mental. Não use somente a sua mente, use
também o seu espírito. Não quer dizer que não devemos usar a
mente, mas que a mente deve ser posta no espírito.
Achando-se em espírito, João viu “armado no céu um trono, e no
trono alguém sentado; e esse que se acha assentado é semelhante no
aspecto a pedra de jaspe e de sardônio” (Ap 4:2b-3a). Ao Seu redor
havia muitos que O serviam. A Sua aparência de pedra de jaspe e de
sardônio aqui corresponde ao corpo de berilo de Daniel 10. Todas
essas pedras são preciosas.
Apocalipse 4:5b-6a dizem que “diante do trono ardem sete tochas
de fogo, que são os sete espíritos de Deus. Há diante do trono um
como que mar de vidro, semelhante ao cristal”. O fogo diante do
trono de Deus aqui corresponde à visão de Daniel no capítulo 7.
O METAL BRILHANTE E OS SERES VIVENTES EM EZEQUIEL 1
Ezequiel 1:4 diz: “Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do
norte, e uma grande nuvem, com fogo a revolver-se, e resplendor ao
redor dela, e no meio disto uma cousa como metal brilhante que saía
do meio do fogo”. Aqui a nuvem era de fogo, e no meio do fogo algo
como metal brilhante. Esse metal brilhante representa Deus. O
versículo 7 fala a respeito dos seres viventes que estavam no meio
da nuvem: “As suas pernas eram direitas, a planta de cujos pés era
como a de um bezerro, e luzia como o brilho de bronze polido”. Na
visão de Daniel 10 os pés daquele homem brilhavam como bronze
polido, o Seu rosto era como relâmpago e os Seus olhos como tochas
de fogo (v. 6).
Em Ezequiel 1:13 vemos ainda que o aspecto dos seres viventes era
como carvão em brasa, à semelhança de tochas; o fogo corria
resplendente por entre os seres, e dele saíam relâmpagos.
Em todos esses versículos que lemos há a menção do fogo. O trono
é de fogo, as rodas são de fogo, um rio de fogo manava e saía do
trono, os pés dos quatro seres viventes em Ezequiel 1 e do homem
em Daniel 10 brilhavam como bronze polido, denotando que
passaram pela provação do fogo. O aspecto dos seres viventes em
Ezequiel 1 era como carvão em brasa, à semelhança de tochas, e os
olhos do homem em Daniel 10 era como tochas de fogo.
O QUE RECEBEU O DOMÍNIO, A GLÓRIA E O REINO EM DANIEL 7
Esse homem mencionado em Daniel 10 é o Filho do homem que
Daniel viu no capítulo 7 vindo com as nuvens do céu, e que recebeu
do Ancião de dias o domínio, a glória e o reino. O Seu domínio é
domínio eterno, que não passará, e o Seu reino jamais será destruído
(7:13-14).
Esse homem de Daniel 10 também é Aquele que julgará o pequeno
chifre de Daniel 7 (o qual proferirá palavras contra o Altíssimo e
magoará os Seus santos), tirando-lhe o domínio, destruindo-o e
consumindo-o até o fim (7:25-26). O Seu reino será eterno, e todos
os domínios O servirão e Lhe obedecerão (v. 27).
O SUMO SACERDOTE EM APOCALIPSE 1
O homem em Daniel 10 estava vestido de linho. Ele é o mesmo visto
por João em Apocalipse 1:13: “E, no meio dos candeeiros, um
semelhante a filho de homem, com vestes talares, e cingido à altura
do peito com uma cinta de ouro”. Ele é o próprio Cristo.
O JUIZ DE TODA A TERRA
Todas as autoridades na terra lutam entre si. Mas nos céus há um
trono, e Um que está assentado sobre ele. Tudo que acontece está
debaixo das Suas soberanas mãos. E um dia Ele virá para julgar a
terra. Deus já julgou a criação duas vezes: na primeira, por causa da
rebelião de Satanás e de seus anjos, julgou o mundo pré-adâmico
com água (Gn 1:2); na segunda, na época de Noé, devido ao pecado
contínuo da humanidade, julgou a terra com o dilúvio. Após o
dilúvio, Deus fez uma aliança com Noé que jamais destruiria a terra
com dilúvio. Isso não quer dizer que Deus não mais julgaria a terra.
Sabemos que o juízo vindouro será com fogo. Todos os governos
humanos serão julgados por Deus. Hoje há muitos conflitos e
batalhas entre os governos humanos, mas o seu fim será o juízo.
O CRISTO EXCELENTE EM DANIEL 10
Busquemos agora a revelação preciosa dos versículos de Daniel 10.
Os versículos 5 a 9 descrevem-nos uma pessoa maravilhosa. Quem
é? É Cristo. Essa descrição assemelha-se à descrição do Senhor em
Apocalipse 1:13-16. O versículo 5 diz: “Levantei os olhos, e olhei, e
eis um homem vestido de linho” (Dn 10). As vestes sacerdotais eram
feitas de linho. Isso denota que Cristo é o Sumo Sacerdote, para
cuidar do Seu povo escolhido. Seus “ombros estavam cingidos de
ouro puro de Ufaz” (v. 5b). Os reis se cingiam de ouro. Isso denota
que Cristo, além de Sumo Sacerdote, é também Rei, para governar
sobre todos os povos.
“Seu corpo era como o berilo” (v. 6a). O berilo denota a
preciosidade e a dignidade de Cristo, para o apreço das pessoas. Ele
é transparente, formoso e resplandecente. “Seu rosto como um
relâmpago” (v. 6b). O relâmpago tem um fulgor muito intenso.
Assim é o rosto de Cristo, cheio de resplendor, para resplandecer
sobre as pessoas. “Seus olhos como tochas de fogo” (v. 6c). Vimos em
Ezequiel 1 que os seres viventes, que tipificam o Filho do homem, se
assemelhavam a carvão em brasa, a tochas de fogo. Em Apocalipse 4
vemos que diante do trono ardem sete tochas de fogo, que são os
sete Espíritos de Deus. Por um lado essas tochas são para iluminar
os homens, por outro, para nos sondar e expor. Todas as coisas
negativas, uma vez expostas, são queimadas por esse fogo. Cristo
vem iluminar-nos e expor em nós tudo aquilo que não é devido.
Mas, em Apocalipse 5, temos os sete olhos do Cordeiro. Os olhos de
fogo são para sondar, expor e julgar. Mas os olhos do Cordeiro são
para infusão de vida, para dispensar-se a Si mesmo para dentro de
nós. Mas se estivermos errados, Ele virá julgar-nos.
“Os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido” (Dn
10:6d). Em Ezequiel 1 vimos que os pés dos seres viventes
brilhavam como bronze polido. O Filho do homem em Apocalipse 1
também tinha os pés semelhantes ao bronze polido. Na Bíblia,
bronze representa julgamento. O bronze polido é um bronze que
passou pelo refino do fogo. O nosso Senhor Jesus passou pelo
julgamento de Deus; por isso Ele pode julgar a todos.
“A voz das suas palavras era como estrondo de muita gente” (v. 6b).
Isso corresponde à voz do Filho do homem em Apocalipse 1, que era
como voz de muitas águas (v. 15), uma voz estrondosa para julgar as
pessoas.
AQUELE QUE SUPRE E QUE JULGA
O Senhor Jesus que vemos em Apocalipse 1 é Aquele que anda no
meio dos candelabros de ouro, suprindo as igrejas. Ao ver que falta
azeite aos candelabros, Ele, como Sumo Sacerdote, acrescenta azeite.
Quando falta brilho nas igrejas é porque falta o azeite, o Espírito.
Quando percebemos tal situação devemos orar: “Senhor Jesus, Tu és
o Filho do homem que anda no meio dos candelabros de ouro.
Senhor, temos tido pouca luz, pois falta-nos o Espírito. Senhor,
acrescenta-nos mais azeite”. Mas, às vezes, não é por falta de azeite
que o brilho se torna fraco, e, sim, porque o morrão está velho. Que
fazer então?
No espírito somos sempre novos. Mas na mente, envelhecemos
facilmente, e o nosso pavio começa a enegrecer-se. Quando o
morrão fica carbonizado, já não absorve o azeite, e o brilho
enfraquece. Então o nosso Sumo Sacerdote vem com a espevitadeira
para cortar fora o morrão queimado, a fim de que a luz possa voltar
a brilhar. O Senhor é Aquele que sempre está olhando por nós, e nos
supre.
O Cristo na visão de Daniel é Aquele que julga. Todas as coisas
estão sob o governo deste Cristo. Ele é a pedra cortada sem auxílio
de mãos que esmiuçará a grande imagem humana. Ele virá para
julgar. Por fim a pedra se tornará em grande montanha que encherá
toda a terra. Esse será o reino de nosso Senhor e do Seu Cristo (Ap
11:15). Esse Cristo excelente é a centralidade e a universalidade da
economia de Deus.
A LUTA ESPIRITUAL NOS CÉUS
Depois que Daniel contemplou essa grande visão, não restou força
nele e o seu rosto mudou de cor e se desfigurou (Dn 10:8). “Contudo,
ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo-a, caí sem sentido, rosto em
terra. Eis que certa mão me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre os
meus joelhos e as palmas das minhas mãos” (vs. 9-10). Para as
nações que Lhe provocam a ira o Senhor se apresenta como fogo
consumidor, mas, para os justos, Ele é amável. “Ele me disse: Daniel,
homem muito amado, está atento às palavras que te vou dizer, e
levanta-te sobre os pés; porque eis que te sou enviado. Ao falar ele
comigo esta palavra, eu me pus em pé tremendo. Então me disse:
Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia, em que aplicaste o
coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram
ouvidas as tuas palavras; e por causa das tuas palavras é que eu vim”
(vs. 11-12). Vemos aqui a eficácia da oração de Daniel. Foi por causa
da sua oração que o mensageiro lhe foi enviado.
O versículo 13 nos diz que o príncipe maligno do reino da Pérsia
resistiu ao mensageiro angélico que havia sido enviado a Daniel, por
vinte e um dias, o mesmo número de dias em que Daniel pranteou.
Mas Miguel, um dos primeiros príncipes, foi ajudá-lo e obteve vitória
sobre os reis da Pérsia.
“Agora vim para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo
nos últimos dias; porque a visão se refere a dias ainda distantes” (v.
14). Esses dias são os dias da última semana.
“Ao falar ele comigo estas palavras, dirigi o olhar para a terra, e
calei. E eis que uma como semelhança dos filhos dos homens me
tocou os lábios; então passei a falar, e disse àquele que estava diante
de mim: Meu senhor, por causa da visão me sobrevieram dores, e
não me ficou força alguma. Como, pois, pode o servo do meu senhor
falar com o meu senhor? porque, quanto a mim, não me resta já
força alguma, nem fôlego ficou em mim. Então me tornou a tocar
aquele semelhante a um homem, e me fortaleceu; e disse: Não
temas, homem muito amado, paz seja contigo; sê forte, sê forte. Ao
falar ele comigo, fiquei fortalecido, e disse: Fala, meu senhor, pois
me fortaleceste. E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a
pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o
príncipe da Grécia. Mas eu te declararei o que está expresso na
escritura da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra
aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe” (vs. 15-21).
Aqui há dois príncipes malignos, um do reino da Pérsia, e o outro,
do reino da Grécia. Isso nos indica que quando estamos pelejando
aqui na terra, há também uma peleja no céu. É a guerra espiritual.
Por isso precisamos orar. A nossa luta é contra Satanás, contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes
(Ef 6:12). Quando o Senhor revela algo à igreja a fim de que ela
pratique a Sua revelação, Satanás intervém, para desistirmos da
prática. Quando suprimos os filhos de Deus com a literatura, Satanás
resiste. Amados irmãos, não desanimemos quando as pessoas não
aceitam as nossas palavras. Não são elas, na verdade, que as
rejeitam, e, sim, Satanás que está por detrás delas, cegando seus
olhos para impedi-las de ver a visão que lhes queremos mostrar.
Não temamos. Miguel está lutando por nós no céu. Estejamos em
paz, porque a batalha não é nossa; é do Senhor. Devemos orar para
que Miguel possa prevalecer contra os príncipes malignos. Pelo fato
de nosso Senhor ser sempre vitorioso, a igreja também será
vitoriosa. Oremos intensamente, oremos desesperadamente, oremos
sem cessar. Quando oramos, Deus age nos céus. Quando oramos,
Miguel prevalece sobre Satanás. Sejamos fortes e corajosos. Os céus
estão pelejando por nossa causa! Aleluia!

Capítulo Treze

A VISÃO SOBRE OS REIS DO NORTE E DO


SUL

Leitura bíblica: Dn 11:1-7, 32-35


TODAS AS COISAS ESTÃO DEBAIXO DO CONTROLE CELESTIAL
Neste capítulo veremos que tudo o que acontece com o governo
humano está sob o controle do nosso Rei celestial. Deus falou a
Nabucodonosor, rei de Babilônia, que o Altíssimo tem domínio sobre
o reino dos homens e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos
homens constitui sobre eles (Dn 4:17b). Especialmente nos
capítulos 10, 11 e 12 podemos ver que tudo o que se passa aqui na
terra está debaixo das mãos Daquele que está nos céus.
O capítulo 11 trata do destino do povo de Israel a partir do fim do
reino da Pérsia até os últimos três anos e meio desta era. Prevê o
surgimento de vários reis do Norte e do Sul e as guerras entre eles.
Os reis do Norte são os reis da dinastia dos Selêucidas, da Síria, a
qual, nos quarenta anos seguintes à morte de Alexandre o Grande,
em 323 a.C., obteve o domínio da Ásia Menor, Síria, Babilônia e
Pérsia. Os reis do Sul são os reis da dinastia dos Ptolomeus, do Egito.
Esses reis eram malignos, perversos e cheios de artimanhas. Tudo o
que ambos fizeram, no entanto, esteve sob o controle do governo
celestial.
Nosso objetivo não é dar uma aula de história ou perder-nos em
nomes de reis. O nosso alvo é mostrar que tudo o que se passa na
terra está debaixo do governo celestial. Deus, na verdade, já havia
determinado quem seriam os reis desses reinos, antes mesmo de
eles aparecerem: quem se levantaria, quem morreria, quem seria o
sucessor, as guerras que haveria entre eles. Os governantes
humanos pensam que são poderosos, que possuem um exército
forte e que podem conquistar os reinos que quiserem, mas na
verdade, Deus é quem determina o destino das nações.
Há uma luta espiritual por detrás das lutas na terra.
Aparentemente neste capítulo vemos guerras entre dois reis, mas
Daniel viu o que estava por detrás delas. Ele viu as lutas do
mensageiro angélico e de Miguel, o príncipe de Israel, contra os
príncipes da Pérsia e da Grécia (Dn 10:13, 20-21). Tudo o que
acontece na terra, reflete no céu. Quando lutamos pelo mover do
Senhor, temos de perceber que há também uma luta celestial. O
Senhor e Seu exército celeste está lutando por nós.
O versículo 1 do capítulo 11 diz: “Mas eu, no primeiro ano de Dario,
o medo, me levantei para o fortalecer e animar”. Dario, o medo, foi
quem conquistou Babilônia, no tempo de Belsazar, quando Daniel
interpretou a escritura na parede. No seu primeiro ano de reinado, o
mensageiro angélico se levantou para o fortalecer e animar.
“Agora eu te declararei a verdade” (v. 2). As palavras faladas a
partir do versículo 2 são acontecimentos futuros. Os nomes dos reis
não são mencionados, mas temos detalhes impressionantes sobre
eles. A Bíblia é de fato maravilhosa. Ao lermos um capítulo como
este, geralmente ficamos confusos, e não tiramos proveito dele. Mas
ao conferirmos o seu conteúdo com a história, verificamos como
cada item se cumpriu nos seus mínimos detalhes. Isso é um grande
encorajamento para nós. Isso é mais uma prova de que a Bíblia é a
verdadeira e imutável palavra de Deus.
PROFECIA A RESPEITO DA PÉRSIA
“Eis que ainda três reis se levantarão na Pérsia, e o quarto será
cumulado de grandes riquezas mais do que todos; e, tornado forte,
por suas riquezas, empregará tudo contra o reino da Grécia” (v. 2b).
Daniel teve essa visão no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, que
reinou em Babilônia de 536 a 530 a.C. Os três reis que se
levantariam depois de Ciro são Cambises (529-522 a.C.), Smerdis
(522-521 a.C.), um impostor que usurpou o trono, e Dario I, filho de
Histaspes (521-486 a.C.), também conhecido como Dario o Grande,
que recuperou o trono. Esse Dario foi quem permitiu que os judeus
que retornaram a Jerusalém recomeçassem o trabalho da
reedificação do templo (Ed 4:5; 6:6-12; Ag 1:1; Zc 1:1), sob a
liderança de Josué e Zorobabel, após a obra ter sido interrompida
por dezesseis anos (Ed 4:24). O quarto rei é Xerxes, que reinou do
ano 486 a 465 a.C., também conhecido por Assuero no livro de Ester.
Foi um rei poderoso e cheio de riquezas que despendeu
considerável energia na tentativa de conquistar a Grécia, quase que
a única região do mundo conhecida ainda fora do domínio persa. Foi
derrotado na grande expedição empreendida contra a Grécia em
480 a.C.
PROFECIA A RESPEITO DA GRÉCIA
“Depois se levantará um rei, poderoso, que reinará com grande
domínio, e fará o que lhe aprouver” (v. 3). Esse rei é Alexandre o
Grande, o jovem rei da Grécia que derrotou o último rei persa, Dario
III Codomano, em 331 a.C. Foi um rei extraordinário, representado
pelo chifre notável do bode em Daniel 8:5. Tornou-se rei em 336 a.C.
aos vinte anos, e em apenas três anos, 334 a 331 a.C., devastou a
Ásia Menor, a Síria, o Egito e a Mesopotâmia. Isso confirma a sua
velocidade e agilidade nas conquistas e a razão de ser representado
pelo leopardo, animal ágil e veloz, em Daniel 7:6.
“Mas, no auge, o seu reino será quebrado, e repartido para os
quatro ventos do céu. Mas não para a sua posteridade, nem tão
pouco segundo o poder com que reinou, porque o seu reino será
arrancado e passará a outros fora de seus descendentes” (v. 4).
Alexandre morreu em 323 a.C., no auge do seu poder, com trinta e
três anos. Após sua morte, seu reino foi dividido, não entre seus
filhos, mas entre seus quatro generais (os quatro ventos do céu):
Cassandro ficou com a Macedônia, Lisímaco com a Trácia, incluindo
a Ásia Menor, Seleuco com a Síria, e Ptolomeu com o Egito e os
países vizinhos.
PROFECIA A RESPEITO DO EGITO E DA SÍRIA
Os versículos 5 a 20 descrevem as constantes guerras entre os reis
do Norte (os Selêucidas, da Síria) e os reis do Sul (os Ptolomeus, do
Egito). O versículo 5 diz: “O rei do Sul será forte, como também um
de seus príncipes; este será mais forte do que ele, e reinará e será
grande o seu domínio”. O “rei do Sul” aqui é Ptolomeu I Sóter (323-
285 a.C.), o primeiro rei da dinastia dos Ptolomeus, do Egito. O
“príncipe” é Seleuco I Nicátor (312-281 a.C.), fundador da dinastia
dos Selêucidas, da Síria, cujo reino se estendeu da Palestina até a
Índia. O fato de a Palestina ficar na região fronteiriça entre os dois
reinos, trouxe muitas tribulações a Israel. Cada vez que um rei saía à
guerra contra o outro, passava por Jerusalém, causando morte e
destruição.
O versículo 6 diz: “Mas, ao cabo de anos, eles se aliarão um com o
outro; a filha do rei do Sul casará com o rei do Norte, para
estabelecer a concórdia; ela, porém, não conservará a força do seu
braço, ele não permanecerá, nem o seu braço, porque ela será
entregue, e bem assim os que a trouxeram, e seu pai, e o que a
tomou por sua naqueles tempos”. Antíoco II Teós (261-246 a.C.),
terceiro rei da Síria, estava em guerra contra Ptolomeu II Filadelfo
(285-247 a.C.), segundo rei do Egito. A paz foi restaurada sob a
condição de Antíoco repudiar sua mulher Laodice, com seus dois
filhos, e casar-se com Berenice, a filha de Ptolomeu, e que o filho
gerado de Berenice fosse o herdeiro de Antíoco. Esse foi um
casamento político, mas o versículo 6 já previa que não iria dar
certo. O casamento ocorreu em 252 a.C., mas quando Ptolomeu
morreu em 247 a.C., Antíoco recebeu de volta Laodice, sua primeira
esposa. Esta, temendo outro divórcio, envenenou seu marido;
envenenou também a Berenice e o filho que esta tivera de Antíoco e
os membros da sua comitiva. Então Seleuco II Calínico (246-226
a.C.), filho de Laodice, assumiu o trono da Síria.
Aqui vemos como a política é suja. Na política, os inimigos aliam-se
um ao outro por interesses pessoais. Por isso na vida da igreja não
deve haver política, algo do governo do mundo que nada tem a ver
conosco que estamos sob o governo celestial.
“Mas de um renovo da linhagem dela um se levantará em seu lugar,
e avançará contra o exército do rei do Norte e entrará na sua
fortaleza, agirá contra eles, e prevalecerá” (v. 7). Esse versículo se
refere a Ptolomeu III Evérgetes (247-222 a.C.) do Egito, irmão de
Berenice, o qual vingou a morte de sua irmã. Ele invadiu o território
de Seleuco II Calínico e matou a Laodice, a esposa de Antíoco II Teós.
“Também aos seus deuses com a multidão das suas imagens
fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e ouro, levará
como despojo para o Egito; por alguns anos ele deixará em paz o rei
do Norte” (v. 8). Após ter invadido a Síria, Ptolomeu III levou para o
Egito aproximadamente 135 toneladas de ouro, 1.350 toneladas de
prata e 2.500 ídolos e utensílios pagãos.
“Mas depois este avançará contra o reino do rei do Sul, e tornará
para a sua terra” (v. 9). Seleuco Calínico então tentou invadir o Egito,
mas sem êxito, e voltou derrotado para a Síria.
“Os seus filhos farão guerra, e reunirão numerosas forças; um deles
virá apressadamente, arrasará tudo e passará adiante; e, voltando à
guerra, a levará até à fortaleza do rei do Sul” (v. 10). Esses são os
dois filhos de Seleuco II Calínico, a saber, Seleuco III Cerauno (226-
223 a.C.), que foi assassinado em 223 a.C., e Antíoco III o Grande
(223-187 a.C.), que obteve êxito num ataque ao rei do Sul, Ptolomeu
IV Filopátor (222-205 a.C.).
O versículo 11 diz: “Então este se exasperará, sairá, e pelejará
contra ele, contra o rei do Norte; este porá em campo grande
multidão, mas a sua multidão será entregue nas mãos daquele”.
Ptolomeu Filopátor, ao ser atacado por Antíoco o Grande, saiu para
pelejar contra ele. Antíoco pôs em campo um grande exército, mas
foi derrotado na batalha de Ráfia em 217 a.C.
“A multidão será levada, e o coração dele se exaltará; ele derrubará
miríades, porém não prevalecerá” (v. 12). Se após a batalha de Ráfia
Ptolomeu Filopátor tivesse continuado a pressionar Antíoco, talvez
tivesse consolidado para sempre a sua vitória. Mas o seu orgulho e
indulgência o impediram de fazê-lo, de modo que ele não foi
fortalecido pela sua vitória em Ráfia.
“Porque o rei do Norte tornará, e porá em campo multidão maior
do que a primeira, e ao cabo de tempos, isto é, de anos, virá à pressa
com grande exército e abundantes provisões” (v. 13). Nessa época
(205 a.C.) Ptolomeu Filopátor havia morrido e deixado no trono seu
filho menor, Ptolomeu V Epifânio (205-181 a.C.), de 5 anos. Antíoco
o Grande então se aproveitou da oportunidade para reconquistar o
seu território perdido. Fortalecido pela aliança com Filipe V da
Macedônia e ajudado pelas revoltas internas que haviam irrompido
no Egito, Antíoco atacou o Egito com um exército maior do que o que
tinha quando foi derrotado em Ráfia treze anos antes.
“Naqueles tempos se levantarão muitos contra o rei do Sul;
também os dados à violência dentre o teu povo se levantarão para
cumprirem a profecia, mas cairão” (v. 14). Esse versículo se refere
ao descontentamento e às revoltas internas que surgiram no Egito
após a morte de Ptolomeu Filopátor. Os dados à violência dentre o
povo de Israel são os judeus rebeldes que tomaram partido com
Antíoco III, esperando ganhar algo em retribuição, mas caíram.
“O rei do Norte virá, levantará baluartes, e tomará cidades
fortificadas; os braços do Sul não poderão resistir, nem o seu povo
escolhido, pois não haverá força para resistir” (v. 15). O resultado
dessa investida de Antíoco o Grande foi a derrota total do exército
de Ptolomeu em Paneia, em 198 a.C. Scopas, o general egípcio, fugiu
para Sidom, uma das cidades egípcias mais fortificadas. Antíoco
sitiou a cidade e forçou os egípcios a se renderem, expulsando para
sempre as forças de Ptolomeu da região da Síria-Palestina, passando
esta, assim, definitivamente para o domínio sírio.
“O que, pois, vier contra ele, fará o que bem quiser, e ninguém
poderá resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo estará em suas
mãos” (v. 16). A vitória de Antíoco o Grande sobre Ptolomeu foi
completa, e ninguém lhe podia resistir. A “terra gloriosa” se refere à
Palestina.
O versículo 17 diz: “Resolverá vir com a força de todo o seu reino, e
entrará em acordo com ele, e lhe dará uma jovem em casamento,
para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará, nem será para a
sua vantagem”. Antíoco reuniu todas as suas forças por terra e mar,
visando invadir e conquistar o Egito. Mas os egípcios pediram a
proteção dos romanos, que naquela época estavam crescendo em
poder. Roma, então, intimou Antíoco a deixar o Egito em paz. Isso
levou-o a mudar de tática. Determinado a expandir o seu domínio
para o ocidente, e usando de astúcia, propôs ao jovem Ptolomeu V
Epifânio que se casasse com a sua jovem filha Cleópatra. Seu
objetivo era que ela servisse aos propósitos do pai contra o marido.
Mas isso não funcionou, pois ela foi fiel a seu marido. Quando o
cônsul Cipião derrotou Antíoco em Magnésia em 190 a.C., Cleópatra
congratulou os romanos pela vitória.
“Depois se voltará para as terras do mar, e tomará muitas; mas um
príncipe fará cessar-lhe o opróbrio, e ainda fará recair este opróbrio
sobre aquele. Então voltará para as fortalezas da sua própria terra;
mas tropeçará e cairá, e não será achado” (vs. 18-19). Antíoco voltou
as suas conquistas para as cidades marítimas da Ásia Menor.
Atravessou o Helesponto e entrou na Europa, apoderando-se da
Trácia. Os romanos então exigiram que ele se retirasse da Europa e
emancipasse todas as comunidades autônomas da Ásia Menor.
Antíoco se recusou a obedecer, mas foi decisivamente derrotado na
batalha de Magnésia em 190 a.C., pelo cônsul Lúcio Cornélio Cipião,
o “príncipe” de que fala o versículo. Foi então obrigado a abandonar
todos os territórios conquistados na Europa e na Ásia Menor, ao
ocidente dos Montes Taurus, a entregar seus elefantes e sua frota
naval, a fornecer reféns, entre os quais seu filho Antíoco IV, e a pagar
uma pesada indenização de guerra. No esforço de levantar dinheiro
para pagar o tributo, atacou o templo de Bel em Elimaida, na Pérsia,
porém ele e seus soldados foram mortos pelos habitantes dali (187
a.C.).
“Levantar-se-á, depois, em lugar dele, um que fará passar um
exator pela terra mais gloriosa do seu reino; mas em poucos dias
será destruído, e isto sem ira nem batalha” (v. 20). Seleuco IV
Filopátor (187-175 a.C.), era filho e sucessor de Antíoco III, e a ele
coube a difícil tarefa de levantar dinheiro para pagar grande
indenização de guerra a Roma. Nessa época pesados tributos foram
impostos sobre o povo, incluindo os judeus. Dizem que Seleuco IV
enviou seu ministro Heliodoro como coletor de impostos para
apoderar-se do tesouro do templo em Jerusalém, “a terra mais
gloriosa do seu reino”. Foi assassinado por envenenamento em 175
a.C. por Heliodoro, que lhe usurpou o trono. Isso confirma o
versículo, que diz que seria destruído sem ira nem batalha.
PROFECIA A RESPEITO DE ANTÍOCO EPIFÂNIO
O trecho dos versículos 21 a 35 descreve a carreira de Antíoco IV
Epifânio, a prefiguração do anticristo. “Depois se levantará em seu
lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas
ele virá caladamente, e tomará o reino com intrigas” (v. 21). Esse
homem vil é Antíoco IV Epifânio (175-163 a.C.), terceiro filho de
Antíoco III o Grande e irmão mais jovem de Seleuco IV Filopátor.
Após a derrota de seu pai pelos romanos na batalha de Magnésia, foi
enviado como refém a Roma, onde ficou até 175 a.C., quando seu
irmão mais velho, não querendo que permanecesse preso, trocou-o
pelo seu próprio filho Demétrio. No mesmo ano, seu irmão Seleuco
IV foi assassinado por Heliodoro e Antíoco, com a ajuda do rei de
Pérgamo, matou o usurpador e recuperou o poder. O trono deveria
ser herdado por seu sobrinho Demétrio, mas Antíoco em vez de
regressar a Roma para voltar a ser refém e assim liberar Demétrio
para ser rei, fraudulentamente reivindicou o trono para si mesmo.
Fê-lo com intrigas e mediante favores políticos, numa época em que
o povo vivia despreocupadamente. O versículo diz que não tinham
dado a ele a dignidade real, significando que não era o herdeiro
legítimo do trono, mas ele veio e tomou o reino com intrigas.
“As forças inundantes serão arrasadas de diante dele; serão
quebrantadas, como também o príncipe da aliança. Apesar da
aliança com ele, usará de engano; subirá e se tornará forte com
pouca gente” (vs. 22-23). Forças de oposição se levantaram contra
Antíoco, mas este as arrasou. O “príncipe da aliança” muito
provavelmente é Onias III, o sumo sacerdote dos judeus que foi
deposto por Antíoco. Usando de engano, tornou-se forte com poucos
aliados.
“Virá também caladamente aos lugares mais férteis da província, e
fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais;
repartirá entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os
seus projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo” (v. 24). “Os
lugares mais férteis da província” podem referir-se tanto à Palestina
como ao Egito. Em todo caso, Antíoco, onde quer que fosse,
distribuía presentes. Juntava os despojos de um lugar e os distribuía
em outro, granjeando amigos e colaboradores. Nesse meio tempo,
maquinava a invasão do Egito. Mas Deus restringiu as suas
atividades e Antíoco seria destruído em breve.
O versículo 25 diz: “Suscitará a sua força e o seu ânimo contra o rei
do Sul à frente de grande exército; o rei do Sul sairá à batalha com
grande e mui poderoso exército, mas não prevalecerá, porque
maquinarão projetos contra ele”. Trata-se aqui da primeira
campanha de Antíoco Epifânio contra Ptolomeu VI Filométor do
Egito (181-145 a.C.), filho de sua irmã Cleópatra. Teve êxito e
rapidamente derrotou as forças de Ptolomeu, conquistando Mênfis e
levando seus exércitos até Alexandria, capital do Egito, em 169 a.C. A
derrota de Ptolomeu foi resultado de intrigas internas, nas quais
estavam envolvidas seu irmão Fiscom, que formou um governo rival
paralelo. “Os que comerem os seus manjares o destruirão, e o
exército dele será arrasado, e muitos cairão traspassados” (v. 26).
Esse versículo continua o relato do versículo anterior. Traição e
intrigas internas causaram a derrota de Ptolomeu e de seu exército.
“Também estes dois reis se empenham em fazer o mal, e a uma só
mesa falarão mentiras; porém isso não prosperará, porque o fim
virá no tempo determinado” (v. 27). Esses são Antíoco Epifânio e
Ptolomeu Filométor, que se sentaram à mesa de negociações.
Nenhum deles, no entanto, era sincero. Aparentemente ambos
tratavam de como depor Fiscom, o irmão de Ptolomeu. Mas o
objetivo verdadeiro de Antíoco era tomar o Egito para si e não
restaurar o trono a Ptolomeu. O objetivo real de Ptolomeu não era
depor Fiscom, mas unir-se a ele contra Antíoco.
“Então tornará para a sua terra com grande riqueza; o seu coração
será contra a santa aliança, fará o que lhe aprouver, e tornará para a
sua terra” (v. 28). Após a sua bem sucedida campanha contra o Egito
em 169 a.C., Antíoco retornou a Síria via Judeia. Nesse tempo,
Jerusalém estava em confusão. O sumo sacerdote Onias III havia sido
assassinado, deixando um filho de pouca idade. Os dois irmãos de
Onias, Jasom e Menelau, então, passaram a disputar o sumo
sacerdócio, prevalecendo, por fim, Jasom sobre seu irmão. Menelau,
com os seus seguidores, fugiu até Antíoco, oferecendo-lhe seus
serviços como guias para uma invasão contra a Judeia. Antíoco
marchou contra Jerusalém, tomando-a sem dificuldades uma vez
que os amigos de Menelau lhe abriram os portões. Entrando na
cidade, permitiu que seus soldados fizessem um massacre de três
dias matando muitos do partido da oposição. Dezenas de milhares
foram trucidados, incluindo homens, mulheres, anciãos, jovens e
criancinhas, e outros tantos capturados e vendidos como escravos.
Saqueou a cidade e profanou o templo, roubando-lhe o altar de ouro,
o candelabro, a mesa dos pães da proposição, os incensários de
ouro, os vasos e utensílios sagrados e os tesouros de prata e ouro.
Após isso voltou para a Síria. Esse episódio nos ensina uma lição: na
vida da igreja não deve haver confusão. Quando há confusão e falta
de harmonia, o inimigo se aproveita disso e consegue nos derrotar.
O versículo 29 diz: “No tempo determinado tornará a avançar
contra o Sul; mas não será nesta última vez como foi na primeira,
porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza;
voltará, e se indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe
aprouver; e, tendo voltado, atenderá aos que tiverem desamparado
a santa aliança. Dele sairão forças que profanarão o santuário, a
fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício costumado, estabelecendo a
abominação desoladora” (vs. 29-31). No tempo determinado, isto é,
um ano depois, em 168 a.C., Antíoco invadiu outra vez o Egito, mas
foi detido pela intervenção de Roma (navios de Quitim), aliada dos
Ptolomeus. Num subúrbio de Alexandria, o embaixador romano Gaio
Pompílio Laenas apresentou a Antíoco um ultimato do Senado
romano, de que deveria retirar-se imediatamente do Egito. Antíoco,
tomado de surpresa, pediu tempo para considerar. Pompílio, no
entanto, desenhou com o seu bastão um círculo no chão ao redor de
Antíoco, e lhe exigiu que desse uma resposta definitiva antes de sair
do círculo. Humilhado publicamente, Antíoco concordou
rapidamente, e voltou triste e decepcionado para a Síria.
No caminho de volta, descarregou toda a sua fúria e indignação
contra o povo santo, que experimentou uma perseguição muito
maior que a anterior. Admitido outra vez em Jerusalém pelos seus
simpatizantes, tratou o povo com grande crueldade, trucidando a
muitos, não poupando nem mesmo aqueles que o introduziram na
cidade. Saqueou a cidade, destruindo-lhe as casas e as muralhas, e
queimando as suas edificações mais finas. Edificou uma cidadela
com vista para o templo e nela pôs uma guarnição de macedônios.
Os sacrifícios, a adoração a Deus, a circuncisão e a observância do
sábado e das festas foram absolutamente proibidos. Os
transgressores recebiam pena capital. Os livros da Lei eram
rasgados e queimados e a sua leitura e pregação proibidas. Quem
era encontrado com um livro da Aliança ou andando de
conformidade à Lei, era condenado à morte. Os que desobedeciam
às ordens do rei eram fustigados com varas e os seus corpos
dilacerados; eram crucificados enquanto ainda estavam vivos. As
mulheres que faziam circuncidar seus filhos eram estranguladas e
crucificadas, com os seus filhinhos pendurados ao pescoço.
No dia 25 de dezembro de 167 a.C., Antíoco erigiu um altar a Zeus
sobre o altar do holocausto no templo. Essa é a “abominação
desoladora” de que fala Daniel no versículo 31. Colocou um ídolo à
sua própria imagem no templo e sacrificou uma porca sobre o altar
que havia erigido, aspergindo o seu sangue no templo. Forçou
também o povo a adorar o ídolo e a comer carne de porco, e seduziu
os jovens a cometerem fornicação no templo. Além disso, fez o povo
construir templos e altares pagãos em cada cidade e aldeia e a
sacrificar porcos sobre eles todos os dias. No dia vinte e cinco de
cada mês, dia do aniversário do rei, ofereciam-se sacrifícios no altar
levantado sobre o altar dos holocaustos. Este foi Antíoco IV Epifânio.
Por causa de todos os males que cometeu, ele é a prefiguração plena
do anticristo vindouro.
PROFECIA A RESPEITO DOS MACABEUS
Vejamos agora os versículos 32 a 35: “Aos violadores da aliança ele
com lisonjas perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se
tornará forte e ativo. Os entendidos entre o povo ensinarão a
muitos; todavia cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo
roubo, por algum tempo. Ao caírem eles, serão ajudados com
pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas.
Alguns dos entendidos cairão para serem provados, purificados, e
embranquecidos, até ao tempo do fim, porque se dará ainda no
tempo determinado”. Esses versículos se referem à revolta dos
macabeus, que começou com Matatias por volta de 167 a.C. O
historiador judeu Josefo e o livro de 1 Macabeus nos dão detalhes
dos seus atos heróicos. Matatias era um sacerdote judeu que vivia na
aldeia de Modin. Tinha cinco filhos: João, Simão, Judas Macabeu,
Eleazar e Jônatas. Vieram alguns homens do rei Antíoco Epifânio a
Modin a fim de compelir os judeus locais a oferecer sacrifícios
segundo as ordens do rei. Pelo fato de Matatias ser o líder daquela
aldeia, queriam que ele fosse o primeiro a sacrificar, sabendo que os
outros o seguiriam. Matatias, entretanto, se recusou firmemente,
dizendo que ainda que todos os outros obedecessem às ordens de
Antíoco, ele e seus filhos jamais obedeceriam.
Nisso, adiantou-se um judeu e sacrificou segundo o decreto do rei.
Matatias e seus filhos tomaram as suas espadas e arremeteram
contra ele, matando também o emissário do rei e seus soldados.
Após derribar o altar pagão, clamou: “Todo o que for zeloso pelas
leis de nosso país e pela adoração a Deus, siga-me”. Ele e seus filhos
fugiram, então, para o deserto, e muitos outros o seguiram, com suas
esposas e crianças, e passaram a viver em cavernas. Marchando os
sírios contra eles num sábado, queimou-os dentro das cavernas, pois
eles não somente não resistiram como não bloquearam as entradas,
e mil pessoas morreram. Muitos, no entanto, escaparam com
Matatias, a quem escolheram como líder. Ele os mandou lutar
mesmo no sábado, pois do contrário, o inimigo sempre escolheria
esse dia para atacá-los e seriam todos destruídos.
Juntando uma grande força, Matatias e seus homens organizaram
guerrilhas para atacar as tropas sírias em todo lugar, queimando
ídolos, derrubando altares, matando os que sacrificavam neles e
eliminando os traidores. Fez circuncidar todos os meninos
incircuncisos que encontrava pelo território de Israel. Depois de
estar no comando por um ano, adoeceu. Instando com seus filhos a
que continuassem o nobre trabalho que havia começado, disse-lhes
que elegessem Simão como conselheiro paterno e Judas Macabeu
como comandante, por causa de sua coragem e força. Morreu no ano
de 166 a.C., foi sepultado em Modin e todo o povo o pranteou
veementemente.
Judas Macabeu era de grande estatura e possuía tanto sabedoria
como coragem. Amava a Deus e ao seu país. Liderou uma companhia
de homens e guerreiros fiéis à lei de Deus para resistirem à invasão
estrangeira. Combateu os exércitos sírios em várias batalhas e
obteve a vitória quase todas as vezes. Célebres generais sírios, como
Apolônio, Górgias, Nicanor e Lísias, com tropas muito mais
numerosas que as de Judas, foram derrotados por ele. Seu famoso
lema era: “A vitória na guerra não depende do tamanho do exército:
é do céu que vem a força”. Entre 166 e 165 a.C., venceu três grandes
batalhas conhecidas na história como as batalhas de Bet-Horon,
Emaús e Betsur.
Depois da vitória em Betsur contra Lísias, Judas disse ao povo que,
depois de tantas vitórias que Deus lhes havia concedido, eles
deveriam subir a Jerusalém e purificar o templo para oferecer
sacrifícios. Todo o exército se reuniu e subiram ao monte Sião.
Quando chegaram na cidade, Judas ordenou a alguns de seus
soldados que continuassem atacando os sírios que estavam na
cidadela, enquanto ele e o restante dos homens purificavam o
templo. O templo estava desolado, com seu altar profanado, as
portas incendiadas e com arbustos crescendo no santuário. Escolheu
sacerdotes sem mácula, observantes da Lei, os quais purificaram o
templo. Reedificaram o altar do holocausto, restauraram o Lugar
Santo e o Santo dos Santos e santificaram o átrio; fabricaram novos
utensílios sagrados e levaram para dentro do templo o candelabro, o
altar do incenso e a mesa dos pães da proposição; queimaram
incenso sobre o altar do incenso, acenderam as lâmpadas do
candelabro, as quais voltaram a brilhar no interior do templo.
Puseram, ainda, os pães sobre a mesa, suspenderam as cortinas e os
véus, e chegaram, assim, ao termo de todos os trabalhos
empreendidos.
No dia 25 de dezembro de 164 a.C., eles se levantaram de manhã
cedo e ofereceram um sacrifício, segundo as prescrições da Lei,
sobre o novo altar do holocausto que haviam construído,
exatamente três anos depois que Antíoco havia profanado o templo.
Judas e seus homens celebraram a dedicação do altar por oito dias.
Essa foi a origem da Festa da Dedicação (Jo 10:22), em hebraico
Hanukkah, também conhecida como a Festa das Luzes, que é
observada até hoje.
Louvado seja o Senhor pelos macabeus, um povo que conhecia ao
seu Deus e se tornou forte e ativo. Eles se mantiveram fiéis a Deus e
venceram o inimigo por não ficarem passivos diante do que estava
acontecendo. Da mesma forma, quando virmos a igreja sendo
assolada pelo inimigo, não podemos ficar assistindo passivamente.
Temos de ser aqueles que conhecem a Deus, Sua economia e
propósito. Devemos tornar-nos fortes e ativos!
A PROFECIA A RESPEITO DO ANTICRISTO
A partir do versículo 36 se inicia uma nova seção, que trata do
anticristo vindouro. Quando falamos do anticristo, devemos dar
especial atenção a Antíoco Epifânio, sua prefiguração plena e total.
Tudo que vimos a respeito dele nos versículos 21 a 35 se aplica ao
anticristo que fará tudo o que Antíoco Epifânio fez.
Virá caladamente e tomará o poder com intrigas (v. 21b); tornar-
se-á forte com pouca gente (v. 23b); distribuirá despojos e bens para
granjear aliados e colaboradores (v. 24); falará mentiras, enganando
as nações (v. 27); voltar-se-á contra a santa aliança (v. 28),
profanará o santuário, tirará o sacrifício costumado e estabelecerá a
abominação desoladora (v. 31); fará segundo a sua vontade e se
levantará e se engrandecerá sobre todo deus (v. 36a); contra o Deus
dos deuses falará coisas incríveis (v. 36); será próspero nos sete
anos do seu mandato (v. 36c); não terá respeito por nenhuma
religião e será cruel e desumano (v. 37); honrará o deus das
fortalezas (v. 38a), ou seja, o seu deus será o poder e a força militar;
honrará um deus estranho e contará com o seu auxílio para agir
contra as potências (vs. 38b-39a). Tudo isso acontecerá nos últimos
sete anos desta era.
Os versículos 40 a 45 falam provavelmente do período da grande
tribulação, nos últimos três anos e meio desta era. O anticristo
entrará na terra gloriosa e matará a muitos (v. 41). “Os rumores do
oriente e do norte” (v. 44) podem referir-se aos exércitos do oriente
e do mundo inteiro que estarão se ajuntando para a grande batalha
de Armagedom (Ap 9:13-19; 16:12-14). Ele montará o seu quartel-
general em Jerusalém, entre o mar Morto e o Mediterrâneo (v. 45a),
mas será destruído por Cristo no Seu retorno, com os Seus
vencedores (v. 45b; 2 Ts 2:8; Ap 19:11-21).
Em 2 Tessalonicenses 2 lemos: “Irmãos, no que diz respeito à vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos
exortamos a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade,
nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por
epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o dia
do Senhor. Ninguém de nenhum modo vos engane, porque isto não
acontecerá sem que primeiro venha a apostasia, e seja revelado o
homem da iniquidade, o filho da perdição” (vs. 1-3). Aqui há uma
coisa muito evidente: primeiramente deve haver a apostasia. A
apostasia deve tornar-se cada vez mais séria. A oposição contra
Cristo e a igreja vai tornar-se cada vez mais intensa.
“O qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus, ou
objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus,
ostentando-se como se fosse o próprio Deus. Não vos recordais de
que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas cousas?” (vs. 4-
5). O tempo do fim ainda não havia chegado. Paulo os advertia de
que não fossem enganados, pois para que chegasse o dia do Senhor
era necessário que primeiro se manifestasse o homem da
iniquidade, o filho da perdição, que é o anticristo.
“E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente
em ocasião própria. Com efeito o mistério da iniquidade já opera e
aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém” (vs.
6-7). Não sabemos exatamente o que é que agora o detém. Sabemos,
no entanto, que há uma luta espiritual. O tempo ainda não é
chegado. Portanto, há algo que o detém, que não permite que ele se
manifeste. Mas quando o tempo chegar, isso será afastado. Então o
homem da iniquidade será revelado. Ele sairá de um dos países da
Europa, sendo o pequeno chifre dentre os dez chifres de Daniel 7.
Não vamos tentar adivinhar ou conjecturar que países serão esses.
Mas quando aquilo que o detém for afastado, então ele se
manifestará.
Por que esse impedimento? Porque o Senhor está sendo longânimo
para conosco, pois ainda não somos vencedores. Ainda temos muitas
coisas carnais. Se, na Sua vinda, ainda estivermos na situação de
hoje, não poderemos entrar no reino milenar. Amados irmãos,
busquemos a vida e levemos essa vida a outros, mediante a
distribuição de literatura que expõe saudavelmente a Palavra de
Deus. Devemos suprir essa vida a todos os habitantes da nossa
cidade. Então, antes da vinda do Senhor, as igrejas se levantarão em
todas as localidades.
O versículo 8 diz: “Então será de fato revelado o iníquo, a quem o
Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca, e o destruirá, pela
manifestação de sua vinda”. O sopro da boca do Senhor é a Sua
palavra. A cada dia que passa sentimos que a palavra do Senhor é
como uma espada de dois gumes. Ele matará o iníquo com a glória
de Sua vinda. Ele usará a palavra de Deus, a glória de Deus, e
destruirá o iníquo.
“Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás,
com todo poder, e sinais e prodígios da mentira, e com todo engano
de injustiça aos que perecem” (vs. 9-10a). Graças ao Senhor, não
somos os que perecem. Esses são aqueles que adorarão o anticristo.
“Porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por
este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para
darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não
deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a
injustiça” (vs. 10b-12). Quando vier o anticristo, ele enganará a
muitos. Estes adorarão a besta e a sua imagem. O Senhor irá julgar
todas as injustiças aqui da terra, e nos últimos sete anos Deus fará
uma grande obra de limpeza, lançando no lago de fogo, por fim,
todas as coisas anormais.
O versículo 13 diz: “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus,
por vós, irmãos amados pelo Senhor, por isso que Deus vos escolheu
desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé
na verdade”. Aleluia! Temos a salvação pela santificação do Espírito!
“Para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para
alcançar a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, pois, irmãos,
permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas,
seja por palavra, seja por epístola nossa” (vs. 14-15). Devemos
manter-nos firmes, seja por palavra, isto é, mensagem falada, seja
por epístola, isto é, mensagem escrita. “Ora, nosso Senhor Jesus
Cristo mesmo, e Deus nosso Pai que nos amou e nos deu eterna
consolação e boa esperança, pela graça, console os vossos corações e
os confirme em toda boa obra e boa palavra” (vs. 16-17).
Nós, que somos celestiais, estamos hoje olhando para as coisas da
terra, mas não somos influenciados por elas. Quando vemos
injustiças, coisas que não são corretas, devemos ser advertidos.
Devemos receber a palavra falada por Deus, bem como Sua palavra
escrita. Devemos ser vigilantes e permanecer firmes. Assim, quando
vier a grande tribulação, se o Senhor tiver misericórdia de nós, já
teremos sido todos arrebatados e não precisaremos passar pela
hora da provação. Isso depende inteiramente de nós. Se alguém
quiser ficar na grande tribulação para assistir os eventos que
ocorrerão, tudo bem. Será uma “boa experiência”. Mas não
desejemos isso; o melhor será participar da parousia do Senhor e
assistir tudo lá do alto.

Capítulo Catorze

A VISÃO SOBRE A CONSUMAÇÃO DO FIM


DOS DIAS
Leitura bíblica: Dn 12
O capítulo 12 de Daniel nos dá uma visão do tempo do fim.
A GRANDE TRIBULAÇÃO
O versículo 1 diz: “Nesse tempo se levantará Miguel, o grande
príncipe, o defensor dos filhos do teu povo”. No tempo da grande
tribulação haverá a necessidade de que Miguel venha ajudar e
fortalecer o povo de Deus. É evidente que a nossa esperança é não
permanecer na grande tribulação. Esperamos que antes dela já
tenhamos sido arrebatados.
Em Mateus 24:20-22 lemos a respeito da grande tribulação: “Orai
para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado; porque
nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do
mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais. Não
tivessem aqueles dias sido abreviados, e ninguém seria salvo; mas
por causa dos escolhidos tais dias serão abreviados. “O Senhor será
misericordioso com os que permanecerem na grande tribulação,
abreviando tais dias. A grande tribulação durará somente um tempo,
dois tempos e meio tempo, isto é, três anos e meio.
Daniel 12:1 continua: “E haverá tempo de angústia, qual nunca
houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele
tempo será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no
livro”. Não podemos afirmar categoricamente se esse livro se refere
ao livro da vida. Nós, do Novo Testamento, estamos no livro da vida
porque possuímos a vida de Deus. Mas haverá também um livro
para o povo de Israel, e quem for achado inscrito nele será salvo.
O LIVRO
O Velho Testamento menciona este livro. Em Êxodo 32, Moisés, ao
orar pelo povo após terem feito um bezerro de ouro, diz: “Ora o
povo cometeu grande pecado, fazendo para si deuses de ouro.
Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do
livro que escreveste” (vs. 31-32). Moisés tinha a convicção de que o
seu nome estava inscrito no livro. “Então disse o Senhor a Moisés:
Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim” (v. 33). Há,
portanto, para o povo de Israel o perigo de ser riscado do livro se
não guardar a palavra do Senhor.
Em Ezequiel 13:9 lemos: “Minha mão será contra os profetas que
têm visões falsas e que adivinham mentiras; não estarão no
conselho do meu povo, não serão inscritos nos registos da casa de
Israel, nem entrarão na terra de Israel. Sabereis que eu sou o Senhor
Deus”. Todos os que são ligados a demônios, à falsidade e à mentira
não farão parte dos registros. Nos tempos de hoje esta é a situação
de muitos. Caso não se arrependam há o perigo de não estarem
registrados nesse livro.
Em Malaquias 3:16 também há uma advertência: “Então os que
temiam ao Senhor falavam uns aos outros; o Senhor atentava e
ouvia; havia um memorial escrito diante dele para os que temem ao
Senhor, e para os que se lembram do seu nome”. Há um memorial
escrito diante de Deus para os que O temem e para os que se
lembram de Seu nome.
Salmo 56:8 diz: “Contaste os meus passos quando sofri
perseguições; recolheste as minhas lágrimas no teu odre: não estão
elas inscritas no teu livro?”. Davi também tinha a certeza de que o
seu nome estava inscrito no livro.
E nós, do Novo Testamento? Nossos nomes estão inscritos no livro
da vida. Esse livro é claramente descrito como o livro da vida. Os
nomes dos filhos de Israel estão inscritos num livro, mas não
podemos afirmar com certeza se é o livro da vida. Os nossos nomes,
no entanto, estão, com toda a certeza, inscritos no livro da vida.
Em Filipenses 4:2 Paulo rogou a duas irmãs, chamadas Evódia e
Síntique, que pensassem concordemente no Senhor, que tivessem a
mesma alma e o mesmo pensar. No versículo 3 Paulo diz a Timóteo:
“A ti, fiel companheiro de jugo, também peço que as auxilies, pois
juntas se esforçaram comigo no evangelho, também com Clemente e
com os demais cooperadores meus, cujos nomes se encontram no
livro da vida”. As duas irmãs eram cooperadoras na obra do Senhor,
mas não pensavam concordemente. Ter uma opinião muito forte e
sempre se achar correta são características das mulheres. Contudo,
os homens não devem rir, pois também têm a característica da
discórdia. Não devemos permitir que isso ocorra na igreja. Se nas
igrejas há pessoas que pensam assim, como a igreja avançará? Se
elas não pensam concordemente, como pregar o evangelho? Por
isso, irmãos e irmãs, antes de qualquer atividade na igreja, tratemos
com nós mesmos, de forma que todos tenhamos a mesma alma e o
mesmo sentimento. Muitas irmãs não somente não ajudam como
ainda destroem a obra. Por isso a Bíblia insiste que as irmãs
permaneçam na posição de submissão. Quando uma irmã toma a
liderança, a igreja pára ou retrocede.
Paulo rogava às duas irmãs que fossem uma. Todos eles tinham
seus nomes inscritos no livro da vida. Não somente as duas irmãs,
como também aqueles que lutavam juntos com Paulo no evangelho.
Todos os que participam na obra do Senhor, têm os seus nomes
inscritos no livro da vida. Abandonemos o velho conceito de fazer
obras. O mais importante é buscar a vida juntamente com os irmãos;
assim seu nome continuará no livro da vida. Desde que fomos
regenerados, nosso nome está registrado no livro da vida, onde
permanecerá pela eternidade. No entanto, há a questão do galardão
no milênio. Se nos preocuparmos em fazer obras, descuidando-nos
de buscar o crescimento da vida, corremos o risco de não sermos
vencedores e isso significa ter o nome riscado do livro da vida por
mil anos.
Em Apocalipse 3:5 lemos: “O vencedor será assim vestido de
vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do livro
da vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e
diante dos seus anjos”. Isso significa que o vencedor receberá o
galardão e desfrutará as bênçãos divinas no milênio. Ter o nome
apagado do livro da vida significa que o cristão derrotado perderá o
galardão do reino milenar, isto é, deixará de desfrutar as bênçãos
divinas naquela era. Após o milênio, no entanto, terão amadurecido
e desfrutarão as bênçãos divinas na eternidade, no novo céu e nova
terra.
A RESSURREIÇÃO DENTRE OS MORTOS
Daniel 12:2 diz: “Muitos dos que dormem no pó da terra
ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e
horror eterno”. Também haverá a ressurreição dentre os mortos.
Cremos que isso acontecerá na vinda do Senhor. Isaías 26:19 diz:
“Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão;
despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho, ó
Deus, será como o orvalho de vida, e a terra dará à luz os seus
mortos”. Muitos dos que dormem no pó ressuscitarão, uns para a
vida eterna e outros para o horror eterno. Para nós, os crentes em
Cristo Jesus, a ressurreição é para a vida eterna. Mas para os judeus,
há a possibilidade de alguns ressuscitarem para a vergonha e o
horror eternos.
RESPLANDECER COMO ESTRELAS
O versículo 3 diz: “Os que forem sábios, pois, resplandecerão, como
o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça,
como as estrelas sempre e eternamente”. Nós, do Novo Testamento,
temos uma luz gloriosa que brilha do nosso interior. Nas sete igrejas
em Apocalipse 1 há sete estrelas que estão na mão direita do Filho
do homem. Estes são os vencedores na igreja. Eles estão na mão de
Deus. Lá não diz que são os líderes das igrejas, mas que são os que
brilham. Por isso, os irmãos que lideram não são necessariamente
estrelas. Todos têm a oportunidade de brilhar, e Deus assim é
manifestado e expresso de nós, como as estrelas sempre e
eternamente.
AS PALAVRAS SÃO ENCERRADAS E O LIVRO SELADO ATÉ O
TEMPO DO FIM
O versículo 4 diz: “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o
livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se
multiplicará”. Havia a necessidade de encerrar as palavras e selar o
livro até o tempo do fim. Hoje, pela Sua misericórdia, o Senhor está
nos aguardando. Vemos em 2 Pedro 3:9 que o Senhor está querendo
voltar, mas até agora não veio, não por querer retardar a Sua
promessa, mas porque é longânimo com cada um de nós. Ele está
aguardando que cada um de nós amadureça. Ele espera que cada um
de nós elimine a sua carne. Assim, ao voltar, seremos vencedores.
Mas se Ele voltar hoje, quanta carne ainda temos em nós! Por isso só
podemos dar graças ao Senhor: “Senhor, graças te damos pelo livro
de Daniel estar selado até o fim dos tempos. Se abrires este livro
agora, qual será nosso fim?”. Sim, é certo que nosso nome está no
livro da vida, mas ainda não estamos maduros.
VIGILANTES E PREPARADOS
“Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um
duma banda do rio, o outro da outra. Um deles disse ao homem
vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se
cumprirão estas maravilhas?” (vs. 5-6). Todos nós aguardamos esses
acontecimentos. Este, vestido de linho, é o próprio Senhor. Em
Mateus 24:3 os discípulos também fizeram uma pergunta
semelhante ao Senhor: “No Monte das Oliveiras, achava-se Jesus
assentado, quando se aproximaram dele os discípulos, em
particular, e lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas cousas, e
que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século”. Eles
perguntaram quando sucederiam essas coisas, quando seria a vinda
Dele e quando seria a consumação do século. Essas três coisas estão
ligadas. O Senhor Jesus depois de lhes advertir sobre muitas coisas,
concluiu no versículo 36: “A respeito daquele dia e hora ninguém
sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai”.
Precisamos ser vigilantes e estar preparados. Que é vigiar? É a todo
tempo estar alerta quanto à volta do Senhor. Que é estar preparado?
É ter a maturidade de vida. A nossa vida precisa crescer. Se a nossa
vida não crescer, mesmo estando alertas quando o Senhor voltar,
não entraremos no reino milenar. Precisamos vigiar e estar
preparados em vida. Não sabemos quando será a volta do Senhor,
mas temos sinais de que já está próxima.
PURIFICADOS, EMBRANQUECIDOS E PROVADOS
Em Daniel 12:7 lemos: “Ouvi o homem vestido de linho, que estava
sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda
ao céu, e jurou por aquele que vive eternamente, que isso seria
depois de um tempo, dois tempos, e metade de um tempo”. Quando
será isso? Será na segunda metade da última semana, nos últimos
três anos e meio desta era. “E quando se acabar a destruição do
poder do povo santo estas cousas todas se cumprirão”.
Daniel ao ouvir isso, não entendeu; então disse: “Meu senhor, qual
será o fim destas cousas? Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas
palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim. Muitos
serão purificados, embranquecidos e provados”. Por que essas
palavras estão encerradas e seladas? Porque o Senhor está
esperando que muitos sejam purificados, embranquecidos e
provados. Daniel 11:35 diz o mesmo: “Alguns dos entendidos cairão
para serem provados, purificados, e embranquecidos, até o tempo
do fim, porque se dará ainda no tempo determinado”. Você está
purificado? Você está embranquecido? Você já foi provado? Por isso
esse livro está selado. Por isso ele disse a Daniel não preocupar-se
com isso. Daniel queria que isso já se tornasse público. E que seria
de nós então? Por nossa causa o Senhor lhe disse que selasse o livro,
pois Ele ainda tem muitos filhos amados que precisam ser
purificados, embranquecidos e provados. Para isso precisam de
tempo. Por isso o Senhor disse a Daniel que selasse o livro.
Em 2 Timóteo 2:19 Paulo diz: “Entretanto o firme fundamento de
Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe
pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa
o nome do Senhor”. Nós somos aqueles que invocam o nome do
Senhor e, assim, nos apartamos da injustiça. O Senhor conhece
aqueles que O invocam; Ele conhece a nossa voz. Isso é um firme
fundamento e tem um selo. Se você invocar o nome do Senhor, você
se apartará da injustiça. O versículo 21 diz no tocante a purificar-se:
“Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será
utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando
preparado para toda boa obra”. Como podemos apartar-nos da
injustiça? Invocando o nome do Senhor. Como podemos purificar-
nos dos erros? Estando junto dos que de coração puro invocam o
Senhor. Assim seremos purificados e embranquecidos.
Em 1 Pedro 1:6 lemos com respeito às provações: “Nisso exultais,
embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais
contristados por várias provações, para que o valor da vossa fé, uma
vez confirmado, muito mais precioso do que o ouro perecível,
mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na
revelação de Jesus Cristo”. Ainda em 1 Pedro 4:12: “Amados, não
estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a
provar-vos, como se alguma cousa extraordinária vos estivesse
acontecendo”. Precisamos ser provados pelo fogo. Não devemos
estranhar isso, antes devemos encará-lo como sendo algo normal. O
Senhor quer que participemos de Seus sofrimentos. Isso diz respeito
especialmente às perseguições: “Se, pelo nome de Cristo, sois
injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o
Espírito da glória e de Deus” (v. 14). Somos bem-aventurados se
sofremos pelo nome de Cristo. “Não sofra, porém, nenhum de vós
como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete
em negócio de outrem” (v. 15). Esse já é um sofrimento merecido.
“Mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso, antes
glorifique a Deus com esse nome. Porque a ocasião de começar o
juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós,
qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?”
(vs. 16-17).
Precisamos ser purificados, embranquecidos e provados. Se formos
purificados, embranquecidos e provados hoje, na volta do Senhor
não precisaremos ser julgados.
Voltemos à leitura de Daniel 12: “Mas os perversos procederão
perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios
entenderão” (v. 10b). Precisamos ser os sábios que entendem essa
palavra.
A PURIFICAÇÃO FINAL DO TEMPLO E O RESTABELECIMENTO
DO SACERDÓCIO
O versículo 11 diz: “Depois do tempo em que o costumado
sacrifício for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda
mil duzentos e noventa dias”. Três anos e meio são mil duzentos e
sessenta dias. Aqui sobram trinta dias. Quer dizer que depois dos
três anos e meio, ainda teremos trinta dias adicionais. Para quê?
Para a purificação e a restauração do templo por causa da
abominação desoladora posta dentro dele. Terminada a grande
tribulação serão necessários trinta dias para essa purificação. “Bem-
aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco
dias” (v. 12). Depois dos trinta dias, serão necessários mais quarenta
e cinco dias adicionais, perfazendo um total de mil trezentos e trinta
e cinco dias. Esses quarenta e cinco dias serão para a preparação e o
restabelecimento do sacerdócio para reiniciar o sacrifício
costumado a Deus.
No final da grande tribulação, Israel estará cercado pelos exércitos
de toda a terra na grande batalha de Armagedom. Naquele momento
os israelitas se despertarão e invocarão o nome do Senhor. O Senhor
descerá sobre o Monte das Oliveiras, que se partirá em dois, abrindo
um grande vale para a fuga de Israel. O Senhor estabelecerá Seu
trono de glória em Jerusalém, para julgar as nações. Os judeus salvos
remanescentes serão então sacerdotes na parte terrena do reino
milenar, e precisarão de quarenta e cinco dias para restaurar esse
sacerdócio. Por isso, bem-aventurado aquele que espera e chega a
mil trezentos e trinta e cinco dias. Todo o remanescente de Israel se
tornará num sacerdócio. Isso será uma grande bênção para eles.
O DESCANSO E O GALARDÃO DE DANIEL
Então foi dito a Daniel: “Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim;
pois descansarás” (v. 13a). Ele já era muito idoso. Estava no terceiro
ano de Ciro, rei da Pérsia e deveria ter já cerca de noventa anos. O
Senhor então lhe disse que iria descansar. “E, ao fim dos dias, te
levantarás para receber a tua herança” (v. 13b). Daniel foi um
vencedor; iria descansar, mas no fim dos dias, ressuscitará para
receber seu galardão.
E quanto a nós? Nós, na verdade, temos uma esperança. A volta do
Senhor está próxima. É possível que não precisemos passar pelo
descanso para depois nos levantarmos. Queremos ser arrebatados
vivos.

Capítulo Quinze

PALAVRA ADICIONAL SOBRE AS SETENTA


SEMANAS

Leitura bíblica: Dn 9:24-27; 12:7; Ap 11:1-3; 12:5-6, 13-14


Nos primeiros capítulos vimos as experiências vitoriosas de Daniel
e seus três companheiros. Pelo fato de serem vitoriosos, o Senhor
lhes revelou a visão da economia de Deus. Isso nos mostra que a
nossa primeira preocupação deve ser que a nossa pessoa esteja
correta. Uma vez que a nossa pessoa esteja correta, o Senhor nos
revelará a Sua economia.
O CATIVEIRO E O RETORNO DE ISRAEL
A revelação dada a Daniel apresenta dois aspectos. Primeiramente
o destino do governo humano, prefigurado pela grande imagem
humana de Daniel 2, incluindo a visão do carneiro e do bode e a dos
reis do Norte e do Sul. O segundo aspecto é o destino da nação de
Israel. Pelo fato de os israelitas terem sido rebeldes contra Deus, Ele
os disciplinou, fazendo com que fossem levados cativos para
Babilônia por setenta anos. Ao se completarem os anos, Deus os
chamou de volta a Jerusalém.
O regresso a Jerusalém não era somente para as duas tribos do
reino de Judá, mas também para as demais tribos. Todas as tribos
tiveram a oportunidade de voltar a Jerusalém. Não havia mais a
possibilidade de as outras dez tribos voltarem para Samaria, a base
da divisão, pois Samaria fora ocupada por outras nações. Eles só
teriam um lugar para onde voltar, que era Jerusalém.
A INTERRUPÇÃO DA HISTÓRIA DE ISRAEL E A INSERÇÃO DA
ERA DA IGREJA
Ao se cumprirem os setenta anos do cativeiro na Babilônia, Daniel
teve a visão das setenta semanas determinadas sobre o povo de
Israel (Dn 9:24). Lamentavelmente, depois das sete semanas e das
sessenta e duas semanas, eles rejeitaram o Ungido, crucificando-O. A
história de Israel foi, então, interrompida. E é justamente nesse
período de interrupção que se encaixa a era da igreja. Embora Cristo
tenha morrido, Deus O ressuscitou dentre os mortos e produziu a
igreja. Essa é a era em que estamos, a era da igreja, a era da graça.
A ÚLTIMA SEMANA
Resta ainda uma semana a ser completada. Muitos querem saber o
que vai acontecer nos últimos dias. Daniel queria saber, os anjos
queriam saber, os doze discípulos também procuraram saber. Todos
os santos estão muito preocupados com os últimos dias. O Senhor
revelou a Daniel que isso seria depois de um tempo, dois tempos, e
metade de um tempo. E somente quando se acabar a destruição do
poder do povo santo é que essas coisas todas se cumprirão (12:7b).
UM TEMPO, DOIS TEMPOS E METADE DE UM TEMPO
No livro de Apocalipse, também temos a menção de um tempo, dois
tempos e metade de um tempo (Ap 12:14), que são os três anos e
meio (ou quarenta e dois meses, ou mil duzentos e sessenta dias) da
grande tribulação. Nesses três anos e meio, o povo santo sofrerá
grande tribulação. Todo o seu poder será destruído. Em Apocalipse
11:2 vemos que o anticristo profanará o templo por quarenta e dois
meses, e o versículo 3 diz que as duas testemunhas profetizarão por
mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco.
O capítulo 12 fala que após dar à luz ao filho varão, a mulher fugirá
para o deserto, onde Deus a sustentará por mil duzentos e sessenta
dias (v. 6). No versículo 14 lemos: “Foram dadas à mulher as duas
asas da grande águia, para que voasse até o deserto, ao seu lugar, aí
onde é sustentada durante um tempo, dois tempos, e metade de um
tempo, fora da vista da serpente”. Muitas pessoas estão preocupadas
com esses três anos e meio. Gostaríamos de dizer aos irmãos que
não olhem essas coisas sob o prisma da curiosidade ou meramente
como um conhecimento mental. O principal é conhecermos o
significado espiritual de tudo isso.
COMO ESCAPAR DA GRANDE TRIBULAÇÃO
No final desses três anos e meio Deus tratará com todos os
adoradores da besta. A grande tribulação na verdade é para tratar
com o anticristo e seus seguidores. Mas o povo de Deus que
permanecer passará por grandes sofrimentos. Para sermos
guardados da hora da provação (Ap 3:10) precisamos estar na
condição da igreja em Filadélfia: viver o amor fraternal entre os
irmãos, para ter uma vida da igreja harmoniosa, viver em unidade,
não dando nenhuma brecha ou oportunidade para que Satanás
danifique a igreja. Para isso é necessário que cada um de nós trate a
sua carne. Não podemos permitir que o nosso homem natural e as
tradições dos homens sejam introduzidas na vida da igreja, do
contrário, não poderemos ser vencedores, e, consequentemente,
precisaremos passar pela grande tribulação.
Nosso objetivo é ser vencedores e ser arrebatados vivos. Mas se
porventura ficarmos na grande tribulação, de forma alguma
devemos dobrar nossos joelhos diante da imagem da besta. Antes
ser morto pelo anticristo, morrer de fome por não conseguir
comprar alimentos, morrer de frio por não conseguir comprar
roupa, ou morrer de doença por não conseguir comprar remédios,
mas adorá-lo jamais. Os que forem martirizados na tribulação serão
os vencedores tardios, aqueles que entoarão o cântico de Moisés e o
cântico do Cordeiro sobre o mar de vidro diante do trono de Deus
(Ap 15).
AS SETENTA SEMANAS
Estudemos agora as setenta semanas de Daniel. Aqui, cada semana
é uma semana de sete anos. Portanto, setenta semanas equivalem a
quatrocentos e noventa anos.
Em Daniel 9, vemos que desde a ordem para reedificar Jerusalém
até a morte do Ungido passariam sete semanas e sessenta e duas
semanas, ou seja, quatrocentos e oitenta e três anos. As sete
semanas, quarenta e nove anos, abrangem o período desde a ordem
para a reedificação de Jerusalém até a restauração total das praças e
circunvalações. Que ordem era essa? Não era o decreto de Ciro, pois
este decretou o retorno do povo para a reconstrução do templo. A
ordem aqui é o decreto do rei Artaxerxes, dado no ano 445 a.C.,
quando Neemias foi enviado a Jerusalém para reedificar os muros da
cidade. Desde essa ordem até o término da reedificação, incluindo as
praças e circunvalações, transcorreram quarenta e nove anos.
Depois disso haveria mais sessenta e duas semanas, ou seja,
quatrocentos e trinta e quatro anos, até a morte de Cristo.
Resta ainda a última semana, que serão os últimos sete anos desta
era. Mas depois que Cristo morreu já se passaram quase dois mil
anos. Onde estão esses sete anos? A partir da morte de Cristo, abriu-
se uma nova dispensação, a dispensação da igreja, a dispensação da
graça, o período do mistério. A era da igreja foi encaixada dentro da
história do povo de Israel. Por causa da rebeldia e da rejeição do
povo de Israel, Deus nos enxertou na oliveira (Rm 11). Nós que
éramos da oliveira brava, fomos enxertados na boa oliveira, pela
misericórdia de Deus.
A IGREJA É O FATOR DETERMINANTE DA ÚLTIMA SEMANA
A igreja será o fator determinante dos últimos sete anos. Tudo o
que está acontecendo hoje nos tem estimulado e nos mostra que a
vinda de Cristo está muito próxima. Tais fatos como a unificação da
Europa, a queda da Cortina de Ferro e os últimos acontecimentos na
União Soviética dispensam qualquer comentário. Tudo isso nos
indica que a vinda do Senhor está próxima. Porém essas coisas são
somente fatores coadjuvantes. O elemento principal é a igreja. A
figueira está brotando. Embora a parábola da figueira se refira a
Israel, ao seu ressurgimento, podemos aplicá-la hoje também à
igreja. Quando saímos para distribuir o “Jornal Árvore da Vida” e
para divulgar a literatura, muitos filhos de Deus têm recebido vida e
verdade, e têm experimentado seus ramos se renovarem e as folhas
brotarem. Isso indica que está próximo o verão. Hoje eles podem
desfrutar a vida em abundância e crescer por meio de uma palavra
saudável.
Não estamos aguardando passivamente a volta do Senhor como
fazem alguns judeus ortodoxos. Eles nada podem fazer, mas nós
podemos ter influência direta na vinda do Senhor. Podemos
espalhar a palavra de Deus, levando o evangelho completo a todos
os filhos de Deus e a todos os que ainda não creem. Isso é espalhar a
semente de vida por toda a terra. E quando o evangelho do reino for
pregado por todo o mundo, então o Senhor voltará!
O ANTICRISTO
Leiamos Daniel 9:26-27: “Depois das sessenta e duas semanas será
morto o Ungido, e já não estará; e o povo de um príncipe, que há de
vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e
até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas. Ele fará
firme aliança com muitos por uma semana; na metade da semana
fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das
abominações virá o assolador, até que a destruição, que está
determinada, se derrame sobre ele”. O “príncipe” mencionado no
versículo é Tito, o príncipe romano que destruiu Jerusalém de
maneira cruel no ano 70 d.C. Isso foi apenas uma prefiguração do
que o anticristo fará na última semana.
Baseado na visão de Daniel 7, o anticristo, prefigurado pelo
pequeno chifre que apareceu entre os dez chifres, deverá surgir de
um dos países da Europa. Os dez chifres representam dez nações da
Europa. Três desses dez países serão removidos pelo surgimento do
anticristo, que crescerá até dominar toda a região. A unificação da
Europa hoje é a preparação do terreno para a vinda do anticristo.
Todos o temerão e quererão fazer aliança com ele, inclusive Israel. O
anticristo fará uma aliança de sete anos com Israel, que durante esse
tempo de paz se dedicará exclusivamente à reconstrução do templo.
A respeito disso, lemos em 1 Tessalonicenses 5:3: “Quando
andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina
destruição”. Quando todos estiverem desfrutando a paz dessa
aliança de sete anos, sobrevir-lhes-á repentina destruição. No meio
da semana o anticristo romperá a aliança com o povo santo,
introduzirá a sua imagem no templo e fará com que todos os povos e
nações a adorem. Todo aquele que adorar a imagem da besta
receberá uma marca na fronte e na mão direita. Quem não tiver a
marca não poderá comprar nem vender, e morrerá por falta de
provisão.
OS SETE SELOS DE APOCALIPSE
No capítulo 5 de Apocalipse os sete selos são abertos. João chorava
muito porque viu que havia um livro que continha todo o mistério
da vontade de Deus, mas estava selado com sete selos. E ninguém
era digno de abrir esse livro. Mas um dos anciãos lhe disse que não
chorasse, pois o Leão da tribo de Judá havia vencido para abrir o
livro e os seus sete selos.
O primeiro selo
Quando o Cordeiro abriu o primeiro selo começou-se a desvendar
toda a economia de Deus. Apocalipse 6:1 e 2 dizem: “Vi quando o
Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres
viventes, dizendo, como se fosse voz de trovão: Vem. Vi, então, e eis
um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma
coroa; e ele saiu vencendo e para vencer”. Esse cavaleiro só tinha um
arco, mas não tinha flecha, pois a flecha já havia sido disparada
quando Cristo foi crucificado. O cavaleiro do cavalo branco
representa o evangelho, que saiu vencendo e para vencer. Por isso,
quando distribuímos literatura, quando pregamos a palavra, não
precisamos preocupar-nos em vencer coisa alguma. Só nos cabe
carregar o arco sem a flecha e mostrá-lo a Satanás. Não somos nós
que temos a capacidade de vencer e, sim, o evangelho. Esse cavalo
branco continua correndo hoje e será vencedor até o final desta era.
O segundo selo
Quando abriu o segundo selo, “saiu outro cavalo, vermelho; e ao
seu cavaleiro foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se
matassem uns aos outros; também lhe foi dado uma grande espada”
(Ap 6:4). O cavaleiro do cavalo vermelho representa a guerra.
O terceiro selo
O terceiro selo foi aberto e “eis um cavalo preto e o seu cavaleiro
com uma balança na mão. E ouvi uma como que voz no meio dos
quatro seres viventes, dizendo: Uma medida de trigo por um
denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifiques o
azeite e o vinho” (vs. 5-6). O cavaleiro do cavalo preto representa a
fome. Em tempos de fome, a comida é muito preciosa.
O quarto selo
O quarto selo foi aberto e “olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu
cavaleiro, sendo este chamado Morte” (v. 8). O cavaleiro do cavalo
amarelo representa a morte.
Depois que Cristo ascendeu aos céus e iniciou-se o desvendar da
economia de Deus, começou a ocorrer algo aqui na terra: uma
corrida de quatro cavalos, liderada pelo cavalo branco que é o
evangelho, seguido por guerras, fome e morte. Quando abrimos os
jornais hoje é isso que encontramos. Mateus 24:6-8 diz: “E
certamente ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede,
não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda
não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra
reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém, tudo
isto é o princípio das dores”. O versículo 14 conclui: “E será pregado
este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas
as nações. Então virá o fim”. Qual é o fator determinante do fim? É o
evangelho do reino. Hoje estamos participando do fator
determinante do fim desta era. Não estamos de braços cruzados
esperando a volta do Senhor como muitos, mas estamos pregando o
evangelho do reino para introduzir o fim dos tempos.
O quinto selo
O quinto selo está em Apocalipse 6:9-11: “Quando ele abriu o
quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que tinham sido
mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que
sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó
Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas nem vingas o nosso
sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi
dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda
por pouco tempo, até que também se completasse o número dos
seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente
eles foram”. Quem são estes? São aqueles que em todas as eras
foram mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho. Esses
mártires clamam ao Senhor por justiça. O Senhor lhes diz que
aguardem um pouco mais, até que o número deles se complete.
O sexto selo
Apocalipse 6:12-17 nos revela o sexto selo: “Vi quando o Cordeiro
abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou
negro como saco de crina, a lua toda como sangue, as estrelas do céu
caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte,
deixa cair os seus figos verdes, e o céu recolheu-se como um
pergaminho quando se enrola. Então todos os montes e ilhas foram
movidos dos seus lugares. Os reis da terra, os grandes, os
comandantes, os ricos, os poderosos, e todo escravo e todo livre se
esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes, e disseram
aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face
daquele que se assenta no trono, e da ira do Cordeiro, porque
chegou o grande dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?”. A
partir desse selo começa a grande tribulação. Essa tribulação vem
logo após o clamor dos mártires do quinto selo. O sexto selo já faz
parte dos últimos três anos e meio.
A partir de então iniciar-se-ão os flagelos e as calamidades
sobrenaturais. As calamidades que temos hoje são naturais. Mas
naqueles dias haverá calamidades sobrenaturais, como o sol
escurecer-se, as estrelas caírem por terra, etc. Há alguns hoje que
acham não ser problema ficar para a grande tribulação, pois ainda
haverá a oportunidade de ser um vencedor tardio. Não tenha esse
pensamento. Procure buscar o crescimento hoje. Os sofrimentos
naqueles dias serão terríveis.
O sétimo selo
“Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu
cerca de meia hora” (8:1). O sétimo selo compreende desde o final
do sexto selo até o fim. O conteúdo do sétimo selo são as sete
trombetas. As sete trombetas são tocadas e na quinta trombeta
começa o primeiro ai. Ai significa dor. A quinta trombeta é o
primeiro ai, a sexta trombeta o segundo ai e a sétima trombeta o
terceiro ai. O terceiro ai possui como conteúdo as sete taças da ira
de Deus. Não queira ficar aqui durante a tribulação!
O período entre o sexto e o sétimo selo, até o início da quinta
trombeta, é bem pequeno. As quatro primeiras trombetas são
rápidas.
A GRANDE TRIBULAÇÃO
Mateus 24:21 diz: “Porque nesse tempo haverá grande tribulação,
como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem
haverá jamais”. A maior tribulação que a terra já experimentou não
se compara com a que há de vir. O Senhor está nos advertindo. Ele
não quer que estejamos aqui naquela época. Apocalipse 3:10 nos
encoraja: “Porque guardaste a palavra da minha perseverança,
também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o
mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra”. Se
hoje guardarmos a palavra da perseverança do Senhor, o Senhor
também nos guardará dessa grande tribulação.
Nesse tempo, o diabo será lançado na terra para perseguir o povo
de Deus e Seus santos, e também para causar dano aos habitantes da
terra (Ap 12:9-17; 9:1-11). O anticristo, por sua vez, romperá o
acordo com Israel e profanará o templo. Por quarenta e dois meses
calcará aos pés a cidade santa e colocará o abominável da desolação,
a imagem da besta, dentro do templo, e se considerará deus,
querendo ser adorado. O falso profeta fará grandes milagres diante
dele e enganará a muitos, seduzindo-os a adorarem a imagem da
besta. O mundo de hoje vive em busca de milagres. As pessoas cultas
e intelectuais buscam o ocultismo, esoterismo, coisas da nova era,
etc., coisas que o falso profeta usará para atrair a curiosidade dos
homens. Por isso nunca devemos ir atrás disso nem por curiosidade.
Hoje até o povo de Deus corre atrás de milagres. Que o Senhor nos
guarde disso.
As duas testemunhas
O falso profeta enganará a muitos através dos sinais que fará e
obrigará todos a adorarem a imagem da besta (Ap 13). Mas Deus
enviará duas testemunhas, Moisés e Elias, que suprirão azeite
(Espírito) para o povo de Deus que ficar. Eles os encorajarão a não
adorar a imagem da besta. Mas no final desses dias as duas
testemunhas também serão mortas (Ap 11).
O evangelho eterno
Haverá também um anjo que pregará o evangelho eterno (Ap 14).
Esse evangelho não será o evangelho da graça, que traz a vida divina
e a regeneração aos homens, mas será para advertir aos homens da
terra que temam a Deus, Aquele que fez o céu, a terra e o mar. Os
que temerem a Deus cuidarão do Seu povo aqui na terra; são as
chamadas ovelhas de Mateus 25: “Porque tive fome e me destes de
comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me
hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes;
preso e fostes ver-me”. Então perguntarão ao Senhor quando foi que
eles fizeram isso, e Ele lhes responderá que ao fazerem isso aos Seus
pequeninos irmãos, a Ele o fizeram (Mt 25:37-40). Haverá então
separação entre as ovelhas, os que temerão a Deus, e os cabritos, os
que não temerão a Deus. As ovelhas serão as nações no milênio e os
cabritos serão lançados no lago de fogo.
A batalha de armagedom e a redenção do povo de Israel
Nos dias finais da grande tribulação, o anticristo reunirá os
exércitos de todas as partes do mundo para lutar contra a nação de
Israel. O povo de Israel, ao ser encurralado diante do Monte das
Oliveiras, invocará o Senhor e O reconhecerá como o Messias. Nesse
momento, Cristo virá e salvará Seu povo da grande matança. Ele
pisará no Monte das Oliveiras que se partirá em dois, e o povo de
Israel fugirá pelo vale aberto. Essa será a redenção do remanescente
de Israel.
A NOSSA ATITUDE DIANTE DESSA REVELAÇÃO
Diante desse quadro todo, nossa atitude deve ser de nos
consagrarmos novamente ao Senhor. Nesse estudo de Daniel
ganhamos muita luz. O Senhor está querendo livrar-nos de ter um
coração arraigado neste mundo que é cheio de orgia e libertinagem,
como no último dia do reinado de Belsazar.
O Senhor falou em Mateus que os últimos dias seriam como nos
dias anteriores ao dilúvio. As pessoas estarão comendo, bebendo,
casando e dando-se em casamento. Cremos que tudo isso é a
situação anormal, que se está tornando cada vez mais comum hoje
em dia. Essa é a situação confusa de hoje, cheia de impudicícia, onde
os homens vivem pelo prazer. Em 1 Timóteo 3 Paulo fala que os
homens serão antes amigos dos prazeres que amigos de Deus. Esse é
o tempo do fim.
O mundo hoje é uma empresa falida, um prédio condenado prestes
a desabar. Você ainda quer investir nele? Não viva mais para si
mesmo, não viva mais para as coisas do mundo. Antes peça ao
Senhor que venha contar-nos e pesar-nos dia após dia. Em lugar de
buscar dinheiro e riquezas, mundo e prazeres, busquemos ter mais
vida espiritual, busquemos levar adiante o evangelho de Deus. Não
nos contentemos em continuar como estamos hoje; antes, devemos
orar: “Senhor, desperta-me! Não quero afundar junto com esse
mundo condenado”.
Leiamos 2 Pedro 3:8: “Há, todavia, uma coisa, amados, que não
deveis esquecer: que, para com o Senhor, um dia é como mil anos, e
mil anos como um dia”. De Adão a Abraão foram dois mil anos; de
Abraão à primeira vinda de Cristo, dois mil anos; de Cristo até hoje,
aproximadamente dois mil anos. Já estamos no final do sexto dia.
Deus criou a terra em seis dias e no sétimo descansou. O último dia
será o milênio, mil anos. Estamos já no final da tarde do sexto dia.
Temos de acordar!
O versículo 9 diz: “Não retarda o Senhor a sua promessa, como
alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para
convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos
cheguem ao arrependimento”. Por que o Senhor nos deu a visão de
Daniel nesse estudo? Para dizer-nos que a Sua volta está próxima.
Ele está esperando que todos se arrependam. Vamos aproveitar essa
oportunidade para arrepender-nos. Em lugar de justificativas,
sejamos iluminados para enxergar como temos vivido até hoje, se
para nós mesmos ou para o Senhor. O Senhor é longânimo conosco,
todavia, não abusemos de Sua longanimidade.
O versículo 10 segue: “Virá, entretanto, como ladrão, o dia do
Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os
elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que
nela existem serão atingidas. Visto que todas essas cousas hão de ser
assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo
procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do dia de
Deus, por causa do qual os céus incendiados serão desfeitos e os
elementos abrasados se derreterão” (vs. 10-12). Tudo passará, será
desfeito, queimado. Você ainda quer investir seu tempo, trabalho e
dinheiro em algo que será desfeito? Fale a Satanás para dar esse
presente a outro, pois você quer viver para o Senhor!
“Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e
nova terra, nos quais habita justiça” (v. 13). Nós temos a promessa
do Senhor. No novo céu e nova terra haverá somente justiça, por
isso, hoje Ele está tratando com toda nossa injustiça. Ele está nos
purificando, embranquecendo e provando. Deixemos o Senhor tirar
toda a injustiça de nós. Quando nos sobrevier uma situação de
“fogo”, de dificuldade, de sofrimento, não murmuremos, não nos
queixemos nem culpemos os outros. Tenhamos uma visão clara que
o Senhor está nos purificando. Que o Senhor tenha misericórdia de
nós para sermos purificados antes da Sua vinda.

Capítulo Dezesseis
OS VENCEDORES (1)

Leitura bíblica: Dn 1:8, 17, 20; 3:16-18, 24-25; 4:37; 6:10, 19-24
O livro de Daniel nos tem sido de grande ajuda e encorajamento.
Desejamos que as experiências vitoriosas de Daniel sejam também
as nossas experiências.
AS VITÓRIAS DE DANIEL E SEUS COMPANHEIROS
A vitória sobre as finas iguarias do rei
No capítulo 1 Daniel resolveu firmemente não contaminar-se com
as finas iguarias do rei. As iguarias do rei representam, por um lado,
a comida sacrificada a ídolos e, por outro, as coisas mundanas. Não
devemos ter parte com o mundo. Devemos vencer essas coisas. No
que diz respeito à comida, não temos exigências. O que for colocado
diante de nós, nós comemos. Às vezes temos abundância.
Agradecemos ao Senhor por ela. Às vezes é só pão e água. Também
agradecemos ao Senhor. Devemos ser como Paulo, vivendo contente
em toda e qualquer situação (Fp 4:11), tanto em fartura, como em
fome, tanto em abundância, como em escassez.
O problema das vestes
Não devemos vencer somente na questão da alimentação, como
também na questão das nossas vestes. As vestes normais são dadas
a nós por Deus. Mas se você quer vestir uma roupa mundana, isso já
é algo demoníaco. Paulo disse que devemos vestir-nos
decentemente. Que é vestir-se decentemente? Não é uma questão de
usar saia ou calças compridas. Devemos ser normais entre as
pessoas. Se todas estiverem usando vestido e você é a única a vestir
calça comprida, não fica muito bem. Você se torna alguém especial
naquele meio. Mas se todas estão usando calças e só você usa
vestido, aí também fica inadequado. A nossa roupa, acima de tudo,
deve ser um padrão de decência e discrição.
O mundo hoje oferece roupas da moda para chamar a atenção das
pessoas. O maior problema está com as roupas das mulheres. Muitas
usam roupas esquisitas a fim de chamar a atenção dos outros.
Outras usam certas roupas para serem elogiadas. Isso tudo é
produto da natureza pecaminosa.
O problema da nossa concupiscência e vaidade
Tiago nos diz que cada um de nós é tentado pela sua própria cobiça.
Temos concupiscências e, por isso, vêm as tentações. O problema
das vestes está relacionado com a nossa vaidade. Por que quer que
os outros olhem para você? Por que tem a necessidade que alguém
lhe diga que está bonita? Isso é vaidade. Dessa concupiscência e
vaidade resulta a fornicação. Devemos tomar muito cuidado. Num
lugar de clima frio usamos roupas mais grossas. Mas não podemos
ficar nus ou vestir pouca roupa num lugar de clima quente. Quanto
mais você expuser seu corpo, mais incentiva o pecado. Devemos
vencer essas coisas do mundo.
Daniel e seus companheiros comeram legumes e beberam água. As
suas aparências eram melhores que as dos outros que comeram as
finas iguarias do rei. Tudo o que Deus nos dá é o melhor, seja
comida, seja roupa. Não precisamos buscar coisas especiais, coisas
extras. Devemos vencer essa tentação.
Os jovens devem estudar
Muitos hoje querem servir o Senhor na igreja. Mas se não
tratarmos a nossa carne, o nosso serviço gerará problemas. Há
irmãos que ficam insatisfeitos na igreja e murmuram. Há irmãs que,
ao serem tratadas, vão de casa em casa fofocar, criticando. Nós que
servimos devemos aprender as lições de vida. No nosso viver diário
muitas coisas acontecem para que aprendamos lições. Há jovens que
não querem mais estudar, a fim de servir ao Senhor. Eu lhes digo
que devem continuar seus estudos. Os seus estudos lhes farão
experimentar muitas lições de vida com o Senhor.
Vejam Daniel e seus três companheiros: “Ora, a estes quatro jovens
Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e
sabedoria” (Dn 1:17). Eles tinham o conhecimento e a inteligência
em toda cultura e sabedoria. Por isso, devemos estudar bem e
aprender bem as coisas. Além disso, a Daniel foi dada “inteligência
de todas as visões e sonhos”. Eles suportavam provas também.
Vencido o tempo determinado eles foram trazidos diante do rei. O
rei os testou, e “em toda matéria de sabedoria e de inteligência,
sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos
do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu
reino” (v. 20). Portanto, não devemos ser vencedores somente na
questão da alimentação ou do vestuário, mas devemos ser
vencedores em todas as coisas.
Daniel não venceu sozinho. Ele levou os seus companheiros a
serem vencedores com ele. E os seus companheiros encontraram em
Daniel uma pessoa que podia ajudá-los.
Sobre a idolatria
Satanás então incitou Nabucodonosor a erigir uma grande imagem
de ouro, para que todos a adorassem. Isso foi artimanha de Satanás,
que queria destruir os vencedores. No capítulo 2 ele já tentara matar
Daniel e seus companheiros, fazendo com que Nabucodonosor
esquecesse o sonho, e exigisse que os sábios do reino lhe contassem
e interpretassem o sonho. Não havendo ninguém no reino capaz de
fazê-lo, irou-se e quis matar a todos os sábios. Na verdade, Satanás
visava a Daniel e seus companheiros. Mas eles confiaram em Deus e
oraram a Ele. Deus então revelou o sonho a Daniel, que o
interpretou diante do rei.
Aqui no capítulo 3 os companheiros de Daniel se recusaram a
adorar a imagem de ouro, mesmo sob a ameaça de serem lançados
na fornalha ardente (Dn 3:16-18). Por que eles eram tão fortes?
Porque viviam uma vida vitoriosa. Estavam sempre orando a Deus,
sempre em comunhão com Deus. Por isso tinham a fé para vencer
essas coisas.
Nós também devemos ter tal fé. Além de Deus, não devemos adorar
a mais nada. Podemos amar nossos pais, mas eles não devem ser
nossos ídolos. Às vezes as irmãs acham que seus maridos são as
melhores pessoas do mundo, mas eles não devem ser seus ídolos.
Alguns gostam das riquezas, mas elas não podem tornar-se seu
ídolo. Mesmo na igreja, podemos respeitar certo irmão, mas não
podemos torná-lo nosso ídolo. Nada em nós pode ocupar o lugar do
Senhor.
Sobre o orgulho
No capítulo 4 temos a questão do orgulho. Esse capítulo se aplica
especialmente aos irmãos líderes. Não é difícil os líderes caírem no
erro cometido por Nabucodonosor. Todos temos em nós o problema
do orgulho, da soberba. Desde que o homem comeu do fruto da
árvore do conhecimento do bem e do mal, ele tornou-se orgulhoso.
Devemos vencer o orgulho. Não devemos pensar que somos
melhores que os outros. Jamais devemos pensar ou dizer: “Essa
igreja fui eu que levantei. Essa obra fui eu que iniciei”. Se o Senhor
não o encarregasse disso, você nada poderia fazer. Você hoje está
nessa posição não porque conseguiu galgá-la, mas porque o Senhor
o colocou aí. Se você se orgulhar, Deus poderá deixar de usá-lo e
levá-lo a “pastar” no campo, como aconteceu com Nabucodonosor.
Precisamos estar cientes disso. Podemos começar humildemente,
assim como Saul começou. Mas depois de algumas experiências e
êxitos, pensamos que podemos fazer tudo sozinhos e deixamos de
depender do Senhor. Não devemos vangloriar-nos em nossas
experiências passadas. Precisamos de experiências novas a cada dia.
Precisamos podar as experiências antigas para que novas
experiências brotem.
Por fim Nabucodonosor aprendeu a lição. Ao ser restaurado por
Deus ao seu trono, louvou, exaltou e glorificou ao Rei do céu,
reconhecendo que Deus pode humilhar os que andam na soberba
(Dn 4:37). Deus dá graça aos humildes, mas resiste aos soberbos (1
Pe 5:5). Por isso cada um de nós deve tratar com o seu orgulho.
Devemos vencer o orgulho.
Sobre o edito do rei
A outra experiência vitoriosa de Daniel foi sobre o edito do rei, no
capítulo 6. Por um espaço de trinta dias não se podia fazer petição a
ninguém senão ao rei; os desobedientes seriam lançados na cova
dos leões. Mas Daniel continuou a orar a Deus três vezes ao dia,
voltado para Jerusalém, como era seu costume.
Muitos irmãos têm essa experiência. Se você é uma pessoa de
oração, que sempre invoca o nome do Senhor, vencerá muitas coisas
sem notar. Devemos ter o hábito de orar em tempos determinados.
Mas isso não deve ser uma norma. É algo espontâneo. As irmãs com
bebês poderão dizer que lhes é difícil orar cedo de manhã porque o
bebê sempre acorda primeiro. Mas quando ele desperta e chora,
pode-se tomá-lo no colo e orar. Além do mais, o bebê estará ouvindo
a sua oração. Aproveite todas as oportunidades para ter comunhão
com Deus. Trocar as fraldas, preparar o café da manhã e outros
serviços domésticos não devem impedir nossa comunhão com Deus.
Não afirmemos que não temos tempo, mas procuremos aproveitar
cada oportunidade. Ao esquentar o leite, podemos orar: “Senhor, Tu
és o leite que me alimenta”. Mesmo ao escovar os dentes podemos
orar: “Senhor, purifica a minha boca, para que dela não saiam coisas
impuras”. Orando dessa maneira seremos preservados, e o inimigo,
o leão que ruge ao nosso redor, não nos devorará.
O problema da nossa carne
Satanás gosta de devorar o quê? A carne. Quanto mais carne você
tiver, mais apetitoso será para ele. Ele é como leão que ruge,
procurando alguém para devorar (1 Pe 5:8). Que o Senhor nos dê
forças, para vencermos a nossa carne.
Em Êxodo, logo após o povo de Israel ter começado a jornada no
deserto, e resolvido o problema de água e alimento, houve a batalha
contra Amaleque, que representa a nossa carne. Moisés, então,
enviou o jovem Josué à luta. Josué não lutou confiando em sua carne,
mas dependeu da oração de Moisés. Jovens, somente somos
vitoriosos se não estivermos apoiados em nossa carne. Quanto mais
carne, menos vitórias, pois, Satanás devora a carne. Não use a carne
nem nos negócios particulares; do contrário, perderá o testemunho.
Precisamos lutar todos os dias contra os amalequitas, contra a nossa
carne.
A carne é um obstáculo para a revelação de Deus
Quanto mais vitoriosos formos, mais visão e revelação teremos das
coisas divinas. Se você ainda estiver preservando a sua carne, não
terá muita luz ou revelação na palavra. Se você é carnal, estará
sempre em sua mente. E revelação divina não se recebe na mente e,
sim, no espírito. Na nossa mente podem levantar-se fortalezas de
Satanás. Na esfera mental não conseguimos receber a revelação de
Deus. Se queremos receber revelação de Deus tratemos com a nossa
pessoa e voltemo-nos ao espírito.
UM VIVER DE VENCEDOR NO NOVO TESTAMENTO
Vejamos agora algumas vitórias importantes que devemos ter
conforme a revelação do Novo Testamento.
Vencer o mundo
Lemos em 1 João 2:14: “Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e
a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o maligno”.
Para sermos fortes e vencer o maligno precisamos da palavra de
Deus. Precisamos que a Sua palavra permaneça sempre em nós.
Como conseguir isso? Lendo, ouvindo e ruminando a Palavra de
Deus. É por isso que as reuniões são tão importantes. Nelas nós
lemos, ouvimos e ruminamos a palavra de Deus. Mas também
precisamos fazer isso individualmente. Assim ganharemos forças do
Senhor para vencer o maligno.
O maligno usa de todos os meios para nos atrair. Sua arma mais
poderosa é a atração do mundo, que nos leva a amar o mundo.
Satanás é o príncipe deste mundo. O apóstolo João nos exorta: “Não
ameis o mundo nem as cousas que há no mundo” (1 Jo 2:15). Não
devemos ocupar-nos com as coisas do mundo, e, sim, com as coisas
do Pai.
As coisas do mundo se resumem em três itens: a concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (1 Jo 2:16).
Quando vamos às lojas fazer compras, por exemplo, devemos
atentar para o nosso coração. Se é para comprar algo que
precisamos, não há nada de errado. Mas se é para satisfazer a
concupiscência dos olhos, então é o mundo atraindo-nos para amá-
lo. É muito difícil manter-se no espírito quando se envolve de tal
maneira.
Há também a soberba da vida. Alguns pensam: “Sou melhor que os
outros. A minha roupa é melhor, a minha gravata é mais bonita, etc”.
Tudo isso vem do mundo, do maligno. Como vencer essas coisas?
Permitindo que a palavra de Deus permaneça em nós. Muitos pela
manhã têm comunhão matinal com o Senhor, orando e lendo a
Palavra. Nesse momento a Palavra de Deus começa a ser depositada
no interior deles; durante o dia, ao ruminá-la, orando e invocando o
Senhor, a Palavra de Deus será constituída neles ajudando-os a
vencer a concupiscência e a soberba.
Todas as coisas se desfarão (2 Pe 3:10). Tudo passará, o mundo e a
sua concupiscência. Aquele, porém, que faz a vontade de Deus
permanece para sempre (1 Jo 2:17).
Vencer a morte
Outro item que precisamos vencer é a morte. Lemos em 1 Coríntios
15:55-57: “Onde está, ó morte, a tua vitória? onde está, ó morte, o
teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é
a lei. Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso
Senhor Jesus Cristo”. Devemos vencer a morte. Não permitamos que
o aguilhão da morte nos escravize. O aguilhão da morte é o pecado e
a força do pecado é a lei. Satanás, o diabo, é aquele que tem o poder
da morte (Hb 2:14). E todos os homens estão sujeitos à sua
escravidão pelo pavor da morte (v. 15). Mas o Senhor se tornou
carne e sangue e, pela Sua morte na cruz, destruiu aquele que tem o
poder da morte. Já fomos libertados do poder da morte, portanto,
não mais precisamos ser escravos do pecado.
Ser sempre abundantes na obra do Senhor
“Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor
Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes,
inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que,
no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co 15:57-58). Aqui vemos
um caminho vitorioso: ser sempre abundantes na obra do Senhor.
Para isso precisamos usar os nossos dons. Quando usamos os nossos
dons, recebemos mais graça e vencemos o pecado, sendo libertados
assim do aguilhão da morte. Você quer vencer Satanás, o pecado e a
tentação? Só há uma maneira: servir a Deus e ser abundantes na
obra do Senhor, usando seus dons.
Somos mais do que vencedores por meio daquele que nos amou
Quando estamos unidos ao Senhor nada consegue derrotar-nos. O
Senhor Jesus é grande vencedor e habita em nós, portanto, por meio
Dele somos mais do que vencedores. Romanos 8:35-39 dizem:
“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia,
ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está
escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos
considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas
cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que
nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida,
nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do
porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer
outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em
Cristo Jesus nosso Senhor”. Nada nos poderá separar do amor de
Cristo. No amor de Cristo podemos vencer todas as coisas: seja
tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo ou espada.
Somos mais do que vencedores por meio Daquele que nos amou.
Na procissão triunfante de Cristo
Em 2 Coríntios 2:14-16 Paulo diz: “Graças, porém, a Deus que em
Cristo sempre nos conduz em triunfo, e, por meio de nós, manifesta
em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque nós somos
para com Deus o bom perfume de Cristo; tanto nos que são salvos,
como nos que se perdem. Para com estes cheiro de morte para
morte; para com aqueles aroma de vida para vida. Quem, porém, é
suficiente para estas coisas?”. Para sermos vencedores precisamos
estar na procissão triunfante de Cristo, sendo conduzidos por Ele em
triunfo. Aonde quer que vamos devemos manifestar a fragrância do
Seu conhecimento. Devemos levar a revelação da palavra de Deus às
pessoas, levando-as a conhecer mais a Cristo.

Capítulo Dezessete

OS VENCEDORES (2)

Leitura bíblica: Ap 2:7, 11, 17, 26; 3:5, 12, 21


Neste capítulo continuaremos a enfatizar os vencedores, desta vez
sob o ângulo da revelação de Apocalipse. Daniel 12:3 diz: “Os que
forem sábios, pois, resplandecerão, como o fulgor do firmamento; e
os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas sempre e
eternamente”. Os vencedores são como os sábios que resplandecem.
A luz deles é como o fulgor do firmamento, que conduz muitos à
justiça. Brilharão como estrelas sempre e eternamente. No quarto
dia da criação em Gênesis, foram criados luzeiros para expulsar as
trevas: o sol, a lua e as estrelas. O sol representa Cristo, a lua a igreja
e as estrelas representam os santos individualmente. Nos últimos
dias desta era, que serão os dias mais trevosos, precisaremos cada
vez mais do brilho das estrelas.
VENCEDORES NA IGREJA
No capítulo anterior falamos sobre a nossa vitória pessoal. Nesta
mensagem falaremos sobre a vitória coletiva, que é sermos
vencedores na igreja. Em Apocalipse 1 vemos o Senhor Jesus
andando no meio dos candelabros de ouro, com sete estrelas na mão
direita (v. 16). Essas sete estrelas são os mensageiros das sete
igrejas (v. 20). Os sete candelabros são as sete igrejas e as sete
estrelas são aqueles que brilham nas igrejas. Esses mensageiros não
são anjos, mas aqueles que brilham nas igrejas e nos trazem a
mensagem de Deus.
Como tornar-nos estrelas? Daniel 12:10 nos esclarece que: “Muitos
serão purificados, embranquecidos e provados”. Se queremos ser
vencedores, precisamos ser purificados, embranquecidos e
provados. Devemos revestir-nos dos atos de justiça. Precisamos ter
a justiça subjetiva. Precisamos da experiência da fornalha ardente.
Na igreja precisamos de tais pessoas. Não de uma só estrela, mas de
sete. Sete é um número que representa a totalidade. Não sabemos
quantas estrelas estão brilhando. Cada igreja tem uma situação
diferente. Mas se você é uma estrela, certamente o Senhor o
conserva na Sua mão direita. Em Apocalipse 2 e 3 está descrito a
condição de sete igrejas. Em cada uma delas o Senhor chama os
vencedores. Atendemos ao que o Espírito diz às igrejas para que
também sejamos vencedores.
A IGREJA EM ÉFESO
A igreja em Éfeso (2:1-7) tinha muitas coisas positivas. Tinha boas
obras, labor, perseverança, não suportava homens maus e punha à
prova os mentirosos que a si mesmos se declaravam apóstolos.
Tinha também perseverança, e suportava provas por causa do nome
do Senhor, e não se deixava esmorecer. A igreja em Éfeso era uma
igreja muito boa.
Eles tinham discernimento para pôr à prova os que a si mesmos se
declaravam apóstolos, mas, na verdade, não eram. Hoje há muitos
que consideram os outros como falsos apóstolos e eles como
verdadeiros. Como discernir quem é o verdadeiro apóstolo? O
apostolado é um ofício que o Senhor deu para a igreja. Deus
concedeu os apóstolos para a igreja como um presente, um dom. Um
apóstolo não se chega a uma igreja para dizer que vai liderá-la,
mesmo que ele a tenha estabelecido. Qual a comissão do Senhor
para um apóstolo? É a de aperfeiçoar os santos para a edificação do
Corpo de Cristo. Como podemos discernir se um apóstolo é
verdadeiro ou falso? Temos de verificar se o que ele faz edifica a
igreja ou não, se aperfeiçoa os santos ou não. Se ele não é alguém
que edifica a igreja, não importando quão eloquente seja, quão bem
interprete a Bíblia, quão boa e exemplar seja a sua conduta, não
podemos aceitar o seu ministério. Todo apóstolo genuíno edifica a
igreja. A igreja em Éfeso tinha tal discernimento para reconhecer
aqueles que diziam ser apóstolos mas não eram, pois os provava.
Mas então por que essa igreja tão exemplar foi repreendida pelo
Senhor? Por ter abandonado o seu primeiro amor (2:4). Muitos
dizem que amam o Senhor. Mas o Senhor diz que quem O ama
guarda os Seus mandamentos e a Sua palavra (Jo 14:21, 23). Se
amamos ao Senhor, devemos obedecer às Suas palavras. Caso
contrário, perderemos o primeiro amor. O Senhor não olha para
quanta obra fazemos, mas Ele olha para o quanto obedecemos à Sua
palavra, se guardamos os Seus mandamentos ou não. O quanto O
obedecemos é o quanto O amamos.
O que o Senhor diz aos vencedores de Éfeso? “Ao vencedor dar-lhe-
ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de
Deus” (2:7). Um vencedor não serve na igreja segundo a árvore do
conhecimento do bem e do mal, mas segundo a árvore da vida. Por
isso o seu galardão será alimentar-se da árvore da vida. Ele não
encara as coisas segundo o certo ou o errado, mas segundo a vida.
Seu labor e sua obra não são segundo a sua própria vontade, mas
segundo a palavra de Deus. Tal pessoa é restaurada de volta ao
jardim do Éden para comer da árvore da vida. Se quisermos ser
vencedores, se quisermos ser estrelas que brilham na igreja, não
depende de quanto tenhamos trabalhado na igreja, não depende de
quantas coisas certas fizemos na igreja, mas de voltarmos ao
primeiro amor. Assim poderemos comer da árvore da vida.
A IGREJA EM ESMIRNA
A segunda igreja é a igreja em Esmirna (2:8-11). Essa igreja sofreu
todo tipo de perseguição. Ela sofreu tribulação por dez dias. Dez dias
aqui representam dez períodos de perseguição, e também que essas
tribulações teriam duração limitada. Eles foram provados, como que
postos em fornalha ardente. Aos que permanecessem fiéis ser-lhes-
ia dada a coroa da vida. O versículo 11 diz: “O vencedor de nenhum
modo sofrerá dano da segunda morte”. Por quê? Porque já foram
provados, passaram no teste e ganharam a coroa da vida. O
versículo nos indica que há a possibilidade de os derrotados
sofrerem dano da segunda morte. Isso não quer dizer que o cristão
derrotado vá sofrer a segunda morte, mas que sofrerá dano da
segunda morte. Não ousamos afirmar o que esse versículo significa,
mas, em todo caso, é uma advertência para nós. Se não vencermos,
há a possibilidade de sofrermos dano da segunda morte.
A IGREJA EM PÉRGAMO
Na igreja em Pérgamo (2:12-17) houve uma união entre a igreja e a
política. É realmente lamentável que muitos na igreja se envolvam
com a política. E usam o nome da igreja como seu apoio político.
Esse é o ponto de queda da igreja em Pérgamo. Pérgamo significa
“casamento”. Em 1 João nos é dito para vencermos o mundo, mas
Pérgamo uniu-se ao mundo. Todo aquele que se une ao mundo
perde o interesse pelas coisas de Deus.
Por causa dessa união, a igreja em Pérgamo perdeu duas coisas
vitais: o nome do Senhor e a fé, que é a palavra de Deus. Esses dois
itens existiram até a morte de Antipas, fiel testemunha do Senhor,
que lutava por conservar o nome do Senhor e a fé. Após ter sido
morto, perderam-se. O versículo 13 diz: “Conheço o lugar em que
habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome,
e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha
testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás
habita”.
Pérgamo foi repreendida por seguir o ensinamento de Balaão (v.
14). Balaão servia a Deus visando lucro financeiro, e também
ensinou os filhos de Israel a cometer fornicação. A igreja em
Pérgamo seguiu esses ensinamentos e sustentavam o ensinamento
dos nicolaítas (v. 15). Os nicolaítas são aqueles que introduziram a
hierarquia na igreja. Na igreja deve haver ordem conforme a vida
divina, mas não hierarquia, que é a ordem arranjada pelo homem.
Alguns dizem que o maior é o pastor, outros dizem que é o
presbítero e ainda outros que é o evangelista. Isso é ensinamento
dos nicolaítas. Na igreja tudo é uma questão de vida e não de
posição.
O versículo 17 diz: “Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido,
bem como lhe darei uma pedrinha branca e sobre essa pedrinha
escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o
recebe”. O maná escondido é Cristo como alimento espiritual. A
pedrinha branca com um nome novo denota a nossa transformação,
com as experiências pessoais que tivemos com o Senhor.
A IGREJA EM TIATIRA
A quarta igreja é a igreja em Tiatira (2:18-29). O grande erro da
igreja em Tiatira foi seguir os ensinamentos de Jezabel, rainha em
Israel (1 Rs 16:31). Ela usou seus ensinamentos para dominar Israel
no tempo dos reis (1 Rs 18; 19; 21; 2 Rs 9). Tiatira tomou esses
ensinamentos e os pôs na igreja para serem praticados. Na igreja
não devemos ter nenhum desses ensinamentos malignos. Na igreja
temos somente as sãs palavras do Senhor Jesus e os ensinamentos
dos apóstolos, que são saudáveis e edificam a igreja.
Os versículos 26 a 28 dizem: “Ao vencedor, e ao que guardar até ao
fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com
cetro de ferro as regerá, e as reduzirá a pedaços como se fossem
objetos de barro; assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-
ei ainda a estrela da manhã”. Quanto menos você quiser ser a
autoridade, mais autoridade lhe será dada. Mas quanto mais você
quiser ser a autoridade, mais o Senhor vai derrubá-lo. Deus dará a
autoridade de reger as nações aos vencedores, que ainda receberão
mais uma recompensa, a estrela da manhã. A estrela da manhã é o
Senhor Jesus em Sua vinda secreta para os vencedores.
A IGREJA EM SARDES
No capítulo 3 vemos a igreja em Sardes (vs. 1-6). Qual o problema
dessa igreja? É que eles tinham o nome de que viviam, mas estavam
mortos. Sardes significa “restauração”. Tem o nome de restauração,
mas não faz nenhuma obra de restauração; tem o nome de que vive,
mas está morto. Aqui o Senhor também os repreende. No versículo 5
lemos: “O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de
modo nenhum apagarei o seu nome do livro da vida; pelo contrário,
confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos”.
Esses vencedores estão vestidos de vestiduras brancas, que
simbolizam os atos de justiça dos santos. Além disso os seus nomes
de nenhum modo seriam apagados do livro da vida. Ter o nome
apagado do livro da vida significa perder o desfrute das bênçãos
divinas na era do milênio. Não significa perder a salvação, pois uma
vez salvos, somos salvos para sempre, mas somente os vencedores
entrarão no desfrute do reino milenar.
A IGREJA EM FILADÉLFIA
Vamos ver agora a igreja em Filadélfia (3:7-13). Essa é a igreja do
amor fraternal. Numa igreja normal há o amor fraternal, há
harmonia entre os irmãos. Se houver desarmonia, como entre
Evódia e Síntique, as duas irmãs da igreja em Filipos (Fp 4:2), isso
influenciará a igreja toda, e a bênção de Deus vazará.
A igreja em Filadélfia tem a chave de Davi, a chave do reino, da
autoridade. O Senhor abre e ninguém fecha, e fecha e ninguém abre.
Tudo o que a igreja amarrar aqui na terra, terá sido amarrado no
céu, e tudo o que for solto aqui na terra, terá sido solto no céu. Isso o
Senhor falou em Mateus 16 e 18, referindo-se à igreja universal e à
igreja em uma cidade, como sua expressão. A igreja tem autoridade,
a chave de Davi, e a administração de Deus está nas suas mãos.
Apocalipse 3:8 diz: “Conheço as tuas obras [...] que tens pouca
força, entretanto guardaste a minha palavra, e não negaste o meu
nome”. O que há de mais importante na igreja é a palavra do Senhor
e o Seu nome. Devemos guardar a Sua palavra e não negar o Seu
nome. Na igreja comemos e ruminamos a Palavra de Deus. Na igreja
amamos o nome do Senhor. Por isso, toda vez que dissermos
“Senhor Jesus”, devemos fazê-lo do fundo do coração.
“Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém
pode fechar” (3:8). Diante de nós está uma porta aberta a qual
ninguém pode fechar. Todos os filhos de Deus podem entrar por
essa porta.
O versículo 10 diz: “Porque guardaste a palavra da minha
perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há
de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam
sobre a terra”. A igreja em Filadélfia será guardada da hora da
tribulação, isto é, da grande tribulação.
“Venho sem demora” (v. 11a). Quando virá Ele? Não sabemos, mas
Ele virá sem demora. Por isso devemos ser vigilantes e aguardar.
Devemos preparar-nos. “Conserva o que tens, para que ninguém
tome a tua coroa” (v. 11b). Os que estão na igreja em Filadélfia têm
uma coroa. Essa coroa a receberemos depois do julgamento do
tribunal de Cristo. Devemos somente conservar o que temos para
que ninguém a tome.
O versículo 12 diz: “Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do
meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do
meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que
desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome”. A
coluna aqui se refere não às colunas de apoio do santuário, mas às
duas colunas de bronze na frente do templo, Jaquim e Boaz, que
serviam de testemunho. Cada um de nós deve ser uma coluna de
testemunho no templo.
A IGREJA EM LAODICEIA
Por fim vemos a igreja em Laodiceia (3:14-22). Mesmo na igreja em
Laodiceia o Senhor está chamando vencedores. A igreja em
Laodiceia sentia-se suficiente em todas as coisas. Julgava-se
conhecedora de tudo; sentia-se rica, abastada, não precisando de
nada. Mas o Senhor afirmou que ela era infeliz, miserável, pobre,
cega e nua.
O versículo 21 diz: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no
meu trono, assim como também eu venci, e me sentei com meu Pai
no seu trono”. Aleluia! O vencedor estará sentado com o Senhor no
Seu trono. Apocalipse 20:4 diz: “Vi também tronos, e nestes
sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar [...] e
viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”. Eles reinarão com
Cristo durante mil anos.
A nossa vitória individual visa a vitória na igreja. Não é suficiente
buscarmos a vitória individual, é preciso também vencermos com a
igreja, isto é, vencermos coletivamente.
Table of Contents
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete

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