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Seminário Bíblico Palavra da Vida


Mestrado em Teologia – Profetas Pré-Exílicos
Prof. Jang Ho Kin
Aluno: Creuse Pereira Sousa Santos


Isaías 1.1-20

A@b, @wOzj}
hz:j; rv,a} $wOma; Why:[]v'y“
@Be @wOzj; 1
a
3 Qal Perf. MS Part. Rel. Nom. Prop. MS Co. Nom. Prop. MS Co.
(ele) viu que (de) ’Amôtz (Amós) filho (de) Yesa‘eyahû (Isaías) visão

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Conj. + Nom. Prop. Nom. Prop. Prep.
e Yerûshaliam (Jerusalém) Yehûdah (Judá) a cerca de

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Jl,m, !wOy
Nom. Prop. MP Co. Nom. Prop. Nom. Prop. Nom. Prop. Nom. Prop. Prep. + MP Co.
e e
(de) Yehûdah (Judá) reis Y Hiz qiyahû (Ezequias) ‘AHaz (Acaz) Yôtam (Jotão) (de) ‘Uziyahu (Uzías) nos dias

Primeiramente Isaías deixa claro que não está escrevendo um livro com suas impressões pessoais, a
fórmula “visão... que viu” expressa que o autor funcionará apenas como um oráculo registrando aquilo que viu,
isso não quer dizer que Isaías não esteja tomado de consciência e que imprima certa pessoalidade de si mesmo
ao texto, mas indica que a mensagem é um anúncio divino, uma revelação de YHWH para seu povo.
O nome do profeta é mencionado e também seu pai, aparentemente $wOma; (’Amôtz – Amós) era o irmão
de Azarias, pai do rei Uzias, o que indica que Isaías era parte da corte real e primo do próprio rei Uzias.
Essa passagem de Isaías se encontra no Reinado do rei Uzias (ou Azarias – 791-740 a.C.), um dos reis que
mais tempo reinou em Israel, seu longo reinado durou 52 anos. Segundo WAITE (in: DOUGLAS, J. D. 2006, p.
1365) Uzias foi um rei escolhido pelo povo (2 Reis 14.21; 2 Crônicas 26.1), bastante jovem, com apenas 16 anos
de idade. Ele sucedeu seu pai, Amazias que fora assassinado. Segundo a cronologia Bíblica é bastante provável
que Uzias já estivesse reinado antes da morte do pai.
Duas coisas marcantes aconteceram em seu reinado, primeiro, um severo terremoto descrito por Amós
(1.1 cf. tb. Zacarias 14.5) e já no final de seu reinado o próprio rei foi acometido de lepra.
Apesar dessas duas ocorrências o texto Bíblico nos indica que de maneira gela durante o reinado de Uzias
Israel viveu grande prosperidade. Isso aconteceu porque a Assíria, inimigo poderoso e que sempre atacou Israel,
vivia um período de conflitos internos, o que possibilitou um período de estabilidade e paz:

“Uzias recuperou o controle do porto de Elate, no golfo de Aqabah, e o reconstruiu (2Rs 14.22).
lançou campanhas bem sucedidas contra os filisteus e contra os árabes, e os amonitas pagavam-
lhe tributo... Uzias fortaleceu as fortificações de Jerusalém (2 Cr 26.9; cf. 2 Rs 14.13), provendo
armamentos especiais para a sua defesa, mantendo um grande e bem equipado exército, além de
haver construído cidades fortalezas em localizações estratégicas” (WAITE, J. C. J. Uzias. in:
DOUGLAS, J. D. 2006, p. 1366).

É possível que Uzias seja o rei descrito nas crônicas de Tiglate-Pileser III (PRITCHARD. 1969, p. 282–283),
sendo derrotado e pagando impostos, quando Tiglate-Pileser III ascendeu ao Trono na Assíria voltou às expansões
e conquistas militares (745 a.C.). HILL e WALTON (2006, p. 461) destacam que essa invasão de Tiglate-Pileser III
serve de pano de fundo para os capítulos 7-12.


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“... em 745 a.C. Tiglath-pileser III subiu ao trono da Assíria e começou a expandir seu império. Seus
três sucessores (Salmaneser V, Sargão II e Senaqueribe) se mostraram igualmente ambiciosos.
Aram (Síria) e Israel (Efraim) sentiram a pressão da expansão assíria antes de Judá, porque
estavam mais próximos da Assíria. Mas no reinado do rei Acaz, em Judá teve que tomar uma
decisão crucial em relação à sua relação com a Assíria. Isaías desempenhou um papel importante
nessa decisão (capítulo 7)” (CONSTABLE. 2015, p. 5).

O capítulo 1 de Isaías não tem nada de desconexo com o restante do livro, muito pelo contrário, ele traça
o panorama do que aconteceu em Israel, e qual era o estado da nação antes, justificando toda a mensagem do
livro. O que aconteceria no futuro de Israel se justificaria pelo estado presente da nação.
Esse período de paz e prosperidade lançou a nação em um estado de letargia espiritual que pouco a pouco
foi se aprofundando em todo tipo de imoralidade. Aqui Isaías nos descreve exatamente esse panorama.
Já aqui na observação do contexto de Isaías podemos extrair uma preciosa lição, em períodos de paz e
prosperidade estamos sujeitos nos esquecemos de quem promove essa paz e prosperidade, nos tornando assim
de uma fé simplesmente nominal, e centralizada apenas na satisfação e prazer pessoal, desligando-nos da
preocupação com Deus e com o próximo. Isaías 1 é em si um alerta do que pode acontecer quando momentos
assim acontecem, podendo ter o título: “Os perigos da prosperidade e paz”.
Porém, mais três reis de Judá são descritos aqui. O primeiro, Jotão, filho de Uzias, governou Judá de 740-
736 por 16 anos. É um dos reis de que é dito: “fez o que era reto aos olhos de YHWH” (2 Reis 15.34). Porém, teve
uma política tolerante ao sincretismo religioso e a paganização cultural. Assim como o pai fez várias obras e teve
várias conquistas militares: Subjugou os Amonitas recebendo tributos deles, construiu um portão no templo e
melhorou as fortificações defensivas por todo o reino (GARDENER, Paul. 1999, p. 392).
Infelizmente a tolerância ao paganismo de Jotão foi sentida em sua própria casa, seu filho Acaz seguiu o
paganismo. Acaz reinou por 16 anos (736-720). Foi durante o período de seu reinado que Israel do Norte
sucumbiu ante a Assíria. Isso não abalou Acaz, que tinha uma política pró-assíria, inclusive colocando imagens
dos deuses assírios (Ashur e Ishtar) no Templo de Jerusalém (2 Reis 16.10-16) oferecendo sacrifícios à esses
deuses. Aquilo que seu pai apenas tolerou Acaz estabeleceu como lei.
Vemos aqui o perigo e a rápida progressão com que o pecado entrou em Israel, um erro que Jotão apenas
tolerava seu filho cultuava e servia. O paganismo entra de maneira sorrateira, mas depois que entra evolui com
grande rapidez. Num mundo onde estamos lidando com questões polêmicas como: aborto, identidade de gênero,
homossexualidade, sincretismo, etc... Precisamos hoje tomar as medidas necessárias, se preciso radicais, para
que a próxima geração não sucumba ao paganismo.
O último rei mencionado por Isaías é Ezequias, que reinou por 29 anos (715-687 a.C.), ele foi co-regente
com Acaz seu pai desde 729 a.C., e assumiu o trono definitivamente em 715 a.C., com 25 anos de idade. Segundo
o livro dos Reis (2 Reis 18.15) nunca houve um rei como Ezequias que confiasse no Senhor. Ezequias elimina todo
o paganismo que seu pai colocou no Templo, e iniciou uma reforma de purificação da nação assim que iniciou
seu reinado em 715 a.C.

“A reforma teve como objetivo principal centralizar a adoração ao Senhor novamente em
Jerusalém. Como parte desse programa, o jovem rei ordenou que o Templo fosse reaberto e
purificado. A idolatria foi removida da área do Santuário, inclusive a imagem de Neutsã, a serpente
de bronze que Moises erigira no deserto, para que o povo não morresse atacado pelas cobras
abrasadoras (2 Rs 18.4; Nm 21.6-9). Esta estátua tornara-se objeto de culto e mostra quão
facilmente substituímos a verdadeira adoração pela falsa. Embora acreditem que Deus não se
agrada com este tipo de culto, os adoradores podem muito bem incorrer em sua condenação”
(GARDNER. 1999, p. 206).

As reformas de Ezequias culminaram com uma grandiosa festa de páscoa que se estendeu por 15 dias,
houve grande quebrantamento nacional que levou a eliminação de grande parte dos locais de cultos pagãos.
Muito graças a essa reforma, novamente voltou a reinar a paz em Israel, ainda que sempre tenha havido uma
certa tensão com a Assíria, no período de Sargão II o tratado de vassalagem feito por Acaz garantiu certa paz.

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Ezequias também fez obras importantíssimas como a canalização do rio Giom e sua ligação ao poço de
Siloé. Essa obra estratégica colocou todas as fontes de água da cidade sob proteção e assim aumentou sua
capacidade de resistência a cercos militares. Além disso, Ezequias fortaleceu os muros e construiu várias torres
de batalha.
As ameaças Assírias eram crescentes e se tornaram realidade quando Senaqueribe, então rei da Assíria
enviou seu principal general Rabsaqué que fez um cerco à cidade e desafiou Ezequias, afirmando que ninguém
poderia livrá-lo de suas mãos. Ezequias foi rasgou as vestes, colocou cinza sobre a cabeça e foi ao templo orar,
pedir para que YHWH os livrasse. A resposta veio por meio do profeta Isaías, que declarou que Senaqueribe
jamais tomaria Jerusalém e que ele teria uma morte cruel. Na mesma noite em que Isaías deu a profecia 185 mil
soldados Assírios foram mortos pelo anjo do Senhor. Posteriormente Senaqueribe foi assassinado por seus
próprios filhos Adrameleque e Sarezer dentro do templo de seu deus Nisroque, em Nínive.
No final deste mesmo ano, em 701 a.C., com 39 anos de idade Ezequias foi acometido de lepra.
Novamente Ezequias se quebrantou e orou e buscou ao Senhor e do mesmo modo, e YHWH o livrou da doença
dando-lhe mais 15 anos de vida. Depois disso, o restante da vida de Ezequias foi uma tragédia, ele se exaltou
grandemente, o que culminou nas profecias de Isaías quanto ao cativeiro Babilônico. Porém Ezequias mais uma
vez se quebrantou e orou e Deus por misericórdia e YHWH libertou aquela geração (GARDNER. 1999, p.206-209).
Este primeiro versículo nos dá um panorama completo do período de Ministério de Isaías, e nos mostra a
instabilidade política e religiosa da nação de Israel. Os próximos versículos que se seguem têm o objetivo de:

1. Apresentar a situação de calamidade da nação e a rápida degradação moral (2-9);
2. Apresentar a graça de Deus que poderia resolver a grave crise que tomava a nação (10-20);
3. E por fim, apresentar resposta rebelde de Israel (21-31);

rb{eDi ynIyzIa}h'w“ W[m]vi
hw:hy“ yKi $r,a, !yIm'v;
rb'D; @za [m'v; 2
a a a
Perf. Piel 3 MS Nom. Prop. Prep. FS Conj. + Voc. Hifil 2 FS MP Voc. Qal 2 MP
(ele) falou YeHWaH Porque terra e escuta (tu) céus ouvi (vós)

.ybi W[v]P; !hew“ yTim]m'wOrw“ yTil]D'GI !ynIB;


b] [v'P; !h' !wr ld'G: @Be
a a a a a
Prep. + Suf. 1 CS Perf. Qal. 3 CP Conj. + Pron. 3 MP Perf. Polel 1 CS Perf. Piel 1 CS MP
contra mim (eles) se rebelam mas eles e (eu) criei (eduquei) (eu) fiz crescer (tenho criado) filhos
O waw conjuntivo aqui expressa aspectos diferentes de

uma mesma ação: criar filhos.

ld'G: (gadal) – (Piel) fazer crescer, tornar grande, poderoso, magnificar (STRONG, 2002)
!wr (rwm) – Polel. Criar (filhos), educar, formar (SCHÖKEL. 1997, p. 611).

O começo do versículo aqui é uma inferência direta a Deuteronômio 30.19. Neste texto, Moisés tinha
acabado de transmitir os termos da Tratado ao povo de Israel, que agora tinha de decidir se aceitaria ou não
entrar em Aliança com YHWH. Vemos em Deuteronômio as formalidades da assinatura de um Tratado de
Suserania, as testemunhas são convocadas (céu e terra), e ambas as partes selam o acordo:

“Hoje invoco os céus e a terra como testemunhas contra vocês, de que coloquei diante de vocês a
vida e a morte, a bênção e a maldição. Agora escolham a vida, para que vocês e os seus filhos
vivam, e para que vocês amem o Senhor, o seu Deus, ouçam a sua voz e se apeguem firmemente
a ele. Pois o Senhor é a sua vida, e ele lhes dará muitos anos na terra que jurou dar aos seus
antepassados, Abraão, Isaque e Jacó” (Deuteronômio 30.19-20 – NVI).

Agora as testemunhas são convocadas novamente para testemunhar que Israel havia quebrado o Trato e
que agora YHWH estava livre para lançar sobre eles morte, maldição e desterro. Pois eles foram filhos rebeldes
e ingratos que não honraram seu Pai. É evidente no texto que YHWH cumpriu sua parte no acordo e fez crescer,
ou seja alimentou, protegeu, supriu. Além disso, educou, ou seja, deu instrução, direção, orientação. Enfim, fez
tudo que um bom Pai deve fazer, mesmo assim, esses filhos rebeldes se voltam contra seu próprio Pai.
4

wyl;[;B] rwOmj}w" WhnEqo
sWbae rwOv [d'y:
l['B' rwOmj} hnq 3
a a a
MP Co. + Suf. 3 MS MS Co. MS Ptc. Qal MS + Suf. 3 MS MS Perf. Qal 3 MS
os senhores dele a manjedoura e um burro aquele que é dono dele um boi (ele) conhece

.@n:wOBt]hi yMi['
aOl [d'y: aOl laer;c]yI
@yBi !['
a a a
Perf. Hitpolel 3 MS Part. Neg. MS Co. + Suf. 1 CS Perf. Qal 3 MS Part. Neg. Nom. Prop.
(ele) presta atenção não minha nação (meu povo) (ele) conhece não Israel

@yBi (bîn) – Hitpolel. Reparar em, prestar atenção, contemplar, considerar, meditar, refletir, reflexionar, entender,
pensar (SCHÖKEL. 1997, p. 611).

Um animal doméstico é completamente dependente de seu dono, Ele precisa dos pastos de seu dono, ou
no inverno do feno que o dono tem para produzir, o animal doméstico precisa que o dono o conduza a um rio
para beber água, ou que este encha a manjedoura dela. O animal doméstico depende da proteção dos currais
que o dono constrói, enfim, ele é completamente dependente do dono. Como consequência ele obedece ao
dono e trabalha naquilo que o dono precisa dele. Até mesmo os animais reconhecem os seus donos, reconhecem
aqueles que os compraram e cuidam deles, mas Israel não conhece YHWH, seu Pai e seu Deus e não se importa
com Ele. É evidente o tom sarcástico dessas palavras, ao mesmo tempo que fica evidente a dureza da crítica, o
comportamento dos Israelitas se tornou tão reprovável que até o boi e o burro são mais inteligentes que eles.

db,K, afejo
@wO[; ![' ywOG ywOh
dbeK; af;j; 4
MS Adj. MS Co. MS Ptc. Qal MS MS Interj.
(de) delito (crime) pesada (carregada, cheia) a nação (povo) aquela que falha (tropeça) a nação (povo) Ai de...
A palavra hebraica ywOh (hôy às vezes é traduzida como “ai”) era um grito de luto ouvido nos funerais (ver 1 Reis 13.30, Jeremias 22.18-
19, Amós 5.16). Quando o público de Isaías ouviu esta palavra, imagens de morte devem ter aparecido em suas mentes (CHISHOLM.
2002, p. 15).

!ytiyjiv]m' !ynIB; !y[irem]


[r'z<
tjv @Be [['r;
Ptc. Hifil MP MP Ptc. Hifil MP MS
um que é corrompidos (pervertidos) filhos uma que é malvada (perversa) raça
Intransitivo

Ata, Wbz“[;
hw:hy“
tae bz"[;
a
Nom. Prop. Obj. Dir. Perf. Qal 3 CP
YHWH de (eles) desamparam (desinteressam-se)

WrzOn: vwOdq] Ata, Wxa}nI


.rwOja; laer;c]yI
rWz vwOdq; tae $n"a;
a a
MS Perf. Nifal 3 CP Nom. Prop. Adj. MS Co. Obj. Dir. Perf. Piel 3 CP
para trás (eles) se apartam (desertam) Israel Santo do (eles) desdenham (menosprezam)

Aqui, o tom de brincadeira acaba e um grito fúnebre abre esta parte do livro. A ameaça de morte é evidente
por causa do pecado. Os Israelitas que foram separados para serem a raça que deveria redimir o mundo é agora
raça malvada e corrupta que afasta os homens de YHWH. Eles nem são chamados mais “filhos de Deus” como no
vs. 3 (cf. Salmo 83), agora são “filhos pervertidos” que levam corrupção por onde vão. Eles abandonam YHWH
completamente, desdenham de Sua Santidade e voltam atrás em suas afirmações de fidelidade à Ele. São
completamente desinteressados pelas coisas de Deus.

5


“Hipócrita: indivíduo que, ao professar virtudes que não respeita, assegura as vantagens de parecer
ser aquilo que despreza” (BIERCE. 2006, p. 73).

Para nós que temos a revelação completa não há como não lembrar das características tão similares de
muitos falsos cristão dos dias de Paulo e dos nossos dias:

“Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos,
presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela
família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores,
precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de
piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se desses também” (2 Timóteo 3.1-5).

Como é fácil aos homens abandonar a Deus, e se tornarem tão egoístas e soberbos que simplesmente
ignoram tudo o que Deus é e faz.

WpysiwOT WKtu hm,
hr;s; dwO[ l['
#sy hkn hm;
a a 5
FS Impf. Hifil 2 MP Adverb. Impf. Hofal 2 MP Pron. Inter. Prep.
a rebelião (vós) aumentais continuar (vós) haveríeis de ser golpeados Por que?
(obstinação) (fazem crescer) (ainda) (feridos de morte) (Por quanto tempo?)

Alk;w“ ylij}l; AlK;


.yW:D' bb;le varo
lKo ylij? lKo
Adj. MS MS Conj. + MS Co. Prep. + MS MS MS Co.
doente (indisposto) coração e todo com doença (enfermidade) cabeça toda

!tom]
wOB
A@yae varo Ad[ew“ lg<r,
A#Kemi
b] d[' #K' 6
a
MS Prep. + Suf. 3 MS Adverb. MS Conj. + Prep. FS Prep. + FS
saudável neles Nada a cabeça e até do pé desde a palma
@yae (’ên) normalmente é usada em orações sem verbo
para expressar negação: “não há neles nada saudável”
(WALTKE e OCONNOR. 2006, p. 661, 39.3.3.a.7).

hY:rif] hK;m'W hr;WBj'w“


[x'P,
yrif; hK;m' hr;WBj'
Adj. FS Conj. + FS Conj. + FS MS
ressente ferida e contusão (vergões) uma ferida

.@m,V;B' Hk;K]ru aOlw“ WvB;ju aOlw“ WrzO


AaOl
@m,v, Jk'r; aOl vb'j; aOl rWz
a a a
Prep. + MS Perf. Pual 3 CP Conj. + Part. Neg. Perf. Pual 3 CP Conj. + Part. Neg. Perf. Qal 3 CP Part. Neg.
com azeite (eles) aliviaram e não (eles) enfaixaram e não (eles) espremeram não

A pergunta deste versículo apresenta a estupidez da situação, por que alguém que tem um Pai como Deus,
que cuida, que protege, que ajuda, enfim que faz tudo para o bem de seu povo vai se rebelar contra ele, fugiria
para longe dele a ponto de ser castigado? Quem seria estúpido o suficiente para isso? Israel foi. Nós somos.
Quantas vezes sabendo as consequências do pecado em nossas vidas, sabendo que sofreremos, sabendo
que com certeza haverão consequências e elas serão dolorosas, mas mesmo assim insistimos no erro. É o
alcoólatra em só mais uma dose, é o obeso em só mais uma colherada, o diabético numa colherinha a mais de
açúcar e o hipertenso em só mais uma pitadinha de sal, enfim, sempre queremos ir além, sempre mais, mesmo
sabendo toda a culpa, a dor, a doença, o sofrimento que vem depois.
6

Isaías descreve um corpo doente extremamente ferido pelo castigo. Castigo que muitas vezes é o próprio
pecado em si, não necessariamente uma punição, mas o pecado já estava lançando sobre Israel, miséria, roubo,
violência, tristeza, depressão, etc... O pecado já é assolador, só o pecado em si, ele mesmo já golpeia, já abre
buracos na pele, já sangra. Muitas vezes, consequências maiores são só um sopro, um golpe final num corpo que
já está destruído.
A ilustração de Isaías apresenta a nação judaica como uma ferida aberta gangrenada e purulenta, sem ter
recebido nenhum único tratamento médico, como espremer para retirar o pus, enfaixar e colocar azeite de oliva
como curativo.
Não há como ler esse texto e não o relacionar com o cap. 53 de Isaías onde o servo do Senhor é moído
pelas transgressões de seu povo. Jesus veio ao mundo para levar os açoites daqueles que nEle crerem, Jesus foi
moído em sua carne, sua cabeça recebeu coroa de espinhos, seu corpo foi pregado em uma cruz, tudo porque nós
insistimos no pecado, ele levou sobre si as nossas enfermidades.
Ele é o espremer da ferida que retira dela toda purulência, eles é o azeite medicinal e a gaze que protege a
ferida para que ela se cure, Jesus é o único remédio que curará as feridas de Israel, e nossas.

twOpruc] !k,yre[; !k,x]r]a'
vae hm;m;v]
#r'c; ry[i $r,a, 7
a a a
F e MS Ptc. Pass. Qal 2 FP FP Co. + Suf. 2 MP FS FS Co. + Suf. 2 MP
(com) fogo (vós) fostes queimadas as cidades de vós (em) devastação (ruínas) a terra de vocês
Função Genitiva

Instrumental

Ht;ao !ylik]ao !yriz: !k,D]g“n<l] !k,t]m'd]a'


tae lk'a; rWz dg<n< hm;d;a}
a a a
Obj. Dir. + Suf. 3 FS Ptc. Qal MP Ptc. Qal MP Prep. + Prep. + Suf. 2 MP FS Co. + Suf. 2 MP
a ela devorando (consumindo) um que é estrangeiro adiante de vocês a terra de vocês

!yriz: tk'Peh]m'K] hm;m;v]W


rWz hk;Peh]m' hm;m;v]
Ptc. Qal MP Prep. + FS Co. FS
um que é estrangeiro com destruição (catástrofe) dela e devastação
palavra usada sempre se referindo a Sodoma e Gomorra

Isaías muda de figura, de um corpo humano ferido ele salta para a ideia de uma terra ferida:

“Na legislação Mosaica Deus dá ou tira a ’adama de acordo com a obediência de seu povo (Levítico
20.24). A frutificação da terra depende da obediência do povo (Deuteronômio 11.17). Salomão
repete este modelo de criação-queda-redenção em torno de ’adam-’adama (1 Reis 8.34, 40). Este
ciclo governa a história de Israel (1 Reis 13.34; 14.15; 2 Reis 21.8; 25.21). Neemias reconhece o
mesmo modelo teológico (Neemias 10.37)” (COPPES. In: HARRIS. 1998, p. 26).

O ser humano foi criado da terra e quando morre volta para a terra. Além disso a vida do ser humano
depende da terra, que tem um papel preponderante na sustentação da vida. Uma terra devastada nos termos do
texto aqui significa fome, e sua companheira, a morte.
O que Isaías esta predizendo aqui são as invasões, saques e por fim a desolação final quando Jerusalém e
incendiada e destruída completamente por Nabucodonosor.








7

!r,k;b] hK;suK] Atb' hr;t]wOnw“
@wOYxi
!r,k, hK;su tB' rt'y: 8
a
Prep. + MS Prep. + FS Nom. Prop. FS Conj. + Perf. Nifal 3 FS
nas vinhas como abrigo temporário (cabanas) (de) Sião a filha (ela) é deixada para trás
“a filha de Sião” é o sujeito do verbo no Nifal.
hv;q]mib] hn:Wlm]Ki
hv;q]mi hn:Wlm]
Prep. + MS Prep. + FS
na plantação de melões como choça

.hr;Wxn“ ry[iK]
rx'n: ry[i
Ptc. Pass. FS FS
uma que foi sitiada como uma cidade

A figura ainda é a mesma do versículo anterior, uma cidade sitiada e em ruínas. A figura da nação como “a
filha de Sião” é comovente, a ideia de filha é da fragilidade e formosura de uma mocinha jovem, porém essa filha
aqui se encontra desamparada, perdida e sozinha, sem nenhuma proteção, comparada à uma caba no meio de
uma plantação.
“A filha de Sião” aqui é uma clara referência a um dos vários cercos à cidade de Jerusalém no período pré-
exílico, começando com o cerco Assírio ordenado por Senaqueribe (2 Reis 18.17-19.37), culminado no cerco final
por Nabucodonosor da Babilônia no reinado de Joaquim (2 Reis 24-25), que em 568 a.C. queimou a cidade
destruindo-a por completo.
“Muitas famílias israelitas viviam em aldeias, mas construíam pequenos abrigos em seus campos e
acampavam ali durante a época da colheita. Depois da colheita, esses pequenos barracos pareciam
lamentáveis, abandonados, inúteis e deteriorados” (CONSTABLE. 2016, p. 19).

Normalmente se construíam, nas plantações de
maneira geral, pequenas torres de pedra sobre as quais se
armava uma tenda simples, para que no período da colheita
as vinhas pudessem ser vigiadas contra inimigos e/ou
animais, como vemos na imagem ao lado.
Ou esses abrigos eram pequenas choças que serviam
de sombra e abrigo durante tempestades de areia, chuvas
ou qualquer intempere (figura 2).
Isaías diz que esses abrigos rústicos, sem nenhuma
estrutura para serem uma residência permanente, e que
Figura 2 – hK;s u (sukkah – “cabana”) eram construídos e usados temporariamente, seriam tudo
o que sobraria para os Israelitas habitarem, tamanha seria a
destruição nas cidades.
Essa ilustração é bem comum aos profetas, Miquéias
apresenta essa mesma figura:

“Contorça-se em agonia, ó povo da cidade de Sião, como a mulher
em trabalho de parto, porque agora terá que deixar os seus muros
para habitar em campo aberto. Você irá para a Babilônia, e lá
será libertada. Lá o Senhor a resgatará da mão dos seus inimigos.
Mas agora muitas nações estão reunidas contra você. Elas dizem:
“Que Sião seja profanada, e que isso aconteça diante dos nossos
Figura 2 – hn:Wlm] (melûnah – “choça”) olhos!” (Miquéias 4.10-11).


8

Porém, a ilustração de Miquéias ganha contornos mais lindos quando descreve os planos finais de YHWH
para a história de Seu povo, descrevendo essa saída da segurança dos muros de Jerusalém apenas como uma ida
ao campo em tempos de colheita para os abrigos temporários, onde Israel, guiada pela mão de YHWH colherá as
nações da Terra.

Wnl; rytiwOh twOab;x] yleWl
dyric; hw:hy“
l] rt'y: ab;x; aleWl 9
a a
MS Prep. + Suf. 1 CP Perf. Hifil 3 MS F e MP Nom. Prop. Prep.
um resto (de sobreviventes) de nós (ele) deixasse para trás (dos) exércitos YHWH a menos que (se)

.WnymiD; hr;mo[}l' WnyyIh; !dos]Ki f[;m]Ki


hm;D; hr;mo[} hy:h; !dos] f['m]
a a
Perf. Qal 1 CP Prep. + Nom. Prop. Perf. Qal 1 CP Prep. + Nom. Prop. MS
e
(nós) pareceríamos a ‘Amorah (Gomorra) (nós) seríamos como S dom (Sodoma) por pouco
f['m] (me‘ath) – Advérbio com função potencial, relacionado a aleWl (lûle’): “a menos que [YHWH livrasse um resto] ... por pouco [não
seríamos aniquilados totalmente]”.

A comparação aqui é fortíssima, Sodoma e Gomorra são tidas no Antigo Testamento como o ápice do
derramar da Ira de YHWH, as duas cidades representam o máximo de pecado que Deus tolera. Quando Isaías
compara Israel com essas cidades está apontando não só o tamanho do juízo que viria sobre Israel mas também o
quanto era abominável o que a nação estava praticando. Os líderes, e os “deuses” que eles serviam, de Israel são
convocados a ouvir como se fossem líderes de Sodoma e Gomorra e não de Israel (vs. 10) Porém, assim como
apenas Ló, e suas duas filhas escaparam de Sodoma e Gomorra, um pequeno remanescente de Israel escapará da
Ira de YHWH.
Temos destacado aqui uma salvação apenas para um “resto”, um remanescente minúsculo de
sobreviventes, diante de uma multidão de destruídos. Essa figura do remanescente fiel está presente em todo o
livro de Isaías:

“Embora o seu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, apenas um remanescente voltará. A
destruição já foi decretada, e virá transbordante de justiça” (Isaías 10.22-23 – NVI).

O apostolo Paulo, usando tipologicamente Isaías 10.22-23 e a presente passagem, lida com esse
remanescente em Romanos 9.27-29, afirmando que se trata do grupo de pessoas que aceitam o convite de Deus
ao arrependimento e são restauradas como comenta CARSON:

“O padrão do juízo divino, no passado, repete-se no presente escatológico. Assim, como o juízo
passado pressagiava a salvação, agora a rejeição de Deus a Israel antevê a salvação deles” (CARSON
e BEALE. 2014, p. 809-810).

Porém o apóstolo Paulo faz uma revelação que transcende a restauração nacional e territorial de Israel,
falando da Salvação eterna de Israel em Cristo Jesus. É Ele pessoalmente, que em Sua segunda vinda salvará Israel
do cerco das nações na Batalha de Armagedon e então Israel será salvo, não só de Seus inimigos, mas de si mesma,
de seu coração duro, de seus pecados, e entrará assim na Promessa de Seu Senhor, 144 mil varões judeus e suas
famílias assim, inaugurarão o reino milenar.

“Deus deixa agora para Israel uma ‘descendência’ não de acordo com a descendência física, mas
por sua palavra da promessa, uma ‘descendência’ que prenuncia a salvação final da nação (v. 9.6-
9). A citação de Isaías 1.9 ressalta a relevância da mensagem profética para o momento, pois a
condição momentânea de Israel [no momento em que Paulo escreve Romano] é exatamente ‘como
antes dissera Isaías’ (9.29)” (CARSON e BEALE. 2014, p. 810).




9

Também é importante destacar que Deus não salva Israel antes da nação sofrer as consequências de seu
pecado, Deus não os livra da tribulação, mas Deus os livra na tribulação. A tribulação é parte do plano de Deus
para Seu povo, é claro que Ele poderia ter impedido que o remanescente sofresse, mas não o fez, pois parte do
Seu plano é através da dor, do sofrimento, corrigir e quebrantar Seu povo fazendo-os, ali, se voltarem para Ele, e
com corações quebrantados, clamarem pela Salvação do Senhor.
Outro destaque que se faz necessário é o fato que esse remanescente mencionado aqui em Isaías, que
volta da Babilônia, na verdade, prefigura um outro remanescente, não mais um punhado de judeus preservados
por YHWH, mas como prefere Paulo (tb. a LXX) um grupo de spevrma (spérma – semente, descendência), não de
Abraão, mas gerados de Deus por intermédio da fé no Messias, Jesus. Isso nos traz de volta a questão da filiação,
ou seja, no futuro, esses que agora são filhos da perversidade, serão filhos de Deus em Cristo Jesus, esta filha
desolada e desprotegida, cercada de inimigos, será novamente restaurada e novamente protegida por YHWH,
como o lugar da habitação eterna dos filhos de Deus, a Nova Jerusalém celestial.

ynEyxiq] Arb'd] W[m]vi
!dos] hw:hy“
@yxiq; rb'D; [m'v; 10
a
Nom. Prop. MP Co. Nom. Prop. MS Cons. Imp. Qal 2 MP
Sedom (Sodoma) governantes (de) YHWH a fala Ouvi (vós)

Wnyheloa> tr'wOT WnyzIa}h'


.hr;mo[} !['
!yhiloa> hr;wOT @za
a a
Prep. + Nom. Prop. MS MP Co. + Suf. 1 CP FS Co. Imp. Hifil 2 MP
(de) ‘Amorah (Gomorra) povo do nosso Deus a orientação (lei, Torá) escutai (vós)

O convite a ouvir e a escutar já havia sido feito no vs. 2 convidando “o céu e a terra” como testemunhas da
Aliança entre YHWH e Israel, para que agora pudessem ser testemunhas da vindicação de juízo, aqui, novamente
é feita a mesma convocação, porém ao Israel pecador, “Sodoma e Gomorra”, a que se arrependa.
Israel e seus líderes são comparados aqui mais uma vez às abomináveis cidades de Sodoma e Gomorra:
“Portanto, o egoísmo rude e violento, unido à abominação sensual era o pecado de Sodoma, e é o pecado de Judá”
(LANGE, SCHAFF, NÄGELSBACH, LOWRIE, MOORE. 2008, p. 41). Ainda que YHWH não tivesse destruído Jerusalém
completamente como tinha feito com Sodoma e Gomorra, Jerusalém havia se tornado tão digna desse juízo quanto
aquelas cidades, e aqui, toda a cidade é mencionada, desde o povo comum até os governantes (políticos e
religiosos), todos estavam imersos no pecado.

“‘Sodoma’ e ‘Gomorra’ foram consideradas como epítome da pecaminosidade, dizer que Jerusalém
tinha se tornado como essas cidades era uma condenação terrível (Apocalipse 11.8)” (RADMACHER
[Ed.]. 1997, p. 1113).

O Profeta Ezequiel usa a mesma ilustração de Sodoma e Gomorra para descrever Jerusalém em sua
infidelidade:

“Todos os que gostam de citar provérbios citarão este provérbio sobre você: ‘Tal mãe, tal filha’. Você
é uma verdadeira filha de sua mãe, que detestou o seu marido e os seus filhos; e você é uma
verdadeira irmã de suas irmãs, as quais detestaram os seus maridos e os seus filhos. A mãe de vocês
era uma hitita e o pai de vocês, um amorreu. Sua irmã mais velha era Samaria, que vivia ao norte
de você com suas filhas; e sua irmã mais nova, que vivia ao sul com suas filhas, era Sodoma. Você
não apenas andou nos caminhos delas e imitou suas práticas repugnantes, mas também, em todos
os seus caminhos, logo se tornou mais depravada do que elas. Juro pela minha vida, palavra do
Soberano, o Senhor, sua irmã Sodoma e as filhas dela jamais fizeram o que você e as suas filhas têm
feito.
Ora, este foi o pecado de sua irmã Sodoma: ela e suas filhas eram arrogantes, tinham fartura de
comida e viviam despreocupadas; não ajudavam os pobres e os necessitados. Eram altivas e
cometeram práticas repugnantes diante de mim. Por isso eu me desfiz delas, conforme você viu.
Samaria não cometeu metade dos pecados que você cometeu. Você tem cometido mais práticas
repugnantes do que elas, e tem feito suas irmãs parecerem mais justas, dadas todas as suas práticas
10

repugnantes. Aguente a sua vergonha, pois você proporcionou alguma justificativa às suas irmãs.
Visto que os seus pecados são mais detestáveis que os delas, elas parecem mais justas que você.
Envergonhe-se, pois, e suporte a sua humilhação, porquanto você fez as suas irmãs parecerem
justas.
Contudo, eu restaurarei a sorte de Sodoma e das suas filhas, e de Samaria e das suas filhas, e a sua
sorte junto com elas, para que você carregue a sua vergonha e seja humilhada por tudo o que você
fez, o que serviu de consolo para elas. E suas irmãs, Sodoma com suas filhas e Samaria com suas
filhas, voltarão para o que elas eram antes; e você e suas filhas voltarão ao que eram antes. Você
nem mencionaria o nome de sua irmã Sodoma na época do orgulho que você sentia, antes da sua
impiedade ser trazida a público. Mas agora você é alvo da zombaria das filhas de Edom e de todos
os vizinhos dela, e das filhas dos filisteus, de todos os que vivem ao seu redor e que a desprezam.
Você sofrerá as consequências da sua lascívia e das suas práticas repugnantes. Palavra do Senhor”
(Ezequiel 16.44-58 NVI).

Temos aqui um chamado ao arrependimento, para que os líderes da nação ouçam a voz de Deus e para
que o povo se volte para a Lei de Deus a Torá. Abaixo veremos que esse convite não é para a mera obediência
formal da Lei, com seus sacrifícios e ofertas, mas para um coração que ama a Lei, e ao Senhor da Lei.
Este convite e as descrições que o seguem demonstram para nós o verdadeiro propósito da Lei. A Lei não
era um manual do que fazer para se aproximar de YHWH, mas sim de como estar por dentro, no coração ao se
aproximar de YHWH. Pois o povo de Israel continuava cumprindo todos os rituais religiosos exigidos pela Lei, mas
essa era uma obediência fria, distante que estava focada só na prática e não no seu significado. Por isso, quanto
mais eles praticavam a Lei assim, mais distantes de YHWH ficavam e mais parecidos com Sodoma e Gomorra.

rm'aOy !k,yjeb]zI Abro yLi AhM;l;
hw:hy“
rm'a; jb'z< bro l] hM;l;
a a a 11
Nom. Prop. Impf. Qal 3 MS MP Co. + Suf. 2 MP MS Prep. 1 CS Part. Inter.
dos seus sacrifícios
YHWH (ele) disse a quantidade enorme para mim Para que?
(ofertas de paz – Levítico 3.1)

!yliyae twOl[o yTi[]b'c;


lyIa' hl;[o [b'c;
a
MP FP Perf. Qal 1 CS
(de) carneiros (dos) holocaustos (eu) estou farto (saturado)

!yaiyrim] bl,jew“
ayrim] bl,je
MP Conj. + MS
(de) novilhos gordos e (da) gordura

.yTix]p;j; !yriP; !d'w“


aOl
$pej; rPe !D;
a
Perf. 1 CS Part. Neg. MP MS Co.
(eu) tenho prazer não de touros e (do) sangue


!ycib;k]W
cb,K,
Conj. + MP

de carneiros


!ydiWT['w“
diWT['
Conj. + MP

e de bodes

11

A Lei era só uma expressão exterior de algo que deveria estar acontecendo por dentro, apenas um símbolo
de uma realidade muito maior. Se o coração continua corrompido e por causa disso praticamos mais e mais
sacrifícios, cada um desses novos sacrifícios ao invés de aplacarem a Ira de Deus, somente aumentam-na,
aproximando assim o juízo. O perigo da religião é tornarmos o objeto da religião seu fim, e esquecermos que o fim
da religião não é seu objeto, mas para o que, ou quem, ele aponta.

“VITRINGA chama a atenção para uma gradação nestes versículos. Sacrifícios de sangue, assistência
ao templo, holocaustos, festas, orações, são uma série de formalidades religiosas que aproximavam
passo a passo o povo para um culto verdadeiramente espiritual. Mas, no entanto, tudo isso não
satisfazia o Senhor pela maneira como Israel os vinha observando; porque a nação, não obstante,
não se elevava acima do nível do mero serviço cerimonial exterior” (LANGE, SCHAFF, NÄGELSBACH,
LOWRIE, MOORE. 2008, p. 42).

Jesus deixou isso claro quando se colocou como o caminho para o Pai. Nem a cruz, nem o sacrifício devem
se tornar sinal de adoração. Muitas pessoas em nossos dias carregam cruzes no peito, fazem o sinal da cruz, trazem
adesivos da cruz em seus carros, até tatuam cruzes em suas peles, porém estão longe de entenderem o significado
da cruz, estão longe se entenderem que aquela cruz era para ser sua, estão longe de confessarem seus pecados, e
arrependidos lançarem seus pecados na cruz de Cristo. Essas pessoas, não se diferenciam em nada dos Israelitas
dos tempos de Isaías.
A igreja primitiva também se confundiu num dado momento. Quando a perseguição se levantou sobre a
Igreja muitos cristãos começaram a cultuar de tal modo o martírio (o sacrifício) que criou-se uma mentalidade de
que somente o martírio poderia salvar ou ser uma morte digna para um cristão. Assim, muitos cristãos
estupidamente se entregaram ao martírio, e desejavam o martírio, inclusive se autoflagelando. Este é um outro
exemplo parecido com o que vemos aqui, o foco do cristianismo não é a morte de Cristo, e sim a vida que ela
oferece, a possibilidade de poder ter acesso ao Deus vivo, por isso, a morte de Jesus não significaria nada sem Sua
ressurreição.
Portanto, precisamos ter nossos olhos atentos para que não transformemos nosso meio de aproximar do
Pai num fim em si mesmo e assim perdemos aquilo que é mais importante. Quando isso acontece, quando o meio
vira mais importante do que o fim, a religião se torna morta, fria, tediosa, repetitiva, é só mais um ritual, mais uma
música, mais uma prédica, não há prazer, não há transcendência, não há intimidade com o Pai. E pior ainda, quanto
mais isso é repetido só gera mais morte espiritual, mas retorno ao pecado e mais proximidade do Juízo de Deus.

“Qual quer afirmação simplista de que Deus sempre odeia o pecado mas ama o pecador, precisa ser
combatida pela insistência de Isaías, de que: ‘aqueles que transgridem são os meus adversários e
inimigos’” (MOTYER. 1993, p. 49).

MOTYER, seguindo o que aponta Isaías, derruba um dos mitos da teologia comum de nossos dias, de que Deus odeia
o pecado mas ama o pecador. Se Deus ama o pecador, por que é preciso um sacrifício substitutivo para aplacar a Ira do
Senhor. Ira que Ele deseja lançar sobre o pecador? É verdade que o Amor de Deus precede a Ira, pois Ele provê um sacrifício
suficiente para um pecador arrependido. Mas, é certo também que a Ira precede o Amor, quando o pecador, que já tinha a
Ira de Deus sobre si, desdenha do sacrifício substitutivo que Deus proveu. Este homem seguramente não experimentará
Amor nenhum da parte de Deus, senão, tão somente, sua fúria, cólera e Ira, na condenação eterna, pois de Deus não se
zomba. Ainda mais, pensando que este sacrifício substitutivo, provido por YHWH, foi Seu Próprio Filho, Jesus Cristo.













12

yn:P; twOar;le Wabot;
yKi
!ynIP; ha;r; awB 12
a a
MP Co. + Suf. 1 CS Inf. Co. Nifal. Impf. Qal 2 MP Prep.
a minha face (presença) para ver (vós) vendes Quando

.yr;xej} smor] !k,d]Y<mi vQebi Aymi


tazO
rxej; sm'r; dy: vqb ymi
a a a
F e MP + Suf. 1 CS Qal Inf. Co. Prep. + FS Co. + Suf. 2 MP Adj. FS Perf. Piel 3 MS Pron. Inter.
o meu átrio pisotear da vossa mão isto (ele) pediu quem

Isaías aponta que a presença dos Israelitas no templo era meramente física, e não espiritual. Eles iam para
o templo buscar a presença do Senhor, mas não a encontravam obviamente, pois o templo aqui era considerado
um mero pátio qualquer onde as pessoas andavam. Essa banalização da ida ao templo é duramente criticada pelo
Senhor, tornando a presença dos Israelitas ali como um atabalhoado pisotear de um lugar que deveria ser sagrado.
A figura desenhada aqui, é a mesma da anterior, o templo não é um lugar sagrado em si mesmo, ir até ele
não é garantia de encontro com o Senhor, a sacralidade do templo se dá na intensão verdadeira e quebrantada do
adorador, no fundo no fundo, o templo só é santo para o coração quebrantado que vai até Ele arrependido,
contrito, quebrantado, para buscar ao Senhor em Espírito e em verdade. Sendo que qualquer ida ao templo que
não assim é um pisotear estabanado. Novamente aqui, Isaías está lembrando que o Templo era só um meio e não
um fim em si mesmo.
Esta perspectiva não era nada nova na Teologia do Antigo Testamento, o próprio Salomão já afirmara isso
quando da consagração do Templo:

“Mas será possível que Deus habite na terra? Os céus, mesmo os mais altos céus, não podem conter-
te. Muito menos este templo que construí!” (1 Reis 8.27 – NVI).

Algo que é reforçado aos Judeus no discurso de Estevão em Jerusalém:

“... mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens” (Atos 7.48 – NVI)

Que mensagem tão contemporânea para todos aqueles que ainda creem em prédios santos, que
mensagem forte e impactante para todos os que se encaminham para cultos com a simples intenção de encontrar
amigos, ou de cantar músicas pelo simples ritmo, que forte palavra para os que fazem da reunião cristã um simples
programa ou evento nada diferente de um cinema, teatro ou palestra motivacional. Que mensagem dura para os
que se perderam tanto de Deus que acham os estudos da Palavra chatos e tediosos, que não conseguem encontrar
o prazer na Lei de Deus. Que acham o culto longo demais, porque não conseguem encontrar Deus nele, e que e
entram e saem dia após dia de cadeiras, paredes e portas encontrando apenas a sombria tristeza e falta de sentido
dos próprios corações.1 e 2
Como poderíamos desprezar isso, para apenas pisotear um lugar? Como subir à casa do Senhor mas por
causa de corações duros não encontra-lo? Justo Ele que quer ser encontrado. Basta buscarmos de todo coração,
pois um coração puro e sincera não desprezará nosso Senhor. O verdadeiro Templo do Senhor nunca foi, nem
nunca será, um lugar aonde ir, mas sim uma condição interior a se buscar. YHWH nunca estará longe daqueles que
o invocam em espírito e em verdade, não importa o quão longe estejamos de um edifício construído pelos homens,
sempre podemos cultuar, adorar, nos encontrarmos com o Senhor, sermos amados por Ele.






1
Música: Coração de Pedra (João Alexandre) – https://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=SBM90JoSs4o.
2
Música: Salmo 96 (Vencedores por Cristo) – https://www.youtube.com/watch?v=V8_1MiMY3bM.
13


“E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas
sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam
sua plena recompensa. Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai,
que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará. E quando orarem, não
fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito
falarem serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes
mesmo de o pedirem” (Mateus 6.5-8 NVI).

Atj'n“mi aybih; WpysiwOt
aw“v; aOl
hj;n“mi awOB #s'y: 13
a
MS FS Co. Inf. Hifil Co. Impf. Hifil 2 MP Part. Neg.
inúteis ofertas apresentar (vós) aumentais (acrescentais) não

yli
ayhi hb;[ewOT tr,foq]
l]
a a
Prep. + Suf. 1 CS Pron. 3 FS FS FS
para mim ele (é) coisa repugnante (abominação) o incenso

.hr;x;[}w" lk'Wa aOrq] tB;v'w“


@w<a; AaOl ar;q]mi vd,jo
hr;x;[} lkoy: ar'q; tB;v'
a
Conj. + FS MS Impf. Qal 1 CS Part. Neg. MS Inf. Qal Co. F e MS MS
na reunião festiva nada (eu) suportarei (aguentarei) não congregação convocar e o sábado a lua nova

yvip]n" ha;n“c; !k,yde[}wOmW !k,yved]j;


vp,n< anEc; d[ewOm vd,jo 14
a a a a
FS Co. + 1 CS Perf. Qal 3 FS MP Co. + Suf. 2 MP MP Co. + Suf. 2 MP
a meu ser (ela) é odiosa e festas estabelecidas de vocês as luas novas de vocês

.aOcn“ Ytiyael]nI hr'fol; yl'[; Wyh;


ac;n: hal hr'fo l[' hy:h:
a a a
Inf. Qal Co. Perf. Nifal 1 CS MS Prep. + 1 CS Perf. Qal 3 CP
de carregar (suportar) (eu) estou cansado (de algo) sobrecarga sobre mim (eles) se tornaram

Claramente aqui Isaías está focado nas festas religiosas obrigatórias para os judeus (Êxodo 23.10-17;
Levítico 23; Números 28 e 29; Deuteronômio 16). Novamente cada uma dessas festas não tinham seu foco no dia
em si mas em seu propósito de aproximar as pessoas de Deus.
Se existe uma coisa que Deus não pode, é conviver com o pecado, conviver com as abomináveis
convocações para as reuniões Judaicas, centradas no ego humano, nos interesses pessoais, no quanto poderiam
se beneficiar disso, centradas em dias e regras, centradas em rituais, ou seja, centradas em qualquer outra coisa
que não YHWH: “Deus não pode suportar essa combinação de concentração e descentralização, de forças
centrípetas e centrífugas” (LANGE, SCHAFF, NÄGELSBACH, LOWRIE, MOORE. 2008, p. 42).
Fico imaginando os olhos de Deus para as festividades cristãs, a quarta-feira de cinzas. Depois de uma
semana inteira de bebedeira, sexo e toda promiscuidade envolvida no carnaval, ficam sem comer carne e bebida,
pões peixe nas as mesas e acreditam que assim encontrarão o Perdão de Deus.
E o Natal, que seria para comemorar o “aniversário” de Jesus. Que nada, enchem os Shopping Centers se
entregam descontroladamente ao consumo, gastando o dinheiro que nem têm, se endividando para o próximo
ano inteiro, pelo simples prazer de satisfazer seus egos. Nem se quer se lembram quem é o aniversariante, pois
nos centros de consumo, outro se sentou no trono o papai Noel.
Depois vão para as Igrejas ouvir cantatas espetaculares, e os ingressos são vendidos como em qualquer
espetáculo humano. Ouvem uma mensagem que oferece um perdão sem compromisso. E então se metem em
suas casas a se embriagar, e empanturrar com toda sorte de glutonarias, e trocar os presentes que eles compraram
para eles mesmos.
14

Na Páscoa não fazem diferente. Morte e ressurreição de Jesus? Nem se fala mais nisso. Hoje em dia, é
coelho e ovo de páscoa. Todo mundo se empanturrando de chocolate, e a professora do ministério infantil da
Igreja, vestida de coelhinha diz: Feliz Páscoa a todo mundo.
E o Sábado? O sábado respondo com o seguinte exemplo:

Alguém me perguntou:
- Pastor qual é o dia de descanso do Cristão?
E eu respondi:
- Cristo.
Mas aí a pessoa me disse:
- Não tudo bem, entendi. Mas, que dia da semana ele deve parar para passear, dormir até tarde, enfim,
descansar???
No que respondi:
- Bom, isso ele pode fazer no sábado.
Então ele me perguntou:
- E o domingo???
- Ah! O Domingo, esse é o dia que os Cristãos deveriam estudar as Escrituras com profundidade, é o dia em
que eles questionam, perguntam, ouvem, aprendem, discutem, aplicam-na às realidades da vida, se
enchem da Palavra, crescem no conhecimento de Cristo, se alimentam dEle, se fartam de Sua Palavra até
abrir os sinturões de suas almas... Esse é o dia de chorar de ante de Deus, orar, cantar, clamar, declarar,
compartilhar a fé com os irmãos, dividir as cargar, se interar do que o corpo de Cristo está fazendo durante
a semana, enfim… É o dia em que Eles estão se enchendo dAquilo que os levará a descansar em Cristo
durante o restante da semana. Mas, infelizmente, os cristãos no Domingo dormem até tarde ao invés de
irem a EBD, vão passear no shopping e assistir um filme no cinema, vão para um parque ou para qualquer
um desses entretenimentos modernos, ao invés de ir ao culto, eles preferem os os fast foods da alma… Aí,
depois, não sabem porque passam a semana com fome, cansados, inseguros, instáveis, imaturos,
estressados, aflitos, deprimidos, etc...
- Pastor, então quer dizer que a gente tem que guardar o Domingo?
- Não filho, a gente não tem que guardar o Domingo, é o Domingo que guarda a gente...

Percebo que se Deus se enojava e odiava as festas judaicas que ainda de alguma forma preservava ao
menos elementos da Lei, quanto mais dessas abominações de hoje em dia. Essas festas apenas demonstram uma
coisa, o que vale é o dia, a festa, a comida, as luzes, os elementos, Deus já foi colocado para fora delas, igualzinho
as do tempo de Isaías. Canta-se o menino Jesus, mas não o tem no coração.

!K,mi yn"y[e !yli[]a' !k,yPeK' !k,c]rip;b]W
@mi @yI[' !l[ #K' cr'P; 15
a a a a a
Prep. + Suf. 2 MP F Dual Co. + Suf. 1 CS Impf. Hifil 1 CS F Dual Co. + Suf. 2 MP Inf. Piel Co. + Suf. 2 MP
de vocês os meus olhos (eu) esconderei as suas mão e quando estender de vocês

['mevo yNIn<yae WBr]t'


hL;pit] AyKi !G"
[m'v; @yIa' hb;r;
a a
Ptc. Qal MS Adverb. + Suf. 1 CS FS Impf. Hifil 2 MP Prep. Adverb.
será ouvido nada de mim as orações (vós) multipliqueis que mesmo

.Walem; !ymiD; !k,ydey“


alem; !D; dy:
a a
Perf. Qal 3 CP MP F Dual Co. + Suf. 2 MP
(elas) estão cheias (de) sangue as suas mãos



15

As orações completam a integralidade da odiosidade desse povo diante de Deus, suas ações são nojentas,
sua presença é intragável, seus valores são corruptos e deturpados, e de sua boca não sai nada que sirva para Deus
dar qualquer atenção ou resposta. Se a boca fala do que está cheio o coração, para que ouvir uma boca que
expressa um coração vazio de qualquer coisa boa.
Israel acabou por cair num padrão de pensamento igual ao ritual religioso e de culto dos seus vizinhos
pagãos.

1. Pensavam que se, somente fizessem, exatamente, o que os rituais de adoração a Deus especificavam
iriam agradar a Deus.
2. Esqueceram que Deus pretendia que suas cerimônias fossem simbólicas de uma atitude interior para
com Ele.
3. A sua atitude para Ele era mais importante do que o seu desempenho impecável de rituais de adoração.
4. Até mesmo as suas orações seriam ineficazes se a sua atitude para com Deus não estava certo (vs. 15).
5. As mãos cheias de sangue (vs. 15) é uma figura de linguagem que expressa culpa por abusar de outros.

As mãos cheias de sangue aqui não eram apenas por crimes, mas aquele monte de animais mortos, todo
aquele sangue derramado e espalhado pelo altar, todas aquelas vísceras tiradas, toda aquela carne separada em
partes, tudo aquilo inutilmente feito, simplesmente feito com as mãos, mas sem nenhum significado para a alma.
Deus simplesmente estava enojado não por causa das mãos sujas, mas por que elas se sujaram sem limpar os
corações.
Além disso, como veremos abaixo e como vemos na vida dos reis de Israel, com histórias sanguinárias,
trapaças, traições, assassinatos, estupros, violência, guerras, tudo que se possa imaginar que derrame sangue, seja
inocente ou não, faz parte da lamentável história desse povo. E assim, porque derramam tanto sangue sem
derramarem seus corações, estão sempre com mãos impuras diante do Senhor.

!k,ylel]['m'
['ro
Wrysih; WKZ"hi Wxj}r'
!ylil;[}m' rWs hk;z: $j'r; 16
a a a a
MP Co. + Suf. 2 MP MS Imp. Hifil 2 MP Imp. Hitpael 2 MP Imp. Qal 2 MP
das suas ações (obras, conduta) o mau removei (vós) purificai (vós) limpai (lavai) (vós)

.['reh; Wld]hi yn:y[e dg<N<mi


[['r; ld'j; @yI[' dg<N< + @mi
a a
Inf. Hifil Co. Imp. Qal. 2 MP F Dual. Co. + Suf. 1 CS Prep. + Prep.
(de) causar dano (ferir, agir maldosamente ou perversamente) cessai (vós) dos meus olhos de diante

“Tendo mostrado o que Deus não quer, Isaías agora disse ao povo o que Ele quer (ver 66.1-4, 17).
Suas exigências são curtas e simples em contraste com os elaborados rituais descritos acima
(Deuteronômio 10.12-13, Miquéias 6.8). Três comandos negativos referem-se ao passado e cinco
positivos ao futuro. A lavagem (vs.16) é simbólica do arrependimento (ver Atos 2.38, 13.24, Tito
3.5)” (CONSTABLE. 2016, p. 20).

A palavra $j'r; (raHatz – lavar, limpar) geralmente se refere ao banho ritual de purificação antes de se
apresentar na presença do Senhor, algo que com certeza esses judeus faziam com seu corpo, mas é também
verdade que nem sempre, ou quase nunca, eles se purificavam e removiam suas más obras. Deus realmente quer
que eles entendam que precisam de pureza moral ante de entrar na presença do Senhor.
O verbo hk;z: (zakah – purificar) tem um estreito paralelo com o Templo, tudo no Templo precisava ser Jz"
(zak – puro), os pães, o azeite dos candelabros, o incenso, a água do mar de bronze, os objetos, as práticas, os
rituais, mas principalmente e acima de tudo os homens.
Essa pureza representava muito mais do que a eliminação de contaminações externas, a representação
externa de purificação com água é símbolo de uma pureza de alma, que é expressa externamente em obras que
agradam YHWH. Não adianta fazer a obra certa pelos motivos errados ou com as motivações erradas, Deus não
avalia apenas o exterior, mas principalmente e acima de tudo o coração, por isso, a pureza interior é que devem
gerar as obras exteriores.
16

O verbo rWs (sûr – no Hifil “remover”) é o mesmo verbo usado no texto que relata Ezequias removendo os
objetos pagão e eliminando os locais de cultos idólatras (2 Reis 18.4; 2 Crônicas 30.14). Várias passagens da Bíblia
relatam o que eles deveriam eliminar, PATTERSON dá a seguinte lista:

1. Deuses estranhos (Gênesis 35.2);
2. Todo o mau (Isaías 1.16);
3. Vinho (1 Samuel 1.14);
4. Falsos caminhos (Salmo 119.29);
5. Falsa adoração (Amós 5.21-23).

A lista não é extensa nem exaustiva, mas nos dá uns parâmetros sobre questões como abolir qualquer tipo
de idolatria, seja física (uma estátua), seja da alma (um sentimento, uma pessoa, uma posse, um cargo, etc.), não
fazer coisas que notoriamente são más (matar, roubar, se embriagar, adulterar, etc.), não tomar decisões com
base em princípios e valores falsos, e viver uma vida espiritual superficial ou hipócrita.
Porém, o texto nos termina informando que o principal de tudo isso não é o que pode ser visto, como tudo
isso tem que ser feito aos olhos de Deus, então tudo tem que partir de um coração que em primeiro lugar o agrada.
Como diz a famosa música da Banda de música Capital Inicial:

Rafaela tá trancada há dois dias no banheiro
Enquanto a sua mãe
Toma prozac, enche a cara
E dorme o dia inteiro
Parece muito mas podia ser

Carolina pinta as unhas roídas de vermelho
Em vez de estudar
Fica fazendo poses
Nua no espelho
Parece estranho mas podia ser

O que você faz quando
Ninguém te vê fazendo
Ou que você queria fazer
Se ninguém pudesse te ver

Gabriel e a namorada se divertem no escuro
E o seu pai acha tudo que ele faz
Errado e sem futuro
É complicado mas podia ser

Mariana gosta de beijar outras meninas
De vez em quando
Beija meninos
Só pra não cair numa rotina
É diferente mas podia ser

O que você faz quando
Ninguém te vê fazendo
Ou que você queria fazer
Se ninguém pudesse te ver 3





Música: Quatro Vezes Você (Capital Inicial): https://www.youtube.com/watch?v=OM99O9zDjm0.
3
17

fP;c]mi
Wvr]Di bfeyhe Wdm]li
vr'D; bf'y: dm'l; 17
a a
MS Imp. Qal 2 MP Inf. Hifil. Co. Imp. Qal 2 MP
a justiça buscai (vós) (a) fazer o bem aprendei (exercitai) (vós)

Wbyri Wfp]vi WrV]a'


.hn:m;l]a' !wOty: $wOmj;
byri fp'v; rv'a;
a a a
FS Imp. Qal 2 MP MS Imp. Qal 2 MP MS Imp. Piel 2 MP
(pela) viúva lutai (vós) ao orfão faça justiça (vós) o opressor (impiedoso) corrigi (vós)

Depois de todas as coisas erras descritas acima Deus ordena 3 coisas pessoais a se fazer a respeito de si
mesmo, e deu seu relacionamento com Deus. Assim, que a questão com Deus e consigo mesmo estão resolvidas
então Deus demanda 5 coisas a serem feitas à outros homens.
Pois, são duas coisas bem diferentes “deixar de fazer o mau” e “aprender a fazer o bem”. A melhor
explicação dessa passagem as próprias Escrituras nos dão, o apóstolo Paulo nos fala exatamente como esse
processo funcionada:

“Todavia, não foi isso que vocês aprenderam de Cristo. De fato, vocês ouviram falar dele, e nele
foram ensinados de acordo com a verdade que está em Jesus. Quanto à antiga maneira de viver,
vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a
serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a
Deus em justiça e em santidade proveniente da verdade.
Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos
somos membros de um mesmo corpo. “Quando vocês ficarem irados, não pequem”. Apaziguem a
sua ira antes que o sol se ponha, e não deem lugar ao Diabo. O que furtava não furte mais; antes
trabalhe, fazendo algo de útil com as mãos, para que tenha o que repartir com quem estiver em
necessidade.
Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros,
conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. Não entristeçam o Espírito
Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livrem-se de toda amargura,
indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns
para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo”.
(Efésios 4.20-32 NVI)

“A passagem revela claramente uma preocupação com as injustiças sociais da época. Tais injustiças
sociais, no entanto, só poderiam ser corrigidas por uma mudança de coração dos indivíduos, a água
do mar de bronze, o altar, e também os homens, na verdade principalmente os homens, pois eram
eles que cuidavam da pureza de todo o resto” (YOUNG. Vol. I, 1972, p. 74).

hw:hy“
rm'ayO hj;k]W:nIw“
an: AWkl]
rm'a; jk'y: Jl'h; 18
a a a
Nom. Prop. Impf. Qal 3 MS Conj. + Impf. Nifal 1 CP Coor. Prep. Imp. Qal 2 MP
YHWH (ele) diz e (nós) argumentaremos por favor vinde (vós)

WnyBil]y" gl,V,K' !ynIV;K' !k,yaef;h} Wyh]yI


A!ai
@b'l; gl,V, ynIv; af]he hy:h:
a a a
Impf. Hifil 3 MP Prep. + MP Prep. + MP MP Co. Suf. 2 MP Impf. Qal 3 MP Adverb.
(eles) serão brancos (branquearão) como neve como escarlates os seus pecados (eles) sejam ainda que

.Wyh]yI rm,X,K' [l;wOTk' WmyDia]y"


A!ai
hy:h: rm,X, [l;wOT !d'a;
a a
Impf. Qal 3 MP Prep. + MS Prep. + MS Impf. Hifil 3 MP Adverb.
(eles) serão como lã como escarlate (eles) fiquem vermelhos ainda que

18

O YHWH enojado, ofendido, cansado, agora graciosamente,
convida o homem ao arrependimento, todo o furor do SENHOR dos
exércitos é contido agora, antes do castigo, Ele oferece a oportunidade
de arrependimento. Israel é conclamado a se render a estes Senhor, a
confessar seus pecados, a tomar novas atitudes.
ynIv; (Shanî - Carmesim) – O inseto “coccus ilicis”, cujo corpo
ressecado da sua fêmea libera uma substância corante da qual é
produzida a tintura usada para tingir o tecido de escarlate ou
carmesim. Quando a fêmea da lagarta escarlate está pronta para
desovar, ela fixa seu corpo ao tronco de uma árvore, fixando-se de
maneira tão firme e permanente para jamais sair. Então ali, presa a
madeira a lagarta morre, e derrama o fluido carmesim (vermelho)
sobre os ovos protegendo-os ainda mais dos predadores. Este fluído
era utilizado para pintar as vestimentas. Após quatro dias, o lugar onde
o verme se fixa, tem o formato de um coração, contudo não é mais
vermelho, é uma cera branquíssima, branca como a neve. Esta cera é
recolhida e usada para fazer uma goma, que é usada para conservar
madeira.
Os ovos depositados por baixo de seu corpo eram desta forma protegidos até que as larvas fossem
chocadas e fossem capazes de assumir o seu próprio ciclo vital. Quando a mãe morria, o fluido carmesim manchava
seu corpo e a madeira em volta. Dos corpos mortos destas lagartas escarlates fêmeas eram extraídas as tintas
comerciais da antiguidade de cor escarlate. Que ilustração isso nos dá acerca de Cristo, morrendo no madeiro,
derramando seu precioso sangue para que conduzisse “muitos filhos à glória” (Hebreus 2.10)! Ele morreu por nós,
para que pudéssemos viver por meio dele! O Salmo 22.6 descreve Jesus como verme e nos apresenta-nos este
quadro de Cristo (MORRIS. 2002, p. 73).

“Há uma outra ideia aqui. Esta era uma cor que impregnava rápida e tinha uma fixação
extremamente forte. Nem o orvalho, nem a chuva, nem a lavagem, nem o uso prolongado a
removeriam. Por isso, é usado para representar o poder de fixação e permanência dos pecados no
coração. Nenhum meio humano os lavará. Nenhum esforço do homem, nenhum rito externo,
nenhuma lágrima, nenhum sacrifício, nenhuma oração é suficiente para levá-los. Um poder todo-
poderoso é necessário para removê-los” (BARNES. 1840, p. 106).

É evidente também no texto de Isaías o motivo do uso do vermelho, é uma clara referência as mãos sujas
de sangue dos judeus que impedia seu relacionamento com YHWH. Porém aqui, aqueles que admitem que suas
mãos estão realmente sujas tem em YHWH a oportunidade de limpá-las. A comparação é hiperbólica, pois mãos
não ficam brancas como neve ou lã, mas essa expressão hiperbólica tem o sentido de mostrar que a limpeza de
Deus é poderosa e completa.
Mãos limpas, comunhão restaurada plenamente. Com mãos limpas o culto faz sentido, o sacrifício tem
propósito, a ida ao templo é poderosa e revigorante, a obediência um privilégio, a oração é ouvida e respondida,
a presença de Deus é sentida no meio de seu povo.











19

!T,[]m'v]W WbaTo
A!ai
[m'v; hb'a; 19
a a
Perf. Qal 2 MP Impf. Qal 2 MP Adverb.
e (vós) obedecerdes (vós) estiverdes dispostos se

.WlkeaTo $r,a;h;
bWf
lk'a; $r,a,
a
Impf. Qal 2 MP Art. + FS MS Co.
(vós) comereis da terra o melhor (agradável, benéfico, amável, bom, feliz alegre)

YHWH promete algo que somente Deus pode fazer, oferecer um ajuste climático perfeito que promova boa
colheita, impedir pragas na lavoura, desastres naturais, inimigos que venham roubar e saquear, e produtividade,
tudo o que é preciso para que a colheita seja feita e produza os melhores frutos. Porém é evidente que a satisfação
expressa aqui não é somente a da colheita do campo, mas também a da alma. Se Israel confiasse no Senhor,
confessasse seus pecados e mudasse suas atitudes, estariam supridos, protegidos e felizes. Portanto, temos aqui
os três “P’s” da Aliança:

1. Permanência
2. Prosperidade
3. Paz

Obviamente outra coisa implícita, além de prosperidade é permanência pacífica na terra. Este versículo faz
um contraste com o vs. 7, lá a terra é devorada por estrangeiros, aqui ela é fonte alimento para Israel.

WlK]auT]
br,j,
!t,yrim]W Wna}m;T] A!aiw“
lk'a; hr;m; @a'm; !ai 20
a a a
Impf. Pass. Qal 2 MP MS Perf. Qal 2 MP Impf. Piel 2 MP Conj. + Adverb.
(vós) sereis devorados (pela) espada e (vós) fordes rebeldes (desobedientes) (vós) recusardes mas, se

.rBeDi yPi
hw:hy“ yKi
rb'D; hP,
a a
Perf. Piel 2 MS Nom. Prop. MS Co. + Suf. 1 CS Prep.
(ele) falou YHWH minha boca Pois

Porém, enquanto o convite de Deus ao arrependimento foi genuíno (vs. 16-20), a nação foi hipócrita e se
afastou completamente de YHWH, e assim, a disciplina foi inevitável. O profeta lamentou a profundidade da
apostasia de Israel e anunciou que o Senhor desejava a purificação de Seu povo na fornalha da aflição antes de ela
se tornar o que Ele queria que fossem.

“O profeta apresentou duas alternativas para o povo escolher entre o relacionamento com Deus em
sua condição lamentável. Eles poderiam continuar a depender do ritual religioso (culto) para tentar
manipular a Deus (vs 10-15), ou poderiam mudar seus caminhos e viver moral e eticamente vidas
puras (vs.16-17). A escolha era deles (vs. 18-20)” (CONSTABLE. 2016, p. 19).

O texto de Isaías é extremamente relevante para nossos dias, e traz inúmeros paralelos com o que vivemos
hoje, o Senhor continua insistentemente, e contra todas as probabilidades, oferecendo-nos a Graça. Porém é
preciso ficar claro para nós que o tempo se esvai, e em breve Ele virá, mas não mais para trazer a paz, mas sim a
espada.





20

BIBLIOGRAFIA


BARNES, Albert. Notes: critical, explanatory, and pratical on the book of the prophet Isaiah. Vol. I. Boston: Crocker & Brewster,
1840.
BIERCE, Ambrose. O Dicionário do Diabo. Lisboa, Pt: Tinta da China, 2006.
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do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998. p. 1034-1035.
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B. Eerdmans Publishing Co., 1972. p. 74.

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