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INDICE
1. INTRODUÇÃO GERAL
2. COMPREENDENDO A REVELAÇÃO DE DEUS AOS HOMENS
1.1. REVELAÇÃO GERAL
1.2. REVELAÇÃO ESPECIAL
5. OS MATERIAIS DA ESCRITA
5.1. OS INSTRUMENTOS DE ESCRITA
5.2. SUPORTES USADOS NO PROCESSO DE ESCRITURAÇÃO
5.3. FORMATOS DOS LIVROS
5.4. AS FERRAMENTAS DE ESCRITA
5.5. AS TINTAS
6. TRADUÇÕES DA BÍBLIA
6.1. PANORAMA HISTÓRICO DAS PRINCIPAIS TRADUÇÕES DA BÍBLIA
7. O CÂNON BIBLICO
7.1. A FORMAÇÃO DO CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO
7.2. CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA DO ANTIGO TESTAMENTO
7.3. A FORMAÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
7.4. FATORES QUE INFLUENCIARAM A IGREJA NO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
7.5. CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA DO NOVO TESTAMENTO
7.6. CRITÉRIOS PARA RECONHECER A CANONICIDADE DE UM LIVRO
7.7. O FECHAMENTO DO CÂNON
Caros(as) alunos(as),
É com grande alegria e gratidão que dou as boas-vindas a todos vocês ao INTEB - Instituto
de Teologia Bíblica. Sejam bem-vindos a esta jornada de aprendizado e crescimento espiritual.
Neste lugar de estudo e reflexão teológica, estamos unidos pela busca do conhecimento das
Escrituras Sagradas, pela compreensão mais profunda da palavra de Deus e pelo aprofundamento na
fé. Aqui, a teologia se torna não apenas uma disciplina acadêmica, mas uma ferramenta para
fortalecer nossa relação com o divino.
Nossa jornada será desafiadora, mas também recompensadora. A cada passo, vocês estarão
mais próximos de compreender a sabedoria divina. Este instituto é um ambiente de comunhão e
apoio mútuo, onde podemos crescer juntos na fé.
Portanto, convido cada um de vocês a se dedicar com paixão e diligência aos estudos, a se
envolver nas discussões teológicas e a buscar uma relação mais profunda com Deus.
Que este tempo no INTEB seja abençoado e que, ao final de sua jornada, vocês saiam daqui
não apenas com um diploma, mas com um coração transformado e um chamado divino mais claro.
APRESENTAÇÃO
📖 Conteúdo e Abordagem
Nesta disciplina, os alunos irão explorar diversos aspectos da Bíblia, incluindo:
1. Introdução à Bíblia: Uma visão geral dos livros da Bíblia, sua história e
contexto.
2. Inerrância e Autoridade: Discussão sobre a inerrância das Escrituras e sua
autoridade na fé cristã.
3. Interpretação Bíblica: Técnicas e métodos para entender e aplicar os
ensinamentos bíblicos.
4. Teologia Bíblica: Como os temas e doutrinas se desenvolvem ao longo das
Escrituras.
5. Relevância Contemporânea: Como a Bíblia se relaciona com questões atuais e
desafios culturais.
🎯 Objetivos da Disciplina
Desenvolver uma compreensão profunda da Bíblia como base da teologia cristã.
Capacitar os alunos a interpretar e aplicar os ensinamentos bíblicos de maneira
significativa.
Promover a reflexão sobre a relevância da Bíblia nas questões contemporâneas.
BIBLIOLOGIA
A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
INTRODUÇÃO:
🌐 Fontes
1. solascriptura-tt.org - Bibliology, Hermeneutics, Dispensations
2. sbts-wordpress-uploads.s3.amazonaws.com - Biblical Authority and Textual Criticism
3. brill.com - The Hebrew Bible Manuscripts: A Millennium
I - COMPREENDENDO A REVELAÇÃO DE DEUS AOS HOMENS
1. Se Deus não tivesse se dado a conhecer, nós jamais o conheceríamos. Revelação é, portanto,
o processo pelo qual Deus se mostra e se comunica ao Homem. A possibilidade do estudo
do Deus verdadeiro se deve ao fato dEle ter permitido que os homens o conheçam. Esta
possibilidade do conhecimento, do caráter, vontade, desígnios e verdade de Deus se chama
“Revelação”.
2. O propósito de Deus ter-se revelado ao homem foi que o Homem O conheça, e aceite o
plano dEle para sua vida, a Revelação Especial que é Jesus Cristo. Seu Deus não tomasse a
iniciativa de se revelar ou manifestar ao homem, a criatura jamais conheceria seu criador, e
eternamente longe e perdido dEle andaria.
3. A Revelação, no entanto, pode ser tanto “geral” como “especial”.
A. Natureza
1. Muitos homens extraordinários apontam o universo como uma manifestação do
2. poder, glória e divindade de Deus. A perfeição da natureza deixa o homem sem desculpas
para buscar uma revelação mais ‘especial’ do criador.
“Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas
mãos”. Salmo 19:1
B. História
1. Impérios nasceram e desapareceram; nações, povos e reinos passaram pela
2. história, e nela também Deus tem se manifestado com justiça. Na história o sistema cristão
encontra uma revelação do poder, da soberania e da providência de Deus.
“Por que não é do Oriente, não é do Ocidente, nem do deserto que vem o auxílio. Deus é o
Juiz: a um abate, a outro exalta”. Salmo 75: 6 – 7
“...de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo
fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a
Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de
nós” Atos 17: 26 – 27
C. Consciência
1. A consciência humana não inventa coisas; e sim, atua com base num padrão (certo X
errado). Essa ciência revela o fato de que há uma Lei absoluta no universo, e que há um
Legislador Supremo que baseia esta Lei em sua própria pessoa e caráter.
“... os gentios (...) não tendo leis servem eles de leis para si mesmos; eles mostram a norma
da lei gravada nos seus corações, testemunhando-lhes também a consciência, e seus
pensamentos mutuamente acusando-se ou defendendo-se” Romanos 2:14 – 15.
A. Jesus Cristo
1. Usamos aqui ‘Jesus Cristo’ para descrever o centro da história e da Revelação... Ele é a
melhor prova da existência de Deus, pois Ele viveu a vida de Deus entre os homens.
2. “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as
coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão
exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito
a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” Hebreus 1: 1 -
3.
3. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus
4. ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
5. Príncipe da Paz” Isaías 9: 6
6. “Disse-lhes Jesus: (...) Quem me vê a mim, vê o Pai...” João 14:9
B. Escrituras
1. Usamos aqui ‘Escrituras’ para descrever a Revelação mais clara e infalível na comunicação
de Deus ao Homem. Ela descreve o relacionamento de Deus com a sua criatura e a sua
iniciativa em revelar ao homem seu caráter, natureza e vontade.
2. “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo
as Escrituras.” 1 Coríntios 15: 3 – 4
3. A Revelação de Deus teve então uma incorporação por escrito na Bíblia. Ela é a
4. base do cristianismo e de todas as sua doutrinas. Portanto é a fonte suprema para a Teologia.
Por isso é muito importante um conceito certo e sua interpretação exata e correta.
A Revelação Bíblica é Deus tornando conhecidos os Seus pensamentos, Suas intenções, Seus
desígnios, Seus mistérios (Is.55:8-9, Rm.11:33-34, Ap.1:1). A Bíblia é a mensagem de Deus em
palavras humanas.
1. Etimologicamente, revelação vem do latim revelo, que significa descobrir, desvendar,
levantar o véu. Revelação significa, portanto, descobrimento, manifestação de algo que está
escondido.
2. Revelação é o ato pelo qual Deus torna conhecido um propósito ou uma verdade.
3. Por exemplo: Simeão disse: “...luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de
Israel” (Lc 2.32).
4. Paulo disse: “Faço -vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é
segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante
revelação de Jesus Cristo”. E ainda: “..pois, segundo uma revelação, me foi dado conhecer
o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente” (Ef 3:3 e Gl 1:11,12).
5. Revelação é o ato pelo qual Deus faz com que alguma coisa seja claramente entendida
– “Mas o seu coração é duro e teimoso. Por isso você está aumentando ainda
6. mais o castigo que vai sofrer no dia em que forem revelados a ira e os julgamentos justos
de Deus” (Rm 2.5 NTLH).
7. Revelação é, também a explicação ou apresentação de verdades divinas. O Salmista
disse: “A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos
8. simples” (119.130). Paulo: “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo,
outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja
tudo feito para edificação” (1Co 14.26).
9. Revelação é a operação divina que comunica ao homem fatos que a razão humana é
insuficiente para conhecer. É portanto, a operação divina que comunica a verdade de Deus
ao homem.
10. “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que
Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito;
porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”
(1Co.2:10).
A Indestrutibilidade da Bíblia:
Uma porcentagem muito pequena de livros sobrevive além de um quarto de século, e uma
porcentagem ainda menor dura um século, e uma porção quase insignificante dura mil anos.
A Bíblia, porém, tem sobrevivido em circunstâncias adversas por mais de três milênios.
Em 303 d.D. o imperador Dioclécio decretou que todos os exemplares das Sagradas
Escrituras fossem queimados em praça pública. “As cinzas daquele crime tornou-se o
combustível da divulgação” (Agnaldo).
A Bíblia já foi traduzida para mais de mil idiomas e dialetos, e ainda continua sendo o livro
mais lido do mundo.
A Natureza da Bíblia:
a) Ela é superior: Ela é superior a qualquer outro livro do mundo. O mundo, com sua
sabedoria e vasto acúmulo de conhecimento nunca foi capaz de produzir um livro que
chegue perto de se comparar a Bíblia.
b) É um livro honesto: Pois revela fatos sobre a corrupção humana, fatos que a natureza
humana teria interesse em acobertar.
c) É um livro harmonioso: Pois embora tenha sido escrito por uns quarenta autores
diferentes, por um período de 1.600 anos, ela revela ser um livro único que expressa um só
sistema doutrinário e um só padrão moral, coerentes e sem contradições.
Argumento da Analogia:
Os animais inferiores expressam entre si, com gestos e sons, seus diferentes sentimentos.
Entre os racionais existe comunicação direta de um para o outro, quer por meio das
expressões faciais e corporais, quer pela revelação de pensamentos e sentimentos.
Conseqüentemente é de se esperar que exista, por analogia, uma revelação direta de Deus e
o homem, uma vez que o homem é a imagem de Deus.
Portanto, é natural supor que o Criador sustente relação pessoal com Suas criaturas
racionais.
Argumento da Experiência:
O homem é incapaz por sua própria força descobrir....
a) que Precisa ser salvo;
b) que Pode ser salvo;
c) como pode ser salvo;
d) se há salvação.
Somente a revelação pode desvendar estes mistérios eternos. A experiência do homem tem
demonstrado que a tendência da natureza humana é degenerar-se, e seu caminho ascendente
se sustenta unicamente quando é voltado para cima em comunicação direta com a revelação
de Deus.
Argumento da Profecia Cumprida:
Mais de 300 profecias a respeito de Cristo registradas nas Escrituras já se cumpriram
integralmente. E dentre essas profecias, a mais próxima do nascimento de Cristo foi
pronunciada 396 anos antes de seu cumprimento.
Além disso, as profecias a respeito da dispersão de Israel também, se cumpriram (Dt.28;
Jr.15:4;l6:13; Os.3:4 etc); da conquista de Samaria e preservação de Judá (Is.7:6-8; Os.1:6,7;
1Rs.14:15); do cativeiro babilônico sobre Judá e Jerusalém (Is.39:6; Jr.25:9-12); sobre a
destruição final de Samaria (Mq 1:6-9); sobre a restauração de Jerusalém (Jr.29:10-14), etc.
·Reivindicações da Própria Escritura:
A própria Bíblia expressa sua infalibilidade, reivindicando autoridade. Nenhum outro livro
ousa fazê-lo. Encontramos essa reivindicação nas seguintes expressões: "Disse o Senhor a
Moisés" (Ex.14:1,15,26; 16:4; 25:1; Lv.1:1; 4:1; 11:1; Nm.4:1;13:1; Dt.32:48) "O Senhor é
quem fala" (Is.1:2); "Disse o Senhor a Isaías" (Is.7:3); "Assim diz o Senhor" (Is.43:1).
Outras expressões semelhantes são encontradas: "Palavra que veio a Jeremias da parte do
Senhor" (Jr.11:1); "Veio expressamente a Palavra do Senhor a
Ezequiel" (Ez.1:3); "Palavra do Senhor que foi dirigida a Oséias" (Os.1:1); "Palavra do
Senhor que foi dirigida a Joel" (Jl.1:1), etc.
Expressões como estas são encontradas mais de 3.800 vezes no Antigo Testamento. Portanto
o A.T. afirma ser a revelação de Deus, e essa mesma reivindicação faz o Novo
Testamento: “Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é
que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como
palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está
operando eficazmente em vós, os que credes” (1Ts.2:13); “Aquele que crê no Filho de
Deus tem, em si, o testemunho. Aquele que não dá crédito a Deus o faz mentiroso, porque
não crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho” (1Jo.5:10).
1. Antigo Testamento
Lei
5 livros (Gênesis a Deuteronômio), também chamados de Pentateuco.
História
12 livros (de Josué a Ester), com a narração da história do Povo de Israel;
Poesia
5 livros (de Jó a Cantares de Salomão);
Profecia
17 livros, subdivididos em "profetas maiores" e "profetas menores" (esta designação versa
unicamente sobre o tamanho dos livros e não sobre a importância dos profetas).
Novo Testamento
Evangelhos
4 livros (Mateus, Marcos, Lucas e João), que descrevem a biografia de Jesus Cristo
História
1 livro (Atos), que narra a história da Igreja do I século.
Doutrina
21 livros (ou epístolas): cartas a Igrejas ou a pessoas.
Profecia
1 livro (Apocalipse).
a. OS LIVROS APOCRIFOS
1. O que são os livros apócrifos ?
Os livros apócrifos são aqueles que, embora a religião Católica Romana os aceite como
pertencendo ao cânone bíblico, não podem ser considerados como pertencentes à Bíblia, por serem
contraditórios ou e origem duvidosa. A religião Católica Romana aprovou os apócrifos em 8 de
abril de 1546 para combater a Reforma protestante. Nessa época, os protestantes opunham-se
violentamente às doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras,
etc.
A palavra apócrifo significa precisamente oculto, e foi o termo inicialmente utilizado por certas
seitas a respeito de livros seus, que eram guardados para seu próprio uso.
2. Livros apócrifos do Antigo Testamento
Estes livros não faziam parte do cânone hebraico, mas eram aceites pelos judeus de Alexandria
que liam o grego. Alguns deles são citados no Talmude.
III Esdras: Relata factos históricos desde o tempo de Josias até Esdras, sendo a maior
parte da matéria tirada dos livros das Crônicas, de Esdras, e de Neemias. Foi escrito no
século I aC.
IV Esdras: Série de visões e profecias, especialmente apocalípticas, que alegadamente
Esdras terá anunciado.
Tobias: É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns
milagres preparados pelo anjo Rafael. Apresenta a justificação pelas obras (4.7-
11;12.8), a mediação dos santos (12.12), superstições (6.5, 7.9,19) e um anjo engana
Tobias e o ensina a mentir (5.16-19).
Judite: História da libertação de judeus do poder do general persa Holofernes, realçando
a coragem da heroína Judite, viúva e formosa que salva sua cidade enganando um
general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os fins
justificam os meios.
Ester: Capítulos adicionados ao livro canônico de Ester, do século II a.C.
Sabedoria: Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e
idolatria do epicurismo ( filosofia grega na era cristã). Apresenta o corpo como prisão
da alma (9.15), a doutrina sobre a origem e o destino da alma (8.19 e 20) e a salvação
pela sabedoria (9.19), todas contrárias à Bíblia.
Eclesiástico: Ou "Sabedoria de Jesus, filho de Siraque". Coleção de ditados prudentes e
judiciosos, semelhante ao livro dos Provérbios. Apresenta, todavia, a justificação pelas
obras (3.33,34), o trato cruel aos escravos (33.26 e 30; 42.1 e 5) e incentiva o ódio aos
samaritanos (50.27, 28)
Baruque: Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias,
numa exortação aos judeus aquando da destruição de Jerusalém. Mas é de data muito
posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo. Tem, entre outras
doutrinas, a intercessão pelos mortos (3.4)
II Daniel: Aditamento ao livro de Daniel, com "cântico dos três jovens" (o cântico dos
três jovens na fornalha), "história de Susana" (representando Daniel como justo juiz, em
que segundo esta lenda, Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseados em
falsos testemunhos), "Bel e Dragão" (conta histórias sobre a necessidade da idolatria).
Manassés: Oração de Manassés, rei de Judá, no seu cativeiro da Babilônia.
I Macabeus: Descreve a história de três irmãos da família “Macabeus”, que no
chamado período inter-bíblico(400 a.C.- 3 d.C.) lutam contra inimigos dos judeus
visando a preservação do seu povo e da sua terra.
II Macabeus: Não é a continuação de I Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de
lendas e prodígios de Judas Macabeu. Apresenta a oração pelos mortos; culto e missa
pelos mortos; intercessão pelos santos e o próprio autor não se julga inspirado.
III Macabeus: História fictícia de 217 a.C, enunciando as relações do rei egípcio
Ptolomeu IV, com os judeus da Palestina e Alexandria.
IV Macabeus: Ensaio homilético, feito por um judeu de Alexandria, conhecedor da
escola estoica sobre II Macabeus.
Livros dos Jubileus: Ou "Pequeno Gênesis", tratando de particularidades do Gênesis
duma forma imaginária e legendária, escrito por um fariseu entre os anos de 135 e 105
a.C.
Testamento dos 12 Patriarcas: Livro de modelo de ensino moral.
Oráculos Sibilinos: Descrições poéticas das condições passadas e futuras dos judeus.
4.3. O Senhor Jesus citou, por diversas vezes, as Escrituras do Antigo Testamento, porém,
nunca citou qualquer texto dos chamados livros apócrifos. Vejamos alguns exemplos das
citações que Jesus fez no Velho Testamento. Cfr., as seguintes citações do Antigo Testamento,
constantes em Lucas 24:27 e 44; Mateus 4:4; Mateus 4:7; Mateus 4:10; Mateus 19:4-5; Lucas
17:26-29; Mateus 12:40; Marcos 12:36 e João 5:46-47.
b. TRADUÇÕES ANTIGAS
Vulgata >10.000
Etiópico >2.000
Eslavônico 4.101
Armênio 2.587
Siríaco > 350
Copta 100
Árabe 75
Velha versão latina 50
O fragmento mais antigo do N.T. é um papiro encontrado nas grutas do Mar Morto (Qunrã),
datado do ano 70 d.c., contendo algumas palavras de cinco linhas do Evangelho de Marcos (o
papiro 5 da caverna 7 de Qunrã), a saber, Marcos 6:52-53.
Um encontro internacional de papirólogos confirmou a identificação. Mas alguns eruditos
liberais simplesmente se recusam a aceitar a identificação feita pelos especialistas. De modo que o
fragmento neotestamentário mais antigo, cuja identificação é indisputada, é um fragmento do
evangelho de João, encontrado no Egito, com datação aproximada por volta do ano 125 D.C.
Por esses motivos, incluímos a referência ao fragmento de Marcos encontrado em Qunrã
entre parêntesis na tabela apresentada adiante. Todos esses achados tornam o N.T. o texto antigo
mais bem documentado e atestado, quando comparado com outros escritos da antiguidade clássica.
Quadro Comparativo
OBRA/ DATA DO COPIA MAIS INTERVAL NUMERO DE
AUTOR ORIGINAL ANTIGA O EM ANOS COPIAS
N.T 40-100 d.C 125 d.C (70 d.C) 25 >5.000
Ilíada/Homero 900 a.C 400 a.C 500 643
Platão 427-347 a.C 900 d.C 1.200 7
Tácito 100 d.C 1.100 d.C 1.000 1000
Heródoto 480-435 a.C 900 d.C 1.300 8
Aristóteles 384-322 a.C 900 d.C 1.200 10
Vê-se facilmente que se alguém rejeitar a autenticidade histórica do N.T, então deverá, por
coerência, rejeitar a autenticidade histórica de todos os demais escritos antigos, pois o N.T. é, de
longe, o mais bem atestado, tanto pelo número de cópias existentes como pela proximidade em anos
da cópia mais antiga em relação ao original.
Nenhum outro escrito sequer chega perto do N.T. nesses critérios.
Temos então que perguntar: por que não são publicados artigos em jornais ou revistas
duvidando da existência de Heródoto, Aristóteles ou Platão?
Citações dos líderes da igreja nos três primeiros séculos
a. Clemente de Roma – foi discípulo de Pedro (95 d.c.). Fez citações de Mateus, Marcos,
Lucas, Atos, 1ª Coríntios, 1ª Pedro, Hebreus, Tito.
b. Inácio de Antioquia – conheceu pessoalmente os apóstolos (70-110 d.c.). Fez citações de
Mateus, João, Atos, Romanos, 1ª Coríntios, Efésios, Filipenses, Gálatas, Colossenses, Tiago,
1ª e 2ª Tessalonicenses, 1ª e 2ª Timóteo, 1ª Pedro.
c. Policarpo de Esmirna – discípulo do apóstolo João (70-156 d.c.). Também já citava diversos
livros do N.T. Morreu por causa do testemunho que deu de Jesus Cristo.
Esses textos mostram que os registros do N.T. sobre Jesus foram feitos por pessoas que
viram, ouviram e tocaram em Jesus. Até hoje, o depoimento de testemunhas oculares é prova válida
em processos judiciais.
Fontes
O grande incêndio de Roma se deu no verão de 64 d.c.
Subdit: usou de fraudulenta substituição, ou de sugestão falsa. Tácito não cria na culpa deles.
Infanticídio, canibalismo, incesto, etc. foram acusações levantadas contra os cristãos. “Somos acusados de três
coisas: ateísmo, comermos nossos próprios filhos e haver entre nós relações sexuais entre filhos e mães” –
Atenágoras, Letatio pro Christianis, III, cf. pág. 17.
Flávio Josefo – um dos mais reconhecidos historiadores antigos, era judeu. No seu livro
“Antiguidades Judaicas”, livro XVII, capítulo 4, terceiro parágrafo, Josefo faz a seguinte descrição
de Jesus: “Nesse mesmo tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos
considera-lo simplesmente como um homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que
tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas
mesmo por muitos gentios. Era o Cristo.
Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o
haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e
vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e que ele faria muitos outros
milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram seu nome.” (História dos Hebreus,
ed. CPAD, 1992).
O Testemunho da Septuaginta
Por volta do ano 250 a .c., a língua grega era a língua franca no mundo, usada em
comunicações entre várias nações. Nesse período, um grupo de sábios judeus fez uma tradução
completa dos livros do Velho Testamento para o grego. Essa tradução recebeu o nome de “Versão
dos Setenta”, ou “Septuaginta” (LXX), porque teria sido feita em setenta e dois dias.
A Septuaginta teve uma linha de transmissão própria, independente da transmissão do texto
hebraico (Massorético). Contudo, para tristeza dos céticos e críticos, apresenta elevado grau de
concordância com o texto massorético, o que atesta a fidelidade da sua transmissão. Os cristãos dos
primeiros séculos fizeram uso freqüente da Septuaginta, e muitas vezes no Novo Testamento as
citações do Antigo Testamento estão mais próximas da Septuaginta do que do Texto Hebraico.
Descobertas Arqueológicas
Até o começo do século dezenove a arqueologia havia realizado poucas descobertas referentes
ao período de história coberto pelo antigo testamento. Esse quadro mudou drasticamente ao longo
da segunda metade do século dezenove e do século vinte.
Nesta seção, destacamos apenas algumas, dentre muitas, descobertas arqueológicas que
explicam e confirmam o pano de fundo histórico do antigo testamento.
Ao contrário do que alguns possam pensar, a arqueologia tem prestado papel decisivo na
confirmação da autenticidade história da Bíblia.
Abraão e as descobertas em Nuzu e em Mari (“Arqueologia do Velho Testamento”, por
Merril F. Unger, publicado pela Imprensa Batista Regular, 1985, pgs. 62/64)
A cidade de Nuzu foi escavada entre 1925 e 1941. Situada a sudeste de Nínive, produziu
milhares de documentos de importância vital para o estudo do Velho testamento. Nas tábuas ali
descobertas, estão descritos costumes vigentes na época de Abraão, os quais guardam notável
concordância com o relato bíblico.
Adoção – em Nuzu, cônjuges sem filhos freqüentemente adotavam uma pessoa livre ou
escrava para que tomasse conta deles quando envelhecessem, os sepultassem quando morressem e
herdasse as suas propriedades.
Abraão, que não tinha mais esperanças de ter um filho, refere-se a Eliézer como seu herdeiro,
e chama-o “herdeiro de minha casa”, isto é, seu herdeiro presuntivo (Gênesis 15:2).
Possivelmente Abraão havia adotado esse escravo de confiança, de acordo com o costume
vigente, para vantagem de ambos. Porém, rezavam os costumes de Nuzu que, se o adotante gerasse
um filho posteriormente, o filho adotivo cederia lugar ao herdeiro principal.
E foi exatamente o que aconteceu quando Isaque nasceu.
Leis matrimoniais – os costumes conjugais de Nuzu ilustram a ação de Sara, dando a seu
marido a serva egípcia Hagar como sua substituta, quando pensou que não mais poderia ter filhos.
As leis matrimoniais de Nuzu estipulavam que se uma esposa fosse estéril, devia providenciar
uma esposa escrava para seu marido.
Direitos de primogenitura – a venda da primogenitura, efetuada por Esaú (gênesis 25:27-34)
também é ilustrada. Em Nuzu existia um preceito legal para o qual os privilégios do primogênito
eram transferidos a outrem. Em um caso registrado, um irmão cedeu a primogenitura a outro em
troca de três ovelhas – um preço não muito diferente da refeição que Esaú recebeu. Tudo isso
confere peso ao argumento de que as narrativas da era patriarcal (referente a Abraão, Isaque, Jacó e
seus doze filhos) foram escritas à época de Moisés, pois só assim se explica a exatidão detalhada
com que os costumes daquela época estão refletidos na narrativa bíblica.
Mari foi uma antiga cidade do médio Eufrates. Escavações empreendidas ali, desde 1933,
trouxeram à luz mais de vinte mil tábuas dos arquivos do palácio real. Na época de Abraão (2.100
A.C.) Mari era uma das mais florescentes e brilhantes cidades do mundo mesopotâmico. Abraão e
seu pai, Terá, devem ter passado por essa metrópole, em seu caminho para Harã.. A cidade de Naor
(Gênesis 24:10) é mencionada freqüentemente nas correspondências encontradas em Mari. Uma
carta de Naor foi enviada ao rei por uma senhora daquela cidade, e diz o seguinte: “Ao meu senhor,
diz Inib-Sarrim, tua serva. Por quanto temo preciso eu ficar em Naor? A paz foi estabelecida, e a
estrada está desobstruída.
As muralhas de Jericó (“The Signature of God”, por Grant R. Jeffrey, 1998, pg. 81).
Durante as escavações de Jericó, entre 1930 e 1936, o Professor John Garstang encontrou uma
das mais incríveis confirmações dos registros bíblicos sobre a conquista da terra prometida. Os
resultados foram tão surpreendentes que ele tomou o cuidado de elaborar uma declaração por
escrito da descoberta arqueológica, assinada por ele e por outros membros da equipe. “Quanto ao
fato principal, então não há quaisquer dúvidas. As muralhas caíram no sentido para fora da cidade,
tão completamente que os atacantes seriam capazes de passar por cima delas apenas com as mãos e
os pés”. O que é surpreendente é que todas as cidades do mundo antigo que tiveram suas muralhas
derrubadas por invasores, o resultado era que as muralhas caíam para dentro da cidade, nunca para
fora.! O relato de Josué 6:20 é exato, e somente o poder sobrenatural de Deus poderia ter feito as
muralhas caírem para fora.
b. Variantes involuntárias
Muitas variantes textuais que aparecem nos manuscritos gregos do NT se originaram de
forma involuntária ou acidental.
Assim como um leitor por vezes se confunde com a presença de palavras semelhantes ou
palavras com início ou final idêntico num mesmo parágrafo, também os copistas facilmente faziam
confusão numa situação dessas.
Era comum saltar linhas ou versículos que tivessem um final (ou começo) idêntico. Um
exemplo disso ocorreu com o copista original do Códice Sinaítico.
Uma vez que, em Lc 10, na história do bom samaritano, os versículos 31 e 32 terminam de
forma idêntica, com passou de largo, o copista, sem se dar conta, passou de largo um versículo, ou
seja, passou do final do v. 31 ao início do v. 33, omitindo, assim, o v. 32.
Houve momentos em que palavras com pronúncia semelhante confundiam os copistas.
Um exemplo disto é a confusão entre (nós e vós) ou (nos e vos) que, no grego, são tão ou
mais semelhantes entre si do que no português.
Um caso clássico e de difícil solução é 1Ts 2.7, onde tanto pode ter havido a duplicação de
uma letra (o “ni!” grego, que corresponde ao nosso “n”), ou o corte de um deles (supondo que,
originalmente, havia dois “nis”). Dependendo da presença de um ou dois “ni”s (a sequência grega é
EGENETHEMEN[N]EPIOI), o texto dirá brandos (EPIOI) ou crianças (NEPIOI).
ARA optou pela leitura EPIOI (nos tornamos carinhosos), e a NTLH traduz a leitura
NEPIOI (fomos como crianças). Felizmente, neste caso, a diferença de significado é mínima, pois,
em geral, as crianças são (ou eram) brandas ou carinhosas.
c. Variantes intencionais
Há também variantes ou variações que foram criadas deliberadamente pelos copistas. Muitas
delas, por excesso de piedade. Um exemplo é o “amém” que aparece ao final de Mateus (Mt 28.20)
e também no final de muitas das cartas do NT (2Coríntios, por exemplo).
Nesse grupo de variantes entra também, ao que tudo indica, aquela de Jo 7.8. Ali, há duas
possibilidades de texto, conforme os manuscritos gregos: “não” (em grego, OUK; pronunciado
“uk”) e “ainda não” (em grego, OUPO; pronunciado “upo”).
A questão é a seguinte: Jesus disse que “não” subiria àquela festa, mas acabou mudando de
ideia, conforme registra o v. 10, ou ele disse logo de saída que “ainda não” subiria, dando a
entender que mais tarde subiria? É um caso de difícil solução.
A leitura hoje aceita como original é a que traz “não”. Neste caso, a criação da variante se
deu pelo simples acréscimo de uma letra (de OUK para OUPO).
Mt 6.13 como variante intencional. A segunda metade de Mt 6.13 aparece entre colchetes,
na ARA. Isto traz consigo a clássica discussão: Como termina o Pai-Nosso? Seria com “mas livra-
nos do mal”, ou com “pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém”?
Tudo indica que seja com “mas livra-nos do mal”.
Isto porque a segunda metade do v. 13, conhecida como a doxologia, não aparece em
nenhum dos grandes manuscritos gregos antigos. Também não aparece na Vulgata Latina (e, por
conseguinte, não consta das traduções católicas). Isto indica que não fazia parte do texto grego
usado nos primeiros séculos.
O que muda ou está em jogo
Conforme indicado acima, a maioria das variantes é mais interessante do que importante. A
tradução muda um pouco aqui e ali, dependendo do texto que se adota como original. Mas a
mensagem permanece essencialmente a mesma.
Fontes
Nos séculos XV a XIV a.C, no norte de Canaã, na cidade de Ugarit, se desenvolveu uma
forma simplificada de escrita cuneiforme com 30 sinais.
Por volta do século XVI a.C. aparecem no Sinai, em Canaã e no Sul do Egito formas
simplificadas da escrita hieroglífica egípcia que registravam acrofoneticamente só as consoantes.
No entanto, não era um sistema com sinais padronizados e era utilizado somente para fins de
epigramas (pichações, amuletos e marcar a propriedade de um objeto). Esses sinais evoluíram para
uma escrita plena quando cerca do ano 1100 a.C os fenícios sintetizam os sinais para 22 letras,
criando o alfabeto.
É criada assim a base do Alfabeto hebraico. Os fenícios eram o mesmo povo cananeu da
Bíblia, chamados pelos gregos de fenícios (vermelho = sangue) numa alusão a tintura
comercializada por eles.
Era a característica dos alfabetos fenícios, aramaicos e ugaríticos a não utilização das vogais
porque em toda a Antiguidade o texto era um mero auxílio à memória na recitação oral.
No século VIII a.C. o uso da escrita começou a se popularizar na região de Israel e Fenícia.
Nesse período, o grego ganhou adesão dos judeus da Diáspora e da Palestina e seria nessa
língua que a Bíblia seria traduzida na versão da Septuaginta e no Novo Testamento cristão.
A própria Torá foi influenciada pelas práticas editoriais gregas, sendo o Livro da Lei divido
em cinco livros (em grego, Pentateuco), mesmo que continuasse a ser antologizado em um só rolo.
5.5. TINTAS
10. La Biblia del Oso (RVR, Casiodoro de Reina: 1569; revisão de Cipriano Valera: 1602 [Reina
y Valera]; outras revisões: 1909, 1960 e 1995)
A primeira tradução da Bíblia completa para o espanhol foi resultado de muitos anos de
trabalho de Casiodoro de Reina. Sua Bíblia ficou conhecida como “La Biblia del Oso”, assim
chamada pela figura de um urso no logotipo do impressor que teve a edição ao seu encargo.
Entre seus méritos, além de ser a primeira tradução integral das Escrituras Sagradas para o
castelhano, “La Biblia del Oso” também tem a seu favor o fato de Casiodoro de Reina tê-la
traduzido diretamente das línguas originais.
11. A Versão do Rei Tiago – King James Version (KJV, 1611)
Em 1536, pouco antes de seu martírio, Tyndale, que foi condenado à morte por ter traduzido o
Novo Testamento para o inglês, orou: “Senhor, abre os olhos do rei da Inglaterra”.
Esta oração foi ouvida no início do século 17, quando o próprio rei da Inglaterra apoiou e
patrocinou a preparação de uma tradução bíblica que pudesse ser usada por todos os cristãos de seu
reino.
O rei determinou que a tradução fosse feita por professores universitários e que não tivesse
notas marginais, a fim de que pudesse ser aceita por tanto por anglicanos como por puritanos e
mesmo por qualquer outro grupo cristão que viesse a surgir na Inglaterra.
Em 1607, mais de 50 teólogos iniciaram o trabalho de tradução para o inglês.
A Bíblia foi lançada em 1611, com a presença do rei Tiago I e de representantes dos
anglicanos e puritanos. A tradução ficou conhecida como Versão do Rei Tiago (ou King James
Version, KJV).
Seu mérito principal foi ter capturado o melhor de todas as traduções anteriores existentes em
inglês e ter superado em muito todas elas.
12. A tradução de João Ferreira de Almeida (NT – 1681; Bíblia completa – 1753; um volume
único – 1819; Edição Revista e Corrigida, ARC – 1898; Edição revista e Atualizada, ARA –
1959; Revista e Atualizada, ARA 2ª Edição – 1993; Revista e Corrigida, ARC 2ª edição –
1995)
Almeida foi quem primeiro traduziu o Novo Testamento para o português, fazendo-o a partir
do Novo Testamento Grego compilado por Erasmo de Roterdã, possivelmente consultando também
outras traduções disponíveis em sua época (como Vulgata e a Reina-Valera, entre outras). O Novo
Testamento em português foi impresso na Holanda e lançado em 1681.
Almeida não conseguiu concluir a tradução do Antigo Testamento. Próximo de sua morte, em
1681, havia chegado a Ez 48.21. A obra foi concluída por Jacobus op den Akker, companheiro de
ministério de Almeida. A Bíblia completa em português só foi lançada em 1753, ainda em dois
volumes.
Apenas em 1819 a obra foi publicada num volume só, já pela Sociedade Bíblica Britânica e
Estrangeira (a mesma que, em 1808, despachou para o Brasil o primeiro carregamento de Novos
Testamentos em português, segundo a tradução de Almeida).
A Edição Revista e Corrigida saiu em 1898, após revisão de uma comissão de tradutores, que
receberam a missão de “abrasileirar” o texto, retirando os lusitanismos presentes.
Para isso, a comissão consultou diversas traduções, entre as quais a do padre Antônio Pereira
de Figueiredo (feita a partir da Vulgata entre 1772 e 1790) e aceitou acréscimos que só estão na
Vulgata (por exemplo, Ap 22.14).
Em 1899, foram acrescentadas à edição datas, referências e textos alternativos nas margens.
Em 1995, a Edição Revista e Corrigida passou por atualização linguística e ganhou a sua 2ª
edição.
13. A Tradução Brasileira (TB – 1917)
A Tradução Brasileira foi a primeira Bíblia traduzida integralmente no Brasil. O projeto foi
desenvolvido ao longo de 15 anos (1902 a 1917), com fundos da Sociedade Bíblica Britânica e
Estrangeira e da Sociedade Bíblica Americana.
A tradução contou com dois coordenadores: William C. Brown (especialista em línguas
bíblicas) e Eduardo C. Pereira (linguista brasileiro). Além deles, trabalharam como consultores
linguísticos, entre outros, Heráclito Graça, José Veríssimo e Rui Barbosa.
A Tradução Brasileira é bastante literal e erudita. Os nomes próprios não foram
aportuguesados, mas transliterados, o que dificultava consideravelmente a leitura (especialmente a
leitura conjunta na igreja).
14. Tradução na Linguagem de Hoje (TLH, Novo Testamento – 1973; Bíblia completa – 1988;
Nova Tradução na Linguagem de Hoje, NTLH – 2000; Bíblia de Estudo Nova Tradução na
Linguagem de Hoje, NTLHE – 2005)
Na década de 1960, a Sociedade Bíblica do Brasil foi solicitada pelas igrejas a preparar uma
tradução bíblica em linguagem simples, que pudesse ser usada para evangelização e educação de
crianças e jovens no Evangelho. Aceito o desafio e constituída a Comissão Tradutora, o trabalho
iniciou em 1966.
O Novo Testamento foi lançado em 1973. Em 1988, foi lançada a Bíblia completa. Após uma
meticulosa revisão do texto a partir de sugestões das igrejas, no ano 2000 foi lançada a Nova
Tradução na Linguagem de Hoje.
A Nova Tradução na Linguagem de Hoje usa o princípio de equivalência funcional ou
comunicacional, que visa a transportar o sentido do texto original para o português falado no Brasil
hoje.
Além dos escritos que compõem o Novo Testamento, havia muita literatura circulante entre
as igrejas, entre as quais, as obras de Clemente, a epístola de Barnabé e o Pastor de Hermas, mas
essas não eram as únicas. Os falsos mestres também usavam desse expediente para disseminar suas
heresias, o que dificultava o critério de reconhecimento.
Não obstante as muitas listas apresentadas ao longo da História, pelos Pais da Igreja, foram
estabelecidos critérios para aceitar os livros que comporiam o Cânon do Novo Testamento. Os
cristãos primitivos haviam aprendido a discernir os espíritos (1 Co 12.10), ou a prestar atenção a
algumas afirmações, como: “Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus”
(1 Jo 4.2), porque falsos mestres ensinavam coisas incompatíveis com os ensinos apostólicos.
a. Os sinais de Paulo
As cartas de Paulo circulavam pelas igrejas e já havia a suspeita de que algumas falsas cartas
que levavam o nome do apóstolo também estavam circulando. Por isso, o apóstolo, mesmo usando
amanuenses para escrever o que ele ditava, pegava a pena para fazer a saudação final e assinar suas
cartas: “Saudação da minha própria mão, de Paulo” (1 Co 16.21); “Vede com que grandes letras vos
escrevi por minha mão” (G1 6.11); “Saudação de minha mão, de Paulo” (Cl 4.18); “Saudação da
minha própria mão, de mim, Paulo, que é o sinal em todas as epístolas; assim o escrevo” (2 Ts
3.17).
b. Autoridade apostólica
Para ser considerado canônico, um texto deveria ter autoria apostólica ou ser escrito por
alguém que andou diretamente com um apóstolo. Paulo sempre citava o seu nome em suas cartas,
mas o mesmo cuidado não tiveram alguns autores do Novo Testamento. Por exemplo, tanto o
Evangelho de Lucas como o livro de Atos foram escritos pela mesma pessoa e endereçados a
Teófilo, mas o nome de Lucas não aparece (Lc 1.3; At 1.1). Nós aceitamos a autoria lucana por
causa da tradição. Alguns identificam Lucas como “aquele irmão cujo louvor no evangelho está
espalhado em todas as igrejas” (2 Co 8.18),17 e também pela menção que o apóstolo faz dele como
companheiro seu (Cl 4.14), sendo, portanto, alguém capaz de transmitir o que havia recebido
diretamente do apóstolo.
Quanto a Marcos, há uma menção de Papias dizendo que “Marcos registrou em forma
escrita o relato dos pronunciamentos de Jesus conforme proclamados por Pedro”. A tradição não
hesitou em dar reconhecimento a Mateus e a João como autores dos Evangelhos que levam seus
nomes. Eles aparecem na Lista Muratoriana, bem como nos escritos de Irineu e nos Prólogos
Antimarcionistas. A carta aos Hebreus - de todos os casos do Novo Testamento, a única que ficou
sem solução até os dias de hoje, sem ser discutida pela Igreja, é aceita com o mesmo nível de
canonicidade que qualquer outro livro do Novo Testamento. Na igreja de Alexandria, bem como
pela Igreja Católica, ela é aceita como sendo da autoria de Paulo.
Agostinho não hesitava em aceitá-la como escrito canônico, mas mantinha reserva quanto à
autoria.
c. Circulação universal
Alguns livros não foram aceitos porque não circularam, e outros foram aceitos tardiamente
devido à sua pouca circulação. Uma obra precisava ser conhecida não apenas de uma comunidade
evangélica local, mas pela maior parte da Igreja. Paulo endereçou suas cartas a sete igrejas; outras
foram cartas pessoais. Mas, o apóstolo recomendava que suas cartas não ficassem detidas tão
somente no destinatário imediato, mas que fossem repassadas: “E, quando esta epístola tiver sido
lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses; e a que veio de Laodiceia, lede-a
vós também” (Cl 4.16); “Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos
irmãos” (1 Ts 5.27). Essa circulação era uma forma de garantir sua catolicidade (ou universali-
dade), assegurando-lhe certa popularidade entre os irmãos.
d. Tradição
O teor dos escritos deveria ser compatível com tudo o que era aceito normalmente pelos
crentes. O que sempre foi crido era um importante fator de preservação da tradição. O cânon
Vicentino dizia: “O que foi crido em toda a parte, sempre, e por todos”.
Assim, qualquer escrito que destoasse dos ensinos genuinamente apostólicos não demorava
a ser notado, sendo imediatamente descartado.
e. Ortodoxia
Outro critério seguro de exame sobre a canonicidade de um escrito era sua ortodoxia, ou
seja, a fé apostólica exarada nele. Irineu foi quem apresentou esse critério, a fim de resguardar
também a Igreja de ser enganada pelos pseudônimos. A autoria de alguns livros foi atribuída a
apóstolos que não os escreveram. Um pseudo Evangelho de Pedro era lido na igreja em Rossus. Ao
saber disso, o bispo Serapião não ficou tão espantado até saber que aquele pseudoevangelho rezava
que Jesus não havia sofrido na Sua morte, conforme ensinavam os docéticos gnósticos.
Diante disso, achou por bem visitar aquela igreja, para certificar-se de que ela não havia se
deixado seduzir por aquela heresia.
f. Antiguidade
Como a preocupação pela formação do Cânon do Novo Testamento ocorreu depois da era
apostólica, período em que já havia muitos escritos, e alguns dos quais eram candidatos a pertencer
à lista dos canônicos, adotou-se como critério a antiguidade da escrita. O texto tinha de remontar,
necessariamente, à era apostólica. A própria Lista Muratoriana incluía o Pastor de Hermas, apesar
disso, ele não vigorou na lista dos canônicos por pertencer a uma época posterior ao período
apostólico.
g. Inspiração
Para um escrito pertencer ao Cânon Sagrado, era absolutamente necessário que ele fosse
inspirado, tal qual eram inspirados os livros do Antigo Testamento. Inspiração e canonicidade eram
fatos inseparáveis. Os apóstolos escreveram por inspiração do Espírito Santo.
Baseados no fato de que aqueles tinham o Espírito Santo e que também, pelo mesmo
Espírito, era dado o dom da profecia, conforme a lista dos dons espirituais de 1 Coríntios 12.8-10,
fazendo uma ilação entre o desejo externado por Moisés de que todo o povo de Deus fosse profeta
(Nm 11.29), alguns escritores, como Clemente de Roma e Inácio, reivindicavam também para si o
reconhecimento de que escreviam pelo Espírito.
Clemente de Roma reivindica igual autoridade de Paulo para a sua carta. Irineu, nem tanto.
Mostrou-se mais humilde ao dizer para os seus leitores que Pedro e Paulo eram apóstolos, e ele, um
condenado. Irineu foi o primeiro a alegorizar o Novo Testamento.
7.9. O FECHAMENTO DO CÂNON
No segundo século, nem todos os livros que hoje constam do Novo Testamento faziam parte
do Cânon. Os livros do Cânon eram: os quatro Evangelhos, 1 João e 1 Pedro e o Apocalipse. Além
desses, estavam também incluídos a epístola de Barnabé, as epístolas de Clemente e o Pastor de
Hermas.
No terceiro século, Orígenes foi o primeiro a aceitar a epístola de Tiago, além de aceitar
também a epístola de Barnabé e o Pastor de Hermas.
No quarto século, o Cânon do Novo Testamento era quase igual ao de hoje.
O encerramento do cânon se deu depois de um longo e cansativo debate teológico que
objetivava estabelecer critérios confiáveis para definir se determinado livro era canônico ou não.
A perseguição do imperador Diocleciano em 302 d.C. produziu, por fim, um bom resultado
para a Igreja, porque, devido à ameaça desse imperador, queimando todos os livros sagrados, os
Pais da Igreja se despertaram para o crivo da canonicidade dos escritos do período da graça.
O primeiro escritor a apresentar a lista fechada dos livros do Novo Testamento, conforme
os temos em nossa Bíblia, foi Atanásio, na Páscoa de 367. Assim é o texto da sua lista:
h. Quatro evangelhos - segundo Mateus, segundo Marcos, segundo Lucas, segundo
João.
i. Depois destes vêm Atos dos Apóstolos e as sete epístolas dos apóstolos chamadas
católicas, como se segue: uma de Tiago, duas de Pedro, três de João e, depois destas,
uma de Judas.
j. A seguir, vêm as quatorze epístolas do apóstolo Paulo, escritas na seguinte ordem:
primeiro, a epístola aos Romanos, depois, as duas aos Coríntios, depois desta, a dos
Gálatas, e a seguir, a dos Colossenses e duas aos Tessalonicenses, e a epístola aos
Hebreus. Em seguida vêm as duas cartas a Timóteo, uma a Tito, e a última a
Filemom.
k. Além destes, o Apocalipse de João.
‘ Depois de algumas tentativas fracassadas de encerrar o Cânon, primeiro em 382 d.C., depois
em 405 d.C., e, ainda, em 1439, finalmente, no Concílio de Trento, realizado no dia 8 de abril de
1546, por 24 votos contra 15, com 9 votos a favor, e 16 abstenções, o Cânon do Novo Testamento
foi estabelecido.
https://1.bp.blogspot.com/-gPQ-g7nbkaM/UdsFRXRewcI/AAAAAAAALSw/D-5kRykdJ5w/s1600/Conc
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Apesar da definição do Concílio de Trento, na época da Reforma, o Cânon sofreu ainda mais
uma ameaça.
Os reformadores como Lutero, Zwinglio e Calvino apresentaram, cada um, uma opinião
sobre a lista dos livros que deveriam compor o Novo Testamento. Lutero rejeitou Tiago, por
defender a importância das obras, o que para ele era incompatível com a doutrina da salvação pela
graça mediante a fé, rejeitou Judas, por considerá-lo uma cópia inexata de 2 Pedro, e Hebreus, por
não ter origem apostólica, mas defendeu os demais livros atribuindo a eles valores diferentes.
Exaltou Romanos, Gálatas, Efésios e o Evangelho de João acima dos outros escritos. Zwinglio
rejeitou o livro do Apocalipse, e Calvino, diferentemente de Lutero, aceitou Tiago e Judas, aceitou
com reserva 2 Pedro, mas rejeitou 2 e 3 João e o Apocalipse.
O Espírito Santo, que inspirou os escritores sagrados, encarregou-se também de preservar os
livros que comporiam a Bíblia, bem como de reunir os textos inspirados para que tivéssemos a
revelação de Deus na medida certa, sem ter o que acrescentar ou tirar!
Quando uma pessoa abre as Escrituras, ela precisa compreender que está lidando com um
livro que foi submetido às mais tensas provas, para gozar de credibilidade e acatamento. Muita
gente teve de pagar um preço altíssimo, às vezes, de morte, para que a Bíblia chegasse às nossas
mãos em nossa própria língua. Hoje, podemos não apenas lê-la com liberdade, mas também pregá-
la sem reserva, para trazer vida a todos os que creem.
IX - DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: