Você está na página 1de 2

Lição – MORDOMIA CRISTÃ Indicação de Leituras

Lucas 12.42-48
Texto Bíblico base: Lucas 12.42 Efésios 3.2
João 15.15
INTRODUÇÃO Malaquias 3.10
Lucas 19.1-10
O que é mordomia pra você? Atos 2.45
Quando falamos “fulano está na mordomia” o que significa?

No princípio de todas as coisas, Deus criou o ser humano e o colocou no Jardim do Éden com uma
função: “cuidar e cultivar o jardim” (Gênesis 2.17). Deus deu uma função muito especial ao ser
humano, a de cuidar da sua criação. A de ser mordomo de Deus. O que significa mordomia? Qual é o
seu sentido prático para nossas vidas?
O termo mordomia tem sido utilizado erroneamente. Muitas vezes, quando alguém está oscioso,
sem ter o que fazer, muitos dizem: “que mordomia heim!” Entretanto, quando voltamos ao grego,
língua em que foi escrito o Novo Testamento, descobrimos que a palavra mordomia vem da junção
das palavras oikos “casa” e nomos “lei” (oikonomos – Lucas 12.42). A palavra era usada para designar
a gerência, a responsabilidade que alguém tinha sobre determinadas posses. Este era e é o propósito
de Deus para o ser humano, fazer dele o mordomo de sua criação, esta é a nossa responsabilidade e
o nosso dever.

OIKONOMOS

A palavra aparece em Lucas 12.42; 16.1-9; Mateus 20.8, com o sentido ampliado. Ela não se
refere estritamente a bens materiais, mas ao cuidado que cada pessoa deve ter com a sua vida diante
de Deus. Paulo usa a mesma palavra para definir sua comissão como pregador do Evangelho (1
Coríntios 9.17), ele vê-se como mordomo, despenseiro da graça de Deus (Efésios 3.2).
Outra idéia introduzida e ampliada no NT, é a de associação, substituição dos termos servos e
senhor, para amigos que trabalham juntos na realização de um projeto: “Já não vos chamo servos,
porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto
ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João 15.15). Paulo acrescenta que somos cooperadores
de Deus (1 Coríntios 3.9).
Mordomia então, passa a ser uma responsabilidade que um grupo comum leva sobre si. É uma
atitude de família. Não se trata meramente de trabalhar para Deus na qualidade de seus agentes e
administradores, mas trata-se de cooperar juntamente e com Deus, na qualidade de seus filhos,
compartilhando de Seus propósitos, de Seus recursos e de Sua própria natureza.

DIREITOS E DEVERES DO MORDOMO

Como mordomos, ou despenseiros da graça de Deus, temos a oportunidade de sermos


participantes diretos desta graça. O mordomo tinha o privilégio de estar intimamente ligado com os
interesses de seu senhor. Jesus ampliou esta intimidade mencionando que não nos chama mais de
servos, mas de amigos. Isto nos coloca numa posição privilegiada diante de Deus. Mas, como amigos
e despenseiros da graça de Deus, temos o dever de fazermos tudo em prol daquele que é nosso
amigo e Senhor. Temos a responsabilidade de cuidarmos o melhor possível de Seus bens, pois, hoje
somos mordomos de Deus neste mundo, amanhã, seremos herdeiros em Cristo Jesus. Portanto,
quanto melhor cuidarmos do que Deus nos deu, melhor participaremos de suas promessas.
O mordomo que anda segundo a vontade de Seu Senhor goza de privilégios. No nosso texto base,
ele é chamado de mordomo Bom e Fiel, e tem a oportunidade de participar do banquete e do gozo do
seu Senhor. Os que são infiéis, isto é, utilizam-se do que o Senhor lhes deu de forma errada, são
lançados para fora de Sua presença.

CUIDADOS E COMPROMISSOS COM A OBRA DE DEUS

Por sermos despenseiros de Deus, temos o compromisso de zelarmos pela obra de Deus. Este
zelo manifesta-se pelo nosso testemunho de vida e pelos cuidados que temos com a obra e a Casa do
Senhor. Isso está ligado tanto com os nosso dons e iniciativas nas atividades da igreja e fora dela,
quanto na questão do sustento financeiro e investimentos nas diversas áreas da missão.
A prática do dízimo é uma tradição judaica, herdada pelo cristianismo e serve para manutenção do
Templo. É uma tradição na qual, cada pessoa entrega as primícias de sua produção para Deus. Para o
profeta Malaquias, deixar de entregar o dízimo significava infidelidade a Deus e à sua obra. Por outro
lado, entregá-lo, tem como conseqüência vida abençoada e abundante, pois é promessa de Deus, que
dá ao povo liberdade em prová-Lo nisto: “...e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não
vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênçãos sem medida” (Malaquias 3.10).
Muitos líderes religiosos usam deste texto para defenderem a idéia de que quanto mais se é fiel
nesta prática, acrescentando-se a ela boas ofertas, maiores serão as bênçãos. Parece estabelecer
uma espécie de barganha com Deus. “Eu paguei o dízimo, então eu posso pedir a benção”. Isso não é
coerente com os ensinamentos do Novo Testamento, Cristo não condena a prática do dízimo, mas
afirma que o mesmo não tem valor, se não for acompanhado de uma vida comprometida com a Nova
do Reino (Mateus 23.23). Dízimo não é pagamento, é oferta de vida e gratidão. Ele não pertence a
nós, mas a Deus.
A relação do dízimo com o cristianismo se dá como uma resposta de amor ao Deus que tudo nos
dá. Zaqueu, o publicano, além de devolver quatro vezes mais o que havia roubado, dá metade dos
seus bens aos pobres como gratidão pelo amor de Jesus que sentia naquele dia (Lucas 19.1-10). Os
primeiros cristãos vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, de acordo
com a necessidade de cada um (Atos 2.45). Ninguém era obrigado a fazer nada, faziam porque a
graça de Cristo os impelia a isto.
Entregar o dízimo é apenas uma pequena parte da mordomia cristã. Mordomia é usar tudo o que
temos de forma prudente, de forma que agrade a Deus. Não se restringindo a 10%, mas entregando
aquilo que o amor e a graça de Deus nos impulsionam. Do ponto de vista do evangelho, a própria
pergunta “quanto devo dar?” indica uma falta de maturidade espiritual assinalada por cálculos
legalistas, em lugar de espontaneidade de fé que opera através do amor.
O cristão é chamado a viver em amor, inclusive no que diz respeito aos dízimos. Num mundo
capitalista, onde não se coloca dinheiro onde não há possibilidades de lucros, somos chamados a dar
sem esperar nada em troca, por gratidão. Não se trata de uma conta que devemos a Deus, nem
mensalidade, mas fruto de uma vida transformada, que experimentou a graça de Jesus, e tem alegria
e satisfação de contribuir na continuidade da obra de Cristo.

Você também pode gostar