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A ÉTICA CRISTÃ NO TRABALHO

EBD (06/11/2022) – IPB

Ilustração: “Ilustração de Hernandes – ‘trabalho ou lazer?’”


O Pr. Hernandes conta a seguinte ilustração... contar a ilustração do pastor
trabalhando no jardim e lendo na varanda.
Porque temos essa ideia equivocada de que trabalho só é trabalho se for
penoso? Podemos ter prazer no trabalho?

INTRODUÇÃO

 Muitos expressam sua mágoa contra o trabalho ou necessidade de trabalhar.


Não compreendem o significado do trabalho.
o Cristãos têm entrado nessa canoa, achando que todo trabalho deve ser
sempre sofrido e doloroso.
 Trabalho, para ser trabalho, precisa ser penoso?

OBJETIVO: o trabalho deve ser realizado para a glória de Deus – como cristãos,
temos prazer em glorificar a Deus, então, também deve ser um prazer trabalhar, pois,
trabalhando glorificamos ao Senhor.

PROPOSIÇÃO: para entendermos como trabalhar glorificando a Deus, iremos


aprender 1) o que é trabalho; depois veremos 2) o que a Palavra fala sobre o tema e
3) o conselho prático dos reformadores acerca desse assunto.

PANORAMA DO TEXTO (Fp 4.10-20)


1.1 Nesses versos, Paulo fala sobre sua relação com a igreja no que diz
respeito à ajuda financeira1
1.1.1 “Tudo”, no v. 13, refere-se às grandes privações e fome que passou.
1.2 É interessante que essa questão, aparentemente pouco importante, tenha sido
eternamente registrada2.
1.2.1 O que ofertamos à causa do Evangelho é dado ao Senhor. Tudo é
registrado e recompensado em boa medida (v. 17, 19).

1
MACDONALD, William. Comentário bíblico popular: Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão,
2011.
2
MACDONALD, 2011.
1.2.2 Tudo pertence ao Senhor e, quando contribuímos, damos do que é
propriamente dele.
1.2.3 Quanto ao verso 19, ele é uma promessa no contexto de pessoas que
contribuíram missionariamente a porto de prejudicar seu próprio
sustento. Não se refere aquela pessoa que gastou seus recursos sem se
preocupar com a obra missionária.

1 DEFININDO TRABALHO
1.1 O termo “trabalho” tem origem em palavra latina relacionada a “tortura”
1.1.1 As palavras usadas, com o tempo, evoluíram semanticamente de uma
ideia de tortura para o sentido de “esforço”
1.1.2 Daí, temos a origem de sua relação com o sofrimento.
1.2 Trabalho é “um esforço físico/intelectual com vistas a um determinado fim”
1.2.1 Ele exige de nós raciocínio, esforço, dedicação e força física
1.3 Contudo, não deve ser depreciado. Trabalho é uma grande bênção de Deus!

2 O TRABALHO E A ESCRITURA
2.1 As Escrituras nos ensinam que Deus criou o trabalho (Gn 2.15)
O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.
(Gn 2.15)
2.1.1 Portanto, faz parte do propósito divino para nós
2.1.2 E é objeto de nossa satisfação (Sl 104.21-24)
Os leõezinhos rugem pela presa e buscam de Deus o sustento;
em vindo o sol, eles se recolhem e se acomodam nos seus covis.
Então as pessoas saem para o seu trabalho e para o seu serviço até a tarde.
Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Fizeste todas elas com sabedoria; a terra está
cheia das tuas riquezas. (Sl 104.21-24)
2.2 Desse modo, devemos estar motivados a trabalhar
2.2.1 O trabalho deve ser entendido como uma oferta a Deus. Sendo assim,
o que importa é o espírito com o qual ele é feito, visto que realizamos
para o Senhor (Cl 3.22-24).
Servos, obedeçam em tudo a seus senhores aqui na terra, não servindo apenas
quando estão sendo vigiados, visando somente agradar pessoas, mas com
sinceridade de coração, temendo o Senhor.
Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor e não para as
pessoas, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o
Senhor, que vocês estão servindo. (Cl 3.22-24)
2.2.2 Portanto, o amor a Deus deve ser a nossa primeira motivação para
trabalhar3
2.2.3 Todas as vocações são de Deus. É a ele que prestamos conta. Portanto,
seja qual for o trabalho, devemos realizar para a glória de Deus.

3
TRAEGER, S.; GILBERT, G. O evangelho no trabalho: servindo Cristo em sua profissão com um novo
propósito. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
2.2.4 Portanto, não há desculpas para a fuga do trabalho, mesmo em
nome de um motivo supostamente religioso (1Ts 4.9-12; Ef 4.28; 1Tm
5.11-13)
Aquele que roubava não roube mais; pelo contrário, trabalhe, fazendo com as
próprias mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o necessitado. (Ef
4.28)
2.3 Também somos ensinados que o trabalho é o meio para que possamos
sustentar a nós e aqueles que estão sob nossa guarda (2Ts 3.11, 12)
Pois, de fato, ouvimos que há entre vocês algumas pessoas que vivem de forma desordenada.
Não trabalham, mas se intrometem na vida dos outros.
A essas pessoas determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando
tranquilamente, comam o seu próprio pão. (2Ts 3.11,12)

3 A REFORMA E O TRABALHO
3.1 Na lição anterior vimos que os reformadores entendiam a inatividade como
um pecado; o homem como um administrador dos bens de Deus e o
trabalho como um meio ao bem-estar de todo o homem.
3.1.1 Portanto, é nossa responsabilidade cumprir nossa vocação por meio
do trabalho, não havendo lugar para ociosidade.
3.1.2 A Bíblia também nos exorta à indolência do coração. Quando
fazermos “apenas por fazer” (Cl 3.22-24)4
3.2 Calvino também apresentou princípios quanto ao uso dos bens concedidos
por Deus.
3.2.1 Reconhecer o Criador e ser grato: se tudo o que temos foi criado por
Deus que, bondosamente nos fornece, então devemos ser gratos (Sl
8.4-6)
que é o homem, para que dele te lembres? E o filho do homem, para que o visites?
Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o
coroaste.
Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: (Sl
8.4-6)
3.2.2 Usufruir com moderação: não devemos colocar o coração nos bens
materiais, eles nos fazem esquecer a vida celestial [lembrar da frase de
Russel Shedd]. Devemos fugir da intemperança e ostentação, usando
desse mundo como se não usássemos dele (Cl 3. 2, 3; 1Jo 2.15)
Pensem nas coisas lá do alto, e não nas que são aqui da terra.
Porque vocês morreram, e a vida de vocês está oculta juntamente com Cristo, em
Deus. (Cl 3.2,3)
Não amem o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele. (1Jo 2.15)
3.2.3 Suportar o estado atual: tendemos a nos envaidecer com a
abundância e nos deprimirmos com a carência. Paulo sabia agir em
ambas as circunstâncias (Fp 4.11-13)
 Os bens terrenos podem se tornar uma tentação contra o
reconhecimento da graça de Deus e adormecer a alma.
 O desespero com a carência pode nos fazer vacilar em confiança

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TRAEGER; GILBERT, 2014.
3.2.4 Somos administradores dos bens de Deus: tudo nos é dado pela
bondade de Deus para o nosso bem e proveito. Desse modo, tudo que
temos nos é um depósito do qual um dia teremos que prestar contas.
 Em 2Ts 3.11, 12 vimos que o fruto do trabalho é para o sustento
nosso e daqueles sobre nosso cuidado. Mas, Calvino entendeu que
os benefícios que prestamos ao próximo se constitui
parcialmente culto a Deus (Hb 13.16; Fp 4.18).
Não se esqueçam da prática do bem e da mútua cooperação, pois de tais
sacrifícios Deus se agrada. (Hb 13.16)
 Nossos recursos também são para ajudar o necessitado (Ef 4.28)
Aquele que roubava não roube mais; pelo contrário, trabalhe, fazendo com as
próprias mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o necessitado.
(Ef 4.28)
 Há uma ligação entre o nosso trabalho e a nossa identidade como
discípulos de Cristo, visto que o trabalho é um ato de adoração.
Isso torna o nosso compromisso com o trabalho uma das
principais maneiras de expressarmos o nosso amor para com o
Senhor5.

CONCLUSÃO

 Todos somos vocacionados ao trabalho – porém, isso não deve nos tornar
presas ingênuas. Devemos trabalhar dignamente e lutar por nossos direitos.
 O trabalho é uma bênção – em uma cidade com alta taxa de desemprego,
devemos ser gratos por nosso emprego.
 Nosso trabalho reflete nossa espiritualidade
 Patrões e chefes, ambos servem o mesmo Senhor – não devemos nos
aproveitar para pressionar outros.
 Devemos gerir bem os recursos que Deus nos dá

APLICAÇÃO

 Se nos acharmos culpados de indolência em nosso trabalho, devemos nos


arrepender e nos comprometermos com os propósitos de Deus para conosco em
nosso trabalho6.
 Quando falamos no trabalho como um ato de adoração, não pense em cantar
louvores no local de trabalho, mas em dar a Deus a honra que Ele merece
obedecendo em todas as tarefas que realizamos, sabendo a quem servimos7.
o Quando trabalhamos com honestidade, de forma que reflita a glória de
Deus, nossa vida auxilia e apoia o evangelho que confessamos em nossos

5
TRAEGER; GILBERT, 2014.
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TRAEGER; GILBERT, 2014.
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TRAEGER; GILBERT, 2014.
lábios (Tt 2.9, 10). O modo como vivemos pode confirmar ou arruinar
aquilo que dizemos.
Quanto aos servos, que sejam, em tudo, obedientes ao seu senhor, dando-lhe motivo de
satisfação. Que não sejam respondões,
nem furtem, mas que deem prova de toda a fidelidade, a fim de que, em todas as coisas,
manifestem a beleza da doutrina de Deus, nosso Salvador. (Tt 2.9,10)
 Além do amor a Deus, o nosso amor por outras pessoas também deve motivar o
nosso trabalho. Nisto somos motivados a fazer nosso trabalho bem feito.
“Quando relaxamos em nosso trabalho podemos estar poupando um pouco de
nós, mas com certeza estaremos criando mais trabalho para outro, porque
outra pessoa terá que dar conta do nosso relaxo”.8
o A dificuldade que temos com colegas de trabalho e chefes geralmente
não tem muito a ver com eles, mas sim conosco.
 Devemos aprender a partilhar o que Deus nos dá com a causa do Evangelho9
o A igreja precisa cuidar da OBRA e do OBREIRO sistematicamente
(dízimos e ofertas) – Fp 4.10 – a igreja em Filipos, mesmo em situações
desfavoráveis, nunca deixou de ter interesse em ajudar. Hoje, temos
muitas oportunidades, mas nos falta interesse.
o Filipos não enviava apenas dinheiro, mas também consolo (Fp 4.14).
o Devemos lembrar que ofertar é cultuar (Fp 4.18) – muitos querem
cultuar a Deus com canções, orações, mas não querem adorar ofertando.
o Por ser culto, devemos tratar como primazia. Os Filipos tinham o
coração maior que o bolso (Fp 4.19)

8
TRAEGER; GILBERT, 2014.
9
LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. São Paulo, SP: Hagnos,
2007.

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