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Escritura e Bibliologia
Prof. André Gaulke
Prof. Jairo Demm Junkes
Prof. Rafael Garcia dos Santos
Indaial – 2021
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. André Gaulke
Prof. Jairo Demm Junkes
Prof. Rafael Garcia dos Santos
G269i
Gaulke, André
ISBN 978-65-5663-560-6
ISBN Digital 978-65-5663-559-0
CDD 220
Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático de Introdução
à Sagrada Escritura e Bibliologia, que trata da origem, da inspiração, da
revelação e da formação do Cânon Sagrado, além de temas como a história
do povo de Israel e a história geral da formação do cânon bíblico; o contexto
histórico e cultural na formação e na leitura do texto bíblico; as Escrituras
Sagradas como regra de fé prática cristã; e os fatos históricos e científicos que
comprovam a confiabilidade e a fidelidade das Escrituras Sagradas.
Bons estudos!
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
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contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
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REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 55
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS......................................................... 59
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 123
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 185
UNIDADE 1 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Para iniciarmos o assunto de Bibliologia, o estudo das Sagradas Escrituras,
qualquer pessoa que já tenha lido a Bíblia alguma vez, percebe que ela é um livro
complexo. Nem sempre tão fácil de entender, cheia de simbolismos, histórias
fantásticas, costumes estranhos a nós, relatos culturais, e uma linguagem, por
vezes, obscura, ainda assim, é o livro mais vendido e o mais traduzido do mundo.
Como pode um livro cultural e temporalmente tão distante ser tão popular?
Porque ele é o livro sagrado do cristianismo, a religião mais popular do mundo.
A Bíblia é usada todos os dias em todos os cantos do mundo para transmitir
a mensagem de salvação. Além disso, desperta a curiosidade de muitos não
cristãos, mas que a tratam como um documento histórico ou desejam conhecer a
sabedoria judaico-cristã presente nela.
Com o risco de soar óbvio, não é possível fazer teologia sem a bíblia.
A bíblia é o grande objeto de estudo da teologia. Teologia sem bíblia torna-se
falácia. Considerando a complexidade da bíblia, a teologia deve lidar com ela
com muito zelo. A teologia – do grego theo (Deus) e logos (discurso, lógica) –,
enquanto ciência humana, quer elucidar questões que não são tão claras a nós. Se
bibliologia é o estudo da bíblia, então devemos nos ater seriamente às questões
preliminares, a fim de não faltar base sólida para a nossa teologia nem para o
exercício do ministério eclesiástico. A bíblia é Palavra de Deus, mas nós somos
as testemunhas pelas quais outras pessoas terão ajuda para compreender o seu
sentido. Por isso, a necessidade de lê-la e estudá-la corretamente, para que ela não
seja vista apenas como um livro obscuro de religião.
Neste tópico, serão tratadas algumas questões (por exemplo, como e por
que a bíblia é sagrada, se ela possui erros, se veio diretamente de Deus e por que
ela é tão importante para o cristianismo) relacionadas com temas como inspiração
bíblica, revelação de Deus na bíblia, autoridade da bíblia, sua inerrância e
infalibilidade, e a bíblia como único fundamento das doutrinas cristãs. Esses
assuntos são indispensáveis para entendermos por que a bíblia é tão valorizada e
é o fundamento de todo o nosso estudo teológico. Começaremos com o conceito
de inspiração bíblica, para respondermos de onde veio a bíblia, se da mente de
homens ou da mente de Deus.
3
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
NTE
INTERESSA
2 INSPIRAÇÃO
Sabemos que a bíblia é uma grande coleção de livros, ou seja, seu conteúdo
reúne vários outros livros (66 livros nas bíblias protestantes e 73 nas bíblias
católicas). Contudo, mesmo sendo um livro, consideramos a bíblia um livro
especial e, por isso, é chamada de Bíblia Sagrada. No entanto, o que a caracteriza
como sagrada é o fato de ela ser a Palavra de Deus.
A Palavra de Deus não pode ser entendida como simples palavra comum,
próxima em conceito do que significa palavra humana. Palavra de Deus faz relação
direta com a primeira sentença bíblica, “E Deus disse” (BÍBLIA SAGRADA,
Gn. 1.1). “Deus usou a sua palavra – do hebraico ‘bara’ – como ato criador que
fundamenta toda a existência. O termo hebraico para a palavra, ‘bara’, é mais
do que simplesmente falar, é palavra que emite comando, uma força criadora
que chama o que é dito à existência” (RAD, 2006, p. 141). É uma palavra ativa,
dinâmica, viva e transformadora; assim é a Palavra de Deus.
4
TÓPICO 1 — INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E SUA INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
• “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus
seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (BÍBLIA SAGRADA,
2Tm. 3.16-17).
• “Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de
interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana,
mas homens falaram da vontade de Deus, impelidos pelo Espírito Santo”
(BÍBLIA SAGRADA, 2Pe. 1.20-21).
Assim, podemos ver como a própria Escritura fala que ela mesma – ou
elementos que estão presentes nela, como as profecias – são inspiradas por Deus,
por meio da ação do Espírito Santo. Portanto, é Deus que conduziu e motivou
a elaboração daquilo que, hoje, chamamos de bíblia. Não é obra exclusiva
proveniente do pensamento humano, mas o ser humano foi guiado pelo Espírito
Santo de Deus para realizar a sua obra. Por isso, “costuma-se dizer que a bíblia
não tem vários autores, mas apenas um verdadeiro autor: o Espírito Santo”
(BRAKEMEIER, 2007, p. 33, grifo nosso). No entanto, isso não exclui a ação da
mentalidade humana no processo de elaboração das Escrituras. Como afirmam
os autores Gordon D. Fee e Douglas Stuart: “a Bíblia é, ao mesmo tempo, humana
e divina” (FEE; STUART, 1997, p. 17). Isso significa que não devemos entender
a inspiração bíblica como uma espécie de psicografia, como se o homem fosse
mero instrumento sem participação ativa na escrita. Não é disso que se trata, pois
“Deus escolheu falar Sua Palavra através das palavras humanas na história, todo
livro na Bíblia também tem particularidade histórica” (FEE; STUART, 1997, p. 17,
grifo nosso). A inspiração bíblica não dispensa a participação do autor. Portanto,
por mais que a bíblia seja Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo, logo,
tem relevância eterna, também é um documento condicionado pela linguagem,
história, local e cultura dos homens que a escreveram.
5
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
Ainda, assim, considerando o que a bíblia fala sobre ela mesma, podemos
observar mais alguns versículos que corroboram com o conceito de inspiração:
6
TÓPICO 1 — INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E SUA INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
7
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
FONTE: <https://aindanemrosto.wordpress.com/2014/02/05/a-palavra-no-abismo/>.
Acesso em: 25 set. 2020.
8
TÓPICO 1 — INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E SUA INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
DICAS
3 REVELAÇÃO
A primeira questão a ser destacada é o princípio dogmático que afirma
que só podemos conhecer a Deus através da sua autorrevelação (HAARBECK,
1987, p. 25). Ele se autorrevela, é Ele próprio que revela que é Deus. Esse princípio
é importante dentro da teologia para evitar que o homem creia que é capaz de
perceber Deus com seu próprio esforço. Se isso fosse possível, o homem poderia
dizer também que Deus é uma criação da sua mente, ou que ele pode chegar
a Deus por mérito próprio. Nesse sentido, o princípio da autorrevelação coloca
Deus como o sujeito do seu próprio conhecimento. É Deus que vem a nós e se faz
conhecer; e se Deus não tivesse se revelado, tampouco teríamos conhecimento
Dele. Todavia, já na criação dos seres humanos, Deus se apresenta como seu
Criador. A revelação exclusiva de Deus na criação inclusive gerou comunhão
entre Criador e criaturas, entre Deus e os homens. Essa comunhão foi quebrada
no relato da Queda (BÍBLIA SAGRADA, Gn. 3). O pecado, portanto, dificulta
o acesso a Deus. Contudo, Deus se revela de muitas formas e, mesmo com a
introdução do pecado no mundo, podemos perceber Deus porque Ele continua
se revelando.
9
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
Então, a Palavra de Deus é palavra que Deus escolheu revelar a nós para
revelar a Si mesmo e todos os seus desígnios, dando a nós tudo o que deveríamos
saber para participarmos da sua história, especialmente a história da redenção.
Nesse sentido, Karl Barth (1996, p. 19) diz que:
Em sua palavra Deus revela o seu agir no horizonte de sua aliança com
o ser humano; e na história da constituição, manutenção, realização e
conclusão desta aliança ele se revela a si mesmo. Revela sua santidade,
mas também sua misericórdia – misericórdia de pai, de irmão, de
amigo. Revela também seu poder e sua majestade como senhor e
juiz do ser humano; revela, portanto, a si mesmo como o primeiro
parceiro dessa aliança, a si mesmo como o Deus do ser humano. Mas
em sua palavra revela também o ser humano como criatura, como seu
devedor insolvente, como ser perdido sob o seu juízo. Mas também o
revela como criatura mantida e salva por sua graça, como ser humano
libertado para Deus, posto a seu serviço. Revela o ser humano como
seu filho e servo, como amado por ele e, portanto, como segundo
parceiro da aliança; em síntese: revela o ser humano como ser humano
de Deus.
Daí vem a questão de Deus não revelar tudo sobre si, mas apenas
o necessário. Mesmo que Deus revelasse tudo sobre si mesmo, jamais
compreenderíamos tudo, pois Deus é infinito e nossa capacidade de compreensão
não é. Somos seres limitados e é impossível para nós compreendermos todos os
infinitos atributos de Deus. Sabemos apenas o que ele revela, que é o suficiente
para nós.
10
TÓPICO 1 — INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E SUA INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
11
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
12
TÓPICO 1 — INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E SUA INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
4 AUTORIDADE DA BÍBLIA
A bíblia é norma suprema da cristandade. As Escrituras Sagradas
estabelecem o fundamento base para a igreja e normatizam as suas ações. A bíblia
possui tal autoridade por causa da sua inspiração e pelo conteúdo gracioso da
sua revelação. Como podemos ver na Dogmática cristã:
13
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
E
IMPORTANT
4.1 O CÂNONE
Como diz Brakemeier, a bíblia é, provavelmente, “o livro de maior efeito
histórico de todos os tempos” (BRAKEMEIER, 2003, p. 7). Embora veremos o
cânone no tópico seguinte, mas é necessário destacar, desde já, ao falarmos sobre
a autoridade da bíblia, que, no início da cristandade, tanto do Antigo como do
Novo Testamento, foram constituídos e combinados para serem cânon. Cânon é
uma palavra derivada da língua hebraica que significa “vara”, “régua”, “medida”.
Ou seja, um cânone serve como norma, regulamento, regra, diretriz. Em vista
disso, a bíblia, enquanto Palavra de Deus, é princípio normativo em assuntos de fé
e conduta cristã.
14
TÓPICO 1 — INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E SUA INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
TUROS
ESTUDOS FU
15
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
servil dos seus fiéis, gera, além de desconfiança, oposição à autoridade bíblica
(BRAKEMEIER, 2003). Ainda, outro elemento muito eficaz para produzir objeção
à autoridade das Escrituras são as esdrúxulas falsas notícias que, por exemplo,
supostamente afirmam ter “comprovado a existência da arca de Noé” e coisas
semelhantes. São incidentes que danificam a autoridade bíblica. Como, então,
podemos comprovar a autoridade bíblica?
Jesus era alguém que tinha grande autoridade individual, como está
escrito: “Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem
tem autoridade e não como os escribas” (BÍBLIA SAGRADA, Mc. 1.22). Jesus
conquistava as pessoas por sua integridade moral, carisma e conhecimento
verdadeiro das causas divinas, mas os escribas detinham o poder do ensinamento
autorizado pela instituição religiosa. Essa diferenciação dava soberba aos
escribas, mas a Jesus dava autoridade conferida espontaneamente por aqueles
que o ouviam.
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TÓPICO 1 — INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E SUA INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
5 INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
A seguir, trataremos, brevemente, da questão da inerrância bíblica e de
sua infalibilidade, ou seja, a doutrina de que a bíblia não erra e é absolutamente
infalível. Segundo Braaten e Jenson (2002, p. 83), os teólogos dogmáticos ortodoxos
do século XVII atribuíam a autoridade da bíblia a sua inspiração e sua inerrância.
DICAS
17
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
• Deus cria as plantas e as árvores no terceiro dia (BÍBLIA SAGRADA, Gn. 1.11-12),
enquanto os homens são criados no sexto dia (BÍBLIA SAGRADA, Gn. 1.26-27).
Contudo, ao mesmo tempo podemos encontrar a informação de que o homem é
criado antes das plantas e árvores (BÍBLIA SAGRADA, Gn. 2.5-9).
• Deus incitou o rei Davi a levantar o censo de Israel e de Judá, o que se tornaria
pecado (BÍBLIA SAGRADA, 2Sm. 24.1). Num segundo relato do mesmo caso,
está escrito que foi Satanás que incitou o rei Davi a levantar o censo (BÍBLIA
SAGRADA, 1Cr. 21.1).
• No evangelho, há uma citação profética falsamente atribuída a Isaías (BÍBLIA
SAGRADA, Mc. 1.2). Na verdade, esse versículo trata-se de uma palavra do
profeta Malaquias (BÍBLIA SAGRADA, Ml. 3.1). Apenas no versículo seguinte
consta a palavra do profeta Isaías.
• Jesus diz que o sumo sacerdote Abiatar deu os pães sagrados para Davi comer
(BÍBLIA SAGRADA, Mc. 2.26), mas foi o sacerdote Aimeleque que fez isso
(BÍBLIA SAGRADA, 1Sm. 21.1-6).
18
TÓPICO 1 — INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E SUA INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
6 SOLA SCRIPTURA
Sola scriptura é uma expressão latina que representa um dos cinco
princípios fundamentais que sustentam a doutrina reformista de Martinho
Lutero. Chamamos os cinco princípios de cinco solas, que são: sola fide (somente
a fé), sola scriptura (somente a Escritura), solus Christus (somente Cristo), sola
gratia (somente a graça) e soli Deo gloria (glória somente a Deus).
Assim, para Lutero, a bíblia era o mais direto testemunho acerca da Jesus
Cristo e da história da salvação. Esse testemunho é vivo e quer provocar a fé
naqueles que entram em contato com ela. O testemunho do evangelho, a redenção
do ser humano, é primordial ao lidar com as Escrituras; e o grande sujeito pelo
qual essa história é possível é Jesus. Sobre a importância de Jesus na bíblia para
Lutero, Dreher (2006, p. 45-46) diz:
Não existe, portanto, Sagrada Escritura sem Jesus Cristo. Daí surge o
outro sola, o solus Christus. A Igreja de Cristo é serva da bíblia, e não dona dela.
Mesmo para interpretar a mensagem bíblica, é necessário que a interpretação vá
em direção a Cristo. Em vista disso, se a bíblia é testemunho de Jesus Cristo e
sua interpretação deve sempre buscar a ele, então, a bíblia é o fundamento da
sua própria interpretação. Por isso, Lutero expressa que “a bíblia interpreta a
si mesma” (DREHER, 2006, p. 46). A bíblia é a sua principal e única chave
hermenêutica, e essa concepção foi muito importante para Lutero por causa
19
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
do contexto eclesiástico no qual ele estava inserido, visto que a Igreja Católica
Apostólica Romana fundamentava sua doutrina não apenas da bíblia, mas
na tradição apostólica e no magistério, dando autoridade última ao papa na
interpretação. Portanto, as palavras do papa tinham tanto poder quanto as
Escrituras. Lutero queria deixar claro que, até mesmo, o papa deveria se submeter
à autoridade da bíblia. Inclusive, num debate com João Eck, em 1519, Lutero teria
dito que um simples leigo armado com as Escrituras é maior que o mais poderoso
papa sem elas.
20
TÓPICO 1 — INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E SUA INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
DICAS
Assim, a teologia terá o seu definitivo abaixo dos escritos bíblicos. Ela
sabe e leva em conta que eles são os escritos humanos e humanamente
condicionados, mas escritos santos, i. é, escritos apartados, que
merecem e pedem respeito e atenção extraordinários em razão de sua
relação imediata com a obra e a palavra de Deus.
21
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
22
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A bíblia é inspirada por Deus através do seu Espírito, que soprou o conteúdo
sagrado aos autores para que eles relatassem o que lhes foi revelado. Mesmo
assim, a inspiração não foi um ditado verbal que instrumentalizou os autores,
mas uma influência que levou em conta as particularidades culturais e pessoais
de cada autor.
• O conceito reformista de sola scriptura determina que apenas a bíblia deve ser
norma para a vida de fé e que somente ela detém autoridade em questões de fé
e salvação.
23
AUTOATIVIDADE
2 A única forma pela qual podemos ter conhecimento de Deus é por sua
autorrevelação, mas Deus se revela de mais de uma forma. Existem duas
maneiras bem particulares de como Deus se revela a nós. Cite quais são
essas duas formas.
24
5 Sola scriptura significa somente a Escritura. Trata-se de um princípio da
Reforma Protestante que diz que a bíblia deve ser a única norma para a
vida de fé e que apenas ela detém a autoridade em questão de salvação e
conduta cristã. Considerando o princípio reformista sola scriptura, assinale
a alternativa CORRETA:
25
26
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A formação do teólogo tem por objetivo fornecer uma compreensão
mais ampla do horizonte da crença, o que torna, através dos estudos, realizados
de maneira séria, e seguindo todos os procedimentos acadêmicos, possível
compreender o contexto do sagrado, não somente através da fé, mas dando a ela
um sustentáculo da racionalidade científica.
Neste tópico, seguindo essa direção, será possível lançar um olhar mais
atento sobre a formação do Cânon – essa régua de medida do sagrado, foi durante
séculos, compilada para repassar para as gerações seguintes todo o conteúdo
e a verdade das determinações e das mensagens de Deus. Seja pela transcrição
de uma oralidade, dos séculos de tradição religiosa hebraica, contida no Antigo
Testamento, seja por conta da preocupação em repassar a verdade de Deus, em
meio a tantas interpretações da fé cristã, por volta dos séculos I a III, o compromisso
do teólogo, como estudioso, aparece de maneira a tornar mais rica a interpretação
do que se conhece como Sagradas Escrituras.
27
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
FONTE: <https://alexandremilhoranza.files.wordpress.com/2009/09/canon-antigo-testamento.jpg>.
Acesso em: 8 set. 2020.
28
TÓPICO 2 — A CANONICIDADE DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO
29
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
FONTE: <https://umsocorpo.com.br/historia-dos-hebreus/admin/wp-content/uploads/2018/08/
busto-romano-flavio-josefo.jpg>. Acesso em: 8 set. 2020.
30
TÓPICO 2 — A CANONICIDADE DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO
31
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
cânon. Os estudos desses livros, bem como a interpretação sobre sua validade,
além do caráter de revelação e/ou relevância espiritual, são tema de estudos de
muitos teólogos até a contemporaneidade.
32
TÓPICO 2 — A CANONICIDADE DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO
No contexto em que Marcião está inserido, ele não é o único a propor uma
leitura interpretativa diferenciada das escrituras. Havia os Escritos de Inspiração
duvidosa, que muitos líderes religiosos consideravam legítimos. Logo, foi um
grande desafio para os Doutores da Igreja não somente compilar os livros mais
adequados, mas também demonstrar essa verdade aos fiéis.
FONTE: <https://4.bp.blogspot.com/-YbqKbyy_MKU/U-07fTZGKYI/AAAAAAAAF34/MepwNtalK2o/
s1600/Alexandre%2BCabanel%2B-%2BSanto%2BAgostinho%2Bem%2Bseu%2Bestudo.jpg>.
Acesso em: 9 set. 2020
33
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
FONTE: <https://apologia21.files.wordpress.com/2017/01/formacic3b3n-del-canon-bc3adblico.
jpg?w=584>. Acesso em: 12 set. 2020.
34
TÓPICO 2 — A CANONICIDADE DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO
FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/ce/a0/15/cea0156bcbd7a4b9e6b374c26eabc455.jpg>.
Acesso em: 12 set. 2020.
35
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
FONTE: <http://lounge.obviousmag.org/poetica_do_desassossego/2015/05/de-onde-vem-a-
inspiracao.html>. Acesso em: 12 set. 2020.
36
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A expressão cânon vem do grego Kanon e está relacionada com uma cana,
uma vara de medida – em termos contemporâneos, uma forma de régua, que
permite não somente ter a medida de algo, mas também perceber sua retidão.
• Os textos que compõem o Novo Testamento são muito mais recentes (se
podemos dizer dessa maneira), visto que esses livros foram escritos a partir
do século I d.C. Se for considerado o fato de que poucas pessoas conheciam
a escrita desse período, torna-se mais razoável a compreensão dos estudos
históricos desses textos, levando-se em conta ainda, que os livros do Antigo
Testamento tinham a difícil missão de registrar séculos de ensinamentos
repassados através da oralidade.
37
• Os Doutores da Igreja tiveram que tomar muito cuidado na compilação
dos livros que, hoje, estruturam o Novo Testamento, para não incorrerem
nos mesmos incidentes de tentativas anteriores. Uma exemplificação dessas
tentativas é o Cânon de Marcion (84-160), ou Marcião de Sinope, também
chamado de “o herege”.
38
AUTOATIVIDADE
39
3 Os livros apócrifos são textos que não fazem parte do Cânon. Existe
uma grande quantidade de textos apócrifos, que podem, ainda na
contemporaneidade, serem lidos, pois resistiram ao tempo. No interesse
de preservar a mensagem de Deus em todos os textos bíblicos, bem como
divulgar os ensinamentos de Cristo, no Novo Testamento, os organizadores
do Cânon tiveram muito trabalho no estudo desses textos. Nesse cenário,
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A seleção dos livros que compõe o Cânon tinha como interesse reunir os
textos mais populares do cristianismo medieval.
b) ( ) Uma das grandes preocupações dos compiladores dos livros que
compõem a Bíblia atual foi não inserir textos que tivessem ensinamentos
inadequados, como as heresias.
c) ( ) Os livros apócrifos recebem esse nome por terem uma grande
importância no contexto das escrituras, sendo de presença inconteste
no Cânon.
d) ( ) A canonicidade é um elemento que está diretamente relacionado com
os livros apócrifos.
40
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
OS LIVROS APÓCRIFOS
1 INTRODUÇÃO
Sabemos que todas as grandes religiões do mundo possuem seus livros
sagrados. O Corão (ou Alcorão) dos islâmicos, os Vedas e o Bhagavad-Gita dos
hindus, a Tanakh dos judeus e a Bíblia dos cristãos são os principais exemplos.
Consideradas obras de inspiração divina e escritas por pessoas tidas por inspiradas
ou iluminadas, esses livros sagrados constituem a base de orientação da prática
espiritual e do comportamento e moral dos fiéis dessas religiões, meio pelo qual
a divindade fala aos crentes.
NOTA
41
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
Alguns motivos podem ser elencados para a redação dos livros apócrifos.
Para Faria (2003), destacam-se a necessidade de se sanar curiosidades e ampliar
informações dos cristãos acerca de Jesus, Maria, José e os apóstolos, e de fornecer
novas possibilidades de interpretação da vida de Cristo e seus discípulos,
sobretudo por parte de grupos que discordavam do cristianismo oficial.
42
TÓPICO 3 — OS LIVROS APÓCRIFOS
E
IMPORTANT
FONTE: CÂNON. In: DICIO, Dicionário Bíblico. São Paulo: Rede Novo Tempo, c2016.
Disponível em: https://biblia.com.br/dicionario-biblico/c/canon-das-santas-escrituras/. Acesso
em: 30 jan. 2021.
Por fim, Faria (2003) destaca o cinismo (do grego kinikos, que significa
“próprio do cão”), movimento gestado por Diógenes de Sínope (413-323 a.C.) e
Antístenes de Atenas (444-365 a.C.), que basicamente defendia que o ser humano
deveria viver livre de convenções morais e culturais e que a salvação consistia em
viver segundo a natureza.
43
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
Tricca (1992) também cita os ofitas, seita que parece ter derivado dos
maniqueístas, apresentava membros que cultuavam a serpente do Gênesis e Caim.
Eles defendiam que a morte de Jesus Cristo, o Deus-Homem, fora o maior crime
do Universo, mas que tinha sido algo necessário. Nesse sentido, Judas Iscariotes
teria alcançado, segundo os ofitas, a verdadeira gnose, por ter provocado a
necessária morte de Jesus. Os demais cristãos os viam como satanistas.
44
TÓPICO 3 — OS LIVROS APÓCRIFOS
Tricca (2004) afirma que existe uma série de supostos milagres atribuídos
à forma como os Evangelhos canônicos foram separados dos apócrifos, durante o
Concílio de Niceia, no ano de 325. Numa dessas versões milagrosas, os Evangelhos
inspirados foram, por si só, colocados num altar; em outra, os Evangelhos foram
todos colocados num altar e os apócrifos caíram, enquanto que os inspirados
permaneceram no altar.
45
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
• Nem Cristo nem seus apóstolos citaram os livros apócrifos. O Novo Testamento
cita partes de quase todo o Antigo Testamento, mas não faz nenhuma citação
sobre os apócrifos.
• Flávio Josefo (37-100 d.C.), o célebre historiador judaico-romano, declarou que
os apócrifos não foram incluídos nas Escrituras Sagradas dos judeus.
• A Igreja Católica Apostólica Romana esperou mais de mil anos (1546) para
incluir os apócrifos à Sagrada Escritura. Foi no Concílio Tridentino (pós-
Reforma) que a Igreja Ocidental passou a creditar-lhes autoridade como reação
à Reforma, ou seja, uma atitude contrarreforma, porém, Jerônimo os havia
incluído na Vulgata Latina, uma versão para o latim da Septuaginta (LXX),
que é uma tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego, feita entre
280 e 180 a.C.
• Até os próprios autores dos apócrifos, algumas vezes, declararam que não
foram inspirados por Deus ao escrever. Os apócrifos não reivindicam serem
proféticos.
• A arte cristã primitiva, em suas representações artísticas, não oferece base para
apurar a canonicidade dos apócrifos.
• Os primeiros pais da Igreja, Mileto, Orígenes, Cirilo de Jerusalém e Atanásio,
depuseram contra os apócrifos.
• Jerônimo, que fora também um grande estudioso hebreu, argumentou contra
Agostinho que, às vezes, fez supor que os apócrifos eram deuterocanônicos.
Jerônimo argumentou fortemente contra Agostinho, ao rejeitar essa
canonicidade, chegando a se recusar a fazer a tradução dos apócrifos para o
latim, ou mesmo incluí-los na versão Vulgata Latina. Só depois da morte de
Jerônimo é que os livros foram incorporados à Vulgata, transgredindo o seu
próprio autor.
46
TÓPICO 3 — OS LIVROS APÓCRIFOS
Essas novas produções, pelo seu vulto, representam uma nova descoberta
dos apócrifos, porém, num período em que cresce a liberdade de pensamento e
de comunicação, à medida que avançam os meios de comunicação.
47
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
Outro exemplo é a descida de Jesus ao inferno após sua morte (algo que
faz parte da crença dos cristãos de todas as vertentes). Essa suposta descida não
é descrita em nenhum evangelho canônico, mas a encontramos no evangelho
apócrifo de Bartolomeu, que apresenta diálogos entre Jesus e o demônio.
48
TÓPICO 3 — OS LIVROS APÓCRIFOS
LEITURA COMPLEMENTAR
As origens da Bíblia
Assim, é possível afirmar que a Bíblia funciona como um arquivo, pois ela
reúne tradição, originalmente passada adiante via oral (1Co. 15.3). A formulação
escrita geralmente é um segundo passo, que visa preservar essa tradição. Por isso,
é importante “distinguir entre a redação dos escritos, sua coleção e finalmente
sua canonização”, pois “a maioria dos escritos bíblicos não foi redigida com
o propósito de serem ‘canônicos’”. Na origem desses textos, costumam estar
necessidades bem circunstanciais, que eram, então, atendidas por textos escritos.
Estes, adquirindo importância abrangente, eram colecionados para usos diversos.
A canonização dessas coleções já é um terceiro passo, sendo a Bíblia o seu
resultado. “Isto significa que, ao falar do cânon, se está falando de uma decisão
posterior e independente da composição dos próprios escritos e da intenção de
seus autores”.
49
UNIDADE 1 — BIBLIOLOGIA, A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
50
TÓPICO 3 — OS LIVROS APÓCRIFOS
Assim, para o judaísmo era importante que os escritos que fizessem parte
do cânone fossem testemunhos fidedignos e confiáveis da revelação histórica
como palavra inspirada de Deus. Para o cristianismo, parece que era decisivo que
os escritos fossem próximos do acontecimento Jesus Cristo. Por isso, o cânone “é
a carta de identidade – a identidade tem suas raízes em suas origens e define-se
em sua etapa formativa”.
51
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
52
AUTOATIVIDADE
53
54
REFERÊNCIAS
ARIAS, J. Jesus esse grande desconhecido. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001.
55
EHRMAN, B. Quem foi Jesus? Quem Jesus não foi? Rio de Janeiro: Record; 2011.
EHRMAN, B. O que Jesus disse? O que Jesus não disse?: quem mudou a bíblia
e por quê. São Paulo: Prestígio; 2006.
FARIA, J. F. As origens apócrifas do cristianismo: comentários aos evangelhos
de Maria Madalena e Tomé. 2. ed. São Paulo: Paulinas; 2003.
FEE, G. D.; STUART, D. Entendes o que lês? Um guia para entender a Bíblia
com auxílio da exegese e da hermenêutica. 2. ed. São Paulo: Vida Nova; 1997.
HAARBECK, T. Está escrito: dogmática bíblica. São Bento do Sul: União Cristã;
1987.
56
PEDROSA, C. R. C. P. Cântico dos cânticos da complexidade do discurso
religioso a canonicidade. Revista Philologus, Círculo Fluminense de Estudos
Filológicos e Linguísticos, Rio de Janeiro, 2014.
57
58
UNIDADE 2 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
59
60
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, nós abordaremos questões concernentes à estrutura bíblia,
pois, ao conhecermos a estrutura de um objeto de estudo, passamos a entendê-
lo melhor em essência. Além disso, temos que considerar a complexidade das
Escrituras, visto que não se trata de um livro qualquer. Por isso, inicialmente,
destacaremos a pluralidade das Escrituras, já que ela não foi escrita apenas por
uma pessoa em apenas uma época e num lugar só.
Precisamos lembrar que a Bíblia contém vários livros, os quais não foram
obras de um único autor (ignorando o fato de, tradicionalmente, dizermos que o
Espírito Santo é o autor de toda Escritura). Com efeito, foi escrita por mais de 40
autores, numa variedade de circunstâncias e locais, por um período que abrange
cerca de 1.600 anos. Desse modo, a maioria dos autores não eram contemporâneos,
nunca se conheceram, e cada um teve sua própria experiência com Deus, sua
própria vida particular, sua própria ocupação. Alguns exemplos da ocupação de
alguns autores bíblicos são:
61
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
Foi a exegese que ajudou a perceber que a bíblia é muito mais plural do
que imaginávamos. Um exemplo disso é a problemática acerca do Pentateuco
(os cinco primeiros livros da Bíblia), referente à autoria de Moisés e à hipótese
das fontes e dos fragmentos. A tradição judaico-cristã considera Moisés autor
de todo o Pentateuco, embora a própria Bíblia – no Antigo Testamento (AT) –
atribua apenas partes a Moisés, como determinadas leis, especialmente os 10
mandamentos, e o livro de Deuteronômio (BÍBLIA SAGRADA, Dt. 31.9, 22s). A
principal dúvida que moveu essa problemática foi questão da morte de Moisés
(BÍBLIA SAGRADA, Dt. 34). Como poderia Moisés ter escrito a respeito da sua
própria morte? Devemos assumir que outra pessoa escreveu sobre a morte de
Moisés e esse relato foi posteriormente incluído no texto final.
62
TÓPICO 1 — A ESTRUTURA DAS ESCRITURAS
Javista Cerca de 950 a.C. (época de Salomão, antes da divisão do reino em 926 a.C.)
Eloísta Cerca de 800 a.C. (antes do profetismo escrito, a exemplo de Oseias)
Aproximadamente no século VII a.C. (por volta da reforma de Josias em
Deuteronomista
622 a.C.)
Escrito sacerdotal Cerca de 550 a.C. (na época do exílio com complementações pós-exílicas)
FONTE: Os autores
Além dessas fontes, vários fragmentos foram incluídos nos textos por um
suposto redator final, que agrupou os relatos das fontes e de outros fragmentos
a fim de criar uma história harmoniosa que resultou no Pentateuco como o
conhecemos hoje.
Já no final do século XX, essa teoria das fontes perdeu força nos meios
teológicos, não por se tratar de uma falácia, mas simplesmente por ser impossível
definir os limites entre as fontes e identificar os fragmentos presentes no texto
final. Mesmo assim, todo o trabalho da crítica textual e da crítica literária e toda a
discussão a respeito do tema lançou uma luz no tocante à pluralidade da Bíblia,
uma vez que foram muitos os autores, os relatos e os fragmentos de relatos que
deram corpo ao texto bíblico final.
63
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
Ademais, temos que levar em conta a ação dos copistas (pessoas que
copiavam os textos a mão, antes da invenção da imprensa) e dos milhares de
manuscritos que deram origem às mais diversas versões e traduções da Bíblia –
como veremos mais à frente. Conforme a Bíblia do Semeador:
Com isso, vemos que a Bíblia chega a nós das mais diversas maneiras. A
Palavra de Deus não caiu do céu de forma estática. Inúmeras características e
circunstâncias levaram ao formato que a Bíblia possui e é, nesse sentido, que
falamos que as Escrituras Sagradas possuem natureza plural, pois a estrutura da
bíblia reflete sua pluralidade.
DICAS
64
TÓPICO 1 — A ESTRUTURA DAS ESCRITURAS
65
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
DATA ACONTECIMENTO
333-323 a.C. Alexandre, o Grande, governa a Palestina
323-198 a.C. Domínio dos ptolomeus sobre a Palestina
198-166 a.C. Domínio dos selêucidas sobre a Palestina
166-63 a.C. Revolução de Judas Macabeus e domínio dos seus descendentes sobre a Palestina
A conquista de Jerusalém pelo general romano Pompeu, anexando a Palestina ao
63 a.C.
Império Romano
37-4 a.C. Reinado de Herodes, o Grande, sobre a Palestina por nomeação de Roma
66
TÓPICO 1 — A ESTRUTURA DAS ESCRITURAS
DATAS ACONTECIMENTOS
6 a.C. Nascimento de Jesus
26 d.C. Batismo de Jesus
30 d.C. Morte, ressurreição e ascensão de Jesus
Pentecostes
37 d.C. Conversão de Paulo
41 d.C. Início do ministério de Paulo
48-49 d.C. Primeira viagem missionária de Paulo
50 d.C. Conferência de Jerusalém
Segunda viagem missionária de Paulo
54 d.C. Terceira viagem missionária de Paulo
58 d.C. Paulo preso em Jerusalém
58-60 d.C. Paulo na prisão em Cesareia
61-63 d.C. Paulo na prisão em Roma
65 d.C. Morte de Pedro em Roma
66 d.C. Segunda prisão de Paulo em Roma
67 d.C.? Morte de Paulo em Roma
60 d.C. Destruição de Jerusalém e a destruição definitiva do Templo
99 d.C.? Morte de João
67
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
NTE
INTERESSA
4 ESTILOS LITERÁRIOS
Por se tratar de uma coleção de livros, podemos encontrar na Bíblia
diferentes estilos literários. Se a Bíblia não segue uma ordem cronológica, ela
certamente segue uma ordem de estilos literários. Podemos dizer que a concepção
de estilos ou gêneros tem fundamento:
68
TÓPICO 1 — A ESTRUTURA DAS ESCRITURAS
A partir de tudo o que foi exposto até aqui, faz-se necessário analisarmos a
estrutura geral das Escrituras Sagradas.
69
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
NTE
INTERESSA
O termo Bíblia foi usado pela primeira vez pelo arcebispo de Constantinopla
Crisóstomo no século IV d.C.
Ou seja, o NT não foi escrito para ser NT. Embora o cânone do AT ainda
não estivesse completamente fechado ao final do século I, a Igreja primitiva –
e Jesus inclusive – já considerava o AT como as Escrituras Sagradas completas.
Apenas tardiamente que a Igreja decidiu criar um cânone neotestamentário que
representasse a fé a partir da nova aliança feita por intermédio de Jesus Cristo.
70
TÓPICO 1 — A ESTRUTURA DAS ESCRITURAS
71
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
72
TÓPICO 1 — A ESTRUTURA DAS ESCRITURAS
ANTIGO TESTAMENTO
• Gênesis (Gn.)
• Êxodo (Êx.)
Pentateuco
• Levíticos (Lv.)
(5 livros)
• Números (Nm.)
• Deuteronômio (Dt.)
• Josué (Js.)
• Juízes (Jz.)
• Rute (Rt.)
• 1 Samuel (1Sm.)
• 2 Samuel (2Sm.)
Livros Históricos • 1 Reis (1Rs.)
(12 livros) • 2 Reis (2Rs.)
• 1 Crônicas (1Cr.)
• 2 Crônicas (2Cr.)
• Esdras (Ed.)
• Neemias (Ne.)
• Ester (Et.)
• Jó (Jó.)
Livros Poéticos • Salmos (Sl.)
ou Sapienciais • Provérbios (Pv.)
(5 livros) • Eclesiastes (Ec.)
• Cântico dos Cânticos (Ct.)
Profetas Maiores
• Isaías (Is.)
• Jeremias (Jr.)
• Lamentações (Lm.)
• Ezequiel (Ez.)
• Daniel (Dn.)
Profetas Menores
FONTE: Os autores
73
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
NOVO TESTAMENTO
}
• Mateus (Mt.)
Evangelhos • Marcos (Mc.) Sinóticos
(4 livros) • Lucas (Lc.)
• João (Jo.)
Histórico
• Atos dos apóstolos (At.)
(1 livro)
Epístolas Paulinas
• Romanos (Rm.)
• 1 Coríntios (1Co.)
• 2 Coríntios (2Co.)
• Gálatas (Gl.)
• Efésios (Ef.)
• Filipenses (Fp.)
• Colossenses (Cl.)
• 1 Tessalonicenses (1Ts.)
• 2 Tessalonicenses (2Ts.)
• 1 Timóteo (1Tm.)
Epístolas • 2 Timóteo (2Tm.)
(21 livros) • Tito (Tt.)
• Filemon (Fm.)
Epístolas Gerais
• Hebreus (Hb.)
• Tiago (Tg.)
• 1 Pedro (1Pe.)
• 2 Pedro (2Pe.)
• 1 João (1Jo.)
• 2 João (2Jo.)
• 3 João (3Jo.)
• Judas (Jd.)
Profético
• Apocalipse (Ap.)
(1 livro)
FONTE: Os autores
74
TÓPICO 1 — A ESTRUTURA DAS ESCRITURAS
FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/d8/9d/73/d89d73a4de95aa14a9a9c645f7e49c30.jpg>.
Acesso em: 9 nov. 2020.
75
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
NTE
INTERESSA
Por mais que Daniel esteja listado como um dos Profetas Maiores e que
Oseias e Zacarias estejam na lista dos Profetas Menores, estes possuem 14 capítulos cada,
enquanto Daniel possui 12.
76
TÓPICO 1 — A ESTRUTURA DAS ESCRITURAS
FONTE: Os autores
NOTA
77
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A Bíblia foi escrita por mais de 40 autores num período que abrange cerca de
1.600 anos.
• Mesmo que tenha uma unidade de conteúdo, o estudo da Bíblia demonstra sua
pluralidade, cujas inúmeras características e circunstâncias levaram ao formato
que possui hoje.
• A estrutura bíblica segue uma ordem de estilos literários, sendo composta por
vários estilos diferentes.
78
AUTOATIVIDADE
79
a) ( ) Essa divisão foi inspirada por Deus e os autores originais já escreveram
o texto numerado, tanto no hebraico quanto no grego.
b) ( ) Essa divisão não foi inspirada por Deus, mas foi feita posteriormente
pela escola de copistas dos Massoretas.
c) ( ) Essa divisão foi inspirada por Deus e realizada pelos pais da igreja
durante o fechamento do cânone.
d) ( ) Essa divisão não foi inspirada por Deus, mas feita posteriormente, na
Idade Média, para auxiliar a sua leitura.
80
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
As versões e as traduções das Sagradas Escrituras são uma temática que
deve receber grande atenção do teólogo, tanto durante o período de estudos
quanto após formado, quando responsável por uma comunidade. Para um
bom profissional, o processo formativo é incessante, ou seja, os estudos devem
fazer parte da vida do teólogo durante toda a sua caminhada. Nessa direção, é
importante conhecer o processo que levou à produção de cada um dos textos, nos
quais o profissional da Teologia irá se amparar. Por isso, na escrita de um artigo,
por exemplo, é necessário que se utilizem fontes seguras, confiáveis, relacionadas
a instituições e profissionais sérios, o que, em alguns momentos, pode inclusive
contrariar o leitor, mas o exercício teológico também é uma atividade acadêmico-
científica e, portanto, deve se pautar em informações verdadeira e de procedência.
81
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
2 TRADUÇÕES BÍBLICAS
Quando se fala das Sagradas Escrituras, é necessário ter em mente uma
alusão a uma biblioteca, que compreende desde as tradições e as revelações de
Deus para o povo hebreu até os relatos das pregações e das mensagens de Jesus
Cristo e dos Apóstolos.
82
TÓPICO 2 — AS VERSÕES E EDIÇÕES DAS ESCRITURAS
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/38/Papyrus_Bodmer_VIII.
jpg/1200px-Papyrus_Bodmer_VIII.jpg>. Acesso em: 6 dez. 2020.
A Figura 5 mostra o papiro de maneira bem didática, que era um dos tipos
de materiais utilizados como registro da Palavra, na Antiguidade. Apesar de ser
um material de grande resistência, o papiro era muito caro para ser produzido,
da mesma maneira que as outras fontes, havendo a necessidade de um grande
investimento para a realização desses registros. Soma-se ainda o fato de que poucas
pessoas tinham o conhecimento da leitura e da escrita, de modo que, apesar das
primeiras traduções, cuja intenção era se aproximar mais do povo de Deus, essa
aproximação ainda era restrita, por conta desses desafiadores elementos.
83
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
2.1 A SEPTUAGINTA
Essa tradução é muito importante no contexto da exegese bíblica. Para
estudiosos como a francesa Marguerite Harl (1919-2020), a Septuaginta tem um
valor muito maior do que apenas de tradução. Nessa direção, esses estudiosos
dizem que a Septuaginta representa um movimento de interpretação teológica
que tem por interesse tornar mais presente para os fiéis as mensagens sagradas
das Escrituras.
FONTE: <https://2.bp.blogspot.com/_vBQVD3n59mo/ShWpRrgI4aI/AAAAAAAABrU/F_
ApJ63natA/s200/LXX.jpg>. Acesso em: 7 dez. 2020.
84
TÓPICO 2 — AS VERSÕES E EDIÇÕES DAS ESCRITURAS
• Uma dessas traduções foi realizada por Áquila. Ao que se sabe, esse tradutor
tinha um parentesco com o imperador Adriano. De origem pagã, Áquila se
converteu ao judaísmo, realizando uma tradução que buscava ser literal das
escrituras, por volta do século II.
• Da cidade grega de Éfeso, surge outro tradutor das Escrituras. Teodócio foi
um estudioso greco-judaico que realizou a tradução dos textos sagrados para
o grego clássico. Há debates que supõem que ele teria realizado essa tradução
amparado pela Septuaginta, mas, a esse respeito, não há comprovações. Essa
tradução é datada de aproximadamente 150 d.C.
• Outro autor responsável por uma versão que traduziu as Escrituras para o
grego foi Símaco (Symmachus). Esse trabalho recebeu grande reconhecimento,
sendo incluído nos Hexapla e na Tetrapla, de Orígenes. Das traduções de Símaco,
alguns fragmentos chegaram à contemporaneidade. Ele também é chamado de
Ebionita, termo que diz respeito a uma linha judaico-cristã que conseguiu certa
popularidade entre os séculos II e IV e que realizava celebrações aos sábados,
inclusive sendo adepto da circuncisão.
• Orígenes foi outro importante tradutor das Escrituras para o idioma grego.
Conhecido como Orígenes, O Cristão ou Orígenes da Cesareia, ou ainda Orígenes
de Alexandria, foi considerado um grande teólogo do cristianismo, sendo grande
influência de teólogos formados na chamada Escola de Alexandria.
FONTE: <http://bibliateca.com.br/site/images/img/Biblia-Corpo/_corpo-Biblia-
TraducaoHexapla2.jpg>. Acesso em: 7 dez. 2020.
85
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
86
TÓPICO 2 — AS VERSÕES E EDIÇÕES DAS ESCRITURAS
FIGURA 8 – ÙLFÍLAS
FONTE: <https://www.akg-images.co.uk/Docs/AKG/Media/TR5/a/4/9/a/AKG1821037.jpg>.
Acesso em: 7 dez. 2020.
87
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
FONTE: <https://juventudeconservadoraufma.files.wordpress.com/2016/07/sao_jeronimo_
domenico-ghirlandaio.jpg?w=640>. Acesso em: 7 dez. 2020.
88
TÓPICO 2 — AS VERSÕES E EDIÇÕES DAS ESCRITURAS
NTE
INTERESSA
HENRIQUE VIII
FONTE: <https://lh4.googleusercontent.com/-LWOXTEqiVxg/U8BEd3yldWI/
AAAAAAAAEM4/PrenwLCHJ58/w588-h577-no/henrique-viii.jpg>. Acesso em: 7 dez. 2020.
89
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
Da mesma forma que já foi afirmado sobre o gótico, entre outros exemplos,
a busca de uma forma de registro da palavra se tornou algo tão íntimo com o
povo que ajudou a construir o dialeto, a escrita e o idioma de muitos lugares ao
redor do mundo.
90
TÓPICO 2 — AS VERSÕES E EDIÇÕES DAS ESCRITURAS
• Bispo Aldhelm, que traduziu os Salmos para o inglês e foi a primeira tradução
direta da Bíblia.
• Em seguida, Egberto, Arcebispo de Iorque, que traduziu os Evangelhos.
• Beda, o Venerável, que foi o maior estudioso inglês e europeu de sua época e
realizou a tradução do evangelho de João, terminada na hora de sua morte.
• Alfredo, o Grande, que foi estudioso e rei da Inglaterra e fez a tradução dos Dez
Mandamentos, tendo sido um monarca de grande estímulo ao cristianismo.
• Aldred realiza a introdução da história da Bíblia a cópia latina.
• A obra de Eadfrid, bispo de Lindisfarne, que produziu os Evangelhos de
Lindisfarne; a obra de MacRegol, os Evangelhos de Rushworth – Aldred
escreveu um comentário entre as linhas de uma cópia dos evangelhos, em
latim, a princípio.
• Em Wessex, Aelfric, Bispo de Eysham, traduziu partes dos sete primeiros livros
do AT, baseadas no texto latino.
91
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6e/Maria_Tudor1.jpg>.
Acesso em: 8 dez. 2020.
92
TÓPICO 2 — AS VERSÕES E EDIÇÕES DAS ESCRITURAS
FONTE: <https://cleofas.com.br/wp-content/uploads/2014/09/Arch_of_Titus_Menorah.jpg>.
Acesso em: 2 nov. 2020.
Pode-se perceber, de maneira bem forte, esse avanço social nas relações
europeias, no que diz respeito à diversidade cultural, bem como a maior liberdade
dos judeus, pelo fato de poucos anos depois, em 1839, Salid Neuman ter publicado
outra tradução do Pentateuco. Logo em seguida, entre 1851 e 1856, foi a vez do
Rabino Benisch realizar uma tradução completa para a língua inglesa.
93
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
FONTE: <https://1.bp.blogspot.com/-NMaNSHzYW08/VkIy5D2vpHI/AAAAAAAACr0/
LWPeAgqUc30/s1600/leeser1.png>. Acesso em 2 out. 2020.
NTE
INTERESSA
94
TÓPICO 2 — AS VERSÕES E EDIÇÕES DAS ESCRITURAS
95
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
João Ferreira de Almeida teve uma vida bastante agitada em sua ação
pastoral, o que comprometeu, em algumas ocasiões, a sua atividade enquanto
tradutor. Sua tradução do Novo Testamento foi concluída em 1676 e, apesar disso,
96
TÓPICO 2 — AS VERSÕES E EDIÇÕES DAS ESCRITURAS
97
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
3 A BÍBLIA NO BRASIL
Por mais que houvesse uma grande quantidade de versões bíblicas
circulando pelo território brasileiro, por conta das ordens religiosas que eram
presentes em muitas das regiões do país, há uma data oficial para uma “grande
edição” bíblica no Brasil, que é 1879, compilada pela Sociedade de Literatura
Religiosa e Moral do Rio de Janeiro, a qual foi responsável por uma versão bíblica
publicada entre 1902 e 1917, sendo a primeira a ser lançada contendo apenas o
Novo Testamento, e a posterior contendo o Antigo Testamento. Essa tradução teve por
base a versão grega das escrituras. Mesmo com essa data de publicação, há algumas
versões (inclusive anteriores a 1879) que marcaram presença nas escrituras traduzidas
no Brasil, como as traduções de Livros ou Trechos, por exemplo:
98
TÓPICO 2 — AS VERSÕES E EDIÇÕES DAS ESCRITURAS
99
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• As versões e as traduções das Sagradas Escrituras são uma temática que deve
receber grande atenção do teólogo, tanto durante o período de estudos quanto
após formado, como responsável por uma comunidade. É importante que, para
um bom profissional, o processo formativo é incessante, ou seja, os estudos
devem fazer parte da vida do teólogo durante toda a sua caminhada. Nessa
direção é importante conhecer o processo que levou à produção de cada um
dos textos, nos quais o profissional da Teologia irá se amparar.
• O cenário complicado, no contexto inglês, fez com que o próprio Rei Henrique
VIII fosse pressionado, pois, mesmo com todas as perseguições, as Escrituras
se tornavam populares, fazendo com que esse monarca determinasse a escrita
da Grande Bíblia – tal escrita, em grande parte, se deveu também ao fato de,
nesse período, muitos dos bispos britânicos serem leais a Igreja Católica de
Roma. Em seguida, o Arcebispo Cranmer realizou algumas revisões na Grande
Bíblia, passando também a ser perseguido pela Rainha Mary.
• Por mais que houvesse uma grande quantidade de versões bíblicas circulando
pelo território brasileiro, por conta das ordens religiosas, que eram presentes
em muitas das regiões do país, há uma data oficial para uma “grande edição”
bíblica no Brasil, que é 1879, compilada pela Sociedade de Literatura Religiosa
e Moral do Rio de Janeiro.
101
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Alemão.
b) ( ) Inglês.
c) ( ) Português.
d) ( ) Hebraico.
102
4 A circulação das Escrituras no Brasil aconteceu durante todo o período de
presença de imigrantes europeus em terras tupiniquins. Essa circulação
aconteceu, em grande parte, com versões nos idiomas dos que passavam pelo
país. Conforme o governo brasileiro se estruturava, houve a preocupação
de se ter uma versão traduzida para o dialeto local. Com relação ao ano de
publicação da primeira tradução completa das escrituras no Brasil, assinale
a alternativa CORRETA:
a) ( ) 1927.
b) ( ) 1930.
c) ( ) 1943.
d) ( ) 1948.
103
104
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
AS LÍNGUAS E OS TEXTOS
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, nós trataremos da transmissão do texto sagrado a partir da
invenção da escrita (3000 a.C.), do papel, do método e do desenvolvimento da
crítica textual, que visam à preservação do texto e à transmissão dos documentos
originais da Bíblia.
105
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
O papiro era um tipo de junco ou cana que crescia às margens do Rio Nilo,
no Egito, e suas folhas finas e delgadas eram prensadas, coladas transversalmente
para formarem folhas ou rolos de folhas de até dez metros de cumprimento. O
papiro era barato.
• anjos;
• lançar sorte, além do Urim e do Tumim, para saber a vontade de Deus;
• a voz da consciência;
• através da natureza;
• vozes audíveis;
• milagres;
• visões;
• sonhos.
106
TÓPICO 3 — AS LÍNGUAS E OS TEXTOS
107
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
O aramaico era a língua dos sírios, usada durante o século VI a.C. em todo
o Oriente Próximo. Os textos bíblicos do AT em aramaico são: Esdras (BÍBLIA
SAGRADA, Ed. 4:7-6:18; 7:12-26) e Daniel (BÍBLIA SAGRADA, Dn. 2:4-7:28).
108
TÓPICO 3 — AS LÍNGUAS E OS TEXTOS
NOTA
3 OS MANUSCRITOS
Os manuscritos são documentos escritos à mão. Atualmente, não existem
mais manuscritos originais da Bíblia, apenas fragmentos ou cópias. Os estudiosos
da ciência denominada “crítica textual” são os responsáveis por descobrir e
atestar quais são os manuscritos e cópias dos textos originais. Esse trabalho é
identificado como “recuperação do texto original”. Há milhares de cópias dos
manuscritos do NT e centenas de cópias dos manuscritos do AT. Esse número
é muito superior ao número de manuscritos de outras obras antigas de grande
valor cultural ou religioso existentes no mundo hoje. Juridicamente, para que um
documento seja considerado legal, bastam apenas quatro cópias idênticas – e a
Bíblia tem milhares.
109
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
110
TÓPICO 3 — AS LÍNGUAS E OS TEXTOS
111
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
3.2.5 A Septuaginta
É a tradução grega do Antigo Testamento, feita por 72 eruditos judeus –
daí a origem do nome Septuaginta (LXX ou 70) –, completada no ano 150 a.C. A
Septuaginta, aparentemente, foi usada por Jesus e pelos apóstolos. A maioria das
citações do Antigo Testamento é extraída dessa tradução.
113
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
114
TÓPICO 3 — AS LÍNGUAS E OS TEXTOS
5 O CRITICISMO TEXTUAL
De maneira sintética, a crítica textual é a ciência que tem como objeto de
estudo os textos bíblicos e sua veracidade. Em outras palavras, a crítica textual
dedica-se a verificar se o texto bíblico é dotado de veracidade sacra.
115
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
DICAS
116
TÓPICO 3 — AS LÍNGUAS E OS TEXTOS
Graças à crítica textual, podemos afirmar que não houve dano à Bíblia,
no processo de transmissão do texto, constituindo-se uma reprodução exata dos
textos originais.
117
UNIDADE 2 — AS ESCRITURAS SAGRADAS E PRÁXIS
LEITURA COMPLEMENTAR
Bíblia Sagrada
A Bíblia não foi escrita numa única língua, mas em três línguas diferentes.
A maior parte do Antigo Testamento foi escrita em hebraico. Era a língua que se
falava na Palestina antes do cativeiro. Depois do cativeiro, o povo de lá começou
a falar o aramaico.
118
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• As línguas escritas foram o meio que Deus utilizou para transmitir Sua Palavra
de maneira a remover as formas menos eficientes de comunicação aos homens.
As línguas utilizadas por Deus para o registro do texto sagrado foram o
hebraico, o aramaico e o grego.
CHAMADA
119
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Cera.
b) ( ) Pedras.
c) ( ) Pergaminho e couro.
d) ( ) Louça.
e) ( ) Metal.
a) ( ) Senso estético.
b) ( ) Precisão na comunicação.
c) ( ) Alegorização da realidade.
d) ( ) Combate a cópias desautorizadas.
120
4 Na primeira metade do século I da era cristã, os livros do Novo Testamento
já haviam sido escritos, em sua maioria, e, na segunda metade, deu-se
início aos processos de seleção, leitura, circulação, compilação e citação
da literatura apostólica. Contudo, o processo de seleção precisou ser
intensificado e muita coisa passou por um processo de análise e, até mesmo,
de descarte. Explique por qual razão isso precisou ser feito.
121
122
REFERÊNCIAS
APOLINÁRIO, P. Explicação de textos difíceis da Bíblia. SALT – Seminário Latino-
americano de Teologia, São Paulo, 1990.
FEE, G. D.; STUART, D. Entendes o que lês? Um guia para entender a Bíblia
com auxílio da exegese e da hermenêutica. 2. ed. São Paulo: Vida Nova; 1997.
GEISLER, N.; NIX, W. Introdução bíblica: como a Bíblia chegou até nós. São
Paulo: Vida; 1997.
LAHAYE, TIM. Como estudar a bíblia sozinho. Venda Nova: Betânia; 1976.
PAROSCHI, W. Crítica textual do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1993.
123
RAUPP, M. Uma análise descritiva de três traduções brasileiras da
bíblia a partir de alterações introduzidas nos manuscritos em língua
original. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) – Centro de
Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/
handle/123456789/94236/276638.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 28
maio 2021.
WESTCOTT, B. F. The bible in the church. 2. ed. New York: MacMillan; 1887.
124
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
125
126
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, nós veremos o que a Bíblia diz sobre Deus, sobre o ser
humano e sobre Jesus Cristo, uma vez que todos esses assuntos estão altamente
entrelaçados. A relação entre Deus, o homem e Jesus é apresentada na Bíblia
como uma história coesa de providência e redenção. Tudo culminou no ato
salvífico que dá ao homem a razão da sua fé. Por isso, a leitura bíblica deve ter
como chave hermenêutica essa relação.
127
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
2 DE DEUS
A existência de Deus é um pressuposto na Bíblia, pois revela Deus
e nos dá o conhecimento de características distintas Dele, ou seja, não oferece
apenas o conhecimento da existência de Deus, mas também de quem é esse Deus.
Segundo Paul Gardner: “O Deus da Bíblia revela-se em sua criação e, acima de
tudo, por meio de sua Palavra, as Escrituras Sagradas” (GARDNER, 1999, p. 136).
Como vimos, Deus se autorrevela, e a teologia cristã assume que a Bíblia oferece
o melhor fundamento e a melhor fonte de informação para dar clareza sobre a
natureza de Deus.
Apesar disso, lidamos constantemente com a ideia sobre Deus que não
parte do pressuposto bíblico, porque, no meio popular, Ele é visto como uma
expressão muito ambígua e multifacetada. Nas palavras de Brakemeier (2010, p.
31), “Não há uma só ‘teologia’ entre as religiões, mas uma infinidade. O mesmo
se observa na filosofia. Não existe em absoluto unanimidade na conceituação
de Deus” e, justamente por isso, dispomos de tantos termos como “teísmo”,
“ateísmo”, “politeísmo”, “monoteísmo”, “panteísmo” etc., pois várias são as
concepções de Deus diferentes. A teologia cristã, portanto, deve justificar sua
legitimidade em meio a tantas outras visões – foi, precisamente, na defesa de
Deus que a teologia cristã costumeiramente se empregou desde a Idade Média.
As provas da existência de Deus eram amplamente discutidas e representavam a
legitimidade da própria teologia enquanto estudo de Deus.
128
TÓPICO 1 — AS ESCRITURAS COMO FUNDAMENTO TEOLÓGICO
• “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Deus” (BÍBLIA SAGRADA, Dt. 6.4).
• “Vede, agora, que Eu Sou, Eu somente, e mais nenhum deus além de mim”
(BÍBLIA SAGRADA, Dt. 32.39a).
• “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de
eternidade a eternidade, tu és Deus” (BÍBLIA SAGRADA, Sl. 90.2).
• “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio
dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a
luz dos homens” (BÍBLIA SAGRADA, Jo. 1.1-4).
• “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (BÍBLIA SAGRADA, At. 17.28a).
• “Eu sou o Alga e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há
de vir, o Todo-Poderoso” (BÍBLIA SAGRADA, Ap. 1.8).
129
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
• “Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles.
Ele ajunta em montão as águas do mar; e em reservatório encerra as grandes
vagas. Tema o Senhor toda a terra, temam-no todos os habitantes do mundo.
Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (BÍBLIA
SAGRADA, Sl. 33.5-9).
• “Não é semelhante a estas Aquele que é a Porção de Jacó; porque ele é o Criador de
todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança; Senhor do Exércitos é o seu nome”
(BÍBLIA SAGRADA, Jr. 10.16).
• “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais,
pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (BÍBLIA
SAGRADA, Hb. 1.1-2).
A obra criadora atesta a soberania de Deus sobre tudo. Ele criou, mantém
e é senhor de todas as coisas. Não pode haver outro deus senão aquele que é o
criador de tudo. Toda a vastidão do universo é fruto da obra divina, o que nos dá
uma boa percepção da magnitude infinita daquele que criou o universo infinito.
130
TÓPICO 1 — AS ESCRITURAS COMO FUNDAMENTO TEOLÓGICO
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Between_Local_and_Laniakea_
(27476466787).jpg>. Acesso em: 5 dez. 2020.
NOTA
131
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
132
TÓPICO 1 — AS ESCRITURAS COMO FUNDAMENTO TEOLÓGICO
Haarbeck (1987, p. 32, grifo nosso) diz que “a natureza da Trindade reside
nas seguintes definições: 1) Cada pessoa da Divindade é em si mesma Deus; 2)
cada pessoa da Divindade encontra-se ligada de modo indissolúvel às outras
duas”. Logo, vemos que não se trata de três deuses, mas um só Deus, que se
manifesta de três formas distintas, as quais chamamos de pessoas da trindade,
mas nenhuma delas pode ser separada uma da outra. De forma mais extensa,
Haarbeck (1987, p. 33) afirma que:
133
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
NOTA
Credo Atanasiano
Todo aquele que quer ser salvo, antes de tudo, deve professar a fé católica.
Quem quer que não a conservar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá eternamente.
Porque, assim como pela verdade cristã somos obrigados a confessar que cada pessoa,
tomada em separado, é Deus e Senhor, assim também estamos proibidos pela religião
católica de dizer que são três deuses ou três senhores.
Há, portanto, um único Pai, não três Pais; um único Filho, não três Filhos; um único Espírito
Santo, não três Espíritos Santos.
E nesta Trindade nada é anterior ou posterior, nada maior ou menor; porém todas as
três pessoas são coeternas e iguais entre si; de modo que em tudo, conforme já ficou
dito acima, deve ser venerada a Trindade na unidade e a unidade na Trindade. Portanto,
quem quer salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade, mas para a salvação eterna
também é necessário crer fielmente na encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo.
A fé verdadeira, por conseguinte, é crermos e confessarmos que nosso Senhor Jesus Cristo,
Filho de Deus, é Deus e homem.
É Deus, gerado da substância do Pai antes dos séculos, e é homem, nascido, no mundo, da
substância da mãe.
134
TÓPICO 1 — AS ESCRITURAS COMO FUNDAMENTO TEOLÓGICO
Um só, entretanto, não por conversão da divindade em carne, mas pela assunção da
humanidade em Deus. De todo um só, não por confusão de substância, mas por unidade e
pessoa. Pois, assim como a alma racional e a carne é um só homem, assim Deus e homem
é um só Cristo; o qual padeceu pela nossa salvação, desceu aos infernos, ressuscitou dos
mortos, subiu aos céus, está sentado à destra do Pai, donde há de vir para julgar os vivos e
os mortos.
À sua chegada todos os homens devem ressuscitar com seus corpos e vão prestar contas
de seus próprios atos; e aqueles que tiverem praticado o bem irão para vida eterna; aqueles
que tiverem praticado o mal irão para o fogo eterno.
Esta é a fé católica. Quem não crer com fidelidade e firmeza, não poderá salvar-se.
3 DO SER HUMANO
Visto a grandeza e a complexidade de Deus, surge a dúvida sobre qual
a relação de Deus com o ser humano. Preliminarmente, a resposta é óbvia: o ser
humano é criatura de Deus. Somos a coroa da criação. “Quando contemplo os teus
céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem,
que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por
um pouco, menor do que Deus e de glória e honra o coroaste” (BÍBLIA SAGRADA,
Sl. 8.3-5). De fato, comparando com o universo, o homem é um grão de poeira,
ínfimo e irrelevante. Ainda assim, Deus, com toda a sua majestade e magnificência,
estabelece uma relação próxima com o ser humano, a ponto de o visitar e gerir
com sua providência a nossa vida, dando a nossa espécie uma honra especial.
135
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
136
TÓPICO 1 — AS ESCRITURAS COMO FUNDAMENTO TEOLÓGICO
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cria%C3%A7%C3%A3o_de_Ad%C3%A3o>.
Acesso em: 14 dez. 2020.
137
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
Assim, imago dei possui uma função representativa; a imago dei designa uma
missão, que, de acordo com Schwambach (2008, p. 16-17), “consiste em exercer
o domínio de Deus sobre as demais criaturas – o ser humano deve dominar (v.
26b)”. Isso não significa explorar a natureza, segundo nossa própria vontade, mas
cultivar e guardar a criação (BÍBLIA SAGRADA, Gn. 2. 15), ou seja, o ser humano
deve administrar a criação como um embaixador de Deus na terra, sabendo que
todas as suas atitudes representam a Deus e, portanto, o ser humano é chamado a
representar Deus da melhor forma possível. Por isso, mesmo após a queda, como
o ser humano mantém sua posição de representante de Deus na terra, a imagem
de Deus não se perdeu em nós por causa do pecado. A imagem de Deus faz
parte da natureza humana pela criação e não perde a sua funcionalidade, assim,
também, o homem não perdeu a qualidade de imagem de Deus.
3.2 O PECADO
Não podemos falar sobre o ser humano a partir das Escrituras e não
mencionar a questão do pecado. A partir dos eventos narrados na Bíblia Sagrada
sobre a queda do homem (BÍBLIA SAGRADA, Gn. 3), o pecado constitui-se como
parte integrante na natureza humana. A história da queda (BÍBLIA SAGRADA,
Gn. 3) é de desobediência e serve para mostrar que todos os seres humanos
nascem com a condição do pecado.
138
TÓPICO 1 — AS ESCRITURAS COMO FUNDAMENTO TEOLÓGICO
4 DE JESUS CRISTO
Jesus é personagem central nas Escrituras Sagradas. Sem Cristo, não há
fé cristã e a teologia cristã perde o seu sentido. A Bíblia deve ser interpretada
com vistas ao evangelho em Jesus Cristo. Conforme Aquino (2013, p. 31), “Falar
de Jesus Cristo é falar do centro das Escrituras. É falar de encarnação, morte e
ressurreição. É trazer à mente o que possibilitou vida, e vida plena. A centralidade
da fé evangélica está na cruz de Cristo”. Aqui, resgatamos um pouco daquilo que
já falamos sobre a Trindade.
• “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o
Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos
céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (BÍBLIA
SAGRADA, Mt. 3.16-17).
• “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro,
disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (BÍBLIA SAGRADA, Mt. 16.15-16).
• “Exclamando em alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo.
Conjuro-te por Deus que não me atormentes” (BÍBLIA SAGRADA, Mc. 5.7).
140
TÓPICO 1 — AS ESCRITURAS COMO FUNDAMENTO TEOLÓGICO
4.1 A ENCARNAÇÃO
Conforme Haarbeck (1987, p. 79, grifo nosso), “A natureza divina de
Cristo se mostra já em sua encarnação. Pois esta é, à diferença de todos os outros
nascimentos que normalmente ocorrem na terra, sua livre decisão”. Logo, Deus
assumiu a figura humana, nasceu e viveu entre nós, como parte da sua história
de redenção.
Todavia, sendo Deus, isso não significa que Jesus não compartilhava
a nossa natureza humana. Pelo contrário, ele é a perfeita união entre as duas
naturezas, a natureza divina e a natureza humana. Ao falar sobre o evento do
nascimento de Cristo e o anúncio do anjo de Deus, Gardner (1999, p. 328) afirma
que: “O anjo também indicou a divindade de Jesus, quando disse que Ele seria
chamado ‘Emanuel’ – que significa ‘Deus conosco’ (Mt. 1.21). João 1.1-4, 14 mostra
que Jesus era verdadeiramente humano e, ainda assim, preexistente e divino”.
Dessa maneira, a Bíblia é clara ao afirmar as duas naturezas de Cristo.
141
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
NTE
INTERESSA
• Arianismo: negava que o Filho e o Pai dividiam a mesma substância. Jesus não era visto
como Deus.
• Decetismo: negava a corporeidade de Jesus, que só tinha aparência de corpo, mas era
puro espírito, não possuindo carne ou sangue.
• Apolinarianismo: entende que Jesus tinha apenas um corpo humano, mas uma mente
totalmente divina.
142
TÓPICO 1 — AS ESCRITURAS COMO FUNDAMENTO TEOLÓGICO
FONTE: <https://viramundoemundovirado.com.br/chiloe-e-a-graca-singular-de-suas-
igrejas-de-madeira/>. Acesso em: 16 dez. 2020.
143
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
Assim, na cruz, Jesus tomou toda a nossa culpa sobre si, identificado
sobremaneira com a humanidade. Em vista disso, Haarbeck (1987, p. 91) afirma que:
4.3 A RESSURREIÇÃO
A ressurreição testifica a obra de Jesus como absolutamente verdadeira.
Apesar de muitos duvidarem de tal feito milagroso, a Bíblia afirma que houve
várias testemunhas oculares de Jesus vivo após ter sido sepultado. Sem a
ressurreição, a fé cristã é vã. Logo, a Páscoa é a maior festa cristã e, por isso, não
podemos olhar para a obra de Cristo sem um olhar geral para a sua obra. Não é
possível falar do nascimento de Jesus sem falar da morte, da mesma forma que
não é possível falar da morte sem falar da ressurreição. O apóstolo Paulo faz uma
longa explicação sobre a ressurreição na primeira carta à igreja em Corinto, da
qual podemos destacar dois textos:
144
TÓPICO 1 — AS ESCRITURAS COMO FUNDAMENTO TEOLÓGICO
• “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos
pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa
esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de
todos os homens” (BÍBLIA SAGRADA, 2Co. 15.17-19).
• “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que
dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio
a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim
também todos serão vivificados em Cristo” (BÍBLIA SAGRADA, 2Co. 15.20-22).
145
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
146
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Deus é pressuposto na Bíblia e sua existência não tenta ser provada. Ainda
assim, a total compreensão do Deus absoluto é impossível, pois Deus é infinito,
com infinitos atributos.
• Jesus Cristo é figura central nas Sagradas Escrituras. Ele é o Filho de Deus, o
verbo encarnado, sendo totalmente homem e totalmente Deus.
147
AUTOATIVIDADE
1 Tudo aquilo que sabemos de Deus foi Ele mesmo que revelou. Além disso,
não há provas da sua existência. Disserte sobre o que podemos conhecer de
Deus mediante as Escrituras.
a) ( ) O Pai por ninguém foi feito. O Filho é criado pelo Pai. O Espírito Santo
é procedente do Pai e do Filho.
b) ( ) O Pai por ninguém foi feito. O Filho é gerado pelo Pai. O Espírito Santo
é procedente do Pai e do Filho.
c) ( ) O Pai é feito pelo Filho e pelo Espírito. O Filho é criado pelo Pai. O
Espírito Santo é gerado pelo Filho.
d) ( ) O Pai não é feito pelo Filho e pelo Espírito. Mas o Filho é criado pelo
Pai. E o Espírito Santo é gerado pelo Filho.
148
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos algumas questões estimuladas pelo
aprendizado das Sagradas Escrituras, a fim de refletirmos sobre assuntos que
surgem no contato com a Palavra de Deus. A Bíblia é um livro distinto de
qualquer outro, é um documento histórico, mas que, acima de tudo, é revelação
de Deus para nós e fala ativamente e guia a cristandade no caminho que se deve
seguir. A Bíblia oferece reflexões quase intermináveis – e, neste tópico, a ideia é
discutirmos tais reflexões.
2 BÍBLIA, FÉ E RAZÃO
Ao ler a Bíblia, não se trata da leitura de mera mitologia ou algum livro
de fantasia, mas de um documento histórico que apresenta a fé no Deus que se
autorrevela, pois Ele mesmo o inspira. Por apresentar a história da salvação da
humanidade, acabou por se tornar fundamento da religião cristã. Há quem diga
que a Bíblia contém mitos, uma vez que mitos são histórias de deuses, nas quais
estes são os protagonistas. Contudo, como Schmidt (1994) deixa claro, o Antigo
Testamento – assim como o Novo Testamento – ou seja, a Bíblia, não desenvolve
os mitos. Ainda assim, isso pouco importa nesse momento, visto que, nesse caso,
o termo mito é usado para destacar um estilo literário. Não significa, portanto,
que a história bíblica seja uma ficção fantasiosa.
149
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
• “Disse o Senhor a Moisés: “Vai ter com Faraó, porque lhe endureci o coração
e o coração de seus oficiais, para que eu faça estes meus sinais no meio deles,
e para que contes a teus filhos e aos filhos de teus filhos como zombei dos
egípcios e quantos prodígios fiz no meio deles, e para saibais que eu sou o
Senhor” (BÍBLIA SAGRADA, Êx. 10.1-2).
• “Tu és o Deus que realiza milagres; mostras o teu poder entre os povos”
(BÍBLIA SAGRADA, Sl. 77.14).
• “Jesus realizou na presença dos seus discípulos muitos outros sinais milagrosos,
que não estão registrados neste livro. Mas estes foram escritos para que vocês
creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu
nome” (BÍBLIA SAGRADA, Jo. 20.30-31).
• “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado
por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio
Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis” (BÍBLIA
SAGRADA, At. 2.22).
150
TÓPICO 2 — A REFLEXÃO A PARTIR DAS ESCRITURAS
151
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
cristianismo tolo. No entanto, Stott aponta para uma realidade básica descrita
nas Sagradas Escrituras: a que o ser humano foi criado por Deus como um ser
racional. “Esta racionalidade básica do homem, por criação, é admitida em toda
a Escritura” (STOTT, 1997, p. 9).
• “Deveras o meu povo está louco, já não me conhece; são filhos néscios, e não
entendidos” (BÍBLIA SAGRADA, Jr. 4.22).
• “O meu povo foi destruído, porque lhe falta conhecimento; porque tu rejeitaste
o conhecimento, também eu te rejeitarei” (BÍBLIA SAGRADA, Os. 4.6a).
152
TÓPICO 2 — A REFLEXÃO A PARTIR DAS ESCRITURAS
DICAS
Vale a pena ler o livro Crer É Também Pensar, de John Stott, pois ainda é muito
atual e está disponível em várias livrarias cristãs.
3 A IMPORTÂNCIA DA BÍBLIA
A Bíblia é o livro mais vendido, mais lido e mais traduzido da história. Isso
só acontece devido ao valor que as pessoas dão às Sagradas Escrituras. Contudo,
ela não contém apenas valor histórico – motivo pelo qual muitos não cristãos
também valorizam e leem a Bíblia –, mas contém um valor que deriva da sua
sacralidade. A Bíblia é vista como Palavra de Deus, ou seja, a forma como Deus
se comunica conosco. Isso coloca a Bíblia como documento base da igreja cristã.
Como diz Jochen Eber (1995, p. 179), “a Bíblia é a Palavra de Deus, e como Palavra
de Deus ela é a base e norma para a doutrina e a vida da igreja”.
153
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
FONTE: Os autores
154
TÓPICO 2 — A REFLEXÃO A PARTIR DAS ESCRITURAS
DICAS
155
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
FONTE: <https://www.provinciadorio.org.br/conteudo/userfiles/homem-lendo-a-biblia.jpg>.
Acesso em: 10 jan. 2021.
156
TÓPICO 2 — A REFLEXÃO A PARTIR DAS ESCRITURAS
DICAS
FEE, G. D.; STUART, D. Entendes o que lês? Um guia para entender a Bíblia com auxílio da
exegese e da hermenêutica. 2. ed. São Paulo: Vida Nova; 1997.
4.1 EXEGESE
A exegese, como já visto, é o estudo cuidadoso e sistemático das Escrituras.
Seu objetivo é buscar o sentido original do texto bíblico. Segundo Fee e Stuart
(1997, p. 19), a exegese “é a tentativa de escutar a Palavra conforme os destinatários
originais devem tê-la ouvido; descobrir qual era a intenção original das palavras
da Bíblia”. Para isso, um estudo aprofundado é necessário, para buscar conhecer
as particularidades culturais da época e local em que o texto foi escrito. Portanto,
devemos olhar para o contexto histórico e o contexto literário do texto bíblico.
• Contexto histórico: significa atentar para a época em que o texto foi escrito,
ou seja, deve-se investigar a cultura, a política, a geografia e a economia; tudo
aquilo que auxilia o exegeta a compreender como era a vida para o autor
bíblico e para os que receberam seu texto, pois faz uma grande diferença saber
detalhes, como o de Amós ter profetizado depois do exílio, a diferença entre as
cidades de Corinto e Filipos, e como a igreja era afetada por essas diferenças,
saber sobre os costumes nos dias de Jesus para compreender melhor suas
parábolas, saber qual era o real valor de um denário, ou saber quais eram os
povos vizinhos de Israel e quais eram as suas particularidades (FEE; STUART,
1997). Uma boa análise histórica pode trazer luz para muitas questões bíblicas.
• Contexto literário: significa estar atento ao que circunda o texto, ou seja, o texto
em volta do texto. Por exemplo: um versículo tem o seu significado isolado
dos versículos anteriores e posteriores. Na maioria das vezes, os versículos
encontram-se dentro de uma perícope, um texto maior que manifesta a linha
de pensamento do autor. Essa perícope está cercada de outras perícopes e estas
formam um capítulo. Nas Bíblias modernas, as perícopes vêm acompanhadas
de pequenos títulos. Assim, o contexto literário é a análise de todo o texto
que circunda os versículos principais estudados para buscar entender a linha
de pensamento do autor original. Devemos lembrar que, originalmente, não
havia a divisão da Bíblia em capítulos e versículos, por isso cada versículo está
interconectado com os demais.
4.2 HERMENÊUTICA
A hermenêutica, como já visto, procurará a relevância contemporânea do
conteúdo Bíblico, o que ela significa para nós hoje. Ler a Bíblia com esse viés é
dedicar-se a aprender e compreender seu significado, ou seja, um estudar que
segue a exegese. Saber o que a Bíblia significou para os antigos que a receberam
é muito importante, mas, como não vivemos no passado, devemos também nos
empenhar para descobrir o que ela significa aqui e agora. A hermenêutica é uma
forma de atualizar a mesma mensagem antiga para o nosso próprio contexto.
Doutra forma, seria muito difícil para a igreja atual ter a Bíblia como seu guia.
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TÓPICO 2 — A REFLEXÃO A PARTIR DAS ESCRITURAS
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UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
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TÓPICO 2 — A REFLEXÃO A PARTIR DAS ESCRITURAS
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UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
Cada uma dessas leituras distintas da Bíblia não é ruim por si só, cada
uma apresenta um ponto de vista que pode contribuir para o conhecimento do
todo. No entanto, nenhuma dessas leituras deve ser considerada exclusivamente
correta. Fazer isso é reduzir o texto bíblico. Trata-se apenas de perspectivas que,
consideradas com as demais, podem nos fazer enxergar detalhes do texto que não
enxergaríamos. Não devemos confundir perspectivas com critério interpretativo,
pois se isso acontecer cada perspectiva irá defender a si mesma como única chave
hermenêutica. Isso representaria um grande perigo à teologia e um reducionismo
muito grande do evangelho.
6 A BÍBLIA NA CONTEMPORANEIDADE
O mundo contemporâneo oferece desafios particulares. É um mundo
líquido, conforme o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Nada é sólido nem
mesmo a moral e a religião. Trata-se de um mundo subjetivo, sem forma e
relativo. Contudo, nem tudo é ruim, o mundo atual também é altamente criativo,
produtivo e conectado. Ainda assim, sendo a Bíblia um documento antigo, base
de uma fé histórica, são grandes os desafios que ela enfrenta. Quase tudo aquilo
que é histórico é visto meramente como conservador e, por isso, a necessidade de
entendermos o valor atual das Sagradas Escrituras, bem como trabalhar com ela.
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TÓPICO 2 — A REFLEXÃO A PARTIR DAS ESCRITURAS
Por mais que a Bíblia cause estranheza pela distância histórica, ela
também promove um sentimento de familiaridade. Se não fosse isso, a Bíblia não
seria o livro mais lido do mundo ainda hoje. Apesar dos desafios, ela ainda é
absolutamente relevante em assuntos de fé. Mesmo com os desafios modernos
e o crescente secularismo que invade as igrejas atuais, as Sagradas Escrituras
permanecem sagradas e autoridade para a vida cristã. O mundo secular,
tecnicista, niilista, mercadológico, tão crente nos produtos factuais, não pode
condenar a Bíblia por não oferecer um conteúdo científico correto, pois a Bíblia,
enquanto Palavra de Deus, não pretende oferecer ciência, mas sabedoria. Assim,
com um olhar de bom senso, as Escrituras tornam-se companheiras até mesmo
de discursos a-religiosos.
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UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A Bíblia é importante por ser voz de Deus para a humanidade, por revelar a
Jesus Cristo e a história da redenção, por regulamentar a fé cristã e por auxiliar
o ser humano na vida cotidiana com sua sabedoria.
• A Bíblia deve ser estudada com zelo, tendo como auxílios a exegese e a
hermenêutica.
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AUTOATIVIDADE
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5 Existem diferentes leituras da Bíblia. Pessoas diferentes podem olhar para a
Bíblia de maneiras diferentes, percebendo características que outras pessoas
não perceberiam. Por isso, podem existir diferentes acessos à Bíblia. Sobre
essas leituras, assinale a alternativa CORRETA:
167
168
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Sabemos da importância do estudo das Sagradas Escrituras. No entanto,
a Bíblia não é apenas um livro didático. Não apenas estudamos a Bíblia, mas
também vivemos a partir dela. As Escrituras exigem uma vivência a partir dos
seus ensinos. Por isso, neste tópico, refletiremos sobre o impacto da Bíblia no
nosso cotidiano e na nossa vida como um todo.
2 A BÍBLIA E A FÉ
A Bíblia não é apenas base das doutrinas da igreja, mas norma de fé
individual – não apenas isso, mas a Bíblia também é produtora de fé. Como o
apóstolo Paulo diz: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra
de Cristo” (BÍBLIA SAGRADA, Rm. 10:17). Se Cristo é verdadeiramente Deus,
então a palavra de Cristo é, igualmente, Palavra de Deus. As Sagradas Escrituras
manifestam essa Palavra. A Bíblia, enquanto Palavra de Deus, impulsiona o
testemunho da sua revelação, e tal testemunho, ao encontrar terreno fértil, produz
fé naquele que ouve e aceita a Palavra.
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UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
que nasceu ali, logo foi queimado pelo sol, pois não desenvolveu raízes profundas.
Outra porção caiu, ainda, entre espinhos, cresceu e sufocou as plantas. Por fim, as
sementes que caíram em terra boa frutificaram abundantemente.
Essa parábola é tão notória que Gerhard Hörster (2009) afirmou que ela
representa uma das essências do reino de Deus, uma vez que Jesus nos oferece
uma explicação que, certamente, não se refere à agricultura, mas a como as
pessoas recebem a Palavra de Deus. As sementes representam as Palavras do
Reino, enquanto os diferentes terrenos representam os diferentes corações que
recebem a Palavra. Aqueles que ouvem a Palavra, mas não compreendem,
tendo logo a Palavra arrancada do coração, são como a beira do caminho; os que
ouvem a palavra e a recebem com muita alegria, mas logo desistem de seguir o
caminho da fé, são como o terreno rochoso; os que ouvem a Palavra e a seguem,
mas se perdem para as tentações do mundo são como o solo com espinhos; já
os que ouvem a Palavra e a recebem permanecendo firmemente na fé, e ainda
frutificam segundo as qualidades da vida cristã, são como um solo fértil (BÍBLIA
SAGRADA, Mt. 13.18-23).
170
TÓPICO 3 — A VIVÊNCIA DAS ESCRITURAS
O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto
com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos
apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou,
e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos,
a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que
temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós,
igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é
com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Estas coisas, pois, escrevemos
para que a nossa alegria seja completa (BÍBLIA SAGRADA, Jo. 1.1-4).
3 A BÍBLIA E A IGREJA
Você já viu alguma igreja não usar a Bíblia? Apesar de algumas igrejas
insistirem em não usar a Bíblia como norma de fé, mas apenas, por exemplo, as
palavras de um líder religioso, essa prática é uma completa descaracterização
do que é uma igreja. A própria origem da palavra igreja é bíblica. O termo igreja
provém da palavra grega ekklesía, que significa assembleia, congregação, reunião
– em sentido básico. Desse modo, não existe igreja cristã sem que a Bíblia seja
a norma de fé que a sustenta. A igreja não pode prescindir da Bíblia para a sua
atuação, do contrário, perderá a sua identidade e se tornará outra coisa, qualquer
coisa, mas não uma igreja.
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UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
NTE
INTERESSA
Confira o filme que conta a sua história: O fora da lei de Deus – William Tyndale
(1987), de Tony Tew.
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TÓPICO 3 — A VIVÊNCIA DAS ESCRITURAS
Portanto, tudo aquilo que faz a igreja ser o que é provém do ensino baseado
nas Escrituras Sagradas. A igreja que não reconhece a autoridade da Bíblia está
fadada ao fracasso, pois é a Bíblia que mantém o testemunho apostólico e nos faz
conhecer a história da redenção em Jesus Cristo. Por isso, igreja e Bíblia sempre
deverão estar associadas.
4 A BÍBLIA E A ÉTICA
Como já citado, a Bíblia é um verdadeiro manual da vida. A preocupação
ética se dá justamente no como agir. A palavra ética provém do termo grego
ethos, que significa costume – assim como moral, que é sua variante latina (mos).
Portanto, a vida guiada pela Bíblia é levada a novos costumes. Segundo Wiese
(2008), a lei mosaica, que fundamenta o Antigo Testamento, propõe uma ordem,
uma norma social através do ensino e da instrução do melhor caminho a ser
seguido. Esse melhor caminho, ou seja, a melhor forma de agir, estaria em
conformidade com a vontade de Deus. O mesmo vale para o Novo Testamento a
partir das instruções de Jesus.
173
UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
NOTA
Esse é o ponto central da ética cristã, pois a ética cristã baseia-se na vontade
de Deus. Como conhecemos a vontade de Deus? Através das Escrituras Sagradas.
Todo o fundamento sobre a forma correta de como o cristão deve agir está expressa
na Bíblia. Dessa forma, a Bíblia é um manual de ética, sendo possível citar alguns
versículos que propõem atitudes éticas importantes:
A Bíblia, portanto, deixa claro que Deus espera que seus filhos ajam sempre
da melhor forma possível, com integridade, justiça e amor, não apenas perante
ele, mas também perante toda a sociedade. Assim, aquele que crê na mensagem
das Escrituras Sagradas é chamado a ser nova criatura (BÍBLIA SAGRADA, 2Co.
5.17; Gl. 6.15; Rm. 8.1). Como diz Wiese (2008, p. 169): “O que melhor sintetiza o
que cristãos são ou um cristão é, encontramos na expressão nova criatura, pois
não os isola dos demais seres humanos e criaturas, mas os mantém na realidade da
presente criação com vista à futura ou nova criação definitiva de Deus”. O cristão,
portanto, é nova criatura, e isso implica um novo agir, um novo ethos.
A vida cristã não é mais orientada a partir do pecado, que nos aliena em
relação à vontade de Deus. A Bíblia ensina a respeito da nossa fragilidade. O
evangelho fortalece a nossa constituição anímica, de forma a podermos negar
174
TÓPICO 3 — A VIVÊNCIA DAS ESCRITURAS
Como novo homem (comum dos dois gêneros), o cristão tem vida nova
ou vida eterna não só como esperança futura maior, mas também
já agora, porque o futuro de Deus o alcança nesta vida e a marca
profundamente (Jo. 5.24; 6.47; 11.25; 20.31). Por conta disso, é possível
falar de “andar em novidade de vida” e “servir em novidade de
espírito” (Rm. 6.4c; 7.6) (WIESE, 2008, p. 171, grifo nosso).
4.1 DECÁLOGO
Os dez mandamentos (BÍBLIA SAGRADA, Ex. 20.1-17; Dt. 5.6-21) são
o centro da lei mosaica. Sua importância perpassa gerações. Seu conteúdo
apresenta, em linhas gerais, o que é mais importante que uma pessoa faça ou não
faça. O cumprimento do decálogo determina a relação que uma pessoa tem com
Deus e com os outros. Cumprir os dez mandamentos implicaria uma vida boa,
pois expressam a vontade de Deus. Nesse sentido, os dez mandamentos não são
leis mesquinhas que nada oferecem de bom, mas justamente se recomendam por
expressar exatamente aquilo que é bom para nós (WIESE, 2008). E a vida boa é a
grande preocupação da ética.
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UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
5 A BÍBLIA E A CARIDADE
A maior orientação bíblica a respeito da melhor conduta humana diz
respeito à questão do amor. Nesse sentido, listamos três textos bíblicos como
demonstração, dois de Jesus e um de Paulo:
• “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de
todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (BÍBLIA
SAGRADA, Mt. 22.37-39).
• “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos
amei, que também vos ameis uns aos outros” (BÍBLIA SAGRADA, Jo. 13.34).
• “Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás do teu
próximo como a ti mesmo” (BÍBLIA SAGRADA, Gl. 5.14).
Entretanto, a dúvida que surge é que amor é esse que a Bíblia tanto
recomenda? O Novo Testamento, no original grego, utiliza três palavras para
amor: eros, que é a paixão ou desejo, philia, que é a amizade, e ágape, que é o
amor incondicional, o amor perfeito. Nos versículos citados anteriormente,
trata-se do amor ágape, que é o amor que Deus tem para conosco. Esse tipo de
amor não se orienta pelos sentimentos afetuosos, mas por livre escolha de fazer
o bem ao outro, mesmo que o outro não mereça. Por isso, é incondicional, não
coloca condições para existir. Essa espécie de amor é o elo perfeito entre as
pessoas (BÍBLIA SAGRADA, Cl. 3.14). De todas as orientações bíblicas, essa é a
mais excelente.
176
TÓPICO 3 — A VIVÊNCIA DAS ESCRITURAS
E
IMPORTANT
É por isso que sem caridade nenhuma expressão religiosa é útil. A fé sem
obras é morta. A maior espiritualidade, os maiores sinais perdem o seu valor se a
caridade não se faz presente no coração do crente (BÍBLIA SAGRADA, 1Co. 13.1-3).
A caridade é tão altamente recomendada nas Escrituras, que o apóstolo Paulo pode
dizer com clareza que “agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estres
três; porém o maior destes é o amor (caridade)” (BÍBLIA SAGRADA, 1Co. 13.13).
Assim, a Bíblia possui ampla relação com o amor. O cristão que se orienta
pela Bíblia, mas não é caridoso com o próximo, não está cumprindo com o
ensinamento bíblico, pois “aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus
é amor” (BÍBLIA SAGRADA, 1Jo. 7.8). Ao contrário, todo aquele que ama, ou
seja, todo aquele que é caridoso, conhece a Deus e está com ele. Esse amor é o
cumprimento do chamado do cristão, é a missão dada a todos os fiéis. É uma
atitude consciente que se manifesta pelas boas obras; por isso, não se sente
caridade, mas se faz caridade.
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UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
LEITURA COMPLEMENTAR
A Bíblia foi escrita há muitos séculos. Então, por que uma pessoa nos dias
de hoje deveria ler esse livro tão antigo? Que relevância pode ter a Bíblia para a
vida atual?
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TÓPICO 3 — A VIVÊNCIA DAS ESCRITURAS
Mas por que é que a Bíblia fala sobre a vida? É porque sabemos que um
dos problemas fundamentais do ser humano é a morte. Apesar do progresso
da ciência e da medicina, todos iremos morrer. Por isso, dizíamos que a Bíblia
providenciaria esperança para nós, porque fala sobre vida após a morte.
Outro desafio que enfrentamos na vida é saber como viver. Hoje, mais do
que nunca, há muitas maneiras de viver. Para alguns, o objetivo principal da vida
é se tornar rico. Outros querem se destacar em algum ramo da vida para serem
conhecidos como grandes esportistas, bons atores e atrizes, renomados políticos.
Outros procuram o prazer e a comodidade. Outros simplesmente querem
sobreviver neste mundo onde há violência, fome, desemprego, corrupção, drogas,
prostituição e muitos outros perigos. Alguns até escolhem uma vida de crime,
porque pensam que é a única maneira de sobreviver. Diante de tantos valores
diferentes, é difícil, por exemplo, para um jovem saber que caminho escolher.
Felizmente, a Bíblia nos orienta o caminho por onde andar, estabelecendo
a diferença entre o bem e o mal. Essa distinção, com frequência, é esquecida,
porque achamos que o que nós queremos fazer é bom, e os valores, hoje, são
muito egoístas. A Bíblia, porém, esclarece o que é bom e o que é ruim. Também
nos ensina a pensar não apenas em nós mesmos, mas também no próximo. Por
isso, lemos na Bíblia: “[...] ame os outros como você ama a você mesmo” (Mateus
19.19). Esse ensinamento nos ajuda a viver levando em conta as pessoas que
estão ao nosso redor, e nos oferece uma forma de agir que facilita muito o nosso
dia a dia. A nossa consciência confirma esses ensinamentos que a Bíblia traz. O
nosso coração concorda com a Bíblia quando ela fala que não devemos matar, não
devemos roubar, não devemos cobiçar, não devemos cometer pecados sexuais,
não devemos fofocar, e assim por diante.
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UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
homem. A física moderna desenvolveu a teoria do big bang para explicar a origem
do universo. A partir dos escritos de Charles Darwin, surgiu também a teoria
da evolução, que tenta explicar de onde viemos. Só a Bíblia, porém, fornece uma
explicação tanto para a origem do universo como para a origem do ser humano,
ao afirmar que o universo foi criado do nada e que o ser humano é a parte mais
especial da criação.
Não é fácil saber que teoria tem ou não razão com relação à origem do ser
humano e do universo. Afinal, ninguém esteve lá no começo de todas as coisas. A
visão da Bíblia, porém, tem diferenciais diante das inúmeras teorias existentes. Em
vez de dizer que tudo aconteceu por acaso, a Bíblia ensina que um Ser Supremo,
Todo-Poderoso, sábio e bondoso, criou tanto o universo como o ser humano.
180
TÓPICO 3 — A VIVÊNCIA DAS ESCRITURAS
É interessante, também, que a Bíblia nos fala sobre pessoas como elas são,
e nunca como indivíduos perfeitos, como nós gostaríamos que elas fossem. Isso
também é um argumento em favor da veracidade da Bíblia. Podemos ver que
a Bíblia não é como um romance que nos apresenta pessoas fictícias, e, sim, um
relato sobre pessoas de carne e osso, como nós; pessoas autênticas e, ao vermos
como essas pessoas lidaram com as dificuldades que tiveram, aprendemos a lidar
com os nossos próprios problemas.
Num certo sentido, Jesus foi uma pessoa muito comum. Não nasceu
nunca cidade importante, mas, sim, numa aldeia. Não foi filho de pais que tinham
muito prestígio na sociedade ou que eram muito ricos. Foi criado em Nazaré, na
província de Galileia, sobre a qual as pessoas perguntavam: “Será que pode sair
dali alguma coisa boa” (João 1.46). Seu pai era marceneiro, e o próprio Jesus se
dedicou a isso até a idade de 30 anos. Foi, então, que começou a ensinar, pregar e
ajudar doentes e pessoas necessitadas, em companhia de um grupo de discípulos
que o chamavam de “Rabi” (João 1.38). No entanto, ele não era o único que fazia
esse tipo de coisa; havia muitos outros rabis que circulavam pelas cidades da
Palestina com grupos de discípulos. Depois de três anos, Jesus foi executado
numa cruz pelas autoridades romanas, sofrendo, assim, uma morte vergonhosa,
reservada apenas aos piores criminosos.
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UNIDADE 3 — CONFIABILIDADE E FIDELIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A igreja que não se submete à Bíblia está fadada ao fracasso e deixa de ser
igreja cristã.
CHAMADA
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AUTOATIVIDADE
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REFERÊNCIAS
AQUINO, R. B. (Org.). Mosaico teológico: esboço de doutrinas cristãs. Joinville:
BTBooks; 2013.
FEE, G. D.; STUART, D. Entendes o que lês? Um guia para entender a Bíblia com
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HAARBECK, T. Está escrito: dogmática bíblica. São Bento do Sul: União Cristã;
1987.
185
MURRAY, P. Teologia negra e teologia feminista: um estudo comparativo. In:
WILMORE, G. S.; CONE, J. H. Teologia negra. São Paulo: Paulinas; 1986. p. 281-
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WIESE, W. Ética fundamental: critérios para crer e agir. São Bento do Sul: União
Cristã; 2008.
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