Lição 15

Mordomia cristã e
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Falar sobre mordomia, a priori, pode soar mal, pois, no conceito secular tal pala-
vra está muito desgastada e muitas vezes nos remete ao conceito de regalias e pri-
vilégios. Contudo, a mordomia cristã é o reconhecimento de todos os bens que Deus
nos deu, e sobre os quais nos colocou como administradores e administradoras.

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 Fundamento bíblico
A igreja de Corinto era uma peque-
na comunidade cristã (cerca de 100
pessoas), dentro de uma cidade mui-
to populacional. O número exato não
é apresentado, tendo em vista haver
muitas pessoas escravas nesta região
e nunca serem contadas no Censo, mas
há uma estimativa de que ali habitas-
sem cerca de 250 a 500 mil pessoas
(BORTOLINI, 2003, p.12).
Paulo reconhecia os muitos desafios
desta igreja no cumprimento da missão
de Deus. Muito embora muitos desses
desafios devessem ser enfrentados in-
ternamente (1Coríntios1.10-11; 3.1-3), a
evangelização desta cidade não poderia
ser negligenciada. A mensagem da Cruz
deveria continuar sendo pregada (1.23).
O apóstolo afirma que a comunidade
de fé é cooperadora de Deus nessa mis-
são de anunciar o evangelho de Cristo
(3.9) e é importante que as pessoas de
fora percebam e considerem o povo
crente como “ministros de Cristo e des-
penseiros dos mistérios de Deus” (4.1).
A palavra despenseiro significa “pes-
soa encarregada da despensa; aquele
que, numa comunidade é responsável
pelo fornecimento e pela administra-
ção dos gêneros alimentícios; ecônomo;
o que distribui algo que está sob sua
guarda” (Dicionário Aurélio). É o mesmo
significado que se aplica à palavra “mor-
domia”. O termo mordomia aparece na
Bíblia na história de José (Gênesis 39.4)
e na parábola do servo vigilante (Lucas
12.42). Na exata definição da palavra,
mordomo é um administrador de um
bem alheio. Assim, somos mordomos de
Deus. Tudo o que temos, recebemos dele,
pertence a Ele e dele somos mordomos
(administradores e administradoras).
Em Lucas 12.42-46, vemos o Senhor
Jesus apresentando um princípio nor-
teador para compreendermos a mordo-
mia cristã: a fidelidade. Deus não deseja
somente pessoas capacitadas, mas
pessoas dispostas a ser fieis. Quando
somos fieis, o que buscamos é engran-
decer ao Senhor em tudo. Assim, Jesus
também destaca que prestaremos con-
ta de tudo o que Ele nos tem dado.
“Mordomia Cristã refere-se à ad-
ministração correta de todos os bens
que Deus colocou à nossa disposição,
bem como de todos os dons com que
enriqueceu a nossa vida, para serem
administrados por nós, como mordo-
mos seus. A mordomia cristã estabele-
ce como verdade que Deus é o Senhor,
o dono de tudo quanto existe na terra e
no céu e concedeu ao homem o privilé-
gio e responsabilidade de administrar ...
A Mordomia Cristã tem como principal
alavanca, a comunhão entre o crente
e seu Senhor Jesus Cristo...” (SANTOS,
2006, p.10).
Em Lucas 16.2, o Senhor pede conta
ao mordomo infiel. Assim, precisamos sa-
ber que o mordomo não pode dispor das
coisas como lhe aprouver, mas como o
seu Senhor quer, pois não é proprietário
RAÍZES DA NOSSA FÉ 105
destas coisas, mas depositário delas. O
que administramos? Nosso corpo, nos-
sos bens temporais, nossos talentos,
nosso tempo, etc. O nosso dinheiro é
uma parcela das coisas que administra-
mos e, consequentemente, pertence a
Deus.
Palavra que ilumina a
vida
Nossa geração está marcada pela
cultura do consumo desenfreado, que é
alimentada por uma economia de mer-
cado que produz superficialidade de
pensamentos, sentimentos e relações
humanas. O que tem prevalecido como
valor na sociedade é a capacidade de
acumular coisas para si, e não o valor
que o ser humano possui pelo que é. O
psicólogo Erich Fromm, ao analisar a na-
tureza humana frente ao consumismo,
conclui que “tem-se a impressão de que
a própria essência de ser é ter: de que
se alguém nada tem, não é” (FROMM,
1980, p.35).
Isso tem gerado um forte individua-
lismo na sociedade e, consequentemen-
te, falta de solidariedade, de interesse
pelo bem alheio e descaso para com a
vida humana. Esse pensamento consu-
mista se reflete na vida da pessoa cristã.
Com o advento da doutrina da prosperi-
dade, as igrejas passaram a valorizar a
busca de bens materiais como expres-
são de espiritualidade e assim, o acú-
mulo de bens tem sido entendido como
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expressão de uma vida espiritual bem
desenvolvida. Pensamento equivocado.
Mas o que Deus espera de seus mor-
domos? A Palavra de Deus orienta:
Fidelidade: O texto de Lucas diz:
“Quem é fiel no pouco também é fiel no
muito; quem é injusto no pouco também é
injusto no muito‘’ (Lucas 16.10). Observa-
se no texto, que Jesus não está falando
apenas de honestidade, mas de fidelida-
de, o que significa que o bom mordomo
não é só o que não rouba ao seu senhor,
mas também o que se mantém no pro-
pósito que lhe foi confiado. Não está em
jogo somente a lealdade e confiança, mas
a dedicação ao que foi pactuado. Deus es-
pera que sigamos as instruções que Ele
nos deu e o propósito revelado em sua
Palavra. Precisamos ir além da boa von-
tade. A única forma de sermos fiéis ao
Senhor como mordomos é compreenden-
do o que Ele deseja de nós.
Dependência de Deus: Deus, como
Senhor e Pai, sempre nos assiste em
nossas necessidades (Mateus 6.31-33;
Filipenses 4.19). Contudo, existe diferença
entre necessidade e desejo. Deus supre as
necessidades, mas não tem obrigação de
satisfazer os nossos desejos. Nem tudo
o que se deseja é algo que se necessita.
Deus promete cuidar de nós, contudo, é
necessário zelo e sabedoria na adminis-
tração de nossos bens, a fim de que nada
venha a nos faltar por imprudência nossa.
Mordomia tem a ver com disciplina pes-
soal, organização de tempo e de recursos
e principalmente temor a Deus.
 Compromisso com a comunidade e a Conclusão
missão: Além do cuidado com nossas ne-
cessidades, o sustento da casa do Senhor No exercício da mordomia, precisa-
através dos nossos dízimos e ofertas é de mos examinar como temos administra-
suma importância. Não podemos ser ne- do os bens que Deus nos deu. Temos a
gligentes com a Palavra e seus ensinos.
responsabilidade de administrar esses
Precisamos honrar ao Senhor com nossos
recursos, usando-os para a glória de
bens (Provérbios 3.9), pois aprendemos
Deus e para o cumprimento da missão.
que Deus ama a quem dá com alegria
(2Coríntios 9.7). Além disso, o compro-
Para conversar
misso com a comunidade não se restringe
apenas às finanças; temos um duplo com-
Como você tem administrado aquilo
promisso: com Deus e com o próximo. A
que Deus lhe deu? Tome como exemplo,
Deus devemos dar honra e primazia, mas
os alimentos, a água e o lixo.
nossos irmãos e irmãs devem encontrar
Reflita e se desejar compartilhe:
em nós auxílio para os momentos de ne-
Você tem apresentado seus recursos fi-
cessidade (Mateus 25.31-36; Gálatas
nanceiros à disposição do Reino através
6.10; Efésios 4.28)
dos dízimos e ofertas? O que lhe move a
Mordomia também se relaciona com
fazê-lo ou não?
o cuidado da natureza. Cuidar do meio
ambiente é nosso dever. Não adianta
dar o dízimo, ofertar, entregar o seu me- Leia durante a semana:
lhor tempo ao Senhor e, por outro lado,
consumir energia sem controle, des- Domingo: 1Coríntios 4.1-2
perdiçar alimento e água ou até mesmo Segunda-feira: Lucas 12.42-46
não ter cuidado no descarte do seu lixo, Terça-feira: Provérbios 3.9
que contamina o que Deus tão amoro- Quarta-feira: Mateus 25.31-36
samente criou. A mordomia precisa ser Quinta-feira: Gálatas 6.10
um exercício de serviço na concepção da Sexta-feira: Efésios 4.28
vida e do reino de Deus entre nós. Sábado: Lucas 16.1.13

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