Lição 20

Milagres:
Deus não mudou
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Milagre é definido como algo que não se pode explicar por meio de causas natu-
rais, tendo em vista não ser uma ação natural, mas obra de Deus. Além de manifes-
tar o poder divino e a grandeza de sua misericórdia, os milagres bíblicos têm sempre
um foco restaurador e pedagógico na vida de quem o presencia.

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EM MARCH
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 Fundamento bíblico
Ser mulher na época de Jesus signi-
ficava lidar com uma série de preconcei-
tos, alguns dos quais ligados à condição
de “ser mulher”. Esta mulher tinha uma
hemorragia constante que estava além
de qualquer ajuda; “padecera à mão de
vários médicos” sofrendo com os limi-
tados tratamentos. Mesmo investindo
seus recursos a situação se agravava.
A Lei de Moisés era rígida quanto a
essa condição: a mulher era considerada
“imunda” (Levítico 15.25-27). O estado de
“imunda” era tido como “contagioso”, as-
sim ela estava apartada do convívio social.
A Lei também era clara quanto à cons-
tatação de sua “pureza” (Levítico 15.28-
30), exigindo do sacerdote a verificação
e oferecimento de oferta e holocausto.
Não apenas lhe era proibido frequentar o
Templo (Pátio das Mulheres), como esta-
va excluída da sociedade. Para completar,
naquele tempo as pessoas acreditavam
que as doenças eram anátemas, ou seja
quem as possuía era visto como uma pes-
soa “amaldiçoada”.
A mulher, “tendo ouvido a fama de
Jesus, vindo por trás dele, por entre a
multidão, tocou-lhe a veste. Porque di-
zia: Se eu apenas lhe tocar as vestes,
ficarei curada” (Marcos 5.27-28). A fé
desta mulher, que mais tarde seria des-
tacada por Jesus, a levou a romper com
as estruturas de seu tempo. Ousou não
apenas estar no meio da multidão, mas
tocar nas vestes de Jesus.
Aquilo que a mulher disse a si mesma
(v.28) e que o evangelista compartilha é
muito significativo. Se a “impureza” da
mulher era transmissível, por que não
seria também a graça de Deus conta-
giante através das vestes de Jesus? O
Filho de Deus transpirava vida; e para Ele
a vida era mais importante do que as leis.
Doze anos se desfizeram em poucos
segundos: “E logo se lhe estancou a he-
morragia, e sentiu no corpo estar curada
do seu flagelo”. Tornou-se verdade para
ela o que ouviu acerca de Jesus e sua in-
tenção em tocá-lo fez-se realidade. Ao
invés de Cristo se tornar impuro, foi a
mulher purificada.
Alguma coisa aconteceu também em
Jesus; Ele “reconheceu imediatamente
que dele saíra poder”. Por isso, pergun-
tou: “Quem me tocou nas vestes?” A
pergunta parece estranha, tanto que os
discípulos não entenderam. Ora, Jesus
era apertado de todos os lados pela
multidão. No entanto, alguma coisa no
toque daquela mulher trouxe conse-
quências tanto para si mesma quanto
para Jesus. Ela estava curada. Ainda as-
sim, a restauração da mulher não estava
completa.
O olhar de Jesus procurava “quem
fizera isto”. Era necessário, diante da-
quela sociedade, atestar publicamente
a cura daquela mulher. Ela, então, se
apresentou e confessou, trêmula de
medo, o que fizera (v.33). Seu medo era
justificado, pois ela não sabia qual seria
a reação da multidão em saber que uma
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mulher tocou publicamente em um ho-
mem; e ainda por cima doente, impura,
amaldiçoada.
Ao relatar toda a verdade, ela pôde
ouvir de Jesus: “Filha, a tua fé te salvou;
vai-te em paz e fica livre do teu mal”.
Finalmente, a mulher ficou livre do mal
que a aprisionou por tantos anos. Agora,
ela tinha novamente a paz; era possível
reconstruir sua vida. A salvação integral
se estabelecera e ela podia se reintegrar
na sociedade; simbolicamente, estava
restabelecida a relação com Deus e com
o próximo. Possivelmente, ela era mais
velha do que Jesus, que a chamou de “fi-
lha”. A frase clássica dos relatos de cura
nos evangelhos, “a tua fé te salvou”, evi-
dencia que a mulher participou em sua
restauração.
Palavra que ilumina a
vida
O milagre é entendido na Bíblia como
um sinal que atesta a presença divina.
Sua ênfase não é ressaltar um acon-
tecimento extraordinário, mas sim o
poder de Deus para criar, salvar, liber-
tar e indicar o Reino. Assim, salvação,
ressurreição, cura, alimento diário, chu-
va, perdão, misericórdia, reconciliação,
amor, podem ser considerados milagres.
No Novo Testamento o milagre objetiva
fazer conhecida a mensagem de Jesus
Cristo e sua posição como Filho de Deus,
Salvador do mundo e o Messias anun-
ciado pelos profetas. Nas Escrituras, mi-
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lagre é tudo o que manifesta a glória de
Deus e convida as pessoas a se entre-
garem a Cristo, assumindo o discipulado
cristão. Consideremos, agora, os senti-
dos dos milagres no Novo Testamento:
• O milagre é, em primeiro lugar, evi-
dência de que o reino de Deus chegou
(Lucas 4.17-21; 7.18-23). Tanto as curas
quanto os exorcismos (Mateus 12.28)
ocorriam dentro do contexto do advento
do reino de Deus.
• Os milagres são sinais (João 20.30-
31). Cada sinal apontava para Cristo
como Filho de Deus. Por isso é importan-
te pensar: De que forma essa narrativa
de milagre anuncia Jesus?
• O milagre é dom da fé. Em inúme-
ras situações lemos “a tua fé te salvou”.
É fórmula clássica de conclusão da nar-
rativa, abertura de possibilidades para
a pessoa e para a comunidade de fé, e
bênção. A fé que leva a agir revela a par-
ticipação humana junto à graça de Deus
(Hebreus 11.6).
• O ministério pautado pelo Novo
Testamento não pode prescindir dos
milagres; não crer na existência deles é
não crer na ação divina (Marcos 16.20;
1Coríntios 12.4-11); também não pode
ser edificado em torno deles (Romanos
1.16-17; 1Coríntios 2.1-5; 3.11).
• O critério de discernimento para
nossa prática não é o milagre (Mateus
7.21-23; Apocalipse 13.11-15), e sim o
amor (1João 4.7-21). O parâmetro da es-
piritualidade é sempre o amor fraternal.
 O sentido bíblico dos milagres é
que eles são sinais que atestam o po-
der unicamente divino. Por meio deles
é reafirmado que “Jesus Cristo, ontem
e hoje, é o mesmo e o será para sem-
pre (Hebreus 13.8) e ainda que “...Tudo
Ele tem feito esplendidamente bem...”
(Marcos 7.37).
Conclusão
Milagre é compreendido normal-
mente como uma intervenção sobre-
natural de Deus na ordem natural do
Universo; no entanto, milagre é mais do
que isto: é um sinal da misericórdia de
Deus de que em Jesus Cristo, no Espírito,
o Reino de Deus chegou.
Entre crer em milagres e no Deus
que está conosco mesmo quando o mi-
lagre não acontece, há grande diferença.
Anotações
Tendo em vista que o maior de todos os
milagres já aconteceu – Deus entre nós,
nossa redenção – podemos glorificar a
Deus porque sua vontade é boa, perfeita
e agradável (Romanos 12.2b).
Para conversar
Quais são os milagres que mais va-
lorizamos? Como nossa igreja local lida
com os milagres?
Leia durante a semana:
Domingo: Marcos 5.25-34
Segunda-feira: Levítico 15.25-30
Terça-feira: Hebreus 13.8
Quarta-feira: Lucas 4.17-21
Quinta-feira: Lucas 7.18-23
Sexta-feira: 1Coríntios 2.1-5
Sábado: +HEUHXV൬൬൬൱
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