Lição 08

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Ceia do Senhor
Textos bíblicos: Mateus 28.18-20; Lucas 22.1-20

Sacramentos são meios de graça especiais, instituídos por Jesus Cristo. A pala-
vra vem do latim sacramentum, e significa “ritual sagrado”. Na sua maioria, as igrejas
cristãs evangélicas, inclusive a Metodista, com base nos evangelhos, aceitam como
sacramentos o Batismo e a Ceia do Senhor. Nesta lição trataremos do tema à luz da
doutrina wesleyana.

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 Fundamento bíblico
Na tradição wesleyana, “os sacramen-
tos instituídos por Cristo não são somente
distintivos da profissão de fé dos cristãos;
são, também, sinais certos da graça e
boa vontade de Deus para conosco, pelos
quais Ele invisivelmente opera em nós, e
não só desperta, como fortalece e confir-
ma a nossa fé n’Ele. (...) Os sacramentos
não foram instituídos por Cristo para ser-
virem de espetáculo, mas para serem re-
cebidos dignamente. E somente nos que
participam deles dignamente é que pro-
duzem efeito salutar, mas aqueles que os
recebem indignamente recebem para si
mesmos a condenação, como diz S. Paulo.
(1Coríntios 11.29)” (Artigo de Religião
no 16 do Metodismo Histórico). O batismo
marca nosso ingresso na família da fé e
a Ceia do Senhor é o memorial do sacri-
fício de Cristo por nós, a ser realizado até
que Ele venha. Os Sacramentos não são
simples ordenanças de Cristo. São meios
de graça. Através deles, Cristo opera invi-
sivelmente na vida do povo cristão. Para
que isto aconteça, é necessária, além da
participação, uma resposta humana atra-
vés da fé e da santidade (Atos de Piedade
e Obras de Misericórdia).
O Batismo
Antes de Jesus, o batismo era uma
prática judaica de lavagem cerimonial
direcionada exclusivamente aos prosé-
litos (recém convertidos ao judaísmo).
João Batista, ao convidar as pessoas ao
batismo, não introduz algo novo, mas
amplia seu significado e convida o povo
– tanto judeus como gentios – ao gesto de
arrependimento e conversão. Conforme a
mensagem de João, homens e mulhe-
res precisam do batismo, e o arrepen-
dimento e remissão dos pecados é uma
necessidade de todas as pessoas. Como
o batismo de João estava relacionado à
pratica da confissão de pecados para o
arrependimento, ele fica surpreso quando
Jesus adentra as águas do Jordão para ser
por ele batizado (Mateus 3.14), tendo em
vista Jesus não ter pecados (1João 3.5).
Após o batismo de Jesus, a prática se-
guiu com seus discípulos, como sinal exte-
rior de adesão ao projeto do reino de Deus.
Não exigia preparação prévia, mas um co-
ração realmente arrependido. Era a porta
para o seguimento de Jesus de Nazaré.
Após sua ressurreição esta prática foi am-
pliada com um sentido sacramental fir-
mada na Trindade (Mateus 28.18-20).
O discipulado exigia batismo se-
guido pelo aprendizado do Evangelho.
Obedecendo ao Senhor, os apóstolos de-
ram continuidade a esta prática batizan-
do famílias inteiras e as multidões que
aceitavam o reino de Deus (Atos 2.41).
“O Batismo não é somente um sinal de
profissão de fé e marca de diferenciação
que distingue os cristãos dos que não são
batizados, mas é, também, um sinal de
regeneração, ou de novo nascimento. O
batismo de crianças deve ser conserva-
do na Igreja”. (Artigo de Religião no 17 do
Metodismo Histórico).
O Batismo com água é um sinal vi-
sível de uma bênção invisível, a graça
do Senhor Jesus, pela qual participamos
da comunhão do Espírito Santo e nos
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tornamos herdeiros da vida eterna. Na
Igreja Metodista, como em outros seg-
mentos cristãos, “O Batismo é com
água, em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, com aspersão (aplicação
de água com a mão sobre a cabeça do
batizando), derramamento (com ambas
as mãos, derrama-se água sobre a ca-
beça do batizando) ou imersão (o bati-
zando é submergido na água)” (CARTA
PASTORAL Sacramentos, 2001, p. 8).
Na Bíblia este sacramento possui vá-
rios significados: é símbolo da salvação
(Marcos 16.16; 1Pedro 3.2), de Purificação
e lavagem dos pecados (Atos 2. 38; 22.16),
do testemunho público de que morremos
com Cristo para o mundo (Romanos 6.3-
5), da circuncisão em Cristo e do sepul-
tamento da velha natureza (Colossenses
2.11-13). É também símbolo e testemu-
nho do Batismo no Espírito Santo (Mateus
3.11-12) e do revestimento de Cristo
(Gálatas 3.27).
O Batismo é sacramento que nos dá
ingresso ao corpo de Cristo (1Coríntios
12.12-14) e a marca das pessoas que
iniciam como discípulos e discípulas do
Senhor (Mateus 28.19).
Sendo o batismo o sinal da graça
de Deus e um símbolo do ingresso no
corpo de Cristo, e reconhecendo que as
crianças fazem parte do reino de Deus,
como anunciou Jesus (Marcos 10.13-
16), e entendendo que no início da
igreja cristã famílias inteiras eram bati-
zadas (Atos 16.15, 33; 1Coríntios 1.16)
as igrejas de tradição reformada e tam-
bém wesleyana batizam crianças. Esta
prática diz respeito ao reconhecimento
da criança como parte da família da fé e
tem o significado da antiga circuncisão,
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de consagração da criança ao Senhor,
pela fé dos pais. Assim, batizamos as
crianças da família da fé, sendo neces-
sário que pelo menos um dos pais seja
membro da igreja e se comprometa a
criar a criança nos caminhos do Senhor.
“A criança é batizada por um ato de
fé na graça de Deus e no acatamento
dado por Jesus aos pequeninos. É claro
que como testemunhas e responsáveis
pelas crianças devemos cooperar com
Deus para que a semeadura da graça
inserida na criança possa produzir o
seu fruto no momento de uma expe-
riência pessoal com Cristo, por meio
do ato da confirmação batismal e do
testemunho do Espírito Santo, como
sinal de conversão plena e consciente
ao Senhor da Graça” (CARTA PASTORAL
Sacramentos, 2001, p. 8).
A Ceia do Senhor
Em Lucas 22.1-20 aparece com
mais clareza a relação entre a Páscoa
judaica e a Ceia do Senhor (v.7):
“Chegou o dia da Festa dos Pães
Asmos, em que importava comemorar
a Páscoa” (Pessach). O Pessach come-
morava a libertação do povo de Israel
do Egito. O principal símbolo desta fes-
ta era o cordeiro assado, que lembrava
o cordeiro que foi morto na primeira
celebração, cujo sangue foi colocado
nos umbrais das portas do povo he-
breu (Êxodo 12.1-27). Lucas narra com
mais detalhes a celebração da Páscoa
judaica antes da instituição da Ceia do
Senhor (vv.15-17). Logo após a cele-
bração da Páscoa, o Senhor instituiu o
Sacramento da Ceia (vv.19-20).
 A Ceia neste contexto apontou para o
passado e para o futuro. Falou do Cordeiro
de Deus profetizado no cordeiro pascal
sacrificado no Egito para a libertação do
povo; e apontou para o Cordeiro de Deus
que daria seu corpo na cruz e derrama-
ria seu sangue para a nossa libertação.
Só entendemos o significado espiritual
da Ceia olhando para o Êxodo e para o
Calvário. “Eis o Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo”. (João 1.29).
Palavra que ilumina a
vida
“A Ceia do Senhor não é somente um
sinal de amor que os cristãos devem ter
uns para com os outros, mas antes é um
sacramento da nossa redenção pela mor-
te de Cristo, para quem reta, dignamente
e com fé o recebe; o pão que partimos é
participação do corpo de Cristo, como
também o cálice de bênção é a participa-
ção do sangue de Cristo. A transubstan-
ciação ou a mudança de substância do pão
e do vinho na Ceia do Senhor, não se pode
provar pelas Santas Escrituras, e é contrá-
ria às suas terminantes palavras; destrói
a natureza de um sacramento e tem dado
motivo a muitas superstições. O corpo de
Cristo é dado, recebido e comido na ceia,
somente de modo espiritual. O meio pelo
qual é recebido e comido o corpo de Cristo,
na ceia, é a fé. O sacramento da Ceia do
Senhor não era, por ordenação de Cristo,
custodiado, levado em procissão, elevado
nem adorado”. (Artigo de Religião no 18 do
Metodismo Histórico).
Os metodistas reconhecem que a
Ceia não é da igreja, mas de Cristo, e
todos aqueles e aquelas que estão em
comunhão com o Senhor e com o corpo
de Cristo, independente da denomina-
ção, têm acesso à mesa. No entanto,
a Ceia do Senhor só tem eficácia para
quem participa “reta, dignamente e
com fé”. Para estas pessoas a Ceia é a
participação espiritual do corpo e san-
gue de Cristo.
Uma vez que as crianças são inseridas
na comunidade de fé pelo batismo, nas
igrejas metodistas elas participam da Ceia
do Senhor, orientadas sobre seu signifi-
cado e preferencialmente acompanhadas
pela família.
Conclusão
Os Sacramentos precisam ser rece-
bidos da forma como foram ensinados
pelo Senhor Jesus. O Batismo e a Ceia do
Senhor são dois meios de graça que nos
santificam e nos capacitam para a missão.
Nossa participação deve se dar com serie-
dade e comprometimento, mas também
com alegria e ação de graças.
Para conversar
Como você se prepara para parti-
cipar do Culto e da Ceia do Senhor?
Leia durante a semana:
Domingo: Mateus 28.18-20 e
Lucas 22.1-20
Segunda-feira: Mateus 3.14; 1João 3.5
Terça-feira: Êxodo 12.1-27
Quarta-feira: Marcos 16.16; 1Pedro 3.2
Quinta-feira: Atos 2.41
Sexta-feira: Gálatas 3.27
Sábado: Romanos 6.3-5
RAÍZES DA NOSSA FÉ 61